Programa - Pôster Eletrônico - PE02 - Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva
CONSUMO DE ALIMENTOS E BEBIDAS QUE CONTÉM EDULCORANTES PELA POPULAÇÃO BRASILEIRA EM 2017/2018
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
O aumento das taxas de obesidade e doenças crônicas impulsionou estratégias para reduzir o consumo de açúcares, incluindo o uso de edulcorantes como alternativa. Contudo, em 2023 a Organização Mundial da Saúde recomendou que edulcorantes não sejam usados para controle de peso ou prevenção de doenças, sugerindo a adoção de padrões alimentares saudáveis como forma de diminuir a ingestão de açúcares.
Objetivos
Este trabalho teve como objetivo caracterizar a população brasileira em 2017/2018, segundo níveis de consumo de edulcorantes.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional, utilizando dados sociodemográficos e de consumo alimentar da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017/2018. Informações provenientes da Tabela de Composição dos Aditivos Alimentares dos Alimentos Consumidos no Brasil foram utilizadas para identificar a presença de edulcorantes em cada item alimentar. As características dos participantes foram apresentadas segundo grupos de participação de alimentos que contém edulcorantes em gramas (não consumidores e terços entre os consumidores). Além disso, foram calculados valores médios das calorias totais e calorias provenientes de ultraprocessados na alimentação para cada grupo de consumo de edulcorantes.
Resultados
A amostra foi composta por 46.164 indivíduos, predominando mulheres (54%), adultos (63%), indivíduos pretos/pardos (61,67%), residentes em áreas urbanas (77%) e com 8 a 12 anos incompletos de estudo (43%). Nota-se uma variação na composição sociodemográfica conforme o nível de consumo de edulcorantes: com o aumento do consumo, cresce a proporção de mulheres, adolescentes, idosos, pessoas brancas, com maior escolaridade e residentes nas regiões Sudeste e Sul. Em contrapartida, há redução na presença de adultos, indivíduos pretos/pardos e residentes do Norte e Nordeste. Além disso, o consumo calórico total e de ultraprocessados é maior entre aqueles que consomem mais edulcorantes.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam que o consumo de edulcorantes no Brasil difere conforme características sociodemográficas, além de evidenciar a maior ingestão calórica e de ultraprocessados no maior terço de consumo de edulcorantes. Tais resultados sugerem a necessidade de estratégias de promoção da alimentação saudável que considerem essas desigualdades de consumo.
PERCEPÇÕES DA SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO, SEGURANÇA E SOBERANIA ALIMENTAR DOS ESTUDANTES INDÍGENAS DO INSIKIRAN
Pôster Eletrônico
1 PROFSAÚDE/UFRR
2 PROFSAÚDE/UFRR/UFDPar
3 PRONAT/UFRR
4 CCS/UFRR
5 INSIKIRAN/UFRR
Apresentação/Introdução
A segurança alimentar, a saúde e o cuidado, na perspectiva de estudantes indígenas, são atravessados por valores culturais, conhecimentos ancestrais e desafios urbanos. Esta pesquisa analisa representações sociais sobre saúde-doença-cuidado e alimentação entre discentes do Instituto Insikiran da UFRR, articulando saberes tradicionais e acadêmicos em um contexto intercultural.
Objetivos
Analisar as percepções de saúde-doença-cuidado, segurança, insegurança e soberania alimentar entre estudantes indígenas do Instituto Insikiran, considerando suas experiências, saberes tradicionais e vivências no contexto acadêmico intercultural.
Metodologia
Trata-se de um estudo de caso exploratório, qualitativo e descritivo, realizado com 22 estudantes indígenas do Instituto Insikiran da UFRR. As entrevistas semiestruturadas foram compostas por 10 questões sobre saúde, doença, cuidado e alimentação. A análise textual foi conduzida com auxílio do software IRaMuTeQ, por meio da Análise Lexicográfica Clássica e da Classificação Hierárquica Descendente, com base na Teoria das Representações Sociais, adotada como referencial teórico e metodológico. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/CONEP), sob o parecer nº 5.460.390 e CAAE 55309321.6.0000.5302, em conformidade com as Resoluções do CNS nº 466/2012 e nº 510/2016.
Resultados
A maioria dos participantes eram do sexo feminino e tinham entre 21 e 30 anos. As etnias mais representadas foram Macuxi e Wapichana. O curso com maior adesão foi Gestão em Saúde Coletiva Indígena. As representações sociais formaram três eixos temáticos: saúde e bem-estar, doenças e soberania alimentar, e insegurança alimentar com vivências em SAN na universidade. Os estudantes valorizam práticas tradicionais, saberes ancestrais e destacam a influência da formação acadêmica nas concepções de saúde e alimentação. A medicina tradicional e a alimentação culturalmente adequada são vistas como estratégias de resistência, autonomia e afirmação identitária frente às exigências do cotidiano urbano.
Conclusões/Considerações
As percepções de saúde-doença-cuidado e alimentação entre estudantes indígenas revelam articulações entre saberes tradicionais e conhecimentos acadêmicos. As representações sociais expressam uma compreensão ampliada da saúde e evidenciam a importância da soberania alimentar. A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas intersetoriais, culturalmente sensíveis, que promovam saúde, bem viver e valorização das identidades indígenas.
ASSOCIAÇÃO ENTRE O SCORE DE ADESÃO AO PADRÃO ALIMENTAR MEDITERRÂNEO E CAPACIDADE COGNITIVA ENTRE PESSOAS COM MAIS DE 50 ANOS DE IDADE
Pôster Eletrônico
1 UFSC
Apresentação/Introdução
O declínio cognitivo resulta de uma interação complexa de muitos fatores. O preditor independente mais importante é o aumento da idade, mas outros fatores contribuintes incluem parâmetros demográficos, socioeconômicos, ambientais, e de estilo de vida. Dentre as estratégias preventivas que apoiam a relação nutrição-função cognitiva, o padrão alimentar mediterrâneo é o que vem ganhando mais força.
Objetivos
Analisar a associação entre a adesão ao padrão alimentar mediterrâneo e a capacidade cognitiva entre pessoas com mais de 50 anos, participantes do projeto de pesquisa “Conhecendo para Prevenir: Avaliação Multidimensional do Idoso”.
Metodologia
Estudo transversal com 122 participantes do projeto “Conhecendo para Prevenir: Avaliação Multidimensional do Idoso”. A exposição foi o score de adesão ao padrão alimentar mediterrâneo: adesão baixa (0-5 pontos), intermediária (6-9 pontos) e alta (10-14 pontos). O desfecho foi a capacidade cognitiva mensurada por três perguntas independentes: 1) Algum familiar já comentou que você está ficando esquecida(o)? (sim; não); 2) Este esquecimento está impedindo a realização de alguma atividade do dia a dia? (sim; não); e 3) Algum médico já disse que você tem comprometimento cognitivo leve? (sim; não). Para estimar a força de associação entre exposição e desfechos utilizou-se a Regressão de Poisson.
Resultados
A pontuação final no score de adesão ao padrão alimentar mediterrâneo, 41,9% da amostra apresentou baixa adesão (0-5 pontos), 41,0% adesão intermediária (6-9 pontos), e 17,2% alta adesão (10-14 pontos; sendo esta pontuação mais alta entre as mulheres (18,1%) quando comparadas aos homens (14,3%)). Em relação às associações entre a exposição e os desfechos, as análises ajustadas revelaram associações estatisticamente significantes para com os três desfechos. A cada aumento de 1 ponto no score de Adesão ao Padrão Alimentar Mediterrâneo houve uma redução de 4,9% na prevalência de algum familiar comentar que a(o) participante está ficando esquecida(o) (p<0,001).
Conclusões/Considerações
Os resultados do estudo mostram-se promissores dentro do contexto brasileiro para a melhor compreensão do quão próximo é o hábito alimentar local em relação ao padrão alimentar mediterrâneo, e o efeito deste sobre a capacidade cognitiva. Tal direcionamento se faz fundamental, tendo em vista os benefícios do padrão alimentar mediterrâneo sobre a saúde cognitiva e considerando a carga aumentada de demência esperada para as próximas décadas.
EFETIVIDADE DE MICRONUTRIENTES EM PÓ NA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR PARA PREVENIR ANEMIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: ENSAIO CLÍNICO PRAGMÁTICO EM CONTEXTO AFRICANO
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP
Apresentação/Introdução
A anemia continua sendo um problema de saúde pública entre crianças, particularmente em populações vulneráveis, exigindo a avaliação de estratégias para sua prevenção e controle.
Objetivos
Avaliar a efetividade de micronutrientes em pó (MNP) na prevenção da anemia no primeiro ano de vida, distribuídos por profissionais de saúde em unidades de atenção primária em Nampula, Moçambique.
Metodologia
Este ensaio clínico pragmático foi realizado em dois centros de saúde com 275 bebês, divididos aleatoriamente em grupo de intervenção (GI, n = 135) e controle (GC, n = 135). O GI recebeu 90 sachês de MNP para consumo diário durante até 180 dias. Os dados foram coletados por questionário sociodemográfico, medições de hemoglobina (Hb) (HemoCue®) e testes rápidos de malária (First Response® Malaria Antigen P. falciparum Card Test). As análises estatísticas de intenção de tratar foram realizadas no Stata 18, com testes t, qui-quadrado de Pearson e regressão linear para diferenças médias de Hb, com significância de p < 0,05.
Resultados
No início do estudo, bebês de 6 a 8 meses apresentaram Hb média de 102,0 g/L (DP 11,0) no GI e 104,0 g/L (DP 11,0) no GC. A prevalência de anemia (Hb < 110 g/L) foi de 74% (IC 95% 66-80) no GI e 66% (IC 95% 58-74) no GC. Após a intervenção (12-14 meses), o GI teve Hb média de 106,2 g/L (DP 10,6) e prevalência de anemia de 56%, enquanto o GC teve Hb média de 99,5 g/L (DP 11,7) e prevalência de anemia de 79%. Após ajuste para variáveis, o GI teve aumento na diferença média ajustada de Hb de 0,28 g/L (IC 95% 0,02-0,55), enquanto o GC teve diminuição de -0,43 g/L (IC 95% -0,72 a -0,15).
Conclusões/Considerações
Os resultados sugerem que a suplementação de MNP, quando distribuída por profissionais de saúde, tem um impacto positivo nos níveis de hemoglobina, ressaltando a importância de intervenções nutricionais em regiões com alta prevalência de anemia durante a infância.
AS DIETAS SUSTENTÁVEIS CONSIDERAM O PROCESSAMENTO DOS ALIMENTOS?
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 UFOP
3 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
Evidências apontam que o processamento extensivo de alimentos aumenta o risco de doenças crônicas e gera impactos ambientais significativos, especialmente devido à monocultura. Alimentos ultraprocessados causam efeitos socioculturais negativos, como impactos a pequenos agricultores. Ainda, poucos estudos de sustentabilidade consideram o processamento, bem como fatores econômicos e socioculturais.
Objetivos
Mapear como o processamento dos alimentos tem sido incorporado na avaliação de dietas sustentáveis e, a partir disso, propor um modelo conceitual de avaliação que integre a classificação NOVA às múltiplas dimensões da sustentabilidade.
Metodologia
Realizou-se uma revisão de escopo seguindo o protocolo PRISMA. Foram incluídos artigos que apresentavam conceitos ou avaliações de dietas sustentáveis, publicados em periódicos revisados por pares, em inglês, espanhol ou português, sem restrição de data. As buscas foram realizadas nas bases PubMed, Scielo, Scopus e Web of Science. Dois autores selecionaram os estudos de forma independente por títulos, resumos e textos completos. Divergências foram resolvidas por consenso ou por um terceiro autor. Em seguida, será desenvolvido um modelo conceitual de avaliação de dietas sustentáveis com base na classificação NOVA, por meio de painel de especialistas (técnica Delphi).
Resultados
A busca resultou em 812 artigos, dos quais 57 foram incluídos. A maioria não abordou o processamento dos alimentos (66,7%), direta ou indiretamente, nem considerou alimentos ultraprocessados nos grupos alimentares avaliados (17,5%). Os estudos focaram majoritariamente nos aspectos de produção e consumo, destacando as dimensões ambiental e de saúde, enquanto as dimensões econômica e sociocultural foram pouco exploradas. Isso reflete, em parte, a adoção de avaliações baseadas nas recomendações quantitativas da Dieta Planetária da Comissão EAT-Lancet, que priorizam a saúde e a sustentabilidade ambiental.
Por fim, a maioria eram estudos transversais e conduzidos em países de alta renda.
Conclusões/Considerações
Constatamos a ausência de uma avaliação abrangente de dietas sustentáveis.
O processamento de alimentos é ignorado na maioria dos índices, que não consideram todas as dimensões da sustentabilidade, limitando a compreensão do contexto alimentar atual.
O nível de processamento dos alimentos deve ser considerado de forma sistemática, uma vez que influencia toda a cadeia produtiva e afeta múltiplos aspectos da sustentabilidade alimentar.
DESIGUALDADES NA INFORMAÇÃO: ANÁLISE DA VARIÁVEL RAÇA/COR NO SISVAN NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO POR CICLO DE VIDA ENTRE 2020 A 2024
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 SMS-Rio
Apresentação/Introdução
O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) monitora o estado nutricional da população atendida na Atenção Primária à Saúde (APS), incluindo dados de determinantes sociais em saúde, como raça/cor, variável de preenchimento obrigatório nos sistemas de informação em saúde desde 2017. O uso de informações com recorte racial pode apoiar o planejamento de estratégias mais equitativas.
Objetivos
Analisar a distribuição da variável raça/cor nos dados do SISVAN, por ciclo de vida, no município do Rio de Janeiro entre 2020 a 2024 e discutir as discrepâncias encontradas em relação à composição populacional da cidade.
Metodologia
Estudo descritivo com base nos dados secundários do SISVAN, disponíveis no relatório público do município do Rio de Janeiro, referentes aos anos de 2020 a 2024. Os dados foram extraídos do sistema em abril de 2025. Foram coletadas informações de indivíduos com registro antropométrico por ciclo de vida (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes), de acordo com o quesito raça/cor (branca, preta, amarela, parda e indígena). Posteriormente, foi feita uma análise da distribuição racial dos registros ao longo dos anos, tomando como parâmetro a composição populacional autodeclarada no Censo Demográfico 2022 (IBGE).
Resultados
Entre 2020 e 2024, houve aumento na proporção de registros na categoria “amarela”, de 18,1% para 24,2%, valor mais de 20 vezes acima da estimativa do IBGE (0,2%). A proporção de pessoas pretas manteve-se estável, abaixo da estimativa populacional (média de 12,8% e 15,6%, respectivamente). Nos ciclos de vida, houve redução nos registros de crianças pardas (41,2 para 26,9%), com aumento atípico de crianças amarelas (20,3% para 33,7%). Em adolescentes e adultos, os pardos são maioria, mas há crescimento de registros de pessoas brancas e amarelas. Em gestantes, a distribuição é estável, com maioria parda, seguida de brancos e amarelos. Entre idosos, brancos são maioria, seguidos de amarelos.
Conclusões/Considerações
Os resultados apontam distorções na composição étnico-racial dos dados em relação aos dados do Censo, sugerindo inconsistências que podem comprometer a análise das desigualdades no acesso à saúde e no estado nutricional na APS. Reforça-se a importância de qualificar a coleta do quesito raça/cor e formar as equipes para o registro correto, com base na autodeclaração, promovendo informação de qualidade para enfrentar as desigualdades raciais.
BAHIA SEM FOME": A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA ESTADUAL NO ENFRENTAMENTO DA INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster Eletrônico
1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA
Apresentação/Introdução
A fome global voltou a crescer desde 2015. Em 2018, 821 milhões passaram fome, e a pandemia agravou o cenário, levando 49 milhões à extrema pobreza. No Brasil, a insegurança alimentar aumentou, afetando mais o Norte (63,1%) e o Nordeste (71,9%), com desigualdades entre áreas urbanas e rurais. Na Bahia, 37,8% da população enfrentava insegurança alimentar. (RIBEIRO-SILVA et al., 2020; IBGE, 2014, 2020).
Objetivos
Investigar o processo de implementação do Programa “Bahia Sem Fome”, identificando os principais desafios, estratégias intersetoriais adotadas no enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional no estado da Bahia.
Metodologia
Este estudo utiliza abordagem quanti-qualitativa, com caráter exploratório e descritivo, fundamentado na pesquisa documental. A análise se baseia em fontes secundárias, como legislações e relatórios institucionais sobre segurança alimentar na Bahia. A coleta de dados ocorrerá via bases institucionais, incluindo documentos governamentais e acadêmicos. A pesquisa busca compreender disparidades regionais e avaliar o imacto das políticas públicas sobre a insegurança alimentar, sistematizando dados para subsidiar futuras estratégias de enfrentamento.
Resultados
A insegurança alimentar no Brasil tem variado nos últimos anos. Entre 2018-2020, afetava 23,5% da população, subindo para 32,8% em 2020-2022, atingindo 70,3 milhões de pessoas. O Nordeste tem índices elevados (61,2%), acima do Norte (60,3%), enquanto Sul (83,4%) e Sudeste (77,0%) apresentam maior segurança alimentar. Na Bahia, 37,8% da população enfrenta insegurança alimentar. O programa Bahia Sem Fome reduziu em 50% a vulnerabilidade alimentar no estado, fortalecendo políticas públicas e distribuindo refeições. (REDE PENSSAN, 2023; IBGE, 2014, 2020, 2023; GOVERNO DA BAHIA, 2025).
Conclusões/Considerações
A insegurança alimentar ainda requer amplos estudos para sua compreensão e enfrentamento. Esta pesquisa, em fase inicial, foca na análise documental dos impactos na Bahia e no Brasil. Até 2026, serão analisados relatórios, legislações e dados estatísticos para um diagnóstico aprofundado. A continuidade do estudo permitirá avaliar políticas públicas como o Bahia Sem Fome e identificar desafios e soluções para mitigar a fome e a vulnerabilidade alimentar.
GUIAS ALIMENTARES GLOBAIS: ANÁLISE COMPARATIVA COM FOCO NAS DIMENSÕES DE SUSTENTABILIDADE
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário Internacional UNINTER
Apresentação/Introdução
A sustentabilidade tem emergido como eixo central na formulação de políticas públicas e diretrizes alimentares ao redor do mundo. No entanto, muitos desses instrumentos ainda carecem de abordagens integradas que contemplem princípios de sustentabilidade, responsabilidade socioambiental e respeito à diversidade cultural.
Objetivos
Analisar as dimensões de sustentabilidade ambiental, econômica, sociocultural e política e saúde humana nos guias alimentares de países mais e menos sustentáveis de acordo com a pontuação do Sustainable Development Report 2024.
Metodologia
Esta pesquisa tem caráter comparativo e crítico, com o objetivo de analisar a adequação dos guias alimentares da Finlândia (mais sustentável: 86,35 pontos), Brasil (intermediário: 73,78 pontos), Omã (intermediário: 66,11 pontos) e Afeganistão (menos sustentável: 48,24 pontos) aos princípios de sustentabilidade (ambiental, econômica, sociocultural e política e saúde humana) estabelecidos por Ahmed, Shauna & Fanzo (2019). Cada uma das dimensões está dividida em oito subdimensões, com um total de 32 itens de avaliação. O Total Sustainability Score foi calculado para cada um dos países como porcentagem, considerando a presença de todas as subdimensões.
Resultados
A análise comparativa dos guias alimentares revelou uma expressiva heterogeneidade na incorporação dos princípios de sustentabilidade. Ainda que o Brasil se configure como um país intermediário em relação à sustentabilidade, foi o grande destaque entre os países avaliados, pois o guia, publicado em 2014, obteve o mais alto Total Sustainability Score, 78,13%. O guia alimentar da Finlândia, de 2014, apresentou um escore de 71,88%. O guia Alimentar do Afeganistão, publicado em 2015, alcançou um escore de 56,25%, posicionando-se em um nível intermediário. Em contraste, o guia alimentar de Omã (2009), que se configura como país menos sustentável do mundo, obteve a menor pontuação com apenas 40,63%.
Conclusões/Considerações
Brasil e Finlândia tiveram destaque, enquanto Omã mostrou defasagem na perspectiva de sustentabilidade. Destaca-se a urgência de revisões periódicas com base científica, visando diretrizes alimentares mais sustentáveis, justas e alinhadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). A atualização contínua e a adoção de princípios sustentáveis são essenciais para guias mais eficazes e alinhados aos desafios atuais.
INSEGURANÇA ALIMENTAR ENTRE CONTINENTES: ANÁLISE COMPARATIVA DOS NÍVEIS MODERADO E GRAVE SEGUNDO DADOS DA FAO (2021 – 2023)
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário Internacional UNINTER
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional continua a ser um dos maiores desafios globais. Apesar dos avanços, milhões de pessoas ainda vivem com acesso limitado ou inexistente a alimentos adequados. Conflitos, crises econômicas, mudanças climáticas e desigualdades sociais agravam esse cenário, especialmente em países de baixa e média renda.
Objetivos
Analisar comparativamente os níveis de insegurança alimentar moderada e grave em países de diferentes continentes no período de 2021 a 2023, utilizando dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Metodologia
Estudo de delineamento ecológico, observacional e descritivo, com abordagem quantitativa. Foram extraídos dados secundários do repositório online e público denominado FAOSTAT. Essa base de dados apresenta informações sobre insegurança alimentar moderada (IAM) e grave (IAG), que foram extraídos aplicando-se filtros para selecionar os países com informações completas no período de 2021 a 2023. Os indicadores foram organizados por continente e analisados no Microsoft Excel®, considerando-se os percentuais de insegurança alimentar, bem como os intervalos de confiança (IC 95%) para cada categoria: total, feminino e masculino.
Resultados
A África apresentou os maiores índices de insegurança alimentar grave e moderada, superando, em alguns países, 50% ou mais da população total, a exemplo da Serra Leoa, que apresentou IAM elevada (88,6%) e Malawi com IAG também elevada (53,5%). A Ásia revelou elevada vulnerabilidade em países do sul e sudeste asiático, como o Afeganistão (80,9% de IAM). Nas Américas, observou-se ampla variação entre países, com destaque para Honduras (26,9% de IAG). A Europa e a Oceania apresentaram os menores indicadores, com estabilidade nos últimos anos. As disparidades entre os sexos foram evidenciadas, com maior prevalência de IA entre mulheres em diversas regiões.
Conclusões/Considerações
Os dados revelam desigualdades significativas no acesso à alimentação adequada entre continentes e entre os sexos, especialmente, no continente africano e entre as mulheres. A insegurança alimentar permanece como um problema crítico, exigindo políticas públicas estruturais e ações internacionais integradas para garantir o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
PROGRAMAS SOCIAIS E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: PANORAMA DAS AÇÕES REALIZADAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
A concepção ampliada de saúde do SUS reconhece a alimentação como determinante social. Apesar de avanços desde os anos 2000, como o Bolsa Família e o SISAN, houve retrocessos a partir de 2016, com cortes e desmontes de políticas públicas. Esses fatores, agravados pela pandemia, contribuíram para o aumento da insegurança alimentar no país.
Objetivos
Analisar o panorama dos programas sociais que auxiliam a promover a SAN em Santa Catarina, a fim de orientar a elaboração de novas políticas, e aprimoramento das existentes, fornecendo subsídios para a tomada de decisões informadas pelos gestores.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, baseado em revisão documental. Foram analisados documentos oficiais, como leis, portarias, planos e relatórios institucionais disponíveis em sites governamentais e de instituições públicas. A seleção considerou materiais publicados entre 2016 e 2023, com foco em políticas e programas relacionados à Segurança Alimentar e Nutricional no estado de Santa Catarina. A análise foi orientada por categorias temáticas que permitiram identificar avanços, retrocessos e desafios na implementação das ações voltadas ao enfrentamento da insegurança alimentar no contexto estadual.
Resultados
Foram identificados 11 programas sociais em Santa Catarina com impacto na segurança alimentar, sendo 10 federais e apenas um estadual. A maioria atua via transferência de renda, e três promovem distribuição direta de alimentos. Os públicos-alvo incluem famílias de baixa renda cadastradas no CadÚnico, idosos, pessoas com deficiência, agricultores familiares, pescadores e comunidades quilombolas. A renda familiar é o principal critério de elegibilidade, com variações entre ¼ e ½ salário mínimo per capita. Alguns programas também priorizam gestantes, crianças e adolescentes. Não há política estadual que garanta cobertura uniforme em todos os municípios.
Conclusões/Considerações
Santa Catarina conta majoritariamente com programas federais de combate à insegurança alimentar, com foco na transferência de renda. Observou-se ausência de ações permanentes voltadas a grupos vulneráveis, como indígenas, quilombolas e mulheres chefes de família. A efetivação do Direito Humano à Alimentação Adequada exige políticas públicas permanentes, articuladas e inclusivas, que enfrentem as causas estruturais da fome.
ANÁLISE DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS BRASILEIRAS COM IDADE ENTRE 5 E 10 ANOS
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo - USP
2 Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP
3 Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP
Apresentação/Introdução
Nas últimas décadas, o país passou pela transição nutricional, caracterizada pela prevalência de desnutrição e aumento da prevalência da obesidade. Com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), é possível acessar informações sobre o estado nutricional e consumo alimentar da população, que contribuem para a elaboração de políticas e programas de prevenção de agravos nutricionais.
Objetivos
O objetivo do estudo é avaliar o estado nutricional de crianças brasileiras de cinco a dez anos de idade nos últimos 15 anos (2008-2022).
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e caráter retrospectivo. Os dados foram obtidos a partir do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), um sistema de informações do governo federal que oferece uma descrição contínua das condições nutricionais da população e dos fatores que as influenciam. A coleta de dados foi realizada por meio dos relatórios sobre o estado nutricional dos indivíduos, abrangendo o período de 2008 a 2022, considerando a fase do ciclo da vida das crianças de 5 a 10 anos e os índices antropométricos (IMC por idade, altura por idade e peso por idade).
Resultados
Os resultados foram analisados pelas frequências, sendo comparadas ao longo dos 15 anos. As análises foram feitas em conjunto com as políticas e programas governamentais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). Os dados indicam que, nos últimos 15 anos, houve mudanças significativas no estado nutricional de crianças brasileiras entre 5 e 10 anos. Observou-se uma redução nos indicadores de subnutrição. No entanto, a prevalência de eutrofia, considerada a condição nutricional adequada, também apresentou queda, enquanto os índices de excesso de peso aumentaram em todas as regiões do país.
Conclusões/Considerações
Apesar da redução significativa na desnutrição infantil no Brasil, houve aumento de sobrepeso, obesidade e obesidade grave. Os percentuais de subnutrição foram mais elevados nas regiões Norte e Nordeste, enquanto o Sul liderou em sobrepeso e obesidade. Entre meninas, caiu a eutrofia, já entre meninos, cresceu a obesidade grave. A população indígena teve melhora na eutrofia, mas ainda enfrenta as maiores disparidades em relação aos demais grupos.
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E INFLAMAÇÃO: RESULTADOS PRELIMINARES DE UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE ESTUDOS OBSERVACIONAIS
Pôster Eletrônico
1 Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), Universidade de São Paulo.
2 Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), Universidade de São Paulo.
3 Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), Universidade de São Paulo.
Apresentação/Introdução
Alimentos ultraprocessados são formulações industriais desbalanceadas nutricionalmente e seu consumo excessivo é associado a mais de 30 desfechos negativos em saúde. A grande maioria destes desfechos possuem como base fisiopatológica a inflamação, no entanto, não há revisões sistemáticas que demonstrem de maneira consistente se o consumo desses alimentos impulsiona as respostas inflamatórias.
Objetivos
Revisar sistematicamente a relação entre alimentos ultraprocessados classificados segundo a Nova e marcadores inflamatórios.
Metodologia
Realizou-se uma revisão sistemática (PROSPERO: CRD42025647904). As palavras-chave “Ultraprocessed Foods", “Inflammation”, “Cytokines”, “Interleukins”, “C-Reactive Protein” e seus sinônimos foram combinadas com os operadores booleanos “AND” e “OR” no Pubmed, LILACS, Scielo, Web of Science, Scopus e EMBASE. Dois pesquisadores independentes selecionaram artigos após leitura (i) do título e resumo e (ii) na íntegra. As divergências foram solucionadas por um terceiro pesquisador. Foram incluídos estudos observacionais realizados em adultos e excluiu-se estudos que não usavam o sistema de classificação Nova para a definição de alimentos ultraprocessados.
Resultados
Selecionou-se 17 estudos sendo 9 (53%) transversais e 8 (47%) coortes, destes 41% foram realizados com amostras do Reino Unido (n=7) e 59% (n=10) em amostras da Espanha (n=2), Suécia (n=1) Noruega (n=1), Australia (n=1), Estados Unidos (n=3) e Brasil (n=2). O consumo de alimentos ultraprocessados foi avaliado em 59% (n=10) por recordatório alimentar de 24h e 41% (n=7) por questionários de frequência alimentar. Estes instrumentos não foram validados para a classificação Nova. Observou-se em 15 estudos (88%) que os maiores consumos de alimentos ultraprocessados associaram-se com elevação plasmática de PCR, interleucina 6 (IL-6), contagem de leucócitos ou da razão neutrófilos para linfócitos.
Conclusões/Considerações
A maioria dos estudos transversais e de coorte que investigaram a relação entre alimentos ultraprocessados e marcadores inflamatórios, majoritariamente conduzidos com amostras do Reino Unido e sem o uso de instrumentos específicos da classificação Nova, encontraram associações entre o consumo desses alimentos e marcadores inflamatórios comumente ligados a doenças crônicas não transmissíveis.
O PRODUTO DE ACUMULAÇÃO DE LIPÍDIOS ESTÁ ASSOCIADO À RESISTÊNCIA À INSULINA EM ADOLESCENTES: ESTUDO PASE
Pôster Eletrônico
1 UFV
Apresentação/Introdução
A resistência à insulina é um problema de saúde pública já na adolescência, demandando o uso de marcadores simples e de baixo custo para seu monitoramento. O produto de acumulação de lipídios (LAP) tem sido proposto para avaliar o risco de alterações metabólicas relacionadas à adiposidade, como a resistência à insulina, porém há escassez de evidências no público pediátrico.
Objetivos
Investigar a associação entre o produto de acumulação de lipídios (LAP) e a resistência à insulina em adolescentes.
Metodologia
Estudo transversal com 274 participantes (15 a 18 anos) da coorte prospectiva “Pesquisa de Avaliação da Saúde do Escolar (PASE)” de Viçosa-MG. O LAP foi calculado a partir de fórmulas específicas por sexo que consideram o perímetro da cintura e os triglicerídeos. A resistência à insulina foi avaliada pelo HOMA-IR (≥ 3,16). A associação entre LAP e resistência à insulina foi estimada pela regressão logística binária, ajustada por sexo, idade, renda familiar per capita e tempo de tela, com odds ratio (OR) e intervalos de confiança de 95%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (4.982.479/2021).
Resultados
A média de idade foi 16,3 ± 0,8 anos, a maioria dos participantes era do sexo feminino (52,2%, n=143) e 8% (n=22) apresentaram resistência à insulina. As medianas do LAP e do HOMA-IR foram 7,77 (intervalo interquartil: 3,47; 15,64) e 1,37 (intervalo interquartil: 0,90; 2,00), respectivamente. Após ajuste, cada aumento de unidade do LAP esteve associado ao aumento da chance de resistência à insulina nos adolescentes (OR: 1,07; IC95%: 1,04, 1,09).
Conclusões/Considerações
O LAP apresentou associação positiva com a resistência à insulina em adolescentes, evidenciando seu potencial como marcador complementar, simples e de baixo custo. Assim, seu uso, aliado a outras ferramentas, pode fortalecer as estratégias de monitoramento e de detecção precoce do risco metabólico na adolescência.
RELAÇÕES ENTRE AS TRAJETÓRIAS DO PERÍMETRO DA CINTURA E DO ÁCIDO ÚRICO DA INFÂNCIA À ADOLESCÊNCIA: ESTUDO PASE
Pôster Eletrônico
1 UFV
Apresentação/Introdução
A hiperuricemia está ligada ao maior estresse oxidativo. Neste sentido, a adiposidade central representa um fator de risco para a elevação do ácido úrico. Tendo em vista, que a hiperuricemia e a adiposidade central são condições prevalentes entre crianças e adolescentes, torna-se necessário investigar a trajetória dessa relação.
Objetivos
Avaliar a relação entre as trajetórias do perímetro da cintura e do ácido úrico da infância à adolescência.
Metodologia
Estudo longitudinal com 274 participantes de 8-9 anos (linha de base) e 15-18 anos (seguimento), da coorte “Pesquisa de Avaliação da Saúde do Escolar (PASE)” de Viçosa-MG. A adiposidade central foi avaliada pelo perímetro da cintura (PC). O ácido úrico (mg/dl) foi mensurado por amostras de sangue em jejum. As trajetórias do ácido úrico e do PC foram calculadas pelo delta entre seguimento e linha de base. A associação foi analisada por regressão linear com estimativas robustas de β e IC95%, ajustada por sexo, idade, renda per capita e comportamento sedentário. Aprovado pelo CEP (4.982.479/2021).
Resultados
A média de idade entre as crianças foi de 8,5 ± 0,5 anos e entre os adolescentes de 16,3 ± 0,8 anos, sendo a mais da metade do do sexo feminino 52,2% (n=143). As médias do PC na linha de base e no estudo longitudinal foram 60,33 ± 9,05 cm e de 75,06 ± 11,72 cm, respectivamente. Em relação às médias do ácido úrico, os resultados foram de 3,18 ± 0,84 mg/dl para a linha de base e de 4,73 ± 1,50 mg/dl para o estudo longitudinal. O aumento de uma unidade na trajetória do PC (β: 0,05; IC95%: 0,02, 0,08) esteve positivamente associado ao aumento do ácido úrico da infância à adolescência.
Conclusões/Considerações
Foi observada associação entre as trajetórias da adiposidade central e do ácido úrico da infância à adolescência. Assim, são necessárias ações que encorajam a prática de estilo de vida mais saudável em idades cada vez mais jovens a fim de contribuir com a melhoria do estado nutricional e marcadores bioquímicos.
TEDÊNCIA DA INSEGURANÇA ALIMENTAR EM DOMICÍLIOS CHEFIADOS PELA POPULAÇÃO NEGRA: ANÁLISE TRÊS DE INQUÉRITOS POPULACIONAIS.
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ
2 Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, MDS; Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar (IA) persiste entre as principais desigualdades sociais enfrentadas pela população negra, agravada por mudanças político-econômicas e desmonte de políticas públicas entre 2018 e 2023. Recentemente, o cenário tem favorecido a segurança alimentar (SA) e a equidade racial. Monitorar a IA é essencial para avaliar o impacto das políticas públicas em sua redução nessa população.
Objetivos
Analisar a tendência da IA em domicílios chefiados por pessoas negras (pretos e pardos) no Brasil considerando período de 20 anos (2013-2023).
Metodologia
Estudo transversal analisando microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2013 (n=116.196), da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017/2018 (n=57.920) e da PNAD Contínua 2023 (n=173.676). A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar classificou as famílias em SA e insegurança alimentar leve (IAL), moderada (IAM) e grave (IAG). Definiram-se seis perfis do responsável familiar por sexo (masculino e feminino) e raça/cor (branca, preta, parda). Calculou-se a prevalência de IA estratificada por esses perfis, com seus IC95%. Modelos de regressão logística multinomial estimaram razão de risco relativo (RRR) no STATA 16.0 Dispensado de aprovação ética (Resolução CNS nº 510/2016).
Resultados
Entre 2013 e 2017/18, a SA reduziu-se significativamente em todos os perfis, com destaque para famílias chefiadas por mulheres pretas (65,4% para 44,7%). De 2018 a 2023, a SA aumentou, principalmente entre famílias chefiadas por mulheres pretas (44,7% para 60,6%), embora ainda com as menores prevalências. A IAL, IAM e IAG apesar do aumento entre 2013 e 2018, reduziu em 2023, mantendo-se mais prevalente entre famílias chefiadas por mulheres pretas e pardas. Em 2023, as RRR para IAM diminuíram, mas permaneceram elevados entre mulheres pretas (2,5) e pardas (2,1). Para a IAG, o RRR também reduziu, mas mantendo-se superior entre mulheres pretas (2,2). Todos os resultados apresentaram p<0,01.
Conclusões/Considerações
Famílias chefiadas por mulheres pretas e pardas apresentaram avanços na SA e redução nos níveis de IA, entretanto, seguem entre os mais atingidos. Esses achados sugerem os efeitos positivos da retomada das políticas públicas de SA, especialmente aquelas orientadas por uma perspectiva racial. A manutenção e monitoramento dessas políticas são essenciais para o enfrentamento das desigualdades estruturais que incidem sobre esses grupos.
RELIGIÃO E SUSTENTABILIDADE EM ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO: PERCEPÇÕES, PRÁTICAS E DISPOSIÇÃO PARA MUDANÇA ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Valores religiosos têm o potencial de influenciar significativamente atitudes e comportamentos relacionados à sustentabilidade. Diversas tradições religiosas promovem princípios como o cuidado com a criação, a moderação no consumo e o respeito aos recursos naturais, os quais se alinham aos pilares ambiental, social e econômico do conceito de sustentabilidade.
Objetivos
Investigar se a religião influencia compreensão sobre o conceito de sustentabilidade (e seus domínios), práticas alimentares sustentáveis e disposição para mudanças alimentares relacionadas à sustentabilidade entre estudantes universitários.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal realizado com graduandos em Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os dados foram coletados por questionário estruturado, abordando: perfil sociodemográfico; compreensão sobre sustentabilidade; práticas alimentares autorreferidas; e disposição para adotar mudanças alimentares sustentáveis. A variável desfecho foi a religião (ateus/agnósticos e cristãos). Foram aplicados testes qui-quadrado ou exato de Fisher (p<0,05), com uso do software R (v4.2.1). Aprovado pelo Comitê de Ética da UFMG (CAAE: 78528424.2.0000.5149).
Resultados
Dos 63 participantes, 82,5% eram mulheres, com média de 22 anos. Não houve associação entre religião e conhecimento geral sobre sustentabilidade (p=0,506) ou disposição para mudanças alimentares (p=1,000). Ateus/agnósticos mostraram maior conhecimento sobre sustentabilidade em serviços de alimentação (p=0,030) e mais busca por informações em mídias sociais (p=0,037). Quanto ao tipo de dieta, 60% dos ateus/agnósticos eram vegetarianos, frente a 4,2% dos católicos (p=0,002). Não houve associação com a autopercepção da alimentação embora práticas alimentares inadequadas tenham sido mais frequentes entre os participantes religiosos (10,4%).
Conclusões/Considerações
A religião pode influenciar o comportamento sustentável de universitários, embora não se associe à compreensão geral sobre sustentabilidade ou à disposição para mudanças alimentares. Ateus e agnósticos adotaram mais práticas sustentáveis e buscaram mais informações sobre o tema. Os achados destacam a importância de considerar crenças religiosas em ações de educação alimentar e nutricional.
ADVERSIDADES NA INFÂNCIA E EXCESSO DE PESO CORPORAL EM MULHERES ADULTAS RESIDENTES EM UMA CAPITAL BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
Introdução: A vivência de experiências adversas durante a infância pode comprometer o desenvolvimento saudável do indivíduo com impactos imediatos e ao longo de toda a vida, prejudicando tanto a saúde física quanto a mental. Estudos demonstram que a exposição a essas adversidades está associada a maior chance de excesso de peso na vida adulta, afetando mais as mulheres quando comparada aos homens.
Objetivos
Objetivo: Analisar a associação entre experiências adversas na infância e excesso de peso em mulheres adultas residentes no município de Vitória, Espírito Santo, Brasil.
Metodologia
Metodologia: Estudo transversal, de base populacional, realizado em Vitória-ES, com 1.041 mulheres. Peso e altura foram autorreferidos. O estado nutricional foi avaliado pelo IMC (kg/m²) e classificados como excesso de peso (IMC ≥ 25) e eutrofia (IMC entre 18,5 e 24,9). Experiências adversas na infância foram medidas nas categorias: relacionamento com os pais (negligência física e emocional), abusos (emocional, físico e sexual) e ambiente familiar (abuso de álcool/drogas ilícitas/medicamentos controlados; depressão/doença mental/intenção suicida; familiar encarcerado; separação/divórcio dos pais e falecimento dos pais/responsáveis) e dicotomizadas. As análises foram conduzidas no Stata® 14.0.
Resultados
Resultados: Mulheres com excesso de peso, em média, apresentaram maior idade, menor estatura, renda familiar, e, escolaridade (p<0,05) comparadas com as eutróficas. Em sua maioria, eram de raça/cor não brancas (63%) e com histórico de abuso de álcool, drogas ilícitas ou medicamentos controlados no ambiente familiar (33,3%). Nas análises ajustadas pelos fatores socioeconômicos, o abuso de álcool, drogas ilícitas ou uso de medicamentos controlados e a separação/divórcio dos pais mostrou associação significativa, com maiores chances de excesso de peso entre aquelas que relataram a exposição a essas adversidades na infância (OR=1,37;IC95%:1,02–1,83;p=0,035; OR=1,35;IC95%:1,01–1,80; p=0,041).
Conclusões/Considerações
Conclui-se que há associação a vivência de adversidades na infância no ambiente familiar e o excesso de peso em mulheres adultas residentes no município de Vitória/ES, sendo importante que os profissionais de saúde estejam atentos a esse agravo em seus atendimentos.
SUB-RELATO DA INGESTÃO ENERGÉTICA E FATORES ASSOCIADOS: INQUÉRITO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO 2017-2018
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Apresentação/Introdução
Avaliar o consumo alimentar da população é um desafio, os métodos existentes para a coleta de dados apresentam limitações e erros que podem influenciar resultados de estudos de associação entre dieta e desfechos na saúde. A subnotificação da ingestão energética é um dos erros mais prevalentes nos inquéritos.
Objetivos
Identificar a prevalência de sub-relato na ingestão energética e os fatores associados entre brasileiros.
Metodologia
Utilizou-se dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017-2018, com indivíduos maiores de 20 anos, excluindo gestantes, nutrizes e relatores atípicos do consumo alimentar, totalizando 32.932 participantes. Os dados de consumo alimentar foram coletados mediante recordatório de 24 horas. Os sub-relatores tiveram identificação pelo método de McCrory et al. (2002), através da razão ingestão energética relatada /gasto energético predito, equação de Vinken (1999); ponto de corte ±2DP. O índice de massa corporal foi calculado com peso/altura autorreferidos, com classificação segundo a Organização Mundial da Saúde. Os fatores associados ao sub-relato foram analisados via regressão logística no RStudio.
Resultados
Do total de brasileiros do estudo, 52,8% eram mulheres e 47,2% eram homens. A prevalência de sub-relatores da ingestão energética foi de 17,3%, sendo os indivíduos com obesidade (OR= 2,52; IC95%: 2,32 – 2,74); que fazem dieta para emagrecer (OR= 1,69; IC95%: 1,47 – 1,94) e com sobrepeso (OR= 1,56; IC95%: 1,46 – 1,66), têm associação positiva de pertencer a categoria de sub-relatores. Já aqueles que não fazem dieta (OR= 0,88; IC95%: 0,8 – 0,97) e são idosos (OR= 0,51; IC95%: (0,47 – 0,56) apresentam associação negativa de subnotificação da ingestão energética (p < 0,001).
Conclusões/Considerações
A maior chance de subnotificação da ingestão energética entre brasileiros está significativamente associada ao estado nutricional (obesidade e sobrepeso), assim como aqueles em dieta para emagrecer. Por outro lado, idosos e indivíduos que não seguem dietas mostraram menores chances ao sub-relato. Esses achados reforçam a necessidade de considerar essas características ao interpretar dados de consumo alimentar em inquéritos nacionais.
IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR DE UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA DA AMAZÔNIA: UM ESTUDO QUALITATIVO
Pôster Eletrônico
1 UEA
2 UFAM
Apresentação/Introdução
A segurança alimentar é reconhecida como um direito humano fundamental, essencial para o bem-estar e a dignidade dos indivíduos, bem como para o desenvolvimento sustentável das sociedades. A pandemia de COVID-19 revelou a fragilidade dos sistemas alimentares e ampliou as desigualdades sociais já existentes, afetando, de forma desproporcional, populações em situação de vulnerabilidade.
Objetivos
Este estudo investigou o impacto da pandemia de COVID-19 na segurança alimentar da comunidade de Nossa Senhora do Livramento, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, em Manaus, Amazonas.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional, descritivo qualitativo, realizado na comunidade ribeirinha Nossa Senhora do Livramento, em Manaus, Amazonas. Utilizou-se a técnica de amostragem em bola de neve, com coleta de dados realizada no domicílio, por meio de entrevistas com um representante de cada família residente permanente na comunidade, perfazendo um total de 28 famílias. As entrevistas foram conduzidas por meio de um questionário semiestruturado. A análise dos dados baseou-se no método de análise de conteúdo de Bardin. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas parecer n.º 6.097.815.
Resultados
A partir da análise dos dados emergiram cinco categorias, sendo: Segurança alimentar; Produção sustentável; Abastecimento e mercado; Renda e Redes de apoio. Os resultados evidenciaram que a pandemia de COVID-19 agravou vulnerabilidades preexistentes, como a escassez de alimentos, o desabastecimento local, o aumento de preços e as dificuldades logísticas. Os moradores relataram práticas de racionamento, episódios de fome e alterações nos padrões de consumo, com dependência crescente de alimentos ultraprocessados. As redes de solidariedade e o auxílio emergencial atenuaram parte dos efeitos negativos, mas revelaram-se insuficientes para superar as limitações estruturais da comunidade.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que políticas públicas devem articular ações emergenciais e estruturantes, fortalecendo suporte técnico, infraestrutura logística e soberania alimentar. O estudo reafirma a relevância das abordagens qualitativas para captar realidades locais e subsidiar estratégias inclusivas voltadas à justiça social e à dignidade humana.
A INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DOS ENTREGADORES DE APLICATIVOS DE DELIVERY DE COMIDA NUM MUNICÍPIO-POLO DA MACRORREGIÃO DE SAÚDE LESTE DE MINAS GERAIS
Pôster Eletrônico
1 UFJF campus Governador Valadares
2 UFU
3 UFSJ campus Centro-Oeste Dona Lindu.
4 UFJF
5 Prefeitura Municipal de Governador Valadares
Apresentação/Introdução
A natureza do processo de trabalho dos entregadores de plataformas digitais possibilita uma proximidade com alimentos e refeições variadas no cotidiano. Todavia, o cenário da informalidade marcado pela precarização das relações trabalhistas e destituição de direitos impacta negativamente na garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) destes e na saúde e qualidade de vida.
Objetivos
Delinear a Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN) dos entregadores de aplicativos de delivery de comida em Governador Valadares – MG
Metodologia
Estudo com delineamento transversal, observacional e quantitativo, com aproximadamente 30 entregadores de plataformas digitais. O recrutamento destes foi feito por meio do método “Bola de Neve Virtual”. A coleta de dados ocorreu através de um questionário estruturado, autoaplicado e on-line, com questões socioeconômicas, demográficas e alimentar/nutricional. Utilizou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar versão curta, contendo 5 questões e o Questionário de Frequência Alimentar qualitativo. Esse estudo teve parecer favorável do CEP/UFJF, sob o CAEE 54981322.90000.5147.
Resultados
A maioria dos entregadores era de homens jovens, sobretudo negros, 75,86% tinham INSAN em algum nível. O grupo das hortaliças e das frutas apresentou uma frequência de consumo baixa, e das leguminosas e cereais e das massas tiveram uma frequência maior de consumo semanal. Houve uma baixa frequência do consumo de leite e derivados; de óleos e gorduras; fast food; de açúcares e doces. Quanto aos hábitos alimentares, ao serem perguntados sobre a pausa para horário de almoço, a maioria informou que dispõe de menos de 1 hora (58,7%) para realizar a refeição. 55,2% afirmaram realizarem o almoço fora de casa, em locais auto referidos como “na rua”, “na calçada”, “na lanchonete” e “em cima da moto”.
Conclusões/Considerações
A INSAN presente entre os entregadores evidenciou a contradição vivenciada por estes no cotidiano do trabalho, pois a natureza deste possibilita um contato direto com alimentos variados. Esse estudo trouxe a SAN para a arena direitos sociais. Para que o direito à alimentação saudável e adequada se materialize é necessária a incorporação das novas demandas do mundo do trabalho na Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
ASSOCIAÇÃO DOS FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS COM A ADESÃO E ACEITABILIDADE DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
Pôster Eletrônico
1 UnB
2 UFSC
3 UnB, PPGN
Apresentação/Introdução
O PNAE contribui para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial e a formação de hábitos alimentares saudáveis, por meio da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo. Verifica-se escassez de estudos que avaliam a associação de fatores sociodemográficos com a adesão e aceitabilidade da alimentação escolar como forma de monitorar a política.
Objetivos
Avaliar a associação de fatores sociodemográficos com a adesão e aceitabilidade da alimentação escolar em escolares de 7 a 14 anos de uma capital do sul do Brasil.
Metodologia
O estudo avaliou a associação de fatores sociodemográficos com a adesão e aceitabilidade da alimentação escolar em 905 escolares de 7 a 14 anos de uma capital do sul do Brasil. Os dados de adesão e aceitabilidade foram obtidos por meio de questionário online validado para escolares (Wb-CAAFE). Os dados sociodemográficos foram obtidos por questionário impresso enviado aos pais. Os fatores associados à adesão e aceitação da alimentação escolar foram avaliados por regressão logística multivariada.
Resultados
As meninas têm 58% mais chance de consumir a alimentação escolar de 4 a 5 vezes por semana quando comparado aos meninos. A renda foi inversamente associada à frequência da alimentação escolar (OR: 0,61, p=0,011) e quanto maior o número de moradores no domicílio maior a chance de consumo com maior frequência (OR: 1,96, p=0,021). Escolares de 11 a 14 anos e do turno vespertino têm 68% menos chance e 52% mais chance de gostar da alimentação escolar quando comparado àqueles de menor idade e do turno matutino, respectivamente. O número de moradores no domicílio foi associado positivamente à melhor aceitação da alimentação escolar (OR: 2,18, p=0,013).
Conclusões/Considerações
Os fatores sociodemográficos como sexo, idade, renda, número de moradores no domicílio e turno escolar podem influenciar na frequência e aceitação da alimentação escolar.
O AMBIENTE ALIMENTAR DE ESCOLAS MUNICIPAIS BRASILEIRAS E A COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS COMPETIDORES: DESAFIOS PARA O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE)
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Apresentação/Introdução
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) destina-se à oferta de alimentação saudável e gratuita a escolares da educação básica, priorizando alimentos in natura e oriundos da agricultura familiar, como alternativa a ambientes obesogênicos. Entretanto, pode ser influenciado pela comercialização, publicidade/propaganda de alimentos competidores dentro e no entorno do ambiente escolar.
Objetivos
Mapear a presença e a comercialização de alimentos competidores à alimentação ofertada pelo PNAE em escolas municipais brasileiras, descrevendo as variáveis envolvidas na adesão às refeições.
Metodologia
Estudo transversal, conduzido em 70 escolas municipais, com 1298 escolares de 8 a 10 anos nas 05 macrorregiões brasileiras, de agosto a dezembro/2024, como parte do Projeto: “Efeitos do Programa Nacional de Alimentação Escolar brasileiro sobre a dieta e o desenvolvimento econômico – ENAE”. Utilizaram-se questionários estruturados para obtenção da frequência de adesão ao PNAE pelos escolares; localização da escola e turno; informações sobre o ambiente alimentar escolar e comercialização de alimentos. Utilizou-se Regressão Logística para avaliar o impacto do comércio de alimentos na adesão do PNAE, com ajuste para variáveis de confusão. Considerou-se adesão ao PNAE consumo ≥ 3 x/semana.
Resultados
Das crianças entrevistadas, 56,5% têm adesão ao PNAE ≥ 3x/semana. 13% dos escolares encontravam-se em escolas que comercializam alimentos, sendo 104 escolares (8%) em área rural e 1194 escolares (92%) em área urbana. 68,6% das escolas participantes estão localizadas na região Sudeste e Nordeste. A presença de comércio de alimentos dentro da escola não se mostrou associada ao desfecho (OR = 0,80; IC95%: 0,53-1,13; P = 0,216). Entretanto, observou-se que escolares nas áreas urbanas e na região Sul têm, respectivamente, 57% menos chance (OR = 0,43; IC95% = 0,28-0,66; P = 0,000), e 70% menos chance em comparação ao Norte (OR = 0,30; IC95% = 0,14-0,62; P = 0,001) de aderirem ao PNAE.
Conclusões/Considerações
Observou-se que a adesão ao PNAE sofre influência da localização das escolas e área, a despeito de seu caráter universal. Embora o comércio de alimentos não impacte a adesão, a qualidade dos produtos comercializados é crucial, assim como o papel educativo do programa na formação de hábitos alimentares. É fundamental discutir a regulamentação da venda de alimentos e publicidade nas escolas, para transformá-las em locais promotores de saúde.
ASSOCIAÇÃO ENTRE CRONOTIPO E PADRÕES DE REFEIÇÕES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE FLORIANÓPOLIS (SC)
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Nutrição - UFSC
2 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - UFSC
Apresentação/Introdução
Cronotipo refere-se às preferências individuais de horários para dormir, acordar e realizar atividades, podendo ser estimado pelo ponto médio de sono. Cronotipos tardios têm sido associados a piores desfechos em saúde, como maior consumo de alimentos não saudáveis, mas sua relação com o padrão alimentar ao longo do dia ainda não está bem estabelecida.
Objetivos
Investigar as associações entre o ponto médio de sono e padrões de refeições em crianças e adolescentes.
Metodologia
O estudo foi conduzido com 1.333 crianças e adolescentes (7 a 14 anos) de escolas públicas e privadas de Florianópolis (SC). Horários de dormir e acordar, informados pelos responsáveis, foram usados para calcular o ponto médio de sono, categorizado em quartis. O questionário validado Web-CAAFE foi utilizado para obtenção dos dados de consumo alimentar do dia anterior para o café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite. Os padrões de refeições foram identificados por meio da análise de classe latente e as associações foram analisadas por meio de probabilidades obtidas após a regressão logística multinomial ajustada para as covariáveis.
Resultados
Os escolares do grupo muito tardio tiveram menor probabilidade de consumir o padrão “Café com leite, pão e queijo” no café da manhã comparado com os escolares do grupo muito matutino. O grupo muito tardio teve maior probabilidade em um padrão “Misto” (alimentos saudáveis e não saudáveis) no café da manhã comparado com grupo muito matutino. O grupo muito matutino teve maior probabilidade em um padrão tradicional brasileiro e menor chance de consumir macarrão e queijo no almoço comparado com o grupo tardio. O grupo tardio teve maior probabilidade de consumir alimentos ultraprocessados no lanche da tarde comparado com o grupo matutino.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que horários de dormir e acordar matutinos podem promover padrões de café da manhã, almoço e lanche da tarde mais saudáveis. Em contrapartida, horários mais tardios podem estar associados a adoção de padrões menos saudáveis nessas refeições. Programas de educação em saúde podem incentivar horários de sono mais antecipados, além de promover o consumo de alimentos mais saudáveis, especialmente no café da manhã, almoço e no lanche da tarde.
PERCEPÇÃO DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL ENTRE ADULTOS PARTICIPANTES DA PESQUISA EAT-MOT NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFMG/MG
2 ENSP/FIOCRUZ
3 SES/MG
4 UFVJM/MG
5 CERNAS, Universidade Politécnica de Viseu, Viseu, Portugal.
Apresentação/Introdução
Atualmente, observa-se uma tendência crescente de consumidores conscientes, que valorizam a origem e a qualidade dos alimentos, optando por uma alimentação mais saudável e ambientalmente sustentável.
Objetivos
O objetivo deste estudo foi verificar a associação entre características sociodemográficas e de saúde com a percepção de alimentação saudável entre brasileiros participantes da pesquisa EAT MOT.
Metodologia
Estudo transversal com dados da pesquisa internacional: Motivações Psicossociais Associadas às Escolhas Alimentares - EAT-MOT. Os dados foram obtidos por questionário autopreenchido. A variável de desfecho do estudo foi a percepção da alimentação como saudável. As análise dos dados foram realizadas no software Stata 14.0. Os testes estatísticos qui-quadrado de Pearson para variáveis categóricas e Kruskall-Wallis para variáveis contínuas. Para identificar a associação entre características sociodemográficas e de saúde com a percepção de alimentação saudável, foram utilizados os valores de Odds Ratio.
Resultados
Participaram 660 indivíduos, a maioria mulheres (74,7%) e com ensino superior completo ou em andamento (77,6%). Boa parte dos entrevistados percebeu sua alimentação como saudável (49,3%). Na análise multivariada, observou-se associação negativa entre a percepção de alimentação saudável com: ser do sexo masculino (OR=0,45; IC95%: 0,31-0,64); possuem menor escolaridade (ensino médio: OR=0,51; IC95%: 0,35-0,74 e ensino fundamental: OR=0,11; IC95%: 0,03-0,42); menor prática de atividade física (>3 vezes/semana: OR=0,40; IC95%: 0,25-0,63; 2-3 vezes/semana: OR=0,29; IC95%: 0,16-0,52; <1 vez/semana: OR=0,24; IC95%: 0,14-0,41; e nunca: OR=0,13; IC95%: 0,08-0,22) e maior IMC (OR=0,94; IC95%: 0,91-0,97).
Conclusões/Considerações
Os resultados mostraram a relevância de estudos desta natureza para estimular a adoção de múltiplos comportamentos saudáveis, com atenção especial para o grupo masculino menos escolarizado.
FATORES SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS ASSOCIADOS À INSEGURANÇA ALIMENTAR EM DOMICÍLIOS DAS REGIÕES SUL E SUDESTE DO BRASIL EM 2022 E 2023
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
A pandemia agravou a IA na população brasileira, inclusive nas regiões Sul e Sudeste (SE) que historicamente tinham as menores prevalências. Apesar de avanços em 2023, essas
regiões ainda apresentam desafios que comprometem o acesso de parte da população a uma alimentação adequada, em função do aumento das desigualdades sociais impactadas pela ocorrência dos eventos climáticos recentes.
Objetivos
Analisar as mudanças na associação entre os fatores sociodemográficos e níveis de segurança alimentar e IA das famílias das regiões Sul e Sudeste nos anos de 2022 e 2023.
Metodologia
Estudo transversal com dados do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (2022) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (2023). A IA foi avaliada pela Escala Brasileira de InsegurançabAlimentar (EBIA), considerando segurança alimentar (SA), IA leve (IAL) e IA moderada/grave (IAMG). Realizaram-se análises descritivas e regressão logística multinomial, estimando-se as razões de risco relativo (RRR) e IC95% para associar IA a características sociodemográficas dos responsáveis pelos domicílios. Variáveis com p<0,20 foram incluídas no modelo ajustado, considerando p<0,05 como significativo. Análises feitas no STATA 16.
Resultados
Em 2022/2023, famílias chefiadas por mulheres, pessoas pretas/pardas, desempregadas, com menor escolaridade e renda apresentaram maior proporção de IAMG. Em 2023, o risco associado à raça/cor preta reduziu no SE (2022:RRR=2,4;2023:RRR=1,7) e manteve-se no Sul (2022/2023:RRR=1,9). Famílias com renda <1/2 Salário-mínimo per capta seguiram vulneráveis no Sul (RRR=13,7) e SE (RRR=10,1). Trabalho informal (Sul:RRR=1,7; SE:RRR=1,5) e desemprego (Sul:RRR=2,4;SE:RRR=2,3) seguiram associados à IAMG. Lares chefiados por mulheres mantiveram o risco no SE (RRR=1,4), enquanto famílias com mais moradores (Sul:RRR=0,7;SE:RRR=0,7) e residir em áreas rurais no Sul (RRR=0,5) foram proteção contra IAMG.
Conclusões/Considerações
Apesar da melhora na segurança alimentar nas regiões estudadas em 2023, persistem desigualdades associadas à raça, renda, trabalho informal, desemprego e chefia feminina. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas estruturantes e permanentes, o fortalecimento da agricultura familiar e geração de emprego para enfrentar desigualdades e promover segurança alimentar.
SISTEMAS ALIMENTARES URBANOS E OBESIDADE: MAPEAMENTO DE VARIÁVEIS E RELAÇÕES EM UM MODELO DE LAÇOS CAUSAIS
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP)
Apresentação/Introdução
A obesidade, um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade, resulta da interação complexa entre fatores biológicos, sociais e ambientais. Sistemas urbanos, alimentares e de saúde moldam comportamentos e favorecem ambientes obesogênicos. Analisar o ambiente alimentar com base no pensamento sistêmico contribui para intervenções mais eficazes e sustentáveis.
Objetivos
Construir e analisar um diagrama de laços causais do ambiente alimentar urbano, visando identificar relações estruturais que influenciam os hábitos alimentares e os níveis de obesidade da população.
Metodologia
Utilizou-se como base o modelo ecológico de Story et al., que organiza fatores do comportamento alimentar em níveis (individual, social, físico e macroambiental). Para superar limitações dessa estrutura linear, aplicou-se o mapeamento de sistemas, com foco na população adulta urbana. A partir da revisão de evidências, elaborou-se um diagrama de laços causais, classificando as relações como de mesma direção (+) ou direção oposta (–). O modelo integra elementos como sistemas de produção, hábitos alimentares e qualidade da dieta, permitindo visualizar as relações e os loops que perpetuam a obesidade. A análise foi qualitativa, voltada à estruturação conceitual do sistema alimentar local.
Resultados
O modelo identificou 16 variáveis-chave distribuídas entre os níveis macro (9) e microambiental (7), organizadas em quatro loops de reforço (R1 a R4). Os loops R1 e R2 mostram que a demanda por alimentos saudáveis estimula cadeias mais curtas, fortalece agricultores e amplia a oferta de frescos, desde que haja políticas e infraestrutura de suporte. O loop R3 relaciona o consumo de ultraprocessados à redução de alimentos in natura. Já o loop R4 destaca o papel das normas sociais e práticas culturais nas escolhas alimentares, reforçando tanto hábitos saudáveis quanto não saudáveis. O diagrama oferece uma visão sistêmica e integrada do ambiente alimentar urbano e seus efeitos sobre a obesidade.
Conclusões/Considerações
O diagrama de laços causais revelou estruturas determinantes do comportamento alimentar, incluindo a influência de crenças favoráveis aos ultraprocessados, associadas à conveniência e baixo custo. A análise indica que mudanças sustentáveis exigem escuta ativa de atores sociais e formulação de políticas públicas articuladas. O modelo pode contribuir para o planejamento de intervenções eficazes no combate à obesidade.
ESTADO DA ARTE SOBRE AS COZINHAS SOLIDÁRIAS: RESULTADOS PRELIMINARES DE UMA REVISÃO DE ESCOPO
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
2 MDS
3 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A alimentação adequada é um direito e demanda que o Estado integre políticas para garantir sua efetivação. Apesar dos avanços brasileiros desde o Programa Fome Zero (2003), o enfrentamento da fome ainda persiste. As cozinhas solidárias (CSol), fruto de um histórico de lutas e mobilização social, entram no cenário como tecnologia de inovação social e conquistam a agenda pública e de pesquisa.
Objetivos
Identificar como tem se dado o crescimento e a diversidade de estudos produzidos sobre cozinhas solidárias na atualidade.
Metodologia
Revisão de escopo procura responder: quais são as evidências sobre CSol no mundo, nos últimos 10 anos? A revisão é fruto do Projeto Cozinhas Solidárias em Rede aprovado no CEP/Unifesp Parecer nº6.877.657. O levantamento dos artigos foi feito nas bases: PubMed, Scopus, Web of Science, BVS e Scielo, com as seguintes combinações de unitermos: "cozinhas solidárias" OR "cozinha solidária" OR "cozinhas comunitárias" OR "cozinha comunitária" OR "cozinhas coletivas" OR "cozinha coletiva". Incluiu-se artigos publicados até março de 2025, sem restrição de data inicial. Os títulos e os resumos dos artigos foram analisados por 2 revisores independentes e, após a seleção, foi elaborado o fichamento.
Resultados
Resultados preliminares extraídos de 26 artigos mostram o aumento do número de publicações sobre CSol expressivo a partir de 2019, chegando a mais de 100 por ano a partir de então. De origem imprecisa, há relatos do surgimento das cozinhas nos anos 1980, a partir de movimentos sociais, em países da América Latina. O registro das primeiras revisões iniciou-se em 2005; há estudos sobre os processos de estruturação e perfil de seus frequentadores. No Brasil, o protagonismo dos movimentos sociais MST e MTST se destaca na origem das CSol ao lado de iniciativas como a Ação da Cidadania. Estão registradas experiências correlatas em outros países da América Latina, América do Norte, Europa e África.
Conclusões/Considerações
A produção científica sobre as CSol é recente, com aumento expressivo desde 2019, sobretudo em língua inglesa (95,4%). Estudos apontam que as CSol são ambientes marcados pela interseccionalidade, pela solidariedade, pela construção de emancipação, pela promoção da saúde e bem estar, pelo uso social da terra, da transição agroecológica e com abordagens decoloniais de cuidado, sendo portanto estratégicas para a soberania alimentar.
ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE AMBIENTES ALIMENTARES E NUTRIÇÃO INFANTIL
Pôster Eletrônico
1 Pós-Graduação em Nutrição em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São Paulo, Brasil
2 Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São Paulo, Brasil.
Apresentação/Introdução
Evidências crescentes mostram que os ambientes alimentares influenciam a saúde, o estado nutricional e as práticas alimentares. O público infantil pode ser mais sensível a essas influências. Com o aumento da má-nutrição infantil, sobretudo da obesidade, é fundamental analisar a produção científica a fim de compreender tendências, identificar lacunas e aprofundar as relações envolvidas na temática.
Objetivos
Realizar uma análise bibliométrica da produção científica acerca dos ambientes alimentares e nutrição infantil, com ênfase nos desfechos obesidade e desnutrição.
Metodologia
Foi realizada uma busca na base Scopus em maio de 2025, utilizando a estratégia de busca ("food environment") AND ("child" OR "children" OR "infant" OR "early childhood") AND ("malnutrition" OR "obesity" OR "overweight" OR "nutritional status" OR “pediatric obesity”). Foram utilizados filtros de título, resumo e palavras-chave, incluindo apenas artigos originais. Em seguida, a análise foi conduzida com o pacote Bibliometrix do Software R-Studio, utilizando indicadores de publicação por país, autoria e ocorrência de palavras-chave.
Resultados
Foram encontrados 850 artigos, publicados entre 2000 e 2025. Um crescimento expressivo de estudos foi observado a partir de 2007. Os quatro países com mais publicações na temática, utilizando como referência o autor correspondente, são: Estados Unidos (n=323), Reino Unido (n=73), Austrália (n=59) e Canadá (n=47). O Brasil aparece na lista em 7º lugar (n=22). As quatro pessoas com maior número de produções são Joel Gittelsohn, Stefanie Vandevijvere, Mary Story e Boyd Swinburn. As palavras-chave mais recorrentes, com exceção das palavras que caracterizam a faixa etária e o estado nutricional, envolvem o comportamento alimentar, a promoção da saúde e políticas de nutrição.
Conclusões/Considerações
Apesar do crescimento na produção científica sobre ambientes alimentares e nutrição infantil, há uma concentração de estudos em países de alta renda. A ênfase em temas como comportamento alimentar, promoção da saúde e políticas de nutrição indica uma possível compreensão estrutural das questões que perpassam as temáticas. Porém, é necessário ampliar a produção científica em demais países, sobretudo em países com maior prevalência de má-nutrição.
ROTULAGEM DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Pôster Eletrônico
1 Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde da Universidade Federal de São Paulo, campus Diadema (Nats Unifesp Diadema)
2 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Apresentação/Introdução
A rotulagem de bebidas alcoólicas é uma estratégia para reduzir o consumo de álcool, um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Essa estratégia alinha-se às diretrizes do Plano de Dant 2021–2030, que propõe ações regulatórias para reduzir o consumo de álcool no Brasil e qualificar escolhas informadas por evidências.
Objetivos
Avaliar, em uma síntese de evidências de revisões sistemáticas (RS), experiências internacionais de rotulagem de bebidas alcoólicas e seu potencial impacto na formulação de políticas públicas voltadas à prevenção e controle das DCNTs no Brasil.
Metodologia
Trata-se de síntese de evidências com base no acrônimo PCC, considerando como População: indivíduos que consomem ou estão expostos ao consumo de álcool; Conceito: estratégias de rotulagem; e Contexto: implementação e regulamentação mundial. Foram incluídas revisões sistemáticas que avaliaram efeitos da rotulagem sobre conhecimento do risco ou comportamento de consumo. A busca foi realizada em bases especializadas e complementada por busca manual, por dois revisores, que também conduziram a triagem e extração dos dados (origem dos estudos, população, tipo de rótulo e desfechos relacionados às DCNTs). A qualidade metodológica foi avaliada pelo AMSTAR 2.
Resultados
Foram identificadas seis revisões sistemáticas publicadas entre 2012 e 2025, totalizando mais de 100 estudos primários, dos quais três foram conduzidos em países de baixa ou média renda. Quatro revisões incluíram estudos com desfechos de consumo de álcool, mas apenas uma apresentou análise quantitativa, com efeito não significativo na seleção de bebidas (−0,05 kcal; IC 95%: −0,25 a 0,16). As estratégias incluíram rótulos calóricos, nutricionais, de advertência e combinados, sendo essa última a de melhor resultado. Apenas três revisões incluíram estudos com desfechos relacionados a DCNTs. A qualidade metodológica foi classificada como criticamente baixa ou baixa em todos os casos.
Conclusões/Considerações
A rotulagem de bebidas alcoólicas aumenta a conscientização sobre os riscos, mas há lacunas quanto à sua efetividade para reduzir o consumo e prevenir DCNTs. As evidências analisadas têm baixa qualidade metodológica e concentram-se em países de alta renda. Assim, será conduzida uma segunda síntese com estudos observacionais e documentos regulatórios internacionais para aprofundar a análise e apoiar políticas públicas no Brasil.
"CORPO-TERRITÓRIO-ESPÍRITO COMO EPISTEMOLOGIA DE SOBERANIA ALIMENTAR: SABERES E LUTAS DAS MULHERES INDÍGENAS NA CONSTRUÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL"
Pôster Eletrônico
1 INSTITUTO INSIKIRAN DE FORMAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA - UFRR
Apresentação/Introdução
Esta apresentação baseia-se na tese Wanhikynyi, Ya’re’: Tem Comida! (2025), que propõe o conceito de “território-corpo-espírito” como lente epistemológica para compreender a soberania alimentar indígena. A comida é vista como elemento vital que articula as dimensões física, cultural e espiritual dos povos indígenas.
Objetivos
Busca-se valorizar os saberes das mulheres indígenas na construção de conceitos próprios de segurança alimentar e nutricional, articulados ao bem viver, e fortalecer suas vozes nos territórios e nas políticas públicas voltadas à soberania alimentar.
Metodologia
A metodologia desta pesquisa é orientada por uma perspectiva indígena, com ênfase nas práticas político-epistemológicas das mulheres indígenas. Em agosto de 2019, a I Marcha das Mulheres Indígenas consolidou o lema “Território, nosso corpo, nosso espírito”, que ultrapassou os limites da mobilização política e se firmou como uma proposta epistemológica. Este conceito tornou-se chave analítica da pesquisa, articulando vivências em territórios homologados, retomadas e contextos urbanos. O território-corpo-espírito é entendido aqui como pensamento-ação-resistência, orientando os diálogos, análises e escutas realizados ao longo do trabalho de campo com mulheres indígenas em diferentes contextos.
Resultados
Nos resultados da tese, destaca-se que a fome é enfrentada por meio dos modos tradicionais de vida e produção, visando manter um corpo-território forte e nutrido. O conceito de corpo-território expressa a interconexão entre corpo e território como uma única entidade, onde a saúde do corpo depende da integridade do território. A insegurança alimentar vai além da escassez, incluindo dificuldades em fortalecer a cultura alimentar indígena baseada em alimentos tradicionais. Alimentos ultraprocessados, cada vez mais presentes, não nutrem corpo, território ou espírito, pois carecem do valor simbólico, espiritual e cultural dos alimentos tradicionai
Conclusões/Considerações
A incorporação de alimentos ultraprocessados nas dietas indígenas, devido ao difícil acesso a alimentos tradicionais ou influências do colonialismo alimentar, gera tensão entre território, corpo e espírito. Embora “soberania alimentar” não seja um termo comum, as comunidades a vivenciam pelo conceito corpo-território, reconhecendo o alimento como saber ancestral e sustento.
DESERTOS ALIMENTARES E TENDÊNCIA TEMPORAL DO CONSUMO ALIMENTAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A nutrição plena de crianças e adolescentes é crucial para o desenvolvimento humano. A presença de desertos alimentares representa barreiras físicas ao acesso de alimentos in natura e minimamente processados, e opõe-se à noção de sistemas alimentares sustentáveis. Assim, entender a influência dos desertos alimentares no consumo desde fases precoces da vida pode potencializar a promoção de saúde.
Objetivos
Investigar tendências temporais de indicadores do consumo alimentar de crianças e adolescentes de acordo com a exposição a desertos alimentares no Brasil, entre 2015 e 2019.
Metodologia
Estudo ecológico de séries temporais com microdados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de criança (588.216, 5-9 anos) e adolescentes (674.170, 10-19 anos). Foram criadas variáveis para o consumo máximo de frutas, verduras e legumes (FLV), e para o consumo máximo de ultraprocessados (AUP), sendo respostas ‘sim’ para estes grupos de marcadores. A classificação municipal de desertos alimentares baseou-se na densidade de estabelecimentos saudáveis em 2016 (
Resultados
Entre 2015-2019, observou-se tendência crescente de AUP entre crianças nacionalmente (20,9% para 25,6%; TIA +8,1%, p=0,02) e similarmente por sexo, mas notou-se estabilidade entre crianças não expostas a desertos alimentares (22,1% a 26,4%; TIA 7,0%, p>0,05). Para adolescentes, houve aumento de AUP (19,4% para 23,6%; TIA +7,8%, p=0,02) e FLV (50,8% para 53,9%; TIA +3,2%, p=0,02) no Brasil, semelhantemente entre sexos. Adolescentes expostos a desertos exibiram estagnação para FLV (54,4% a 49,6%, TIA -1,3%, p=0,62).
Conclusões/Considerações
Desertos alimentares podem influenciar negativamente indicadores do consumo alimentar entre crianças e adolescentes, o que sugere a importância de considerá-los para orientação de políticas públicas em nível local, com o intuito de formar hábitos alimentares saudáveis que perdurarão nas fases subsequentes, e assegurar o direito humano à alimentação adequada.
ACESSO A RESTAURANTES UNIVERSITÁRIOS E FATORES ASSOCIADOS EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR DO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
A alimentação adequada, saudável e sustentável é essencial para a saúde, o desempenho acadêmico e o bem-estar dos estudantes universitários. Contudo, fatores como a ausência do acesso a refeições adequadas e saudáveis dos restaurantes universitários podem influenciar no aumento de desigualdades sociais e afetar a permanência estudantil.
Objetivos
Investigar a associação entre o uso dos restaurantes universitários e fatores relacionados à saúde, percepção do ambiente alimentar e frequência de presença na universidade entre estudantes de instituições públicas de ensino superior do Brasil.
Metodologia
Estudo transversal com graduandos da área da Saúde de quatro instituições públicas de ensino superior do Brasil. Aplicou-se questionário estruturado sobre perfil sociodemográfico, uso e frequência do RU, peso autorreferido, percepção sobre o ambiente alimentar, alterações corporais desde o ingresso na universidade, auxílio estudantil e frequência na universidade. A variável desfecho foi o uso do RU (sim/não; <3 vezes/≥3 vezes por semana). Utilizaram-se testes qui-quadrado ou exato de Fisher (p<0,05) no software R (v4.2.1). Aprovado pelo Comitê de Ética da UFMG (CAAE: 78528424.2.0000.5149).
Resultados
Foram avaliados 130 estudantes, com média de idade de 22,5 anos (±4,89). Destes, 77,7% (n=101) relataram utilizar o RU e 22,3% (n=29) não o utilizavam. Estudantes que recebem auxílio estudantil frequentaram mais vezes o RU (p = 0,016). O uso do RU foi associado à maior adequação do peso corporal (p = 0,0047), e os que frequentavam com maior regularidade relataram mais alterações corporais. Observou-se ainda associação entre frequência de uso do RU e percepção de necessidade de melhorias no ambiente alimentar (p=0,025), indicando que maior insatisfação pode estar relacionada à menor adesão ao RU.
Conclusões/Considerações
A utilização dos restaurantes universitários esteve associada a melhores indicadores de peso corporal, maior frequência na universidade e percepção crítica sobre o ambiente alimentar, destacando sua relevância na promoção da saúde e permanência estudantil.
CONTEÚDO DE POLIFENÓIS TOTAIS E FLAVONOIDES TOTAIS EM CARDÁPIO DE RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO: INFLUÊNCIA DO GRAU DE PROCESSAMENTO DOS ALIMENTOS
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 UFV
Apresentação/Introdução
Polifenóis e flavonoides, com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, têm papel relevante na prevenção de doenças crônicas. A oferta de refeições em ambientes como restaurantes universitários é estratégica para promover saúde por meio de compostos bioativos. Contudo, alimentos ultraprocessados apresentam baixos teores desses compostos, comprometendo seu potencial funcional.
Objetivos
Avaliar a quantidade de polifenóis totais e flavonoides totais presentes no cardápio de um restaurante universitário, considerando a influência do grau de processamento dos alimentos servidos.
Metodologia
Estudo transversal com cardápios de almoço e jantar de um restaurante universitário da UFMG em quatro semanas representativas das estações de 2023/2024. Preparações foram classificadas em combinações onívora e vegetariana e categorizadas pelo grau de processamento segundo a classificação NOVA. O conteúdo de polifenóis e flavonoides foi estimado usando o banco Phenol Explorer e a planilha PhenolCalc. Foram calculadas as contribuições calóricas e de compostos bioativos por grupo. As análises descritivas foram realizadas usando software R, versão 4.2.1.
Resultados
O cardápio carnívoro apresentou variações sazonais modestas em calorias, polifenóis e flavonoides. Alimentos in natura e minimamente processados forneceram mais de 49% das calorias e quase todo o conteúdo de compostos bioativos em ambas as refeições. Ingredientes culinários contribuíram com cerca de 22–25% das calorias e baixos teores de polifenóis e flavonoides. Alimentos processados e ultraprocessados representaram até 28% das calorias, com contribuição mínima de compostos bioativos, especialmente nos ultraprocessados, que não forneceram polifenóis ou flavonoides.
Conclusões/Considerações
Alimentos in natura e minimamente processados foram as principais fontes de polifenóis e flavonoides no cardápio carnívoro do restaurante universitário, reforçando sua importância na promoção da saúde. Já os alimentos ultraprocessados não contribuíram com compostos bioativos, apesar de representarem parcela calórica significativa. Reduzir seu uso e priorizar ingredientes menos processados pode qualificar nutricionalmente as refeições ofertadas.
INSETOS COMESTÍVEIS: PERCEPÇÕES DE MARKETING, ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS ENTRE CIDADÃOS DE DIFERENTES PAÍSES.
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 Centro de Investigação - CERNAS, Universidade Politécnica de Viseu, Viseu, Portugal.
Apresentação/Introdução
Os insetos comestíveis (IC) têm sido, nos últimos anos, recomendados como um alimento nutritivo de proteína animal com enormes vantagens ambientais em relação a outras fontes de proteína animal para consumo humano. Deste modo, estudos que visam investigar a perspectiva do consumidor têm se tornado mais proeminentes em todo o mundo.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo examinar as percepções de participantes de diferentes países sobre a comercialização e os impactos econômicos e sociais dos insetos comestíveis (IC).
Metodologia
O estudo foi realizado por meio de um questionário, e os dados foram coletados no Brasil, Croácia, Grécia, Letônia, Líbano, Lituânia, México, Polônia, Portugal, Romênia, Sérvia, Eslovênia, Espanha e Turquia. O número final de respostas recebidas foi de 7.222 participantes. Para o tratamento dos resultados, diferentes técnicas estatísticas foram utilizadas: análise fatorial, confiabilidade interna pelo alfa de Cronbach, análise de cluster, ANOVA para testar diferenças entre grupos e testes qui-quadrado.
Resultados
Os resultados obtidos confirmaram a validade da escala. Constatou-se que os participantes expressaram um nível excepcionalmente alto de concordância com aspectos como a dificuldade em encontrar ICs à venda, o conhecimento atuando como um forte motivador para o consumo de ICs e o papel de personalidades e influenciadores no aumento da vontade de consumir ICs. Por fim, constatou-se que praticamente todas as variáveis sociodemográficas estavam significativamente associadas às percepções (país, sexo, educação, ambiente de vida e renda), mas não a idade.
Conclusões/Considerações
Em conclusão, as percepções sobre a comercialização de IC foram investigadas e revelaram diferenças entre amostras originárias de diferentes países. Além disso, as características sociodemográficas dos participantes estavam fortemente associadas às suas percepções.
ASSOCIAÇÃO DA INSEGURANÇA E DA POBREZA ALIMENTAR COM O DESENVOLVIMENTO INFANTIL: UMA ANÁLISE DO ENANI-2019
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)
2 University of Nevada, Las Vegas (UNLV)
Apresentação/Introdução
A nutrição inadequada compromete o desenvolvimento infantil, com consequências imediatas e duradouras. Embora os efeitos da insegurança alimentar sejam mais conhecidos, os da pobreza alimentar ainda carecem de elucidação. Compreender essa lacuna é essencial para entender o papel da privação nutricional no desenvolvimento infantil para além do acesso, considerando também a qualidade da alimentação.
Objetivos
Analisar a associação entre insegurança alimentar e pobreza alimentar com o desenvolvimento infantil em crianças brasileiras entre 1 e 59 meses de idade.
Metodologia
Análise transversal com dados das crianças entre 1 e 59 meses de idade do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil de 2019 (ENANI-2019). O desfecho foi desenvolvimento infantil avaliado pelo questionário Survey of Well-Being of Young Children Brazilian Version (SWYC-BR), no qual maior escore indica melhor performance. As exposições foram insegurança alimentar, avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança alimentar, e pobreza alimentar, avaliada pelo indicador de Diversidade Alimentar Mínima. Regressão linear ajustada e um modelo hierárquico de três níveis (1- variáveis demográficas; 2- fatores socioeconômicos; 3- comportamentos e saúde) foram usados para a análise dos resultados.
Resultados
Foram estudadas 14.304 crianças, com média do escore SWYC-BR de 14,15 (±0,04). Insegurança alimentar leve e moderada/grave foi encontrada em 34,1% e 9,8% dos domicílios, respectivamente. Pobreza alimentar moderada e grave afetou 44,5% e 19,2% das crianças, respectivamente. O escore SWYC-BR foi menor nas crianças em insegurança alimentar moderada/grave (β=-0,47; IC95%-0,78;-0,15), pobreza alimentar moderada (β=-0,53, IC95%-0,72;-0,34) e grave (β=-1,26; IC95%-1,53;-0,99). Também foi observado tendência de redução no score SWYC-BR com o aumento no escore de insegurança alimentar (β=-0,04; IC95%-0,07;-0,01), e de aumento com o aumento no escore de pobreza alimentar (β=0,30; IC95%0,24;0,36).
Conclusões/Considerações
Insegurança e pobreza alimentar foram associadas com desenvolvimento infantil em crianças brasileiras entre 1 e 59 meses de idade, com ambas as exposições se relacionando com prejuízos no desenvolvimento. Esses achados podem auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas de alimentação e nutrição centradas na população em risco para atrasos no desenvolvimento infantil.
INSEGURANÇA ALIMENTAR NAS CIDADES BRASILEIRAS: INIQUIDADES URBANAS E ABORDAGENS DE PESQUISA
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional (IAN) envolve múltiplas dimensões contextuais, frequentemente negligenciadas por abordagens padronizadase centradas no meio rural. Nas cidades, a ausência de marcos analíticos sensíveis às especificidades urbanas contribui para a subteorização da IAN e sua invisibilidade nas políticas públicas, inclusive quanto a iniquidades intraurbanas.
Objetivos
Esta revisão mapeia a literatura científica sobre IAN urbana no Brasil, descrevendo os principais achados e analisando os desenhos metodológicos adotados.
Metodologia
Foi realizada uma revisão de escopo conforme as diretrizes do PRISMA-ScR e o método do JBI. Incluíram–se artigos publicados de dezembro de 2003 a dezembro de 2024, que abordam a IAN em contextos urbanos brasileiros. Foram excluídos estudos restritos a áreas rurais, ambientes urbanos fora do Brasil, ensaios, revisões, opiniões, dissertações e teses, anais, relatos de experiência ou indisponíveis na íntegra. A busca foi realizada nas bases BVS, MEDLINE, PubMed, SciELO e LILACS, com seleção por títulos, resumos e textos completos.
Resultados
Foram identificados 52 artigos que atendem aos critérios de inclusão. Destes, 45 adotam delineamento quantitativo, em sua maioria de corte transversal. Quanto à abrangência, 12 são nacionais, 9 regionais, 5 estaduais, 25 municipais e 1 local. Todos os primeiros autores estão vinculados a instituições brasileiras de ensino e pesquisa. As principais dimensões de desigualdade consideradas foram: renda, condição socioeconômica, beneficiário de auxílio governamental, escolaridade e raça/cor. No conjunto, os estudos apontam a persistência da IAN urbana associada a expressivas iniquidades sociais.
Conclusões/Considerações
Os resultados confirmam que a IAN urbana segue invisibilizada e subteorizada, sem devida atenção às dinâmicas urbanas na (re)produção de iniquidades sociais intra-urbanas. Há escassez de abordagens interseccionais que superem análises de fatores isolados, limitando a compreensão da complexidade do tema. Nota-se ainda notável ausência de estudos qualitativos sobre IAN urbana.
ASSOCIAÇÃO ENTRE PADRÕES ALIMENTARES E A RAZÃO SÓDIO E POTÁSSIO DIETÉTICO EM GESTANTES ATENDIDAS NA REDE PRIMÁRIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DE CIDADES DA REGIÃO SUDESTE DO BRASI
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ
2 UFV
3 UFPR
4 UFRJ
5 UFMG
6 USP
7 UFES
Apresentação/Introdução
O consumo alimentar inadequado durante a gestação pode representar risco de desfechos negativos, tanto para a gestante quanto para o bebê, e entre os principais marcadores de uma alimentação inadequada, destacam-se o alto consumo de sódio e baixo de potássio, sendo a razão entre eles um dos principais indicadores para estimar risco de morbimortalidade por doenças cardiovasculares.
Objetivos
Objetivo: analisar a associação de padrões alimentares e a razão sódio e potássio da dieta entre gestantes da região sudeste do Brasil.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal realizado com mulheres gestantes atendidas na rede básica de atenção à saúde de cinco municípios do Sudeste brasileiro. Participaram do estudo 951 gestantes, que tiveram o consumo alimentar aferido por meio de um recordatório de 24 horas e a razão sódio e potássio foi estimada a partir da dieta e classificado em ≤ 1 e > 1. A identificação dos padrões alimentares foi feita por meio da análise fatorial e sua associação com a razão sódio e potássio da dieta foi realizada utilizando um modelo de regressão logística bruto e ajustado por potenciais variáveis de confusão (idade, ingestão energética total (Kcal) e hipertensão pré-gestacional e gestacional).
Resultados
A mediana de idade foi de 27 anos. Um total de 51% (n=489) das gestantes apresentaram razão sódio e potássio ≤ 1. Observou-se um gradiente de efeito entre os padrões alimentares e a razão dietética de Na/K. Gestantes com maior adesão ao padrão alimentar menos saudável, baseado em lanches, apresentaram chance três vezes maior de razão Na/K > 1 (OR: 4,02; IC95%: 1,19–5,08) em comparação àquelas com baixa adesão. Os efeitos atenuaram-se em padrões mais equilibrados, como “café da manhã” e “prudente”. Já o padrão baseado em alimentos in natura mostrou associação inversa com a razão Na/K (OR: 0,50; IC95%: 0,43–0,59), sugerindo um possível efeito protetor.
Conclusões/Considerações
Os achados do presente estudo mostraram características dietéticas que podem estar relacionadas à ingestão inadequada de sódio e potássio em gestantes, e sugere que a adesão a padrões alimentares mais saudáveis seja uma alternativa à diminuição da ingestão de sódio e aumento de potássio, cujo consumo acima e abaixo das recomendações, respectivamente, pode levar a desfechos e agravos à saúde, como as doenças cardiovasculares.
ESTRATÉGIAS APLICADAS À SELETIVIDADE ALIMENTAR EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 HUB-UnB/ Ministério da Saúde
2 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
A seletividade alimentar (SA) é um desafio comum em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), afetando negativamente sua saúde nutricional e qualidade de vida. Este estudo apresenta uma revisão sistemática das principais intervenções terapêuticas aplicadas ao manejo da SA em crianças com TEA, destacando estratégias baseadas em evidências e seu impacto na aceitação alimentar.
Objetivos
Identificar e analisar estratégias aplicadas à seletividade alimentar em crianças com Transtorno do Espectro Autista, com base em evidências científicas recentes, a fim de contribuir para a melhoria do cuidado clínico e da qualidade de vida dessas crianças.
Metodologia
Trata-se de revisão sistemática conforme diretrizes PRISMA, com pergunta estruturada pelo modelo PICO, voltada a crianças de 0 a 9 anos com TEA e manejo da SA. As buscas ocorreram nas bases PubMed, SciELO e LILACS, com descritores controlados (MeSH e DeCS) e palavras-chave livres, em inglês, português e espanhol, entre 2020 e 2025. Incluíram-se ensaios clínicos randomizados, estudos de intervenção e observacionais sobre estratégias para manejo e tratamento da SA. Excluíram-se estudos com restrições alimentares, revisões e editoriais. Triagem e extração por revisora, com avaliação de viés pela ferramenta JBI.
Resultados
A busca resultou em 66 artigos recuperados nas bases de dados, com dez estudos incluídos. As estratégias abordaram intervenções comportamentais baseadas em ABA, exposição gradual a novos alimentos, terapias de integração sensorial e envolvimento familiar, com os melhores desfechos. Houve melhora na aceitação e no repertório alimentar, além de redução de comportamentos disruptivos. Estratégias lúdicas e educativas, como jogos e oficinas culinárias, também mostraram bons resultados. A avaliação metodológica apontou quatro estudos de alta qualidade; os demais apresentaram limitações, como ausência de controle de variáveis. Abordagens interdisciplinares e contínuas mostraram-se essenciais.
Conclusões/Considerações
A revisão indicou que estratégias terapêuticas baseadas em evidências são fundamentais no manejo da SA em crianças com TEA. Intervenções sensoriais e multicomponentes, com envolvimento familiar, mostraram-se promissoras. Há lacunas na padronização de protocolos e na qualidade metodológica. Recomenda-se atuação interdisciplinar e cuidado individualizado para melhor eficácia.
SISTEMAS ALIMENTARES, CLIMA E DESNUTRIÇÃO INFANTIL: UM MODELO DE LAÇOS CAUSAIS PARA O CONTEXTO BRASILEIRO
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Saúde Pública/USP
2 Universidade de Fortaleza
3 Universidade Federal de São Paulo
4 Universidade Estadual de Campinas
Apresentação/Introdução
Crianças menores de cinco anos são um grupo vulnerável para o desenvolvimento adequado, devido a inadequações alimentares provenientes de sistemas alimentares insustentáveis, bem como pelas mudanças climáticas. As interações entre os sistemas alimentares e seus efeitos sobre o clima e a desnutrição infantil não ocorrem de forma linear, exigindo uma abordagem sistêmica para melhor compreendê-las.
Objetivos
Este trabalho visou elaborar e analisar um modelo de laços causais (Causal Loop Diagram – CLD) para representar as relações entre mudanças climáticas, sistemas alimentares e desnutrição infantil no contexto brasileiro.
Metodologia
Trata-se de um estudo de base teórica, com abordagem qualitativa, que utilizou consulta da literatura nacional e internacional para identificar evidências sobre os efeitos diretos e indiretos das mudanças climáticas e dos sistemas alimentares sobre a nutrição de crianças menores de cinco anos. A partir da síntese dessas evidências, elaborou-se um modelo de laços causais, representando as relações encontradas em mecanismos de laços, ou seja, ciclos de reforço ou balanço.
Resultados
O modelo revelou duas estruturas principais: (i) a relação de balanço entre mudanças climáticas e a produção de alimentos, especialmente gado bovino, já que esta contribui para a emissão de gases de efeito estufa, desmatamento e eventos climáticos extremos, ciclo este que intensifica os impactos ambientais e sociais da agropecuária; e (ii) um ciclo de reforço relacionado à valorização cultural do consumo de carne bovina no Brasil, que aumenta a demanda, pressiona os sistemas produtivos e eleva preços. Esses fatores afetam o acesso a uma alimentação adequada, especialmente entre populações de baixa renda, contribuindo para dietas monótonas e desnutrição infantil.
Conclusões/Considerações
O CLD evidencia a complexidade das interações entre clima, alimentação e saúde infantil. O consumo excessivo de carne aparece como um ponto-chave, tanto pelos impactos ambientais quanto pela influência nos padrões alimentares, que afetam o consumo de alimentos saudáveis e contribuem com a insegurança alimentar. Reforça-se a urgência de políticas públicas integradas que considerem sustentabilidade, equidade e promoção da nutrição infantil.
EDUCAÇÃO NO PRÉ-NATAL: ORIENTAÇÕES ALIMENTARES E O USO DA CADERNETA DE SAÚDE NO ACOMPANHAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL DA GESTANTE
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
A assistência pré-natal inclui procedimentos clínicos e educativos, com avaliação e monitoramento do estado nutricional por meio do peso, IMC e gráfico de acompanhamento. Além do preenchimento desses dados na Caderneta da Gestante (CG), deve haver no pré-natal orientações sobre alimentação, ganho de peso, segurança dos alimentos, e outras informações essenciais ao binômio mãe-bebê.
Objetivos
Analisar o preenchimento da CG (altura, peso, IMC e gráfico) e a oferta de orientações alimentares no pré-natal de baixo risco, além de investigar associações entre essas práticas e os fatores sociodemográficos das gestantes
Metodologia
Estudo transversal descritivo realizado na Maternidade Amparo Maternal, entre fevereiro de 2023 e março de 2024. Participaram puérperas com parto de feto vivo, gestação a termo, alfabetizadas e pelo menos 6 consultas registradas na CG. As mulheres responderam sobre as orientações alimentares recebidas no pré-natal e tiveram suas cadernetas avaliadas quanto ao registro de peso, estatura, IMC e gráfico nutricional. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, correlacionando-as com o preenchimento da CG e as orientações fornecidas.
Resultados
Foram incluídas 500 puérperas, com média de idade em 26,8 anos, maioria com 9 a 11 anos de escolaridade, renda de até dois salários-mínimos e autodeclaradas pretas ou pardas. Peso inicial foi registrado em 96,8% das CGs, IMC em 32,2% e gráfico nutricional em 6,2%. Orientação mais citada: álcool (74,6%); menos citada: doenças transmitidas por alimentos (25,2%). Cerca de 8% não receberam nenhuma das cinco orientações. Houve associação entre raça e preenchimento do gráfico (mais comum entre amarelas, p=0,038). Pretas e pardas relataram menos orientações sobre alimentação saudável (p=0,053) e ganho de peso (p=0,012).
Conclusões/Considerações
Observam-se falhas na utilização da Caderneta da Gestante e na oferta de orientações alimentares, especialmente entre mulheres pretas e pardas. As mulheres pretas e pardas foram as menos orientadas sobre todos os itens avaliados, exceto sobre doenças transmitidas por alimentos. Tais desigualdades indicam a necessidade de ações estruturantes, como formação profissional e políticas públicas voltadas à equidade no cuidado pré-natal.
LINHA TORTUOSA DE CUIDADO: ESTIGMA, DESIGUALDADE E VIVÊNCIAS DE USUÁRIOS DO SUS NA BUSCA PELA CIRURGIA BARIÁTRICA
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
A cirurgia bariátrica é vista como uma opção de tratamento para obesidade, sobretudo quando outras estratégias de perda de peso não foram bem-sucedidas. Ela integra a linha de cuidado no SUS, exigindo articulação dos níveis de atenção na busca da garantia da integralidade. Essa organização é vital para o acesso equitativo ao cuidado, considerando os determinantes sociais que afetam as trajetórias.
Objetivos
Compreender os caminhos e entraves enfrentados por pessoas com obesidade no acesso à cirurgia bariátrica pelo SUS, analisando suas jornadas e a influência do estigma do peso no processo.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, com amostra intencional de usuários que realizaram cirurgia bariátrica em Vitória da Conquista-BA. Por meio de entrevistas abertas, investigou-se quatro dimensões: Motivações para optar pela cirurgia; Caminhos percorridos no perioperatório; Impacto da gordofobia e estigma. Foi aplicada a Análise Holística de Itinerários Terapêuticos que permitiu identificar padrões e desafios comuns, incluindo quatro dimensões interdependentes que se articulam de forma fluida e dinâmica, são elas: Simbólica; Avaliação das Experiências; Racionalidades e Práticas Terapêuticas; e Dimensão Contextual.
Resultados
As 6 entrevistas revelaram estratégias de cuidado focadas na perda de peso, sem resultados duradouros, reforçando a culpabilização do indivíduo e em sentimentos de vergonha e isolamento social. A cirurgia foi vista como um modo de lidar com sofrimento que traria resultados. Nesse processo, houve resistência de profissionais de saúde e familiares, mas através da central de marcação, foram direcionados às etapas necessárias. Após o procedimento a equipe hospitalar assumiu o cuidado, marcado por dificuldades de comunicação, ausência de orientação nutricional e suplementação. Além disso, fiscais do prato e comentários sobre as mudanças físicas, exemplificam o estigma vivenciado por elas.
Conclusões/Considerações
Espera-se que esses resultados promovam melhoria da linha de cuidado para obesidade, que garanta um acesso à saúde de qualidade, reforçando a necessidade de abordagens intersetoriais e políticas de combate ao estigma. Além disso, evidencia a importância de sistemas de saúde capazes de integrar prevenção, tratamento cirúrgico e apoio pós-operatório, assegurando cuidado contínuo, integral e humanizado.
MEU PESO NÃO ME DEFINE: CORPOS QUE RESISTEM E REINVENTAM O CUIDADO NO SUS
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
A obesidade é um desafio global de saúde pública. Está relacionada ao estilo de vida, questões biomédicas e determinantes sociais da saúde, envolvendo questões ambientais, socioeconômicas, psicossociais e políticas. Deve ser vista como responsabilidade coletiva, demandando ações multisetoriais, políticas públicas efetivas com respostas do setor saúde para prevenir, tratar e manejar a doença de forma integral e livre de preconceitos.
Objetivos
Compreender os processos de ganho de peso e os caminhos percorridos na busca pela perda de peso enfrentados por pessoas com obesidade usuárias do Sistema Único de Saúde antes da realização da cirurgia bariátrica.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, com amostra intencional de usuários que realizaram cirurgia bariátrica em Vitória da Conquista-BA. Por meio de entrevistas abertas, investigou-se três dimensões: Estratégias de cuidado ao longo da vida; Motivações para optar pela cirurgia; Impacto da gordofobia e estigma. Foi aplicada a Análise Holística de Itinerários Terapêuticos que permitiu identificar padrões e desafios comuns, incluindo quatro dimensões interdependentes que se articulam de forma fluida e dinâmica, são elas: Simbólica; Avaliação das Experiências; Racionalidades e Práticas Terapêuticas; e Dimensão Contextual.
Resultados
Foram feitas 6 entrevistas que revelaram questões psicossociais e uso de medicamentos antidepressivos/ansiolíticos e corticóides como causas de maior ganho de peso na vida adulta. As buscas pelo cuidado se deram em ambientes formais, com profissionais de saúde e centros de estética, e em locais informais, com restrições excessivas e uso de medicamentos sem prescrição. Em ambos os casos o cuidado era focado na mudança do estilo de vida, resultando na queixa frequente do efeito sanfona, já que essas estratégias não eram sustentadas por longo tempo. Simultaneamente, as situações gordofóficas impactaram na redução da autoestima, isolamento social, alteração no padrão alimentar e ganho de peso.
Conclusões/Considerações
Espera-se que esses resultados promovam melhoria da linha de cuidado para obesidade, que garanta um acesso à saúde de qualidade, reforçando a necessidade de abordagens intersetoriais e políticas de combate à gordofobia e ao estigma. Considerando a obesidade como uma condição crônica e recidivante, destaca-se a importância do SUS ser capaz de integrar prevenção e tratamento, assegurando cuidado integral, oportuno, humanizado e ético.
MUDANÇAS NA SAUDABILIDADE DE CANTINAS DE ESCOLAS PRIVADAS EM TRÊS CIDADES BRASILEIRAS COM DIFERENTES CONTEXTOS REGULATÓRIOS
Pôster Eletrônico
1 CM UFRJ-Macaé
2 UFMG
3 UFRJ
4 UFPE
5 UFRGS
6 UERJ/CF
7 Ensp/Fiocruz
Apresentação/Introdução
Medidas regulatórias podem promover alimentação saudável nas escolas, mas ainda não há uma lei federal brasileira que restrinja alimentos ultraprocessados no ambiente escolar. Existem, contudo, normas estaduais e municipais, com diferentes níveis de proteção, porém a influência dessas regulamentações na saudabilidade das cantinas escolares é pouco investigada.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é descrever as mudanças na saudabilidade de cantinas escolares em três cidades brasileiras com diferentes contextos regulatórios.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal repetido, realizado em 2022 e 2023, com amostras probabilísticas de escolas privadas em Recife, Niterói e Porto Alegre. Os dados secundários analisados são provenientes dos estudos Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras (Caeb) e Impacto da Regulamentação do Ambiente Alimentar Escolar. Calculou-se o Índice de Saudabilidade (IS), que pontua positivamente a oferta de alimentos in natura, minimamente processados e processados, e negativamente a presença de alimentos ultraprocessados. Com o R (v. 4.4.2), diferenças entre anos e cidades foram avaliadas por testes estatísticos. A variação relativa do IS foi analisada por regressão binomial negativa.
Resultados
Em 2022 e 2023, foram avaliadas, respectivamente, 240 e 203 cantinas. Em 2022, o IS de Porto Alegre foi superior ao de Recife (70 vs. 54; p<0,00) e Niterói (44; p<0,00). Em 2023, a saudabilidade das cantinas de Recife piorou (50; p<0,00). Comparado a Recife, o IS aumentou 24% em Niterói (RT = 1,24; IC95%: 1,17–1,32), possivelmente em razão de uma lei que proíbe a venda e a publicidade de alimentos ultraprocessados nas escolas. Porto Alegre, que conta com legislação específica desde 2018, manteve cenário mais favorável, embora o IS tenha diminuído 6% (RT = 0,94; IC95%: 0,90–0,97). Ainda assim, o IS de Porto Alegre permaneceu superior ao de Recife (vs. 50; p<0,00) e Niterói (vs. 46; p<0,00).
Conclusões/Considerações
Regulamentações restritivas à oferta de ultraprocessados podem melhorar o ambiente alimentar escolar. Recomenda-se que Recife adote uma legislação semelhante à de Niterói. De forma mais ampla, este estudo reforça a necessidade de instituir uma regulamentação nacional sobre a venda de alimentos nas escolas, associada a ações que promovam a transição para um modelo de cantinas saudáveis e fortaleçam a adesão às políticas.
CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS E BEBIDAS EMBALADOS LANÇADOS NO BRASIL DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO NOVA NO PERÍODO DE 2020 E 2024.
Pôster Eletrônico
1 USP
2 ESALQ-USP
Apresentação/Introdução
A alimentação pouco saudável é o principal fator modificável relacionada com o aumento das prevalências de excesso de peso e doenças não transmissíveis. O aumento da oferta de alimentos ultraprocessados favorece a atual tendência de rápida substituição de alimentos in natura ou minimamente processados por tais produtos.
Objetivos
Caracterizar os novos alimentos e bebidas embalados lançados no Brasil de 2020 a 2024 de acordo com a classificação Nova.
Metodologia
Trata-se de estudo exploratório com dados secundários de rótulos de alimentos e bebidas da base de dados da Mintel - Global New Products Database (GNPD) referente ao período de outubro de 2020 a novembro de 2024. Todos os produtos foram agrupados de acordo com a classificação NOVA (segundo Monteiro et al. 2019), a qual divide os alimentos em 4 grupos: 1. In natura e minimamente processados; 2. Ingredientes culinários processados; 3. Alimentos processados e 4. Alimentos ultraprocessados. A classificação foi realizada a partir das listas de ingredientes. Foram calculados valores absolutos e frequências relativas no período total e a cada 12 meses.
Resultados
Foram analisados 39.001 rótulos de alimentos e bebidas comercializados no Brasil, sendo 62% alimentos ultraprocessados, 18,4% alimentos in natura e minimamente processados, 15,0% alimentos processados, e, 4,6% ingredientes culinários. O último período de tempo (out/2023 - set/2024) apresenta o maior quantitativo de alimentos ultraprocessados, em que observa-se um total de 6.291 produtos (65,6%) classificados como alimentos ultraprocessados, valor superior ao mesmo recorte de tempos anteriores, representando um aumento de 4,6%. Além disso, houve uma redução da proporção de 3,0% dos in natura ou minimamente processados, 0,7% nos ingredientes culinários e 0,9% nos alimentos processados.
Conclusões/Considerações
O presente estudo evidenciou maior presença de novos alimentos ultraprocessados, indicando um aumento na disponibilidade desses alimentos para o consumo da população. Assim, faz-se necessário o fortalecimento de políticas públicas que restrinjam o acesso a esses produtos que não são recomendados como parte de uma alimentação saudável.
VALIDAÇÃO DE QUESTIONÁRIO SOBRE O CONHECIMENTO DAS ORIENTAÇÕES DO GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA PELOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS).
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
2 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Apresentação/Introdução
Na Atenção Primária em Saúde, orientações sobre alimentação são realizadas por médicos e enfermeiros, que muitas vezes não possuem formação, educação permanente, recursos financeiros, parcerias, processos de trabalho e planejamento adequados para tal. O Guia Alimentar para a População Brasileira norteia a alimentação e nutrição no país e se coloca como uma potente ferramenta para esta prática.
Objetivos
Elaborar e validar um instrumento para avaliação do conhecimento sobre o Guia Alimentar para a População Brasileira em profissionais da Atenção Primária em Saúde.
Metodologia
Para a elaboração do questionário utilizaram-se as principais orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira. A validação se deu a partir do Método Delphi. A população foi composta de 15 especialistas em alimentação e nutrição atuantes na gestão e assistência do SUS no Estado do Rio Grande do Sul. A avaliação do instrumento utilizou Escala do tipo Likert, de cinco categorias e espaço para comentários. Utilizou-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) para medir a concordância entre os avaliadores. Utilizou-se um IVC de 80% como satisfatório para validação do instrumento.
Resultados
Quinze especialistas participaram do estudo. Ocorreram duas rodadas para validação do instrumento. A primeira rodada obteve IVC de 91,4% e sugestões incluídas. A segunda obteve IVC de 96,4% e todas as questões IVC acima de 93,8%. Após a validação, o instrumento compõe-se por 21 questões, que permeiam o Guia Alimentar em relação à classificação de alimentos e também a utilização de suas orientações nos atendimentos. Foram incluídas questões sobre a fonte de orientações técnicas de alimentação utilizadas pelos profissionais, e por sugestão das especialistas, sobre o uso da Triagem de Risco para Insegurança Alimentar (Tria) e os canais do Min. Saúde que veiculam informações de alimentação.
Conclusões/Considerações
A validação do questionário por especialistas em alimentação e nutrição atuantes no SUS se fez essencial para a identificação de temáticas prioritárias a serem incluídas para avaliar o conhecimento dos profissionais de forma assertiva e direcionada. O questionário será aplicado no segundo semestre de 2025 na Atenção Primária de Porto Alegre, nas Unidades de Saúde administradas pela prefeitura municipal e pelo Grupo Hospitalar Conceição.
O PAPEL E A PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO IMPACTO DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE RELACIONADAS À ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Pôster Eletrônico
1 SLMA
Apresentação/Introdução
As estratégias de educação em saúde voltadas à temática da alimentação saudável permitem o incentivo à adoção de hábitos alimentares equilibrados, essenciais para prevenção e promoção da saúde. Logo, a educação médica pode contribuir com os projetos de educação em saúde na Atenção Primária, auxiliando em atividades de extensão e pesquisas vinculadas ao tema.
Objetivos
Analisar como os diferentes profissionais das Estratégias de Saúde da Família vivenciam as práticas de educação em saúde relacionadas à temática da alimentação saudável e discutir o papel desses profissionais na realização dessas ações.
Metodologia
Essa pesquisa caracteriza-se como exploratória-descritiva de caráter qualitativo. Foi realizada uma revisão de literatura não sistemática do período entre 2014 e 2024 e, na sequência, aplicou-se um questionário junto aos profissionais de saúde de duas ESF pertencentes ao município de Araras/SP. Isso possibilitou a compreensão de como ocorre as ações em saúde relacionadas à temática alimentar nas ESF que participaram do estudo, assim como a interpretação de potencialidades e fragilidades associadas ao desenvolvimento dessas ações. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa e o TCLE que precedeu o questionário garantiu o sigilo e a privacidade dos participantes.
Resultados
Dezessete profissionais responderam ao questionário. Os resultados apontam que embora os profissionais de saúde demostram serem favoráveis às práticas de educação em saúde e a sua potencialidade, no cotidiano do trabalho não expressam motivação em sua realização, focando-se na recuperação e no tratamento de complicações decorrentes de uma alimentação não saudável e desequilibrada. Os entrevistados revelam fragilidades relacionadas à falta de incentivo familiar, à situação financeira da comunidade e à influência da indústria alimentícia, estimulando o consumo de alimentos não saudáveis e o estabelecimento de uma cultura alimentar que desfavorece a manutenção da saúde.
Conclusões/Considerações
Compreende-se que a educação médica poderia contribuir com a qualificação, o aprimoramento e o incentivo dos processos de formação e articulação dessas ações comunitárias, ampliando a atuação dos acadêmicos de medicina nas atividades de extensão, a fim de desenvolver ações de prevenção e promoção à saúde, tendo como objetivo aumentar a adesão pela comunidade e garantir o bem-estar da população.
ASSOCIAÇÃO ENTRE ADESÃO À DIETA DA SAÚDE PLANETÁRIA E PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E IMC EM CRIANÇAS COM OBESIDADE
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
A obesidade infantil é um desafio em saúde pública. Estratégias de tratamento incluem modificações alimentares e comportamentais. A Dieta Planetária Saudável (DPS) busca promover a saúde humana e sustentabilidade ambiental. Poucos estudos investigam se a adesão a DPS e a prática de atividade física (AF) estão associadas ao Indice de Massa corporal (IMC) em crianças com obesidade.
Objetivos
Investigar se a adesão à DPS e a prática de AF estão associados com o IMC de crianças com obesidade.
Metodologia
Trata-se da análise transversal da linha de base de um ensaio clínico randomizado para tratamento da obesidade em crianças de 7 a 12 anos. Consumo alimentar foi avaliado através de Questionário de Frequência de Alimentar. O Índice da DPS teve 12 componentes e score de 0 a 115 pontos. Um acelerômetro triaxial foi usado no punho não dominante por 7 dias. A aceleração média e o gradiente de intensidade utilizados com proxy de volume e intensidade de AF. O tempo diário de AF leve foi adotado o intervalo entre 56.3 e 191mg. Foi utilizado um modelo de regressão linear múltipla para investigar a relação entre IMC e Z-score (desfecho) e DPS e AF (exposição) ajustado por variáveis sociodemográficas.
Resultados
Apesar de todas as crianças estarem com obesidade (n=23) ou obesidade grave (n=26), os meninos tinham Z-score de IMC maior que o das meninas (3.59 e 2.94, p:0.015). O Z-score e o IMC não estiveram associados a adesão da DPS. Enquanto mais tempo em AF leve esteve associado a menor Z-score e IMC. Notou-se também que acumular mais AF vigorosas esteve associado com IMC. Ademais, fatores como maior renda familiar e idade mais avançada estiveram associadas com menor IMC e Z-score. Enquanto ser menino esteve associado com maior IMC.
Conclusões/Considerações
Uma série de fatores podem estar associados a obesidade infantil, e mesmo com a prática de AF regular, fatores como baixa adesão a uma dieta de qualidade podem afetar o estado nutricional dos indivíduos. A DPS parece ser uma boa alternativa visando saúde física e sustentabilidade ambiental e podem ser aplicadas como protocolo de tratamento da obesidade infantil.
DESIGUALDADES RACIAIS E DE GÊNERO NA AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS NA CANTINA E NO ENTORNO DE ESCOLAS PRIVADAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Programa de Pós-graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Departamento de Nutrição. Porto Alegre, RS, Brasil.
3 Universidade Federal de São Paulo. Instituto de Saúde e Sociedade. Santos, SP, Brasil
4 Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Nutrição. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Apresentação/Introdução
A comercialização de alimentos em cantinas e no entorno de escolas é relevante na promoção da saúde de escolares. As cantinas são muito frequentes em escolas privadas e o ambiente alimentar escolar pode interagir com características dos indivíduos. Neste sentido, é relevante a investigação da compra de alimentos em ambiente escolar segundo a intersecção de raça/cor da pele e gênero.
Objetivos
Analisar a associação entre categorias analíticas criadas a partir da intersecção entre raça/cor da pele e gênero e a aquisição de alimentos em ambiente escolar por adolescentes de escolas privadas brasileiras.
Metodologia
Com base nos dados de 71.515 adolescentes de escolas privadas que responderam à Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2019, analisou-se a associação entre 6 categorias analíticas (homem branco, mulher branca, homem pardo, mulher parda, homem preto, mulher preta) criadas a partir da intersecção entre raça/cor da pele e gênero (sexo como proxy de gênero) e compra regular (3 ou mais dias por semana) de alimentos em cantinas e no entorno. Os resultados apresentados por meio de Razões de Prevalência (RP) foram estimados a partir da Regressão de Poisson ajustada por faixa etária, escore de bens e serviços, região, tipo de município, situação e dependência administrativa da escola.
Resultados
Independente de fatores sociodemográficos, o homem preto (RP 1,89, IC95% 1,47-2,44), a mulher preta (RP 1,72, IC95% 1,27-2,33) e homem pardo (RP 1,29, IC95% 1,08-1,53) apresentaram maior prevalência de compra regular no entorno da escola, enquanto, a mulher branca apresentou menor prevalência (RP 0,80, IC95% 0,65-0,98), em relação a categoria de referência, homem branco, o qual representa um grupo socialmente privilegiado quanto às questões de gênero e raciais. Identificou-se maior prevalência de compra regular em cantinas de escolas privadas, no modelo ajustado, para mulher parda (RP 1,06, IC95% 1,00-1,13).
Conclusões/Considerações
Observou-se vulnerabilidade em relação compra regular de alimentos para homem preto, mulher preta e homem pardo no entorno de escolas privadas, bem como para mulher parda em relação a compra em cantinas. Com a possibilidade de estes serem pontos de venda de alimentos ultraprocessados, destaca-se a violação do direito à alimentação adequada e saudável e necessidade de políticas públicas com foco a disponibilidade de alimentos nestes ambientes.
COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE ALUNOS DO CURSO BACHARELADO EM NUTRIÇÃO DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 UFPI
2 UFG
Apresentação/Introdução
O Comportamento alimentar é um termo que pode ser definido como às atitudes diante do ato de alimentar-se, influenciado por fatores fisiológicos, psicológicos, culturais, ambientais e sociais. A graduação em Nutrição pode contribuir com a alteração deste comportamento considerando que os alunos ao longo do curso adquirem conhecimentos científicios acerca de um comportamento alimentar saudável.
Objetivos
Caracterizar o perfil sociodemográfico, verificar a presença de alterações comportamentais e examinar a presença de associações entre os aspectos sociodemográficos e o comportamento alimentar de estudantes de nutrição.
Metodologia
Estudo transversal, tendo como público graduandos do curso de graduação em Nutrição de uma Instituição Pública Federal em Teresina/PI. O período da pesquisa aconteceu entre outubro de 2023 e janeiro de 2024. Totalizando 252 participantes. Os estudantes foram classificados em ingressantes (1º, 2º e 3º período), intermediários (4º, 5º e 6 º período) e veteranos (7º, 8º e 9º período). Um questionário estruturado para a obtenção de dados socioeconômicos e para o consumo alimentar o utilizado pelo SISVAN. O levantamento de dados foi em sala de aula, por via remota, por e-mail ou por mensagem de whatsapp através da plataforma de respostas online google forms.
Resultados
Graduandos predominantemente feminino (80,16%), na faixa etária de 18 a 21 anos (59,52%), não possuindo renda (81,75%), não moram sozinhos (90,48%) e a maioria cursando os períodos mais avançados (71,42%). Os estudantes fazem uso de telas durante as refeições (84.52%) e realizam pelo menos três ou mais refeições (50,79%). Os alimentos processados e ultraprocessados correspondem à 58,34% do consumo. A mudança do comportamento alimentar foi mencionada por 81,35% (p=0.00). E 93,25% relatam que o aspecto emocional influencia nesta mudança, principalmente aumentando a ingestão (56,74%). Entre os ingressantes o consumo de alimentos in natura e minimamente processados foi menor.
Conclusões/Considerações
O conhecimento adquirido ao longo do curso pode contribuir para o desenvolvimento de um comportamento alimentar saudável, como o número de refeições diárias e o consumo de produtos in natura e minimamente processados, diferentemente, do ato de alimentar-se em frente as telas e a influência do emocional no comportamento alimentar, variáveis estas que não foram capazes de serem modificadas durante a graduação.
ASSOCIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR, USO DE TELA E CONTEXTO SOCIAL E TERRITORIAL EM CRIANÇAS DE UM MUNICÍPIO DO LESTE DE MINAS GERAIS
Pôster Eletrônico
1 UFJF-GV
2 SMS-GV
Apresentação/Introdução
Mudanças no estilo de vida, impulsionados pela urbanização e tecnologia e influenciados por fatores sociodemográficos, têm modificado os hábitos alimentares infantis. Observa-se aumento do consumo de ultraprocessados e redução da ingestão de alimentos saudáveis, elevando o risco de obesidade e Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) desde a infância.
Objetivos
Avaliar a associação de marcadores de alimentação saudável e não saudável, uso de tela durante a refeição e contexto social e territorial em crianças pré-escolares de um município do leste de Minas Gerais.
Metodologia
Realizou-se um estudo transversal com 645 crianças de dois a seis anos de idade, atendidas na Atenção Primária à Saúde (APS) de Governador Valadares-MG, em 2023. Utilizou-se dados secundários do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e do “Vivver Sistemas” sobre consumo alimentar saudável (feijão, frutas frescas, verduras e/ou legumes) e não saudável (ultraprocessados), uso de tela durante a refeição e variáveis sociodemográficas (sexo, raça/cor, local de residência e escolaridade materna). As associações foram testadas pelo Qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher, com p<0,05, usando o Stata 16.1. A pesquisa foi aprovada pelo CEP/UFJF (parecer nº 7.028.002).
Resultados
A maioria das crianças eram do sexo feminino (51,6%), pardas (87,3%) e residiam na zona urbana (90,5%), suas mães possuíam escolaridade, majoritariamente, até o ensino fundamental (32,9%) ou médio (30,9%). O consumo de feijão foi mais prevalente entre meninos (84,3%). Pré-escolares residentes na zona rural apresentaram maior prevalência de consumo de feijão, frutas frescas, e verduras e/ou legumes (95,1%, 91,8% e 73,8%, respectivamente), enquanto as da zona urbana consumiam mais ultraprocessados (89,0%). O uso de tela durante a refeição foi mais frequente em crianças da zona urbana (64,2%) e entre aquelas que consumiram ultraprocessados (63,6%).
Conclusões/Considerações
Nosso estudo evidenciou diferenças no consumo alimentar e uso de tela durante a refeição entre pré-escolares, influenciados pelo sexo e especialmente pelo território. Ressalta-se a importância de ações intersetoriais na APS que promovam alimentação saudável e desestimule o consumo de ultraprocessados, conscientização do uso de telas e fortalecimento de ações educativas no ambiente familiar e escolar.
INTERSEÇÃO ENTRE SEXO E COR DA PELE NA ADESÃO AO ÍNDICE DE DIETA DA SAÚDE PLANETÁRIA NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 IMSHC / UERJ
2 ENSP/ FIOCRUZ
3 USP
4 UFF
Apresentação/Introdução
Mudanças climáticas impactam de forma dramática e acelerada os sistemas alimentares, especialmente em países que, simultaneamente, enfrentam altas taxas de desigualdade social, como o Brasil.
Objetivos
Investigar, sob uma perspectiva de interseccionalidade, a adesão a uma dieta saudável e sustentável no Brasil.
Metodologia
Foram utilizados dados do Inquérito Nacional de Alimentação 2017–2018, com 46.164 brasileiros com idade superior a 10 anos. O consumo alimentar foi avaliado por meio de um recordatório de 24 horas e calculou-se o Índice de Dieta da Saúde Planetária (IDSP) validado. A associação entre o IDSP e a interseccionalidade entre sexo e cor da pele foi estimada por meio de modelo linear generalizado, ajustado para possíveis fatores de confusão (faixa etária, região e área do país e renda domiciliar per capita).
Resultados
As mulheres apresentaram os maiores escores de adesão à IDSP, com destaque para as brancas (46,49 [IC95% 46,07; 46,91]). Homens pardos apresentaram o menor escore (45,09 [IC95% 44,70; 45,47]). Maiores escores foram observados nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste; e entre indivíduos com maior renda. A análise de regressão revelou que, independentemente da idade, renda, região e área de residência, comparadas aos homens brancos, as médias do escore IDSP foram 0,65 [IC95% 0,14; 1,2] pontos maiores para mulheres brancas, 0,9 [IC95% 0,04; 1,8] para homens negros, 1,2 [IC95% 0,30; 2,1] para mulheres negras e 1,3 [IC95% 0,66; 1,8] para mulheres pardas.
Conclusões/Considerações
No Brasil, o acesso a uma dieta saudável e sustentável ocorre de forma desigual entre os diferentes grupos de sexo e cor da pele. Os resultados do presente estudo revelam o impacto da renda no acesso a alimentos de qualidade por indivíduos negros e pardos, o que exige ações urgentes para promover a equidade em saúde, tanto para os seres humanos quanto para o planeta.
A FOME COMO TECNOLOGIA PUNITIVA: UMA ANÁLISE DAS DENÚNCIAS DE “PENA DE FOME” NO SISTEMA PRISIONAL PAULISTA
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
Partindo do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), este trabalho discute a fome como prática punitiva no sistema prisional paulista, analisando a “pena de fome” enquanto tecnologia de tortura institucional. Com base em denúncias de familiares, movimentos sociais e relatórios do NESC, a pesquisa escancara o uso da alimentação como mecanismo de controle.
Objetivos
Analisar a compreensão da fome enquanto punição no sistema prisional brasileiro, com base em denúncias de movimentos sociais e relatórios do Núcleo Especializado de Situação Carcerária (NESC) do estado de São Paulo.
Metodologia
A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, com ênfase na análise documental. O principal corpus de análise é o relatório “Alimentação e Prisões: a pena de fome no sistema prisional brasileiro”, elaborado por movimentos sociais, em diálogo com o diagnóstico “Inspeções em Presídios Durante a Pandemia da COVID-19”, produzido pela NESC. A partir desses documentos, investiga-se a denúncia da “pena de fome” como uma prática sistemática no sistema prisional brasileiro, compreendida como uma tecnologia de tortura institucional. A análise se apoia em referenciais críticos sobre direito alimentar humano e punição, visando evidenciar os usos políticos da fome nas prisões.
Resultados
Os relatórios do NESC revelam a ausência de refeições regulares no cárcere paulista, com jejuns forçados e oferta de refeições em baixa quantidade e qualidade. Durante a pandemia, observaram-se refeições escassas, pouco nutritivas, sem variedade e com impurezas. Em todas as unidades, houve “jejum compulsório” de 12 a 15 horas. Relatório anterior (2014–2019) apontava que 57,7% das unidades tinham alimentação ruim, com relatos de perda de peso e fraqueza. A denúncia da “pena de fome” evidencia grave insegurança alimentar e negligência do Estado no cumprimento do DHAA.
Conclusões/Considerações
A análise evidencia que a fome é utilizada como tecnologia de punição no sistema prisional paulista, aprofundando a lógica de controle e de violência institucional. A “pena de fome”, denunciada por movimentos sociais, explicita a centralidade da alimentação na produção do sofrimento carcerário. Esses achados reforçam a fragilidade da garantia do DHAA e escancaram a produção de sujeitos sem direitos por um abandono organizado do Estado.
CONSUMO DE ALIMENTOS IN NATURA E MINIMAMENTE PROCESSADOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO PIAUÍ: INQUÉRITO DE BASE POPULACIONAL
Pôster Eletrônico
1 UFPI
Apresentação/Introdução
Os hábitos alimentares adquiridos na infância e na adolescência irão moldar o comportamento alimentar nas demais fases da vida. O consumo alimentar nesses grupos populacionais tem se caracterizado pela baixa frequência no consumo de alimentos in natura, o que constitui risco para o desenvolvimento de doenças ainda na infância e idades posteriores.
Objetivos
Analisar o consumo de alimentos in natura e minimamente processados (AMP) e fatores associados em crianças e adolescentes no estado do Piauí.
Metodologia
Estudo transversal e domiciliar com crianças e adolescentes de 2 a 19 anos entre março a novembro de 2022. Adotou-se amostragem probabilística por conglomerado. Foi considerado o consumo regular (≥5 dias por semana) de AMP (vegetais, frutas, suco de fruta natural, feijão e outras leguminosas, arroz, macarrão, cereais, pão francês, leites e derivados, ovos, carne vermelha, frango, peixe) segundo variáveis sociodemográficas. Calculou-se a prevalência e a razão de prevalência com intervalo de confiança de 95% (IC95%), por meio da regressão de Poisson e do teste qui-quadrado de Pearson (p<0,05) no programa Stata. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer Nº 4.644.991
Resultados
Participaram do estudo 362 crianças e adolescentes. O consumo regular de AMP foi maior em Teresina (97,7%; IC95%:95,0;99,0), no sexo feminino (82,9%; IC95% 71,2;90,5), faixa etária de 10 a 19 anos (87,3%; IC95%: 77,8;93,1), raça preta ou parda (85,6%; IC95%: 77,9;90,9), em famílias com renda mensal > 2 salários-mínimos (98,2%; IC95%:92,4;99,6) e que não recebiam benefício do governo (98,9%; IC95%: 92,5;99,9).
Conclusões/Considerações
O consumo regular de AMP está sob influência significativa das variáveis socioeconômicas e demográficas. Estes resultados podem fundamentar ações de promoção da saúde e favorecimento da alimentação saudável no estado do Piauí.
CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS EM ADULTOS: UMA ANÁLISE DE EVOLUÇÃO TEMPORAL, PIAUÍ, 2015-2024
Pôster Eletrônico
1 UFPI
Apresentação/Introdução
Os alimentos ultraprocessados (AUP) têm ganhado popularidade devido ao seu baixo preço, alta disponibilidade, conveniência e sabor, apesar dos inúmeros malefícios que esse tipo de alimento causa à saúde humana de adultos.
Objetivos
Analisar a tendência temporal do consumo de AUP entre adultos no Piauí.
Metodologia
Estudo ecológico de séries temporais, com adultos de 20 a 59 anos de idade, de ambos os sexos, atendidos na Atenção Primária do Sistema Único de Saúde (SUS), no período de 2015 a 2024. Utilizaram-se dados de marcadores de consumo alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. A variação percentual anual (VPA) da proporção do consumo de AUP foi calculada por meio da regressão de Prais-Winsten. A tendência foi considerada crescente ou decrescente quando p-valor <0,05; a tendência foi de estabilidade quando p-valores p≥0,05. As análises foram realizadas nos programas Microsoft Excel e Stata.
Resultados
Para o sexo feminino o consumo geral de AUP apresentou tendência estável (VPA= -1,6; p= 0,084), o que se repetiu nos demais marcadores: hambúrguer e/ou embutidos (VPA= 4,1; p= 0,074); bebidas adoçadas (VPA= -0,9; p= 0,284); macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado (VPA= -2,0; p= 0,064) e biscoito recheado, doces ou guloseimas (VPA= -0,4; p= 0,511). O sexo masculino também apresentou tendência estável: AUP (VPA= -0,7; p= 0,340), hambúrguer e/ou embutidos (VPA= 3,6; p= 0,076), bebidas adoçadas (VPA= -0,2; p= 0,667); macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado (VPA= -1,0; p= 0,461) e biscoito recheado, doces ou guloseimas (VPA= 1,0; p= 0,180).
Conclusões/Considerações
O consumo de AUP em ambos os sexos e para todos os marcadores de consumo alimentar manteve-se estável no período analisado. Os resultados ressaltam a importância de monitorar o consumo alimentar e a necessidade de promover maior conscientização em relação a restrição no consumo de AUP, conforme as recomendações do Guia Alimentar da População Brasileira.
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR RURAL E QUILOMBOLA NA AMAZÔNIA: CENÁRIO E PERSPECTIVAS PARA A PROMOÇÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz - Brasília
2 CECANE - UFPA
3 FANUT - UFPA
Apresentação/Introdução
O Programa Nacional de Alimentação Escolar constitui-se uma das principais políticas públicas de alimentação do país. No contexto rural, destaca-se como potente estratégia para o fortalecimento da Segurança e Soberania Alimentar das populações quilombolas e do campo. Podendo impactar positivamente no âmbito socioeconômico-cultural do território. Por isto, deve atender às especificidades destas.
Objetivos
Identificar e descrever ações desenvolvidas na execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em escolas rurais e quilombolas de municípios do estado do Pará.
Metodologia
Estudo analítico, descritivo e retrospectivo, a partir de monitoramentos do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da Universidade Federal do Pará. Buscaram-se dados das escolas rurais e quilombolas monitoradas em 2023, de municípios do estado do Pará, que houvessem relatórios completos, revisados e consolidados. Analisando-se a conformidade com a legislação vigente para o PNAE, considerando-se as variáveis: (a) alimentação escolar regular; (b) atendimento às especificidades culturais de estudantes quilombolas e camponeses; (c) presença de horta escolar e; (d) realização de ações de educação alimentar e nutricional. Utilizou-se a frequência relativa para a descrição dos dados.
Resultados
Foram incluídos e analisados os relatórios de 24 escolas rurais, de 9 municípios localizados em 5 regiões intermediárias do estado do Pará, sendo 6 escolas quilombolas localizadas em 3 municípios. A oferta de alimentação escolar ocorreu de maneira regular nos 200 dias letivos em 79,1% das escolas. O atendimento às especificidades culturais de estudantes quilombolas ocorreu em 100% das escolas quilombolas, porém, a maioria das escolas rurais (67%) não atendeu essa diretriz. Em relação à horta escolar, em 62,5% das escolas não havia esse recurso. A realização de ações de educação alimentar e nutricional ocorreu em 75% das escolas rurais de forma contínua e permanente.
Conclusões/Considerações
Estes achados reforçam que, há entraves para o pleno desenvolvimento de ações para a correta execução do PNAE em escolas rurais e quilombolas do estado do Pará. No entanto, os percentuais de alimentação regular, contemplação cultural da alimentação quilombola e ações de educação alimentar e nutricional, apontam para a possibilidade de articulação em rede, visando compartilhar e construir estratégias específicas, para melhor execução do PNAE.
A EFETIVAÇÃO DO DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA FRENTE À EPIDEMIA DA OBESIDADE: UMA ANÁLISE JURÍDICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO BRASIL.
Pôster Eletrônico
1 UFOP
Apresentação/Introdução
O Direito Humano à Alimentação Adequada no Brasil tem passado por avanços e retrocessos desde o Pidesc, com destaque para a desarticulação institucional entre 2019 e 2022. Considerando que a efetivação desse direito está diretamente relacionada à alta prevalência de obesidade, sendo essa, uma de suas causas, a abordagem desse problema exige políticas públicas intersetoriais e multidimensionais.
Objetivos
Analisar o acesso ao Direito Humano à Alimentação Adequada no Brasil, considerando a obesidade como expressão de desigualdades; avaliar políticas públicas e abordagens jurídicas para a prevenção e enfrentamento da obesidade de forma intersetorial.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e interdisciplinar nas áreas de Nutrição e Direito pela análise de normas jurídicas sobre o Direito Humano à Alimentação Adequada, ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Pidesc), a Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional e os retrocessos entre 2019 e 2022, incluindo a extinção do Consea. São examinadas recomendações oficiais e produções acadêmicas sobre obesidade como fenômeno multifatorial. A análise combina a abordagem jurídico-constitucional com o método “What’s the problem represented to be?”, que investiga como os problemas são construídos nas políticas públicas.
Resultados
A pesquisa apontou avanços no Direito Humano à Alimentação Adequada no Brasil, com sua inclusão no art. 6º da Constituição, a Lei nº 11.346/2006 com sua incorporação via ratificação do Pidesc que possibilitaram políticas intersetoriais e a saída do país do Mapa da Fome em 2014. Contudo, entre 2019 e 2022, houve retrocessos com a desarticulação de estruturas fundamentais como o Consea, comprometendo as políticas de segurança alimentar. se destacou que a obesidade, além de problema individual, é expressão da insegurança alimentar e deve ser analisada sob a perspectiva multidimensional da sindemia, reconhecendo suas causas sociais, econômicas, políticas e culturais.
Conclusões/Considerações
Este estudo destaca as lacunas jurídicas e sociais na efetivação do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) no Brasil, agravadas pelo desmonte das políticas de segurança alimentar entre 2019 e 2022. Dessa forma, Ao compreender a obesidade como problema social, busca-se reforçarreforça-se a urgência de políticas intersetoriais que superem visões individualistas, promovendo equidade, segurança alimentar e proteção dos direitos sociais.
ADIÇÃO DE FIBRAS ALIMENTARES: ANÁLISE DE ALEGAÇÕES DE PROPRIEDADE FUNCIONAL E CONFORMIDADE COM A LEGISLAÇÃO EM RÓTULOS DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
As fibras alimentares são componentes importantes da dieta e exercem efeitos benéficos à saúde, como a melhora do trânsito intestinal e a prevenção de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Isso tem levado consumidores e a indústria a priorizarem alimentos com esse nutriente e produtos com alegações de funcionalidade em seus rótulos.
Objetivos
Analisar alimentos com fibras no varejo brasileiro e verificar se alegações funcionais nos rótulos seguem as normas de rotulagem da Anvisa.
Metodologia
A base de dados Mintel Global New Products Database (GNPD) foi utilizada para identificar rótulos de alimentos e bebidas no varejo brasileiro entre nov/2020 e out/2024. Foram buscados os termos “fibra” e “integral” no posicionamento de marketing. Criou-se uma variável dicotômica para presença/ausência de alegação funcional. A lista de ingredientes foi avaliada para identificar fibras aprovadas pela Anvisa, como inulina, psyllium e beta-glucana. Para os produtos com alegações, calculou-se a média de fibras por porção (IC95%) e comparou-se com os valores exigidos pela Anvisa: 2,5g (fonte), 5g (alto teor), 6,25 g (aumentado). As análises estatísticas foram feitas no software Stata 16.
Resultados
Dos 42.192 alimentos avaliados, 1.090 tinham alegações com “fibra” ou “integral”, e 2.918 apresentavam fibras na lista de ingredientes. A média de fibra por porção nos produtos com fibras aprovadas pela Anvisa foi de 1,75g (IC95%: 1,64–1,85). Já os alimentos com alegações de fibras nos rótulos tiveram média de 2,84 g por porção (IC95%: 2,74–2,96).
Conclusões/Considerações
Entre os alimentos que declararam no rótulo fibra como ingrediente de propriedade funcional, a quantidade média do nutriente estava em conformidade com a legislação. No entanto, novas análises são necessárias para verificar a adequação do produto com cada categoria de alegação permitida pela Anvisa.
FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO/OBESIDADE EM CRIANÇAS MATRICULADAS EM CRECHES PÚBLICAS -LINHA DE BASE DA AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO PROGRAMA CRECHE: LUGAR DE BRINCAR & SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFRN
2 UEPB
3 UVA/CE
4 UECE
5 UFC
6 ESP/CE
Apresentação/Introdução
O sobrepeso/obesidade, inclusive em crianças, configura-se um importante problema de saúde pública. O modelo conceitual do sobrepeso/obesidade revela a natureza multicausal desse desfecho, incluindo determinantes sociais, ambientais, familiares e individuais.
Objetivos
Verificar a associação dos comportamentos relacionados com a saúde e do bem-estar da criança, em conjunto com habilidades educativas e práticas parentais da mãe pertinentes, com o sobrepeso/obesidade de crianças matriculadas em creches públicas
Metodologia
Estudo transversal aninhado à linha de base do estudo “Intervenção de promoção da saúde e prevenção da obesidade em crianças da “Geração C” no ambiente escolar (Creche: Lugar de Brincar & Saúde): estudo controlado randomizado por clusters”, realizado em creches públicas de cinco municípios dos Estados de Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A associação das variáveis de interesse (características demográficas e de saúde da criança; estilo de vida da criança; características demográficas, habilidades educativas e estado nutricional da mãe; práticas parentais da mãe; condições de vida) com o sobrepeso/obesidade (IMC/Idade>2 Escores-Z) da criança foi analisada por regressão logística múltipla
Resultados
Das 672 crianças, 14,4% apresentaram sobrepeso/obesidade. As variáveis infantis associadas com sobrepeso/obesidade foram: idade ≥3 anos (OR=4,99; p = 0,003), Circunferência da Cintura >Percentil 90 (OR=27,03; p<0,001) e consumo inadequado de verduras e/ou legumes de segunda a sexta (OR=2,22; p = 0,033). Letramento em promoção de estilos de vida saudáveis e prevenção do excesso de peso inadequado (OR=2,59; p = 0,014), Índice de Massa Corporal ≥25 kg/m² (OR=3,09; p = 0,017) e comportamento durante as refeições relacionado à redução de gordura negativo (OR=2,07; p = 0,045) das mães associam-se com sobrepeso/obesidade nestes pré-escolares
Conclusões/Considerações
A alta prevalência do sobrepeso/obesidade encontrada pressupõe que esse desfecho representa um importante problema de saúde pública inclusive entre crianças impactadas pela pandemia da COVID-19. Esses achados significativos impõe a necessidade de incluir o sobrepeso/obesidade como prioridade de saúde pública em crianças matriculadas em creches públicas, com destaque para as práticas parentais maternas relacionadas com os comportamentos de saúde
ALEITAMENTO MATERNO: PREVALÊNCIA E EXPERIÊNCIAS DE VIOLÊNCIAS
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
A amamentação é essencial para a saúde perinatal da mulher e da criança. Apesar dos benefícios conhecidos, menos de 50% das crianças recebem leite materno exclusivo até os seis meses. O aleitamento reduz custos, promove o bem-estar infantil e é acessível à maioria da população, sendo uma prática democrática e eficaz. Entretanto, muitos fatores podem prejudicar a sua exclusividade e continuação.
Objetivos
Descrever a prevalência da amamentação entre mulheres residentes em uma capital brasileira e sua relação com as experiências de violências.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de base populacional, com análise descritiva, realizada em 2022. Foram incluídas mulheres com mais de 18 anos que tiveram parceiro íntimo nos últimos 24 meses. O recorte transversal utilizou dados de participantes que relataram ter alimentado seus filhos exclusivamente com leite materno até os 6 meses. Os dados foram coletados via Redcap e analisados no Stata® 14.0. As variáveis incluíram aspectos sociodemográficos da mulher e do parceiro, características da relação (ciúme, controle, dependência e medo), experiências de violências na infância e presença de rede de apoio à amamentação. O desfecho foi dicotomizado em aleitamento materno exclusivo ou não (sim ou não).
Resultados
Ao todo, 832 mulheres participaram do estudo. Desse total, 56,9% (n=473) amamentaram exclusivamente seus filhos nos primeiros seis meses de vida. Na análise, ter recebido apoio durante a amamentação representou um fator protetivo ao aleitamento materno exclusivo (p=0,005), assim como, não ter experiências de abusos físico, psicológico e/ou sexual (p<0,001) e não ter vivenciado eventos adversos (p<0,001).
Conclusões/Considerações
A presença de uma rede de apoio é crucial para a continuidade da amamentação, mas as experiências de violências podem ser prejudiciais nesse processo. É fundamental prevenir as violências em todos os ciclos de vida, de modo a contribuir para a saúde materno infantil.
ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO, ATIVIDADE FÍSICA E CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS: ESTUDO LONGITUDINAL
Pôster Eletrônico
1 IF GOIANO - Campus Ceres
2 IF GOIANO - Campus Ceres e UFG
Apresentação/Introdução
A depressão está relacionada à diversos fatores de estilo de vida, incluindo a prática de atividade física e o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP). Por isso, compreender essas relações ao longo do tempo é fundamental para entender como podem influenciar a saúde mental. Este estudo integra um projeto guarda-chuva intitulado “QoLe-BRA”.
Objetivos
Avaliar a associação entre sintomas de depressão com a prática de atividade física e o consumo de alimentos ultraprocessados de servidores da Rede Federal de Educação Brasileira.
Metodologia
Trata-se de um estudo longitudinal, realizado nas cinco regiões do Brasil, contemplando uma população de 83.517 servidores. Em 2022, 1563 servidores participaram da coleta inicial e 600 participaram em 2022 e 2023 (2° coleta). Os questionários utilizados na coleta de dados foram: DASS-21, Back-PEI e PeNSE. Foi realizada a mediana de depressão na análise estatística dos dados longitudinais para calcular o Risco Relativo (RR) e a análise multivariada ajustada utilizando regressão de Poisson com variância robusta por meio de Equações de Estimativas Generalizadas (GEEs).
Resultados
Os resultados da análise multivariada indicaram que as mulheres apresentam maior riscos de sintomas de depressão, quando comparadas aos homens (RR = 1,18 (IC95%: 1,01–1,36; p = 0,033). Além disso, o consumo regular de AUP de 5 a 7 dias por semana, esteve significativamente associado a maiores sintomas de depressão (RR ajustado = 1,24; IC95%: 1,07–1,43; p = 0,004). Em relação à atividade física, não praticantes apresentaram risco aumentado de sintomas de depressão (RR ajustado = 1,25; IC95%: 1,11–1,41; p < 0,001).
Conclusões/Considerações
Os achados deste estudo indicam que ser mulher, consumir regularmente AUP e não praticar atividade física estão associados a maior risco de sintomas depressivos. Tais evidências reforçam a necessidade de políticas públicas focadas na promoção de saúde mental e bem-estar dos servidores da Rede Federal de Educação Brasileira, incentivando a alimentação saudável e a prática regular de atividade física.
DISPONIBILIDADE DE COZINHAS EM ESCOLAS PÚBLICAS ATENDIDAS PELO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) NO TERRITÓRIO BRASILEIRO.
Pôster Eletrônico
1 UFSC
Apresentação/Introdução
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) prevê o fornecimento de alimentação escolar adequada e saudável para todos os estudantes da educação básica. A alimentação escolar precisa atender as necessidades nutricionais dos alunos e, para tal, deve ser preparada na cozinha escolar, local que deve atender às normas higiênico-sanitárias e contar com estrutura e recursos humanos adequados.
Objetivos
Identificar a disponibilidade de cozinhas em escolas públicas atendidas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no território brasileiro.
Metodologia
Estudo descritivo e transversal com escolas municipais e estaduais da educação básica de ensino, que tenham no mínimo uma matrícula e forneçam alimentação escolar pelo PNAE. Os dados foram extraídos do Censo Escolar 2025, adotando-se como critério de exclusão escolas situadas em áreas diferenciadas (território indígena, quilombola e assentamentos). Foram analisadas variáveis de localização (zona rural ou urbana), estado, porte da escola (P1= até 50 matrículas; P2= 51 a 150; P3= 151 a 300; P4= 301 a 500; P5= 501 a 1000; P6= >1000 matrículas), tipo de Entidade Executora (municipal ou estadual) e disponibilidade de cozinha. Os dados foram analisados pelo Software estatístico Jamovi (V2.6).
Resultados
Das 123488 escolas analisadas, 97,9% (n=120935) possuíam cozinhas. Identificaram-se disparidades territoriais: enquanto o Centro-Oeste apresentou a maior disponibilidade de cozinhas (99,8%), o Norte registrou a menor proporção (96,1%), destacando-se o Amazonas (89,9%). Goiás destacou-se entre as unidades federativas (100%). Quanto à dependência administrativa, escolas municipais apresentaram maior frequência de cobertura (98,3%; n=95436) em comparação às estaduais (96,7%; n=25499). Quanto à localização, escolas rurais indicaram menor frequência (96,7%; n=37710) que urbanas (98,5%; n=83225). Escolas de P1 (94,7%; n=18673) apresentaram menor frequência de cozinhas, se comparadas com os demais.
Conclusões/Considerações
Embora a maioria das escolas públicas possua cozinhas, recortes territoriais evidenciam desigualdades. A presença de cozinhas é fundamental para a efetivação do PNAE, sendo necessária a disponibilidade de forma abrangente. Dessa forma, os dados apresentados devem subsidiar políticas públicas que contemplem as diferentes realidades e necessidades regionais.
INSEGURANÇA ALIMENTAR EM CRIANÇAS RESIDENTES EM ÁREA DE RESSACA
Pôster Eletrônico
1 UNIFAP
Apresentação/Introdução
Macapá tem uma população geral de 442.933 habitantes, destes, estimava-se em 2010, que cerca de 16% de seus habitantes residiam em áreas de ressacas. Estas áreas são campos de inundação de grande extensão, de proteção ambiental, que sofrem com ocupação desordenada, em condições humanas inadequadas, sem fiscalização e que contribuem para a degradação ambiental e aumento das desigualdades sociais.
Objetivos
Identificar a prevalência de insegurança alimentar de famílias com crianças menores de 5 anos residentes em área de ressaca.
Metodologia
Trata-se de estudo observacional, do tipo transversal, descritivo. A área de ressaca na qual foi realizado estudo é denominada como “ressaca do tacacá”, a segunda maior área de ressaca do município, localizada na região sul de Macapá. Foram entrevistados pais ou responsáveis de crianças menores de 05 anos, aplicada a Escala Brasileira de Medição de Insegurança Alimentar Domiciliar (Ebia). O projeto foi aprovado pelo CEP Unifap, número do parecer: 6.824.144, CAAE: 79440424.3.0000.0003. A coleta de dados ocorreu no período de setembro de 2024 a março de 2025.
Resultados
A insegurança alimentar (IA) é a falta de acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente para uma vida saudável. A Ebia classifica em quatro categorias, gerando um escore que varia de 0 a 14 em que cada resposta positiva corresponde a um ponto, ou seja, o escore é gerado pelo somatório desses pontos: 0, como segurança alimentar; 1 a 5, como insegurança alimentar leve; 6 a 9, como insegurança alimentar moderada; e 10 a 14, como insegurança alimentar grave. Foram aplicadas 100 Ebias, 55% dos domicílios estavam em insegurança alimentar leve, 32% em insegurança moderada, 12% em insegurança grave e 1% em segurança alimentar.
Conclusões/Considerações
Crianças em situação de IA podem sofrer impactos nos níveis de crescimento, desenvolvimento físico, cognitivo e saúde em geral. A IA é uma violação dos direitos dessas crianças e deve ser entendida como a expressão das desigualdades e das relações de poder no contexto em que os indivíduos estão inseridos, consequências dos já conhecidos processos históricos que moldaram as dinâmicas populacionais e estruturas socioeconômicas e políticas.
DIVERSIDADE E NUTRIÇÃO: A INSEGURANÇA ALIMENTAR AFETA MAIS ESTUDANTES DE MINORIAS SEXUAIS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS?
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2 Universidade Federal da Paraíba
3 Universidade Federal do Acre
4 Universidade Federal da Bahia
5 Universidade Federal do Paraná
6 Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
A população LGBTQIAPN+ convive com alta prevalência da Insegurança Alimentar (IA), resultado de vulnerabilidades econômicas, agravadas por preconceitos, discriminação e ausência de apoio familiar. Invisibilizadas nos inquéritos nacionais, essa população lida com barreiras no acesso ao emprego formal e direitos básicos como moradia, saúde e educação.
Objetivos
Investigar a relação entre orientação sexual e insegurança alimentar entre estudantes universitários de instituições públicas no Brasil, buscando identificar desigualdades sociais.
Metodologia
Estudo transversal, vinculado ao projeto multicêntrico Brazuca Covid. Utilizamos formulário eletrônico, com informações sociodemográficas e da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, com coletas entre maio e dezembro de 2023. A população de estudo foi composta por 2.558 estudantes de graduação, que responderam sobre orientação sexual, regularmente matriculados em quatro instituições de ensino públicas, em quatro regiões brasileiras. Para verificar associações, utilizou-se o teste qui-quadrado. As análises foram conduzidas no software Stata 13, e a associação foi significativa quando p<0,05. O projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa das quatro universidades participantes.
Resultados
Dos participantes, 61,5% se autodeclararam heterossexuais e 34,8% pertenciam a alguma minoria sexual: 8,6% homossexuais, 19,7% bissexuais e 6,5% pansexual, orientação fluida ou assexual e 3,7% optaram por não responder a esta pergunta. A prevalência de IA foi observada em 31,8% dos estudantes heterossexuais, enquanto entre as minorias sexuais foi de 43,1%. Já a forma grave foi identificada em 5,5% dos heterossexuais, e entre as minorias sexuais de 11,3% (p<0,001). Estudantes heterossexuais apresentaram maior segurança alimentar (68,2%) do que aqueles que pertencem a minorias sexuais (56,8%) (p<0,001).
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam uma relação entre orientação sexual e insegurança alimentar entre estudantes universitários, evidenciando maior vulnerabilidade entre aqueles que se identificam como LGBTQIAPN+. A maior prevalência de insegurança alimentar, especialmente em sua forma grave, entre estudantes de minorias sexuais destaca o impacto das desigualdades estruturais e do preconceito no acesso ao direito humano à alimentação adequada.
HÁ DIFERENÇA NA EXPOSIÇÃO DIÁRIA A DISPOSITIVOS DE TELAS ENTRE ESCOLARES COM DISTINTOS PADRÕES DIETÉTICOS?
Pôster Eletrônico
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A exposição às telas aumentou entre as crianças e adolescentes em idades cada vez mais precoces em todo o mundo. Esse fenômeno inclui o uso de uma ampla variedade de dispositivos eletrônicos e tem sido apontado como um fator para o aumento no consumo de alimentos menos nutritivos, que podem comprometer o adequado crescimento e desenvolvimento.
Objetivos
Averiguar se existe diferença na exposição diária a dispositivos eletrônicos de tela entre escolares com diferentes padrões dietéticos.
Metodologia
Estudo transversal com estudantes de escolas públicas de Feira de Santana, Bahia (n=2.442; idade 9,1±1,4 anos; 53,2% de meninas; 60,8% de crianças de 7-9 anos; IMC=17,5±3,5 Kg/m²). Consumo alimentar e exposição a telas (TV, celular, videogame e computador) foram investigados com questionário online (Web-CAAFE). Padrões dietéticos (Ocidental, Misto e Tradicional Brasileiro) foram derivados de Análise de Classes Latentes. A análise incluiu estatística descritiva e regressão de Logística Multinomial, estratificada por sexo, para estimar Odds Ratio (OR) e Intervalos de Confiança de 95% (IC95%). A significância estatística foi avaliada por valores de p<0,05.
Resultados
Exposição a TV, celular, videogame e computador ocorreu em 46,7%, 49%, 9,7% e 11,5% dos participantes, respectivamente. Padrão dietético Misto, Ocidental e Tradicional Brasileiro incluíram 67,2%, 23,1% e 9,7% dos escolares. Meninos do padrão Misto exibiram maior exposição a celular (OR=1,78; IC95%=1,34-2,36) e videogame (OR=2,02; IC95%=1,33-3,07) do que os do Tradicional Brasileiro. Entre meninas do padrão Ocidental e do Misto, exposição a celular e computador foi maior do que entre as do Tradicional Brasileiro (Ocidental: Celular, OR=1,98; IC95%=1,28-3,07; computador, OR=3,67, IC95%=1,57-8,56; Misto: celular, OR=2,09; IC95%=1,56-2,80; computador, OR=2,88, IC95%=1,41-5,85).
Conclusões/Considerações
Comparados a crianças e adolescentes no padrão dietético Tradicional Brasileiro, meninos do padrão Misto exibiram maior exposição a celular e videogame, enquanto meninas no padrão Ocidental e Misto estavam mais expostas a celular e computador. A exposição a celular foi maior e comum entre meninas e meninos com padrão dietético Misto e Ocidental, comparados àqueles do padrão Tradicional Brasileiro.
CONSUMO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR ENTRE ESTUDANTES COM DIFERENTES PADRÕES DIETÉTICOS
Pôster Eletrônico
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A alimentação escolar desempenha um papel importante na formação de práticas alimentares saudáveis. Isso é garantido, no Brasil, pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), uma política que fornece aos estudantes da educação básica pública uma alimentação saudável, balanceada e compatível com as necessidades de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem.
Objetivos
Analisar se a frequência semanal de consumo da alimentação escolar difere entre estudantes com diferentes padrões dietéticos.
Metodologia
Estudo transversal com amostra de escolares de escolas públicas de Feira de Santana, Bahia (n = 2.126; idade 9,1±1,4 anos; 53,2% de meninas; 61% de crianças de 7-9 anos IMC=17,5±3,5 Kg/m²). O Consumo alimentar foi investigado por meio de questionário online (Web-CAAFE). Padrões dietéticos (Ocidental, Misto e Tradicional Brasileiro) foram derivados por Análise de Classes Latentes. A análise de dados incluiu estatística descritiva e regressão de Poisson múltipla para estimar as Razões de Prevalência (RP) e Intervalos de Confiança de 95% (IC95%). As análises foram estratificadas por sexo e faixa etária. A significância estatística foi avaliada por valores de p<0,05.
Resultados
Padrão dietético Misto, Ocidental e Tradicional Brasileiro corresponderam a 68,5%, 9,8% e 21,7% dos escolares, respectivamente. Houve maior consumo da alimentação escolar entre meninas de padrão dietético Misto e Tradicional Brasileiro, em comparação ao Ocidental (Misto: RP=1,15; IC95%=1,01-1,31; Tradicional Brasileiro: RP=1,16, IC95%=1-1,35). Crianças de 7-9 anos de padrão dietético Misto consumiram mais a alimentação escolar do que as de padrão Ocidental (Misto: RP:1,14, IC95%=1,02-1,29). Não houve diferença estatística significativa na frequência semanal de consumo da alimentação escolar entre adolescentes e meninos classificados em quaisquer padrões dietéticos identificados.
Conclusões/Considerações
Houve predominância de escolares classificados dentro do padrão dietético Misto. Além disso, meninas de padrão dietético Misto e Tradicional Brasileiro exibiram maior consumo da alimentação escolar. Com relação à faixa etária, apenas as crianças de 7-9 anos dentro do padrão Misto consumiram mais a alimentação escolar, comparadas às de padrão Ocidental.
ANÁLISE COMPARATIVA DA GORDOFOBIA E SUA RELAÇÃO COM A COR DA PELE, PESO, E IMC EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DE NUTRIÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
2 Universidade Federal de Belo Horizonte (UFMG)
Apresentação/Introdução
A gordofobia, é a atitude de estigmatização em relação a pessoas com obesidade ou excesso de peso, é uma forma de descriminação social cada vez mais presente em diversos contextos sociais, incluindo a o ambiente universitário. O contexto universitário, se não monitorado, pode ser um espaço fértil para a manifestação de atitudes gordofóbicas, agudizando as desigualdades simbólicas e estruturais.
Objetivos
Comparar as características de peso, cor da pele, IMC e os níveis percebidos de gordofobia entre estudantes universitários de Nutrição em função do gênero.
Metodologia
Realizou-se um estudo observacional transversal com abordagem quantitativa. Utilizou-se a amostragem aleatória para recrutar 121 estudantes do curso de Nutrição de ambos os sexos, maiores de 18 anos, com matricula ativa na Universidade Federal de Ouro Preto e acesso à internet e aparelhos eletrônicos. A coleta de dados foi remota, utilizando um questionário sociodemográfico e a Fat Phobia Scale de 11 itens (escala likert de 5 pontos). A análise dos dados incluiu estatística descritiva e testes inferenciais (Kruskal-Wallis e Mann-Whitney para comparações e Spreaman para correlações). As análises foram feitas no software Stata, versão 17.0, com o nível de significância p ≤ 0,05.
Resultados
Participaram do estudo 121 estudantes, sendo a maioria mulheres cisgênero (79,3%). Destes, 48,8% se identificaram como brancos, enquanto 51,2% se identificaram como pardos, amarelos, indígenas ou pretos, sendo que 69,9% deles foi classificado como eutrófica (IMC). A comparação da gordofobia em função do gênero não indicou diferenças estaticamente significativas (p = 0,3043) entre homens (Md = 10) e mulheres (Md = 11). A comparação entre a gordofobia e a cor da pele, não foi estatisticamente significativa (p = 0,8289). Observou-se uma correlação negativa muito fraca entre a gordofobia e o peso (r = -0,0441), Além disso, a correlação entre a gordofobia e o IMC foi positivamente fraca (0,1244).
Conclusões/Considerações
Esses achados sugerem que, embora frequentemente o gênero e a raça sejam associados a desigualdades socioculturais, isoladamente não são um fator determinante na percepção da gordofobia entre os estudantes. Além disso, a falta de relação linear entre a percepção da gordofobia e variáveis como peso e IMC pode indicar que a percepção desse preconceito não se explica apenas por fatores objetivos como peso e massa corporal
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE CARDÁPIOS DE RESTAURANTES POPULARES: CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Os Restaurantes Populares (RPs), geridos pelo poder público e vinculados ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, têm como missão ampliar o acesso da população a refeições seguras, nutricionalmente equilibradas e de baixo custo, fortalecendo a segurança alimentar, atendendo às necessidades nutricionais e promovendo uma alimentação saudável e culturalmente adequada.
Objetivos
Avaliar a adequação nutricional dos almoços de cinco Restaurantes Populares de diferentes regiões do Brasil, com base nos teores de calorias, macronutrientes, ferro, sódio, cálcio e vitaminas B1, B12, C e D.
Metodologia
Estudo observacional, quantitativo, que analisou os valores nutricionais dos almoços de cinco Restaurantes Populares em capitais das cinco regiões do Brasil: Natal, Porto Velho, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília. A coleta ocorreu entre 04 e 29/12/2023, totalizando 19 dias úteis. O DietBox foi utilizado para quantificar os nutrientes, com base em tabelas como TACO, IBGE, TBCA e Tucunduva. A análise estatística foi feita no Jamovi, com teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade. O estudo não envolveu seres humanos ou dados identificáveis, estando dispensado de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Os cardápios apresentaram composição nutricional relativamente homogênea, com valor energético adequado (>1000 calorias) e bom aporte de proteínas, carboidratos e fibras. Lipídios e gorduras saturadas variaram, mas ficaram, em geral, dentro dos limites. A vitamina C foi ofertada em excesso, enquanto B12 e D estiveram em níveis insuficientes. O sódio manteve-se dentro do recomendado na maioria das capitais, exceto Porto Velho. O ferro apresentou boa adequação, com exceção de Belo Horizonte. O cálcio foi inadequado em todos os RPs, com maiores deficiências em Natal e Porto Alegre.
Conclusões/Considerações
Observou-se adequação na oferta de calorias, macro e micronutrientes, com destaque para o controle de sódio e gorduras saturadas. Identificou-se deficiência de vitamina B12, indicando necessidade de ajustes graduais. Os achados ganham relevância diante da alta demanda, das restrições orçamentárias e do papel dos RPs na segurança alimentar e nutricional. Estudos futuros devem considerar aspectos regionais e culturais dos cardápios.
O PAPEL ESTRATÉGICO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO ENFRENTAMENTO À SINDEMIA GLOBAL E NA GARANTIA DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UERJ
3 ENSP
Apresentação/Introdução
A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada para a saúde, por isso torna-se essencial para enfrentar a sindemia global, que trata de pandemias que interagem entre si no espaço e tempo. Como a insegurança alimentar nutricional (INSAN) e as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que possuem fatores agravante, como as mudanças climáticas, determinantes sociais e econômicos.
Objetivos
Analisar o papel da Atenção Primária à Saúde no enfrentamento da sindemia de obesidade, desnutrição e mudanças climáticas no contexto da Segurança Alimentar e Nutricional.
Metodologia
Realizou-se uma pesquisa qualitativa, a partir da análise documental, utilizando cinco dimensões críticas. Tendo como fonte de pesquisa o Relatório, Manifesto e Balanço da 6ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional à Sociedade Brasileira sobre Erradicar a Fome e Garantir Direitos com Comida de Verdade, Democracia e Equidade. Analisou-se a presença da sindemia global e temas associados, de acordo com as terminologias: sindemia, obesidade, desnutrição, fome, mudanças/emergências climáticas, unidade básica/ atenção primária à saúde. Tendo como período de busca os meses de março a novembro de 2024.
Resultados
Os documentos reconhecem como sindemia a obesidade, desnutrição e fome pela interação sinérgica e influência das mudanças climáticas, desigualdades sociais, racismo estrutural, ambiental e pobreza, afetando grupos vulneráveis: mulheres negras, trabalhadores informais, com baixa renda e escolaridade. Destaca-se a necessidade de qualificação da APS como eixo central no enfrentamento das vulnerabilidades, especialmente quanto à INSAN e DCNT. A APS, aliada à articulação com o Sistema Único de Saúde, Sistema Único de Assistência Social e Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, é essencial para fortalecer o Direito Humano à Alimentação Adequada e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).
Conclusões/Considerações
A APS através da articulação intersetorial somada às políticas públicas relacionadas à promoção da SAN atua como coordenadora do cuidado, promotora de estratégias e ações para o enfrentamento da sindemia global, contribuindo para o combate das iniquidades sociais, alimentares e de saúde no Brasil, principalmente no que se refere a interação entre obesidade, desnutrição, fome e mudanças climáticas.
ASSOCIAÇÃO ENTRE SOBREPESO E OBESIDADE E UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE E DE MEDICAMENTOS PARA DEPRESSÃO, SEGUNDO A INTERSECÇÃO ENTRE RAÇA/COR DA PELE E GÊNERO
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
Obesidade e depressão são importantes problemas de saúde pública. O tratamento de ambas requer a utilização de serviços de saúde e de medicamentos, o que leva a gastos públicos e privados em saúde. Em casos de coocorrência de depressão e obesidade, os gastos são ainda maiores. A utilização de serviços de saúde e de medicamentos devido à depressão entre indivíduos com obesidade é pouco estudada.
Objetivos
Avaliar a associação entre estado nutricional e utilização de serviços de saúde e de medicamentos para depressão, segundo intersecção entre raça/cor da pele e gênero entre adultos brasileiros, a partir de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).
Metodologia
Estudo transversal com dados da PNS 2019. O IMC foi calculado com base nas informações de peso e altura referidas pelos indivíduos (exposição). A utilização de serviço de saúde devido à depressão foi identificada pela resposta à pergunta: “O(a) Sr.(a) vai ao médico / serviço de saúde regularmente por causa da depressão ou só quando tem algum problema?”. A utilização de medicamentos para depressão foi identificada pela resposta à pergunta: “Nas duas últimas semanas, o(a) Sr.(a) usou algum medicamento para depressão?” Foram utilizados modelos de regressão de Poisson estratificados pela intersecção raça/cor da pele e gênero, ajustados por variáveis sociodemográficas e geográficas.
Resultados
Nos modelos ajustados, observou-se que maiores razões de prevalência estiveram relacionadas aos indivíduos com obesidade, para os dois desfechos investigados, em ambos os sexos, especialmente em homens negros (RP=2,3; IC95% 1,4-3,6) para utilização de serviços de saúde e em homens brancos para utilização de medicamentos (RP=1,6; IC95%1,2-2,1), indicando uma maior utilização de serviços de saúde e de medicamentos devido à depressão por esses grupos, quando comparados a indivíduos com eutrofia. A obesidade apresentou associação significativa para os dois desfechos investigados, em todos as categorias de intersecção raça/cor da pele e gênero.
Conclusões/Considerações
Os resultados do presente estudo mostram que indivíduos com obesidade utilizam mais os serviços de saúde e medicamentos devido à depressão em comparação a indivíduos com eutrofia. Para a utilização de serviços de saúde, a associação foi mais forte entre homens. Tais achados reforçam a necessidade de ações de saúde pública que considerem a obesidade no cuidado à saúde mental.
GRAU DE LIMITAÇÃO DAS ATIVIDADES HABITUAIS DEVIDO À DEPRESSÃO EM INDIVÍDUOS ADULTOS BRASILEIROS, SEGUNDO ESTADO NUTRICIONAL: DADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O Brasil possui a população com maior prevalência de depressão na América Latina. A depressão pode comprometer a realização de atividades habituais. Assim como a depressão, a obesidade pode comprometer diferentes áreas da vida. Apesar disso, para nosso conhecimento, até o momento, nenhum estudo avaliou limitações nas atividades habituais devido à essas doenças.
Objetivos
Descrever a ocorrência de limitação das atividades habituais devido à depressão segundo estado nutricional de adultos brasileiros (≥18 anos).
Metodologia
Estudo transversal realizado com dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019. As informações de interesse para o estudo foram: Índice de Massa Corporal (IMC), diagnóstico médico de depressão e limitações nas atividades habituais. O IMC foi calculado com base no peso e altura referidos e classificado em eutrofia, sobrepeso e obesidade. O diagnóstico médico de depressão foi autorreferido. O grau de limitação devido à depressão foi identificado pela resposta à pergunta: “em geral, em que grau a depressão limita as suas atividades habituais?” (não limita; um pouco; moderadamente; intensamente; muito intensamente). Foram realizadas análises descritivas das variáveis.
Resultados
O diagnóstico médico de depressão foi referido por 10,2% da população. Entre os indivíduos com depressão, 45,2% relataram algum grau de limitação devido à depressão, sendo 8,7% limitação intensa e 4,4% muito intensa. O grau de limitação devido à depressão variou de acordo com o estado nutricional. Indivíduos com sobrepeso apresentaram maior proporção de pouca limitação (37,8%; IC95% 33-42,8), mas também de limitação moderada (34%; IC95% 28,5-40) e limitação muito intensa (41,5%; IC95% 32-51,6). Indivíduos com obesidade apresentaram maior proporção de limitação intensa devido à depressão (35,8%; IC95% 29,4-42,8).
Conclusões/Considerações
Os resultados encontrados no presente estudo mostram que a depressão afeta indivíduos adultos brasileiros de maneira geral, porém, o grau de limitação devido à depressão pode variar de acordo com o estado nutricional. Indivíduos com sobrepeso e obesidade apresentaram maior proporção das limitações moderadas/muito intensa e intensa, respectivamente. Assim, ações de saúde pública devem considerar a relação entre depressão e estado nutricional.
CARACTERIZAÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE RÓTULOS DE ALIMENTOS DIET, LIGHT E BEBIDAS COMERCIALIZADOS EM VITÓRIA, ES
Pôster Eletrônico
1 UFES
2 USP
Apresentação/Introdução
Rótulos de alimentos são componentes do ambiente alimentar do consumidor e influenciam escolhas alimentares. Alimentos para fins especiais como diet e light foram responsáveis por 11,3% das vendas em 2022 e bebidas não alcoólicas apresentaram produção de 29 bilhões de litros em 2023. O uso de alegações presentes nos rótulos desses produtos pode estimular seu consumo.
Objetivos
Caracterizar as alegações presentes em rótulos de alimentos diet, light e bebidas comercializados em Vitória, ES.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal com rótulos de alimentos comercializados em duas redes de supermercados de Vitória, ES. Informações de produtos diet, light e bebidas foram coletadas (segundo LATIINFOODS) em 2024. Todas as faces dos rótulos foram registradas por câmera fotográfica e as informações digitadas para construção do banco de dados. Classificou-se as alegações segundo protocolo INFORMAS (nutricionais e de saúde) e aquelas relacionadas ao Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB). Verificou-se a adequação das informações em relação à legislação vigente (RDC N° 727/22, Anvisa). Calculou-se as frequências absoluta e relativa (%) das categorias analisadas.
Resultados
Foram estudados 103 rótulos, sendo que 54,4% eram bebidas (sucos, néctares, lácteos, bebidas vegetais, refrigerantes), 24,3% alimentos light e 21,3%, diet. Setenta e sete produtos (74,8%) apresentavam algum tipo de alegação, sendo 97,4% delas na parte frontal. Destes, 58 (75,3%) tinham alegações de nutrição (redução de gorduras, sódio, açúcar ou fonte de fibras e vitaminas) e 55 (53,4%), alegações relacionadas ao GAPB (“preserve a natureza, produto da agricultura familiar, com suco de fruta natural, alimentação saudável"). Informações proibidas foram constatadas em 34 produtos como: uso dos termos "premium", "deliciosa e refrescante", "faz tudo dar certo", "o melhor do leite".
Conclusões/Considerações
A maioria dos produtos apresentou alguma alegação na parte frontal, que lhes atribuía qualidades e características para decisão de compra pelo consumidor. Inconformidades relativas às normas vigentes também foram observadas. Como as informações prestadas nos rótulos de alimentos influenciam na sua aquisição e consumo, políticas públicas e regulatórias para promoção da saúde precisam ser mais fomentadas.
SAÚDE MÓVEL PARA MELHORAR A AMAMENTAÇÃO EM MINORIAS DÍSPARES E POPULAÇÕES VULNERÁVEIS EM SAÚDE: REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE DE ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS
Pôster Eletrônico
1 PUC-Campinas
2 UFAM
Apresentação/Introdução
Intervenções de saúde móvel têm sido apontadas, em meta-análises, como tecnologias eficazes para promover a amamentação exclusiva. Contudo, ainda não está claro como a saúde móvel impacta diferentes populações, especialmente minorias díspares e pessoas em situação de vulnerabilidade, já que, a maioria das evidências abrangeu principalmente populações residentes em países de média e alta renda.
Objetivos
Analisar o impacto das intervenções de saúde móvel na promoção do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em minorias díspares e populações em situação de vulnerabilidade, em comparação com os cuidados habituais em amamentação.
Metodologia
Realizamos uma revisão sistemática com meta-análise (PROSPERO: CRD42024598326). Revisores cegos e aos pares selecionaram ensaios clínicos randomizados recuperados das bases PubMed, EMBASE e Cochrane, que compararam intervenções de saúde móvel para populações minoritárias e/ou vulnerabilizadas, com cuidados de rotina em amamentação. O desfecho primário foi o AME. Na meta-análise, utilizou-se o modelo de efeito aleatório e os efeitos das intervenções foram comparados por meio do risco relativo com IC 95%. A heterogeneidade foi avaliada por meio do I². O risco de viés dos estudos foi analisado com a ferramenta RoB-2. Foram conduzidas análises de sensibilidade, como a exclusão de outliers.
Resultados
Dos 965 estudos recuperados, 18 ensaios clínicos randomizados foram incorporados na revisão. Os estudos incluíram mulheres com baixos rendimentos (8); população hispânica (3); população africana (4); país de renda média-baixa (7); residentes em áreas rurais (5); áreas periurbanas (3); áreas tribais (1); regiões/áreas com baixos rendimentos (4). Cinco estudos apresentaram alto risco de viés. A saúde móvel mostrou-se eficaz no aumento do AME em 3 meses pós-parto (RR: 1,23; IC 95% [1,15-1,31]; p <0,001; I²: 6.7%). Entretanto, não foi eficaz em menos de 2 meses pós-parto (RR: 1,03; IC 95% [0,98-1,09]; p= 0,1967; I²: 37,1%) e aos 6 meses (RR: 1,08; IC 95% [0,93 – 1,26]; p= 0,2307; I²: 26,5%).
Conclusões/Considerações
Intervenções de saúde móvel foram eficazes para aumentar o AME aos 3 meses pós-parto em minorias díspares e populações vulneráveis, quando comparadas aos cuidados habituais. Não houve eficácia nos 2 primeiros meses e nem aos 6 meses. Sugere-se a condução de pesquisas que considerem os múltiplos fatores associados à interrupção do AME nessas populações para criar/direcionar intervenções de saúde móvel mais efetivas.
COMER PARA PERMANECER: PRÁTICAS ALIMENTARES DE ESTUDANTES QUILOMBOLAS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
As práticas alimentares referem-se desde aos processos de produção, distribuição, consumo e gestão de resíduos dos alimentos. Tais práticas remetem a um conjunto de representações que incorporam fatores coletivos e individuais envoltos nas diversas dimensões da vida. Este trabalho tem como foco as práticas de consumo, com ênfase no contexto universitário de estudantes quilombolas.
Objetivos
Descrever e analisar práticas alimentares de estudantes quilombolas de uma universidade pública brasileira, especialmente no que tange mudanças ligadas ao consumo de alimentos.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva, realizada com estudantes adultos, da Universidade Federal da Bahia. A coleta de dados foi feita entre outubro e novembro de 2024, por meio de questionário disponibilizado digitalmente, contendo perguntas abertas e fechadas, o qual também incluía perguntas referentes à Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Participaram do estudo quinze estudantes, majoritariamente mulheres (66,7%), com média de 25 anos, oriundas de 12 diferentes comunidades quilombolas da Bahia. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, no caso das informações quantitativas, e análise de conteúdo, no tratamento das respostas qualitativas.
Resultados
Após o ingresso na universidade, 86,7% passaram a realizar ao menos uma refeição por semana no Restaurante Universitário (RU), motivados pela vinculação à políticas de permanência ou pelo baixo custo. A maioria (73,3%) relatou pular refeições e diminuição no consumo de raízes e frutas, sendo que 40% não consumiam frutas diariamente, ingeriam fast foods aos finais de semana e substituíam refeições principais por lanches rápidos. Destaca-se que as experiências foram heterogêneas, com relatos de piora na quantidade e/ou na qualidade de alimentos consumidos, além da dificuldades em manter o consumo de alguns alimentos tradicionais. Sete participantes referiram melhora na alimentação.
Conclusões/Considerações
O RU se mostrou essencial para a permanência estudantil e promoção da segurança alimentar e nutricional. As mudanças nas práticas alimentares analisadas refletem possíveis limitações de tempo, renda e/ou rede apoio. Reforça-se a importância de potencializar políticas públicas promotoras de práticas alimentares saudáveis e culturalmente adequadas, considerando as especificidades dessa população no ambiente universitário.
RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO: CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS, CONSUMO E INSEGURANÇA ALIMENTAR ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UFPR
2 UFRN
3 UFAC
4 USP
Apresentação/Introdução
Estudantes universitários se constituem como um grupo vulnerável a padrões alimentares inadequados, o que torna a alimentação um eixo central da assistência estudantil. Nesse contexto, os restaurantes universitários são equipamentos essenciais por oferecerem refeições a valores acessíveis e favorecerem um ambiente alimentar universitário propício à adoção de práticas alimentares mais saudáveis.
Objetivos
Analisar a associação do uso do restaurante universitário com características sociodemográficas, consumo e insegurança alimentar em estudantes de graduação.
Metodologia
Estudo do tipo transversal, multicêntrico, conduzido em quatro universidades públicas brasileiras: Universidade Federal do Acre (UFAC), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Paraná (UFPR) com estudantes de graduação, maiores de 18 anos. A coleta ocorreu entre maio e dezembro de 2023, por meio de formulário online com questões sociodemográficas, insegurança alimentar, uso dos restaurantes universitários, qualidade da dieta e consumo alimentar. Associações entre o uso dos restaurantes universitários e variáveis foram testadas com Qui-quadrado de Pearson.
Resultados
Participaram do estudo 2.841 estudantes (USP: 39,0%; UFRN: 29,3%; UFPR: 18,0%; UFAC: 13,8%), maioria mulheres (61,7%), entre 20 e 29 anos (56,2%), brancos (58,4%), solteiros (79,5%), com renda familiar mensal de 1 a 3 salários mínimos (29,3%). A prevalência de insegurança alimentar foi de 36,3%; 60,8% com “boa” qualidade da dieta. O uso do restaurante universitário foi apontado por 66,1% dos estudantes, sendo maior entre aqueles que ingressaram por meio de cotas (84,7%) (p<0,001), e com renda familiar mensal de até um salário-mínimo (69,7%) (p<0,001). Estudantes usuários do restaurante universitário relataram maior consumo regular de verduras/legumes (72,0%) e feijão (72,4%) (p<0,001).
Conclusões/Considerações
Os resultados destacam maior adesão ao restaurante universitário por estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, e sua associação com marcadores de melhor qualidade da alimentação. Apesar da boa adesão aos restaurantes universitários, a elevada prevalência de insegurança alimentar no grupo aponta para desafios na garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada nesta população.
ALÉRGENOS EM EVIDÊNCIA: UMA ANÁLISE DA PREVALÊNCIA E DA ROTULAGEM EM ALIMENTOS LANÇADOS NO VAREJO BRASILEIRO
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
Alérgenos alimentares são frações proteicas de alimentos que causam reações alérgicas afetando entre 2% e 10% da população mundial. A rotulagem adequada é essencial para garantir escolhas seguras, sendo um instrumento importante de vigilância sanitária e de promoção da saúde no contexto do SUS.
Objetivos
Analisar a prevalência dos alérgenos presentes em rótulos de alimentos e bebidas lançados para comercialização no varejo brasileiro, entre os anos de 2020 a 2024.
Metodologia
Os dados foram extraídos da base Mintel Global New Product Database, que reúne informações de rótulos de alimentos lançados no varejo brasileiro entre 2020 e 2024. A identificação dos alergênicos foi feita a partir da lista de ingredientes nas embalagens, utilizando expressões regulares com base na RDC nº 727/2022 da Anvisa. A declaração “pode conter” não foi analisada por não estar estruturada de forma padronizada na base, o que comprometeria a comparabilidade dos dados. As prevalências dos principais alérgenos foram calculadas segundo categorias de alimentos e grau de processamento pela classificação NOVA. As análises foram realizadas no Stata.
Resultados
Foram analisados 39.002 alimentos lançados entre 2020 e 2024 no varejo brasileiro. Destes, 55,9% continham ao menos um ingrediente alérgeno, sendo leite (27,7% das ocorrências), soja (22,40%) e trigo (21,40%) os mais frequentes. Além disso, 62,1% dos produtos com ao menos um alérgeno eram alimentos ultraprocessados, com destaque para chocolates, laticínios, sobremesas, sorvetes e produtos de padaria. A alta presença de alérgenos em alimentos amplamente consumidos levanta preocupações sobre segurança alimentar, inclusão de pessoas com alergias e efetividade da rotulagem em garantir escolhas seguras à população.
Conclusões/Considerações
O estudo amplia o conhecimento sobre a presença de alergênicos em alimentos e bebidas no varejo brasileiro, contribuindo para avaliar a rotulagem e sua conformidade com a legislação vigente. Os resultados podem subsidiar aprimoramentos que garantam informações claras aos consumidores e fortaleçam as ações de vigilância sanitária no âmbito do SUS.
ASSOCIAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE INSEGURANÇA ALIMENTAR E A DIVERSIDADE ALIMENTAR MÍNIMA EM CRIANÇAS DE 6-23 MESES: ESTUDO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO INFANTIL (2019)
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UFG
3 UERJ
Apresentação/Introdução
A diversidade alimentar mínima (DAM) é um indicador amplamente utilizado para avaliar a qualidade das práticas alimentares infantis. Investigar a DAM segundo níveis de insegurança alimentar (IA) possibilita direcionar políticas públicas para garantia do acesso à alimentação adequada e saudável, que amparem o crescimento e desenvolvimento infantil.
Objetivos
Descrever a prevalência de DAM e IA e estimar a associação entre elas em crianças brasileiras de 6-23 meses.
Metodologia
Utilizamos dados de 4.362 crianças de 6-23 meses do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil -2019. A IA foi estimada usando a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. A DAM, avaliada por recordatório de 24h, foi definida como consumo de ≥5 de 8 grupos alimentares (leite materno; grãos e tubérculos; leguminosas; laticínios; cárneos; ovos; frutas, legumes e verduras (FLV) ricos em vitamina A; outros FLV). Foram apresentados prevalência e intervalo de confiança (IC) de 95% e a associação foi estimada por regressão logística (OR; IC95%), ajustada por renda, residentes por dormitório, Bolsa Família e região. O nível de significância estatística adotado foi de 5%.
Resultados
A prevalência de IA foi de 46,4% (40,8; 52,0), sendo 6,8% (5,2; 8,3) e 3,1% (2,3; 4,0), para IA moderada e grave, respectivamente. Apenas 39,3% (35,8; 42,9) das crianças apresentavam DAM. A DAM em domicílios em IA grave foi menor [17,5% (7,7; 27,3)] do que naqueles em IA leve e em segurança alimentar (SA) [36,1% (31,7; 40,4); 43,3% (38,5; 48,2), respectivamente]. O consumo do grupo de outros FLV foi menor nas crianças em IA grave [27,3% (16,3; 38,3)], comparadas àquelas em SA, IA leve e moderada [61,5% (57,8; 65,2); 54,3% (49,5; 59,0); 51,0% (39,5; 62,6), respectivamente]. A chance de crianças vivendo com IA grave alcançarem a DAM foi 53% menor (OR = 0,47; 0,27; 0,83), do que naquelas em SA.
Conclusões/Considerações
Crianças em situação de IA grave apresentaram diversidade da dieta significativamente inferior às crianças em SA ou IA leve, com cerca de metade da chance de alcançar a DAM em comparação às em SA. O grupo alimentar com maior ausência de consumo nessas crianças foi o de FLV. É urgente priorizar políticas públicas que garantam acesso e disponibilidade de alimentos para alcançar a DAM, principalmente de FLV, especialmente para crianças em IA grave.
INSEGURANÇA ALIMENTAR EM PERSPECTIVA: DISPUTAS CONCEITUAIS, ATORES SOCIAIS E IMPLICAÇÕES POLÍTICAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Minas Gerais
Apresentação/Introdução
Atores sociais mobilizam distintas perspectivas sobre a insegurança alimentar, influenciando a identificação de causas e as estratégias propostas. A segurança alimentar tende a reforçar o sistema hegemônico, enquanto a soberania alimentar propõe uma ruptura, centrada na autonomia dos povos e na problematização das injustiças alimentares e socioambientais.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo analisar os enquadramentos conceituais da IAN mobilizados por diferentes atores sociais, investigando como se expressam nas narrativas produzidas e quais implicações políticas derivam de sua adoção e disputa.
Metodologia
Realizou-se uma revisão narrativa para identificar diferentes concepções de insegurança alimentar e nutricional (IAN) e suas implicações políticas. Também foram analisadas as entrevistas do projeto “Histórias de mudanças e transformações urbanas: Trajetórias no combate à insegurança alimentar e nutricional em Belo Horizonte”, com representantes de movimentos sociais e gestores públicos, por meio de uma análise temática reflexiva com enfoque interseccional, visando compreender como esses conceitos aparecem nas narrativas dos entrevistados e seus efeitos políticos.
Resultados
Gestores adotaram o conceito ampliado da segurança alimentar, com ênfase no componente nutricional e fatores de risco individuais. As ações centraram-se em abordagens técnico-normativas e na gestão da qualidade, com soluções formuladas no campo das políticas públicas e posturas passivas frente às demandas sociais. Já os movimentos sociais alinharam-se à soberania alimentar e às noções de iniquidades interseccionais, destacando a alimentação como direito, a vulnerabilidade de grupos marginalizados e o papel do regime agroalimentar. Buscaram incidir nas políticas e na construção de um novo sistema alimentar justo.
Conclusões/Considerações
Este estudo demonstra a coexistência de distintos paradigmas no debate sobre IAN e a forma como são negociados, aplicados e ressignificados por diferentes atores sociais. Destaca-se a urgência de reconhecer a multiplicidade de concepções e a importância de incorporar dimensões silenciadas e vozes historicamente marginalizadas aos processos de formulação de políticas voltadas ao seu enfrentamento e à redução das iniquidades em saúde no Brasil.
ADESÃO AO GUIA ALIMENTAR BRASILEIRO POR REGIÕES ADMINISTRATIVAS DE SAÚDE EM NATAL/RN: EVIDÊNCIAS DO ESTUDO BRAZUCA
Pôster Eletrônico
1 UFRN
2 USP
Apresentação/Introdução
O acesso a uma alimentação adequada e saudável é influenciada por determinantes territoriais no qual o indivíduo está inserido, como a disponibilidade de alimentos, acessibilidade a produtos e serviços, políticas públicas. Nesse contexto, a adesão às recomendações do Guia Alimentar pode ser influenciada por questões sociais, econômicas e culturais locais.
Objetivos
Analisar a baixa/média adesão de pessoas adultas e idosas ao guia alimentar para a população brasileira e sua relação com as regiões administrativas do município de Natal.
Metodologia
Estudo transversal, de base populacional, um recorte do estudo Brazuca-Natal. A coleta de dados ocorreu de junho de 2019 a março de 2020. A adesão às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) foi realizada por um questionário com 24 questões alinhadas e opostas às recomendações do GAPB. A adesão foi classificada em baixa/média adesão. As regiões administrativas foram definidas seguindo a territorialização da gestão municipal de saúde: norte (I e II), sul, leste e oeste. Para análise estatística, foram realizados teste qui-quadrado entre as variáveis “adesão às recomendações do GAPB” e “regiões administrativas de moradia”.
Resultados
Participaram do estudo 411 pessoas, dos quais 42,8% residiam no distrito sanitário norte, 27,7% no sul, 18,2% no oeste e 11,2% no leste. Do total de entrevistados, 53,3% apresentaram baixa/média adesão ao GAPB. Com relação a adesão ao GAPB por território, 49,3% dos moradores do distrito norte, território caracterizado por alta vulnerabilidade social e econômica, demonstraram baixa/média adesão. Quanto aos residentes no distrito sul, território com melhores condições socioeconômicas, 22,8% foram classificados como indivíduos com uma baixa/média adesão ao GAPB. Moradores dos distritos leste e oeste, apresentaram os menores percentuais de baixa/média adesão, 14,2% e 13,7%, respectivamente.
Conclusões/Considerações
A adesão ao GAPB difere conforme o distrito sanitário de moradia, evidenciando possível impacto das desigualdades por território no acesso e prática de uma alimentação adequada e saudável.
HORTA, POMAR E JARDIM NA EDUCAÇÃO ALIMENTAR, NUTRICIONAL E AMBIENTAL: UMA ANÁLISE DO PROGRAMA ESCOLA VERDEAZUL NO MUNICÍPIO DE LIMEIRA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Departamento Ciências de Alimentos e Nutrição. Campinas, SP, Brasil.
2 Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas. Limeira, SP, Brasil.
Apresentação/Introdução
O município de Limeira-SP executa o Programa Municipal Educação Ambiental “Escola VerdeAzul” com o intuito de apoiar ações no âmbito da Educação Ambiental (EA). Entre as vertentes, o programa institui ações com horta, pomar ou jardim em escolas. Reconhece-se que esses espaços de cultivo promovem a EA e a Educação Alimentar e Nutricional (EAN), com a promoção da alimentação saudável e sustentável.
Objetivos
Analisar o Programa ‘Educação Ambiental Escola VerdeAzul’ em escolas que atuam com horta, pomar e/ou jardim no Município de Limeira,SP e compreender as estratégias de EA e EAN desenvolvidas a partir desses espaços de cultivo.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, fundamentado na avaliação por triangulação de métodos, que combinou análise documental, 78 entrevistas semiestruturadas: 4 entrevistas com profissionais da gestão municipal, 3 com profissionais da alimentação escolar, 18 com a coordenadores de escolas, 32 professores, 7 monitores e 14 auxiliares gerais. Foi realizada a observação participante em 33 escolas municipais, a partir de uma ou mais visitas nos momentos do plantio, manejo da horta, do pomar, do jardim, da colheita, das atividades pedagógicas e de formação profissional. A coleta de dados ocorreu entre 2023 e 2024. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e tem o CAAE: 69439923.1.0000.8142.
Resultados
Identificou-se 33 escolas municipais com horta, algumas também com pomar ou jardim, todas com espaços adequados para práticas pedagógicas de cultivo. Notou-se a potencialidade da horta como parte do processo educativo, reflexivo e de encantamento aos temas da EAN e EA. Práticas de plantio, manejo, colheita, observação da natureza; reciclagem e elaboração de receitas foram identificadas. Cada escola apresenta realidades particulares, com atuações e dificuldades singulares, principalmente por utilizarem recursos próprios. Apesar do escasso apoio da gestão municipal, os descrevem a experiência como positiva e enriquecedora, destacando a importância da experiência para as crianças.
Conclusões/Considerações
Apesar das limitações do programa “Escola VerdeAzul”, como ausência de recursos da gestão municipal, há uma potencialização em cada ambiente escolar enquanto política pública. Portanto, a horta, pomar e/ou jardim são espaços que se configuram em elementos para o desenvolvimento de práxis pedagógicas e possibilitam a inserção transversal e ativa da EAN e EA.
CONSTRUÇÃO DE CONSENSOS E PACTUAÇÃO DE AÇÕES: ANÁLISE DA AGENDA DA CÂMARA INTERMINISTERIAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (2023-2025).
Pôster Eletrônico
1 SECF/MDS
2 Comida do Amanhã
Apresentação/Introdução
A Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan Nacional) por meio da articulação interministerial formula, implementa e monitora a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN). Suas atividades apoiam e subsidiam governança local em ações e políticas públicas voltadas ao enfrentamento da insegurança alimentar nos territórios.
Objetivos
Identificar e analisar temas debatidos nas reuniões da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional no período de janeiro de 2023 a maio de 2025, presentes nas atas publicadas.
Metodologia
Trata-se de pesquisa documental, de abordagem qualitativa, com análise das atas das reuniões da Caisan Nacional (jan/2023–mai/2025), disponíveis no portal da Comunidade Sisan na plataforma ReDUS. As informações foram organizadas em planilhas Excel e analisadas por meio das seguintes categorias: i) governança e estruturação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan); ii) planos, estratégias e orientações nacionais; iii) pactuações intersetoriais e iv) orçamento e financiamento.
Resultados
Das 21 atas e 22 temas analisados, a agenda da Caisan revelou um conjunto de prioridades e desafios constantes para a PNSAN. No Pleno Ministerial (4) predominaram debates sobre aprovações de planos, regimento e estruturas institucionais no combate à fome, como o Plano Brasil Sem Fome, I Plano Nacional de Abastecimento Alimentar, III Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Enquanto no Pleno Executivo (17) predominaram debates sobre as estruturas organizacionais da Caisans, preparação governamental para plenárias do Consea, eventos e reuniões; formulação de políticas, programas e estratégias; e contribuições e avaliações de relatórios.
Conclusões/Considerações
A agenda política da Caisan Nacional abrangeu temas centrais que evidenciam uma atuação robusta na reconstrução e fortalecimento do Sisan pós-período de desmonte, com ênfase em ações estratégicas de combate à fome e na valorização da integração das demandas sociais e institucionais, fundamentais no contexto de reconstrução. Novos estudos podem aprofundar os debates das plenárias e processos de formulação intersetorial da PNSAN.
SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NAS REGIÕES DO BRASIL: UM ESTUDO DE SUA ESTRUTURA A PARTIR DA PESQUISA DE INFORMAÇÕES BÁSICAS ESTADUAIS 2012-2023
Pôster Eletrônico
1 SECF/MDS
Apresentação/Introdução
O estudo investigou, a partir dos suplementos de segurança alimentar da Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic) publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2012, 2013, 2018 e 2023, a instituição dos elementos estruturantes do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) nos estados brasileiros, na perspectiva regional.
Objetivos
Analisar a presença dos elementos estruturantes do Sisan nos estados brasileiros entre os anos de 2012 a 2023.
Metodologia
Trata-se de uma abordagem qualitativa com base no banco de dados de segurança alimentar e nutricional (SAN) da Estadic/IBGE, que consistiu em sistematização dos dados com base nos seguintes aspectos: (i) existência de lei de SAN, do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea Estadual), da Câmara Intersetorial de SAN (Caisan) ou instância governamental de SAN e do Plano Estadual de SAN e (ii) a previsão de recurso orçamentário estadual à Política Estadual de SAN. Os dados foram tabulados em Microsoft Excel, agrupados por regiões e interpretados com base na literatura e nos contextos sociopolíticos.
Resultados
Por meio da Lei de SAN foi possível observar a criação dos componentes do Sisan, sobretudo o Consea, em todos os estados da região Sul, desde 2012. Em 2018 a maior parte das regiões possuíam Caisan, exceto nas regiões Norte e Sul, onde existe desde 2012. Sobre Planos de SAN, sua existência foi citada majoritariamente em 2013 e 2018; apenas nas regiões Sul e Sudeste foram apresentados em 2023. Quanto à previsão de recurso orçamentário estadual à Política de SAN, a maioria dos estados informou a existência em 2013 e 2018. O componente Conferência de SAN não compôs a Estadic.
Conclusões/Considerações
A estruturação do Sisan nos estados se mostrou desigual ao longo dos anos. Os resultados sugerem a necessidade de fortalecer o sistema, principalmente por meio de orçamento e de sua institucionalização. Há demanda em aprofundar estudos relacionados a esses aspectos nos estados para identificar lacunas e potencialidades, visto seus papeis estratégicos nas intervenções em SAN, no monitoramento, na avaliação e no apoio aos municípios.
EXPERIÊNCIAS ADVERSAS NA INFÂNCIA E O PADRÃO DE COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE MULHERES ADULTAS
Pôster Eletrônico
1 Ufes
Apresentação/Introdução
Adversidades na infância configuram experiências potencialmente traumáticas que podem comprometer o desenvolvimento saudável e contribuir para desfechos negativos em saúde ao longo da vida. Fatores emocionais, como estresse e ansiedade, tem sido associado à desregulação do comportamento alimentar e, consequentemente, contribuindo para aumento do risco de agravos nutricionais.
Objetivos
Descrever a relação entre a vivência experiências adversas na infância e os comportamentos alimentares em mulheres adultas.
Metodologia
Estudo transversal, de base populacional, na cidade de Vitória-ES, em mulheres com idade ≥18 anos. Comportamento alimentar foi classificado em escores de: restrição cognitiva (RC), alimentação emocional (AE) e descontrole alimentar (DA). Avaliou-se experiências adversas nas categorias: relacionamento com os pais (negligência física e emocional), abusos (emocional, físico e sexual) e ambiente familiar (abuso de álcool/drogas ilícitas/medicamentos controlados; depressão/doença mental/intenção suicida; familiar encarcerado; separação/divórcio dos pais e falecimento dos pais/responsáveis) e dicotomizadas. As análises foram realizadas com o teste de Mann-Whitney, significância de 5%, Stata 14.0.
Resultados
Das 1.086 mulheres entrevistadas a mediana de AE, DA e RC foram 16,7; 11,1 e 33,3, respectivamente. As adversidades na infância do tipo abusos (psicológico, sexual e físico) e negligências (emocional e física) estiveram significativamente associadas a escores mais elevados de AE (p<0,001). O abuso psicológico, a negligência emocional e os conflitos familiares (depressão/doenças mentais/intenção suicida e separação/divórcio dos pais) também associou a valores mais elevados de DA (p<0,001). O escore de comportamento alimentar de RC foi significativamente menor naquelas que relataram familiar encarcerado, porém o intervalo de confiança se sobrepõe, indicando não associação.
Conclusões/Considerações
Os achados evidenciam que as experiências adversas na infância impactam negativamente os comportamentos alimentares de DA e AE na vida adulta de mulheres, reforçando a necessidade de políticas públicas intersetoriais que agreguem saúde mental, nutrição e proteção social, com ações preventivas e cuidado integral às mulheres, visto os impactos desses comprometimentos na saúde pública.
FATORES ASSOCIADOS À INTRODUÇÃO DE AÇÚCAR AOS SEIS MESES DE VIDA EM CRIANÇAS DO SUDOESTE DA BAHIA.
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
O consumo de açúcar em crianças menores de 2 anos é desaconselhado por órgãos de saúde por estar relacionado a problemas de saúde a curto e longo prazo, como à ocorrência de cáries e ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.
Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo verificar a incidência e os fatores de risco para o consumo de açúcar em crianças aos seis meses de vida.
Metodologia
Trata-se de um estudo de coorte prospectiva, parte da pesquisa “Acompanhamento das práticas de aleitamento materno e alimentação complementar em crianças menores de um ano residentes no município de Vitória da Conquista-Bahia”. A linha de base ocorreu em todas as maternidades do município com posterior visitas domiciliares aos 30 dias, seis e 12 meses de vida das crianças (292 mães e seus bebês). Os dados foram coletados utilizando questionário para levantamento dados sociodemográficos e sobre a introdução de alimentos e açúcar antes dos seis meses de vida. Para verificar os fatores de risco para o consumo de açúcar realizou-se a regressão de Poisson e obtenção do Risco Relativo (RR).
Resultados
Sobre as características maternas, 72,0% tinham idade entre 20 a 35 anos (72,0%). A incidência do consumo de açúcar aos 6 meses foi de 31% (IC 95%: 0,25-0,36). Constituíram-se fatores de risco para introdução do açúcar: o consumo de suco de frutas (RR: 4,54; 2,69-7,65), de leite de vaca (RR: 2,14; 1,20-3,83), uso de engrossante (RR: 2,01; 1,16-3,49) e ingestão de chá (RR: 2,03; 1,18-3,48). Foram fatores protetivos: Idade materna, mães com idade superior à 35 anos (RR: 0,29; 0,19-0,72) e mães com idade entre 20 e 34 (RR: 0,58; 0,39-0,85); escolaridade materna, mães com mais de 12 anos de escolaridade (RR:0,29; 0,16-0,54); e situação conjugal, mães com companheiros (RR:0,56; 0,40-0,79).
Conclusões/Considerações
Foi possível identificar uma incidência elevada do consumo de açúcar antes dos 6 meses de vida e esse consumo esteve associado a outros alimentos que não são recomendados nessa etapa do desenvolvimento. Os resultados mostram a importância do aconselhamento nutricional para os cuidadores em relação aos alimentos não recomendados nos primeiros meses de vida, principalmente aos filhos de pais jovens e com baixo nível educacional.
EFETIVIDADE DA INTERVENÇÃO MEDIADA POR TECNOLOGIA NO CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS DE ADULTOS COM EXCESSO DE PESO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFOP
2
Apresentação/Introdução
O excesso de peso representa um risco para outras doenças e seu controle é desafiador para os indivíduos e para a saúde pública. Na tentativa de superar as dificuldades das condições de vida e facilitar a tomada de decisões para melhora dos hábitos, a tecnologia pode apoiar no tratamento de pessoas com excesso de peso.
Objetivos
Analisar a proporção de consumo de alimentos ultraprocessados (AUP), em porcentagens (%), de acordo com intervenções mediadas ou não por aplicativo móvel nas Unidade Básicas de Saúde (UBS) do município de Ouro Preto - MG.
Metodologia
É um recorte do estudo longitudinal intitulado “Eficácia das intervenções mediadas ou não por tecnologias no cuidado de adultos com sobrepeso ou obesidade na Atenção Primária à Saúde: Um ensaio comunitário randomizado”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFOP. Participam pacientes da UBS de Ouro Preto, alocados em grupo controle e grupo intervenção. O estudo durou 12 semanas e o consumo alimentar foi registrado via Recordatório Alimentar de 24 horas (R24h) e analisado no Dietbox®. Em seguida, obteve-se o valor proporcional do consumo de AUP, se comparado ao consumo diário de calorias. A análise estatística foi realizada utilizando o teste Mann-Whitney no software SPSS 22.
Resultados
Os dados revelam que, em ambos os grupos, a quantidade absoluta de quilocalorias ingeridas no tempo inicial foi superior à registrada no tempo final, sendo essa redução mais pronunciada no grupo intervenção. Quando analisada a porcentagem calórica atribuída aos AUP, observa-se que, no grupo controle, os valores permaneceram relativamente semelhantes entre o tempo inicial e o tempo final, enquanto no grupo intervenção houve uma redução mais significativa ao longo do período de intervenção.
Conclusões/Considerações
A intervenção mediada por aplicativo (app) móvel não demonstrou resultados significativamente diferentes daqueles sem o auxílio do app. Contudo, análises adicionais devem ser realizadas para avaliar se existem fatores que interferiram no resultado, como a usabilidade do app. Fato é, que o estudo é um ponto de partida para novas investigações e busca promover maior autonomia do indivíduo no cuidado e na adesão à hábitos alimentares saudáveis.
REDES DE SOLIDARIEDADE E PRÁTICAS ALIMENTARES ADAPTATIVAS ENTRE JOVENS DA PERIFERIA URBANA DE SÃO PAULO DURANTE E APÓS A PANDEMIA
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP)
2 UNAS Heliópolis e Região
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 agravou a insegurança alimentar em comunidades periféricas urbanas, destacando desigualdades estruturais e a insuficiência de políticas públicas. Redes de solidariedade comunitária e práticas alimentares adaptativas emergiram como respostas resilientes. Este estudo, que integra a pesquisa PANEX-Youth, analisa esses processos em jovens da maior favela de São Paulo, Heliópolis.
Objetivos
Explorar como as redes de solidariedade comunitária e as práticas alimentares adaptativas protagonizadas por jovens da periferia urbana de São Paulo contribuíram para a resiliência frente à insegurança alimentar, durante e após a pandemia de COVID-19.
Metodologia
A pesquisa internacional PANEX-Youth adotou uma abordagem qualitativa e participativa, utilizando métodos freireanos de diálogo e aprendizado colaborativo, realizada no Brasil, África do Sul e Reino Unido. No Brasil, 44 jovens (9 a 29 anos) de Heliópolis e Paraisópolis, duas grandes favelas de São Paulo, participaram de 14 oficinas "world café" (duração média de 3 horas) e exercícios de "visual webs". Nesses encontros, manipularam imagens relacionadas à pandemia e discutiram conexões entre educação, lazer, alimentação e outros desafios sociais. Os dados foram transcritos, codificados e analisados com o software NVivo, visando identificar padrões de resiliência e desafios estruturais.
Resultados
Durante a pandemia, as redes de solidariedade em Paraisópolis e Heliópolis foram essenciais no enfrentamento da insegurança alimentar, com a distribuição de cestas básicas e marmitas por parte das associações de moradores. Jovens participaram ativamente dessas ações, fortalecendo o protagonismo e a resiliência. Ações governamentais de distribuição de alimentos e promoção do acesso à renda também ajudaram a conter a insegurança alimentar. No pós-pandemia, práticas como o preparo de refeições em casa e a priorização de alimentos básicos continuaram, mas desafios como a inflação ainda afetam a segurança alimentar, destacando a necessidade de fortalecer políticas públicas inclusivas.
Conclusões/Considerações
As redes de solidariedade e as práticas alimentares adaptativas foram cruciais para a resiliência alimentar de jovens em São Paulo durante e após a pandemia. No entanto, as desigualdades estruturais e a insuficiência de políticas públicas ainda limitam o acesso a alimentos nutritivos, perpetuando a insegurança alimentar. É essencial fortalecer políticas públicas inclusivas que promovam o protagonismo juvenil em contextos urbanos vulneráveis.
O PROGRAMA COZINHAS SOLIDÁRIAS COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DA INSEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 INCQS/FIOCRUZ
2 Bio-Manguinhos/Fiocruz
Apresentação/Introdução
A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) corresponde ao acesso de todos de maneira regular e permanente a alimentos de qualidade sem que seja cessado o acesso a outras necessidades essenciais. Nesse sentido, discutir estratégias que visem garantir essa conjuntura se faz necessário, e, dentre as iniciativas, as cozinhas solidárias se destacam atualmente.
Objetivos
Realizar uma revisão integrativa de literatura sobre o tema cozinhas solidárias no Brasil.
Metodologia
Foi realizada uma revisão integrativa seguindo as etapas: identificação do tema da pesquisa; definição do problema; formulação de uma pergunta de pesquisa; definição da estratégia de busca; definição dos descritores e bases de dados até a apresentação dos resultados. Foi utilizado o termo “cozinha solidária”, as bases consultadas foram a plataforma Scielo Brazil (www.scielo.br), Portal de Periódicos da Capes (https://www.periodicos.capes.gov.br), Repositóri ARCA da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) (https://www.arca.fiocruz.br) e Pub Med, e o período foi de 2015 a 2025
Resultados
Foram identificados 08 trabalhos na revisão. As cozinhas solidárias do Rio de Janeiro, Salvador, Distrito Federal e Curitiba foram as estudadas no Brasil durante o período avaliado. Temas como a atuação das organizações da sociedade civil no atendimento à demanda emergencial por alimentos; avanços e desafios na experiência de constituição de uma cozinha solidária; combate à insegurança alimentar; construção de espaços de mobilização social; fortalecimento de redes comunitárias; promoção da autonomia para populações em situação de vulnerabilidade; e análise do perfil demográfico e socioeconômico dos usuários foram os discutidos.
Conclusões/Considerações
O estudo permitiu ampliar o conhecimento sobre o tema cozinhas solidárias e políticas na área de SAN. Estas iniciativas são fundamentais para garantir o direito à alimentação e essenciais para consolidar o Programa Cozinhas Solidárias como um modelo permanente no país.
POLÍTICAS DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO: UM PANORAMA SOBRE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UFS
Apresentação/Introdução
Monitoramento e avaliação de políticas, inclusive as de alimentação e nutrição, são as fases em que se identifica o alcance dos resultados e se (re)define os caminhos para o aprimoramento da política. O processo de avaliação de políticas públicas pode não ser prioridade, visto que os resultados podem não ser positivos ou favoráveis à gestão.
Objetivos
Caracterizar o perfil de monitoramento e avaliação de políticas públicas de alimentação e nutrição.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo realizada de acordo com a diretriz do Manual de Síntese de Evidências do Instituto Joanna Briggs e as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR), nas bases de dados: Pubmed (Medline), Embase, Web of Science, Scopus e LILACS. A busca foi realizada em outubro de 2024, sem restrição de ano e de idioma. A seleção foi realizada por dois pesquisadores independentes, em três etapas: (1) exclusão de duplicatas; (2) avaliação de títulos e resumos e (3) leitura do texto completo. Quando necessário, um terceiro pesquisador foi consultado para o consenso.
Resultados
Dos 7.414 estudos identificados na busca, 11 estudos foram incluídos nesta revisão. Os estudos foram em sua maioria publicados em inglês (n=9) e a partir de 1997. O Brasil foi o país com maior número de publicações na área (n=3), seguido pelo Irã (n=2). Nove estudos foram de abrangência nacional. Não há uma padronização nos métodos de monitoramento e avaliação da política. Dois países utilizaram mais de um instrumento para avaliar a política e três utilizaram indicadores específicos.
Conclusões/Considerações
O monitoramento e a avaliação de políticas de alimentação e nutrição, embora tenham importância científica, têm sido realizados de forma incipiente nas diferentes nacionalidades. Além disso, não há padronização nos métodos para monitoramento e avaliação. Evidencia-se a necessidade de cumprir esta fase do ciclo das políticas públicas e de desenvolvimento de orientações e instrumentos avaliativos para a agenda de Alimentação e Nutrição.
INSEGURANÇA HÍDRICA E SUA RELAÇÃO COM A INSEGURANÇA ALIMENTAR EM FAMÍLIAS COM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
3 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Secretaria Extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Apresentação/Introdução
Insegurança hídrica/IH é a falta de acesso à água de qualidade e em quantidade suficientes. Quando presente, tende à aumentar a insegurança alimentar/IA. Famílias com crianças <5 anos são mais sensíveis às consequências da IH, podendo repercutir no desenvolvimento infantil. Compreender fatores sociais associados à IH neste grupo é crucial para orientar políticas públicas eficazes na redução da IA.
Objetivos
Avaliar o perfil de domicílios com crianças menores de 5 anos, de acordo com a IA e sua associação com a IH no município do Rio de Janeiro.
Metodologia
Estudo transversal com dados do I Inquérito de Insegurança Alimentar do Município do Rio de Janeiro (n=2.000). A IH foi avaliada com base na versão brasileira da escala Household Water Insecurity Experiences. Foram analisadas variáveis relativas ao chefe do domicílio (sexo e escolaridade) e do domicílio (renda per capita, presença de crianças < 5 anos e a IA). Análises estatísticas incluíram o cálculo de proporções e intervalos de confiança de 95% (IC95%), com aplicação do teste do qui-quadrado (p<0,05). Os dados foram processados no software STATA 16.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 54473421.6.0000.5257).
Resultados
A IH foi mais prevalente em domicílios chefiados por mulheres (17,1%; IC95%:14,5-20) do que por homens (13,1%; IC95%:10,7-15,9). Observou-se maior prevalência de IH entre indivíduos com menor escolaridade (<8 anos: 18,6%;IC95%:15,4-22,3; 9–11 anos: 17,3%; IC95%: 14,4-20,6; > 12 anos: 4,6; IC95%: 2,9-7,3). Quanto maior a renda, menor a proporção de IH (≥2 SM: 3,1%;IC95%:1,7-5,6; até ½ SM: 34,9%; IC95%:29,3-41). A IH se associou fortemente à IA: (leve = 23,2%;IC95%:18,2-29,2; moderada = 30,9%;IC95%:22,8-40,4; grave = 51,3%;IC95%:41,8-60,7). Houve diferença significativa entre domicílios com (24,1%;IC95%:18,2-31,3) e sem crianças < 5 anos (13,9 %;IC95%:12-15,9).
Conclusões/Considerações
Os achados indicam que IH e IA estão fortemente associadas, sobretudo em famílias com crianças menores de 5 anos, cujos chefes apresentam baixa escolaridade e menor renda. Os dados reforçam o debate sobre os determinantes sociais da IH e a urgência de políticas intersetoriais que garantam equidade no acesso à água e à segurança alimentar, além da ampliação do debate sobre as múltiplas dimensões e implicações sociais da IH.
PREVALÊNCIA DO CONSUMO DE BEBIDAS ADOÇADAS EM ADOLESCENTES REGISTRADOS NO SISVAN
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo
2 Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo.
3 Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Universidade Estadual de Campinas Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo.
Apresentação/Introdução
O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) é uma ferramenta do SUS para monitoramento do estado nutricional da população e de fatores correlatos, como o consumo de bebidas adoçadas. Acompanhar esses dados permite delinear ações para prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis e obesidade, promovendo a segurança alimentar.
Objetivos
Comparar entre as cinco macrorregiões brasileiras a prevalência de consumo de bebidas adoçadas e o excesso de peso em adolescentes no ano de 2024.
Metodologia
Estudo ecológico com dados de consumo alimentar e estado nutricional de adolescentes do SISVAN no ano de 2024, agrupados por unidade federativa, macrorregiões e estados. Foi analisada a frequência de respostas positivas à pergunta “Ontem, você consumiu bebidas adoçadas?”. Foram consideradas bebidas adoçadas: refrigerante, suco de caixinha, suco em pó, água de coco de caixinha, xaropes de guaraná/groselha, suco de fruta com adição de açúcar. O estado nutricional foi avaliado através do Índice de Massa Corporal (IMC) para Idade e considerou-se a prevalencia de excesso de peso (considerando indivíduos classificados com sobrepeso, obesidade, obesidade grave).
Resultados
Nacionalmente (N=816.004), 64% dos adolescentes consumiram bebidas alcoólicas. A região Nordeste registrou a menor prevalência (59%), enquanto Centro-Oeste e Sudeste apresentaram as maiores (ambas 69%). No Brasil, 32% dos adolescentes apresentaram excesso de peso; regionalmente, o Norte teve a menor taxa (27%), e o Sul a maior (37%). As análises por estados destacaram o Maranhão com o menor consumo (49%) e a menor prevalência de excesso de peso (23%). O Rio Grande do Sul apresentou a maior prevalência de excesso de peso (40%), com um consumo de bebidas adoçadas de 61%.Por fim, o maior consumo ocorreu no Amapá (78%) com excesso de peso em 30,5% dos adolescentes.
Conclusões/Considerações
O estudo mostrou alta prevalência de consumo de bebidas adoçadas no país. O Maranhão, estado de menor PIB brasileiro, apresentou as menores prevalências de consumo e excesso de peso. Apesar de indícios de subutilização do SISVAN para os relatórios de consumo alimentar, ressalta-se a importância de políticas públicas de saúde para melhorar o padrão alimentar e indicadores de doenças crônicas não transmissíveis.
ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DA SAÚDE.
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
A transição da adolescência para a vida adulta envolve mudanças significativas no estilo de vida, como busca por autonomia, relacionamentos amorosos e ingresso no ensino superior. Tais fatores, somados ao estresse acadêmico, podem contribuir para a adoção de um comportamento alimentar de risco para transtornos alimentares (TAs), com possíveis reflexos negativos na composição corporal.
Objetivos
Analisar a associação entre o risco de transtorno alimentar e a composição corporal de estudantes universitários da área da saúde.
Metodologia
Estudo transversal com estudantes da área da saúde de uma universidade (CAAE: 78862924.4.0000.5078). A coleta ocorreu em duas etapas: on-line, por formulário com dados sociodemográficos e o Eating Attitudes Test (EAT-26, clas), para triagem de risco de TAs; e presencial, onde foram obtidas medidas de peso, altura e composição corporal por DXA, para identificação da porcentagem de gordura corporal total, ginoide e androide. A amostra foi composta por indivíduos que concluíram todas as etapas e após identificação de baixa frequência de estudantes sem risco (n=17), apenas os com risco foram incluídos no estudo e separados em dois grupos a partir da mediana de pontuação no EAT-26.
Resultados
A amostra foi composta por 368 estudantes com risco de TAs, sendo majoritariamente mulheres (69%), com idade entre 20 e 24 anos (58%) e predominantemente eutrófico (63%). Identificou-se risco moderado (EAT-26 ≤49 pontos) em 51% e risco elevado de transtorno alimentar em 49% da amostra. A média de gordura corporal foi de 31,6% (±10,8). Percentuais significativamente maiores foram observados entre mulheres, indivíduos ≥25 anos e com IMC acima de 25 kg/m² (p < 0,001). Participantes com risco elevado pelo EAT-26 apresentaram maior gordura corporal (p = 0,0007). No modelo ajustado, EAT-26, idade, sexo mantiveram a associação significativa com gordura corporal (R² = 0,295).
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam a associação entre risco de TA e maior percentual de gordura corporal em estudantes universitários da saúde. Destaca-se a importância de políticas públicas intersetoriais, com ações de promoção da saúde, alimentação adequada e acompanhamento multiprofissional no ensino superior, com foco na prevenção de agravos relacionados à percepção corporal e comportamentos alimentares disfuncionais.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E SUA ASSOCIAÇÃO COM O ESTADO NUTRICIONAL E QUALIDADE ALIMENTAR EM ESTUDANTES DE ESCOLAS MUNICIPAIS DE POUSO ALEGRE, MG.
Pôster Eletrônico
1 UNIVÁS
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional compromete o direito à alimentação adequada, afetando principalmente crianças vulneráveis. Seu impacto vai além da desnutrição, afetando a saúde, o desenvolvimento e o acesso equitativo à nutrição de qualidade. Este estudo investiga a IAN entre escolares, evidenciando desigualdades estruturais que afetam crescimento, saúde e acesso à alimentação de qualidade.
Objetivos
Avaliar a prevalência de IAN entre estudantes da rede municipal de Pouso Alegre/MG e sua associação com o estado nutricional e a qualidade alimentar.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de campo, quantitativa, descritiva e de corte transversal. Participaram 143 crianças de 6 a 12 anos da rede municipal de ensino de Pouso Alegre/MG. Aplicou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e um questionário de frequência alimentar aos pais ou responsáveis. Foram aferidos peso e estatura das crianças para cálculo do IMC, com classificação segundo curvas da OMS. A análise dos dados foi realizada no Microsoft Excel. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número 6.974.090 e seguiu a Resolução nº 466/2012 do CNS.
Resultados
Constatou-se que 41,26% dos domicílios apresentavam IAN, sendo 32,90% leve, 4,90% moderada e 3,50% grave. Em relação ao estado nutricional, 56,64% das crianças eram eutróficas, 35,67% estavam com excesso de peso e apenas 7,69% apresentaram magreza. Quanto à qualidade da alimentação, 53,85% dos alimentos in natura eram consumidos todos os dias, enquanto 45,45% dos processados e 40,56% dos ultraprocessados eram consumidos ao menos uma vez por semana. A associação entre IAN, estado nutricional e qualidade alimentar evidenciou padrões alimentares inadequados mesmo entre domicílios em segurança alimentar, refletindo a transição nutricional e vulnerabilidades sociais.
Conclusões/Considerações
A IAN, mesmo em formas leves, está associada à má qualidade alimentar e a distúrbios nutricionais em escolares. A coexistência da insegurança alimentar e obesidade revela o paradoxo da transição nutricional brasileira. A promoção da equidade e justiça alimentar exige políticas públicas locais e nacionais que articulem segurança alimentar, educação e ambientes alimentares saudáveis, reforçando o direito à saúde no século XXI.
CONSUMO ALIMENTAR SAUDÁVEL E SUA ASSOCIAÇÃO COM A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS ENTRE ESCOLARES DO VALE DO SÃO PATRÍCIO (GO)
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Goiás, Goiás, Brasil
2 Universidade Evangélica de Goiás, Campus Ceres, Goiás, Brasil
3 Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba, Brasil
4 Universidade Evangélica de Goiás, Campus Ceres, Goiás, Brasil; Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
5 Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
6 Universidade Federal de Goiás, Goiás, Brasil; Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
Apresentação/Introdução
A alimentação saudável e a prática regular de atividades físicas são pilares essenciais para o crescimento, o desenvolvimento e a promoção da saúde física e mental de crianças e adolescentes. A ingestão frequente de alimentos nutritivos, como frutas, verduras e legumes, está associada a melhores indicadores de saúde, contribuindo para prevenção de doenças nessa faixa etária.
Objetivos
Avaliar a relação entre o consumo regular de alimentos saudáveis, como frutas e verduras/legumes e a prática regular de exercícios físicos ou esportes entre escolares do Vale do São Patrício, em Goiás.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (nº 6.436.246), que contou com a participação de 741 escolares, com idades entre 6 e 18 anos, dos quais 49,26% pertenciam ao sexo feminino. Após a aprovação ética, a coleta de dados foi realizada mediante agendamento prévio com as coordenações escolares. Foram obtidos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos responsáveis e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) dos participantes. Em seguida, foram aplicados os questionários PeNSE e BackPEI. A análise estatística envolveu procedimentos de estatística descritiva e a aplicação do teste do qui-quadrado (χ²).
Resultados
O consumo regular (5 a 7 dias por semana) de frutas e verduras/legumes foi ligeiramente mais frequente entre os meninos (40,4% e 46,0%) do que entre as meninas (39,5% e 44,1%), respectivamente. No entanto, essas diferenças não foram estatisticamente significativas (frutas: p = 0,787; verduras/legumes: p = 0,603). Houve associação significativa entre a faixa etária e o consumo de frutas (p=0,004), com maior frequência entre crianças (45,1%) em relação aos adolescentes (34,7%). Além disso, houve associação entre a prática regular de exercícios físicos e o consumo regular de frutas (p=0,015), sendo mais prevalente o consumo regular de frutas entre os escolares fisicamente ativos (42,0%).
Conclusões/Considerações
Os achados indicam que o consumo regular de frutas está positivamente associado tanto à faixa etária mais jovem quanto à prática regular de atividade física. Esses resultados reforçam a importância de estratégias intersetoriais voltadas à promoção de hábitos alimentares saudáveis e ao estímulo à atividade física entre escolares, contribuindo para a saúde integral na infância e adolescência.
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DESDE A PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO MÉDICA
Pôster Eletrônico
1 Faculdade São Leopoldo Mandic Araras
Apresentação/Introdução
Este projeto se baseia nos princípios da Atenção Primária à Saúde e da Educação Médica e investiga as dimensões sobre a educação em saúde e alimentação saudável nas escolas municipais de educação infantil. Vê-se que os locais de educação médica precisam aprimorar as estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças, especialmente nas escolas, locais privilegiados para ações intersetoriais.
Objetivos
Conhecer as ações de educação em saúde desenvolvidas em uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) no município de Araras, explorar as percepções dos educadores sobre tais iniciativas e identificar possibilidades de melhoria dessas ações.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa. Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica para embasamento teórico relacionado à educação em saúde nas escolas e à promoção da alimentação saudável. A etapa empírica consistiu na aplicação de questionários aos 15 educadores da Escola Municipal de Educação Infantil Nelson Bovo Neto, em Araras/SP. Em seguida, o material foi submetido a uma leitura compreensiva buscando captar uma visão global dos dados, identificando particularidades e regularidades. Posteriormente, os dados foram categorizados por temas e, assim, desenvolveu-se a análise e discussão dos resultados. Esse estudo possui aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Identificou-se que 64,3% dos educadores acreditam que a escola possui acesso constante, suficiente e sem restrição a alimentos saudáveis, sugerindo uma percepção positiva da qualidade alimentar. Sobre a influência familiar na escolha alimentar das crianças, 64,3% e 35,7% dos educadores apontaram que ela ocorre em alto e médio graus respectivamente, reforçando a necessidade de ações educativas com as famílias. Quanto à efetividade das ações de promoção da alimentação saudável na escola, 50% dos educadores acreditam que elas contribuem em alto grau, 42,9% em moderado grau e 7,1% que as ações têm baixa eficácia na mudança do padrão alimentar das crianças, sugerindo que podem ser fortalecidas.
Conclusões/Considerações
Por fim, a percepção positiva sobre o acesso a alimentos saudáveis (64,3%) sugere que há iniciativas institucionais em curso que podem ser potencializadas. Aos futuros médicos, isso implica a necessidade de uma formação que os prepare para reconhecer, apoiar e integrar políticas públicas já existentes, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), articulando-as às ações da Estratégia Saúde da Família (ESF).
APLICAÇÃO DE GRUPO FOCAL PARA A VALIDAÇÃO DE ESCALA DE AFERIÇÃO DA INSEGURANÇA HÍDRICA BRASILEIRA: EXPERIÊNCIAS E PERCEPÇÕES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UNIRIO
3 UFRJ, Secretaria Extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Apresentação/Introdução
Insegurança hídrica (IH) se caracteriza pela falta de acesso à água em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades essenciais à vida. Nesse sentido, faz-se necessário, o uso de instrumentos de mensuração válidos, que sejam capazes de captar as experiências vivenciadas e quais fatores contribuem para a IH nos domicílios brasileiros em contextos regionais e sociais diferentes.
Objetivos
Avaliar a compreensão das perguntas da Escala Brasileira de Insegurança Hídrica/EBIH e as experiências e percepções de moradoras de uma área central do Rio de Janeiro/RJ sobre insegurança hídrica.
Metodologia
Estudo qualitativo baseado em Grupo Focal (GF) que compõe projeto multicêntrico para validação da EBIH em diferentes biomas do país. O GF contou com participação de 10 moradoras (Morro da Providência, área urbana do RJ), acolhidas e dispostas de forma circular, identificadas por números e nomes. Realizou-se leitura do TCLE e das 12 perguntas da versão da EBIH, adaptada da escala original na língua inglesa, abrangendo dimensões do acesso à água nos domicílios. O grupo foi conduzido por pesquisadora treinada para a metodologia e com domínio no tema. Questões disparadoras favoreceram a interação e a discussão do GF que durou 105 minutos. Utilizou-se equipamentos para gravação de voz.
Resultados
Participantes compreenderam a maioria das perguntas da EBIH. Questões que tratam da dimensão do acesso à água (preocupação, lavagem das mãos e a sensação de raiva) foram menos compreendidas. Experiências e percepções em relação à IH, que impactam a rotina familiar foram compartilhadas em especial: fechamento de creches e escolas; prejuízos em fontes de trabalho/renda (manicures e cozinheiras); interrupção da limpeza da casa, lavagem de roupas; prejuízo no acesso à serviços básicos de saúde, na higiene pessoal, no preparo e consumo de alimentos saudáveis; e conflitos/violência na comunidade. Falta d’água foi percebida como causa de sentimentos de estresse, ansiedade, impotência e desespero.
Conclusões/Considerações
O GF, como técnica qualitativa, foi importante para perceber possíveis ruídos e lacunas nas perguntas da EBIH, o que subsidiará a adequação e validação da Escala Brasileira. Ademais, foi capaz de revelar como a falta de acesso à água é uma realidade persistente em locais como o Morro da Providência/RJ e que viola uma série de outros direitos sociais, como educação, saúde, trabalho/renda, segurança pública e alimentação adequada e saudável.
O MENOR ÍNDICE DE SAUDABILIDADE E A MAIOR CHANCE DE COMERCIALIZAR ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS ESTÁ ASSOCIADO À AUSÊNCIA DE NUTRICIONISTA EM ESCOLAS PRIVADAS DE GOIÂNIA
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar escolar inclui espaços onde os alimentos estão disponíveis, como cantinas. Observa-se que escolas privadas apresentam maior disponibilidade de alimentos ultraprocessados e preparações baseadas nesses (AUPP) e menor de alimentos in natura, minimamente processados, processados e preparações associadas (AIMPP), favorecendo hábitos inadequados e excesso de peso entre os escolares.
Objetivos
Verificar a associação do índice de saudabilidade (IS) e da razão AIMPP e AUPP, com a ausência de nutricionista em cantinas de escolas privadas de Goiânia, Goiás.
Metodologia
Trata-se de um recorte do estudo “Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras” (Caeb), em 115 cantinas de escolas privadas de Goiânia. O IS foi calculado atribuindo-se um ponto para cada subgrupo de alimento AIMPP disponível e um ponto para cada subgrupo de AUPP ausente. O escore final foi obtido pela soma dos pontos, dividida pelo total de itens avaliados e multiplicada por 100. Calculou-se a razão entre a disponibilidade de AUPP e AIMPP, no qual valores>1 indicam maior comercialização de AUP em relação à AIMPP, e <1, o contrário. Associações entre IS e ausência de nutricionista foram analisadas no R, por regressão linear, e a razão AUPP/AIMP por regressão logística binomial.
Resultados
Das 115 cantinas avaliadas, 92,2% (n=106) apresentaram ausência de nutricionista. O IS foi significativamente menor nas cantinas sem nutricionista (M=50,2; DP =5,7) em comparação àquelas com o profissional (M=55,6; DP=4,4; p=0,006). A regressão linear indicou que a ausência de nutricionista esteve associada a uma redução de 5,4 pontos no índice de saudabilidade (β =-5,40; IC95%=-9,30;-1,51; p = 0,007). Além disso, as cantinas sem nutricionista apresentaram uma chance quase 10 vezes maior de comercializar mais AUPP do que AIMPP, quando comparadas às cantinas que possuíam o profissional (OR =9,79; IC95%:2,30-44,68; p<0,001).
Conclusões/Considerações
O menor índice de saudabilidade e a maior chance de comercializar alimentos ultraprocessados em escolas privadas esteve associado à ausência de nutricionista em escolas privadas de Goiânia. A atuação desses profissionais no ambiente escolar é fundamental para promover o consumo de alimentos saudáveis, incentivando práticas alimentares que contribuam para a prevenção de doenças e a promoção da saúde, e assim o rendimento escolar.
ESTRATÉGIAS PARA PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA FEMININA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM COMUNIDADES RURAIS: REVISÃO SISTEMÁTICA E DIÁLOGO DELIBERATIVO
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz, Gerência Regional de Brasília (Gereb)
Apresentação/Introdução
Mundialmente, 767.9 milhões de pessoas se encontram em desnutrição (FAO, 2022). No Brasil, 58,7% da população sofre com insegurança alimentar (PENSSAN, 2022), que adquire maior valor em domicílios rurais (Valadares, 2022). A PNSAN estabelece, para promoção de segurança alimentar, a articulação de ações que promovam a equidade de gênero e sistemas familiares sustentáveis de base agroecológica.
Objetivos
Identificar estratégias e obstáculos da promoção da produção familiar agroecológica feminina e seu impacto na segurança alimentar e nutricional de comunidades rurais.
Metodologia
Realização de revisão sistemática com base nas diretrizes PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyses. Busca em 11 bases de dados eletrônicas em saúde e agricultura, sem limitação de período. Seleção dos estudos e extração de dados por duas revisoras independentes. Dados organizados em síntese narrativa/descritiva. Realização de diálogo deliberativo com engajamento de atores sociais e partes interessadas para contextualização dos resultados obtidos. Protocolo publicado na plataforma de ciência aberta Open Science Framework [DOI 10.17605/OSF.IO/K3B9Z]. Submissão no Comitê de Ética em Pesquisa via Plataforma Brasil [CAAE: 74423523.0.0000.8027].
Resultados
Do total de 746 referências, foram selecionadas 21 para inclusão na síntese final, com 22 estratégias identificadas. As estratégias foram categorizadas a partir do âmbito de implementação - governamental, comunitária e individual - e pelas contribuições para as quatro dimensões de segurança alimentar da FAO - acesso a alimentos, disponibilidade de alimentos, estabilidade e utilização. Foram identificadas estratégias nas áreas de educação, infraestrutura, tecnologias, comunicação, financiamento, conhecimento tradicional feminino, propriedade de bens, pesquisa agrícola, representatividade e programas de aquisição de alimentos. Os obstáculos de implementação foram organizados em 10 categorias.
Conclusões/Considerações
A maioria dos estudos selecionados foi publicada a partir de 2017, ano posterior àquele de implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (em especial o ODS 2 - Fome Zero). Observou-se que as experiências dos estudos eram provenientes da América Latina, África e Sul Asiático. A presente revisão reafirma a importância do papel das mulheres e da prática agroecológica na promoção de segurança alimentar e nutricional em áreas rurais.
ANÁLISE ESPACIAL DO SOBREPESO/OBESIDADE EM PRÉ-ESCOLARES SEGUNDO INDICADORES SINTÉTICOS DE DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFRN
2 UEPB
Apresentação/Introdução
O sobrepeso/obesidade infantil é considerado um fenômeno complexo e uma epidemia global, com repercussões significativas nos aspectos fisiológico, emocional, comportamental e social. Nesse sentido, índices sintéticos de desenvolvimento social destacam-se por constituírem importantes ferramentas para a compreensão da realidade social relacionada com esse problema, direcionando políticas públicas.
Objetivos
Analisar a distribuição espacial do sobrepeso/obesidade em pré-escolares baseada em indicadores sintéticos de desenvolvimento e desigualdade social nas unidades federativas do Brasil.
Metodologia
Estudo ecológico com área de análise constituída pelas 27 unidades federativas do Brasil. A variável dependente foi o sobrepeso/obesidade (IMC/Idade > 2 Escores-Z) em crianças pré-escolares (2 a < 5 anos), utilizando-se os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional no período de 2020 a 2024. O Índice de Desenvolvimento Humano e o Índice de GINI foram usados como índices de desenvolvimento e desigualdade social, com dados provenientes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Utilizaram-se técnicas de análise espacial de dados de área a partir das malhas digitais brasileiras por unidade federativa. Foi utilizado o software GeoDa 0.9.9.10.
Resultados
A distribuição espacial média da prevalência do sobrepeso/obesidade mostrou a formação de um cluster com taxas superiores (> 15%) na porção oriental do semiárido nordestino (CE, RN, PB e PE). A análise segundo o Local Indicator of Spatial Association evidenciou a formação desse mesmo cluster, incluindo o estado de AL, com autocorrelação espacial significativa e moderadamente forte (Local Moran’s I = 0,561), e padrão de agrupamento alto-alto. Na análise bivariada, nesse cluster, o sobrepeso/obesidade apresentou associação alto-alto com o índice de GINI e baixo-alto em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano.
Conclusões/Considerações
A configuração espacial do sobrepeso/obesidade em crianças brasileiras de 2 a < 5 anos evidencia sua desigualdade social, concentrada no semiárido nordestino (CE, RN, PB e PE). Os achados denotam padrões regionais que impõem a necessidade de ações centradas nessa localidade.
EFICÁCIA DE UMA INTERVENÇÃO FAMILIAR BASEADA NA DIETA PLANETÁRIA SAUDÁVEL NA ALTERAÇÃO DO IMC DE CRIANÇAS COM EXCESSO DE PESO E RESPONSÁVEIS
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
Crianças com obesidade vivem em ambiente familiar promotor de ganho de peso e intervenções na família parecem mais eficazes. Uma forma de reduzir calorias é a utilização de utensílios adequados para redução do tamanho das porções. Recentemente pesquisadores demonstraram que é possível aliar uma dieta saudável à promoção da sustentabilidade ambiental, contudo não se sabe o impacto no ganho de peso.
Objetivos
Determinar se uma intervenção dietética familiar baseada na Dieta Planetária Saudável (DPS), com orientação para redução do tamanho das porções reduz o IMC em crianças com sobrepeso e obesidade.
Metodologia
Foram randomizadas díades de crianças entre 7 e 12 anos e seus responsáveis para o grupo intervenção (GI) ou controle (GC). No GI, foram realizadas orientações dietéticas baseadas na DPS e orientou-se redução do tamanho das porções por meio de utensílios próprios. O GC recebeu orientações gerais sobre alimentação saudável. As diades criança /responsável participaram de 6 atendimentos ao longo de 3 meses, onde realizou-se atividades educativas e medidas antropométricas. O desfecho primário foi a taxa de variação do IMC das crianças e o desfecho secundário a taxa de alteração do IMC dos responsáveis. Foram realizadas análises por intenção de tratar, com base em modelos de efeitos mistos.
Resultados
De 120 pares de crianças e responsáveis, 60 foram alocados em cada grupo. 84% dos responsáveis apresentaram excesso de peso. As características entre os grupos foram semelhantes na linha de base e as médias estimadas de IMC das crianças foram 27,8 e 28,3 Kg/m2, GI e GC, respectivamente. Ao final, houve diminuição do IMC no GI (Δ=-0,2 Kg/m2) e no GC (Δ=-0,4 Kg/m2), sem diferença significativa entre os grupos (p=0,08). Contudo, a variação do IMC no tempo foi significativa (p=˂0,001). Na linha de base as médias estimadas de IMC dos responsáveis foram 31,3 Kg/m2 no GI e 32,0 Kg/m2 no GC . Ao final, houve aumento do IMC no GI (Δ=+0,2 Kg/m2) e no GC (Δ=+0,4 Kg/m2), sem diferença entre os grupos (p=0,84).
Conclusões/Considerações
Observou-se redução no IMC das crianças do estudo, sem diferença entre a abordagem dietética baseada na DPS mais utilização de utensílios e orientações gerais sobre alimentação saudável. Considerando que a abordagem proposta pode ser realizada por diferentes trabalhadores de saúde, pode ser promissora para contextos que não há a presença de nutricionistas. Apesar da inclusão dos responsáveis nas atividades educativas, não houve impacto no IMC dos pais.
COMPRAS PÚBLICAS DE CARNES DO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) DESTINADAS ÀS ESCOLAS ESTADUAIS E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS NOS SISTEMAS ALIMENTARES
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
2 UCLouvain
3 Universidade Federal de São Paulo
Apresentação/Introdução
As carnes estão entre os alimentos adquiridos pelo PNAE por meio de compras públicas. Apesar de estarem fortemente associadas ao impacto ambiental, não há estimativas nacionais sobre os tipos e quantidades comprados, nem sobre os impactos gerados por sua produção.
Objetivos
Analisar as compras públicas de carnes realizadas com recurso federal do PNAE pelas secretarias estaduais de todo o Brasil e estimar a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) associada à sua produção.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional longitudinal retrospectivo, realizado durante os anos de 2024 e 2025, com dados de notas fiscais das compras públicas de carnes pelas secretarias estaduais de educação com recurso federal do PNAE dos anos 2013, 2015, 2017, 2019 e 2022, e com o número de alunos matriculados na rede estadual de educação de cada estado brasileiro. Foram estimados a quantidade de carne comprada e os valores gastos. O impacto ambiental foi avaliado utilizando o indicador de pegada de carbono para cada tipo de carne.
Resultados
No período estudado, foram adquiridas 118.775 toneladas de carnes, com um gasto total de R$ 36 milhões. Ao comparar os anos de 2013 e 2022, observou-se uma redução de 13,7% na quantidade de carnes adquiridas e de 37,9% no valor gasto. As emissões GEE associadas à produção dessas carnes totalizaram 6 milhões de toneladas de CO₂eq e, de 2013 a 2022, houve uma redução de 17,7% nessas emissões. As carnes bovinas foram as mais adquiridas e as principais responsáveis pelas emissões de GEE associadas.
Conclusões/Considerações
Os dados evidenciam a contribuição das compras públicas de carnes pelo PNAE, e podem orientar uma melhor composição dos volumes de aquisição entre os tipos de carne, a fim de reduzir o impacto ambiental associado a estes alimentos. A redução nas aquisições e emissões pode ser consequência de mudanças nas compras da alimentação escolar e/ou da diminuição do número de alunos matriculados.
DESIGUALDADES SOCIAIS NA INSEGURANÇA ALIMENTAR EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: ANÁLISE DOS ANOS DE 2020 E 2023
Pôster Eletrônico
1 UFPR
Apresentação/Introdução
A alimentação é um direito fundamental, contudo a pandemia agravou as desigualdades no acesso a alimentos no Brasil. A insegurança alimentar representa um entrave significativo a permanência estudantil, sobretudo em contextos de crise socioeconômica, com a suspensão de refeições subsidiadas e o fechamento das instituições de ensino.
Objetivos
Analisar a prevalência de insegurança alimentar e associação com características demográficas e socioeconômicas, em estudantes universitários, nos anos de 2020 e 2023.
Metodologia
Estudos transversais, com estudantes de graduação da UFPR, maiores de 18 anos, com coleta de dados em dois períodos: de agosto de 2020 a fevereiro de 2021 e de julho até dezembro de 2023. O questionário online incluiu a variável dependente: insegurança alimentar, e as variáveis independentes: sexo, idade, cor de pele/raça, situação conjugal, renda familiar e alteração de renda durante a pandemia. Para avaliar as associações entre a insegurança alimentar e as variáveis de exposição foi aplicado o teste do qui-quadrado de Pearson.
Resultados
Participaram 987 estudantes em 2020 e 508 em 2023. A prevalência de insegurança alimentar foi de 32,3% em 2020 (IC95%: 29,4-35,3) e 25,8% (IC95%: 21,9-30,0) em 2023, com redução da insegurança alimentar leve (24,0%-16,1%). As formas moderada (4,9%-4,2%) e grave (3,4%-5,5%) não tiveram alteração. Em 2020 fatores como sexo feminino (35,5%), idade acima de 30 anos (36,9%), cor de pele não branca (44,1%) e renda familiar até 1 salário mínimo (76,0%) mostraram-se associados à insegurança alimentar. Em 2023 a cor de pele não branca (33,0%), renda familiar até 1 salário mínimo (88,2%), e diminuição de renda durante a pandemia (32,9%) estiveram associados à prevalência de insegurança alimentar.
Conclusões/Considerações
Este estudo reflete atenuação da prevalência de insegurança alimentar leve na população de estudantes de graduação da UFPR. Os estudantes mais afetados foram aqueles de cor de pele não branca, cuja renda familiar era de até 1 salário mínimo e que relataram queda na renda durante a pandemia.
DISPONIBILIDADE DE OFERTAS PROMOCIONAIS EM UM APLICATIVO DE DELIVERY DE COMIDAS E BEBIDAS EM UMA CAPITAL BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Apresentação/Introdução
Nos últimos anos o tempo de visualização de informações em aplicativos de delivery de comidas e bebidas aumentou e as estratégias de marketing de alimentos, ao exemplo das ofertas promocionais e cupons de frete grátis, são utilizadas para ampliar o seu alcance a fim de estimular o comportamento de aquisição no Ambiente Alimentar Digital (AAD) das plataformas.
Objetivos
Avaliar se há maior disponibilidade de ofertas promocionais de itens considerados marcadores de alimentação não saudável em um aplicativo de delivery de alimentos.
Metodologia
Estudo longitudinal realizado no período de 14 a 20 de maio de 2025. A amostra foi composta pelas ofertas promocionais de estabelecimentos no aplicativo de delivery, sendo consideradas as seções “Cupons com entrega grátis” e “Restaurantes com entrega grátis”. Foram contempladas as 12 secretarias regionais da capital, e três intervalos de horário: manhã (de 8:00 às 8:30), tarde (de 12:30 às 13:00) e noite (de 19:30 às 20:00), com base nas três principais refeições brasileiras (café da manhã, almoço e jantar). As ofertas foram categorizadas em: frutas e hortaliças; refeições principais; doces e biscoitos; lanches/combos fast-food; bebidas açucaradas; e bebidas alcoólicas.
Resultados
Ao longo dos sete dias, três vezes ao dia, cada pesquisador acessou o aplicativo de delivery utilizando o endereço de entrega correspondente à regional, a partir disso, chegou-se ao total de 11.447 ofertas promocionais nas 12 regionais da capital, sendo 2.468 no café da manhã, 4.196 no almoço e 4.784 no jantar. Dessas, o maior número de ofertas promocionais foi de itens categorizados como fast food 5.332, 4.807 ofertas de refeições principais e, em menor quantitativo, frutas e hortaliças com 180 e bebidas açucaradas com 133. Não foram encontradas ofertas de bebidas alcoólicas.
Conclusões/Considerações
Os achados reforçam que o AAD de aplicativos de delivery possui, entre outras estratégias para aquisição de comidas e bebidas, o apelo de ofertas promocionais e de frete grátis, o que sugere que tais estratégias possam exercer influência sobre a escolha alimentar dos usuários. Foi possível observar que há maior disponibilidade de ofertas promocionais para itens considerados marcadores de alimentação não saudável, como fast food, potencialmente relacionados a desfechos desfavoráveis de saúde e nutrição.
A VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO MONITORAMENTO DO SEGUNDO OBJETIVO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: OBSERVA SAÚDE - SÃO PAULO
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
Fruto de um processo histórico, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram pactuados pela Organização das Nações Unidas em 2015. O segundo objetivo (Fome Zero e Agricultura Sustentável) apela para a melhoria da nutrição infantil em uma de suas oito metas, sendo monitorado por indicadores regionais e nacionais de má-nutrição infantil, comparáveis entre países.
Objetivos
Descrever e analisar o desempenho das macrorregiões de saúde do estado de São Paulo (SP) relativamente aos indicadores de monitoramento da meta 2.2 do segundo ODS, na perspectiva da vigilância nutricional.
Metodologia
Estudo ecológico de série temporal com dados públicos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional brasileiro (SISVAN). Prevalências anuais de baixa estatura, baixo peso e excesso de peso-para-idade entre crianças menores de cinco anos foram calculadas para o período de 2014 a 2023, e classificadas segundo pontos de corte populacionais internacionais, objetivando dimensionar os agravos nutricionais. As tendências das prevalências para cada macrorregião de saúde (RRAS) do estado de São Paulo foram estimadas por regressão de Prais-Winsten (nível de significância de 5%). Adicionalmente, descreveu-se a evolução da cobertura do SISVAN neste período, variável incluída nos modelos de regressão.
Resultados
Na população coberta pelo SISVAN, as taxas de excesso de peso foram altas a muito altas e as de baixa estatura e magreza baixas a médias. A cobertura do SISVAN foi estacionária apenas nas RRAS 2, 8, 11, 14; nas demais RRAS e no estado de SP, houve aumento relevante, particularmente nos últimos três anos da série. Ambas as formas de desnutrição permaneceram estáveis, com exceção da RRAS 9 (aumento da magreza e queda da baixa estatura), RRAS 14 (queda da baixa estatura), RRAS 8, 11, 12 (aumento da magreza), e RRAS 5 (queda da magreza). Apesar da estabilização estadual do excesso de peso, houve queda em muitas macrorregiões de saúde, exceto nas RRAS 1, 3, 4, 5, 12, 13 (tendência estacionária).
Conclusões/Considerações
Os achados refletem a concomitância de três formas de má nutrição entre crianças usuárias do SUS. As RRAS de SP estão distantes de alcançar a Meta 2.2. A estagnação (ou crescimento em algumas regiões) da desnutrição infantil preocupa, bem como as elevadas taxas de excesso de peso (embora com tendência de redução, em conformidade a achados anteriores). O trabalho reforça a importância da perspectiva regionalizada em estudos de vigilância em saúde.
SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: TENDÊNCIA TEMPORAL DA COBERTURA E DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES REGISTRADOS NO CEARÁ, 2014-2024
Pôster Eletrônico
1 UECE
2 UFC
3 UNIFOR
Apresentação/Introdução
A Vigilância Alimentar e Nutricional é uma diretriz estratégica da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), por ser essencial à organização, monitoramento e avaliação da atenção nutricional no Sistema Único de Saúde. Neste contexto, o Brasil dispõe do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) que permite traçar um perfil alimentar e nutricional a nível local.
Objetivos
Analisar a tendência temporal da cobertura e do estado nutricional de crianças e adolescentes no Ceará, segundo registros no Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), entre os anos de 2014 e 2024.
Metodologia
Trata-se de um estudo de série temporal, que utilizou registros de cobertura e do estado nutricional de crianças (05 a 09 anos) e adolescentes (10 a 19 anos) cadastrados no SISVAN, entre 2014 e 2024 no Ceará. Para avaliação da tendência temporal, foi utilizada a regressão de Prais-Winsten para estimar a taxa de incremento anual (TIA). P-valores não significantes (p ≥ 0,05) indicaram tendência de estabilidade, e p-valores significantes (p < 0,05), tendência crescente ou decrescente, conforme a variação anual positiva ou negativa, respectivamente.
Resultados
No Ceará, os registros de crianças de 05 a 09 anos variaram de 245.059 em 2014 e 364.737em 2024, período em que houve redução de magreza acentuada (TIA = -3,08 %) e aumento de obesidade (TIA = 1,79%) e obesidade grave (TIA = 3,41%). Quanto aos adolescentes, os registros variaram de 342.105 em 2014 e 418.695 em 2024. Houve tendência de aumento para excesso de peso, com taxas de incremento anual de 2,06% para sobrepeso, 8,61% para obesidade e 11,59% para obesidade grave. Além disso, quanto à cobertura do estado nutricional no SISVAN, para crianças, houve um salto de 35,59% em 2014 para 56,38% em 2024, e para os adolescentes, 21,79% e 31,82%, respectivamente, sem significância estatística.
Conclusões/Considerações
Verificou-se tendência de aumento relevante para a frequência de excesso de peso em crianças e adolescentes cearenses registrados no sistema, o que é preocupante. É relevante destacar que a cobertura dos registros de informações de estado nutricional no sistema são baixos, embora tenham aumentado ao longo do período investigado. Considerando a complexa interação entre estado nutricional e condições socioeconômicas, mais estudos são necessários.
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA NUTRIÇÃO DE CRIANÇAS BENEFICIADAS PELO BOLSA FAMÍLIA NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE SÉRIE TEMPORAL INTERROMPIDA (2009-2023)
Pôster Eletrônico
1 ISC-UFBA
Apresentação/Introdução
O Bolsa Família tem papel crucial na promoção da saúde infantil no Brasil. A pandemia de COVID-19, contudo, interrompeu avanços no monitoramento nutricional. Este estudo analisa os efeitos dessa interrupção entre 2009 e 2023, evidenciando desigualdades e desafios persistentes na atenção a grupos vulneráveis.
Objetivos
Avaliar os impactos da COVID-19 na cobertura do monitoramento de saúde e no estado nutricional de crianças menores de 7 anos beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, no período de 2009 a 2023.
Metodologia
Estudo de série temporal interrompida com microdados de 5,2 milhões de crianças menores de 7 anos (2009-2023), provenientes do SISVAN. Os dados foram agregados trimestralmente (2009.t1–2023.t4) e analisados com modelos Prais-Winsten com erros robustos. A interrupção foi definida em 2020.t3, data da Portaria MS nº 443/2020, que suspendeu condicionalidades do PBF. Foram analisados: (1) percentual de crianças acompanhadas e (2) prevalência de magreza acentuada e obesidade (IMC/idade). Foram conduzidas análises por subgrupos, incluindo Povos e Comunidades Tradicionais Específicos (PCTE).
Resultados
Antes de 2020.t3, observou-se tendência positiva e significativa na cobertura de monitoramento (+0,008/trimestre) e queda nas prevalências de magreza acentuada (-0,008) e obesidade (-0,006). Em 2020.t3, houve ruptura significativa nas tendências (p<0,001), com quebras entre 0,1% e 3,2%. Após 2020.t3, a cobertura retomou tendência positiva, mas com níveis 11,4% inferiores ao período pré-pandêmico (67,8% em 2020.t2 vs. 56,4% em 2023.t4). Já as prevalências de magreza e obesidade recuperaram os níveis de 2019.t4 na maioria dos grupos, exceto entre os PCTE.
Conclusões/Considerações
A pandemia impactou negativamente o monitoramento e a nutrição de crianças do PBF. Apesar da recuperação, alguns subgrupos, como os PCTE, seguem em situação pior que antes da pandemia. Os achados reforçam a necessidade de políticas equitativas e focalizadas para enfrentar desigualdades na saúde infantil.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM SAÚDE PARA PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO EM MENORES DE DOIS ANOS DE IDADE: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Pôster Eletrônico
1 UFPE
Apresentação/Introdução
Desde os primeiros anos de vida, as crianças consomem quantidades limitadas de alimentos saudáveis, podendo comprometer a saúde durante a vida. As tecnologias educativas são ferramentas que facilitam o processo de ensino-aprendizagem. Logo, a importância da atuação do enfermeiro, através de tecnologias educacionais, na promoção de práticas alimentares saudáveis em crianças menores de dois anos.
Objetivos
O objetivo deste artigo é analisar as tecnologias educacionais utilizadas na promoção da alimentação de crianças menores de dois anos.
Metodologia
Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, seguindo os critérios de Whittemore e Knalf (2005). Utilizou-se a estratégia PICO (patient, intervention, comparison, outcomes), delineando a seguinte pergunta de pesquisa: "Quais as tecnologias educacionais para a promoção da alimentação de menores de dois anos?”. Foram selecionados artigos das bases de dados Scopus, Medline/Pubmed, CINAHL, Web of Science e SciELO, publicados entre 2002 e 2024. Os critérios de inclusão foram artigos completos, focados em tecnologias educacionais para alimentação de crianças menores de dois anos, nos idiomas inglês, espanhol e português. Os artigos selecionados foram publicados até fevereiro de 2024.
Resultados
Foram selecionados 26 artigos, a maioria ensaios clínicos randomizados. As tecnologias apresentadas variaram entre leves, leve-duras e duras, são elas: palestras, aconselhamentos e visita domiciliar, demonstrações culinárias, cartazes educativos, mensagens nutricionais, contação de histórias, grupos focais, folhetos, sites, aplicativos móveis, flipcharts e jogos. Os estudos desenvolveram tecnologias principalmente para mães de crianças menores de dois anos, um deles direcionado às avós e sete para os cuidadores das crianças. Essas tecnologias demonstraram impactos positivos, como aumento da duração do aleitamento materno exclusivo e maior conhecimento dos pais sobre nutrição infantil.
Conclusões/Considerações
A utilização de tecnologias educacionais pode ser uma estratégia eficaz para promover a alimentação saudável de crianças menores de dois anos, desde que desenvolvidas com base nas necessidades das mães e avaliadas quanto à sua eficácia. Novas pesquisas são necessárias para desenvolver e avaliar tecnologias educacionais mais efetivas nesse contexto.
ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO NO PRIMEIRO MÊS DE VIDA: QUAIS SÃO OS FATORES ASSOCIADOS?
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de São joão del-Rei , programa de pós Graduação em Enfermagem (PGENF) - divinópolis- MG
2 Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) , Divinópolis, MG
3 Universidade federal de São João del-Rei (UFSJ) Divinópolis, MG
4 Ministério do Desenvolvimento e Assistência Sicual, Família e Combate a Fome, Brasília, Brasil
5 Universidade do Estado de Minas Gerais, Divinópolis- MG
6 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
7 Universidade Federal de São del-Rei (UFSJ)
Apresentação/Introdução
Introdução: O aleitamento materno exclusivo (AME) é fundamental para a saúde do bebê. São escassas investigações que analisem os fatores associados ao AME no primeiro mês de vida, momento considerado de grande vulnerabilidade para o desmame precoce
Objetivos
Objetivo: Avaliar a prevalência e os fatores associados ao aleitamento materno exclusivo (AME) no primeiro mês de vida do bebê.
Metodologia
Este estudo transversal, conduzido em um município do centro-oeste mineiro entre março/maio de 2024, investigou 185 crianças nascidas em fevereiro.Em visitas domiciliares, coletaram-se dados clínicos do bebês e mães, antropométricos bebês, sociodemográficos mãe e família, e de segurança alimentar EBIA.Avaliou-se também o nível socioeconômico ABEP e sintomas de depressão materna EPDS.O AM foi aferido com formulário do MS para menores de seis meses. AME foi definido por resposta "Sim" à pergunta "A criança ontem tomou leite do peito?" e "Não" para consumo de outros itens. Realizou-se análise descritiva e regressão logística binária múltipla para identificar fatores associados ao AME.
Resultados
Estudo/141 mães bebês revelou 69,5% AME.54,6% meninos, 91,5% a termo, 51,7% de cesárea, 95% com boa vitalidade.Mães 61% entre 25-34anos, 50,4% brancas,49,6% com ensino médio 53,1% das famílias/classe B2.93,62% das mães residiam com companheiro, recebendo 94,3% de apoio dele a 90,07% de familiares/cuidado com o bebê.Sobre a gestação 96,5% fizeram mai de seis consultas pré-natal, 70,2% planejaram a gravidez, 46,81% eram primigestas.40,4% das mães tinham sinais de depressão/17,7%/famílias estavam insegurança alimentar.Análise logística mostrou que mães com ensino médio têm 4,32 vezes mais chances de AME/que receberam apoio familiar nos cuidados com o bebê têm 3,73 vezes mais chances de AME
Conclusões/Considerações
Avaliar a prevalência e os fatores associados à amamentação exclusiva/primeiro mês de vida em um contexto específico da região centro-oeste de Minas Gerais/Brasil.A pesquisa revela que maiores níveis de escolaridade materna/suporte familiar efetivo estão associados a melhores práticas de amamentação/escolaridade materna/apoio de familiares nos cuidados com o bebê são fatores independentemente associados ao desfecho AME no primeiro mês de vida
A CONTRIBUIÇÃO DA INTRODUÇÃO PRECOCE DE BEBIDAS ADOÇADAS, SALGADINHOS DE PACOTE E BISCOITOS COMO FORMADORES DO HÁBITO ALIMENTAR INADEQUADO EM CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES
Pôster Eletrônico
1 UFPA
2 UFAL
Apresentação/Introdução
Os primeiros 1000 dias de vida, da concepção até os dois anos, são cruciais para o desenvolvimento infantil. O Guia Alimentar para menores de 2 anos orienta que, a partir dos seis meses, a introdução alimentar seja com oferta de alimentos in natura e minimamente processados, evitando ultraprocessados, pois os hábitos alimentares formados nesse período podem influenciar escolhas ao longo da vida.
Objetivos
Nesse contexto, o objetivo dessa pesquisa é analisar a frequência do consumo de salgadinhos de pacote, bebidas adoçadas e biscoitos como formadores do hábito alimentar inadequado em crianças de 6 a 24 meses.
Metodologia
Estudo de aspecto quantitativo com análise de dados secundários do ENANI-2019 envolvendo 4.797 crianças de 6-24 meses. Para este estudo, foram consideradas as seguintes características sociodemográficas: cor/raça, sexo, quintos do Indicador Econômico Nacional (IEN) e macrorregiões. Foi avaliado o consumo alimentar das crianças no dia anterior a entrevista do ENANI-2019, com foco na ingestão de bebidas adoçadas (refrigerante e suco industrializado), salgadinhos de pacote e biscoitos. A coleta do consumo dos alimentos foi realizada a partir de um questionário geral fechado. Os dados obtidos permitiram a análise da frequência do consumo dos alimentos em crianças de 6-24 meses.
Resultados
A maior parte das crianças analisadas residia na região Sudeste (36,4%) e Nordeste (25,5%), 47,9% eram pardas, 44,9% brancas e 6,5% eram pretas. Considerando os quintos do IEN, 22,5% estavam no 1º quinto e 19,6% estavam no 5º quinto. Foi observado o consumo elevado de alimentos ultraprocessados em crianças de 6-24 meses, destacando o consumo de Biscoitos (51,1%) seguido de Bebidas adoçadas (14,5%) e Salgadinhos de pacote (9,6%). A presença do consumo expressivo desses alimentos em crianças de 6-24 meses, revela uma introdução alimentar inadequada, com potencial de impacto negativo no desenvolvimento do paladar e no risco de doenças crônicas.
Conclusões/Considerações
Os dados indicam uma introdução precoce dos alimentos analisados em crianças de 6-24 meses, especialmente de Biscoitos. O consumo frequente desses alimentos, pode influenciar negativamente na formação do hábito alimentar e persistir ao longo da vida, favorecendo a preferência por alimentos com alto teor de açúcar, sódio e gorduras
ASSOCIAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS COM SÍNDROME DO OBESO EUTRÓFICO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
O consumo alimentar saudável é fundamental na prevenção de alterações de composição corporal e estado metabólico. Entre universitários, padrões alimentares com alto consumo de alimentos ultraprocessados e baixa ingestão de alimentos in natura, contribuem para a síndrome do obeso eutrófico, caracterizada por Índice de Massa Corporal (IMC) adequado, mas excesso de gordura e risco metabólico elevado.
Objetivos
Verificar a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a ocorrência de síndrome do obeso eutrófico (SOE) em estudantes universitários da área da saúde.
Metodologia
Foram utilizados dados de 390 estudantes universitários maiores de 18 anos, de ambos os sexos, matriculados nos cursos da área da saúde. A composição corporal foi realizada por absorciometria por dupla emissão de raios X (DXA) e para o percentual de gordura foram utilizados os pontos de corte por Pollock & Wilmore, e o IMC foi avaliado pelo indicador da Organização Mundial da Saúde. O consumo de alimentos ultraprocessados foi analisado pelo Escore NOVA, através de um questionário eletrônico. As variáveis sociodemográficas, acadêmicas e de estilo de vida foram avaliadas por um questionário próprio e autoaplicável. Utilizou-se nível de significância de 5%.
Resultados
Idade mediana de 22 anos (21-24). A prevalência encontrada de SOE foi de 43%, sendo presente em 78,6% (132) das mulheres. O peso médio foi 63,1kg (55,5-74,5); com SOE: 60,4kg (55,9-66,4); sem SOE: 67,8kg (55,0-81,9). Percentual de gordura total: 31,3% (23-39); com SOE: 34,7% (30,8-39,6); sem SOE: 27,7% (20,6-38,4). Os cursos com maior participação e concentração de SOE foram, respectivamente, Nutrição (24,9% (98); 25,6% (43)) e Medicina (22,7% (89); 22,0% (37)). No consumo alimentar, bebidas à base de chá, batata frita congelada e chocolate em barra foram significativamente mais consumidos pelo grupo SOE (p<0,05). A mediana do Escore NOVA foi 2 (1-5), sem diferença significativa.
Conclusões/Considerações
Observou-se alta prevalência de SOE e especialmente entre as mulheres O percentual de gordura total foi superior no grupo SOE, associado ao maior consumo de alimentos ultraprocessados, com maior frequência entre os cursos de nutrição e medicina. Tais achados reforçam a necessidade de estratégias de intervenção alimentar direcionadas aos estudantes da área da saúde, visando a redução de ultraprocessados e a promoção da saúde.
INIQUIDADES SOCIAIS NO VAREJO DE ALIMENTOS NO RIO GRANDE DO SUL: ANÁLISE TEMPORAL DE 2010 A 2022
Pôster Eletrônico
1 UFRGS
Apresentação/Introdução
No contexto da transição alimentar e nutricional, nas últimas décadas, ocorreram importantes mudanças no ambiente alimentar, principalmente na ampliação da disponibilidade de alimentos ultraprocessados. Estudar as mudanças no ambiente alimentar comunitário ao longo dos anos se faz importante para monitorar a disponibilidade de alimentos saudáveis e ultraprocessados em diferentes estratos socioeconômicos.
Objetivos
Descrever as mudanças no ambiente alimentar comunitário entre os anos de 2010 a 2022 em todos os municípios do estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil, e avaliar as desigualdades sociodemográficas associadas.
Metodologia
Estudo ecológico, com dados secundários públicos, cujas unidades de análise foram os municípios do RS (n=496 em 2010; n=497 em 2022). Foram extraídos dados do varejo de alimentos (RAIS) e sociodemográficos (Censos Demográficos de 2010 e 2022 e PNUD). Os estabelecimentos foram classificados de acordo com a metodologia Locais-Nova, a partir da aquisição predominante, baseada no grau de processamento dos alimentos. Os dados foram analisados no software Stata versão 14.0. Usados os testes Wilcoxon, Mann-Whitney ou Kruskal-Wallis para comparações e regressão de Prais-Wisten para avaliar tendências temporais entre 2010 e 2022 no varejo de alimentos, estratificadas por variáveis sociodemográficas.
Resultados
Houve redução significativa na densidade de estabelecimentos em todo varejo de alimentos (Coef.: -2,97; IC95%: -3,34;-2,61), com maior redução nos estabelecimentos fonte de ultraprocessados (Coef.: -3,34; IC95%: -3,65;-3,02). Porém, em 2022, a densidade desses estabelecimentos (mediana: 24,5; min/máx: 4,4-124,8) foi o dobro da densidade de estabelecimentos fonte de alimentos in natura/minimamente processados (mediana: 13,1; min/máx: 0,0-95,8). Municípios com ≥100mil habitantes, IDHM alto/muito alto, menor taxa de analfabetismo e maior percentual de minorias étnico-raciais apresentaram menores reduções na densidade total em comparação às outras categorias.
Conclusões/Considerações
A retração do varejo alimentar afetou de maneira desproporcional os municípios mais vulneráveis, impactando negativamente na disponibilidade de alimentos saudáveis. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas que promovam maior equidade no ambiente alimentar.
PERFIL DOS ALIMENTOS COMERCIALIZADOS NAS CANTINAS DAS ESCOLAS PRIVADAS DE GOIÂNIA - GO
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar escolar exerce papel fundamental na formação de hábitos alimentares das crianças e adolescentes. A disponibilidade e acessibilidade de alimentos não saudáveis, aliada ao sedentarismo, pode favorecer o aumento da obesidade e o risco de doenças crônicas. Conhecer o que é comercializado nas cantinas escolares é necessário para embasar políticas públicas.
Objetivos
Identificar o perfil dos alimentos comercializados nas cantinas de escolas privadas de Goiânia, Goiás, segundo a classificação NOVA.
Metodologia
Trata-se de estudo ecológico transversal, vinculado ao projeto matriz “Comercialização de alimentos em escolas brasileiras" (Caeb). A coleta de dados foi realizada entre 2023 a 2024, tendo como campo amostral as cantinas de escolas privadas, de ensino fundamental e médio, de Goiânia, Goiás. Foram elegíveis 115 cantinas que foram visitadas por entrevistadores capacitados. O questionário utilizado levantou informações sobre a disponibilidade e variedade de alimentos, bebidas e preparações culinárias comercializados nas escolas, incluindo 50 tipos de alimentos, que foram classificados segundo a NOVA. A análise descritiva dos alimentos foi realizada no Excel.
Resultados
Do total de alimentos comercializados, 68,3% eram alimentos ultraprocessados e preparações baseadas nesses (AUPP), com destaque para refrigerante, encontrado em quase todas as escolas (99,1%). O chocolate (83,4%), sorvete (79,1%) e guloseimas (75,6%) também estavam presentes em grande parte das cantinas. Por outro lado, apenas 31,7% dos alimentos comercializados eram alimentos in natura, minimamente processados, processados e preparações associadas (AIMPP), com destaque para a água mineral sendo comercializada em 96,5% das cantinas. A oferta de frutas foi baixa, com apenas 14,7% das escolas comercializando algum tipo de fruta fresca e 37,3% salada de fruta simples.
Conclusões/Considerações
As cantinas das escolas privadas de Goiânia apresentaram elevada comercialização de AUPP e baixa comercialização de AIMPP. Esse cenário reforça a necessidade de ações que assegurem o Direito Humano à Alimentação Adequada nas escolas, tais como, legislações municipais e estaduais que inibam a comercialização de alimentos ultraprocessados e preparações baseadas nesses nas cantinas.
ESTIGMA DE PESO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
O estigma do peso é um preconceito em ascensão que se refere às rotulações de indivíduos pelo tamanho corporal fora dos padrões, gerando exclusão social. Sua presença dentre os profissionais da saúde é evidente, sendo motivo de questionamento da qualidade do atendimento realizado. Portanto, é necessário investigar sua presença em estudantes para promover um cuidado futuro mais ético e empático.
Objetivos
Identificar a presença do estigma do peso em estudantes universitários da área da saúde e relacionar com aspectos sociodemográficos.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal de enfoque quantitativo com estudantes dos cursos da área da saúde de uma universidade, de ambos os sexos, maiores de 18 anos que estivessem regularmente matriculados em qualquer período, entre abril a dezembro de 2024. Os participantes responderam de forma online o questionário sociodemográfico e a escala Beliefs About Obese Person (BAOP), com o seu score categorizado em quartis. Para avaliar a presença do estigma do peso nos estudantes foi utilizado o teste de qui-quadrado para variáveis categóricas, e o teste de Mann-whitney para as variáveis numéricas. Adotou-se nível de significância de 5%.
Resultados
Foram avaliados 462 estudantes, sendo 20,13% desses com valores acima do terceiro quartil da BAOP. Não foram encontradas diferenças nas frequências ou medianas entre os grupos de BAOP e características sociodemográficas. Entretanto, foi encontrada uma associação estatisticamente significativa entre os estudantes da área da saúde e a presença de estigma do peso (χ² = 20,55; p = 0,015), de modo que os estudantes de Nutrição, Educação Física e Psicologia apresentaram maior proporção de alunos classificados no quartil 4. Já os cursos de Medicina, Biomedicina e Enfermagem apresentaram maiores frequência de acadêmicos no quartil 1-3.
Conclusões/Considerações
O estigma do peso é influenciado pelo curso de graduação da área da saúde, mas não parece ser influenciado pelo sexo, idade e peso dos indivíduos. Esse cenário é preocupante, pois tais crenças podem impactar negativamente a atuação profissional futura. É fundamental discutir o tema na formação acadêmica, visando uma prática mais empática e livre de preconceitos com pessoas com obesidade.
PÂNTANOS ALIMENTARES: ASSOCIAÇÃO COM O CONSUMO ALIMENTAR E O ESTADO NUTRICIONAL EM PARTICIPANTES DA COORTE DE UNIVERSIDADES MINEIRAS
Pôster Eletrônico
1 Doutoranda no curso de pós-graduação em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
2 Residência Pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
3 Prefeitura Municipal de Ubá, MG.
4 Professora Associada no Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
5 Discente do curso de graduação em nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
6 Professora Associada do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (DNS/UFV).
7 Professor Titular do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
8 Professora Titular da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Apresentação/Introdução
Adotar uma alimentação saudável envolve mais do que escolhas individuais. O ambiente alimentar, moldado por fatores físicos, econômicos, políticos e socioculturais, influencia diretamente os padrões alimentares da população, podendo favorecer práticas que contribuem para prevenção ou desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.
Objetivos
Avaliar a associação entre a presença de pântanos alimentares e o consumo de alimentos saudáveis e não saudáveis, bem como o estado nutricional de participantes da Coorte de Universidades Mineiras.
Metodologia
Estudo transversal com dados coletados entre 2016 e 2022. Informações foram obtidas via questionário online (dados sociodemográficos, clínicos, estilo de vida e QFA). Endereços residenciais e estabelecimentos comerciais foram georreferenciados via Google Earth. Pântanos alimentares foram definidos como setores censitários com ≥4 estabelecimentos do tipo lanchonete, minimercado, mercearia ou comércio varejista de doces (dados da SEF/MG). O consumo alimentar foi avaliado por escores de marcadores do Sisvan, e o estado nutricional, pelo IMC. As análises foram conduzidas no Stata 14.0 (p < 0,05).
Resultados
Foram incluídos 2.577 participantes, média de 36 anos, 73% mulheres, 65% brancos e 54% com pós-graduação. A mediana da renda familiar foi R$ 8.000,00, e 73% estavam empregados. Cerca de 26% residiam em pântanos alimentares e 39% apresentavam excesso de peso. Morar em áreas com pântanos alimentares associou-se a maior escore de consumo de alimentos não saudáveis, mesmo após ajustes (β = 0,23; IC95%: 0,01–0,45). Não foi observada associação significativa entre a exposição a pântanos alimentares e excesso de peso (p > 0,05).
Conclusões/Considerações
Residir em pântanos alimentares esteve associado a pior qualidade da dieta, mas não ao excesso de peso. Os achados apontam para a necessidade de aprofundamento com análises longitudinais. Destaca-se a importância de políticas públicas que restrinjam a oferta de alimentos ultraprocessados, ampliem o acesso a alimentos saudáveis e promovam ações de educação alimentar e nutricional.
DISPONIBILIDADE E TIPO DE PUBLICIDADE NO VAREJO DIGITAL DE ALIMENTOS
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 Deakin University
3 USP
Apresentação/Introdução
O crescimento do varejo digital de alimentos, impulsionado pela pandemia de COVID-19, exige compreender como os alimentos são promovidos nessas plataformas. Acredita-se que há predominância dos alimentos ultraprocessados, e essa alta disponibilidade e divulgação deles pode impactar negativamente a saúde, tornando essencial analisar sua apresentação e divulgação no e-commerce de supermercados.
Objetivos
Avaliar a disponibilidade e o tipo de publicidade de alimentos no varejo digital de supermercados, considerando o grau de processamento, as estratégias de marketing e a presença de informações nutricionais.
Metodologia
Estudo transversal realizado em Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP), com dados coletados em setembro de 2023. A amostra incluiu Atacadão, Carrefour, Pão de Açúcar e Savegnago, que representam 25% do mercado. Utilizou-se o protocolo "Online Grocery Store Assessment Tool" proposto pelo INFORMAS e o instrumento. Os alimentos foram classificados segundo a classificação NOVA de alimentos. Avaliaram-se estratégias de publicidade, alegações de marketing, apelos de sustentabilidade, informação nutricional e rotulagem frontal. As análises foram feitas pelo teste exato de Fisher.
Resultados
Os alimentos ultraprocessados foram os mais frequentemente observados (99,16% em páginas de não saudáveis, 57,59% em promocionais, 43,96% em inicial). Eles concentraram a maior parte dos apelos promocionais, com destaque para múltiplas ofertas (89,25%), alegações de marketing (88,68%) e alegações de saúde e bem-estar (57,58%). Frequentemente, receberam apelos de frete grátis e descontos temporários. Notavelmente, apelos de sustentabilidade (orgânico, cultivado localmente, produção sustentável) também foram mais aplicados a ultraprocessados, contrariando as expectativas.
Conclusões/Considerações
O varejo digital de supermercados favorece a promoção de ultraprocessados, com destaque para estratégias publicitárias que associam esses produtos a saúde, bem-estar e sustentabilidade. A escassa informação nutricional compromete o direito à escolha consciente. É urgente ampliar a regulamentação e o monitoramento do ambiente digital para promover a alimentação saudável.
EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA POR COMPRAS DE CARNES NO PNAE (2013–2022): PANORAMA NACIONAL E DIFERENÇAS ENTRE CLUSTERS DE SISTEMAS ALIMENTARES
Pôster Eletrônico
1 USP
2 UCLouvain
3 UNIFESP
Apresentação/Introdução
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um dos maiores do mundo e promove o direito à alimentação saudável para milhões de estudantes. Apesar dos avanços nutricionais, critérios ambientais ainda são pouco considerados nas compras públicas. A produção de carne, especialmente bovina, representa relevante fonte de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Objetivos
Analisar as aquisições de carnes realizadas pelo PNAE entre 2013 e 2022, estimar as emissões de GEE associadas e comparar os padrões de compra e impacto ambiental entre clusters de sistemas alimentares.
Metodologia
Estudo observacional retrospectivo com base em 10.487.904 notas fiscais de compras públicas com recursos federais do PNAE, entre 2013 e 2022. As carnes foram agrupadas por tipo, e as emissões de GEE estimadas a partir de fatores de emissão propostos por Poore & Nemecek (2018). Os dados foram agregados regionalmente, com base em quatro clusters de sistemas alimentares, definidos por características econômicas, sociais, nutricionais e ambientais. Foram realizadas análises descritivas para estimar as quantidades adquiridas, as emissões totais e relativas de CO₂ equivalente e as diferenças entre os clusters.
Resultados
Entre 2013 e 2022, foram adquiridas mais de 755 mil toneladas de carnes, o que corresponde a cerca de 41,7 milhões de toneladas de CO₂ equivalente. A carne bovina foi a mais comprada (38,1%) e respondeu por 80,2% das emissões. Um cenário nacional de redução de 30% da carne bovina, com substituição por 10% de carne de ave, 10% suína e 10% pescado, reduziria em 26% as emissões de GEE. No período, o Cluster A (Cinturão Agrícola) apresentou redução de carne bovina e aumento de aves; o Cluster B (Hub Econômico Central) destacou-se pela elevação da carne suína; os Clusters C (Nordeste) e D (Amazônia) ampliaram a participação das aves, seguidas da carne bovina.
Conclusões/Considerações
A aquisição de carne bovina representa parcela significativa das emissões de GEE decorrentes das compras de carnes do PNAE. Os padrões de compra variaram entre os clusters, refletindo desigualdades e especificidades regionais. A adoção de cenários sustentáveis pode reduzir as emissões, desde que respeite as diferenças culturais e alinhe a alimentação escolar de qualidade aos compromissos climáticos.
APOIO SOCIAL PERCEBIDO E SUA RELAÇÃO COM OS NÍVEIS DE INSEGURANÇA ALIMENTAR NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UNESP
Apresentação/Introdução
A Insegurança Alimentar e Nutricional (IA) caracteriza-se pela limitação no acesso regular a alimentos em quantidade e qualidade adequadas para uma vida saudável. Está fortemente relacionada a desigualdades sociais e econômicas. Nesses contextos, o apoio social — especialmente o de redes informais — exerce papel importante no enfrentamento das dificuldades impostas pela IA.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo investigar se há diferenças nos tipos de apoio social percebido entre indivíduos em situação de segurança alimentar (SA) e aqueles com insegurança alimentar (IA) nos níveis leve (IAL), moderada (IAM) e grave (IAG).
Metodologia
Estudo transversal realizado entre julho/2024 e abril/2025 (n=452), com adultos (≥18 anos), não gestantes, nas salas de espera de todas as unidades de atenção primária à saúde (APS) de Botucatu (SP). Os dados foram obtidos via plataforma RedCap por alunas de graduação/pós-graduação. A IA foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, classificando os participantes em SA, IAL, IAM ou IAG. O apoio social percebido foi mensurado pela escala MOS-SSS - escores de 0 a 100. As análises foram feitas no SPSS v.29.0 (p<0,05), com uso do teste de Kruskal-Wallis para comparação dos escores de apoio social entre os níveis de IA. O projeto foi aprovado sob CAAE: 77566724.30000.5411.
Resultados
A prevalência de IA foi 32,1% de IAL, 14,2% de IAM e 6,9% de IAG. O escore de apoio social total teve mediana de 89,5 (IIQ=69,7–98,7), com diferença significativa entre os níveis de IA (p<0,001). Comparações par a par revelaram diferenças entre IAM e IAL (p=0,026), IAM e SA (p<0,001) e IAG e SA (p=0,004), com diminuição do escore ao aumento da gravidade da IA. Entre os diferentes tipos de apoio, as medianas foram: material 93,8 (IIQ=68,8–100), afetivo 100 (91,7–100), emocional 100 (68,8–100), informacional 93,8 (62,5–100) e interação social 100 (64,1–100). Apenas o escore de apoio de interação social mostrou diferença entre os níveis de IA (p=0,014), especificamente entre IAL e SA (p=0,009).
Conclusões/Considerações
Foi identificada alta prevalência de IA entre usuários da APS. A percepção de apoio social total foi menor em indivíduos com IA, principalmente nos níveis moderado e grave. O apoio à interação social destacou-se por variar significativamente entre os níveis de IA, especialmente entre SA e IAL, indicando sua relevância no enfrentamento da condição. Fortalecer redes sociais pode contribuir para reduzir os impactos da insegurança alimentar.
O QUE IMPACTA A ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO DO CAMPO? DIAGNÓSTICO DE TERRITÓRIOS ADSTRITOS DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA REGIÃO NORTE DO DISTRITO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz - Brasília
Apresentação/Introdução
A alimentação constitui-se ponto fulcral para o bem-viver da população do campo. Apesar disto, a segurança e soberania alimentar desta população encontra-se constantemente ameaçada, enfrentando a insegurança alimentar. Assim, é urgente que se encontre estratégias para a promoção do Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequada.
Objetivos
Descrever as potencialidades e fragilidades que impactam na alimentação de territórios adstritos de Unidades Básicas de Saúde Rurais da Região Norte do Distrito Federal, através do diagnóstico realizado por nutricionistas residentes.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, observacional e descritivo, utilizando a Matriz FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) para o diagnóstico territorial. Foram consideradas apenas Unidades Básicas de Saúde (UBS) Rurais da Região Norte do Distrito Federal. Para o diagnóstico, participaram 4 nutricionistas vinculados ao Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família com ênfase em Saúde da População do Campo da Fiocruz-Brasília, atuantes em 4 UBS que atendem a população do campo. Por meio do Diagnóstico Rural Participativo, com posterior análise de similitude entre os quadrantes das Matrizes de cada território para construção da Matriz final.
Resultados
O conjunto dos diagnósticos territoriais das 4 UBS que atendem a população do campo, através da análise de similitude, explicitou que as Fortalezas dos territórios estão relacionadas aos coletivos, rede de serviço e agricultura familiar. Enquanto às Oportunidades, aparecem intimamente relacionadas à aspectos das Fortalezas, visando o aproveitamento da agricultura familiar, saberes ancestrais, coletivos e a rede de serviços. Já as Fraquezas, foram identificadas no âmbito do acesso aos alimentos, serviços públicos e políticas públicas. As Ameaças aparecem como o quadrante que mais possui elementos, relacionados ao agronegócio, transição nutricional e ausência de políticas públicas.
Conclusões/Considerações
Este diagnóstico aponta para uma série de fatores estruturantes, que somente serão passíveis de serem solucionados mediante ação popular organizada e protagonizada por quem vivencia as diversas iniquidades descritas. Para isto, o papel do Estado de forma presente e resolutiva, é fundamental. No sentido de co-construir estratégias que envolvam a participação das comunidades, considerando a singularidade de cada território e a vida campesina.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO: EVIDÊNCIAS DE UM ESTUDO REALIZADO COM UNIVERSITÁRIOS DO INTERIOR DO AMAZONAS.
Pôster Eletrônico
1 UFSM
2 UFAM
3 ILMD / Fiocruz Amazônia
Apresentação/Introdução
Ter acesso a uma alimentação adequada é um direito humano garantido pela política de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). A violação desse direito gera impactos individuais e coletivos. Avaliar a insegurança alimentar entre universitários do interior do Amazonas é essencial para compreender vulnerabilidades e orientar ações para fortalecer a permanência e o sucesso acadêmico.
Objetivos
Descrever a prevalência de Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN) e fatores sociodemográficos e comportamentais associados, entre estudantes universitários do interior do Amazonas.
Metodologia
Estudo transversal com amostra representativa de estudantes matriculados em 2022 na Universidade Federal do Amazonas, campus Coari-AM. Para coleta de dados, realizada entre junho e julho de 2022, utilizou-se questionário sobre informações sociodemográficas; hábitos alimentares e indicadores de consumo alimentar; InSAN considerando a EBIA reduzida de 5 questões (≥1 ponto); e realização de avaliação antropométrica para cálculo do IMC. Os dados foram analisados através de estatística descritiva e analítica. Variáveis com p≤ 0,10 na análise bivariada foram incluídas em modelo de regressão de Poisson com variância robusta para estimativa das razões de prevalência e IC 95%, com uso do Stata 17.0.
Resultados
Foram avaliados 175 estudantes (média de idade 24,6±4,7 anos; 72% do sexo feminino) dos cursos de Nutrição, Enfermagem, Fisioterapia, Biotecnologia, Biologia e Química. Destes, 77,0% estavam em situação de InSAN, 12,6% residiam em casa de madeira, 15% estavam empregados e 25% recebiam auxílios financeiros. A média de refeições diárias foi 3,6±0,9; 52,6% relataram se alimentar em casa e no RU; 84,5% consumiam verduras e legumes e 41,7%, bebidas adoçadas. Sobre o estado nutricional 5,7% apresentava magreza e 41,2%, excesso de peso. O hábito de realizar lanche à tarde (RP= 0,73; IC95% 0,53-0,99) e consumo de hambúrguer/embutidos (RP= 0,80; IC95% 0,65-0,98) foram inversamente associados à InSAN.
Conclusões/Considerações
Ante à alta prevalência de InSAN evidenciada, urge a necessidade de políticas públicas que promovam a segurança alimentar e ações voltadas à garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada no ambiente estudado. Tais estratégias, considerando o contexto de transição alimentar e nutricional em curso na população estudada, priorizando a educação alimentar e o incentivo à alimentação saudável, contribuirão para o bem-estar e permanência acadêmica.
PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DESENVOLVIDAS PELOS EDUCADORES RELACIONADAS À ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA EMEF PROF LEONALDO ZORNOFF
Pôster Eletrônico
1 SLMA
Apresentação/Introdução
Na terceira infância, as crianças desenvolvem a identidade e adquirem uma melhor compreensão da realidade, o que faz com que práticas de educação em saúde nas escolas sejam melhor absorvidas. Ademais, nessa fase do desenvolvimento, a constituição de hábitos alimentares saudáveis é fundamental para o bem-estar do indivíduo, refletindo em seus aspectos intelectuais, emocionais, físicos e sociais.
Objetivos
ANALISAR O IMPACTO DE PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO EM HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS EM ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL NA EMEF PROFESSOR LEONALDO ZORNOFF, LOCALIZADA NA CIDADE DE ARARAS/SP E A PERCEPÇÃO DOS EDUCADORES SOBRE AS PRÁTICAS REALIZADAS.
Metodologia
Trata-se de um projeto de enfoque qualitativo, com prévia revisão bibliográfica, no período de 2014 a 2024, com coleta de dados obtidos nas bases de dados Pubmed e Google Acadêmico, essenciais para atualização do conhecimento. Além disso, foi aplicado um questionário de 20 questões em educadores do sexo masculino e feminino, com idades variadas com enfoque nas práticas realizadas, relacionadas ao incentivo à alimentação saudável. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) nos termos da legislação vigente. E também, foi aplicado um TCLE que informou a todos os participantes as etapas da pesquisa.
Resultados
Obteve-se 21 respostas dos educadores, o que corresponde a 41% dos que lecionam na escola analisada. No geral, acreditam na importância da realização de práticas relacionadas a alimentação saudável na escola, e muitos já realizaram alguma atividade relacionada ao tema, dentre elas, a realização de salada de frutas, estudos sobre pirâmide alimentar e inclusive palestras com nutricionistas foram relatadas. Havendo moderado interesse pelos alunos de acordo com as práticas realizadas e a maioria dos estudantes não se sentiu incomodado com a abordagem. Após as práticas, os educadores, em sua maioria, notaram que apenas parte dos alunos tiveram diferenças positivas no comportamento alimentar.
Conclusões/Considerações
A intervenção educativa se mostra eficaz na promoção de hábitos alimentares mais saudáveis entre os estudantes. A utilização das práticas referentes à alimentação saudável envolve a preparação daquele que há de transmitir o conhecimento, tornando-se necessário maior interesse dos educadores de fomentar estratégias interativas para contribuir com a educação alimentar dos alunos, desenvolvendo a disposição ao aprendizado de práticas saudáveis.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM FAVELAS DE BELO HORIZONTE: DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS, RACIAIS E DE GÊNERO COMO DETERMINANTES ESTRUTURAIS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Minas Gerais
2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul
4 Universidade de Fortaleza
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional (InSAN) afeta cerca de 733 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, em 2023, 27,6% dos domicílios vivenciavam algum grau de InSAN. As desigualdades de renda, raça/cor, escolaridade e gênero estão entre os principais determinantes sociais que condicionam o acesso aos alimentos de forma segura e adequada, especialmente em territórios vulnerabilizados como favelas urbanas.
Objetivos
Analisar as desigualdades socioeconômicas, raciais e de gênero associadas à insegurança alimentar e nutricional em famílias residentes em favelas de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Metodologia
Estudo transversal com 790 famílias residentes em favelas de Belo Horizonte, com crianças entre 5 e 10 anos. A InSAN foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Variáveis independentes incluíram sexo, raça/cor do responsável, renda familiar per capita, escolaridade e número de moradores no domicílio. Foram realizadas análises descritivas e teste qui-quadrado de Pearson para verificar associações, com nível de significância de 5% (Stata 14.0). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (CAAE: 54588221.7.0000.5149 e 48190221.2.0000.5149).
Resultados
Entre as famílias participantes, 58,4% apresentaram algum grau de insegurança alimentar. A InSAN foi significativamente mais prevalente em famílias com responsáveis do sexo feminino e de raça/cor preta ou parda (p < 0,05). Observou-se associação inversa entre InSAN e renda familiar superior a ½ salário mínimo (p < 0,05). Famílias com menor escolaridade apresentaram maior frequência de InSAN (p = 0,157). A maioria dos casos ocorreu em domicílios com até quatro moradores (p = 0,130), indicando que fatores estruturais superam o tamanho do domicílio como determinantes da InSAN.
Conclusões/Considerações
A InSAN nas favelas de Belo Horizonte reflete desigualdades de raça, gênero e renda. Famílias chefiadas por mulheres negras estão em maior situação de vulnerabilidade. A renda familiar insuficiente é um determinante-chave. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas intersetoriais que promovam justiça social e equidade, ampliando o acesso a alimentos adequados e a condições dignas de vida nos territórios vulnerabilizados.
O QUE TEM PARA COMPRAR? AMBIENTE ALIMENTAR DE ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES DO DISTRITO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 UnDF
2 UnB
Apresentação/Introdução
A escola influencia hábitos alimentares, podendo favorecer ou dificultar escolhas saudáveis. A exposição de estudantes a ambientes com ampla oferta de ultraprocessados, dentro e fora das escolas, contribui para padrões alimentares inadequados.
Objetivos
Analisar o ambiente alimentar interno e do entorno de escolas públicas e privadas do Distrito Federa, relacionando-o ao tipo de escola e à vulnerabilidade social da região.
Metodologia
Estudo ecológico e descritivo com 18 escolas do Distrito Federal (9 públicas e 9 privadas), selecionadas por amostragem probabilística. Mapeou-se o entorno alimentar em buffers de 250m, 400m e 800m, com base em dados georreferenciados e classificação dos estabelecimentos em “saudáveis” e “não saudáveis”, segundo a predominância de alimentos in natura (AIMPP) ou ultraprocessados (AUPP), conforme a NOVA. Entrevistas com gestores escolares caracterizaram o ambiente interno. Aplicaram-se indicadores de saudabilidade às cantinas e ao entorno, com base no relato dos alimentos disponíveis. As análises foram estratificadas por dependência administrativa e Índice de Vulnerabilidade Social da região.
Resultados
Foram identificados 911 estabelecimentos no entorno das escolas, 40,2% ofertavam predominantemente ultraprocessados. Em 250m, 83,3% das escolas tinham pontos de venda, predominando AUPP. Em 800m, áreas de menor vulnerabilidade apresentaram maior densidade de estabelecimentos saudáveis (p = 0,01) e não saudáveis (p < 0,01). Escolas privadas apresentaram maior densidade de pontos não saudáveis (p < 0,01). As cantinas ofertaram 2,7 vezes mais AUPP que AIMPP e ofertavam pelo menos um alimento proibido pela norma distrital vigente. O índice de saudabilidade variou de 38,5 (cantinas) a 50 (entorno), sem diferença significativa entre tipo de escola e Índice de Vulnerabilidade Social.
Conclusões/Considerações
O ambiente alimentar escolar do Distrito Federal caracteriza-se pela ampla oferta de alimentos não saudáveis, com desigualdades relacionadas ao tipo de escola e à vulnerabilidade social do território. Os achados reforçam a necessidade de atualizar a lei das cantinas escolares vigente, ampliar a fiscalização, fortalecer ações de educação alimentar e integrar políticas ao território escolar, promovendo alimentação adequada e saudável.
CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO INFLAMATÓRIO DA DIETA SEGUNDO FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E DE ESTILO DE VIDA
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
2 USP
Apresentação/Introdução
A acelerada transição alimentar mundial traduz-se no aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que caracterizam dietas pró-inflamatórias, e estão associadas à inflamação sistêmica e desfechos adversos em saúde. O Índice Inflamatório da Dieta (IID) é um instrumento que avalia o potencial inflamatório dietético na saúde humana, sendo de grande valia para estudos epidemiológicos e clínicos.
Objetivos
Avaliar a relação entre o Índice Inflamatório da Dieta e os fatores sociodemográficos, clínicos e de estilo de vida, de trabalhadores em uma universidade pública.
Metodologia
Estudo transversal com trabalhadores entre 20 e 60 anos. Coletaram-se dados sociodemográficos (sexo, idade, escolaridade, cor de pele e situação conjugal), clínicos (hipertensão e diabetes autorreferidos) e de estilo de vida (consumo de álcool e tabagismo). Qualidade e padrão inflamatório da dieta foram avaliados pelo Índice de Qualidade da Dieta Revisado (IQD-R, de 0 a 100 pontos, em que maior pontuação representa melhor qualidade da dieta) e IID (escore negativo representa dieta mais anti-inflamatória, e positivo dieta mais pró-inflamatória). Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e por testes de correlação e comparação, adotando-se nível de significância de 5%.
Resultados
Dos 558 adultos participantes, 75,63% eram brancos, 56,45% do sexo feminino, 22,30% eram hipertensos e 6,31% diabéticos. A média de idade foi de 44,91 anos. Os escores do IID variaram entre -0,86 e +5,59, com média de 4,19, indicando um padrão alimentar pró-inflamatório. Observou-se correlação negativa moderada entre IID e IQD-R, ou seja, maiores escores de IID se relacionaram à menores pontuações de IQD-R (r=-0,4347, p<0,0001). Foram evidenciadas correlações negativas fracas entre IID e escolaridade (r=-0,2033, p<0,0001) e idade (r=-0,1126, p=0,0078). Escores de IID foram significativamente maiores no sexo masculino (p=0,0207) e nos indivíduos com hipertensão autorrelatada (p=0,0129).
Conclusões/Considerações
Verificaram-se piores resultados no potencial inflamatório dietético entre os indivíduos do sexo masculino, hipertensos, com pior qualidade da dieta, menor escolaridade e idade. Este trabalho evidencia a necessidade de políticas mais eficientes frente ao aumento da oferta e consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional, de natureza pró-inflamatória. Além disso, oferece subsídios para ações de promoção de alimentação adequada e saudável.
E SE NÃO FOR SOBRE HIGIENE? UMA PERSPECTIVA SOCIAL SOBRE O COMÉRCIO INFORMAL DE ALIMENTOS NO ENTORNO DE ESCOLAS BRASILEIRAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Pernambuco
2 Universidade Federal de Minas Gerais
3 Universidade Federal do Rio de Janeiro
4 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
5 Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Apresentação/Introdução
A comida de rua integra o cotidiano escolar brasileiro e contribui para a conservação da cultura alimentar. Os ambulantes alimentam as cidades e garantem a subsistência de suas famílias, mas os estudos sobre o comércio informal limitam-se à abordagem higienicossanitária dos alimentos e das mãos dos manipuladores, numa exploração insuficiente desse componente transversal do ambiente alimentar.
Objetivos
Caracterizar o perfil socioeconômico, a estrutura do trabalho informal e a disponibilidade de alimentos comercializados por ambulantes no entorno de escolas privadas brasileiras.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal por meio de auditoria de ambulantes no entorno imediato (portaria, calçadas e via pública) de escolas, de ensino fundamental e/ou médio, nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. Aplicou-se um questionário validado para aspectos sociais da força de trabalho e da disponibilidade de alimentos in natura, minimamente processados ou processados e preparações baseadas neles e de alimentos ultraprocessados e preparações com ultraprocessados. Aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis para comparações por macrorregião. A pesquisa integra o estudo “Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras-Caeb”, de 2022 a 2024, com aprovação dos comitês de ética locais.
Resultados
O perfil de comerciantes informais (n=699) de alimentos e bebidas no entorno escolar é uma contribuição pioneira para o estudo da produção e comercialização de alimentos no Brasil. Composto majoritariamente por homens (57,8%), negros (68,8%), com ensino médio completo (35,8%) e que subsistiam da informalidade (91,4%). Estavam localizados na direção da portaria das escolas (59,8%) e vendiam água, refrigerante, guloseimas e salgadinho, em carrinhos e barracas, por falta de oportunidade no mercado formal (52,5%). A maioria nunca sofreu ações de impedimento, quando sim, foram movidas por agentes civis no Sul (p < 0,001) e agentes do poder público no Sudeste (p = 0,028) e Nordeste (p = 0,028).
Conclusões/Considerações
O perfil masculino difere do historicamente associado à comida de rua e o momento histórico adiciona camadas na compreensão do crescimento do trabalho informal no Brasil. Reforça a importância de caracterizar para melhor incluir na análise do ambiente alimentar e enfrentar a invisibilização do trabalhador impressa na produção acadêmica que evita discutir raça/cor, sexo e motivação para o trabalho quando pretende abordar a comida de rua no Brasil.
UMA ANÁLISE DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS NO CONTEXTO BRASILEIRO
Pôster Eletrônico
1 UFS
Apresentação/Introdução
Em 2023, 21,6 milhões de domicílios brasileiros foram afetados por algum grau de insegurança alimentar. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado em 2003 na perspectiva da Segurança Alimentar e Nutricional, foi estabelecido, à época, como uma política pública inovadora para combater a fome. No entanto, teve uma trajetória marcada por inúmeras mudanças e períodos sem recursos, tornando-se complexo.
Objetivos
Mapear a literatura científica disponível sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e mercados institucionais no Brasil.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo que utilizou as diretrizes PRISMA-ScR. A estratégia de busca foi realizada nas bases: PubMed, Scopus, Web of Science, Embase e Bireme. Utilizaram-se os descritores DeCS: Food Acquisition Program, Food Assistance, Agriculture, Public Policy, Food Supply e Food Security. Foram incluídos estudos qualitativos e quantitativos, e originais relacionados à execução do PAA. Estudos com foco apenas biológico/individual ou em ações agrícolas sem vínculo com o PAA foram excluídos.
Resultados
A estratégia de busca resultou em 1.711 artigos. Após remoção de duplicatas e análise 21 artigos compõem o corpus da revisão. A extração de dados foi realizada com categorização por abordagem metodológica, contexto (local, nacional ou internacional), vínculo direto com o PAA e mercados institucionais. Foram identificadas as lacunas, as estratégias de implementação, as lições aprendidas e os desafios e as potencialidades do programa. Os resultados também serão apresentados em formato de relatório à gestão nacional como insumos para elaboração de diretrizes práticas e baseadas em evidências, para aprimoramento da execução do PAA nos territórios.
Conclusões/Considerações
A revisão sistematiza evidências sobre o PAA, considerando sua natureza complexa, as diversas alterações ao longo do tempo e seus múltiplos marcos legais. Ela preenche lacunas documentais e oferece subsídios para práticas mais articuladas entre os setores. Ao qualificar a execução do programa, a revisão contribui para o avanço dos ODS e a promoção do Direito Humano à Alimentação Adequada com base na justiça social.
ESTADO DE SAÚDE E SUA RELAÇÃO COM HÁBITOS ALIMENTARES E MARCADORES DO CONSUMO ALIMENTAR EM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DE MACAÉ
Pôster Eletrônico
1 UFRJ/MACAÉ
Apresentação/Introdução
O magistério é considerado uma das profissões que mais expõem os professores a diversos agravos à saúde, como o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, desgaste psíquico e a adoção de um padrão alimentar muitas vezes caracterizado pelo alto consumo de produtos ultraprocessados.
Objetivos
Avaliar a correlação entre marcadores do consumo alimentar e hábitos alimentares com o perfil de peso, risco cardiovascular e doenças em professores da educação infantil e fundamental de Macaé.
Metodologia
Estudo transversal, realizado entre 2023 e 2024 com professores de uma escola pública de Macaé/RJ. Foram obtidas informações sobre o diagnóstico prévio de hipertensão arterial (HAS), diabetes mellitus (DM) e hipercolesterolemia e/ou hipertrigliceridemia. Utilizou-se o Índice de Massa Corporal para avaliar o perfil de peso (Excesso de peso: IMC ≥ 25 kg/m²) e o perímetro da cintura para o risco cardiovascular (PC ≥ 80cm). Foi avaliado o consumo no dia anterior de alimentos considerados marcadores de risco e proteção para a saúde e perguntas sobre a adição de sal na comida pronta, uso de açúcar para adoçar bebidas e troca do jantar por lanche. Utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson.
Resultados
Das19 professoras, 73,7% apresentaram excesso de peso, 62,5% risco cardiovascular, 33,3% HAS, 5,6% DM e 50% dislipidemia. Observou-se correlação positiva e moderada entre trocar o jantar por lanche com o IMC (ρ=0,475;p-valor=0,046), soma das doenças (ρ=0,473;p-valor=0,020) e HAS (ρ=0,500; p-valor=0,013) e forte para o PC (ρ=0,545;p-valor=0,036). Para o consumo de biscoitos, houve correlação positiva e forte com o IMC (ρ=0,543; p-valor=0,02) e para os pães industrializados, negativa e moderada com a soma de doenças (ρ=0,491;p-valor=0,045). O consumo de frutas teve correlação negativa e forte (ρ=-0,509;p-valor=0,044) com o PC, e o de ovos, negativa e forte com o PC (ρ=0,517;p-valor=0,049).
Conclusões/Considerações
Uma parcela expressiva apresentou excesso de peso, risco cardiovascular ou alguma morbidade. Foram identificadas correlações relevantes entre o consumo de marcadores saudáveis, como frutas e ovos, e os não saudáveis, biscoitos e pães industrializados, com o IMC, o PC e a soma das doenças. Destaca-se a associação entre substituir o jantar por lanche com a piora no perfil de peso, aumento do risco cardiovascular e as doenças, em especial, HAS.
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO DO CAFÉ DA MANHÃ E O ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS BRASILEIRAS: ANÁLISE DOS DADOS DO ESTUDO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO INFANTIL - 2019
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 UFRJ
3 UERJ
Apresentação/Introdução
O consumo do café da manhã (CCM) pode contribuir para a ingestão alimentar adequada de macro e micronutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento infantil. Também está associado à manutenção do peso corporal saudável e efeito protetor contra o sobrepeso e obesidade em crianças.
Objetivos
Descrever a prevalência da realização do café da manhã e estimar sua associação com o estado nutricional antropométrico em crianças brasileiras de 6 a 59 meses.
Metodologia
Foram analisados dados de 14.284 crianças de 6-59 meses participantes do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil - 2019, inquérito nacional domiciliar. O CCM (sim/não) foi avaliado através do recordatório alimentar de 24 horas. O estado nutricional foi estimado a partir de medidas de peso e comprimento/estatura, sendo calculados o escore Z dos indicadores: peso para idade (muito baixo, baixo, adequado, elevado), IMC para idade (magreza acentuada, magreza, eutrofia, risco de sobrepeso, sobrepeso, obesidade) e altura para idade (muito baixa, baixa, adequada). Prevalência e intervalo de confiança de 95% de CCM foram estratificados por macrorregião e estado nutricional.
Resultados
A prevalência do CCM no Brasil foi de 80,2% (78,8–81,6). A maior prevalência foi observada na região Norte (82,6%; 80,4-84,9) e a menor, na região Sul (74,2%; 70,9-77,5). Crianças com peso muito baixo têm menor prevalência de CCM (58,9%; 42,2-75,6) comparadas com as de peso adequado (79,8%; 78,4-81,2), mas não peso elevado (80,3%; 74,6-86,0). O CCM foi menos frequente entre crianças com magreza acentuada (64,4%; 48,9-79,9) em comparação com aquelas obesidade (86%; 80,2–91,7), mas não com eutrofia (80,6%; 79,1–82,0) ou sobrepeso (79,5%; 72,2–86,8). Crianças com muito baixa estatura têm menor prevalência de CCM (68,2%; 57,4-78,9) do que aquelas com estatura adequada (80,2%; 79,0-81,4).
Conclusões/Considerações
A prevalência de CCM entre crianças brasileiras <5 anos é alta. Crianças com peso muito baixo, magreza acentuada e muito baixa estatura apresentaram menor frequência de CCM quando comparadas àquelas com peso adequado, obesidade e estatura adequada. O hábito de consumir café da manhã pode estar associado com o estado nutricional infantil, evidenciando a necessidade de promoção da alimentação saudável voltada a grupos mais vulneráveis.
IMPLEMENTAÇÃO DE INTERVENÇÃO PARA PROMOÇÃO DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM COMÉRCIOS VAREJISTAS: MAPEAMENTO DE ATORES-CHAVE EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE DE SÃO PAULO
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo (USP)
Apresentação/Introdução
O consumo de ultraprocessados é fator de risco para obesidade e, em cidades pequenas, seu acesso tende a ser facilitado (Cacau et al., 2024; Louzada et al., 2015). Nesse contexto, o engajamento de atores-chave é crucial para impulsionar mudanças nas políticas alimentares e apoiar intervenções que promovam ambientes mais saudáveis.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo mapear e analisar os atores-chave envolvidos em intervenções em comércios varejistas de pequenos municípios brasileiros, com vistas à promoção de escolhas alimentares mais saudáveis.
Metodologia
Foi adotada uma abordagem de métodos mistos com a seleção de sete municípios de São Paulo, com base em critérios demográficos, socioeconômicos e nutricionais. O mapeamento dos atores-chave envolveu buscas em sites governamentais, Google Maps e visitas de campo. A análise seguiu etapas de identificação, coleta e categorização, com uso da Matriz de Alinhamento, Interesse e Influência para identificar os mais influentes e alinhados à intervenção em comércios varejistas para promover escolhas alimentares saudáveis (Hollmann et al., 2022; Lacy-Nichols et al., 2023; Mendizabal, 2010).
Resultados
A busca inicial mapeou 62 atores municipais nos sete municípios incluídos no estudo. Visitas presenciais exploratórias e reuniões virtuais permitiram a identificação de atores adicionais, totalizando 93, sendo 52,7% de entidades públicas, 19,3% do terceiro setor, 17,2% híbridas e 10,8% do setor privado. A aplicação da AIIM indicou que os atores com maiores escores de alinhamento e interesse foram as Secretarias Municipais de Saúde e o Ministério da Saúde, enquanto os atores com posicionamento contrário incluíram associações comerciais e industriais locais.
Conclusões/Considerações
O mapeamento e a análise dos atores-chave apoiarão o plano de engajamento, essencial para reduzir barreiras à intervenção. Atores como Secretarias Municipais de Saúde e o Ministério da Saúde foram identificados como estratégicos para a escalabilidade e sustentabilidade das ações em comércios varejistas e para a implementação de políticas de ambiente alimentar em nível nacional.
A EVOLUÇÃO DA DUALIDADE ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ALIMENTAÇÃO E EXPANSÃO DO MERCADO DE ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS: LACUNAS NA COMENSALIDADE DE TRABALHADORES EM 80 ANOS
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 UnB
Apresentação/Introdução
Nos séculos XX e XXI, a evolução das políticas públicas de alimentação destacou o direito humano à alimentação saudável, em especial para grupos vulneráveis. Por outro lado, jornadas e deslocamentos longos de trabalhadores afetam a comensalidade urbana. A pesquisa reflete sobre a dualidade do mercado de alimentos industrializados e as lacunas na promoção da saúde e papel do Estado brasileiro
Objetivos
Problematizar dados dos últimos 80 anos para refletir sobre a evolução das políticas públicas em alimentação e nutrição, a dualidade entre essas políticas e a expansão do mercado de alimentos industrializados, criando lacunas na comensalidade urbana
Metodologia
A pesquisa bibliográfica realizada pelo Observatório de Hábitos Alimentares (OBHA) do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (PALIN) da Fiocruz Brasília discorre sobre a evolução das políticas alimentares no Brasil desde a era Vargas até a pandemia de Covid-19 em 2020 e a expansão do mercado de produtos industrializados. Foi produzida uma espiral do tempo da dualidade entre essas políticas e a expansão dos alimentos industrializados e sua influência em espaços sociais e o tempo dedicado à alimentação urbana. Utilizou-se como descritores: políticas de alimentação e nutrição, comensalidade urbana, desertos e pântanos alimentares, mulheres negras chefes de família e o direito humano
Resultados
O grupo fez uma espiral do tempo das políticas com a análise de 48 referências, desde a década de 1940 até os dias atuais. As ações apontavam para uma comensalidade sanitária e a oferta de rações nutricionais. Entre 1980 e 1990, houve um aumento no consumo de alimentos industrializados, da obesidade e instabilidade política. Este cenário intensificou ações da indústria para a comensalidade urbana e globalizada. A partir da PNAN em 1999, o governo trouxe ações regulatórias de promoção da saúde e proteção contra a expansão dos desertos e pântanos alimentares. No entanto, as tensões entre estas ações com o mercado, bem como as lacunas em grupos vulneráveis nas periferias, persistem até o momento
Conclusões/Considerações
Apesar dos avanços nas políticas de alimentação saudável, grupos vulneráveis ainda sofrem com a dualidade do cenário atual. O mercado aumenta o consumo de ultraprocessados, prejudicando famílias e trabalhadores, principalmente mulheres negras. A tensão entre proteção social e interesses econômicos é crucial para ser debatida entre gestores públicos, com a participação social de movimentos populares, apoiando as ações nos territórios
USO DE PROTOCOLOS DE ORIENTAÇÕES DIETÉTICAS BASEADOS NO GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA PARA ADULTOS USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UM RELATO DE PESQUISA.
Pôster Eletrônico
1 UFMS
Apresentação/Introdução
As condições crônicas de saúde são consideradas como grave e crescente problema de saúde nacional, afetando o bem estar social e econômico, diretamente ligado aos gastos substanciais para a saúde pública brasileira. As orientações presentes no Guia Alimentar representam um marco para a garantia da alimentação adequada para toda a população, apresentando o sistema de processamento dos alimentos.
Objetivos
Avaliar o efeito de orientações alimentares baseadas no Guia Alimentar para População Brasileira em marcadores de adiposidade, inflamação, estresse oxidativo e risco cardiovascular em homens usuários da APS com 40 anos ou mais.
Metodologia
Estudo prospectivo de intervenção que busca acompanhar homens, que possuam 40 anos ou mais para a execução de intervenção baseada em modelo não prescritivo, com coleta iniciada no primeiro semestre de 2025 após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, totalizando 6 consultas de intervenção. As condutas são baseadas na influência do ambiente e como este interfere no comportamento alimentar, levando o indivíduo a compreender os sinais de fome e escolhas alimentares, com realização de avaliação antropométrica e exames bioquímicos. A pesquisa tem desenvolvimento na Clínica Escola Integrada e no Laboratório de Estudos de Condições Crônicas, Alimentos e Nutrição, pertencentes à UFMS.
Resultados
No momento, estão em acompanhamento cerca de 45 participantes, observando resultados relacionados à implementação das condutas orientadas, levando a perda de peso total na balança, redução de circunferência abdominal e da cintura e mudanças relacionadas a escolhas alimentares, identificando o alimento por meio do seu grau de processamento. Direcionadas ao comportamento alimentar, pode-se observar uma maior consciência sobre o agravo das condições crônicas e a necessidade de adquirir melhores hábitos de vida, com adesão às condutas. Contudo, uma parte dos participantes demonstra maior resistência a mudanças, relatando dificuldades referentes ao ambiente em que estão inseridos.
Conclusões/Considerações
A aquisição de bons hábitos alimentares e de vida parecem estar diretamente ligados a melhorias da composição corporal e marcadores inflamatórios e de conhecimento sobre o grau de processamento dos alimentos, priorizando os in natura ou minimamente processados como base da alimentação, associados a prática regular de atividade física e mudanças no comportamento. A metodologia não prescritiva demonstrou bons resultados para a intervenção.
COMPARACAO DO CONSUMO DE ALIMENTOS IN NATURA EM ADOLESCENTES, SEGUNDO SEXO E RACA/COR DA PELE – ISACAMP 2014/15 E 2023/24
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A transição no padrão alimentar brasileiro vem ocorrendo desde as últimas décadas, mas foi acelerada durante e após a pandemia de COVID-19, atingindo também os adolescentes. Esse fenômeno compartilha determinantes estruturais comuns, como a reconfiguração dos sistemas alimentares, o avanço do consumo de alimentos ultraprocessados e a diminuição do consumo de alimentos in natura.
Objetivos
Estimar a prevalência no consumo de alimentos in natura (frutas, verduras e hortaliças) entre adolescentes segundo sexo e raça/cor da pele e comparar nos períodos de 2014/15 e 2023/24.
Metodologia
Foram utilizados dados dos Inquéritos de Saúde do Município de Campinas-SP, conduzidos nos períodos de 2014/15 e 2023/24, com a população de 10 anos ou mais de idade. Foram estimadas as prevalências e respectivos intervalos de confiança (IC 95%), do consumo de frutas, verduras e legumes (hortaliças) na frequência de 5 a 7 vezes por semana nos dois períodos, no total e segundo sexo e raça/cor da pele. As diferenças entre os grupos foram testadas por meio do teste Qui-Quadrado com ajuste de Rao-Scott. Foram estimadas as razoes de prevalência (RP), por meio e Regressão de Poisson. As diferenças entre prevalências no período foram identificadas por meio dos intervalos de confiança.
Resultados
Em relação ao consumo de frutas, foi observado aumento do consumo de 2014/15 (37%; IC95%:33-41) para 2023/24 (53%; IC95%:47–59). Esse aumento também ocorreu nos subgrupos de sexo e raça estudados. A prevalência de consumo de legumes e verduras foi 23% (IC95%: 1–1.51) maior entre os homens em relação as mulheres em 2014/15. Essa diferença não existiu em 2023/24. A prevalência do consumo de legumes e verduras caiu de 68% (IC95%: 64–72) em 2014/15, para 55% (IC95%: 49–61) em 2023/24. Essa queda também ocorreu nos grupos de sexo e raça estudados, exceto nas meninas.
Conclusões/Considerações
O consumo de frutas aumentou em todos os grupos comparando os períodos. Já o consumo de legumes e verduras, com exceção do grupo das meninas, diminuiu de um período para o outro, que pode ser por possível aumento do consumo de alimentos prontos e ultraprocessados. A desigualdade de sexo no consumo de verduras existente em 2014/15 desapareceu em 23/24 devido à queda do consumo nos meninos, o que chama para ações clínicas e políticas.
PERFIL ANTROPOMÉTRICO E INFECÇÃO POR SCHISTOSOMA MANSONI EM POPULAÇÃO ADULTA DE ÁREA ENDÊMICA NO MUNICÍPIO DO CONDE, BAHIA
Pôster Eletrônico
1 IGM -FIOCRUZ-BA
Apresentação/Introdução
A esquistossomose permanece como um problema de saúde pública em áreas rurais e vulneráveis. Pouco se sabe sobre o estado nutricional dessas populações e sua possível relação com a infecção pelo Schistosoma mansoni. A avaliação antropométrica pode contribuir para a compreensão do perfil de saúde em áreas endêmicas.
Objetivos
Identificar o perfil antropométrico de adultos residentes em área endêmica para esquistossomose.
Metodologia
Estudo de corte transversal com 261 indivíduos ≥18 anos, em povoados do município do Conde (BA), aninhado a uma coorte de 25 anos. Dados sociodemográficos foram obtidos por questionário estruturado. A infecção por S. mansoni foi diagnosticada pelo método de Kato-Katz. A avaliação antropométrica incluiu medidas de peso e altura (para cálculo do IMC), circunferência da cintura (CC), do pescoço (CP) e percentual de gordura (%G), utilizando balança digital, estadiômetro analógico, fita métrica inelástica e bioimpedância tetrapolar. A coleta foi feita em campo por equipe treinada.
Resultados
Dos participantes, 57,6% eram mulheres, mediana de idade de 36 anos (IIQ 24–50), 22,9% não foram alfabetizados e 79,6% viviam com renda <1 salário-mínimo. A maior parte da população apresentava sobrepeso ou obesidade (56,3%). A prevalência de infecção por S. mansoni foi 62,1%, com baixa carga parasitária (36; IIQ 12-108 epg). Houve maior proporção de mulheres no grupo sem infecção (p=0,012). Não houve diferença significativa entre os grupos quanto à idade (p=0,315), excesso de peso (62,9% vs. 62,3%; p=0,864), circunferência da cintura elevada (53% vs. 59,7%; p=0,361), circunferência do pescoço elevada (81,3% vs. 71,1%; p=0,235) e excesso de gordura corporal (48,2% em ambos; p=0,492).
Conclusões/Considerações
A população estudada apresenta elevada prevalência de infecção por S. mansoni, além de frequência elevada de excesso de peso e alterações dos marcadores de saúde metabólica, aparentemente sem relação entre as duas condições. Os achados refletem um cenário de transição nutricional também em áreas endêmicas, evidenciando a urgência de políticas públicas integradas que considerem simultaneamente agravos infecciosos e crônicos.
COMER COM ATENÇÃO PLENA DE CUIDADORES E COMPORTAMENTOS DE EVITAÇÃO ALIMENTAR INFANTIL
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 UFRGS
Apresentação/Introdução
A evitação alimentar pode prejudicar a qualidade da alimentação e o crescimento infantil. O comer com atenção plena dos cuidadores pode beneficiar tanto os cuidadores quanto às crianças, pois está associado a maior regulação emocional e modelagem parental positiva. No entanto, são escassos os estudos que examinam sua relação com os comportamentos de evitação alimentar em crianças.
Objetivos
Investigar a relação entre os traços de comer com atenção plena dos cuidadores e os comportamentos de evitação alimentar em crianças pré-escolares.
Metodologia
Estudo transversal realizado com 542 cuidadores de crianças pré-escolares de Goiânia, Goiás e Porto Alegre, Rio Grande do Sul, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Goiás (CAAE: 68764523.5.2001.5083) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (CAAE: 68764523.5.1001.5327). Foram coletadas informações sociodemográficas, traços de comer com atenção plena (Escala Brasileira de Comer com Atenção Plena - MES-B) e comportamentos de evitação alimentar das crianças (Questionário de Comportamento Alimentar Infantil - CEBQ). A associação entre as variáveis foi avaliada por regressão logística ordinal, ajustada. Resultados foram expressos em odds ratio (OR), com p < 0,05.
Resultados
A mediana de idade dos cuidadores foi 33,3 anos [28,1–38,0], sendo a maioria do sexo feminino (94,5%) e 48,2% autodeclarados pardos. As crianças apresentaram mediana de 4,4 anos [3,7–5,2], com 50,9% do sexo feminino e 43,9% pardas. Após ajustes para renda, raça/etnia, idade, sexo, escolaridade, Índice de Massa Corporal (IMC) do cuidador e região, os resultados indicaram que o aumento de um ponto na pontuação total da escala sobre comer com atenção plena se traduz em um aumento de 4,7% na chance de diminuir a evitação alimentar (OR=1,047; IC 95%: 1,027-1,068; p<0,0001).
Conclusões/Considerações
O comer com atenção plena dos cuidadores está associado à diminuição de comportamentos de evitação alimentar em pré-escolares. Estratégias baseadas em atenção plena, como parte de intervenções em saúde pública, podem ser um passo importante para a prevenção dos comportamentos de evitação alimentar e favorecer ambientes alimentares mais saudáveis, impactando positivamente o crescimento e desenvolvimento infantis.
DESIGUALDADES RACIAIS, AMBIENTE ALIMENTAR E INSEGURANÇA ALIMENTAR: REFLEXÕES PARA POLÍTICAS PÚBLICAS A PARTIR DAS EVIDÊNCIAS DO ESTUDO BRAZUCA NATAL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFRN
3 USP
Apresentação/Introdução
As desigualdades raciais no Brasil impactam o acesso à alimentação adequada, refletindo-se em diferentes níveis de insegurança alimentar (IA). O ambiente alimentar, caracterizado por desertos e pântanos alimentares, pode agravar essas desigualdades e impactar na saúde dessa população. Investigar essas relações é fundamental para subsidiar políticas públicas mais equitativas.
Objetivos
Analisar a relação entre a cor/raça de adultos e idosos do estudo Brazuca Natal, a insegurança alimentar no domicílio e o ambiente alimentar comunitário, a partir da classificação em desertos e pântanos alimentares.
Metodologia
Estudo transversal e de base populacional realizado com 411 adultos e idosos domiciliados na cidade de Natal, RN nos anos de 2019 e 2020. Dados individuais étnico-racial (cor/raça) e de prevalência de IA foram coletados a partir de entrevistas. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa. Dados de georreferenciamento dos estabelecimentos de aquisição de alimentos foram utilizados, agrupados em in-natura ou minimamente processados, ultraprocessados ou mistos. Os setores censitários de residência foram classificados em desertos e pântanos alimentares. Teste de qui-quadrado de Pearson foi realizado para verificar a associação entre as variáveis, sendo significativas quando p<0,05.
Resultados
Dos entrevistados, 60,6% se autodeclararam como negros (pretos ou pardos). A prevalência de IA foi de 42,3%. Cerca de 10,5% residiam em desertos alimentares (escassez de alimentos in natura/minimamente processados) e 84,4% em pântanos alimentares (alta oferta de ultraprocessados). A insegurança alimentar afetou 48,6% das pessoas negras, em comparação a 32,7% das não negras (p<0,001). Quanto ao ambiente alimentar, 88,4% das pessoas negras viviam em pântanos alimentares, frente a 78,4% das não negras (p=0,007). Não houve diferença significativa entre raça/cor e residir em desertos alimentares.
Conclusões/Considerações
Pessoas negras estavam mais expostas a pântanos alimentares e apresentaram maior prevalência de insegurança alimentar. Os achados evidenciam como fatores raciais e territoriais, mediados pelo racismo alimentar, agravam desigualdades no acesso à alimentação adequada. Políticas públicas intersetoriais são essenciais para promover justiça alimentar e racial.
CORRELAÇÃO ESPACIAL ENTRE A PREVALÊNCIA DE INSEGURANÇA ALIMENTAR E INDICADORES SOCIOECONÔMICO, ÉTNICO-RACIAL, ASSISTENCIAL E NUTRICIONAL NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 Prefeitura Municipal de Tangará, RN.
Apresentação/Introdução
A Insegurança Alimentar e Nutricional caracteriza-se pela limitação no acesso regular e permanente a uma alimentação adequada, sendo essa condição decorrente prioritariamente por fatores socioeconômicos. Compreender a distribuição espacial desses fenômenos permite a identificação de desigualdades territoriais e, consequentemente, o direcionamento mais eficaz das políticas públicas.
Objetivos
Analisar a correlação espacial da prevalência de Insegurança Alimentar (IA) com indicadores socioeconômico, étnico-racial, socioassistencial e nutricional no Brasil.
Metodologia
Estudo ecológico, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua e SAGICAD. Utilizou-se técnicas de estatística espacial para análise bivariada LISA, com uso do software GeoDa 1.22. Os testes de correlação foram realizados com a prevalência de IA nas Unidades de Federação e as seguintes variáveis: percentual de pessoas em situação de pobreza (socioeconômico), proporção de população preta (étnico-racial), proporção de beneficiários do programa Bolsa Família (socioassistencial) e proporção de população com baixo peso (nutricional). Os valores de correlação foram avaliados como positivos ou negativos, e como fracos (< 0,3), moderados (0,3-0,7) ou fortes (>0,7).
Resultados
A prevalência de IA no Brasil foi de 27,6% e apresentou correlação espacial positiva e moderada com a proporção de pobres (0,625; p<0,05), pretos (0,642; p<0,05), beneficiários do Bolsa Família (0,605; p<0,05) e população com baixo peso (0,473; p<0,05). Formaram-se aglomerados espaciais (clusters) do tipo alto-alto (regiões formadas por UF com altas frequências da variável dependente, altas frequências da variável independente) na região Nordeste, com a proporção de pobres e de pessoas com baixo peso, e no Norte, com a proporção de pretos. Nos beneficiários do Bolsa Família, os clusters se formaram nos estados de Pernambuco e Roraima.
Conclusões/Considerações
A distribuição espacial demonstrou maiores prevalências de IA e dos indicadores avaliados no Norte e Nordeste, e menores nas demais regiões. Essa desigualdade reflete os entraves estruturais que se agravam em contextos de vulnerabilidades. A população preta, pobre e beneficiária do Bolsa Família precisa acessar políticas capazes de promover a superação da pobreza e transformação social para garantia do direito à alimentação adequada.
ALIMENTOS MAIS CONSUMIDOS NOS CLUSTERS DOS SISTEMAS ALIMENTARES BRASILEIROS E SUAS RELAÇÕES COM A CULTURA ALIMENTAR LOCAL
Pôster Eletrônico
1 Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (USP)
2 Departamento de Engenharia Ambiental e de Recursos, Universidade Técnica da Dinamarca
3 Departamento de Epidemiologia, Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Apresentação/Introdução
A alimentação no Brasil reflete aspectos culturais, socioeconômicos e territoriais. Mapear os alimentos mais consumidos regionalmente ajuda a entender padrões alimentares e orientar políticas públicas, sobretudo ao considerar clusters dos sistemas alimentares, que podem destacar regionalidades e possíveis tendências de homogeneização ou preservação de hábitos locais.
Objetivos
Analisar os alimentos mais consumidos no Brasil, identificar aqueles com maior contribuição calórica por clusters de sistemas alimentares e discutir suas distribuições e relações com a cultura alimentar local e potenciais para políticas públicas.
Metodologia
Foram utilizados dados de consumo alimentar da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017–2018) para calcular a contribuição de energia de cada alimento na dieta da população brasileira, que foram classificados segundo os grupos do Índice Multidimensional de Sistemas Alimentares Sustentáveis Revisado para o Brasil (MISFS-R), que reúne estados com base em múltiplos indicadores relacionados a aspectos sociais, nutricionais, ambientais e econômicos. Para cada grupo, identificaram-se os alimentos com contribuição energética >2%. A análise permitiu observar padrões de consumo, diferenças e semelhanças regionais e possíveis vínculos com a cultura alimentar.
Resultados
Os tipos e contribuições dos alimentos mais consumidos variaram entre os clusters. O arroz apresentou alta contribuição calórica em todos os grupos (8,62%-14%), seguido por pão francês (5,03%-7,84%), carne bovina (5,88%-11,31%) e feijão (3,82%-7,92%). No Norte, observaram-se alimentos culturalmente específicos, como farinha de mandioca, açaí com granola e peixe de água doce. No Nordeste, destacou-se o cuscuz. Já no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, os alimentos foram mais homogêneos, com predominância de itens básicos e alguns ultraprocessados, como margarina e biscoitos salgados. A diversidade de alimentos regionais foi mais evidente em regiões com maior vulnerabilidade social e econômica.
Conclusões/Considerações
Os sistemas alimentares brasileiros compartilham uma base comum, com arroz, feijão, pão francês e carne bovina. O Norte se destaca pela presença de alimentos regionais, como peixes e farinha de mandioca, associados à sociobiodiversidade. Contudo, é uma das regiões com maior insegurança alimentar, reforçando a necessidade de valorizar essa diversidade e ampliar o acesso.
ESTRATÉGIAS DE INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO E FORTALECIMENTO DA AUTONOMIA CULINÁRIA OFERECIDA PELO CURSO ALIMENTAÇÃO, NUTRIÇÃO E ENVELHECIMENTO
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
A autonomia culinária envolve habilidades para preparar alimentos e tomar decisões alimentares conscientes, relacionada com a promoção da alimentação adequada e saudável, principalmente para pessoas idosas. Com isso, o curso alimentação, nutrição e envelhecimento, atividade do projeto de extensão alimentação, nutrição e envelhecimento aborda o alimento e a culinária no centro de suas atividades.
Objetivos
Mapear e avaliar as estratégias do curso alimentação, nutrição e envelhecimento utilizadas para incentivar o desenvolvimento da autonomia culinária de seus alunos.
Metodologia
A metodologia adotada contempla uma análise documental com base nos referenciais de Cellard¹ e Menayo², apoiada pelos checklists COREQ³ e SRQR⁴. Nesta etapa, o foco recai sobre os registros das oficinas culinárias promovidas pelo curso ao longo de três décadas, especialmente aqueles que abordam estratégias de incentivo à autonomia culinária. A seleção, organização cronológica e análise contextual desses materiais visa compreender como preparo e degustação de alimentos foi sendo redesenhada ao longo do tempo, refletindo uma transição de abordagens mais criativas quanto a seleção, uso de ingredientes e técnicas culinárias.
Resultados
Dos 25 a 35 encontros anuais do curso, cerca de 40% deles incluem diferentes estratégias. As oficinas culinárias são as principais abordagens, seguidas de trocas de receitas, experimentações, análises sensoriais, demonstrações práticas e visitas técnicas a locais de produção, comercialização, consumo de alimentos e utensílios de cozinha. As ações viabilizam a discussão dos determinantes dos hábitos alimentares dos princípios da alimentação adequada e saudável no contexto do envelhecimento e sistema alimentar vigente.
Conclusões/Considerações
As estratégias adotadas pelo curso valorizam praticidade, sabor, custo e criatividade alinhando saberes teóricos e práticos em uma abordagem ajustada às realidades sociais, culturais e alimentares dos participantes. Observa-se a consolidação de práticas mais conscientes e críticas inseridas no contexto alimentar e nutricional de vida dos idosos.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE ESTUDANTES DA USP NO PERÍODO PÓS PANDÊMICO E SUA RELAÇÃO COM RAÇA/COR, GÊNERO E RENDA
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
No Brasil, a insegurança alimentar (IA) reflete desigualdades estruturais e afeta desproporcionalmente mulheres, pessoas negras e de baixa renda. Estudantes universitários estão entre os vulneráveis. Em pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP) durante a pandemia de Covid-19, 3 em cada 10 estudantes apresentavam insegurança alimentar moderada ou grave.
Objetivos
Determinar a prevalência de insegurança alimentar por níveis e sua associação com fatores sociodemográficos e econômicos, considerando as características de cor/raça, de gênero e renda.
Metodologia
Estudo transversal com 959 estudantes de graduação da USP, realizado no 1º semestre de 2023, como parte do projeto BRAZUCA-COVID. Os dados foram coletados via questionário online. A insegurança alimentar foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Variáveis sociodemográficas (idade, gênero, raça/cor, renda) e uma variável composta de gênero e cor foram associadas à IA. Análises descritivas e de associação foram realizadas por testes Qui-Quadrado de Pearson e Exato de Fisher, com nível de significância de 5%, no Stata versão 17.
Resultados
A amostra foi composta 57,14% por mulheres e 70,01% por pessoas autodeclaradas brancas. A média de idade foi de 25,36 anos. 70,71% da amostra foi classificada como em situação de segurança alimentar, 15,12% em IA leve e 14,18% em IA moderada ou grave. Faixa etária, cor da pele, renda e combinação gênero-cor associaram-se significativamente à insegurança alimentar (p<0,05). A variável de gênero isolada não apresentou associação significativa.
Conclusões/Considerações
A prevalência de insegurança alimentar entre estudantes da USP é semelhante à nacional. A insegurança alimentar tem múltiplos determinantes, destacando-se a interseccionalidade entre gênero e cor da pele, que revela desigualdades ocultas na análise isolada. A sub-representação de negros na USP reforça a importância das ações afirmativas para inclusão no ensino superior.
O IMPACTO DA ROTULAGEM NUTRICIONAL FRONTAL SOBRE O CONSUMO DE NUTRIENTES CRÍTICOS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 FSP USP
2 Esalq
3 Wageningen University
Apresentação/Introdução
A rotulagem nutricional frontal (RNF) é uma estratégia de saúde pública amplamente adotada na América Latina e no Caribe (ALC) para reduzir o consumo de nutrientes críticos associados a doenças crônicas. Esta revisão sistemática buscou avaliar o impacto da RNF no consumo de açúcares, sódio e gorduras saturadas em países com essa política implementada.
Objetivos
Avaliar e sintetizar as evidências científicas disponíveis sobre os efeitos da RNF no consumo de nutrientes críticos (açúcares, sódio e gorduras saturadas) na América Latina e Caribe.
Metodologia
Trata-se de uma revisão sistemática conduzida entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, conforme as diretrizes PRISMA e registrada na PROSPERO (CRD42024605903). Foram realizadas buscas nas bases PubMed, Scopus, Web of Science, Lilacs e FSTA para estudos publicados de janeiro de 2014 a outubro de 2024, em inglês, espanhol e português. Foram incluídos estudos com delineamentos robustos (séries temporais interrompidas, estudos controlados antes e depois, coortes prospectivas e observacionais) realizados em países da ALC com RNF implementada. Os dados extraídos foram organizados e sintetizados de forma narrativa, com ênfase no impacto sobre o consumo de nutrientes críticos.
Resultados
Foram incluídos oito estudos, sendo sete realizados no Chile e um no México. Quatro estudos analisaram o impacto da RNF na reformulação de produtos e quatro no consumo populacional. Em ambos os casos, observou-se uma redução significativa no teor e consumo de nutrientes críticos. Os efeitos foram mais evidentes em ambientes escolares, especialmente entre crianças e adolescentes. As evidências demonstram que a implementação da RNF contribuiu para mudanças positivas tanto na oferta quanto na escolha alimentar da população.
Conclusões/Considerações
A RNF demonstrou ser uma política eficaz na redução do consumo de nutrientes críticos na América Latina. Apesar da concentração de estudos no Chile e México, os achados indicam impacto positivo na saúde pública. Reforça-se a necessidade de expandir a pesquisa em outros países da região e de fortalecer o monitoramento contínuo dessa política para maximizar seus benefícios populacionais.
ESTADO NUTRICIONAL E FATORES ASSOCIADOS AO GANHO DE PESO GESTACIONAL NA CIDADE DE SÃO PAULO, 2012 A 2020: UM ESTUDO DE COORTE RETROSPECTIVO
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário São Camilo; Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
2 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
3 Laboratório de Exercício e Qualidade de Vida, Centro Universitário São Camilo, São Paulo, Brazil
Apresentação/Introdução
O ganho de peso gestacional (GPG) é uma questão crítica relacionada à saúde pós-parto de recém-nascidos e mães. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda o monitoramento do GPG. Pesquisas mostram que o índice de massa corporal (IMC) no início da gestação é um importante fator para prever o ganho de peso durante a gravidez, sendo necessário ajustar esse ganho conforme a categoria do IMC da mulher.
Objetivos
Avaliar o ganho de peso gestacional e o tipo de parto associado em gestantes acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de São Paulo entre 2012 e 2020.
Metodologia
Estudo de coorte retrospectivo de gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde do município de São Paulo, de 2012 a 2020. Foi realizado relacionamento do Sistema Integrado de Gestão da Atenção à Saúde com o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (276.220 gestantes). A distribuição dos dados foi avaliada por teste Kolmogorov-Smirnov. As comparações entre grupos de acordo com ganho de peso (Baixo Ganho de Peso - BGP vs. Ganho de Peso Adequado - GPA vs. Ganho de Peso Excessivo - GPE) foram realizadas por análise de variância (ANOVA) com post hoc de Tukey. Critérios de inclusão: gestantes com peso inicial registrado antes de 13 semanas e até 15 dias antes do parto e gestação única.
Resultados
A frequência de mulheres, segundo o IMC inicial, foi de 12.004 (4,4%) com baixo peso, 132.049 (48,3%) com peso normal, 78.856 (28,8%) com sobrepeso e 50.660 (18,5%) com obesidade. A população foi composta por 59.881 (21,9%), 37.217 (13,6%) e 176.471 (64,5%) mulheres com baixo ganho ponderal (BGP), ganho ponderal adequado e ganho ponderal excessivo, respectivamente. O ganho ponderal foi associado ao tipo de parto, IMC inicial, cor/etnia, estado civil, idade da mulher e número de consultas de pré-natal.
Conclusões/Considerações
A proporção de gestantes com ganho de peso inadequado é alta, considerando o tipo de parto, o IMC inicial, a cor/etnia, o estado civil, a idade da gestante e as consultas de pré-natal. Intervenções como educação nutricional devem ser sugeridas para auxiliar na obtenção de um ganho de peso adequado.
ASSOCIAÇÃO ENTRE CRITÉRIOS DE COMERCIALIZAÇÃO E A SAUDABILIDADE DE CANTINAS ESCOLARES DO BRASIL: RESULTADOS DO ESTUDO CAEB
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
No Brasil, há ampla comercialização de alimentos nas escolas privadas, com destaque para ultraprocessados, associados ao maior consumo entre alunos. Compreender os critérios de seleção dos itens vendidos nas cantinas é essencial para subsidiar ações que promovam ambientes escolares mais saudáveis.
Objetivos
Caracterizar as cantinas escolares privadas brasileiras e avaliar a associação entre o Índice de Saudabilidade (IS) das cantinas e os critérios adotados por seus gestores para a seleção dos alimentos comercializados.
Metodologia
Estudo transversal com dados do Estudo de Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras (Caeb). Foram analisadas respostas à pergunta: “Com base em que você seleciona os alimentos comercializados?”, com sete alternativas. Realizaram-se análises descritivas (frequências absolutas e relativas, IC 95%) e testes t de Student para comparação de médias do IS segundo os critérios adotados. O estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética das universidades participantes e conduzido conforme as Resoluções CNS Nº 466/2012 e 510/2016.
Resultados
Foram analisados dados de 2.297 cantinas. Entre elas, a maioria possui menos de cinco funcionários (77,54%) e conta com a presença de nutricionista (50,28%). Observa-se que a possibilidade de produção ou aquisição dos alimentos ou produtos os itens mais vendidos, o maior percentual de lucro seguir a recomendação ou determinação definida pela escola, a recomendação ou determinação definida pela escola, seguir a proposta de cardápio elaborada pela nutricionista, e seguir a permissão de comercialização de alimentos de acordo com legislação (lei, decreto, portaria) municipal ou estadual foram fatores que interferiram nos indicadores de saudabilidade.
Conclusões/Considerações
Critérios adotados pelos gestores para a seleção dos alimentos impactam diretamente na saudabilidade das cantinas. Adoção de parâmetros alinhados ao Guia Alimentar para a População Brasileira e à legislação vigente pode favorecer ambientes alimentares escolares mais saudáveis. Os achados reforçam a necessidade de regulamentação e assessoramento técnico nutricional contínuo.
PREVALÊNCIA DO CONSUMO DE BEBIDAS ADOÇADAS POR CRIANÇAS BRASILEIRAS DE 6 A 59 MESES E SUA RELAÇÃO COM FATORES SOCIOECONÔMICOS
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 UFRJ
3 UERJ
Apresentação/Introdução
O consumo alimentar da população brasileira tem passado por transformações nas últimas décadas, com crescente substituição de alimentos in natura por alimentos ultraprocessados, com especial destaque para o consumo de bebidas adoçadas. Fatores socioeconômicos parecem exercer influência direta na escolha dos alimentos.
Objetivos
Estimar a prevalência do consumo de bebidas adoçadas por crianças brasileiras de 6 a 59 meses e sua relação com fatores socioeconômicos.
Metodologia
Foram utilizados dados de 14.535 crianças de 6-59 meses do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), inquérito populacional. O consumo de bebidas adoçadas (Swb) foi avaliado pelo indicador proposto pela Organização Mundial da Saúde, usando um recordatório 24 horas. O indicador foi subdividido em: bebida industrializada (Swb-I), bebida 100% fruta (Swb-F) e bebida adoçada em casa (Swb-C) (presença/ausência). As variáveis socioeconômicas incluídas foram renda familiar e escolaridade da mãe/cuidador. Foram estimados a prevalência e o intervalo de confiança (IC) de 95%, sendo as diferenças consideradas estatisticamente significativas quando não houve sobreposição dos IC.
Resultados
A prevalência de consumo de Swb foi de 79,4% (78,1; 80,7), sendo o Swb-I 53,0% (50,7; 55,4), Swb-F 27,2% (25,3; 29,1) e Swb-C 38,8% (34,8; 42,8). Cerca de 39,5% (37,3; 41,7) das mães ou responsáveis tinham 11 anos de escolaridade, enquanto 37,7% (35,0; 40,4) das famílias apresentavam renda mensal superior a meio salário-mínimo (SM). Crianças com mãe/cuidador com maior escolaridade (≥ 12 anos) apresentaram maior prevalência de Swb-F (33,7 (30,2; 37,1)) do que as com escolaridade de 0-7 anos (7,6% (0,0; 15,8)). Renda familiar mensal maior que meio SM 41,8 (37,8; 45,8) versus até um quarto SM (32,2 (26,6; 37,7))] foi relacionado com maior consumo de Swb-C.
Conclusões/Considerações
Foram observadas diferenças no consumo de bebidas adoçadas em casa e bebidas de frutas e sua relação com variáveis de renda e escolaridade materna ou do cuidador. Porém destaca-se o consumo disseminado destas bebidas entre crianças brasileiras.
ASSOCIAÇÃO DA PUBLICIDADE DE ALIMENTOS E O ÍNDICE DE SAUDABILIDADE EM CANTINAS DE ESCOLAS PRIVADAS DAS CAPITAIS BRASILEIRAS
Pôster Eletrônico
1 ENSP
2 UFMG
Apresentação/Introdução
A alimentação no ambiente escolar afeta a saúde e os hábitos das crianças e adolescentes. A presença de publicidade pode influenciar escolhas alimentares, favorecendo ou não uma dieta saudável. Existe pouca informação acerca deste fenômeno nas escolas privadas no Brasil.
Objetivos
Analisar a associação da publicidade de alimentos em cantinas de escolas privadas das 27 capitais brasileiras com o índice de saudabilidade (IS) do cardápio
Metodologia
Estudo transversal com cantinas de uma amostra aleatória simples de escolas privadas nas 27 capitais e no Distrito Federal (jun/2022–jun/2024). A coleta envolveu observação direta e entrevistas a cantineiros, com questionário contendo lista de 50 alimentos, por nível de processamento. Calculou-se o IS atribuindo um ponto para a presença de cada alimento in natura, minimamente processado e processado (AIMPP) e para a ausência de cada ultraprocessado (AUPP) (escala 0–100). A publicidade foi definida como material promocional visível de alimentos. Regressões lineares simples e ajustadas verificaram a associação entre publicidade e IS.
Resultados
Foram avaliadas 2.241 cantinas, a publicidade de alimentos esteve presente em 43,8% delas. O IS variou conforme o tipo de publicidade, sendo menor em cantinas com promoção exclusiva de AUPP (mediana: 52) e maior naquelas com publicidade exclusiva de AIMPP (mediana: 64). Análises ajustadas mostraram que a publicidade exclusiva de AIMPP está associada a um aumento no IS (coeficiente ajustado: 4,05; IC95%: 2,36, 5,74), enquanto a publicidade de AUPP, isoladamente ou em conjunto com AIMPP, esteve associada a uma redução no IS (coeficientes ajustados: -4,34; IC95%: -5,90, -2,78 e -2,52; IC95%: -3,25, -1,80, respectivamente).
Conclusões/Considerações
A publicidade de alimentos nas cantinas escolares é expressiva e apresenta associação significativa com a qualidade do cardápio. A presença de publicidade de AUPP está relacionada a cardápios menos saudáveis, enquanto a promoção de AIMPP se associa a um ambiente alimentar mais saudável. A regulamentação efetiva do ambiente alimentar é necessária para a proteção e promoção da alimentação adequada e saudável nas escolas.
IMPLEMENTAÇÃO DAS NOVAS NORMAS DE ROTULAGEM NO BRASIL: PANORAMA GERAL DE CATEGORIAS DE ALIMENTOS QUE APRESENTAM ROTULAGEM NUTRICIONAL FRONTAL
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP e Nupens/USP
2 Esalq/USP e Nupens/USP
Apresentação/Introdução
Em 2020 foram aprovadas as normas de rotulagem nutricional de alimentos pela Anvisa, destacando a rotulagem nutricional frontal, em formato de lupa, com alerta para teores excessivos de sódio, açúcar adicionado e gordura saturada. É fundamental monitorar a sua implementação, para aprimorar a regulação de alimentos no Brasil, especialmente os que apresentam impactos para a saúde da população.
Objetivos
Analisar a proporção de produtos que possuem a rotulagem nutricional frontal no Brasil desde a implementação da norma, segundo categoria de produto.
Metodologia
Foram utilizados dados disponíveis em uma base de dados comerciais, a Mintel-Global New Products Database (GNPD), que alimenta e atualiza a base de dados com informações de lançamento de produtos no mercado varejista de diversos países no mundo. Para este estudo foram utilizados dados de alimentos e bebidas comercializados no Brasil, com lançamento na base entre outubro de 2022 a novembro de 2024.
Para as buscas sobre a presença de lupa foi utilizada a variável da Mintel-GNPD de descrição do produto, buscando pelos termos: “high in added sugar”, “high in saturated fats”, “high in sodium” e combinações entre os termos para a presença de mais de uma lupa, utilizando Stata 16.
Resultados
De 21.654 produtos analisados, 4.417 alimentos e bebidas tinham ao menos uma lupa: 23 em 2022, 1.242 em 2023 e 3.152 em 2024. Encontraram-se 813 produtos com “alto em” sódio, sendo 43% molhos e temperos prontos e 15% carnes processadas. Para açúcar adicionado, 1.185 tinham lupa: 30% panificados, 15% caldas e recheios doces e 13% doces. Foram 913 com lupa de gordura saturada, sendo 35% laticínios e 16% snacks. Com lupa de gordura saturada e açúcar, 1.150 (49% chocolates e 39% panificados). Outros 304 tinham gordura saturada e sódio, 35% snacks e 29% carnes processadas. Lupa de açúcar e sódio apareceram em 57, sendo 80% molhos e temperos. Oito produtos tinham as três lupas, 62,5% panificados.
Conclusões/Considerações
Percebe-se que as lupas estão presentes nos produtos tipicamente ultraprocessados e com as categorias de alimentos se repetindo, mesmo com as limitações existentes na norma aprovada. Políticas de regulamentação da rotulagem nutricional de alimentos contribuem para aumentar o consumo de alimentos mais saudáveis e evitar o consumo de ultraprocessados, modificando os hábitos alimentares da população e devem ser monitoradas continuamente.
DESIGUALDADES DE GÊNERO ENTRE ENTREGADORES DE COMIDA POR APLICATIVO: PERFIL SOCIOECONÔMICO, CONDIÇÕES DE TRABALHO E INSEGURANÇA ALIMENTAR - ENTREGAS DA FOME
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UFF
3 PUCPR
4 Fiocruz Brasília e Djanira Instituto
Apresentação/Introdução
No Brasil, a pandemia e a Reforma Trabalhista intensificaram a adesão ao trabalho por aplicativos, marcado pela informalidade e precarização. Entregadores, majoritariamente jovens, negros e de baixa renda, enfrentam jornadas extensas e baixa proteção social, com destaque para as desigualdades de gênero.
Objetivos
Analisar o perfil sociodemográfico, a renda como entregador, as condições de trabalho e insegurança alimentar de entregadores de comida por aplicativo segundo identidade de gênero.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal, parte da pesquisa “Entregas da Fome: Insegurança Alimentar Domiciliar em trabalhadores de aplicativos de entrega de comida nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro”. A coleta foi realizada em agosto de 2024, com entregadores ≥18 anos, por amostragem probabilística representativa. Os dados foram obtidos por entrevistas presenciais com questionário estruturado. Analisaram-se variáveis sociodemográficas e laborais: cor da pele/raça, chefia de família, ocupação principal, dias e horas de trabalho por semana, deslocamento, ocupação anterior, tempo desempregado, renda per capita e insegurança alimentar (EBIA), segundo identidade de gênero.
Resultados
A maioria dos entregadores avaliados era homem cis (89,0%), tinha entre 18 e 29 anos de idade (60,2%) e cor de pele parda (43,2%). A entrega era a principal ocupação para mais de 90% dos participantes. Maior proporção de homens cis declarou trabalhar todos os dias/semana (58,3%) e ≥11h/dia (33,3%). Maior proporção de mulheres cis eram estudantes antes de trabalhar com entregas (33,5%) e menor proporção era chefe de família (46,2%). Maior proporção de pessoas trans/não binárias usava bicicleta mecânica para a realização das entregas (34,2%), tinha insegurança alimentar leve (29,0%) e renda ≤½ salário-mínimo (43,4%).
Conclusões/Considerações
A maioria dos entregadores de comida por aplicativo era homem cis, pardo e tinha essa atividade como ocupação principal. Comparados aos homens e mulheres cis, pessoas trans/não binárias enfrentavam maior vulnerabilidade econômica e insegurança alimentar, evidenciando que as desigualdades de gênero também atingem essa categoria laboral.
INSEGURANÇA ALIMENTAR EM UNIVERSITÁRIOS DE JOÃO PESSOA-PB
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Apresentação/Introdução
Insegurança alimentar (IA) é o não atendimento ao direito básico de alimentação regular e permanente em quantidade e qualidade sem comprometer outras necessidades e, em 2022, afetava mais de 120 milhões de brasileiros, sendo 33 milhões de forma grave. Entre universitários pode impactar negativamente no desempenho acadêmico, provocando retenção e abandono das instituições de ensino superior.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de IA entre estudantes universitários, e analisar sua associação com características sociodemográficas e com o nível de dificuldade relatado para se manter na universidade.
Metodologia
Estudo observacional transversal realizado com estudantes de graduação da Universidade Federal da Paraíba, maiores de 18 anos. A coleta de dados ocorreu entre agosto e setembro de 2024, por meio de questionário online (Google Forms), contendo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, questões sociodemográficas e autorreferência de dificuldades de permanência na universidade. A análise dos dados foi realizada no software Jamovi, com teste de associação Qui-quadrado e construção de modelos de regressão log-linear simples e múltipla, adotando-se nível de significância de p<0,05 em todas análises. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e todos estudantes assinaram o TCLE.
Resultados
Entre 293 estudantes incluídos aleatoriamente, a prevalência de IA foi 60,4%, sendo 6,5% grave. Estudantes do sexo masculino tiveram maior frequência de IA grave e sete de oito que declararam serem de sexo não binário apresentaram IA. Morar com os pais, trabalhar, maiores rendas foram fatores protetores da IA. Comida, moradia e transportes foram as maiores despesas declaradas pelos estudantes em IA. Quando comparado com estudantes em segurança alimentar (SA), estudantes em IA grave tiveram razão de prevalência (RP) de 2,3 de considerar a universidade um sacrifício e RP de trancar ou abandonar o curso de 2,1, 3,5 e 3,4 para os estudantes em IA leve, moderada e grave, respectivamente.
Conclusões/Considerações
Os estudantes apresentaram alta prevalência de IA associada a maior dificuldade de se manter na Universidade. Estes tiveram suas maiores despesas com itens básicos indicando vivências da cidadania limitadas. A Universidade é um meio de romper o ciclo intergeracional da pobreza, mas os investimentos realizados pelas universidades públicas são insuficientes para reduzir as desigualdades sociais se não garante direitos básicos para todos estudantes.
MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR NO MUNICÍPIO DE PALMAS-TO: ANÁLISE DO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2025
Pôster Eletrônico
1 FESP
2 FESP/SEMUS
Apresentação/Introdução
Os marcadores de consumo alimentar são ferramentas essenciais para o monitoramento das condições de saúde e nutrição da população. No município de Palmas-TO, o acompanhamento desses marcadores tem sido estratégico para avaliar os padrões alimentares em diferentes grupos etários e distintos territórios de saúde no município, além de orientar ações de promoção da saúde.
Objetivos
Analisar os dados dos marcadores de consumo alimentar registrados no primeiro quadrimestre de 2025 nas unidades de saúde de Palmas, com ênfase na distribuição por faixa etária, incluindo gestantes.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, com análise dos dados secundários provenientes do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) referentes ao período de janeiro a abril de 2025. Os dados foram organizados por unidade de saúde, faixa etária (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes), e analisados segundo a frequência de consumo de alimentos marcadores positivos e negativos.
Resultados
No primeiro quadrimestre de 2025, as Unidades de Saúde de Palmas registraram 3.102 marcadores de consumo alimentar. Desses, 1.212 (39%) foram referentes ao público adulto, seguidos por 1.086 (35%) em idosos, evidenciando o foco nas faixas etárias prioritárias para ações de promoção da saúde. A distribuição por mês mostra crescimento contínuo: 568 registros em janeiro, 703 em fevereiro, 978 em março e 853 em abril — um reflexo do engajamento crescente das equipes. As USFs 712 Sul, José Hermes Damaso e Marizaiana Rodrigues (Buritirana) lideraram em volume de registros. Esse desempenho reforça a importância dos marcadores como ferramenta estratégica de vigilância alimentar e nutricional.
Conclusões/Considerações
A análise dos 3.102 registros de marcadores de consumo alimentar em Palmas no primeiro quadrimestre de 2025 aponta o fortalecimento das ações de vigilância alimentar e nutricional no território. O aumento progressivo dos lançamentos e o destaque de algumas unidades de saúde refletem o engajamento das equipes. Os dados permitem identificar grupos prioritários e orientar estratégias locais de promoção da alimentação saudável e prevenção de doenças.
DESVELANDO AS CONDIÇÕES DE ESTUDO REMOTO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 E AS ASSOCIAÇÕES COM A (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
A pandemia da COVID-19 não afetou de forma igual a população em geral, em especial os discentes universitários, refletindo desigualdade em alguns aspectos, como os relacionados às condições de estudo remoto e de (in)segurança alimentar, e esta já vinha alcançando índices preocupantes. A associação desses dois fatores pode intensificar contextos de vulnerabilidades que não são facilmente reparáveis.
Objetivos
Identificar o perfil das condições de estudo remoto emergencial (ERE), de (in)segurança alimentar e, as associações existentes, em uma população de 2.361 estudantes de instituições de ensino superior (IES) brasileiras, na primeira onda da COVID-19.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal aninhado ao projeto de pesquisa intitulado “Influência da pandemia da COVID-19 sobre a saúde mental e comportamento alimentar de discentes e docentes de instituições de ensino superior públicas e privadas: um estudo de coorte” – CoCASa, que obteve dados de 2.361 discentes de graduação dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Utilizou-se fatores materiais (tecnológicos, conectividade, mobiliário), temporais (período do curso), espaciais (domicílio) e pessoais (horas de sono) para identificar o construto condições de estudo remoto (ER) utilizando a análise de classes latentes. Qui-quadrado de Pearson e regressão multinomial testaram as associações.
Resultados
Verificou-se que a média de idade foi de 25 anos (DP: 7,5), com maior prevalência de discentes da região Nordeste (43%), população em sua maioria feminina (79%), com renda < R$3.000,00 e 44% referindo ser da raça/cor da pele de pretos/pardos/indígenas. A condição de insegurança alimentar (IA) foi identificada em 44,4% dos domicílios. O modelo com 4 classes latentes caracterizou as condições de estudo em Vulnerável (CL1), Adequada (CL2), de Risco (CL3) e em Desequilíbrio (CL4), com maior proporção na CL1 (32,2%). A IA moderada/grave se associou com a CL1 e CL3, demonstrando que estudantes conviveram simultaneamente com a fome e condições inadequadas para estudar, durante a pandemia.
Conclusões/Considerações
O cenário vivenciado pelos discentes, acena para importantes questões, que associadas potencializam os riscos à saúde, ao bem-estar e ao processo de aprendizagem, principalmente quando se observa que os expostos às piores condições de estudo remoto também estavam mais sujeitos ao pior cenário da (in)segurança alimentar. Mitigar efeitos da COVID-19, principalmente entre os grupos mais afetados, é papel das políticas públicas, dentro e fora das IES.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS EM DOMICÍLIOS COM E SEM CRIANÇAS NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
A Insegurança Alimentar (IA) é um importante indicador social. Domicílios com crianças tendem a ser mais vulneráveis a ter IA quando comparados a domicílios sem crianças porque nesses núcleos familiares há maior custo com alimentação, saúde, educação, cuidado, moradia e transporte. Por isso, acompanhar as estimativas destinadas a esse público em questão é uma importante ferramenta político-social.
Objetivos
Descrever as prevalências da IA e das características socioeconômicas de domicílios com e sem crianças até cinco anos de idade no Brasil.
Metodologia
Estudo transversal com microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), em 2023. A IA foi aferida pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar e classificada em segurança alimentar (SA), IA leve (IAL), moderada (IAM) ou grave (IAG). Para análise das características socioeconômicas foi selecionada a variável da renda familiar per capita. Prevalências e intervalos de confiança de 95%(IC95%) foram analisados no software STATA 16.0 segundo respectivos pesos amostrais(comando‘svy’). Estudo dispensa aprovação de CEP/CONEP.
Resultados
Dos 173.676 domicílios, 29.473 (19,4%) tinham pelo menos uma criança com até cinco anos de idade. Entre esses domicílios foi observado maior prevalência de famílias com até ¼ de salário-mínimo (14,9%; IC95%:14,3-15,4) em comparação aos demais domicílios (6,8%;IC95%:6,6-7,0). Domicílios sem crianças de até cinco anos apresentaram maior prevalência de SA (74,3%;IC95%:73,9-74,7), em comparação àqueles com crianças 64,43%;IC95%:63,5-65,3). Apesar das prevalências de IAM (5,2%;IC95%:5,0−5,4 vs. 5,9%;IC95%:5,5−6,2) e IAG (4,1%;IC95%:3,9−4,2 vs. 4,1%;IC95%:3,8−4,4) entre domicílios com e sem crianças serem próximas, percebeu-se um aumento da fome em domicílio com crianças.
Conclusões/Considerações
Domicílios com pelo menos uma criança de até cinco anos de idade apresentaram maiores prevalências de IA como um todo e maior prevalência de extrema pobreza. Esses resultados evidenciam o quanto o acesso à alimentação pode ser impactado pela renda, especialmente em famílias que precisam de políticas públicas promotoras de uma alimentação saudável direcionadas para crianças e programas de transferência de renda.
PERCEPÇÃO DE ACESSO A ALIMENTOS E INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM FAVELAS DE UMA METRÓPOLE BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 UFRGS
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional (InSAN) no Brasil permanece marcada por profundas desigualdades sociais e raciais, afetando desproporcionalmente moradores de favelas. O ambiente alimentar, especialmente a disponibilidade de alimentos in natura e minimamente processados, exerce papel central na realização do direito humano à alimentação adequada.
Objetivos
Avaliar a associação entre a percepção de acesso a alimentos e a ocorrência de InSAN, com ênfase nas desigualdades raciais entre moradores de favelas de uma metrópole brasileira.
Metodologia
Estudo transversal realizado com 790 famílias residentes em favelas de Belo Horizonte (MG), com crianças de 5 a 10 anos. A InSAN foi mensurada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). As variáveis independentes incluíram a percepção de acesso a frutas, legumes e verduras (FLV), feijão, bebidas e alimentos ultraprocessados; e a frequência de compra de alimentos em geral e FLV próximos à residência, local de trabalho ou estudo. Foram conduzidas análises descritivas e regressão logística estratificada por raça/cor de pele branca e negra, com nível de significância de 5% (Stata 18.0). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG.
Resultados
Entre os participantes, 83,5% se autodeclararam negros e 14,8% brancos; 58,4% estavam em situação de InSAN. A percepção de facilidade para comprar FLV na comunidade associou-se a menor chance de InSAN (OR:0,52; p<0,001), especialmente entre pessoas negras (OR:0,47; p<0,001). Também foi observada associação negativa entre InSAN e a percepção de facilidade para adquirir feijão entre pessoas negras (OR:0,62; p<0,05). A compra de alimentos próximos à residência, ao trabalho ou estudo, ou no trajeto entre esses locais, associou-se à menor chance de InSAN (p<0,05), sobretudo entre pessoas negras (p<0,01) e quando os alimentos comprados eram FLV (p<0,01).
Conclusões/Considerações
A percepção de facilidade no acesso a FLV e feijão esteve associada à menor ocorrência de InSAN, particularmente entre a população negra. A proximidade dos pontos de compra também mostrou-se um fator protetivo. Os resultados reforçam a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso a alimentos saudáveis em territórios periféricos, enfrentando desigualdades raciais e promovendo a segurança alimentar e nutricional.
AMBIENTE ALIMENTAR DOMÉSTICO DE DOMICÍLIOS COM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS SEGUNDO FATORES SOCIOECONÔMICOS: ESTUDO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO INFANTIL (ENANI- 2019
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UERJ
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar doméstico (AAD) influencia o consumo alimentar infantil por meio de fatores como disponibilidade e acesso a alimentos. O melhor AAD é aquele com alta disponibilidade de alimentos in natura (AIN) e baixa de ultraprocessados (AUP). Compreender como fatores socioeconômicos e demográficos estão relacionados ao AAD contribui para o mapeamento do ambiente alimentar infantil no Brasil.
Objetivos
Descrever o AAD de crianças brasileiras < 5 anos, segundo macrorregião, escolaridade da mãe/cuidador, raça/cor da mãe/cuidador e Indicador Econômico (IEN).
Metodologia
O AAD de 14.558 crianças <5 anos do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil foi avaliado usando questionário com 13 perguntas sobre disponibilidade (4 de AIN e 5 de AUP) e o acesso para a criança (1 de AIN e 3 de AUP), com respostas em escala de cinco pontos variando de “nunca” a “sempre”. Foram construídos três scores: E-AIN (5 a 25), E-AUP com pontuação inversa (8 a 40), e E-ADD (2 a 10) construído pela soma padronizada dos scores anteriores , classificado em baixo (≤ 5,5), médio (> 5,5 ≤ 6,5) e alto (> 6,5). O E-AAD foi analisado por macrorregião, IEN (terços), escolaridade da mãe/cuidador (≤7; 8-11 e ≥ 12 anos), raça/cor mãe/cuidador (branca, parda e preta) com os IC95%.
Resultados
Maiores percentuais do E-AAD alto foram observados na região Sul (31,5% (28,2; 34,7)), entre crianças do 3º terço do IEN (34,5% (29,8; 39,1)), com mães/cuidadores com ≥ 12 anos de estudo (39,5% (35,3; 43,6)) e de mãe/cuidador de raça/cor branca (32,6% (29,5; 35,6)). Maiores percentuais de E-AAD baixo ocorreram entre crianças da região Norte (30,6%; (27,3; 33,9)), do 1º terço do IEN (28,0% (26,2; 29,9)), com mães/cuidadores com ≤ 7 anos de escolaridade (27,.5%(17,4; 23,2)) e com mães/cuidador de raça/cor parda (24,1%(21,8; 26,4)). Diferenças estatisticamente significativas nas frequências das categorias dos escores foram observadas entre as regiões, IEN e escolaridade da mãe/cuidador.
Conclusões/Considerações
Crianças em domicílios com melhores condições socioeconômicas, que residem na região Sul, com mães/cuidadores com maior escolaridade e raça/cor branca apresentaram melhores escores de AAD quando comparadas às demais. Esses resultados destacam como as desigualdades sociais históricas do país afetam o AAD principalmente de crianças, contribuindo com evidências que possam fomentar a elaboração de políticas públicas direcionadas para este segmento.
ASSOCIAÇÃO ENTRE INSEGURANÇA ALIMENTAR E SAÚDE MENTAL NO BRASIL: UMA REVISÃO DE ESCOPO COM ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA
Pôster Eletrônico
1 UNB
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional é um fenômeno crítico no Brasil, associado a desfechos nutricionais, sociais e à saúde mental. No entanto, há poucos estudos que exploram essa relação no contexto brasileiro. Esta revisão de escopo busca reunir evidências nacionais sobre a associação entre insegurança alimentar e saúde mental, identificando temas e lacunas.
Objetivos
Sistematizar evidências recentes sobre a associação entre insegurança alimentar e saúde mental no Brasil, identificando temas predominantes, tendências analíticas e lacunas na produção científica nacional.
Metodologia
Realizou-se uma revisão de escopo com análise bibliométrica, seguindo as diretrizes PRISMA e o referencial metodológico de Arksey e O’Malley. Foram incluídos estudos transversais publicados entre 2019 e 2024 nas bases PubMed, Scopus e Embase. Após triagem e aplicação de critérios de elegibilidade, foram selecionados 11 estudos para análise qualitativa. As informações extraídas foram organizadas no Zotero e analisadas com auxílio do VOSViewer para coocorrência de palavras-chave. Também foi aplicado o checklist JBI para avaliação da qualidade metodológica dos estudos.
Resultados
Todos os estudos incluídos indicaram associação positiva entre insegurança alimentar e nutricional e sofrimento mental, especialmente entre mulheres, pessoas em situação de pobreza e gestantes. Observaram-se correlações consistentes com sintomas de depressão, ansiedade e estresse. A análise bibliométrica apontou a centralidade das palavras-chave “mental health”, “food security” e “depression”, além da presença de temas como COVID-19, gravidez e vulnerabilidade social. Destacou-se também a heterogeneidade nos instrumentos utilizados para avaliar saúde mental e insegurança alimentar e nutricional, o que limita a comparabilidade entre os estudos.
Conclusões/Considerações
A revisão aponta relação significativa entre insegurança alimentar e nutricional e sofrimento mental no Brasil, reforçando a necessidade de abordagens intersetoriais e integradas entre saúde, alimentação e políticas sociais. Recomenda-se ampliar a produção científica sobre ansiedade e estresse, além de adotar metodologias com maior robustez e sensibilidade territorial. A transversalidade entre os temas deve compor agendas públicas permanentes.
AMBIENTE ALIMENTAR COMUNITÁRIO EM TERRITÓRIO DE SAÚDE: DISPONIBILIDADE E ACESSIBILIDADE FÍSICA NO DISTRITO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 UNB
2 ESPDF/FEPECS
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional é agravada por fatores como a baixa disponibilidade e a dificuldade de acesso físico a alimentos saudáveis nos territórios. Explorar a relação entre território de saúde e ambiente alimentar permite desigualdades no acesso à alimentação adequada e subsidiar políticas públicas locais.
Objetivos
Classificar os estabelecimentos de aquisição de alimentos quanto à disponibilidade e acessibilidade física em um território de saúde do Distrito Federal-DF, visando subsidiar estratégias de promoção da saúde e enfrentamento da insegurança alimentar.
Metodologia
Estudo observacional descritivo, realizado entre 2022 e 2023, em território sob abrangência de uma gerência de Atenção Primária DF. Foram identificados e auditados 100 estabelecimentos de aquisição de alimentos com coleta in loco. Os estabelecimentos georreferenciados via Google Earth Pro® foram classificados conforme predominância de alimentos ofertados (in natura, mistos e ultraprocessados). A análise foi realizada com estatística descritiva de frequência e os resultados foram correlacionados com indicadores socioeconômicos e de vulnerabilidade do território. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FEPECS (CAAE nº 61493222.0.0000.5553).
Resultados
A maioria dos estabelecimentos (68%) foi classificada como não saudável, com destaque para bares (30%) e lanchonetes. Um dos territórios, vinculado a uma equipe de Saúde da Família, concentrou 50% dos bares identificados. Apenas 32% dos estabelecimentos auditados apresentaram perfil saudável (in natura ou misto in natura). Observamos a presença simultânea de características de deserto e pântano alimentar, intensificadas pela escassez de dispositivos promotores de segurança alimentar e nutricional, como feiras públicas. O mapeamento captou a oferta alimentar do comércio informal e ambulante.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou baixa disponibilidade e acessibilidade física de alimentos saudáveis no território, revelando a vulnerabilidade do território e os riscos à saúde. Nosso estudo reforça a importância de se articular ações de Atenção Primária e com políticas alimentares locais, por meio de estratégias de diagnóstico territorial que incorporem o ambiente alimentar como eixo de investigação.
DUPLA CARGA DE MÁ NUTRIÇÃO EM ADULTOS NO BRASIL: EVIDÊNCIAS DE DESIGUALDADES DE RAÇA, GÊNERO E CLASSE
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP
Apresentação/Introdução
A dupla carga de má nutrição, altamente prevalente em países da América Latina e Caribe se caracteriza pela presença simultânea de desnutrição e excesso de peso em uma mesma pessoa, família ou comunidade. Essa condição pode afetar de forma desproporcional grupos socialmente vulneráveis, sendo imprescindível compreender esse perfil sociodemográfico para apoiar políticas públicas de justiça social.
Objetivos
Descrever o perfil sociodemográfico de adultos brasileiros com dupla carga de má nutrição, utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (PNS/2019).
Metodologia
Estudo transversal conduzido com adultos de 20 a 59 anos. A dupla carga de má nutrição foi definida como a presença simultânea de excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m²) e baixa estatura, utilizada como proxy de desnutrição pregressa (<160 cm para homens e <149 cm para mulheres). Foram estimadas proporções ponderadas e razões de prevalência (RP) por meio de regressão de Poisson com variância robusta, considerando o plano amostral complexo. As análises foram realizadas no R com o pacote survey. A pesquisa foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), parecer nº 3.529.376.
Resultados
A prevalência da dupla carga de má nutrição entre adultos brasileiros foi de 1,8% (IC95%: 1,7–2,0), correspondendo a aproximadamente 1.835.141 indivíduos. Foram observadas maiores RP entre mulheres (RP=1,55; IC95%: 1,29–1,88), adultos de 40–59 anos (RP=1,81; IC95%: 1,49–2,21), pessoas com ensino fundamental incompleto (RP=3,78; IC95%: 2,55–5,60) e aquelas com renda domiciliar per capita até ½ salário-mínimo (RP=6,12; IC95%: 2,57–14,54). As regiões Norte (RP=2,77; IC95%: 1,83–4,19) e Nordeste (RP=1,77; IC95%: 1,20–2,62) apresentaram as maiores RP, assim como pessoas pardas (RP=1,33; IC95%: 1,06–1,67) e indígenas (RP=2,92; IC95%: 1,36–6,25).
Conclusões/Considerações
A dupla carga de má nutrição afeta principalmente mulheres, adultos de meia-idade, pardos e indígenas, pessoas com baixa escolaridade e baixa renda, bem como residentes nas regiões Norte e Nordeste. Os resultados evidenciam, principalmente, desigualdades de raça, gênero e classe, reforçando a necessidade de políticas públicas que combatam as iniquidades estruturais e priorizem populações vulnerabilizadas.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E QUALIDADE DA DIETA EM UMA COMUNIDADE DE TRABALHADORES RURAIS DO SEMIÁRIDO CEARENSE
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP
2 IFCE
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar (IA) é uma negação à garantia do direito humano à alimentação adequada, afetando principalmente populações em situação de vulnerabilidade, como os trabalhadores rurais sem-terra. No Brasil, os marcadores de consumo alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) têm sido utilizados para monitorar a qualidade da dieta e orientar políticas públicas.
Objetivos
Descrever a prevalência de IA e investigar a associação entre a situação de segurança alimentar e os marcadores de consumo alimentar em adultos e idosos de uma comunidade de trabalhadores rurais do semiárido cearense.
Metodologia
Estudo transversal, conduzido com 99 adultos e idosos de uma comunidade de trabalhadores rurais sem-terra do semiárido cearense. Aplicou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) para classificação da segurança alimentar domiciliar. O consumo alimentar foi avaliado com base nos marcadores de consumo alimentar do SISVAN. Foram realizadas análises descritivas e teste de qui-quadrado para comparação das frequências de consumo entre os grupos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética, sob o parecer de nº 2.933.675 e contou com consentimento livre e esclarecido dos participantes.
Resultados
A prevalência de IA foi de 89,9%, com predomínio da forma leve (43,4%). Dentre os alimentos in natura e minimamente processados, o feijão apresentou a maior frequência de consumo (87,9%), seguido por frutas (50,5%) e verduras/legumes (44,4%). Entre os ultraprocessados, destacou-se o consumo de bebidas adoçadas (56,6%), seguido por biscoitos recheados, doces ou guloseimas (24,2%), hambúrgueres e embutidos (23,2%) e macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados (12,1%). Houve associação significativa entre IA e consumo de feijão (p<0,001) e o não consumo de hambúrgueres e embutidos (p=0,035). Para os demais alimentos, não foram observadas diferenças significativas.
Conclusões/Considerações
Detectou-se elevada prevalência de IA nesta população. Apesar desse cenário, indivíduos em situação de IA mantiveram maior consumo de alimentos básicos e culturalmente apropriados, como o feijão, e menor consumo de alimentos ultraprocessados como hambúrgueres e embutidos, indicando preservação de alimentos básicos e menor adesão a ultraprocessados. Os achados reforçam a necessidade de políticas que ampliem o acesso a alimentos saudáveis.
TENDÊNCIA TEMPORAL DO CONSUMO REGULAR DE FRUTAS DE IDOSOS BRASILEIROS QUE MORAVAM SOZINHOS: RESULTADOS DO VIGITEL, 2006-2021
Pôster Eletrônico
1 UFMT
Apresentação/Introdução
Transformações na sociedade, como urbanização, modernização e envelhecimento populacional, favorecem o arranjo domiciliar unipessoal, especialmente para pessoas idosas. Morar sozinho pode ser um fator que pode contribuir ou não para o envelhecimento saudável e consumo alimentar adequado, com destaque para o consumo regular de frutas, o qual contribui para a saúde e estado nutricional.
Objetivos
Analisar a tendência temporal do consumo regular de frutas de idosos brasileiros que moravam sozinhos.
Metodologia
Análise de série temporal de idosos brasileiros (≥ 60 anos) do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) entre 2006 e 2021. Consumo regular de frutas foi definido a partir do consumo 5 vezes ou mais por semana. O idoso morar sozinho foi definido por residir em domicílios unipessoais. A prevalência anual e intervalos de confiança de 95% do consumo regular de frutas foi calculada para o total da amostra, estratificada por sexo, faixa etária e escolaridade (anos de estudo). A tendência temporal foi avaliada com a regressão por joinpoint e cálculo Annual Percent Change (APC).
Resultados
O consumo regular de frutas variou de 74,9% em 2006 a 78,3% em 2021. Para a população total houve tendência de aumento entre 2006-2010 (APC: 1,86%) e seguida redução (APC: -0,51%). Observou-se tendências de aumento para os homens (APC: 0,84%) entre 2006-2015, mulheres (APC: 1,52%) e com até 8 anos de estudo (APC: 2,01%) entre 2006-2010, com 60-64 anos (APC: 1,72%) entre 2006-2021. Tendências de redução para homens (APC: -1,56%) entre 2015-2021, mulheres (APC: -0,49%) e com até 8 anos de estudo (APC: -0,36%) entre 2010-2021, com 9 a 11 anos de estudo (APC: -0,88%) entre de 2006-2021, com 60-64 anos (APC: -2,26%) entre 2014-2021. Os demais grupos apresentaram tendência de estabilidade.
Conclusões/Considerações
Houve estabilidade na prevalência de consumo regular de frutas dos idosos que moravam sozinhos entre 2006 e 20211, contudo, observou-se tendências de aumento e redução e quebras na série. Acompanhar o consumo regular de frutas por idosos que moram sozinhos ajuda compreender melhor esse arranjo domiciliar, além de contribuir para estratégias de promoção da alimentação saudável, maior longevidade e melhor qualidade de vida ao grupo.
INSEGURANÇA ALIMENTAR ENTRE MINORIAS SEXUAIS E DE GÊNERO NO BRASIL: IMPACTO DA COVID-19 E ASSOCIAÇÕES COM A ADESÃO AOS ANTIRRETROVIRAIS ENTRE PESSOAS VIVENDO COM HIV
Pôster Eletrônico
1 INI FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
O Brasil é referência no acesso universal à terapia antirretroviral (TAR), mas enfrenta desafios no controle do HIV. A epidemia está concentrada em grupos vulneráveis, particularmente minorias sexuais e de gênero (MSG), que sofrem discriminação e exclusão social, aumentando sua vulnerabilidade ao HIV. A insegurança alimentar, agravada pela pandemia de COVID-19, ressurgiu no país como problema crítico.
Objetivos
Entre MSG do Brasil, verificamos: impacto temporal da pandemia de COVID-19 na insegurança alimentar; associação entre status de HIV e insegurança alimentar; associação entre insegurança alimentar e período pandêmico com adesão adequada a TAR.
Metodologia
Estudos online entre 22.327 MSG adultas residentes do Brasil e recrutadas em mídias socias em três períodos da pandemia de COVID-19: início (2020), final (2021) e pós (2024). A insegurança alimentar foi avaliada usando a Escala Brasileira de Medição da Insegurança Alimentar (EBIA) de 8 itens. A adesão adequada à TAR foi definida por autorrelato de 100% de uso nos últimos 30 dias. Modelos de regressão logística multivariados foram usados com 2 desfechos: insegurança alimentar e adesão adequada à TAR. Modelos foram ajustados pelo método de recrutamento, idade, gênero, orientação sexual, raça, escolaridade, renda, área urbana, região, uso de álcool, substâncias e status HIV.
Resultados
Insegurança alimentar diminuiu com o tempo (55,3% início, 42,1% final, 36,6% pós). Observamos menores chances de insegurança alimentar nos períodos final (aOR:0,65 [IC95%:0,59-0,71]) e pós (aOR:0,66 [IC95%:0,60-0,73]) comparado com o início da pandemia de COVID-19. Pessoas vivendo com HIV (PHIV) tiveram mais chance de insegurança alimentar (aOR:1,21 [IC95%:1,11-1,31]) que pessoas com status HIV negativo. Entre os PHIV (N=4.006), 72,9% relataram adesão adequada à TAR. Menores chances de adesão adequada foram encontradas entre participantes com insegurança alimentar (aOR: 0,68 [IC 95%:0,58-0,80]) e nos períodos final (aOR:0,57 [IC95%:0,44-0,74]) e pós (aOR:0,40 [IC95%:0,32-0,50]) pandêmicos.
Conclusões/Considerações
No Brasil, a pandemia de COVID-19 aprofundou vulnerabilidades entre as MSG, com consequente aumento nos níveis de insegurança alimentar nessa população, especialmente entre PHIV. A insegurança alimentar atua como barreira para a adesão ideal ao tratamento, reforçando a necessidade de políticas públicas integradas que combinem promoção dos direitos básicos de saúde de forma equânime, respeitando às necessidades e especificidades das MSG.
CONSUMO DE ALIMENTOS IN NATURA/MINIMAMENTE PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS ENTRE POVOS RIBEIRINHOS DO OESTE DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Instituto Nacional de Saúde Pública de Cabo Verde
2 Universidade Federal do Oeste da Bahia
Apresentação/Introdução
A transição nutricional tem levado ao aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, com impactos negativos na saúde pública. O consumo desses alimentos têm crescido entre os povos tradicionais. Nas comunidades ribeirinhas do Cerrado, povos tradicionais com forte conexão econômica e simbólica com os rios, essa transição ocorre em um cenário de atuação do agronegócio com danos à biodiversidade.
Objetivos
Estimar o consumo de alimentos in natura/minimamente processados e ultraprocessados em povos ribeirinhos do Oeste baiano.
Metodologia
Trata-se de resultados preliminares do estudo transversal intitulado "Afluência: Saúde dos Povos Ribeirinhos do Território de Identidade Bacia do Rio Grande no Oeste Baiano", com 66 pessoas ribeirinhas em maio de 2025. O consumo de alimentos foi avaliado por escores correspondentes à somatória de respostas positivas para questões sobre o consumo no dia anterior de 12 grupos de alimentos in natura/minimamente processados, nos quais os alimentos foram agrupados de acordo com suas propriedades nutricionais, e de 10 grupos de alimentos ultraprocessados frequentemente consumidos no Brasil. Para análise, considerou-se a média de respostas positivas e o consumo de cinco ou mais grupos de alimentos.
Resultados
A média de consumo de alimentos in natura/minimamente processados foi de 6,56 (DP=0,30), sendo que 75,8% consumiram cinco ou mais grupos de alimentos, valor superior ao da população brasileira (23,7%). Os grupos mais consumidos foram: feijões (93,9%); arroz/ macarrão/ cuscuz; e carnes (90,9%). Já os ultraprocessados tiveram uma média de consumo de 1,82 (DP=0,21), sendo que 9,1% consumiram cinco ou mais grupos de alimentos, valor superior ao observado na população rural brasileira (7,4%). O consumo de pelo menos um grupo de alimentos ultraprocessados foi observado em 71,2%, os grupos mais consumidos foram refrigerantes (31,8%), molhos industrializados (31,8%) e biscoitos e pães (22,7%).
Conclusões/Considerações
O estudo destaca a coexistência de padrões alimentares tradicionais e industrializados, com implicações importantes para a promoção da saúde. Reforça-se a necessidade de políticas públicas que incentivem o consumo de alimentos in natura / minimamente processados, incluindo a conservação dos recursos naturais necessários para produção desses alimentos, e ações educativas sobre os riscos à saúde trazidos pelo consumo de alimentos ultraprocessados.
SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO NO PUERPÉRIO: PREVALÊNCIA E INIQUIDADES NO ACESSO SEGUNDO A PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DE 2019
Pôster Eletrônico
1 UFMT
Apresentação/Introdução
A anemia ferropriva constitui a desordem nutricional de maior prevalência global. Durante a gestação e o puerpério, suas principais etiologias são a deficiência de ferro e as perdas sanguíneas agudas. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde expandiu suas diretrizes, visando ampliar a proteção materna e neonatal, reconhecendo o puerpério como uma fase crítica para ambos.
Objetivos
Analisar a prevalência e os fatores sociodemográficos associados ao uso de suplementação de ferro no puerpério em mulheres brasileiras.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, desenvolvido com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. As variáveis analisadas incluíram histórico gestacional, independente do desfecho da gestação, uso de suplemento contendo exclusivamente ferro ou associado a vitaminas nos primeiros três meses após o parto, origem do medicamento (serviço público de saúde) e duração do uso do medicamento. Além disso, foram avaliadas características sociodemográficas (faixa etária, escolaridade, raça/cor da pele, local de moradia e região geográfica). As prevalências foram calculadas para o ano de 2019, conforme as variáveis sociodemográficas.
Resultados
O estudo revelou que 69,2% das mulheres no puerpério fizeram uso de suplementação com ferro. A maior prevalência foi entre mulheres de 18 a 59 anos (66,4%), com ensino médio completo (28,53%), autodeclaradas pardas (37,3%) e residentes na região Sudeste (25,4%), comparadas às menores prevalências que ocorreram entre adolescentes de 15 a 17 anos (2,8%), mulheres sem escolaridade (0,8%) e indígenas (0,4%) residentes da região Sul (7.8%). Quanto à moradia, destacaram-se residentes de áreas urbanas (58,7%) e do interior (54,6%). Notou-se ainda que 73,9% não receberam prescrição profissional, 39,4% não obtiveram o suplemento pelo Sistema Único de Saúde e 26,8% usaram-no por menos de um mês.
Conclusões/Considerações
Observou-se desigualdades no acesso e na adesão à suplementação de ferro no puerpério, com destaque para a falta de prescrição profissional. Políticas públicas mais eficazes devem priorizar os grupos mais vulneráveis, garantindo orientação adequada e acesso contínuo à suplementação, visando à saúde materna e neonatal.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE MORADORES DE UM CONDOMÍNIO EM CAUCAIA, CEARÁ: INDICADORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS EM CONTEXTO COMUNITÁRIO
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo (USP)
2 Centro Universitário Unifanor Wyden
Apresentação/Introdução
A crescente prevalência de doenças crônicas não transmissíveis no Brasil evidencia a importância do monitoramento da composição corporal em populações urbanas periféricas. A avaliação antropométrica é uma ferramenta essencial para identificar indicadores de risco em saúde e promover ações educativas no território
Objetivos
Avaliar o perfil antropométrico de moradores de um condomínio em Caucaia-Ceará, identificando indicadores de risco para doenças crônicas e estimulando a conscientização sobre a composição corporal
Metodologia
Estudo transversal com abordagem quantitativa idealizado para disciplina extensionista e realizado com 29 moradores adultos de um condomínio em Caucaia (CE). Foram coletadas medidas de peso, estatura, circunferência da cintura, quadril e braço, além da dobra tricipital. Foram calculados IMC, índice de adiposidade corporal (IAC) e relação cintura/quadril (RCQ). Os dados foram analisados descritivamente e por testes estatísticos (t de Student e qui-quadrado) para comparação entre os sexos, com nível de significância de 5%
Resultados
Foram avaliados 29 moradores, sendo 21 mulheres e 8 homens. Homens apresentaram maior peso (76,9 ± 7,5 kg), estatura (168,5 ± 6,9 cm), RCQ (0,90 ± 0,06) e circunferência do braço (32,5 ± 2,4 cm), com diferenças significativas em relação às mulheres (p<0,05). Por outro lado, as mulheres apresentaram maior índice de adiposidade corporal (34,0 ± 3,2%; p=0,0002). A circunferência da cintura foi maior nos homens (91,3 ± 7,6 cm), mas sem diferença estatística. Risco cardiovascular aumentado foi identificado em 57,1% das mulheres e 25% dos homens, conforme ponto de corte da circunferência da cintura
Conclusões/Considerações
Foi observada prevalência elevada de indicadores de risco para doenças crônicas, sobretudo entre as mulheres. Mesmo indivíduos com IMC dentro da normalidade apresentaram excesso de gordura corporal. A análise antropométrica confirmou-se como ferramenta útil na identificação de vulnerabilidades em saúde em áreas urbanas periféricas
NÍVEL DE AUTOESTIMA E O RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM ADOLESCENTES
Pôster Eletrônico
1 UFMS
2 UCDB
3 SESAU
4 HRMS
Apresentação/Introdução
Os transtornos alimentares (TA) constituem um problema de saúde entre adolescentes, com a anorexia e a bulimia entre os mais comuns. Esses quadros afetam o indivíduo e sua rede de apoio. A baixa autoestima destaca-se como um dos principais predisponentes. Compreender essa relação fortalece políticas públicas para ações de promoção e prevenção em saúde mental e no bem-estar de adolescentes.
Objetivos
Avaliar a associação entre o nível de autoestima e o risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares em adolescentes de instituições públicas de ensino da região Centro-Oeste do Brasil.
Metodologia
Estudo de natureza quantitativa realizado em escolas municipais e no Instituto Federal de uma cidade do Centro-Oeste brasileiro. Os dados foram coletados por meio de um questionário sociodemográfico e aplicaram-se os instrumentos Eating Attitudes Test (EAT-26), para identificar padrões alimentares anormais e o risco de transtornos alimentares, e a Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR), para mensurar o nível de autoestima. A pesquisa seguiu os dispostos na Resolução 466/2012 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, parecer número 4.943.073.
Resultados
Participaram 231 adolescentes: 39% (n=90) apresentaram baixa autoestima, 28,1% (n= 65) autoestima média e 33% (n= 76) alta autoestima. Entre os participantes, 23% (n=53) apresentaram risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares, com maior prevalência entre meninas (14,2%). O EAT-26, apontou comportamentos sugestivos de anorexia, bulimia e autocontrole alimentar. Identificou-se que níveis mais altos de autoestima estão associados a menor risco para TA, e que o sexo feminino apresenta risco 31% maior em comparação ao sexo masculino.
Conclusões/Considerações
A alimentação é um determinante fundamental da saúde e sofre influência dos fatores culturais, socioeconômicos e midiáticos. A prevalência de baixa autoestima, encontrada neste estudo, pode influenciar o comportamento dos adolescentes, o que reforça a necessidade de estratégias voltadas à promoção do autocuidado e autoestima. Programas educativos nas escolas são locais oportunos para discussões e enfrentamento dos padrões corporais idealizados.
SITUAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA DE RECIFE -PE
Pôster Eletrônico
1 UFPE
2 INADES
Apresentação/Introdução
Crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista apresentam alterações na comunicação, na interação social e comportamentos repetitivos, os quais podem prejudicar a saúde e o estado nutricional. Ainda, a maior demanda de tempo e despesas em seus cuidados pode levar a presença de insegurança alimentar no núcleo familiar, elevando o risco de excesso de peso entre esses indivíduos.
Objetivos
Avaliar a associação da situação de segurança alimentar com o estado nutricional de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista.
Metodologia
Estudo transversal realizado entre janeiro e abril de 2025, numa unidade pública de atendimento especializado de Recife-PE, com crianças e adolescentes (5–15 anos), com laudo de autismo. Coletaram-se dados sociodemográficos, clínicos e econômicos. Avaliou-se insegurança alimentar através da escala brasileira de insegurança alimentar e estado nutricional pelo índice de massa corporal/idade. Os dados foram analisados no statistical package for the social science 22.0. As variáveis contínuas foram testadas quanto à normalidade e foi realizada análise descritiva e bivariada. Adotou-se significância estatística de p < 0,05. Estudo aprovado pelo comitê de ética em pesquisa parecer nº 7.197.427.
Resultados
Participaram da pesquisa 100 responsáveis, a maioria mães (87,4%), solteiras (54,4%), desempregadas (70,9%), com renda de um até dois salários mínimos (51,5%). 78,6% das crianças e adolescentes eram do sexo masculino. Verificou-se prevalência de excesso de peso (59,2%), e de insegurança alimentar (81,6%) na população (n=98) (leve: 45,6%, moderada: 30,1% e grave: 5,8%). Dentre aqueles com insegurança alimentar, a maioria apresentou excesso de peso (61,9%), versus 53,8% no grupo com segurança alimentar (p=0,58). Apesar da associação não apresentar significância estatística, o menor custo dos alimentos ultraprocessados pode favorecer seu consumo, contribuindo para a instalação da obesidade.
Conclusões/Considerações
Observou-se predomínio de insegurança alimentar e excesso de peso entre as crianças e adolescentes participantes da pesquisa. Esse resultado expõe a necessidade de conscientização sobre o acesso a alimentação saudável, para prevenir agravos nutricionais e assegurar os direitos humanos desse grupo vulnerável. Novos estudos são necessários para compreender os fatores que influenciam a alimentação de pessoas com transtorno do espectro autista.
CONHECIMENTO SOBRE COMENSALIDADE ENTRE ESTUDANTES DAS GRADUAÇÕES DE SAÚDE DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO NORDESTE DO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UNEB
Apresentação/Introdução
A comensalidade, que representa o ato de compartilhar refeições com outras pessoas, desempenha um papel importante na saúde e sociabilidade humana. Diante desse contexto, surge a necessidade de ampliar essa discussão, inclusive entre estudantes universitários, devido a importância do tema para saúde pública.
Objetivos
Analisar o conhecimento sobre o conceito de comensalidade entre estudantes das graduações de saúde de uma universidade pública.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal e quantitativo. Foi aplicado um questionário estruturado via Google Forms. A coleta de dados foi realizada no período de dezembro de 2022 a junho de 2023. Foi realizada uma amostra por conveniência com estudantes que cursam as diferentes graduações da área de saúde de uma universidade pública da Bahia, a saber: Fisioterapia, Farmácia, Medicina, Nutrição, Fonoaudiologia e Enfermagem. O tamanho amostral foi calculado com base em n=274, adotando um intervalo de confiança de 95%. Na análise univariada, foram calculadas frequências absolutas e relativas. Para a análise bivariada, utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson, a partir do Stata.
Resultados
Dos 274 estudantes da amostra, 51,82% (n=142) afirmaram não saber definir o conceito de comensalidade, enquanto 48,18% (n=132) afirmaram conhecer a definição desse termo previamente. De acordo com o curso de graduação, nota-se que os estudantes de nutrição possuem conhecimento prévio maior em relação aos outros cursos de saúde da universidade em questão (p<0,01), sendo que apenas 1 dos 44 estudantes de nutrição (2,2%) não conhecia o termo. No entanto, 78,17% (n=111) dos estudantes que não conhecem o termo afirmam a importância de fazer refeições de forma social e em companhia.
Conclusões/Considerações
Dessa forma, embora os estudantes, em sua maioria, compreendam a importância de comer junto, identifica-se um desconhecimento em relação ao conceito de comensalidade, sendo necessário promover discussões mais abrangentes, para além do curso de nutrição, sobre a importância de comer coletivamente.
(IN)SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL UMA REVISÃO DE ESCOPO
Pôster Eletrônico
1 Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia, Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
2 Universidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva. Salvador, BA, Brasil
Apresentação/Introdução
O sistema de saúde brasileiro estabelece a saúde enquanto um direito humano fundamental e orienta-se na Atenção Primária à Saúde (APS) como estratégia prioritária para alcançar a equidade e integralidade alicerçadas pela justiça social. Neste sentido, a Atenção Primária à Saúde constitui um espaço potencial para abordar a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).
Objetivos
O presente trabalho buscou identificar as ações de promoção da SAN em territórios de APS, descritas na literatura científica durante o período compreendido entre 2016 a 2022, no Brasil.
Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão de escopo realizado nas bases de dados BVS, Scielo, Lilacs, Pubmed, Science Direct e Web of Science. Resultados: Foram identificadas 540 publicações e 10 compuseram o corpus final. O processo de revisão por pares ocorreu no Rayyan QCRY® Software que garantiu a avaliação de forma independente (cega). Os estudos elegíveis foram selecionados e organizados em uma planilha. Com base na análise de todos os conteúdos dos artigos selecionados, os resultados foram organizados considerando dois tópicos centrais: 1. Caracterização geral dos estudos selecionados; 2. Concepções e ações sobre SAN nos territórios da APS entre 2016 a 2022.
Resultados
Grande parte dos estudos foram do tipo transversal, realizados na região Nordeste, com público alvo diverso, e buscaram avaliar a insegurança alimentar e nutricional, o conhecimento dos profissionais (principalmente de saúde) em relação à alimentação e nutrição, mas, as ações relacionadas à promoção da segurança alimentar foram pouco referidas. De modo geral, os estudos apontaram dentre as dificuldades para o desenvolvimento das ações voltadas à alimentação e nutrição, a percepção que os profissionais de saúde têm sobre a temática associada às desigualdades sociais em uma perspectiva insolucionável, em que a mudança da realidade social parece inalcançável e alta rotatividade dos profissionais.
Conclusões/Considerações
Portanto, identificou-se a necessidade de mais estudos que avancem para além do diagnóstico e avaliação da insegurança alimentar e nutricional. Sendo fundamental a promoção do planejamento intra e intersetorial em que a APS seja cenário estratégico para a centralidade do cuidado, articulada na rede para o avanço de intervenções que sejam inovadoras, solidárias e viáveis para a SAN e fortalecer a educação permanente junto aos trabalhadores.
DETERMINANTES DO CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
Alimentos ultraprocessados (AUP) estão associados a doenças crônicas e impactos ambientais. No Brasil, seu consumo representa ~37% da ingestão calórica, mas os padrões de consumo variam conforme condições sociodemográficas. Este estudo buscou identificar os determinantes do consumo de AUP na população brasileira ≥10 anos.
Objetivos
Avaliar os fatores sociodemográficos determinantes do consumo de AUP utilizando métodos robustos de análise.
Metodologia
Dados do módulo de consumo alimentar da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018) foram analisados (n=52.906.759). A classificação NOVA foi utilizada para categorizar os alimentos, e árvores de classificação e regressão (CART) identificaram interações entre variáveis (situação domiciliar, renda, escolaridade e idade).
Resultados
A CART revelou 8 nós terminais. O menor consumo de AUP (23,78%) ocorreu em residentes rurais com <4 anos de escolaridade; o maior (46,27%), em urbanos <30 anos com renda ≥US$257. Situação domiciliar (urbano/rural) foi o principal divisor, seguido por idade e renda.
Conclusões/Considerações
O consumo de AUP no Brasil é heterogêneo, influenciado por acesso (urbano/rural), renda e perfil demográfico. Políticas públicas devem considerar esses determinantes para intervenções específicas, especialmente em grupos jovens e urbanos.
DIAGNÓSTICO TARDIO DE DIABETES GESTACIONAL E RISCO DE GANHO DE PESO MATERNO EXCESSIVO: ESTUDO LINDA-BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia e PPG Alimentação, Nutrição e Saúde. Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil.
2 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil.
Apresentação/Introdução
Diabetes mellitus gestacional (DMG) afeta 14% das gestações globalmente. O ganho de peso gestacional (GPG) excessivo em mulheres com DMG está associado a piores desfechos materno fetais. Embora haja consenso de que o rastreio para DMG e o tratamento devem ocorrer entre 24 e 28 semanas, recentemente tem se discutido sobre o diagnóstico mais precoce, antes de 20 semanas de gestação.
Objetivos
Avaliar se o diagnóstico precoce do DMG se associa com melhor adequação do ganho de peso gestacional.
Metodologia
Foram analisadas 4.854 gestantes com diagnóstico de DMG recrutadas em serviços de atenção pré-natal de alto risco do Sistema Único de Saúde, em seis capitais brasileiras. O GPG foi classificado conforme as novas curvas de recomendações para gestantes brasileiras. Utilizou-se ANOVA e o Teste Tukey para avaliar diferenças entre as médias de GPG total de acordo com o trimestre de diagnóstico do diabetes gestacional e segundo categorias de IMC pré-gestacional. Modelo Linear Generalizado (GLM) e a análise de regressão logística foram utilizados para avaliar a relação entre GPG excessivo e diagnóstico precoce ou tardio de DMG.
Resultados
A idade média foi de 31,7 anos (DP ± 6,3), IMC pré-gestacional médio de 30,3 kg/m² (DP ± 6,5), sendo que 47,5% das mulheres eram obesas (IMC ≥ 30). As mulheres diagnosticadas no segundo e no terceiro trimestres apresentaram trajetórias de GPG próximas ao percentil 75, com desaceleração do GPG, ocorrendo de forma mais tardia. As que tiveram o diagnóstico tardio (3o trimestre) tiveram GPG 2,73 kg (IC 95%: 2,10–3,37) a mais quando comparado às diagnosticadas no primeiro trimestre. As que tiveram o diagnóstico de DMG no terceiro trimestre tiveram 32% de chances de apresentar GPG excessivo em comparação com o diagnóstico realizado no primeiro trimestre (OR=1,32; IC 95%: 1,20-1,45).
Conclusões/Considerações
O diagnóstico de DMG tardio, particularmente no terceiro trimestre, está associado ao ganho de peso gestacional excessivo, especialmente em mulheres com sobrepeso ou obesidade pré-gestacional.
INSEGURANÇA ALIMENTAR ESTÁ ASSOCIADA A PIOR PERCEPÇÃO EM SAÚDE: ESTUDO TRANSVERSAL ENTRE USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UNESP
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar (IA) é um problema de saúde pública que afeta diversos aspectos da vida de quem a vivencia, incluindo a autopercepção do estado de saúde. Estudos indicam que uma autopercepção negativa pode aumentar a demanda em serviços de saúde, mostrando a importância de investigar essa relação para entender as necessidades da população e promover estratégias de cuidado mais assertivas.
Objetivos
Investigar a associação entre insegurança alimentar e autoavaliação de saúde entre usuários da Atenção Primária à Saúde (APS).
Metodologia
Estudo transversal realizado entre julho/2024 e abril/2025 com 452 adultos (≥18 anos), não gestantes, nas salas de espera de todas as unidades de atenção primária de Botucatu (SP). A amostra foi proporcional por unidade e sexo biológico. Questionário estruturado, aplicado por graduandas/pós-graduandas via RedCap, incluiu dados socioeconômicos, demográficos e de saúde, com autoavaliação do estado de saúde (Excelente a Ruim) e a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A associação entre estar em IA e autoavaliação de saúde foi analisada pelo teste do qui-quadrado de Pearson (SPSS v.29.0), com p<0,05. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 77566724.3.0000.5411).
Resultados
Quase metade dos participantes tinha entre 35–59 anos (49,6%) e 53,8% eram do sexo feminino. Mais da metade vivia em algum grau de IA (53,1%): 32,1% leve, 14,2% moderada e 6,9% grave. Quanto à autoavaliação de saúde, 41,8% classificaram como boa, 36,5% regular, 12,2% excelente e 9,5% ruim. Observou-se associação significativa entre estar em IA e autoavaliação da saúde (p<0,001): entre os que relataram saúde excelente, 61,8% estavam em segurança alimentar; esse percentual caiu para 52,2% entre os que avaliaram como boa. Já entre os que classificaram a saúde como regular, 58,8% apresentaram algum grau de IA, chegando a 74,4% entre aqueles que relataram saúde ruim.
Conclusões/Considerações
Constatou-se alta prevalência de IA e autoavaliação em saúde regular/ruim nos usuários da APS, além da associação entre IA e pior percepção da saúde, refletindo desigualdades e reforçando o papel da atenção primária como espaço estratégico para identificação de vulnerabilidades, contribuindo para políticas intersetoriais e ações direcionadas, necessárias à promoção da equidade em saúde e ao enfrentamento da IA como problema de saúde pública.
ADESÃO ÀS RECOMENDAÇÕES DO GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA E QUALIDADE DE VIDA: ESTUDO BRAZUCA NATAL NO CONTEXTO DO PÓS-COVID-19
Pôster Eletrônico
1 UFRN
2 USP
3 UFAC
Apresentação/Introdução
Durante a pandemia, fatores como isolamento social, redução da renda e alterações nas condições de trabalho impactaram no âmbito da alimentação e nutrição, e consequentemente na percepção da qualidade de vida (QV). Portanto, torna-se fundamental analisar a alteração das práticas alimentares e a relação com a QV antes e após a pandemia, considerando as transformações ocorridas nesse intervalo.
Objetivos
Verificar a adesão ao Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) e sua associação com a QV de adultos e idosos de Natal-RN antes e após a pandemia da COVID-19.
Metodologia
Estudo comparativo, com 132 pessoas adultas e idosas participantes do estudo Brazuca Covid, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN. Os dados foram coletados em dois períodos (junho/2019 a março/2020 e março/2023 a março/2024), por meio de questionário padronizado em plataforma digital (Epicollect 5). A adesão ao GAPB foi mensurada por meio de uma escala validada e a análise da QV, por meio da escala WHOQOL-Bref da Organização Mundial da Saúde. Para verificar a diferença do escore geral da QV em relação à adesão ao Guia alimentar em cada tempo do estudo (antes e após a pandemia da COVID-19), realizou-se o Teste t pareado, considerando o nível de significância de 5%.
Resultados
A maioria da população era do sexo feminino (60,6%), pessoas idosas (59,8%), cor/raça autodeclarada de outras etnias (53,8%) e 36,9% autorrelataram histórico positivo de COVID-19. Antes da pandemia, 46,2% apresentaram baixa/média adesão ao GAPB e 53,8% alta adesão. Aqueles com baixa/média adesão, apresentaram escore médio de QV geral de 62,2, com diferença de -3,5 quando comparado ao escore de QV geral na alta adesão, 65,7 (p=0,047). Após a pandemia, 53,8% apresentavam baixa/média adesão ao GAPB e 46,2% alta adesão. O escore médio de QV geral na baixa/média adesão foi equivalente à 60,8%, com diferença de -5,3% em relação ao escore da QV geral na alta adesão, 66,1% (p=0,003).
Conclusões/Considerações
Diante dos resultados apresentados, conclui-se que a alta adesão ao Guia alimentar está diretamente associada a uma melhor qualidade de vida (QV) em pessoas residentes no município de Natal, achado observado na população antes e após a pandemia da COVID-19. Dessa forma, evidencia-se a necessidade de ações de alimentação e nutrição, contínuas, principalmente na atenção primária à saúde, visando melhoria das práticas alimentares da população.
MONITORAMENTO DA ADIPOSIDADE CORPORAL DA INFÂNCIA À ADOLESCÊNCIA CORRELACIONADO AO PERFIL LIPÍDICO NA ADOLESCÊNCIA: RESULTADOS PARCIAIS DO ESTUDO ELPRO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Viçosa
Apresentação/Introdução
Na infância e adolescência, a obesidade é associada à alimentação inadequada, sedentarismo, tempo de tela, predisposição genética e estresse, sendo considerado um problema de saúde pública. Além disso, pode impactar negativamente na saúde mental, qualidade de vida e está favorecer a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, como as dislipidemias, diabetes e hipertensão arterial.
Objetivos
Avaliar a correlação entre a adiposidade corporal da infância à adolescência com o perfil lipídico na adolescência.
Metodologia
Trata-se de uma coorte prospectiva, denominada Estudo Longitudinal do Programa de Apoio à Lactação (ELPRO), que avaliou 410 crianças atendidas entre 4 e 7 anos, reavaliadas na adolescência. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Parecer: 892476/2014; 6575462/2024). Os adolescentes incluídos assinaram o Termo de Consentimento e/ou Assentimento Livre e Esclarecido. Foi determinado o delta do percentual de gordura corporal (Δ% GC) a partir da subtração do % GC na adolescência do % GC na infância. Foi realizado a correlação de Pearson/Spearman entre o Δ% GC com marcadores do perfil lipídico na adolescência (p<0,05).
Resultados
Foram avaliados dados parciais de 86 adolescentes entre 13 e 20 anos, sendo 53,4% (n = 46) do sexo masculino com gordura corporal avaliada pelo Dual-Energy X-ray Absorptiometry. A média do Δ% GC da infância à adolescência foi de 9,2% (± 6,9%). O perfil lipídico foi avaliado segundo Colesterol Total - CT (158,6 mg/dL ±27,8), Lipoproteína de Baixa Densidade - LDL (92,2 mg/dL ±21,5), Lipoproteína de Alta Densidade - HDL (49,0; min. 26 máx. 98) e triglicerídeos (70,0; min. 26 máx. 245). Observou-se correlação positiva entre Δ % GC com CT (r = 0,306; p = 0,004), LDL (r = 0,270; p = 0,011) e triglicerídeos (r = 0,322; p = 0,002). Não houve correlação significante com HDL (r = 0.060; p = 0,579).
Conclusões/Considerações
Portanto, houve correlação entre a adiposidade corporal com CT, triglicerídeos e LDL, o que reforçam a importância do acompanhamento nutricional na infância assim como na adolescência, para auxiliar na modificação dos hábitos de vida e alimentares inadequados, para prevenir todos os agravos para a saúde que podem acontecer na idade atual e futura dos indivíduos avaliados, como dislipidemias, obesidade e doenças cardiovasculares.
INSTRUMENTO PARA AFERIR AUTONOMIA CULINÁRIA ENTRE MULHERES: AVALIAÇÃO DA VALIDADE DIMENSIONAL
Pôster Eletrônico
1 UERJ
2 UFRJ
3 UFS
4 UFSM
Apresentação/Introdução
A culinária doméstica é estratégica para promoção da saúde, sendo estudada por meio de construtos teóricos e respectivos instrumentos de aferição. Em busca de um conceito mais abrangente, com mais elementos contextuais e coerente com a realidade brasileira, foi desenvolvido o modelo conceitual de autonomia culinária (MCAC) e um instrumento para aferir este novo construto entre mulheres.
Objetivos
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a validade dimensional no tocante às estruturas configural e métrica deste novo instrumento segundo os níveis do MCAC.
Metodologia
Foram estudadas 1465 docentes, funcionárias técnico-administrativas e terceirizadas do setor de limpeza de universidades públicas (UERJ, UFRJ-campus RJ e Macaé, UFAM e UFS), selecionadas por amostragem inversa. Os dados foram coletados em 2023-2024 por pesquisadores treinados. Foram analisadas a estrutura configural (dimensionalidade, pertinência dos itens às respectivas dimensões; e de desambiguidade) e métrica (confiabilidade/discriminância dos itens em cada fator; ausência de redundância; convergência fatorial dos itens; e discriminância fatorial à premissa de estrutura multidimensional postulada) por meio de modelos de equação estrutural exploratória e análise fatorial confirmatória.
Resultados
Do modelo conjecturado contendo 3 níveis, 10 dimensões e 74 itens, as análises psicométricas resultaram em um modelo com os mesmos 3 níveis (agente, microssistema e mesossistema), 9 fatores e 40 itens, considerando fatores com mais de dois itens; itens com cargas maiores que 0,45; itens com cargas cruzadas abaixo de 0,70; itens com carga residual abaixo de 0,80; e correlação residual maior ou igual a 0,35. Os fatores confirmados refletem componentes do modelo conceitual referentes a referências familiares, confiança, satisfação e ânimo, conhecimentos sobre alimentos, uso dos sentidos, compartilhamento de atividades domésticas, análise de rótulos e facilidade na compra de frutas e verduras.
Conclusões/Considerações
O Instrumento de Autonomia Culinária resultante das análises apresenta validade dimensional, podendo ser utilizado em realidades semelhantes. Permaneceram itens e dimensões previstas no modelo conjecturado que ampliam a compreensão sobre culinária doméstica. O instrumento deve ser aprimorado por análises adicionais como a avaliação da confiabilidade, escalabilidade e validade de construto externa, além da aplicação junto a outros públicos.
COMPORTAMENTO ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE PRÉ-ESCOLARES COM TEA EM CRECHES MUNICIPAIS: DESAFIOS PARA A ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
Pôster Eletrônico
1 UFPB
2 UNIFIP
Apresentação/Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por alterações comportamentais, incluindo dificuldades alimentares. Em contextos coletivos, como creches, tais desafios podem comprometer a saúde e o estado nutricional das crianças. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é uma política estratégica que deve considerar as especificidades desse público.
Objetivos
Analisar a influência do comportamento alimentar no estado nutricional de pré-escolares com TEA matriculados em creches do município de Patos-PB, Brasil.
Metodologia
Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, realizado com 44 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária de 2 a 5 anos, diagnosticadas com TEA, matriculadas em creches municipais de período integral. Avaliou-se o estado nutricional das crianças utilizando o IMC/I. Aplicaram-se questionários aos cuidadores sobre aceitação da merenda escolar e Escala Labirinto de comportamento alimentar. Utilizou-se o SPSS para análise descritiva e regressão linear múltipla, identificando associações entre comportamento alimentar e estado nutricional. O estudo foi aprovado pelo CEP com parecer nº 6.631.339 e só teve início após a assinatura do TCLE pelos pais e cuidadores das crianças.
Resultados
Apesar de 56,7% das crianças apresentarem um IMC adequado, 38,5% estavam em risco de sobrepeso ou obesidade. Os fatores de comportamento alimentar com maior impacto no estado nutricional foram motricidade na mastigação, seletividade alimentar e comportamentos rígidos/opositores. 52,3% das crianças aceitavam a merenda escolar, porém com alta rejeição de batata doce (67,6%), Vitamina de frutas (54,1) e feijão (51,4%). Apenas 11% das creches apresentaram um cardápio adaptado para estas crianças, entretanto, não estavam totalmente adequados segundo as diretrizes do PNAE para crianças com necessidades alimentares específicas.
Conclusões/Considerações
As alterações no comportamento alimentar impactam significativamente no estado nutricional de crianças com TEA, por isso, é necessário que nutricionistas apliquem as diretrizes do PNAE, incluindo cardápios adaptados e ações de educação alimentar e nutricional. Estratégias intersetoriais devem ser fortalecidas para garantir alimentação adequada e promover equidade no cuidado infantil.
VIGILÂNCIA NUTRICIONAL EM SALVADOR-BA: UM RETRATO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ADULTOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster Eletrônico
1 UFRB
Apresentação/Introdução
As mudanças nos hábitos alimentares e no acesso à alimentação contribuíram para um aumento no excesso de peso da população brasileira. Entender o perfil nutricional local é essencial para subsidiar ações em saúde pública. Este estudo analisou a situação nutricional da população adulta de Salvador-BA entre 2008 e 2017.
Objetivos
Analisar o perfil nutricional da população adulta de Salvador-BA atendida na Atenção Básica, com base em dados secundários disponibilizados pelo SISVAN entre os anos de 2008 e 2017.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo, de base populacional, com análise de dados secundários obtidos por meio de relatórios públicos da plataforma SISVAN. Foram considerados três relatórios anuais de estado nutricional entre 2008 e 2017: um com dados gerais, um do sexo feminino e outro do sexo masculino, totalizando trinta relatórios. A análise contemplou percentuais de sobrepeso e obesidade da população adulta atendida na Atenção Básica de Salvador-BA.
Resultados
Observou-se aumento gradual do sobrepeso (31,89% a 34,85%) e da obesidade graus I, II e III (24,11% a 32,09%) ao longo da década analisada. Esses índices revelam uma tendência crescente de excesso de peso na população adulta atendida pela Atenção Básica no município de Salvador, refletindo a transição nutricional vivida no país e seus impactos na saúde pública.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou que a população adulta de Salvador-BA atendida na Atenção Básica apresentou elevados índices de excesso de peso ao longo da última década. Esses achados reforçam a necessidade de ações em saúde coletiva que promovam hábitos alimentares saudáveis e prevenção da obesidade.
QUALIDADE DE VIDA E CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS ENTRE MULHERES DA REGIÃO DO VALE DO SÃO PATRÍCIO, GOIÁS
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 UNIEVANGÉLICA
3 IF Goiano
4 IF Goiano, UFG
Apresentação/Introdução
A qualidade de vida de mulheres (QV) está relacionada aos hábitos alimentares, dentre diversos fatores, sendo que estas costumam relatar pior QV, em comparação aos homens. Nesse contexto, cresce a preocupação com o consumo de alimentos ultraprocessados (AUPs), associados ao maior risco de doenças metabólicas, câncer, bem como à pior QV, especialmente entre o público feminino.
Objetivos
Analisar a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a QV de mulheres residentes no Vale do São Patrício, Goiás.
Metodologia
Estudo transversal, aprovado pelo CEP (nº 6.436.246), realizado de dezembro/2023 a dezembro/2024, com aplicação de questionários autoaplicados digitalizados. A amostra foi composta por 512 mulheres do Vale do São Patrício (GO). Utilizou-se o bloco da PeNSE sobre consumo de ultraprocessados (refrigerantes e guloseimas doces, como balas, confeitos, chocolates, chicletes, bombons e pirulitos) e o WHcOQOL-bref, que avalia a qualidade de vida (QV) nos domínios físico, psicológico, social, ambiental e escore total. Este último reflete a percepção geral da QV, sendo considerada baixa quando inferior a 60 pontos, segundo critérios da OMS. A análise utilizou o teste Qui-quadrado no SPSS 22.0.
Resultados
Os dados mostraram associação significativa entre a baixa QV e o consumo regular de refrigerantes e guloseimas entre mulheres. Observou-se associação significativa entre o consumo de refrigerantes e guloseimas e baixa QV nos domínios físico (70,0% e 69,5%, respectivamente; p=0,002 e p=0,012) e psicológico (64,3% e 66,9%, respectivamente; p=0,020 para ambos). No domínio ambiental, apenas o consumo de refrigerantes apresentou associação significativa (p=0,016). Não foi identificada associação significativa no domínio de relações sociais. Para o escore total, 57,1% e 59,3% com baixa QV consumiram refrigerantes (p=0,002) e guloseimas (p=0,003), respectivamente.
Conclusões/Considerações
Os resultados reforçam a preocupação com os impactos do consumo de refrigerantes e guloseimas entre mulheres, evidenciando associação entre baixa qualidade de vida (QV) e o consumo regular desses alimentos. Os achados indicam a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso a alimentos saudáveis, especialmente in natura, e reduzam o consumo de ultraprocessados, visando à melhoria dos hábitos alimentares e da QV feminina.
ASSOCIAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS DE MÚLTIPLAS DISCRIMINAÇÕES E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Pôster Eletrônico
1 UFRGS
2 UFCSPA
Apresentação/Introdução
A discriminação exerce impactos negativostanto na saúde quanto nos comportamentos de saúde. Embora a discriminação esteja associada ao comportamento alimentar, ainda são pouco compreendidos os efeitos da interseccionalidade entre múltiplas formas de discriminação nesse contexto.
Objetivos
Avaliar a associação entre diferentes experiências percebidas de discriminação — racial, relacionada à identidade de gênero, orientação sexual e peso corporal — e o comportamento alimentar de universitários.
Metodologia
Trata-se estudo transversal realizado com 1502 estudantes de graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul do Brasil. Foram coletados dados de comportamento alimentar, discriminação e variáveis socieconômicas, por meio de questionário online e autoaplicável. O compotamento alimentar foi avaliado pelo instrumento Adult Eating Behaviour Questionnaire (AEBQ)A variável discriminação foi operacionalizada em 16 estratos interseccionais e o comportamento alimentar foi dividido em aproximação e distanciamento com a comida. As associações foram avaliadas por meio de regressão linear bruta e ajustada para idade dos participantes.
Resultados
A média de idade dos participantes foi de 26,8 (DP 9,3), variando de 18 a 66 anos. Observou-se que discriminação por peso e orientação sexual (β 9,1 IC95% 5,3 - 12,8) e discriminação por peso e gênero (β 9,1 IC95% 7,0 - 11,2) apresentaram as maiores médias de aproximação com a comida, contudo, outros 7 estrados também foram significativos. Com relação ao distanciamento, discriminação por orientação sexual e gênero apresentou uma associação positiva (β 5,2 IC95% 3,0 - 7,4) e peso e gênero (β -3,1 IC95% -5,0 ; -1,2), peso e orientação sexual (β -3,6 IC95% -6,9 ; -0,2) e peso (β -3,7 IC95% -5,7 ; -1,7) apresentaram uma associação negativa.
Conclusões/Considerações
Constatou-se a influência da discriminação percebida sobre o comportamento alimentar dos universitários. Esses resultados reforçam a complexidade dos efeitos da discriminação sobre o comportamento alimentar e a importância de considerar a interseccionalidade dessas experiências, destacando assim a importância de estratégicas para enfrentar a discriminação e promover comportamentos alimentares mais saudáveis.
DIFERENÇAS NA ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA SEGUNDO A ÁREA DE RESIDÊNCIA: A IMPORTÂNCIA DA PROMOÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS NAS ÁREAS RURAIS
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
2 UFFS
Apresentação/Introdução
No Brasil, dados do Censo Demográfico de 2022, apontaram que 87,4% da população brasileira (cerca de 177 milhões de pessoas) viviam em áreas urbanas. O aumento da população urbana no país, observado desde 1950, reflete a demanda pela produção de alimentos nas áreas rurais, marcadas por desigualdades sociais ainda mais expressivas em comparação às áreas urbanas.
Objetivos
Verificar as diferenças no consumo de alimentos in natura ou minimamente processados (AIN/MP) e de alimentos ultraprocessados (AUP) na população adulta residente nas áreas urbanas e rurais do Brasil.
Metodologia
Estudo transversal, com dados de 88.531 adultos (≥18 anos) que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde (2019). O consumo alimentar foi obtido por meio de questionário simplificado, organizado em dois grupos de perguntas tipo sim/não, referentes ao consumo de 12 subgrupos de AIN/MP e 10 de AUP no dia anterior à entrevista. Para os AUP, calculou-se um escore que corresponde ao total de respostas positivas para cada um dos subgrupos, cuja distribuição foi dicotomizada em 0 a 4, e 5 a 10 AUP, que representa o consumo excessivo. Estimaram-se razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas por meio de regressão de Poisson com variância robusta, considerando o delineamento complexo da pesquisa.
Resultados
Em relação aos AIN/MP, foram observadas diferenças na alimentação dos brasileiros residentes em área rural versus urbana, mostrando maiores percentuais de consumo de feijões e carnes na área rural, por outro lado, menores de raízes e tubérculos, hortaliças, ovos, leite, oleaginosas e frutas, como laranja, banana, maçã ou abacaxi, no dia prévio à entrevista. Entre os AUP, a população da área rural apresentou percentuais mais baixos em todos os subgrupos de AUP investigados, que incluíam bebidas açucaradas, carnes processadas, pães de pacote, doces e pratos prontos/semiprontos. O consumo excessivo de AUP (≥ 5 itens) alcançou 15,4% na área urbana e 7,4% na rural (RP= 0,95; IC95%: 0,94-0,96).
Conclusões/Considerações
A população residente nas áreas rurais apresentou menor percentual de consumo de AUP. Porém, dentre os AIN/MP, exceto para feijões e carnes, observaram-se percentuais inferiores de raízes/tubérculos, hortaliças, frutas, leite, ovos e oleaginosas nos indivíduos da área rural, vs. os da área urbana. Destaca-se a necessidade da promoção da alimentação adequada e saudável, de ações de incentivo à produção de alimentos e do monitoramento alimentar.
CLASSIFICAÇÃO NOVA EM DEBATE: DISPUTAS PARA ALÉM DO AVANÇO NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Pôster Eletrônico
1 UFF
2 INSERM
3 UERJ
4 ObservaCoI
5 University of Copenhagen
Apresentação/Introdução
A classificação Nova e os produtos alimentícios ultraprocessados (PAUP) são alvo constante de debates e um estudo realizado em 2018 identificou críticas de autores que interagiam com fabricantes de PAUP. Segundo os Determinantes Comerciais da Saúde (DCS), essa é uma prática científica que visa interferir negativamente em evidências científicas, impactando seu uso nas políticas públicas.
Objetivos
Identificar e analisar o conteúdo de estudos publicados até 2023 que critiquem a classificação Nova e o termo “ultraprocessados”, buscando elementos que evidenciem práticas científicas características da abordagem dos DCS.
Metodologia
Foi realizada uma revisão bibliográfica na base de dados PubMed, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, utilizando os descritores "food processing" AND "Nova classification", em todos os campos de busca. Foram selecionados, por duas pesquisadoras independentes, artigos que, em seu resumo, apresentavam argumentos de natureza crítica à Nova e/ou ao conceito “ultraprocessado”. Em casos de divergência, uma terceira pesquisadora realizou a análise. A análise de conteúdo visou identificar, selecionar e classificar os artigos de acordo com sua ideia central. Cada publicação foi lida por duas pesquisadoras e discrepâncias foram analisadas por uma terceira.
Resultados
Das 365 publicações encontradas, foram selecionadas 32 publicadas entre 2017 e 2023. Em 27 destas foram identificados Conflitos de Interesse (CoI) seja dos autores, dos financiadores, das instituições e/ou dos periódicos. Os artigos apresentaram, de 2 a 66 argumentos cada, apontando críticas e limitações da Nova ou propostas de mudança na classificação dos PAUP. A análise demonstrou a utilização de práticas científicas com estratégias de atividade política corporativa (APC) como a construção de evidências para fabricar dúvidas, com a produção de críticas apoiadas por pseudociência; a deturpação de evidências com a escolha seletiva de referências e/ou interpretação equivocada de estudos.
Conclusões/Considerações
Enquanto alguns artigos aparentemente contribuem para o avanço do conhecimento, apresentando críticas, sugestões de alteração e limitações importantes a serem consideradas, outros (81,2% com CoI) parecem favorecer a manufatura da dúvida, com por exemplo, críticas sem embasamento científico ao longo de todas as partes do texto. Desta forma, torna-se ainda mais relevante a produção de conhecimento científico livre de CoI.
DESENVOLVIMENTO DE QUESTIONÁRIO SOBRE OBSTÁCULOS PARA ADESÃO À REGRA DE OURO DO GUIA ALIMENTAR PARA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
O Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) tem como regra de ouro “Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados”. A falta de instrumentos que avaliem os obstáculos dos indivíduos para adesão a essa recomendação dificulta a compreensão e a construção de estratégias para enfrentá-los individual ou coletivamente.
Objetivos
1) Identificar os principais obstáculos para adesão às recomendações propostas pelo Guia; 2) definir a forma de avaliação dos obstáculos e o formato do questionário que será desenvolvido; 3) desenvolver versão preliminar do questionário.
Metodologia
Para identificação dos obstáculos, foi realizada leitura sistemática do Guia e busca bibliográfica em três bases de dados (Pubmed, Lilacs, Scopus), em abril/2025, utilizando palavras-chaves “ultraprocessados” + “desafios”, “dificuldades”, “obstáculos” ou “barreiras” em inglês e português. A partir da leitura dos títulos e resumos foram selecionados artigos que usavam a classificação Nova como critério para classificação dos alimentos e cujo público alvo eram adultos sem comorbidades. Para definição do formato do questionário, buscou-se na literatura questionários correlatos que abordassem barreiras para adesão à alimentação saudável. Por fim, foram elaborados os itens do questionário.
Resultados
Foram encontrados 676 artigos, sendo 12 selecionados para avaliação. Os temas principais abordados nos artigos foram as barreiras para alimentação saudável e as barreiras ou facilitadores para consumo de alimentos ultraprocessados. A partir dos artigos e revisão do Guia, foram extraídos 23 obstáculos, organizados em duas dimensões: “obstáculos ambientais e de rotina” e “obstáculos sociais e emocionais”. Foi definido como formato um questionário baseado no conceito de autoeficácia de Bandura com escala (0-10) para avaliar a confiança para evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. A 1ª versão do questionário foi escrita e revisada pelas pesquisadoras em 30 itens com frases objetivas.
Conclusões/Considerações
A 1ª versão do questionário será seguida pelas etapas de validação e análises estatísticas para o desenvolvimento da versão final. Um questionário sobre obstáculos desenvolvido com base no Guia alimentar tem potencial de facilitar a compreensão da realidade alimentar brasileira e contribuir para futuras pesquisas nessa área, para o desenvolvimento de políticas de promoção da alimentação adequada e saudável, e para o cuidado nutricional no SUS.
ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E INTRODUÇÃO DE ULTRAPROCESSADOS EM INFANTES: ESTUDO DE COORTE ECUAVIDA, QUININDÉ-EQUADOR
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 Instituto Gonçalo Moniz-Fiocruz, Cidacs/Fiocruz.
3 FEPIS
4 Universidad Internacional del Ecuador, Institute for Infection and Immunity, St George’s University of London.
Apresentação/Introdução
O Aleitamento Materno Exclusivo (AME) até os seis meses e introdução de alimentos complementares (AC) adequados garantem crescimento, desenvolvimento e saúde infantil. Uma alimentação inadequada nesta fase eleva o risco de obesidade e doenças crônicas na infância e vida adulta. Evidencias relacionam maior duração de AME com menor introdução precoce de alimentos Ultraprocessados (UP) em crianças.
Objetivos
Analisar a associação entre aleitamento materno exclusivo e introdução de alimentos Ultraprocessados antes do primeiro ano de vida em crianças menores de dois anos que vivem em Quinindé, província de Esmeraldas no Equador.
Metodologia
Trata-se de um análise transversal com crianças participantes do estudo de coorte ECUAVIDA (Estudio eCUAtoriano del Impacto de Infecciones sobre Vacunas, inmunidad y el Desarrollo de enfermedades alérgicas) nascidas em novembro de 2005 e dezembro de 2009. Foram obtidas informações de AME aos 7 meses de idade, a variável desfecho foi introdução >7UP sim/não. Por meio de χ2 de Pearson se estimou diferenças de proporções com valor de p <0,05 de significância estatística. Para avaliar a associação entre AME e introdução >7UP foram aplicados modelos de Regressão Logística brutos e ajustados, calculando Odds Ratio, intervalos de 95% de confiança. Foi utilizado Stata versão 14 para as análises.
Resultados
Foram analisadas 1686 crianças, o consumo >7UP foi 47,8% antes do primeiro ano de vida. Os meninos representaram 50,5%, a idade média foi 13,6 meses, a média de AME foi 2,6 meses e apenas três crianças não tinham introduzido nenhum UP até o momento da entrevista. Se observou maior chance de introdução >7UP em crianças que receberam AME 1-3 meses (OR BRUTO: 1,54; IC95%: 1,23-1,94; OR AJUSTADO: 1,43; IC95%: 1,13-1,81) e essa relação foi mais forte quando receberam AME <1 mês (OR BRUTO: 2,84; IC95%: 2,22-3,65; OR AJUSTADO: 2,76; IC95%: 2,14-3,57), comparados com as crianças que receberam AME de 4 a 6 meses.
Conclusões/Considerações
Os resultados do estudo destacam a importância da adesão das crianças ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses para prevenir o maior consumo precoce de produtos Ultraprocessados. Orientar a mãe e a família dos benefícios de uma alimentação infantil adequada nesta etapa da vida pode influenciar no crescimento e desenvolvimento saudáveis a curto e longo prazo na vida dos indivíduos.
PREVALÊNCIA DE DEPRESSÃO E HÁBITOS ALIMENTARES DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: ESTUDO DE BASE POPULACIONAL COM DADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019 (PNS 2019)
Pôster Eletrônico
1 UFJF
Apresentação/Introdução
A população brasileira vem experimentando transformações sociais que resultaram em mudanças no seu padrão alimentar. Inicialmente, associadas à redução da fome e desnutrição, mas, atualmente, relacionam-se ao excesso de peso e doenças crônicas (DCs). Dentre as DCs, destaca-se a depressão, sendo apontada como uma das principais causas de incapacidade, tendo a dieta como potencial fator de risco.
Objetivos
O presente trabalho teve por objetivo verificar a prevalência da depressão e de hábitos alimentares favoráveis e desfavoráveis à saúde entre adultos brasileiros, identificando padrões que possam estar associados à presença de depressão.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com dados secundários da PNS 2019, provenientes dos módulos P (estilos de vida) e Q (doenças crônicas). Avaliou-se a prevalência de depressão e hábitos alimentares favoráveis e desfavoráveis à saúde. Para os hábitos favoráveis verificou-se o consumo regular de: feijão (≥5 vezes/semana) e frutas, legumes e verduras (FLV) (≥25 vezes/semana). Os hábitos desfavoráveis foram medidos a partir do consumo regular de: doces (≥5 vezes/semana), refrigerantes (≥5 vezes/semana) e a substituição regular do almoço por lanches (sanduíches, salgados ou pizzas) (≥5 vezes/semana). Estimativas foram ponderadas pelo desenho amostral complexo da pesquisa.
Resultados
A prevalência de depressão foi de 10,2%. Indivíduos com depressão relataram menor consumo regular de feijão (61%; IC95% 59-63% vs. 69%; IC95% 69-70%). Em contrapartida, o consumo regular de FLV foi maior no grupo com depressão (39%; IC95% 37-41% vs. 32%; IC95% 31-32%). Entre os hábitos desfavoráveis, observou-se maior prevalência de consumo regular de doces (16,7%; IC95% 15-18% vs. 14,6%; IC95% 14-15%) e substituição do almoço por lanches (2,8%; IC95% 2,3-3,4% vs. 2,0%; IC95% 1,8-2,2%) entre os diagnosticados com depressão. Por fim, o consumo regular de refrigerantes foi maior (9,3%; IC95% 8,9-9,7% vs. 8,5%; IC95% 7,3-9,8%) na população sem o desfecho.
Conclusões/Considerações
A análise da prevalência de depressão em relação ao perfil de hábitos alimentares demonstra que alguns hábitos desfavoráveis predominam em pessoas com depressão, sugerindo possível associação. Tendo em vista os achados, faz-se necessária uma investigação mais aprofundada considerando variáveis sociodemográficas e a possibilidade de causalidade reversa para compreender melhor dessa relação.
AMAMENTAÇÃO E INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM MULHERES NEGRAS NO RECÔNCAVO DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 UFBA/ISC
2 UEFS/PPGSC
3 UFRB/CCS
Apresentação/Introdução
O aleitamento materno constitui um direito à alimentação adequada, assegurado por lei no Brasil, incluindo garantias como pausas e local apropriado para a amamentação no ambiente de trabalho. No entanto, a efetivação desse direito é frequentemente prejudicada para mulheres negras, em razão das desigualdades sociais que se manifestam, dentre outros, por meio de condições de vulnerabilidade.
Objetivos
Discutir a amamentação em mulheres negras, suas implicações para a saúde do binômio mãe e filho, os impactos do racismo, o desmame precoce, e questões nutricionais/psicológicas
Metodologia
O ensaio foi construído por meio de leituras exploratórias, analíticas e interpretativas de produções científicas. Foi realizado um levantamento na base de dados Scholar Google utilizando os descritores “aleitamento materno”, “saúde da população negra” e “insegurança alimentar e nutricional”. Foram incluídos dos últimos 20 anos (2004-2024). Os materiais foram categorizados em três eixos: amamentação, insegurança alimentar na população negra e a relação dessas temáticas com a formação profissional. O estudo visou fomentar reflexões críticas e debates
Resultados
A insegurança alimentar, a vulnerabilidade socioeconômica e o retorno precoce ao trabalho comprometem significativamente o aleitamento em mulheres negras. A presença de mitos e estereótipos racistas nos serviços de saúde contribuem para negligência e baixa qualidade de assistência prestada, favorecendo o diagnóstico tardio de intercorrências resultante do manejo inadequado da amamentação. Dados indicam que as negras apresentam menores índices de aleitamento na primeira hora de vida e de aleitamento exclusivo aos seis meses. Essa conjuntura evidencia como o racismo estrutural e institucional impacta negativamente os desfechos relacionados a amamentação, perpetuando desigualdades em saúde.
Conclusões/Considerações
A amamentação entre mulheres negras é atravessada por múltiplos desafios, como a insegurança alimentar, a pobreza, o desemprego, a ausência de apoio institucional e o racismo e tais barreiras diminuem as taxas de amamentação. É urgente implementar políticas públicas que promovam a segurança alimentar, apoio ao aleitamento e assistência antirracista, com formação profissional adequada para superar estigmas e garantir cuidado integral
TRAJETÓRIAS ANTROPOMÉTRICAS NO CURSO DE VIDA DE MULHERES COM OU SEM FILHOS: RESULTADOS DAS COORTES ELSA-BRASIL E GERAÇÃO 21-PORTUGAL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 FPCEUP
3 Fiocruz/IGM
4 ISPUP
Apresentação/Introdução
A paridade e os comportamentos de saúde ao longo da vida influenciam a trajetória antropométrica das mulheres, fator associado às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Explorar diferenças entre países das trajetórias de mulheres com ou sem filhos pode trazer insights sobre a evolução das trajetórias e identificar pontos críticos para intervenção e prevenção das DCNT.
Objetivos
Analisar as trajetórias antropométricas no curso de vida de mulheres com ou sem filhos participantes das coortes ELSA-Brasil e Geração21.
Metodologia
Análise descritiva com 6613 mulheres da coorte ELSA-Brasil (7,2% sem filhos), com idades entre 35 e 83 anos (média de 55 anos), e 7318 mulheres da coorte Portuguesa Geração 21 com idades entre 18 e 59 anos (média de 38 anos), todas com filhos. Em ambas coortes as mulheres participaram de três seguimentos, de 2008 a 2019 no ELSA-Brasil e de 2009 a 2020 na G21. O peso corporal foi aferido diretamente em ambas coortes. Analisou-se as trajetórias antropométricas de peso corporal nas duas coortes por modelagem de trajetórias baseadas em grupo. O ELSA-Brasil foi aprovado nos CEP de cada centro de investigação. O Geração21 foi aprovado pela CEP/Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/CHSJ.
Resultados
No ELSA-Brasil, entre mulheres com filhos, identificamos três trajetórias: 1. “Menor Estável” (45,8%), 2. “Médio Estável” (42,0%) e 3. “Alto Estável” (12,2%). Nas mulheres sem filhos: 1. “Menor Estável” (33,7%); 2. “Médio Ascendente” (43,3%); 3. “Alto Descendente” (23,0%). Na coorte portuguesa houve duas trajetórias: 1. “Menor Estável” (65,3%) e 2. “Alta Ascendente” (34,7%). Nestas trajetórias, mulheres brasileiras com filhos apresentaram maior média de peso que brasileira sem filhos e portuguesas, mas uma maior proporção de mulheres sem filhos foi observada no grupo de trajetória “Alta Ascendente”. As portuguesas, mais jovens, apresentaram trajetória de elevação do peso (34,7%).
Conclusões/Considerações
Estas diferentes trajetórias entre países indicam períodos críticos com intensa oscilação hormonal e na trajetória da adiposidade (gravidez/pós-parto, menopausa), e podem contribuir no apoio a ações voltadas à promoção da saúde e ao controle do peso ao longo da vida de mulheres com e sem filhos, especialmente nestes períodos para redução de riscos adicionais para DCNT relacionados à alimentação inadequada.
GANHO DE PESO DURANTE A AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA E USO DE CHUPETA
Pôster Eletrônico
1 IMS UERJ
2 UNIRIO
Apresentação/Introdução
É possível que, entre bebês amamentados exclusivamente, o uso de chupeta possa levar a restrição da livre demanda e a alterações no padrão de ordenha. Esse quadro poderia causar menor ingestão de leite e menor ganho de peso durante o período de amamentação exclusiva. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, parecer 4.274.330.
Objetivos
Verificar a associação entre uso de chupeta e ganho de peso em bebês menores de seis meses amamentados exclusivamente.
Metodologia
Estudo com abordagem longitudinal retrospectiva. Mulheres altamente motivadas a amamentar foram recrutadas em grupo de apoio à amamentação e preencheram questionários com perguntas sobre: peso do bebê ao nascer e nos seis meses subsequentes, aferidos por profissionais de saúde, registrados na caderneta da criança; uso de chupeta, data da introdução e retirada; informações sobre saúde da gestante e dados sociodemográficos. Foram desenvolvidos dois modelos lineares generalizados, incluindo o z-score de peso para idade como desfecho e (1) uso de chupeta (sim ou não) e (2) tempo de uso (em semanas) como exposição, ajustados para IMC pré-gestacional, intercorrências na gestação e sexo do bebê.
Resultados
Foram analisadas as trajetórias de ganho de peso de 390 bebês amamentados exclusivamente, saudáveis, com peso ao nascer ≥2500g e ≤4500g, dos quais 27,2% usaram chupeta por algum período de tempo (min=2 máx=26 semanas). As nutrizes que ofereceram chupeta apresentaram maior IMC pré-gestacional (26,1 vs. 24,9, p=0,04) e maior prevalência de cesárea (64,1% vs. 51,4%, p=0,03). Observou-se redução no z-score de peso para idade entre os bebês que usaram chupeta quando comparados aos que não usaram (β= -0.07; p-valor= 0,0006). Ademais, o uso de chupeta por mais semanas apresentou associação inversa com o z-score de peso para idade (β= -0.005; p-valor< 0,0001).
Conclusões/Considerações
O uso de chupeta foi associados a menor ganho de peso entre bebês amamentados exclusivamente. Tempo de uso de chupeta em semanas também se associou a menor ganho de peso, indicando uma possível relação dose-resposta. Ao demonstrar que o uso de chupeta pode ter impacto no ganho de peso entre bebês amamentados exclusivamente nos primeiros seis meses de vida, contribuímos para esclarecer as possíveis consequências do uso deste apetrecho.
INSEGURANÇA ALIMENTAR GRAVE: ANÁLISE POR SOBREPOSIÇÃO DE CLUSTERS GEOGRÁFICOS EM UMA CAPITAL DO NORDESTE DO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar se distribui de forma desigual nos territórios. A análise do homem e seu meio amplia o olhar sobre o território, o que possibilita investigar conjuntos de condições constitutivas do espaço urbano e sua repercussão na insegurança alimentar. Com isso, a sobreposição espacial de vulnerabilidades sociais pode estar articulada em um único território ou conjunto de territórios.
Objetivos
O estudo objetiva conhecer a distribuição espacial da situação de insegurança alimentar grave e a ligação com variáveis demográficas e socioambientais a partir de aglomerados espaciais.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal descritivo. O estudo teve como base os dados da Pesquisa Qualidade do Ambiente Urbano de Salvador- QUALISalvador”. A variável de exposição principal foi a situação de insegurança alimentar grave (IAG) nos domicílios.
A coleta de dados foi realizada entre o período de 2019 e 2020, na cidade de Salvador, Bahia.
Foram selecionados 9 fatores demográficos e socioambientais associados à IAG. Realizou-se análise a partir da distribuição espacial das variáveis em 1.196 domicílios georreferenciados distribuídos em 160 bairros de Salvador. Foi detectado Cluster para cada variável, elaborado um índice socioambiental para sobreposição espacial com a situação investigada.
Resultados
A distribuição espacial do índice socioambiental se comporta de forma semelhante à distribuição da situação de IAG nos bairros da cidade. 23 bairros apresentaram índice muito alto (2 a 6 pontos) e 36 bairros índice alto (1 ponto), os quais estão mais concentrados nas regiões do Subúrbio e do Miolo da cidade. 46 bairros foram classificados como médio (0 pontos) e 55 bairros como baixo (-9 a -1), predominam na Orla Atlântica e Área Urbana Consolidada. Percebeu-se que as maiores prevalências de insegurança alimentar grave ocorreram em bairros com índice socioambiental mais elevado o que indica condição de maior vulnerabilidade.
Conclusões/Considerações
Os dados apresentados demonstram que as condições são extremamente desiguais nos territórios da cidade. O que dá indício de segregação socioespacial, destacando a desigualdade econômica, educacional, no acesso a água, social e urbano-ambiental vivenciada nesses bairros, as quais encontra-se a população não branca e do sexo feminino. Áreas que deveriam ser priorizadas para ações de segurança alimentar e nutricional e qualidade urbano ambiental.
MALEFÍCIOS DO CONSUMO DE AGROTÓXICOS NOS PRIMEIROS MIL DIAS DE VIDA
Pôster Eletrônico
1 Univassouras
Apresentação/Introdução
Os agrotóxicos são substâncias químicas amplamente utilizadas na agricultura e em ambientes urbanos para combater pragas e regular o crescimento vegetal. No entanto, seu uso crescente, tem levantado preocupações quanto aos efeitos na saúde humana, particularmente durante os primeiros mil dias de vida, período que vai da concepção até os dois anos de idade.
Objetivos
investigar na literatura os efeitos adversos da exposição aos agrotóxicos nesse período crítico, com foco na saúde fetal e infantil.
Metodologia
Trata-se de uma revisão bibliográfica de caráter exploratório e qualitativo, baseada em publicações científicas entre 2017 e 2025. Para a realização da revisão, foi feita uma busca em bases de dados científicas, como PubMed, SciELO, Federação Getúlio Vargas (FGV), Google Acadêmico, Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) e bases de dados governamentais. Usando uma combinação de palavras-chave específicas em português: “agrotóxicos”, “exposição a agrotóxicos”, “efeitos tóxicos”, desenvolvimento infantil”, “gestação”; e em inglês como: “pesticides”, “pesticides in food” e “children diet”, entre outras.
Resultados
A exposição a agrotóxicos pode causar malformações congênitas, prematuridade, baixo peso ao nascer, leucemias infantis, alterações hormonais, distúrbios no sistema nervoso e imunológico, além de problemas reprodutivos a longo prazo. Ela pode ocorrer por meio da placenta, do ambiente, da alimentação ou do leite materno, que transfere compostos tóxicos bioacumulados no organismo da mãe. Como os pesticidas se acumulam nas gorduras do corpo, a menor quantidade de gordura no feto resulta em um armazenamento reduzido dessas substâncias, o que pode levar a níveis mais altos da substância no sangue fetal aumentando a possibilidade de toxicidade.
Conclusões/Considerações
Os agrotóxicos representam sérios riscos à saúde de fetos e crianças pequenas, exigindo medidas urgentes de regulação e conscientização. A proteção da infância, especialmente nos mil primeiros dias, deve ser uma prioridade nas políticas públicas de saúde e meio ambiente, com foco na redução da exposição a essas substâncias e na promoção de ambientes mais seguros para o desenvolvimento infantil.
CONSUMO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA: ANÁLISE TERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Pôster Eletrônico
1 USP
2 Mayo Clinic
Apresentação/Introdução
As grandes cidades apresentam desigualdades no acesso e nos padrões de consumo alimentar entre suas regiões, afetando populações mais vulneráveis e limitando, principalmente, o acesso a alimentos saudáveis. Avaliar a ingestão é essencial em pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, como a doença renal crônica (DRC), uma vez que essas disparidades podem afetar o tratamento dessas condições.
Objetivos
Comparar o consumo alimentar de pessoas com DRC entre as diferentes regiões do município de São Paulo-SP.
Metodologia
Foi realizado um estudo transversal com dados do estudo de coorte Progredir. A amostra foi composta por indivíduos com DRC na fase não dialítica, residentes do município de São Paulo. O consumo alimentar foi estimado por meio de um questionário de frequência alimentar e os grupos de alimentos foram apresentados em g/1000 kcal. As regiões de moradia foram definidas de acordo com o endereço fornecido pelos participantes, e agrupadas em Centro, Norte, Sul, Leste e Oeste. Os dados foram apresentados em mediana e a diferença entre grupos foi avaliada pelo teste de Kruskal-Wallis, com post-hoc de Bonferroni. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS versão 21.0.
Resultados
Foram incluídos 432 participantes nas análises, sendo 62,7% do sexo masculino, com mediana de idade de 69 anos e taxa de filtração glomerular de 40 mL/min/1,73 m². A análise descritiva mostrou diferença estatística para o consumo de carnes e ovos e também para feijão. Em relação ao primeiro grupo, os moradores da Região Sul apresentaram maior consumo em relação aos residentes no Centro, Norte e Leste (76 g, 62 g, 55 g e 56 g, respetivamente). Para feijão, a diferença foi observada entre o Centro e a Região Norte (38 g e 86 g, respectivamente). Não houve diferença estatística entre os demais grupos (frutas, legumes e verduras, leite, ultraprocessados, carnes processadas e doces).
Conclusões/Considerações
Os residentes da Região Sul apresentaram um maior consumo de carnes e ovos, que nesse caso não é visto como algo positivo, visto a recomendação de dieta hipoproteica para essa fase da doença. Para o feijão, identificou-se menor ingestão nos residentes do Centro. Análises de disponibilidade e fatores associados devem ser conduzidas para identificar os determinantes de consumo nessa população.
FATORES ASSOCIADOS AO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS: EVIDÊNCIAS DO ESTUDO ENANI-2019
Pôster Eletrônico
1 PUC - Campinas
Apresentação/Introdução
O excesso de peso entre crianças pequenas tem aumentado globalmente, e em paralelo, persistem os casos de desnutrição crônica, sobretudo nos grupos mais vulneráveis. A primeira infância é uma fase crítica do desenvolvimento geral da criança e, portanto, investigar os fatores associados ao seu estado nutricional é importante para subsidiar estratégias de prevenção e promoção da saúde infantil.
Objetivos
Avaliar a relação entre fatores associados e o estado nutricional de crianças de 2 a 4 anos.
Metodologia
Utilizou de dados de um inquérito domiciliar de base populacional. O estado nutricional das crianças foi classificado com base no escore Z e categorizado em: eutrofia; magreza (agrupando magreza acentuada e magreza); risco de sobrepeso e excesso de peso (agrupando sobrepeso e obesidade). Os fatores avaliados foram: insegurança alimentar (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar - EBIA), idade da mãe, Aleitamento Materno Exclusivo (AME), região, tipo de parto e estado nutricional materno. Utilizou-se análise de regressão logística multinomial ajustada para o delineamento amostral para a inferência estatística. As análises foram realizadas no software SAS Studio v.3.81.
Resultados
A amostra incluiu 5256 crianças. Mães que fizeram cesariana eletiva (p=0,0022) apresentaram maior chance de filhos com risco de sobrepeso (OR=1,81; IC:1,28–2,57) comparadas ao parto normal. Mães com magreza (p=0,0002) apresentaram maior chance de filhos com magreza (OR=7,53; IC:2,19–25,90) comparadas às eutróficas. Simultaneamente, mães com obesidade (p=0,0002) apresentaram maior chance de filhos com excesso de peso (OR= 2,09; IC: 1,28-3,41). Regiões Sudeste (OR= 1,64; IC:1,15–2,34) e Sul (OR=1,92; IC:1,37–2,68) tiveram maior chance de crianças com risco de sobrepeso quando comparadas à região Centro-Oeste. Não houve associação estatisticamente significativa para as demais variáveis.
Conclusões/Considerações
O estado nutricional infantil esteve associado com o estado nutricional materno, bem como, um antecedente obstétrico (tipo de parto: cesariana eletiva) e variáveis regionais. Os achados reforçam a necessidade de considerar ações preventivas como a conscientização quanto aos tipos de parto e a educação nutricional materna durante a gestação e nos primeiros anos de vida da criança, de forma a promover a saúde integrada do binômio (mãe-filho).
COMO TERIA SIDO O CONSUMO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS QUE VIVERAM EM INSEGURANÇA ALIMENTAR POR 10 ANOS NO BRASIL CASO ELES NÃO ESTIVESSEM NESSA CONDIÇÃO?
Pôster Eletrônico
1 IMSHC/UERJ
Apresentação/Introdução
A Insegurança Alimentar (IA) varia desde a apreensão da disponibilidade futura de alimento até a ocorrência da fome. Indivíduos que vivem em insegurança alimentar estão susceptíveis a terem um consumo de alimento menos nutritivos, elevando os riscos dietéticos associados a eles e possivelmente impulsionando a mortalidade prematura pelas principais DCNT no Brasil.
Objetivos
Avaliar o impacto da insegurança alimentar na ingestão de alimentos associados ao risco de mortalidade prematura pelas DCNTs no Brasil, num período de 10 anos.
Metodologia
Dados da POF 17-18 (IBGE) foram usados para estimar diferenças de consumo entre indivíduos com e sem IA. As diferenças de 17-18 foram aplicadas aos dados de consumo da POF 08-09, definindo dois cenários: consumo observado real, e contrafactual (consumo que seria observado na ausência de IA). Ambas as estimativas considerando medidas de efeito extraídas de revisões sistemáticas e meta-análises sobre o efeito da ingestão de alimentos no risco de doenças. Foram então estimadas as médias de consumo para um dia de indivíduos de ambos os sexos de 30 a 69 anos, dos fatores de riscos dietéticos frutas, hortaliças, leguminosas, leite, cereais integrais e bebidas adoçadas.
Resultados
O consumo de frutas em indivíduos de 40-59 anos teria sido, em média, 14g/dia maior caso os indivíduos que estiveram em IA no período não estivessem nessa condição, e o de vegetais teria sido 10g/dia em média a mais. Sobre o consumo de leite, os maiores contrafactuais ocorreram em adultos de 25-29 anos, que teriam tido o consumo 17ml/dia em média a mais. O consumo contrafactual dos alimentos integrais aumentou em adultos 30-69, em torno de 2g/dia. Já o consumo de bebidas açucaradas pelos adultos jovens de 20-24, 25-29 e 30-34 anos aumentaria em torno de 35ml/dia em média caso estes mesmos indivíduos estivessem em segurança alimentar. O consumo de leguminosas teria menor em todas as faixas.
Conclusões/Considerações
O consumo médio de frutas, vegetais, leite, bebidas adoçadas e cereais integrais que seria observado caso os indivíduos que viveram com algum grau de IA no Brasil entre 2009 e 2018 não tivessem nessa condição teria sido maior do que o real observado na mesma população no período. Mesmo com aumento do consumo de alimentos “não protetores” sair da condição de IA para SAN poderia vir a reduzir os riscos dietéticos associados a mortalidade pelas DCNT.
ANÁLISE DE CONFORMIDADE DE BARRAS DE FRUTAS, CASTANHAS E DE CEREAIS EM RELAÇÃO À NOVA ROTULAGEM NUTRICIONAL BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
A legislação RDC 429 e IN 75 incluiu a Rotulagem Nutricional Frontal (RNF), estabelecendo pontos de corte para açúcar adicionado (15g/100g), gorduras saturadas (6g/100g) e sódio (600mg/100g), tornando-se obrigatória a RNF (símbolo de lupa e frase “alto em”), porém muitos produtos, como as barras de cereais/castanhas/frutas podem ultrapassar esses limites, mesmo possuindo apelo de saudabilidade.
Objetivos
Avaliar a conformidade de barras de frutas, de castanhas e de cereais em relação aos critérios da nova rotulagem nutricional brasileira.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo, com rótulos de barras de frutas/castanhas e de cereais. A coleta de dados foi em um supermercado de porte médio, em Belo Horizonte-MG (jun/2025). Foi realizado registros fotográficos com os produtos dessa categoria, armazenando em drive e os dados de rotulagem foram transcritos para o Excel: denominação de venda/porção/composição nutricional (valor energético/carboidratos/açúcares totais/açúcares adicionados/proteínas/gorduras totais/gorduras saturadas/gorduras trans/fibras alimentares e sódio, por 100g), tabela atualizada e RNF (presente/ausente). As análises foram feitas no software JASP, teste Shapiro-Wilk, que avaliou a mediana entre nutrientes/produtos.
Resultados
Foram analisados 66 produtos, 10(15,2%) barras de cereais e 56(84,9%) barras de castanhas/frutas. Encontrou-se uma mediana de 7,3g/100g(IQR=0,0-35,0) para açúcares adicionados, 5,6g/100g(IQR=0,3-21,0) para gorduras saturadas e 32mg/100g (IQR=0,0-375,0) para sódio. Quanto à RNF, 11(16,67%) produtos continham açúcar adicionado acima do limite e todos possuíam RNF. Para gordura saturada, 20(30,3%) produtos deveriam ter RNF, mas 6(9,1%) não possuíam. Apenas 4(6,0%) receberam RNF para ambos os nutrientes, açúcar adicionado e gordura saturada. Os limites de sódio não foram atingidos. Houve inconformidade na atualização da tabela de informações nutricionais em 4(6,0%), sendo ambos da mesma marca.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que, mesmo após o período de adequação para a inclusão da RNF, algumas barras de frutas/castanhas e de cereais ainda não atualizaram o rótulo para a comercialização, especialmente em relação a gordura saturada e os requisitos estabelecidos para a tabela de informações nutricionais.
REGULAÇÃO DA PUBLICIDADE DIGITAL DE ALIMENTOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA LATINO-AMERICANA
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Regular a publicidade de alimentos nos meios digitais é um objetivo legítimo de saúde pública, especialmente quando busca-se garantir direitos de crianças e adolescentes à promoção de uma alimentação adequada e saudável. Embora a América Latina tenha se destacado como líder global nesse escopo, a agenda brasileira segue estagnada, especialmente quanto à implementação da RDC nº 24/2010 da Anvisa.
Objetivos
Aplicar modelos regulatórios de países latino-americanos que restringem a publicidade de alimentos, incluindo a RDC nº 24/2010 do Brasil, às plataformas de mídias sociais no país.
Metodologia
Estudo exploratório de aplicação dos modelos regulatórios da publicidade de alimentos da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile e Peru. A amostra foi composta por publicações de marcas/produtos de alimentos ultraprocessados direcionados à crianças e adolescentes no Instagram (n=623), TikTok (n=257) e YouTube (n=114). Os modelos foram aplicados quanto aos critérios nutricionais para identificar os alimentos sujeitos à regulação e restrições de conteúdo. Para isso, os alimentos publicizados tiveram suas informações nutricionais coletadas e o conteúdo identificado de acordo com os requisitos das regulações. As análises foram realizadas para a amostra total e estratificadas por mídia social.
Resultados
De modo geral, 26,46% e 31,49% das publicações seriam permitidas pelos modelos da Argentina e do Chile, respectivamente. Para os demais, essa frequência ultrapassaria 40%. O YouTube teve a menor proporção de anúncios permitidos sob o modelo da Argentina (4% vs. Instagram: 29,79% e TikTok: 28,74%). Nos outros modelos, com exceção do Peru, foram observadas diferenças entre o YouTube e o Instagram, com uma frequência menor de anúncios permitidos no primeiro em comparação com o segundo (Bolívia: 31,53% vs. 48,39%; Brasil: 25,23% vs. 43,65%; Chile: 19,82% vs. 33,50%). Na aplicação do modelo do Brasil, as restrições concentraram-se principalmente na exigência de alertas obrigatórios ao conteúdo.
Conclusões/Considerações
Os achados dessa investigação evidenciam elementos técnicos que podem subsidiar o aprimoramento ou desenvolvimento de normas específicas sobre publicidade digital de alimentos no Brasil. A adoção de critérios nutricionais mais rigorosos, como os implementados na Argentina e no Chile, seria capaz de restringir uma parcela importante da publicidade de alimentos ultraprocessados direcionada à crianças e adolescentes nas mídias sociais brasileiras.
COZINHA SOLIDÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO À INSEGURANÇA ALIMENTAR: ESTUDO EM COMUNIDADE VULNERABILIZADA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Pôster Eletrônico
1 FSL
2 USP
3 IEP/HSL
Apresentação/Introdução
A pandemia agravou a fome no Brasil e deu origem à ocupação Jardim Julieta (São Paulo/SP), onde vivem cerca de 860 famílias com acesso precário à água, saúde, alimentação e pouca presença estatal. A chegada de uma cozinha solidária permite acompanhar seus efeitos na redução da insegurança alimentar e em outros indicadores sociais e de saúde da comunidade
Objetivos
Analisar a implementação de uma cozinha solidária na ocupação Jardim Julieta, monitorando mudanças nos níveis de insegurança alimentar e em outros indicadores sociais e de saúde entre famílias residentes em situação de vulnerabilidade
Metodologia
Trata-se de estudo multimétodo com moradores da ocupação. Sendo realizado em duas fases: (1) estudo transversal sobre associação entre assistência alimentar e condições de vida e saúde; (2) acompanhamento longitudinal por 36 meses. Os dados foram coletados por questionários aplicados a representantes dos domicílios, analisando segurança alimentar (EBIA) e outras variáveis socioeconômicas. A coleta foi feita via plataforma REDCap, com participação de lideranças locais. As análises incluíram testes estatísticos e modelos de equações estruturais. A pesquisa seguiu normas éticas vigentes, com aplicação do TCLE a todos entrevistados e cuidado com populações em vulnerabilidade
Resultados
Dos participantes entrevistados na primeira fase da pesquisa, 220 famílias responderam à Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Dentre elas, 18,2% apresentaram insegurança alimentar grave, 37,8% moderada e 33,9% leve. Esses dados evidenciam que cerca de 90% dos domicílios da ocupação Jardim Julieta enfrentam algum grau de insegurança alimentar. Os resultados preliminares reforçam a urgência de políticas públicas voltadas à garantia do direito humano à alimentação adequada em territórios marcados por vulnerabilidades múltiplas
Conclusões/Considerações
Os dados preliminares revelam alta prevalência de insegurança alimentar entre as famílias da ocupação Jardim Julieta. A implementação da cozinha solidária configura-se como uma intervenção relevante para o cuidado em territórios vulnerabilizados. Espera-se que o acompanhamento longitudinal evidencie impactos positivos sobre os níveis de segurança alimentar e outros indicadores sociais e de saúde
MARCADORES DO CONSUMO ALIMENTAR EM CRIANÇAS AOS 12 MESES: RESULTADOS DA SEGUNDA ONDA DE UMA COORTE PROSPECTIVA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) , Divinópolis, MG
2 Universidade do Estado de Minas Gerais, Divinópolis- MG
Apresentação/Introdução
O consumo de alimentos ultraprocessados tem sido associado a diversos desfechos negativos na infância, como riscos cardiometabólicos, asma, aumento do colesterol total, déficits na função cognitiva e distúrbios comportamentais. Esses efeitos são mais frequentes diante do consumo de produtos ultraprocessados ricos em açúcar, como bebidas adoçadas e doces industrializados
Objetivos
Descrever o consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças aos 12 meses de idade e identificar a presença de insegurança alimentar
Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, transversal, oriundo da segunda onda de uma coorte prospectiva. A pesquisa foi realizada em um município da região Centro-Oeste do estado de Minas Gerais, Brasil. Os dados da segunda onda, 12 meses, foram coletados por meio de visitas domiciliares, totalizando 110 crianças avaliadas no mês de janeiro de 2025. A insegurança alimentar familiar foi verificada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, e o consumo de alimentos ultraprocessados foi avaliado com base no formulário de marcadores do consumo alimentar
Resultados
Das 110 crianças avaliadas, 58,2% eram do sexo masculino. Em relação ao consumo de alimentos ultraprocessados, o iogurte foi o mais citado, sendo consumido por 70,8% das crianças. O consumo de bebidas adoçadas, como refrigerantes, sucos de caixinha, sucos em pó, água de coco de caixinha, xaropes de guaraná ou groselha, foi relatado por 10,9%. Produtos como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados foram consumidos por 52,7%. Um percentual de 5,4% mencionaram o consumo de biscoitos recheados, doces ou guloseimas. Não houve relato de consumo de hambúrgueres e embutidos. Identificamos 10% de insegurança alimentar familiar leve.
Conclusões/Considerações
O consumo de alimentos ultraprocessados é elevado já aos 12 meses de idade. A presença de insegurança alimentar evidencia vulnerabilidades nutricionais. Esses achados destacam a importância de políticas públicas e ações educativas voltadas à alimentação saudável na primeira infância
IDENTIFICAÇÃO DE PADRÕES ALIMENTARES DE INDIVÍDUOS DO SEMIÁRIDO PARAIBANO
Pôster Eletrônico
1 FSP-USP
2 UFCG
Apresentação/Introdução
A investigação de padrões alimentares possibilita maior entendimento sobre o comportamento alimentar e seus efeitos na saúde e bem-estar dos indivíduos. Diante das diversas adversidades que a região do semiárido enfrenta, como condições climáticas e irregular precipitação, entender esses padrões é fundamental para compreender a disponibilidade e qualidade da alimentação da população.
Objetivos
Identificar padrões alimentares em indivíduos adultos e idosos residentes do semiárido paraibano em 2022.
Metodologia
Foi realizado um estudo transversal com os dados da coorte SANCUITÉ (2011-2022), com utilização daqueles coletados em 2022. O consumo alimentar foi avaliado por um questionário de frequência alimentar correspondente aos três meses que antecederam a pesquisa. Para a identificação dos padrões alimentares foram utilizados 47 alimentos, divididos em 16 grupos. Para a identificação dos padrões foi considerada a frequência de consumo, utilizando-se análise fatorial exploratória (AFE) e análise de componentes principais (PCA) com rotação ortogonal varimax. Os fatores foram extraídos com base no critério de autovalores maiores que 1,0.
Resultados
A amostra foi composta por 190 indivíduos, predominantemente mulheres (88,4%), autodeclaradas pretas e pardas (65,8%) e com renda per capita superior a ½ salário mínimo (52,9%). Foram identificados dois padrões alimentares: o padrão 1 (“Tradicional e Industrializado”), responsável por 15,8% da variância, com adesão ao consumo de farináceos, cereais, feijão, carnes processadas e bebidas adoçadas; e o padrão 2 (“Saudável”), explicando 13,3%, associado a frutas, sucos naturais, tubérculos, legumes e vegetais, carne bovina e ovos. Esses resultados sugerem a coexistência de padrões tradicionais e saudáveis no comportamento alimentar dos indivíduos residentes no semiárido paraibano.
Conclusões/Considerações
Os resultados revelaram um tradicional, com alimentos básicos e ultraprocessados, e um saudável, com alimentos in natura e minimamente processados. O padrão de uma alimentação tradicional com presença de ultraprocessados já é evidente na região estudada. Dessa forma, os achados podem orientar políticas públicas para promover alimentação saudável, especialmente em populações vulneráveis, expostas à insegurança alimentar e doenças crônicas.
AMAMENTAÇÃO E RETENÇÃO DE PESO EM UM E DOIS ANOS APÓS O PARTO EM MULHERES COM DIABETES MELLITUS GESTACIONAL: COORTE LINDA-BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFRGS
Apresentação/Introdução
A retenção de peso pós parto (RPPP) é fator de risco para desfechos cardiometabólicos, obesidade e diabetes tipo 2. Em mulheres com diabetes gestacional (DMG) recente, está associada a maior IMC, piores parâmetros glicêmicos e maior risco de DMG futuro. Por sua vez, a amamentação parece estar inversamente relacionada RPPP, mas essa relação é incerta em mulheres com DMG.
Objetivos
Avaliar a associação entre amamentação e a RPPP um ano e dois anos após o parto em mulheres com DMG no estudo LINDA-Brasil
Metodologia
Estudo de coorte multicêntrico com 2.081 mulheres com DMG, ≥18 anos, recrutadas em ambulatórios de pré-natal do SUS em seis cidades brasileiras e acompanhadas por telefone até dois anos pós-parto. Informações sociodemográficas e clínicas foram coletadas no recrutamento, e dados sobre amamentação e peso materno, nas entrevistas telefônicas. A duração da amamentação foi categorizada por cinco indicadores. A RPPP foi calculada pela diferença entre o peso pré-gestacional e os pesos aos 1 e 2 anos, e definida como substancial quando ≥5 Kg. As estimativas foram obtidas por regressão de Poisson com variância robusta e regressão linear, ajustadas e as análises conduzidas no RStudio v4.4.0.
Resultados
A prevalência de RPPP substancial foi de 26,7% em 1 ano e 31,6% em 2 anos, e a duração média da amamentação de 13 meses. Após ajustes, amamentar por 3 meses não se associou à redução da RPPP substancial. Amamentar por 6 meses reduziu o risco em 23% em 1 ano (IC95% 0,63–0,95) e 25% em 2 anos (IC95% 0,66–0,85) em comparação às que não o fizeram. Amamentar por 1 ano também reduziu o risco (RR 0,79; IC95% 0,65–0,95; p=0,012 e RR 0,78; IC95% 0,69–0,89; p<0,001). Por 2 anos, a redução foi de 14% em 2 anos pós-parto (IC95% 0,75–0,98; p=0,027). Cada mês adicional de amamentação associou-se à redução de 67g na RPPP em 1 ano e 46g em 2 anos.
Conclusões/Considerações
Em mulheres com DMG, amamentar por pelo menos 6 meses parece ser fator protetor para uma retenção de peso substancial em um e dois anos após o parto, fortalecendo a importância da prática para a prevenção de complicações futuras na saúde das mulheres.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS DE GESTANTES EM VULNERABILIDADE SOCIAL NO DISTRITO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 UnB
Apresentação/Introdução
Estudos com gestantes brasileiras indicam prevalência de insegurança alimentar (IA) entre 34,8% e 71,5%. Durante a gestação, intensas mudanças fisiológicas e nutricionais ocorrem, e a vulnerabilidade social pode comprometer o acesso e a qualidade da alimentação. O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados representa risco adicional à saúde materno-infantil e desafio para a saúde pública.
Objetivos
Investigar a associação entre a IA e consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) de pessoas gestantes em vulnerabilidade social residentes de Brasília/Distrito Federal (DF).
Metodologia
Estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (CAAE: 74522423.6.0000.0030). Participaram pessoas gestantes, com 18 anos ou mais, inseridas no Cadastro Único. Foram aplicados questionários sociodemográficos, econômicos, gestacionais, obstétricos, insegurança alimentar (Escala EBIA) e consumo alimentar (instrumento Vigitel). Para avaliar a associação entre IA e o consumo de 5 AUP e 5 alimentos não ou minimamente processados protetores para doenças crônicas no dia anterior à entrevista, foram realizadas análises bivariadas por meio do teste exato de Fisher. Considerou-se um nível de significância de 5% (p<0,05).
Resultados
O estudo incluiu 197 gestantes, com média de idade de 28 anos. A maioria era parda (54,8%), solteira (56,9%) e desempregada (73,6%). A IA esteve presente em 81,2% (32,5% IA leve, 26,4% moderada e 22,3% grave). Do total, 21,3% consumiram 5 grupos de alimentos não ou minimamente processados considerados protetores para doenças crônicas no dia anterior à entrevista. Já o consumo elevado de alimentos ultraprocessados (5 grupos) foi observado em 22,8% da amostra. Não houve associação significativa entre insegurança alimentar e consumo de alimentos protetores (p=0,657) ou ultraprocessados (p=1,000).
Conclusões/Considerações
Elevadas prevalências de insegurança alimentar foram observadas entre gestantes em situação de vulnerabilidade social. Apesar disso, não houve associação significativa entre insegurança alimentar e o consumo de alimentos ultraprocessados ou protetores.
ANÁLISE DE CARDÁPIOS DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA EM DOIS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: REGIONALIDADE E SOCIOBIODIVERSIDADE EM FOCO
Pôster Eletrônico
1 UNIRIO
Apresentação/Introdução
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é uma das principais políticas públicas de segurança alimentar e nutricional no Brasil. Para comunidades quilombolas, estabelece diretrizes que valorizam a regionalidade e a sociobiodiversidade, promovendo hábitos alimentares tradicionais, o fortalecimento da agricultura familiar e a equidade alimentar.
Objetivos
Avaliar a qualidade nutricional de cardápios escolares de comunidades quilombolas em dois municípios do estado do Rio de Janeiro, com foco na presença de alimentos regionais, da sociobiodiversidade e na conformidade com os princípios do PNAE.
Metodologia
Foram analisados dados secundários obtidos por meio de documentos públicos virtuais disponibilizados pelas Secretarias Municipais de Educação. A análise contemplou cardápios escolares de dois municípios do estado do Rio de Janeiro, ambos com territórios reconhecidos como remanescentes de quilombos. A avaliação considerou a presença dos principais grupos alimentares (cereais, leguminosas, frutas, hortaliças, proteínas e laticínios), a classificação dos alimentos conforme o Guia Alimentar para a População Brasileira (in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados) e a aplicação do Índice de Qualidade da Coordenação de Segurança Alimentar e Nutricional (IQ COSAN).
Resultados
O município 1 apresentou melhor desempenho geral no IQ COSAN, com maior diversidade alimentar e menor presença de ultraprocessados. Destacou-se pela oferta regular de alimentos regionais (100%) e inclusão de itens da sociobiodiversidade em 50% das semanas, refletindo maior alinhamento com as diretrizes do PNAE. Já o município 2 teve inclusão pontual de alimentos da sociobiodiversidade (33%) e presença de alimentos regionais em 100% das semanas, porém com menor oferta de leite (60%) e hortaliças (46,7%), além de maior frequência de ultraprocessados. Os dados indicam que o município 1 aderiu com mais consistência às diretrizes do PNAE, sobretudo na valorização da cultura alimentar regional.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam que, apesar dos avanços na implementação do PNAE em comunidades quilombolas, ainda persistem desafios relacionados à valorização da cultura alimentar local. Limitações orçamentárias, fragilidades na gestão e obstáculos na aquisição de alimentos da agricultura familiar comprometem a execução adequada dos cardápios escolares, afetando a garantia dos direitos alimentares e culturais dessas populações.
AVALIAÇÃO DO TEOR DE SÓDIO EM MACARRÃO INSTANTÂNEO NO BRASIL ENTRE 2021 E 2024
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Departamento de Ciência de Alimentos e Nutrição, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Brasil
2 Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Brasil
3 Programa de Pós Graduação de Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Brasil
4 Department of Healthy and sustainable food systems & Dietary patterns and eating behaviours, Institute for Physical Activity and Nutrition, Deakin University, Austrália.
5 Departamento de Ciência de Alimentos e Nutrição, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Brasil
Apresentação/Introdução
A agenda de redução de sódio é reforçada por agências nacionais e internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), considerando os fatores de risco associados à ingestão excessiva de sódio e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. No Brasil, o “Macarrão Instantâneo” é uma das categorias de alimentos prioritárias para a redução de sódio e incluída nas metas voluntárias do país.
Objetivos
Este trabalho teve como objetivo avaliar a diferença da concentração média de sódio da categoria “Macarrão Instantâneo”, compreendendo o período entre os anos 2021 a 2024.
Metodologia
Os dados foram extraídos do banco de dados Mintel-GNPD (2021-24), limitado para alimentos em território nacional. Todos os produtos da categoria “Refeições e Centros de Refeições” e subcategoria “Macarrão Instantâneo” foram incluídos. O teor de sódio dos produtos foi padronizada para conteúdo de mg por 100g de alimento e as duplicatas foram excluídas. A análise estatística testou se houve alteração na concentração média de sódio ao longo dos anos (H1). Frente à não-normalidade dos dados (Shapiro-Wilk p<0,001), foi realizado o teste de Kruskal-Wallis, considerando 5% de erro, e a comparação em pares entre os anos. Foram usados os softwares Microsoft Excel (v.365), R (v4.3.1) e JAMOVI (v.2.6).
Resultados
Dos 60 produtos extraídos, 59 atingiram os critérios de inclusão. A média da concentração de sódio (mg/100g de alimento) foi de: 1.445±481 (2021), 1.263±511 (2022), 1.802±330 (2023) e 1.841±181 (2024). A média de sódio ao longo dos quatro anos foi de 1531±487 mg/100g. Com o teste estatístico, foi possível ver uma diferença significativa entre o período estudado (p <,001). Contudo, as comparações por pares mostraram que o teor de sódio em 2022 foi significativamente menor quando comparado a 2023 (1.263 vs. 1.802; W = 5,48; p <0,001) e a 2024 (1.263 vs. 1.841; W = 4,92; p =0,003). Não houve diferença significativa entre o teor de sódio de 2021 e o dos outros anos, assim como entre 2023 e 2024.
Conclusões/Considerações
Os resultados demonstram um aumento na concentração média de sódio ao longo dos anos, o que evidencia a importância do monitoramento contínuo dessa categoria de alimentos. Tal achado reforça a necessidade de reavaliar as metas voluntárias de redução de sódio no país, bem como realizar ações de advocacy voltadas à reformulação de alimentos industrializados, a fim de cumprir com as metas de redução da ingestão de sódio estabelecidas pela OMS.
DIÁLOGOS INTERCULTURAIS PARA FORTALECER O CULTIVO TRADICIONAL DO ALIMENTO COM POVOS ORIGINÁRIOS: UMA EXPERIÊNCIA COM O POVO MUNDURUKU DO MÉDIO TAPAJÓS
Pôster Eletrônico
1 Núcleo Ecologias e Encontros de Saberes para a Promoção Emancipatória da Saúde – Neepes/Fiocruz
2 Liderança tradicional do Povo Munduruku do Médio Tapajós
Apresentação/Introdução
Desde sua criação, em 2018, o Neepes tem dinamizado processos de pesquisa que buscam alternativas de promoção da saúde com respeito a dignidade, direitos territoriais, saberes e práticas tradicionais. Com o povo Munduruku temos construído, neste sentido, planos agroecológicos nas aldeias do Médio Tapajós, em processos sinérgicos com os desafios e potencialidades que se expressam no território.
Objetivos
Refletimos sobre alternativas para fortalecer o cultivo tradicional de alimentos como estratégia de promoção da saúde a partir de diálogos interculturais que interagem não só com práticas e saberes, mas também com as cosmovisões que lhes sustentam.
Metodologia
Trabalhamos com o povo Munduruku a partir da ideia de ecologia de saberes, buscando fortalecer o cultivo de alimentos com diálogos interculturais envolvendo a cosmovisão Munduruku, suas práticas e saberes tradicionais; conhecimentos de pesquisadores do campo agroecológico e aprendizados de outras experiências. A pesquisa tem por base as metodologias sensíveis co-labor-ativas, envolvendo vários ciclos de aproximação para sistematizar e operacionalizar as ações acordadas. Neste processo buscamos aprofundar reflexões do Neepes em relação a noção de promoção emancipatória da saúde, envolvendo lutas por justiça em quatro dimensões: social, sanitária, ambiental/territorial e cognitiva.
Resultados
Os resultados da pesquisa têm se consolidado em ações-piloto definidas nos planos agroecológicos de cada aldeia. Temos focado na criação de galinhas caipira, prática tradicional do povo Munduruku, considerada estratégia alternativa de proteína animal em um contexto de contaminação dos peixes por mercúrio. A ideia de criar animais pode ser percebida em toda sua complexidade na cosmovisão dos povos originários, mobilizando um conjunto de outros mundos e seres, devendo ser realizada com profundo respeito ao equilíbrio existente. Destacamos, neste sentido, a importância de priorizar práticas tradicionalmente realizadas no território e com elas estabelecer conexões em diálogos interculturais.
Conclusões/Considerações
Diferentes autores salientam a necessidade de aprofundar diálogos com os conhecimentos tradicionais envolvendo sua dimensão cosmológica, para além de suas implicações práticas. Tal perspectiva busca construir alternativas respeitosas para fortalecer o cultivo tradicional de alimentos, com a forma de ser e estar no mundo dos povos originários. Destacamos, neste sentido, os aprendizados que a pesquisa com o povo Munduruku têm oportunizado.
AMBIENTE ALIMENTAR DE VAREJO, RESTAURANTES E AGRICULTURA URBANA DE MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE DE SÃO PAULO
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
Os ambientes alimentares são os espaços da aquisição ao consumo de alimentos, ocorrendo por meio de comércios varejistas, restaurantes ou através do cultivo. Considerando o atual perfil da alimentação no Brasil, com o consumo inadequado de frutas e hortaliças e elevado em ultraprocessados, torna-se necessário conhecer os espaços de oferta de alimentos nas cidades e suas especificidades.
Objetivos
Analisar o ambiente alimentar de cidades de pequeno porte do estado de São Paulo segundo espaços de comercialização e produção agrícola de alimentos nas áreas urbanas.
Metodologia
Foram auditados 7 municípios com as maiores prevalências de obesidade infantil e população <30 mil hab. Os comércios varejistas foram caracterizados a partir do instrumento AUDITNOVA para cálculo do Índice de Saudabilidade do Ambiente Alimentar do Consumidor total, disponibilidade de alimentos e ambiente (0 a 100%); e os restaurantes em tipologias. A agricultura urbana foi classificada em doméstica, institucional ou comunitária. Utilizou-se a metodologia locais-NOVA para definir os espaços como fonte de aquisição de in natura/minimamente processados (IN/MP), processados (PROC) ou ultraprocessados (UP). Estatísticas descritivas e teste de Kruskall-Wallis (p<0,05) foram realizados no Stata 15.
Resultados
Foram encontrados 801 locais de comercialização e produção de alimentos nos 7 municípios, sendo 287 fontes de IN/MP, com destaque para agricultura urbana (n=144), açougues (n=30) e bancas de hortifrutis (n=28); e 300 fontes de UP, como lanchonetes (n=106), barraca de feira (n=76) e farmácias (n=70). Houveram diferenças significativas na saudabilidade (p<0,05), com menor escore nos comércios fontes de PROC+UP (40,7%); e maior nos fontes de IN/MP+UP (44,8%), onde apesar da maior disponibilidade de alimentos (48,2%), apresentou a pior em ambiente (41,4%). Já os fonte de IN/MP apresentaram melhores ambientes (52,8%) e a segunda maior disponibilidade de alimentos (34,6%).
Conclusões/Considerações
Diante da baixa presença de comércios fontes de IN/MP, torna-se necessária a promoção de comércios de alimentos mais saudáveis, considerando a disponibilidade e publicidade de alimentos. Soma-se a isso os espaços de agricultura urbana como alternativas à obtenção de alimentos in natura, sendo frequentes nos municípios de pequeno porte, e importantes de serem considerados em futuras políticas de ambiente alimentar nestas cidades.
EVOLUÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES EM GOIÁS (2008–2023): AUMENTO DO EXCESSO DE PESO E DESAFIOS PARA A ATENÇÃO PRÉ-NATAL NO SUS
Pôster Eletrônico
1 SES-GO
2 UFG-GO
Apresentação/Introdução
Apesar da ampliação do acesso ao pré-natal, persistem desigualdades no cuidado, com baixa adesão às consultas e avaliação nutricional insuficiente. Em Goiás, apenas 30,9% das gestantes realizaram as seis consultas mínimas em 2024. Este estudo analisa a evolução do estado nutricional de gestantes no estado entre 2008 e 2023.
Objetivos
Descrever e analisar a evolução do estado nutricional de gestantes adolescentes e adultas em Goiás, no período de 2008 a 2023, a fim de subsidiar estratégias de qualificação do cuidado nutricional no âmbito da atenção pré-natal.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo com dados secundários provenientes dos relatórios públicos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), referentes ao período de 2008 a 2023, sobre gestantes adolescentes e adultas atendidas no SUS em Goiás. A classificação nutricional baseou-se no IMC, conforme idade gestacional. Foram analisadas as prevalências de baixo peso, eutrofia, sobrepeso e obesidade. Os dados foram organizados em gráficos comparativos para identificação de tendências e padrões distintos por faixa etária.
Resultados
Entre 2008 e 2023, observou-se, em Goiás, uma redução nas prevalências de eutrofia (de 42,10% para 33,50%) e de baixo peso (de 25,20% para 15,00%), concomitante a um crescimento expressivo dos índices de sobrepeso (de 32,70% para 51,50%) e de obesidade (de 10,60% para 23,90%). No grupo de adolescentes, o baixo peso permanece elevado (32,00%), ainda que a obesidade tenha quase triplicado no período. Já entre gestantes adultas, o sobrepeso alcançou 55,50% e a obesidade, 26,20%.
Conclusões/Considerações
O aumento do excesso de peso entre gestantes em Goiás evidencia a necessidade de intervenções estruturadas no pré-natal, com foco em ações nutricionais e incentivo à atividade física. Destaca-se, também, a preocupação com o elevado percentual de baixo peso entre gestantes adolescentes, exigindo estratégias específicas de cuidado e prevenção. Tais estratégias são essenciais para qualificar os desfechos materno-infantis e reduzir a sobrecarga no SUS
ASSOCIAÇÃO DA INSATISFAÇÃO CORPORAL COM EXCESSO DE PESO EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS
Pôster Eletrônico
1 UECE
Apresentação/Introdução
A insatisfação corporal é caracterizada por uma autoavaliação negativa quanto à forma corporal, representada pela inconsistência entre o corpo real e o corpo idealizado. Na adolescência, prediz o início de comportamentos de risco para saúde, e precisa ser vista como um problema de saúde pública, sendo necessário intervenções voltadas para esse tema.
Objetivos
Testar a associação entre a insatisfação corporal e o estado nutricional em adolescentes de escolas públicas.
Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo, de caráter transversal e analítico, realizado com 828 adolescentes matriculados nos anos finais do ensino fundamental de seis escolas públicas municipais de Fortaleza-CE. Para avaliar o estado nutricional, os adolescentes tiveram peso corporal e estatura aferidos para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). A satisfação corporal foi investigada pela Escala de Silhuetas Brasileiras validada para adolescentes (Laus et al., 2013). A associação entre as variáveis foi verificada pelo teste do Qui-Quadrado de Pearson, com nível de significância de 5% (p<0,05). O trabalho foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (parecer 5.688.521/2022).
Resultados
Entre os adolescentes avaliados (n=828), 53,9% eram do sexo feminino (n = 446). A insatisfação foi maior (p<0,001) entre adolescentes com excesso de peso (73,4%) em comparação aos sem excesso de peso (56,1%). Esses dados indicam que o excesso de peso impacta negativamente a percepção da imagem corporal, podendo afetar a saúde mental e emocional de adolescentes da rede pública.
Conclusões/Considerações
Os adolescentes apresentaram elevada frequência de insatisfação corporal, que foi ainda maior entre as meninas. Esses achados destacam a importância de políticas e intervenções que considerem não apenas os aspectos físicos do excesso de peso, mas também suas implicações psicológicas, especialmente na adolescência.
DISPONIBILIDADE, INDICADORES DE SAUDABILIDADE E PREÇO DE VERSÕES ULTRAPROCESSADAS E NÃO ULTRAPROCESSADAS DE PÃES INTEGRAIS, CEREAIS MATINAIS E IOGURTES NOS EUA
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Medicina - USP
2 Faculdade de Saúde Pública - USP
Apresentação/Introdução
Dietas baseadas em alimentos ultraprocessados (AUPs) estão associadas a mais de 30 desfechos negativos em saúde. Os AUPs formam um grupo heterogêneo, e produtos como pães integrais, cereais matinais e iogurtes são promovidos por seu conteúdo nutricional. Esse argumento é usado para justificar seu consumo em contextos como o dos EUA, apesar das evidências de efeitos adversos à saúde.
Objetivos
Comparar a disponibilidade, os indicadores de saudabilidade e o preço de versões ultraprocessadas (UP) e não ultraprocessadas (não-UP) de pães integrais, cereais matinais e iogurtes nos EUA.
Metodologia
Estudo transversal utilizando dados da plataforma Open Food Facts para avaliar a disponibilidade, saudabilidade (perfil nutricional a partir do NutriScore e conteúdo de aditivos) de versões UP e não-UP de pães, cereais matinais e iogurtes comercializados nos EUA. Os dados foram expressos como frequências absolutas ou relativas para variáveis categóricas, e como mediana e intervalo interquartil para variáveis contínuas. Os preços de uma amostra dos produtos mais escaneados na plataforma foram obtidos em três grandes supermercados locais, sendo apresentados como média e valores extremos.
Resultados
Foram analisados 9.375 produtos: 2.839 pães integrais, 1.485 cereais matinais e 5.051 iogurtes. A maioria foi classificada como UP, mas 35% dos cereais matinais, 22% dos pães integrais e 10% dos iogurtes eram não-UP. O perfil nutricional (NutriScore) de pães integrais e iogurtes UP e não-UP foi semelhante, enquanto nos cereais matinais, as versões não-UP foram superiores. O número médio de aditivos foi 5 a 6 vezes maior nas versões UP de pães e cereais. Iogurtes não-UP não continham aditivos, já os UP apresentaram média de 3. Cereais matinais e iogurtes não-UP foram mais baratos. O preço médio dos pães integrais não-UP foi maior, mas a variação observada indica que nem sempre são mais caros.
Conclusões/Considerações
Nossos achados mostram que é possível priorizar alimentos não-UP mesmo em contextos alimentares marcados pela ampla presença desses alimentos, como nos EUA. Versões não-UP de importantes fontes de nutrientes essenciais, como pães integrais, cereais matinais e iogurtes, estão disponíveis, não necessariamente custam mais do que as versões UP e tendem a apresentar vantagens para a saúde, principalmente quanto ao menor teor de aditivos.
OBESIDADE INFANTIL E O USO DE TECNOLOGIAS: PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFCG
Apresentação/Introdução
A obesidade infantil cresce exponencialmente e, associado ao uso indiscriminado das tecnologias contribui para o desenvolvimento de doenças crônicas e de ordem psicossocial. A Atenção Primária em Saúde, junto com as famílias, é responsável por coordenar cuidados e atuar frente essa problemática. Diante disso, como os profissionais de saúde percebem a obesidade infantil e o uso de tecnologias?
Objetivos
Compreender a forma que os profissionais de saúde da Atenção Primária percebem a obesidade infantil e o uso abusivo de tecnologias bem como suas dificuldades e modos de manejo dos casos.
Metodologia
Pesquisa qualitativa desenvolvida em Cuité-Paraíba-Brasil, com 10 profissionais da Atenção Primária em Saúde. A coleta ocorreu entre novembro/2024 a janeiro/2025 e utilizou questionário semiestruturado. Os dados foram tratados e analisados software IRAMUTEQ, a partir do método de Classificação Hierárquica Descendente e, posteriormente, análise de conteúdo de Bardin. Foram incluídos os profissionais médicos, enfermeiros ou técnicos de enfermagem, com minimamente 6 meses de atuação e mais de 18 anos. Foram excluídos os que não tinham contato com crianças com obesidade e que estavam afastados no momento da coleta de dados. O projeto foi aprovado com parecer 80601624.7.0000.0154.
Resultados
Em sua maioria os profissionais estavam entre 20 e 40 anos, do sexo feminino e com experiência profissional entre 1 e 4 anos. A análise lexográfica permitiu identificar 7 classes divididas em dois eixos: Entendimento da relação da obesidade infantil com o uso de tecnologias e as estratégias utilizadas no cotidiano para minimizar os danos da obesidade e do uso de telas pelas crianças. Emergiram três categorias da análise dos dados: Uso abusivo de tecnologias, sedentarismo e redução das práticas de lazer e recreativas; Normalização do uso de tecnologias no cotidiano das crianças e o impacto na saúde e Intervenções e orientação sobre práticas alimentares na infância como estratégia limitada.
Conclusões/Considerações
Entende-se que os riscos associados ao sedentarismo e obesidade são agravados pelo uso abusivo de telas, bem como o abandono das brincadeiras da infância em detrimento do uso das tecnologias. As telas estão sendo normatizadas como prática cotidiana na infância, necessária a vida e, os profissionais de saúde, encontram dificuldades em orientar e desenvolver cuidados necessários, sendo urgente a capacitação nessa área
CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO CAFÉ DA MANHÃ COM FERRAMENTA DE RECONHECIMENTO DE IMAGEM BASEADA EM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA)
Pôster Eletrônico
1 USP
2 UNIP
Apresentação/Introdução
O Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) recomenda priorizar alimentos in natura ou minimamente processados. No entanto, observa-se crescente consumo de ultraprocessados, incluindo itens comuns no café da manhã, como margarina, pão de forma e frios. Ferramentas baseadas em IA possuem potencial para avaliar refeições segundo essas recomendações, mas ainda são escassas.
Objetivos
Elaborar e testar critérios para avaliar a qualidade de fotos de café da manhã, utilizando uma ferramenta de reconhecimento de imagem baseada em inteligência artificial.
Metodologia
Foram elaborados critérios de avaliação com base no Guia, considerando o grau de processamento dos alimentos, a combinação de grupos alimentares e aspectos culturais e de preparo. Utilizou-se o Chat GPT-4.0 como ferramenta de processamento de imagens, com engenharia de prompt estruturada na área de projetos, incluindo exemplos de estrutura de resposta e instruções de uso de linguagem simples, lúdica e amigável. Inseriram-se dois documentos no sistema: o próprio Guia e os critérios de avaliação. Para o pré-teste, utilizaram-se dois grupos de imagens: um com refeições saudáveis do Guia (n=8) e outro com refeições baseadas em ultraprocessados obtidas na internet (n=8).
Resultados
O prompt estruturou o feedback em quatro tópicos: (1) “Vamos olhar com atenção para essa refeição?” descreve os itens visíveis e reconhece possíveis erros; (2) “Regra de Ouro: comida de verdade no centro do prato” identifica os grupos alimentares da classificação Nova e sugere substituições; (4) “Grupos alimentares: como está a combinação de hoje?” comenta sobre a presença ou ausência dos grupos, valorizando os cereais, as frutas e os laticínios, e desestimulando embutidos, pães de forma, biscoitos e pastas de passar no pão como o requeijão. Após os testes, observou-se que 2 dos 29 alimentos foram classificados incorretamente pela IA, sendo eles a granola e o iogurte de morango.
Conclusões/Considerações
Na testagem inicial, a ferramenta de IA gerou feedbacks compatíveis com os critérios elaborados e as recomendações do Guia, embora com algumas inconsistências. A tecnologia será incorporada a um aplicativo móvel de educação alimentar, permitindo ao usuário avaliar pratos por imagem. O próximo passo será validar os critérios por meio da análise de uma amostra de refeições reais, com base em dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares.
A FOME COMO ATRAVESSADOR: REFLEXÕES PARA O CUIDADO EM SAÚDE NO SISTEMA PRISIONAL
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UERJ
Apresentação/Introdução
O Sistema Prisional opera para a gestão daqueles tidos como indesejáveis sociais através de uma seletividade penal que se ancora na vulnerabilidade. Enquanto marca da vulnerabilidade das pessoas privadas de liberdade, a fome e a insegurança alimentar são problemas que atravessam alguns desses sujeitos desde antes da determinação da pena e se perpetuam com ela.
Objetivos
Este trabalho investiga as relações entre fome e seletividade penal, a partir dos marcadores de gênero, raça e classe, identificando os fatores de vulnerabilidade que corroboram para a determinação da pena privativa de liberdade.
Metodologia
Para isso, analisa os casos atendidos pela equipe do Serviço de Atendimento à Pessoa Custodiada (APEC), no ano de 2024, em uma das Centrais de Audiência de Custódia do estado do Rio de Janeiro. O trabalho utiliza como perspectivas teóricas a Cartografia, que aponta o indissociável caráter da pesquisa-intervenção, e a interseccionalidade, que compreende a confluência das opressões como produto e não soma.
Resultados
Em 2024, a equipe APEC atendeu 921 pessoas que foram privadas de liberdade e que aguardavam passar por audiência de custódia. Tratava-se, majoritariamente, de mulheres negras com baixa condição econômica. Enquanto marca de sua vulnerabilidade, a fome e a insegurança alimentar atravessavam muitos desses casos, visibilizadas de três modos: em pessoas que chegavam para o atendimento tendo passado longo período sem ingerir alimentos desde sua prisão; em pessoas que foram presas devido furtos por necessidade (sobretudo, furto de alimentos); e em pessoas que, na prisão, conviviam com a insegurança alimentar devido a quantidade e a qualidade da comida oferecida.
Conclusões/Considerações
A partir da análise dos casos, verifica-se que a situação de insegurança alimentar marca a trajetória de considerável quantitativo de pessoas privadas de liberdade, seja no cometimento do ato infracional que levou à prisão seja na determinação de uma punição além da prevista. Assim, evidencia-se que, na prisão, a fome se entrelaça às desigualdades de gênero, raça e classe, servindo como instrumento intensificador da pena.
EVOLUÇÃO DO HÁBITO DE BELISCAR E DO ESTADO NUTRICIONAL NA POPULAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE 2019 E 2024
Pôster Eletrônico
1 UERJ
2 UECE
Apresentação/Introdução
O beliscamento é o consumo repetitivo e não planejado de pequenas porções de alimentos, sem relação com fome ou saciedade. Pode ser compulsivo, caracterizado pelo relato de incapacidade de resistir à vontade de comer de forma repetida, e não compulsivo tratando-se do comer repetidamente de forma distraída. Esse hábito pode estar associado a transtornos alimentares, sobrepeso e obesidade.
Objetivos
Avaliar as mudanças no hábito de beliscar e no estado nutricional de adultos residentes na cidade do Rio de Janeiro, comparando os anos de 2019 e 2024.
Metodologia
Foram analisados dados dos estudos Compulsão Alimentar no Rio (CAL-RIO), realizado em 2019 com 2.297 entrevistados, e Compulsão Alimentar no Rio 2 (CAL-RIO2), realizado em 2024 com 1.005 participantes. Ambos os estudos coletaram dados sobre o beliscamento utilizando o SIG (Short Inventory of Grazing), validado no Brasil por Moraes et al., e informações sobre peso e altura, que foram medidos em 2019 e autorreferidos em 2024. As prevalências do beliscamento, do beliscamento compulsivo e das categorias do estado nutricional (baixo peso, eutrofia, sobrepeso e obesidade) foram estimadas em ambos os momentos do estudo.
Resultados
No CAL-RIO, 20,42% dos participantes relataram de um a três episódios de beliscamento por semana e 18,94% quatro ou mais episódios. Quanto ao beliscamento compulsivo, 6,27% relataram de um a três episódios por semana e 4,13% quatro ou mais vezes. Em relação a distribuição do estado nutricional, 2,7% estavam com baixo peso, 37,8% com sobrepeso e 26,5% com obesidade. No CAL-RIO 2, 22,24% tiveram de um a três episódios de beliscamento e 31,19% quatro ou mais vezes. Para o beliscamento compulsivo, 19,59% apresentaram episódios de uma a três vezes e 14,02% quatro ou mais vezes. A distribuição do estado nutricional foi de 10,6% com baixo peso, 32,4% com sobrepeso e 28,5% com obesidade.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam um aumento na prevalência de beliscamento e beliscamento compulsivo entre 2019 e 2024, especialmente nos episódios mais frequentes. Foi observado um aumento de baixo peso e obesidade. Esses achados sugerem mudanças no comportamento alimentar e no estado nutricional da população estudada, destacando a importância de monitorar o beliscamento como um possível fator associado a desequilíbrios nutricionais e à saúde mental.
INFLUÊNCIA DE MEDIDAS REGULATÓRIAS SOBRE AS AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL E COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA EM CANTINAS DE ESCOLAS PRIVADAS BRASILEIRAS
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Regulamentações têm sido apontadas como estratégias eficazes para fomentar ambientes escolares que promovam alimentação adequada e saudável. O Decreto nº 11.821/2023 estabelece diretrizes sobre educação alimentar e nutricional (EAN) e comunicação mercadológica nesse ambiente. Entretanto, persistem lacunas em estudos nacionais sobre a influência e qualidade dessas legislações em cantinas escolares.
Objetivos
Investigar a influência da presença e da qualidade de regulamentações municipais e estaduais sobre aspectos relacionados à ações de educação alimentar e nutricional (EAN) e práticas de comunicação mercadológica em cantinas de escolas privadas.
Metodologia
Estudo transversal realizado com cantinas de escolas privadas das 26 capitais e do Distrito Federal participantes do estudo CAEB. Regulamentações foram obtidas por busca sistemática em sites governamentais e classificadas segundo Rocha et al. (2023). Aquelas de escore ≥8 foram efetivas para promover um ambiente alimentar saudável. Modelos lineares generalizados e regressões logísticas avaliaram associação entre regulamentações, realização de ações de EAN, proibição de algum alimento, combo ou promoção e publicidade para vender alimentos ultraprocessados (AUPP) e in natura e minimamente processados (AIMPP) ajustados por tipo de gestão, nº de clientes e funcionários e presença de nutricionista.
Resultados
Observou-se que 16,5% das cantinas estavam em cidades com regulamentação apenas estadual e 32,4% em municípios com regulamentações municipal e estadual simultâneas. Cantinas em locais com regulamentação conjunta apresentaram maiores chances de realizar ações de EAN e de proibir a venda de alimentos não saudáveis. A presença de regulamentações, especialmente com maior pontuação normativa, esteve associada a menores chances de uso de combos ou promoções para vender AUPP. Cantinas com pelo menos uma regulação vigente (municipal/estadual) apresentaram menores chances de empregar estratégias de publicidade para comercialização de AUPP e AIMPP.
Conclusões/Considerações
Os achados revelam que a presença e a maior pontuação das regulamentações, especialmente aquelas de melhor qualidade, favorecem a realização de ações de EAN, a redução de práticas promocionais e de publicidade e a menor comercialização de AUPP em cantinas de escolas privadas. Reforça-se a importância de formular, implementar e fortalecer normas alinhadas aos princípios do Decreto nº11821/2023, promovendo ambientes escolares mais saudáveis.
COMPORTAMENTO ALIMENTAR E CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS EM ESTUDANTES DE NUTRIÇÃO DA UFG
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
O comportamento alimentar e o consumo de alimentos ultra processados são temas de grande relevância devido aos impactos significativos que exercem sobre a saúde. Estudos têm demonstrado uma estreita relação entre a elevada ingestão desses produtos e a adoção de hábitos alimentares pouco saudáveis, além de associações potenciais com o desenvolvimento de transtornos alimentares.
Objetivos
Avaliar o comportamento alimentar de risco para transtornos alimentares de estudantes de nutrição e sua relação com o consumo de alimentos ultraprocessados.
Metodologia
Estudo transversal com 115 estudantes de graduação em Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG), com idade ≥18 anos e matrícula ativa. O comportamento alimentar de risco para transtornos alimentares foi avaliado pelo Eating Attitudes Test (EAT-26), considerando ponto de corte ≥21. O consumo de ultraprocessados foi estimado pelo Escore NOVA. Participantes foram classificados em com e sem risco. Realizaram-se análises descritivas e testes de associação entre variáveis, adotando-se nível de significância de 5% Os testes t-Student e Mann-Whitney foram usados no software R.
Resultados
Dos 115 estudantes avaliados, 77 (67%) foram classificados com risco para transtornos alimentares (TA). Esse risco foi significativamente mais frequente entre participantes com diagnóstico prévio de TA (p = 0,048) e entre os casados ou em união estável (15,8% vs 5,2%; p = 0,014). Não foram encontradas associações com o escore total de consumo de ultraprocessados (p = 0,575), bebidas (p = 0,467), lanches (p = 0,541) e refeições (p = 0,204). O grupo de maior risco relatou maior consumo de salsicha, hambúrguer ou nuggets no dia anterior (15,8% vs 6,5%; p = 0,026).
Conclusões/Considerações
Foi identificada associação entre o comportamento alimentar de risco para transtornos alimentares e o consumo de um grupo específico de alimentos ultraprocessados entre estudantes de Nutrição. Compreender essa relação é essencial para qualificar a formação profissional, preparando os futuros nutricionistas para promover escolhas alimentares saudáveis na prática clínica e em ações de saúde pública.
DESIGUALDADES REGIONAIS NA DISTRIBUIÇÃO E COBERTURA DOS HOSPITAIS AMIGOS DA CRIANÇA NO BRASIL: UMA ANÁLISE POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Insituto de Saúde - SES/SP
2 Observatório de Saúde da Região Metropolitana de São Paulo - FSP/USP
Apresentação/Introdução
A aleitamento materno (AM) é a prática isolada mais eficaz na redução da mortalidade infantil. A Iniciativa Hospital Amigo da Criança visa promover, proteger e apoiar o AM e é uma das estratégias mais efetivas para elevar a prevalência do AM exclusivo (AME). Apesar do aumento da prevalência de AME em menores de seis meses (45,8% em 2019), ainda está distante da meta de 70% da OMS para 2030.
Objetivos
Descrever a distribuição dos Hospitais Amigos da Criança (HAC) que atendem usuários do SUS no território nacional e estimar a cobertura deste serviço segundo unidade da federação.
Metodologia
Foi organizada uma lista de HAC fornecidas pelo Ministério da Saúde segundo unidades federativas. Para que fossem possíveis as comparações entre os distintos territórios, foram calculadas as taxas por mil nascidos vivos no ano de 2023. Para padronizar a unidade de análise, foi desenvolvido um escore variando entre 0 (menor cobertura) e 1 (maior cobertura), sendo 1 a UF com maior cobertura e 0 as que não apresentavam HAC. Essa abordagem permite distribuir e comparar regionalmente as macrorregiões brasileiras e os estados.
Resultados
As macrorregiões com mais HAC foram Sul, Sudeste e Nordeste, com SP liderando (43 hospitais). Já RR, AC e RO tiveram apenas um HAC cada. Quando se analisa a razão HAC/1000 nascidos vivos, a macrorregião Nordeste merece destaque, sendo o RN como o estado com a maior taxa (0,58 HAC/1000 nascidos vivos), seguido da PB (0,33) e PI (0,31). Os estados da região Centro-Oeste, Norte e Sudeste apresentaram taxas mais baixas, com MT (0,03 HAC/1000 NV), RO e ES (0,04), MS e AC (0,07), RR (0,08), e PA, TO e SP (0,09). As regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste apresentaram uma maior amplitude entre as taxas de HAC/1000 NV de seus estados.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam desigualdades regionais na distribuição dos HAC, tanto em números absolutos quanto na razão HAC/1000 NV. Sul e Sudeste concentram mais HAC, mas o Nordeste se destaca proporcionalmente. Norte e Centro-Oeste registram as menores taxas, indicando a necessidade de fortalecer a iniciativa nessas regiões. É necessário reforçar a IHAC frente aos desafios de sustentabilidade, financiamento e prioridades concorrentes.
OPINIÃO DE UNIVERSITÁRIOS SOBRE A ROTULAGEM NUTRICIONAL FRONTAL DOS ALIMENTOS
Pôster Eletrônico
1 Instituto de Alimentação e Nutrição do Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé
2 / Instituto de Alimentação e Nutrição do Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé
Apresentação/Introdução
Acompanhando recomendações internacionais para o enfrentamento da obesidade e de outras doenças crônicas não transmissíveis, o Brasil implementou recentemente a rotulagem nutricional frontal. Trata-se de um selo em formato de lupa que indica quais alimentos embalados contêm altos teores de açúcares adicionados, gordura saturada e sódio, nutrientes críticos que representam preocupação para a saúde pública.
Objetivos
Conhecer a opinião de universitários de Macaé, RJ sobre a rotulagem nutricional frontal dos alimentos.
Metodologia
Estudo transversal, realizado em 2024 com estudantes de duas universidades federais e uma faculdade municipal de um polo universitário na cidade de Macaé-RJ. Os dados foram coletados on-line, através de um questionário do Google forms contendo 19 perguntas que incluíram dados sociodemográficos (sexo, idade, estado civil, mora com quem, curso de graduação) e sobre o conhecimento e uso da rotulagem nutricional frontal dos alimentos. Os cursos de graduação foram divididos em duas categorias (cursos da saúde e outros cursos). Utilizou-se o teste Exato de Fisher para analisar as variáveis categóricas e p-valor < 0,05 para diferença estatística.
Resultados
Participaram do estudo 370 universitários de 11 cursos de graduação, com média de idade de 22,4 anos (desvio-padrão = 4,7). A maioria era composta por mulheres (70%), solteiros ou divorciados (87%) e 65,9% residiam com a família. Observou-se maior frequência entre os estudantes da área da saúde quanto ao hábito de sempre ler os rótulos dos alimentos (43,0% vs. 16,1%; p = 0,00). A pesquisa revelou que a maioria dos participantes (97,3%) já havia visto a rotulagem nutricional frontal. Para 53,5% dos estudantes, esse tipo de rotulagem contribui para escolhas alimentares mais saudáveis, e 73,2% afirmaram que poderiam deixar de comprar, pelo menos ocasionalmente, produtos que apresentem o selo.
Conclusões/Considerações
O fato de os universitários deixarem de comprar produtos que apresentam rotulagem nutricional frontal indica o potencial dessa ferramenta para contribuir para escolhas alimentares mais informadas. No entanto, são necessárias ações de educação em saúde que incentivem os estudantes a também consultarem a lista de ingredientes, a fim de reconhecerem ultraprocessados, já que a ausência de advertências não garante que o produto seja saudável.
OS SISTEMAS ALIMENTARES BRASILEIROS E O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO EM MENORES DE 6 MESES
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
2 USP
Apresentação/Introdução
O leite materno é o único alimento indicado até os 6 meses, mas diversos fatores levam à
introdução precoce de alimentos inadequados. Dessa maneira, entender como se dá a
prevalência de aleitamento materno em regiões do país com sistemas alimentares diferentes
pode contribuir para promoção de alimentação adequada.
Objetivos
Analisar os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de 2015 a 2019 sobre a
prevalência do aleitamento materno exclusivo a partir da divisão geográfica proposta pelo
Índice Multidimensional de Sistemas Alimentares Revisado (MISFS-R).
Metodologia
Abordagem quantitativa a partir da coleta de dados dos relatórios de consumo alimentar do
SISVAN nos anos de 2015 a 2019 para aleitamento materno exclusivo. Além disso, foi
utilizada a divisão territorial proposta pelo MISFS-R, que divide o país em quatro grandes
territórios: grupo A - presentes nos estados de GO, TO, MT, MS, RO e AC; território B -
presente nos estados da região Sudeste e Sul; grupo C – presente nos estados da região
Nordeste; e o sistema alimentar D – presente nos estados do Amazonas, Pará, Amapá e
Roraima.
Resultados
Em 2019, observou-se que para 47% das crianças menores de seis meses registradas no
SISVAN se ofertava diversos alimentos além do leite materno, ou seja, não se consumia
exclusivamente com leite materno . Em nenhum dos cinco anos analisados, a prevalência foi
maior que 75%, tendo sua menor prevalência na região C do MISFS-R (estados do Nordeste)
com 40% no ano de 2015 e 45% no ano de 2019. Em contraposição, observou-se a maior
prevalência na região Amazônica com 71% em 2017 e 61% em 2019.
Conclusões/Considerações
A baixa prevalência do aleitamento materno exclusivo no território brasileiro revela que esta,
não é apenas uma questão de saúde individual, mas um reflexo das injustiças sociais,
territoriais e ambientais. Logo, é essencial articular políticas públicas que considerem os
diferentes sistemas alimentares e promovam equidade, justiça climática e direitos humanos,
garantindo a todas as crianças o direito à nutrição adequada desde o início da vida.
ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DOS ATORES ENVOLVIDOS NA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES DA PNAISC VOLTADAS AO ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
Pôster Eletrônico
1 Insituto de Saúde - SES/SP
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) guia a implementação de ações de saúde infantil nos três níveis federativos. A clara definição das atribuições e responsabilidades dos entes federados, gestores, profissionais, conselhos e sociedade civil é imprescindível para fortalecer a governança, reduzir ambiguidades e promover transparência e responsabilidade institucional.
Objetivos
Analisar a clareza das normativas do Eixo 2 da PNAISC, voltado à promoção, proteção e apoio ao Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável, quanto às atribuições e responsabilidades dos atores envolvidos na implementação.
Metodologia
Estudo descritivo baseado em análise documental das normativas federais das seis ações do Eixo 2 da PNAISC: Iniciativa Hospital Amigo da Criança (Ihac); Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB); Ação de apoio à Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA); Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH); Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, para Crianças de Primeira Infância, Bicos Chupetas e Mamadeiras (Nbcal); e Mobilização social em aleitamento materno. As categorias de análise foram: “papéis e responsabilidades do governo federal, estadual e municipal” e “estratégias para formação de profissionais e suporte técnico aos entes federados”.
Resultados
As 11 normativas mostraram maior clareza na definição de atribuições e responsabilidades dos entes federados nas ações da EAAB e da NBCAL. A IHAC e a rBLH apresentaram clareza moderada. No geral, observou-se deficiência significativa no detalhamento das responsabilidades, especialmente nas ações de MTA e mobilização social, cujas normativas são superficiais e pouco precisas quanto ao papel dos atores envolvidos na implementação. A norma que institui a PNAISC segue a mesma tendência, tratando as responsabilidades de forma genérica. A formação de profissionais e o suporte técnico também são abordados de modo pouco específico nas normativas da NBCAL, EAAB, rBLH, IHAC e da própria PNAISC.
Conclusões/Considerações
No âmbito da PNAISC, a precisão das atribuições e responsabilidades dos diversos atores é decisiva para assegurar que as diretrizes nacionais sejam implementadas no âmbito do SUS. Os entes federados devem ter clareza de seus papeis e responsabilidades, entretanto as normativas das ações do eixo 2 da PNAISC estão deficitárias quanto a este detalhamento. Tal contexto pode se apresentar como barreira para a eficácia da implementação.
PRÉ-TESTE DO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 UNIRIO
2 UERJ
Apresentação/Introdução
Este estudo relata o pré-teste de um questionário criado para avaliar os hábitos alimentares de alunos com TEA na rede pública municipal de estado do Rio de Janeiro. Considerando as dificuldades alimentares dessa população, buscou-se testar a clareza e aplicabilidade do instrumento.
Objetivos
Testar a compreensão, clareza e aplicabilidade de um questionário sobre hábitos alimentares de alunos com TEA de escolas públicas municipais do estado do RJ.
Metodologia
Foi elaborado um questionário estruturado com 24 questões, dividido em quatro seções: dados sociodemográficos, diagnóstico e terapias, hábitos e comportamentos alimentares, e participação familiar e escolar. O pré-teste foi conduzido com cinco nutricionistas do grupo PESANE. A aplicação ocorreu on-line e individualmente. Ao final, as participantes avaliaram a clareza, linguagem e relevância dos itens, além de apontarem sugestões de melhoria. A análise considerou a necessidade de permitir múltiplas respostas, tornar campos "Outros" opcionais, incluir a opção "Não sei" em perguntas técnicas e revisar a formulação de perguntas confusas.
Resultados
O questionário foi bem aceito pelas participantes, sendo considerado claro, objetivo e de fácil compreensão. O tempo médio de preenchimento foi de 15 a 20 minutos. As nutricionistas sugeriram ajustes pontuais como permitir múltiplas respostas em perguntas sobre segmentação escolar, dificuldades alimentares e estratégias nutricionais. Também indicaram melhorias para tornar os campos “Outros” opcionais, inserção da opção “Não sei” em perguntas técnicas e revisão da linguagem para maior clareza. Uma das participantes sugeriu incluir exemplos nas perguntas sobre consistência alimentar e estratégias de introdução de novos alimentos.
Conclusões/Considerações
O pré-teste demonstrou que o questionário é viável, compreensível e bem estruturado. As sugestões indicam a necessidade de ajustes pontuais para ampliar a precisão das respostas. A versão final será aprimorada com base nessas observações, contribuindo para a coleta de dados em estudos ampliados e subsidiando futuras políticas públicas voltadas à alimentação escolar de alunos com TEA.
INTERVENÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DE AÇÕES E POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO DE CARNES PROCESSADAS
Pôster Eletrônico
1 Instituto Nacional de Câncer - INCA
2 Centro Latinoamericano y del Caribe de Información em Ciencias de la Salud - BIREME
Apresentação/Introdução
A carne processada pode levar a importantes problemas de saúde pública como excesso de peso, diabetes mellitus tipo 2, doença cardiovascular e câncer colorretal. Diretrizes dietéticas de diferentes países recomendam limitar ou não consumir carne processada, ainda assim, a prevalência de consumo é alta.
Objetivos
Sistematizar intervenções no âmbito populacional para redução do consumo de carnes processadas.
Metodologia
Foi realizada uma revisão de revisões incluindo estudos de revisão sistemática sem restrições de data de publicação ou idioma. As buscas foram feitas em dez bases (Pubmed, Lilacs, EMBASE, Scopus, Web of Science, FSTA, Cochrane Database of Systematic Reviews, Health Evidence, Social Systems Evidence e Health System Evidence), com triagem, seleção, extração e avaliação de qualidade (por meio do AMSTAR-2) conduzidas por duas pesquisadoras, de forma independente. As intervenções foram classificadas segundo a nova estrutura política para dieta, atividade física, amamentação e álcool do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer. O protocolo do estudo foi publicado em https://osf.io/hqngv.
Resultados
A revisão identificou 15 associações entre intervenções e desfechos a partir de 10 estudos. A maioria das intervenções concentrou-se no eixo de comunicação para mudança de comportamento, que incluiu ações de aconselhamento (n=6, 40% das intervenções, 83% destas com efeito positivo) e educação em saúde (n=5, 33%, 80% com efeito positivo), seguido do eixo de ambientes promotores de saúde, com o aumento do preço (n=3, 20%, 33% com efeito positivo), e, por fim, o eixo de mudanças dos sistemas, com múltiplas intervenções integradas (n=1, 7%, 100% com efeito positivo), combinando estratégias como rotulagem, política local de oferta de alimentos saudáveis em cozinhas coletivas e ações educativas.
Conclusões/Considerações
Considerando que a carne processada aparece como um importante componente da alimentação, os achados fornecem subsídios para gestão do SUS, auxiliando na priorização de intervenções voltadas à redução do consumo desses produtos pela população, visando a promoção da alimentação adequada e saudável e a redução da carga das doenças crônicas não transmissíveis, entre elas, o câncer.
AMBIENTE ALIMENTAR E INIQUIDADES RACIAIS: UMA ANÁLISE DE PÂNTANOS E DESERTOS ALIMENTARES NO SUL DO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar (AA) é central para o estudo dos determinantes sociais da saúde, influenciando práticas alimentares, segurança alimentar e desfechos em saúde, especialmente com a presença de desertos e pântanos alimentares. Tais dinâmicas refletem desigualdades históricas, marcadas por opressões sociais e raciais.
Objetivos
Analisar a relação entre raça/cor de pele e presença de desertos e pântanos alimentares no Sul do Brasil.
Metodologia
Estudo ecológico com dados secundários da Região Sul do Brasil em 2022. Foram analisadas 35 cidades com mais de 100 mil habitantes e 25615 setores censitários. O AA foi avaliado pelas densidades de estabelecimentos que comercializam alimentos por 10 mil habitantes, segundo a classificação Locais-Nova: G1+G2 (in natura/minimamente processados + ingredientes culinários), G3 (processados) e G4 (ultraprocessados). Desertos alimentares eram os com densidade de G1+G2
Resultados
Os setores censitários com maior percentual de população preta e parda apresentaram menor densidade de todos os grupos de estabelecimentos (p<0,001). Em relação à classificação do ambiente alimentar, setores no maior tercil de população preta e parda tem 34.8% maior probabilidade de serem desertos alimentares (p<0,001) e 43.7% menor probabilidade de serem pântanos alimentares (p<0,001) em comparação com o primeiro tercil. Esses padrões foram observados em todos os três estados do Sul do Brasil.
Conclusões/Considerações
A menor densidade de todos os grupos de estabelecimentos afetou de maneira desproporcional os setores censitários com maior proporção de pardos/pretos, marcado pela maior presença de desertos alimentares e menor presença de pântanos alimentares, impactando negativamente na disponibilidade para todos os tipos de alimentos. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas que promovam um acesso mais equânime ao AA.
CONSUMO ALIMENTAR E DEPRESSÃO EM ADULTOS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO ESTUDO LONGITUDINAL DE SAÚDE DO ADULTO (ELSA-BRASIL)
Pôster Eletrônico
1 FSP USP
2 FM USP
Apresentação/Introdução
A depressão é uma importante questão de saúde pública que afeta um número cada vez maior de pessoas no Brasil e no mundo. Nesse contexto, a dieta tem sido investigada como um dos fatores ambientais com potencial determinante do surgimento e agravamento de sintomas depressivos; no entanto, ainda são limitadas as evidências sobre a relação entre grupos alimentares específicos e sintomas depressivos.
Objetivos
Analisar a associação entre grupos alimentares e depressão em adultos brasileiros.
Metodologia
Estudo transversal com 14.781 adultos de 34 a 75 anos participantes do ELSA-Brasil no baseline (2008-2010). Sintomas depressivos foram analisados por meio da seção G do Clinical interview Schedule - Revised (CIS-R), que avalia a presença de sintomas depressivos nos últimos 7 dias. O consumo alimentar foi avaliado através de Questionário de Frequência Alimentar, com grupos posteriormente categorizados em tercis (frutas, verduras, doces e salgados). Foram realizadas regressões logísticas univariadas para estimar a associação entre os tercis de consumo alimentar e a depressão, calculando odds ratios (OR) e intervalos de confiança (IC95%), com modelos ajustados por idade e sexo.
Resultados
A mediana de idade foi de 51 anos, com prevalência de depressão de 17,6% em mulheres e 10,1% em homens. O maior consumo de doces e salgados (3º tercil) mostrou-se associado a maior chance de depressão, mesmo após ajuste por idade e sexo (OR=1,15; IC95%: 1,02–1,29 e OR=1,24; IC95%: 1,10–1,40, respectivamente). Não houve associação significativa entre consumo de frutas e verduras e depressão. Em ambos os modelos, a idade mostrou efeito protetor, com menores chances de depressão entre os adultos mais velhos. Mulheres apresentaram risco significativamente maior de depressão comparadas aos homens (OR=1,96; IC95%: 1,78–2,17 no modelo para salgados e OR=1,91; IC95%: 1,73–2,11 no modelo para doces).
Conclusões/Considerações
Um maior consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras, mostrou-se associado a uma maior chance de sintomas depressivos em adultos brasileiros. Além disso, mulheres apresentam-se mais vulneráveis à depressão, bem como adultos mais jovens. Políticas públicas voltadas à prevenção da depressão na população devem considerar a alimentação como estratégia essencial, respeitando as particularidades de cada grupo populacional.
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA BAIXADA LITORÂNEA E NORTE FLUMINENSE DO RIO DE JANEIRO: AÇÕES DE ENFRENTAMENTO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
Os anos entre 2020 e 2022 foram marcados pela pandemia de Covid-19. No Brasil, essa crise agravou um problema histórico no país: a fome. Visto isso, um estudo apontou que em 2022 haviam 33 milhões de pessoas convivendo com a fome no Brasil (PENSSAN, 2022). Assim, torna-se evidente a necessidade dos governantes terem adotado medidas de combate à inSAN para o enfrentamento da pandemia de Covid-19.
Objetivos
Investigar as ações de segurança alimentar e nutricional realizadas nos municípios da Baixada Litorânea e Norte Fluminense do estado do Rio de Janeiro no período da pandemia de Covid-19.
Metodologia
Foi feita uma pesquisa quali-quantitativa, de natureza exploratória, descritiva e do tipo documental. Buscou-se por documentos nos sites oficiais da prefeitura e da câmara dos vereadores dos municípios, entre os meses de março de 2020 a março de 2022. Em seguida, os documentos foram selecionados de acordo com um roteiro prévio e foram organizados em planilha digital. Posteriormente, as ações identificadas foram classificadas de acordo com as dimensões da SAN.
Resultados
Foram selecionadas 69 leis e 25 decretos e identificadas 77 ações relacionadas à SAN. Sessenta e três estavam relacionadas com a dimensão Renda e Condições de Vida, caracterizadas por programas de transferência de renda; 26 ações estavam voltadas para garantir o acesso à alimentação adequada e saudável e 12 ações se relacionavam com a Alimentação Escolar. Nove ações tratavam da disponibilidade de alimentos e 11 ações propunham incentivo à produção de alimentos e à sustentabilidade. Por fim, 5 se relacionavam à serviços de saúde e nutrição. Observou-se que nenhum dos municípios estudados faziam parte do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN).
Conclusões/Considerações
As ações de SAN se concentraram em uma única dimensão. A falta de integração ao SISAN e de equipamentos públicos de SAN revelam fragilidade das políticas da área. É recomendado que os municípios estruturem seus sistemas municipais de SAN de forma a se prepararem para o enfrentamento de novas crises sanitárias, garantindo o Direito Humano à Alimentação, especialmente dos grupos vulneráveis.
SAÚDE ÚNICA E AGROECOLOGIA: CONEXÕES TERRITORIAIS PARA A CONSTRUÇÃO DE SISTEMAS ALIMENTARES SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS EM MACAÉ, RJ, BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFRJ Macaé
Apresentação/Introdução
O modelo agrícola no Brasil apresenta disparidades sociais, econômicas e ambientais. A agroecologia e a produção de alimentos saudáveis são apontadas pelas Organização das Nações Unidas como caminhos para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Essa prática integra saberes ancestrais, fortalecendo a Saúde Única e promovendo a sustentabilidade dos territórios.
Objetivos
Analisar os limites e desafios relativos do território de Macaé, explorando as dimensões da sustentabilidade em Bacias Hidrográficas, bem como os diálogos e conexões entre a terra e a água.
Metodologia
Este estudo adotou abordagem inter e transdisciplinar, integrando saberes de Saúde Única, agroecologia e políticas públicas. Realizou-se revisão da literatura e análise documental sobre sistemas alimentares sustentáveis em Macaé-RJ. O conteúdo foi estruturado em quatro seções: (1) uso e ocupação do território; (2) sustentabilidade das Bacias Hidrográficas; (3) conexão entre terra e água para sistemas alimentares saudáveis; e (4) interface entre agroecologia, Saúde Única e os ODS da Agenda 2030, permitindo análise integrada das dimensões socioambientais e de saúde.
Resultados
A gestão pública municipal emerge como agente central na indução do uso sustentável dos territórios, por meio da formulação de políticas públicas, do incentivo a programas de agricultura urbana, do fortalecimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do apoio a feiras e mercados agroecológicos.
Conclusões/Considerações
Agroecologia e sistemas alimentares saudáveis são essenciais para a práxis da Saúde Única promovendo um ambiente saudável e resiliente para as próximas gerações em Macaé. A prática integrada entre profissionais da saúde e produtores agroecológicos fomenta estratégias inovadoras que contribuem para um futuro sustentável e inclusivo no município.
PERFIL DA INSEGURANÇA ALIMENTAR E SEUS FATORES DETERMINANTES ENTRE USUÁRIOS DE RESTAURANTES POPULARES EM BELO HORIZONTE
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
O retorno do Brasil ao Mapa da Fome evidencia a importância de políticas públicas como os Restaurantes Populares (RP), que oferecem alimentação acessível a pessoas em vulnerabilidade. Após a pandemia de Covid-19, pouco se sabe sobre o perfil dos usuários dos RP, o que é essencial para avaliar sua efetividade no combate à fome.
Objetivos
Avaliar o perfil socioeconômico, a insegurança alimentar dos usuários dos Restaurantes Populares de Belo Horizonte, MG, e seus possíveis fatores associados.
Metodologia
Estudo observacional e transversal, realizado com usuários das unidades de RP de Belo Horizonte (MG). Os 378 participantes foram selecionados por amostragem aleatória simples e estratificado de acordo com o sexo, idade e unidade do RP. Aplicado um questionário estruturado, por entrevista face a face, contendo informações socioeconômicas e sobre situação domiciliar de segurança alimentar e nutricional (SAN), avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). As análises foram realizadas por meio dos programas estatísticos SPSS (versão 20.0) e Stata (versão 12.0), com descrição das variáveis. Confirmado pelo comitê de Ética com numeração 68126523.2.0000.5149.
Resultados
Os usuários dos RP eram predominantemente homens (74,8%), com mais de 60 anos (50,6%), pardos (44,2%), com ensino médio (37,2%) e vivendo sem companheiro (80,2%). Cerca de 46,9% possuíam moradia própria, enquanto 22,4% estavam em situação de rua. Apenas 27,6% estavam empregados, com renda inferior a um salário mínimo (R $1.320,00) (60,4%), sendo que a maioria (62,1%) era composta por aposentados ou pensionistas. Embora a alimentação tenha sido relatada como uma necessidade carente por apenas 11,8% dos entrevistados, 30,8% apresentaram IAN moderada ou grave.
Conclusões/Considerações
A maioria dos usuários dos RP de Belo Horizonte era composta por homens, idosos, pardos, alfabetizados com ensino fundamental, com casa própria e que viviam com companheiros. A renda familiar era inferior a um salário-mínimo. Cerca de metade apresentava insegurança alimentar, predominando os níveis moderado e grave, indicando que os RP cumprem seu papel ao atenderem populações mais carentes.
EFEITOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PRÓ OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SOBRE A DUPLA CARGA DA MÁ NUTRIÇÃO INFANTIL NO BRASIL (2015–2023)
Pôster Eletrônico
1 Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (FSP-USP)
2 Curso de Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (FSP-USP)
3 Programa de Pós-graduação em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (FSP-USP)
4 Programa Nutrição em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (FSP-USP)
5 Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de São Paulo (Saúde-PMSP)
Apresentação/Introdução
A dupla carga da má nutrição reflete o efeito das desigualdades sociais na transição nutricional. Integrar políticas de alimentação e nutrição com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é uma estratégia para enfrentar este problema. A tendência da estagnação na redução da baixa estatura e do aumento do sobrepeso demandam análise crítica das políticas públicas vinculadas aos ODS
Objetivos
Analisar os efeitos de clusters de políticas públicas alinhadas aos ODS sobre a prevalência e distribuição da dupla carga da má nutrição entre crianças brasileiras de 2015 a 2023
Metodologia
Estudo transversal com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e do Índice de Desenvolvimento das Cidades Sustentáveis (IDCS). Realizou-se Análise de Classe Latente para agrupar municípios em seis clusters de políticas públicas associadas aos ODS (excluído ODS 2). Modelos de regressão linear mista com efeitos fixos e aleatórios avaliaram a associação entre clusters e a prevalência de baixa estatura e excesso de peso, ajustada por PIB per capita, população menor de cinco anos, cobertura do SISVAN e Índice de Gini estadual, e ponderada pelo tamanho populacional infantil de 2015. As análises foram realizadas utilizando o pacote estatístico Stata®, versão 15.1
Resultados
Estimamos 6 clusters de políticas públicas pró ODS com diferentes coberturas populacionais no país: os mais extremos foram o cluster 1, com 5%, e o cluster 4, com 24%. O perfil das políticas públicas em cada cluster variou e, em geral, as políticas de base ambiental foram as que alcançaram maior probabilidade de cumprimento da meta em 2023, seguidas pelas políticas sociais e, finalmente, as políticas econômicas. Os clusters 3, 4 e 6 foram aqueles cujas políticas públicas pró ODS foram mais efetivas em reduzir a dupla carga de má nutrição nos municípios entre 2015 e 2023, com valores de -27%, -26% e -17%, respectivamente. Nos 3 casos, as condições iniciais em 2015 eram mais favoráveis
Conclusões/Considerações
As políticas públicas pró ODS objetivam, essencialmente, reduzir desigualdades entre e intra países. No Brasil, essas políticas avançaram refletindo o padrão de desigualdades regionais. Provavelmente, a causa básica está associada à virtual ausência de coordenação nacional até 2022. A efetividade da implementação e desempenho das políticas de base econômica e social serão essenciais para reduzir desigualdades entre municípios brasileiros em 2030
PREVALÊNCIA DE EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS ENTRE UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS: DADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Pôster Eletrônico
1 UFF
Apresentação/Introdução
O excesso de peso é uma fator de risco para DCNT, como diabetes tipo 2 e hipertensão, sendo um dos principais desafios da saúde pública. Sua prevalência tem aumentado entre jovens adultos, inclusive universitários, grupo em transição para a vida adulta, com mudanças nos hábitos alimentares e de atividade física.
Objetivos
Descrever a prevalência de excesso de peso entre estudantes universitários brasileiros e sua distribuição segundo características sociodemográficas e comportamentais, com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo, com dados da PNS 2019. Foram incluídos indivíduos com 18 anos ou mais que referiram estar matriculados em curso de graduação. O excesso de peso foi definido por índice de massa corporal (IMC≥ 25kg/m², calculado a partir de peso e altura autorreferidos. A variável de desfecho foi categorizada em "peso adequado" e "excesso de peso". Foram avaliadas as distribuições por sexo, faixa etária, raça/cor, grandes regiões, renda domiciliar per capita, sedentarismo segundo a OMS e tempo total de exposição a telas. Foram calculadas frequências relativas por um grupo e realizados testes qui-quadrado ou exato de Fisher para comparação de proporções com nível de significância de 5%.
Resultados
Entre os universitários analisados, 52,7% apresentaram excesso de peso. A prevalência foi maior entre os fisicamente inativos (66%) em comparação aos ativos (53%) e aumentou com a idade, de 39% (18-29 anos) para 75% (45-59 anos) (p<0,0001). A distribuição foi semelhante entre os sexos. Pretos apresentaram maior prevalência (69%) em relação aos brancos (53%) e pardos (45%). Estudantes com renda acima de 3 salários mínimos também tiveram maior excesso de peso (63%). A maior prevalência foi entre os que relataram menos de uma hora (80%) ou três a seis horas (55%) de tempo de tela diário.
Conclusões/Considerações
Conclusão: A renda evidenciou padrão não esperado, com maior excesso de peso entre estudantes de classes mais altas, sugerindo influência de estilos de vida. O tempo de tela também indicou padrões de risco. Os achados reforçam a importância de ações preventivas no contexto universitário, visando reduzir o risco de DNCTs e desigualdades relacionadas a comportamentos e ciclos da vida.
O PAPEL DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DO INÍCIO DO SÉCULO XX NA CONSOLIDAÇÃO DE POLÍTICAS DE COMBATE À FOME NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A construção do Brasil se deu por mãos escravizadas e estrangeiras de imigrantes que, em busca de melhores condições de vida, serviram de mão de obra para a consolidação do projeto capitalista brasileira, especialmente no século XX. O presente trabalho buscará demonstrar como as lutas políticas de tais grupos foram responsáveis pelo tensionamento na consolidação do projeto nacional do século XX.
Objetivos
Apresentar as diferentes formas e manifestações de organização da classe trabalhadora em busca de suas reivindicações por melhores condições de vida, com enfoque no século XX e nos movimentos catalisados pelas populações ex-escravizadas e imigrantes.
Metodologia
Pesquisa qualitativa de caráter exploratório, que se construiu a partir da análise documental e da revisão bibliográfica de documentos que abordam como a fome emergiu como tema central nas lutas dos movimentos sociais do final do século XIX e início do século XX. Para tanto, foram selecionados 59 artigos de 3 diferentes bases, que abordaram a trajetória da organização das populações pauperizadas em associações, sindicatos e partidos políticos para reivindicação de suas demandas imediatas, com a fome figurando como pauta central da experiência coletiva trabalhadora das populações ex-escravizadas e imigrantes, constituindo-se como território democrático de reivindicação e tensionamento.
Resultados
A história dos movimentos sociais, com enfoque nas reivindicações em torno da fome, evidenciam como a luta por demandas sociais básicas foi constituída pelas populações que mais sofriam de tais mazelas. As pesquisas apontam como principais reivindicações a moradia, o acesso à alimentação e o direito a melhores condições de trabalho como temas centrais nas manifestações populares do início do século XX. A alimentação, amplamente discutida a partir da fome, figura como elemento que dá unidade à luta, pela experiência coletiva de falta de acesso a alimentos e inexistência de políticas voltadas ao combate à fome. Essas formas de organização evidenciavam aquilo que se tentava esconder.
Conclusões/Considerações
O presente trabalho se constitui enquanto um esforço de valorização das lutas sociais em torno da fome e das organizações populares para reivindicações de melhores condições de vida durante o século XX. Buscou-se apresentar panorama histórico do papel das organizações trabalhadoras e das confluências de suas demandas para os debates das condições que assolavam a classe trabalhadora, enfrentadas pelas populações ex-escravizada e imigrantes.
ALIMENTOS PRESENTES NOS LANCHES DOS BRASILEIROS DE ACORDO COM OS PADRÕES DE CONSUMO DE REFEIÇÕES E QUALIDADE DA DIETA: INQUÉRITO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO 2017-2018
Pôster Eletrônico
1 UFRJ/MACAÉ
2 UFMT
3 Uece
4 UFRJ
5 UFF
6 UERJ
Apresentação/Introdução
O consumo alimentar diário, geralmente, é dividido em três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) intercaladas por lanches e/ou ocasiões de consumo. A omissão de refeições e/ou longos períodos de jejum e a substituição de refeições principais por lanches têm sido associadas à dieta de baixa qualidade nutricional e ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.
Objetivos
Identificar os alimentos presentes nos lanches dos brasileiros de acordo com os padrões de consumo de refeições e qualidade da dieta baseado no teor de gorduras sólidas e açúcar de adição (SoFAS).
Metodologia
Estudo transversal, com 46.164 indivíduos com idades ≥10 anos participantes do Inquérito Nacional de Alimentação (2017-2018). O consumo alimentar foi avaliado por recordatório alimentar de 24 horas (R24h). Os padrões de refeições foram avaliados utilizando a análise exploratória de dados, considerando as combinações de refeições principais (RP) e lanches/ocasião de consumo (manhã, tarde, noite/noite). A dieta foi avaliada de acordo com o teor de SoFAS, categorizado em quintis e reagrupado em consumo moderado (quintis 1-3) e elevado (quintis 4-5). Os alimentos do R24h foram agrupados em 25 grupos alimentares de acordo com suas características nutricionais e hábitos de consumo.
Resultados
Os grupos Açúcar, Café e Pães estiveram presente entre os 5 mais consumidos nos lanches, independente do padrão de refeição e teor de SoFAS. Adicionalmente, o padrão 3 RP+ 1 lanche, com SoFAS moderado, incluiu Frutas (11,2%) e com SoFAS elevado, Bolos (10,3%). Para 3 RP+ 2 lanches, com SoFAS moderado e elevado, incluíram, respectivamente, Frutas (34,8% e 27,8%) e Biscoitos (18,5% e 29%), com adição de Doces (15,3%) aoSoFAS elevado. Os padrões com omissão de pelo menos uma RP, incluíram Fast foods entre os 5 mais consumidos nos lanches: 2 RP+ 1 lanche (18,6%) e 2 RP+ 2 lanches (28,0%). Houve maior consumo de Fast food no padrão 2 RP + 2 lanches com consumo elevado de SoFAS (31,4%).
Conclusões/Considerações
A omissão de uma refeição principal, consumo elevado de SoFAS e o aumento do número de lanches nos padrões de refeições foram relacionados com maior frequência de consumo de alimentos não saudáveis que integram os lanches dos brasileiros.
RACISMO E CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS: ESTUDO LONGITUDINAL DE SAÚDE DO ADULTO (ELSA-BRASIL)
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
O Brasil é marcado por profundas iniquidades raciais, com uma estrutura social que restringe a indivíduos pretos e pardos o acesso pleno a alimentação adequada. Apesar de ser notório que o menor consumo de alimentos ultraprocessados está associado desfechos favoráveis em saúde, a presença do racismo alimentar aproxima essa população do consumo desses alimentos e os afasta dos alimentos saudáveis.
Objetivos
Investigar a associação entre consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e percepção de discriminação racial de acordo com a raça/cor em adultos e idosos brasileiros.
Metodologia
Incluiu-se 14211 participantes da linha de base do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), com dados completos para as variáveis de interesse. A variável de exposição foi criada combinando raça/cor autorreferida (Branca, Parda, Preta) com a percepção da discriminação racial (sim ou não), resultando em: Brancos (ref.), Pardos sem discriminação, Pardos com discriminação, Pretos sem discriminação e Pretos com discriminação. Utilizou-se a classificação NOVA para avaliar o consumo de AUP, baseado em questionário de frequência alimentar. Modelos de regressão linear, ajustados para sexo, idade, escolaridade e macrorregião geográfica, foram utilizados.
Resultados
A maioria dos participantes reportou raça/cor Branca (54,2%), seguido de Parda (29,2%) e Preta (16,6%). O consumo médio de AUP foi maior entre Brancos (453g/dia), seguido de Pretos (445g/dia) e Pardos (432g/dia). Apesar disso, o consumo médio de AUP entre Pardos com discriminação foi maior (543g/dia) que entre Pardos sem discriminação (425g/dia) e Brancos. Pretos com discriminação apresentaram consumo médio de AUP (461g/dia) superior ao dos Pretos sem discriminação (437g/dia). Após ajustes, apesar de não haver associação estatística entre consumo de AUP e raça/cor, observou-se que, em média, os Pardos que relataram discriminação consumiam 88 gramas a mais de AUP por dia do que Brancos.
Conclusões/Considerações
A percepção de discriminação racial é importante estressor que pode desencadear, além de adaptações fisiológicas, mudanças no consumo alimentar, que se volta principalmente a alimentos mais calóricos e palatáveis – características típicas de AUP. Diante de um cenário de aumento da participação dos AUP na alimentação da população brasileira, abordar esse contexto sob a ótica do racismo contribui para compreensão e combate às iniquidades.
DIFERENÇAS REGIONAIS NO CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS, DIVERSIDADE E COMPORTAMENTOS ALIMENTARES DE ESCOLARES NAS MACRORREGIÕES BRASILEIRAS
Pôster Eletrônico
1 UnB
Apresentação/Introdução
Apesar do crescente interesse pela alimentação infantil, ainda são escassos estudos nacionais que avaliem simultaneamente o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP), a diversidade alimentar e os comportamentos alimentares de crianças que não estão na primeira infância. Assim, este estudo busca preencher essa lacuna, utilizando uma amostra capilarizada no Brasil.
Objetivos
Analisar diferenças no consumo de AUP, na diversidade alimentar e nos comportamentos alimentares de crianças em idade escolar entre as macrorregiões do Brasil.
Metodologia
Estudo transversal com amostra proporcional às macrorregiões brasileiras e às escolas públicas e privadas. A coleta online usou a técnica bola de neve e questionário via Google Forms. Crianças de 6 a 11 anos responderam sobre idade, sexo, Questionário de Consumo Alimentar para Crianças Escolares Brasileiras (QUACEB) e Questionário Ilustrado de Comportamentos Alimentares e Sedentários (QUICAS). Os escores (0 a 10) de AUP foi mensurado pelo NOVA e a diversidade alimentar pela FAO. Comportamentos alimentares foram classificados como presentes ou ausentes. Aplicaram-se testes Kruskal-Wallis (AUP), ANOVA (diversidade) com post-hoc de Tukey e qui-quadrado (comportamentos) ajustado por bonferroni.
Resultados
Participaram 2.021 crianças (média de 8 anos; 51,7% meninos). A pontuação média de AUP foi de 3,5; maior no Sudeste que no Centro-Oeste (p = 0,03). A diversidade alimentar ficou em 5,1; maior no Centro-Oeste e menor no Nordeste (p < 0,01). Houve diferenças regionais nos comportamentos: crianças do Nordeste referiram maior distração com telas durante as refeições (p < 0,01); Nordeste, Sudeste e Sul apresentaram maior proporção de crianças que fazem as refeições sozinhas (p = 0,02); crianças do Nordeste relataram maior irregularidade dos horários das refeições, ao Sul (p = 0,01); as crianças do Norte e Sul relataram maior participação das atividades da cozinha, e menor no Nordeste (p < 0,01).
Conclusões/Considerações
As diferenças regionais no consumo de alimentos ultraprocessados, na diversidade alimentar e nos comportamentos alimentares refletem uma heterogeneidade possivelmente influenciada por desigualdades geográficas, socioeconômicas, culturais e dinâmicas familiares próprias de cada região. Assim, os resultados reforçam a importância de estratégias regionalizadas para promover hábitos alimentares saudáveis e melhorar a saúde nutricional das crianças.
DISPONIBILIDADE DE ALIMENTOS EM PEQUENOS COMÉRCIOS NAS COMUNIDADES RURAIS RIBEIRINHAS DO MUNICÍPIO DE MANAUS, AMAZONAS
Pôster Eletrônico
1 Instituto Leônidas e Maria Deane (Fundação Oswaldo Cruz)
2 Universidade Federal do Amazonas - Instituto de Saúde e Biotecnologia
3 Universidade de São Paulo
4 Universidade Federal de Santa Maria - Departamento de Alimentos e Nutrição (DANut).
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar é um fator decisivo para as escolhas alimentares saudáveis, principalmente na população de maior vulnerabilidade. Estudos com foco no mapeamento de oferta de alimentos em bairros, comunidades e municípios são relevantes para entender em que medida esses ambientes influenciam nas escolhas alimentares e, consequentemente, no perfil nutricional e de saúde da população.
Objetivos
Descrever os tipos de estabelecimentos existentes, assim como a disponibilidade de alimentos, segundo a classificação NOVA, adotada pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, em 03 comunidades rurais ribeirinhas do município de Manaus.
Metodologia
Estudo observacional transversal, com dados coletados em 02 comunidades às margens do Rio Negro (São Sebastião do Cuieiras e Nova Canaã) e uma, no Rio Amazonas (Bonsucesso), em abril de 2025. Os alimentos comercializados foram identificados utilizando o Instrumento de Auditoria do Ambiente Alimentar baseado na NOVA adaptado para comunidades ribeirinhas, aplicado em todos os locais de venda de alimentos existentes nas comunidades estudadas, conhecidos como: tabernas. Cada taberna foi mapeada via "My Maps" para visualização da distribuição espacial de todos os pontos de venda existentes, permitindo visualizar a concentração, dispersão e a acessibilidade física à esses locais.
Resultados
Foram auditados 17 estabelecimentos; 70,6% eram mercados locais, comumente extensões de madeira das residências, adaptadas para o comércio. Observou-se que os ultraprocessados, como macarrão instantâneo, margarina e refrigerante, correspondiam a 48,5% dos tipos de alimentos presentes em 50% ou mais dos estabelecimentos de cada comunidade. Quanto aos processados, como seleta de legumes, consistiam em 11,8% e os minimamente processados (arroz branco; café em pó; cevada torrada e moída; farinha de trigo; macarrão e frango) em 22,1%. Ingredientes culinários (açúcar e óleo de soja), em 13,2%, enquanto alimentos in natura, como ovo de galinha, cebola e alho, correspondiam a 4,4%.
Conclusões/Considerações
Identifica-se que há, nos pontos de comércio nas comunidades ribeirinhas auditadas, a prevalência da disponibilidade de alimentos ultraprocessados. Urge o enfoque de pesquisas e ações no reconhecimento de fraquezas e potencialidades desses ambientes alimentares, considerando o impacto de eventos climáticos nos modos de vida e no acesso aos alimentos da natureza, em paralelo à influência dos modelos urbanos de consumo nessas comunidades.
DAS ÁGUAS AO CAMINHO DA TRADIÇÃO: A CULTURA DA PESCA ARTESANAL NO PORTO DAS SARDINHAS NO SUBÚRBIO DE SALVADOR, SOB A ÓTICA DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 CGCFOME
Apresentação/Introdução
A pesca artesanal, rica em cultura e tradição, ocorre em diferentes territórios. O porto das sardinhas, no subúrbio de salvador, constroi essa dinâmica geracional e desempenha um papel fundamental na manutenção de modos de vida, na conservação de recursos naturais e na segurança alimentar, onde famílias utilizam o pescado para subsistência.
Objetivos
Compreender a dinâmica da pesca artesanal no Porto das Sardinhas, sob a ótica da segurança alimentar e nutricional, descrevendo o território, sujeitos, alimentos e dinâmicas envolvidas nas práticas de produção e comercialização de pescados no local.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo. Pesquisa realizada no Porto das Sardinhas, localizado no Subúrbio de Salvador/BA. A amostra é composta por pescadores, marisqueiras, tratadores e representantes da cooperativa. A produção dos dados ocorreu, através da análise de conteúdo, por meio de entrevistas individuais semiestruturadas com perguntas norteadoras em relação à cultura da pesca, tempo de pesca, relação da pesca com a alimentação familiar e retirada do trem, além da realização de fotografias e vídeos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Escola de Nutrição da UFBA. Os participantes preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Resultados
A população, majoritariamente negra, enfrenta carência de infraestrutura e serviços básicos. A insegurança alimentar no Subúrbio, entre 2018 e 2020, atingia 53%, comprometendo a alimentação adequada, tornando a pesca essencial para a subsistência. No Porto das Sardinhas, destaca-se a venda de pescado a preços acessíveis, a sardinha chega a custar um real o quilo, com mais de dez mil quilos capturados diariamente. Os apetrechos são produzidos pela própria comunidade, que também lida com dificuldades no escoamento após a retirada do trem e com a violência local, que impacta diretamente o trabalho. A cooperativa apoia os cooperados no acesso a benefícios e direitos sociais.
Conclusões/Considerações
A prática da pesca artesanal do Porto das Sardinhas é carregada de saberes ancestrais e se configura como um importante circuito alimentar. No entanto, para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), é fundamental reconhecer, valorizar e fortalecer essa atividade, promovendo políticas públicas que assegurem condições dignas, proteção social e preservação ambiental.
TENDÊNCIA TEMPORAL DA DESNUTRIÇÃO INFANTIL NO BRASIL E MACRORREGIÕES ENTRE OS ANOS DE 2008 E 2023
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – UFMA
2 Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Ciências Fisiológicas - UFMA
Apresentação/Introdução
A desnutrição infantil (DI) ainda é um problema prevalente e persistente nos países de baixa e média renda, como o Brasil, no qual há grandes disparidades regionais. Este agravo acarreta prejuízos à saúde infantil a médio e longo prazo e pode predispor a criança a distúrbios neuromotores e cognitivos, além de desenvolvimento de doenças crônicas e baixa produtividade na idade adulta.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo analisar a tendência temporal da desnutrição infantil (DI) no Brasil e macrorregiões administrativas entre os anos de 2008 e 2023.
Metodologia
Estudo ecológico que utilizou dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional sobre a DI no Brasil por mês e ano da série estudada. A técnica de análise de regressão por pontos de inflexão foi utilizada para analisar a série temporal, identificando pontos específicos onde ocorreram mudanças significativas na prevalência da DI. Calculou-se a VPM (Variação Percentual Mensal - IC95%) e VPMM (Variação Percentual Mensal Média) para avaliação da tendência, sendo considerada crescente, decrescente ou estacionária quando a VPM e VPMM apresentaram valores de IC95% positivos, negativos ou iguais a zero, respectivamente. As análises estatísticas foram realizadas no software R.
Resultados
O Brasil iniciou a série com prevalência de DI de 6,67% em janeiro/2008, predominantemente nas regiões Norte (7,7%), Centro-Oeste (7,17%) e Nordeste (6,81%). Houve redução significativa de 0,37% na proporção mensal de DI no Brasil, apresentando queda lenta de janeiro/2008 a março/2023 e queda mais acentuada até dezembro/2023, finalizando com 4,17%. O Nordeste apresentou maior queda (VPMM= -0,46), mantendo a terceira posição (4,35%). As regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram queda discreta (VPMM= -0,28 e -0,29, respectivamente) e finalizaram com prevalências iguais (4,69%). O Sul apresentou a menor prevalência durante toda a série e a finalizou com 3,5%, seguida pelo sudeste com 4,08%.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que apesar da redução da prevalência de DI durante a série histórica, políticas de saúde e proteção social não foram eficazes para superar problemas regionais, especialmente no Norte, Centro-Oeste e Nordeste e combater este agravo nutricional no país. Portanto, é indispensável fortalecer políticas públicas sustentáveis que possam mitigar estas disparidades e promover a queda na prevalência da DI no Brasil e redução dos seus danos.
PERFIL DE PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2 COM CONTROLE METABÓLICO INADEQUADO CADASTRADOS EM UNIDADE DE SAÚDE DE MUNICIPIO DO NOROESTE DO RS
Pôster Eletrônico
1 Unijuí - Curso de Nutrição
Apresentação/Introdução
O DM2 é doença crônica com prevalência em ascensão sendo a APS responsável por garantir o cuidado contínuo e integrado aos usuários, que enfrentam dificuldades na adequada gestão da condição de saúde. A interação dos profissionais da saúde favorece mudanças sustentáveis no estilo de vida, com destaque para a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de atividades físicas.
Objetivos
Descrever o perfil de pacientes com DM2 atendidos numa Estratégia de Saúde da Família na cidade de Ijuí, Rio Grande do Sul, caracterizando dados socioeconômicos, clínicos e antropométricos, além de avaliar o consumo alimentar dos participantes.
Metodologia
Participaram do estudo 25 pacientes adultos, entre 18 e 60 anos, de ambos os sexos, cadastrados na unidade de saúde. Os usuários foram entrevistados coletando-se dados socio demográficos e o QFA (Welter, 2013), ajustado para identificar padrões dietéticos relacionados a doenças crônicas. Foi realizada análise descritiva das características socioeconômicas, clínicas e alimentares dos participantes sendo os resultados apresentados em tabelas e gráficos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUÍ conforme número CAAE 82911324.8.0000.5350.
Resultados
Os entrevistados apresentaram 28 e 59 anos, sendo 60% mulheres, 80% estavam empregados e 40% exerciam atividade física moderada. Para as comorbidades, 64% apresentaram de uma a duas condições e 36%, três ou mais. Quanto à glicemia em jejum, 36% dos pacientes estavam com valores controlados 52% apresentavam valores não controlados e 12% não tinham dados disponíveis. Para hemoglobina glicada, 36% estavam com níveis controlados e 40% não. Quanto ao IMC 72% apresentaramobesidade, 12%, sobrepeso, 8%, eutróficos e 8% não tinham dados disponíveis. A frequência de consumo dos alimentos indicou presença de embutidos, alimentos e bebidas adoçadas e um adequado consumo de frutas legumes e verduras.
Conclusões/Considerações
Os hábitos alimentares indicam consumo elevado de ácidos graxos saturados e uma ingestão moderada de alimentos ultraprocessados. Foi observado um bom consumo de frutas e vegetais, indicando aspectos que podem ser incentivados. Destaca-se a Educação Alimentar e Nutricional no manejo do Diabetes Mellitus Tipo 2 favorecendo escolhas alimentares mais saudáveis e promovendor maior conscientização sobre a condição de saúde.
DOENÇA DE HAFF: UM LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS E ÓBITOS OCORRIDOS NO BRASIL ENTE 2021 A 2024
Pôster Eletrônico
1 UFOPA
Apresentação/Introdução
A doença de Haff, cuja etiologia ainda é desconhecida, é rara e caracterizada por um quadro clínico que desencadeia rabdomiólise de início súbito, após o consumo de peixes e frutos do mar. Evidências sugerem que a doença seja causada pelo consumo de peixes contaminados com uma toxina ainda não identificada, semelhante às cianotoxinas. A magnitude da doença de Haff ainda é incerta no Brasil.
Objetivos
No presente estudo, investigou-se o número de casos e de óbitos compatíveis com a doença de Haff ocorridos no Brasil entre 2021 a 2024.
Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo que utilizou dados secundários sobre casos notificados compatíveis com a doença de Haff e registro de óbitos ocorridos no período de 2021 a 2024 obtidos através da Coordenação Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde.
Resultados
Ao longo dos quatro anos foram notificados no Brasil n=583 e n=13 casos compatíveis e óbitos por doença de Haff, respectivamente. A região brasileira com maior número de casos (n=445) e de óbitos (n=09) foi a Norte, seguida das regiões Nordeste (n=128 casos; n=04 óbitos), Sudeste (n=08 casos e nenhum óbito) e Centro Oeste (n=02 casos e nenhum óbito). Na região Norte, os estados do Amazonas (n=259 casos; n=04 óbitos) e Pará (n=147 casos; n=05 óbitos) lideraram o número de notificações. Em relação ao ano, os resultados mostraram que no Brasil em 2022 (n=248) ocorreram mais casos notificados da doença de Haff quando comparado com outros anos. Por outro lado o número de óbitos foi maior em 2021 (n=05).
Conclusões/Considerações
Com base nos dados apresentados, conclui-se que a doença de Haff permanece como um agravo relevante à saúde pública no Brasil, com destaque para a Região Norte, possivelmente relacionado ao elevado consumo de peixe como fonte de proteína animal. Os achados reforçam a necessidade de intensificar as ações de vigilância epidemiológica e controle da cadeia de consumo de pescados, principalmente nas regiões mais afetadas.
PROJEÇÃO DA DESNUTRIÇÃO INFANTIL NO BRASIL E MACRORREGIÕES PARA O ANO DE 2030
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – UFMA
2 Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Ciências Fisiológicas - UFMA
Apresentação/Introdução
A desnutrição infantil (DI) ainda é um problema prevalente e persistente nos países de baixa e média renda, como o Brasil, o qual apresenta grandes disparidades regionais. Segundo o acordo realizado com a Organização das Nações Unidas e países-membros com a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, o Brasil comprometeu-se a erradicar todas as formas de má-nutrição até 2030.
Objetivos
Este estudo objetivou realizar as projeções da prevalência da DI (segundo Estatura/Idade, Peso/Idade ou Indice de Massa Corpórea/Idade) para o início de 2030 no Brasil e regiões para monitoramento do alcance da meta acordada com a Agenda 2030.
Metodologia
Estudo ecológico que utilizou dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional sobre a DI no Brasil, por mês/ano da série histórica (2008-2023). O período de janeiro/2020-dezembro/2023 foi utilizado para testar modelos de regressão, os quais foram aplicados na série histórica e nos anos de 2024-2029; e estimadas as projeções da DI no Brasil e macrorregiões. No Nordeste e Sul foi utilizado o modelo do Método de Máquina de Aprendizado Extremo (ELM); no Sudeste, os Modelos Autorregressivos Integrados de Médias Móveis (ARIMA); no Norte o BATS (Transformação Box-Cox, Erros ARMA, Tendência e Componentes Sazonais); no Centro-Oeste o TBATS, extensão do BATS; e Redes Neurais para o Brasil.
Resultados
O país iniciou o período de projeção com prevalência de 4,21% de DI, concentrada no Norte (6,52%), Centro-Oeste (5,74%) e Nordeste (5,04%), seguidas pelas regiões Sudeste (4,95%) e Sul (3,69%). A prevalência prevista para a DI no Brasil no início de 2030 será de 6,36%, predominantemente concentrada nas regiões Norte (8,01%) e Centro-Oeste (6,98%). Proporção inferior à média nacional foi prevista para a região Sul (3,13%), seguida da Nordeste (4,56%) e Sudeste (5,13%). O Norte apresentou as maiores prevalências e o Sul as menores, desde o início da série histórica (janeiro/2008) até o final do período previsto (dezembro/2029).
Conclusões/Considerações
Conclui-se que o Brasil não atingirá a meta de erradicação da DI proposta pela Agenda 2030 devido às vulnerabilidades regionais e ineficiência das políticas públicas instituídas até o momento, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Serão necessários mais investimentos em políticas de saúde e proteção sociais permanentes e sustentáveis a longo prazo que possam combater problemas regionais específicos que comprometem o alcance desta meta.
ASSOCIAÇÃO ENTRE O PADRÃO ALIMENTAR TRADICIONAL NO ALMOÇO E OBESIDADE EM ADULTOS BRASILEIROS: UMA ANÁLISE DA POF 2017-2018
Pôster Eletrônico
1 UFF
2 UFAL
3 ACT
Apresentação/Introdução
A prevalência da obesidade no Brasil cresceu na última década, sendo um sério problema de saúde pública, decorrente da interação de múltiplos fatores comportamentais e de padrões alimentares. A tendência de substituição de uma alimentação baseada em refeições tradicionais por outra pode agravar tal situação.
Objetivos
Investigar a associação do padrão alimentar tradicional no almoço e variáveis socioeconômicas com a obesidade em adultos brasileiros.
Metodologia
Dados de 28.901 indivíduos entre 19 e 59 anos (excluindo gestantes e lactantes) da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017–2018). Os padrões alimentares no almoço foram derivados por análise fatorial de componentes principais. Os escores médios do padrão de almoço tradicional foram calculados e classificados em: não fez almoço, baixa adesão, adesão mediana e alta adesão ao padrão tradicional. Estimaram-se as prevalências de obesidade (IMC >=30) para cada classe das variáveis: padrão tradicional de almoço, sexo, raça/cor (branca, preta/parda, indígena/amarela), macrorregião do país e escolaridade. A análise estatística dos dados foi realizada através da biblioteca survey do R4.4.3
Resultados
Observou-se que 16,4% dos adultos tinham obesidade, sendo 16,9%[16,0; 17,8] entre mulheres e 15,9%[14,9; 16,9] entre homens. Quanto à raça/cor, a prevalência de obesidade foi de 16,1%[14,9; 17,2] entre brancos e 16,7%[15,8; 17,5] entre pretos e pardos. No geral, não se observa diferença entre os níveis de adesão ao padrão tradicional de almoço e a prevalência de obesidade para os diversos níveis das variáveis selecionadas, entretanto, entre os indivíduos com menor escolaridade, os que não fizeram almoço apresentaram uma prevalência de obesidade de 26,4%[19,6; 34,5] enquanto aqueles com adesão mediana ao padrão corresponderam a 16,4%[14,7; 18,3].
Conclusões/Considerações
Neste estudo não se verificou uma associação clara entre a adesão ao almoço tradicional brasileiro e a obesidade. No entanto, para indivíduos com menor escolaridade, a prevalência de obesidade foi maior entre aqueles sem almoço comparados com os que tiveram adesão mediana à refeição.
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS PROCESSADOS POR AGRICULTORES FAMILIARES EM UMA COMARCA MINEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 UFVJM
Apresentação/Introdução
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) se destaca na promoção da segurança alimentar e nutricional, com destaque para a obrigatoriedade de destinar, no mínimo, 30% dos recursos do governo federal para a aquisição de alimentos da agricultura familiar (AF). Conhecer as potencialidades e fraquezas da AF é essencial para orientar políticas públicas referentes à alimentação escolar.
Objetivos
Caracterizar o perfil sociodemográfico e produtivo de agricultores familiares em municípios de uma comarca mineira que fornecem alimentos, com algum grau de processamento, para o PNAE.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, realizado com agricultores familiares de sete municípios de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu entre os anos de 2024 e 2025, por meio de visitas in loco às unidades produtivas de agricultores que fornecem alimentos com algum grau de processamento ao PNAE, destinados a escolas municipais. Aplicou-se um questionário estruturado, contemplando variáveis sociodemográficas e informações relacionadas ao manipulador e ao espaço utilizado para a produção dos alimentos. Os dados foram organizados em frequências absolutas e relativas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer nº 3.602.675/2019).
Resultados
Dos 45 agricultores familiares entrevistados, 37,78% não concluíram o Ensino Fundamental I e igual proporção concluiu o Ensino Fundamental II. Entre os participantes, 66,67% são casados, e a maioria possui até três filhos (46,67%). Em relação à renda, 66,67% vivem com até dois salários mínimos, sendo que, para 60% deles, a AF representa a principal fonte de sustento. Quanto aos alimentos com algum grau de processamento fornecidos ao PNAE, 26,67% fornecem dois produtos, 17,78% três e 2,22% quatro. Os alimentos mais ofertados foram temperos (42,22%) seguidos por colorau (37,78%), quitandas (22,22%), fubá (11,11%), farinha de mandioca (8,89%), leite e alho descascado (4,44% cada) e mel (2,22%).
Conclusões/Considerações
O perfil sociodemográfico dos agricultores familiares estudados revela predominância de baixos níveis de escolaridade e renda, fatores que podem influenciar suas práticas produtivas e comerciais. A oferta diversificada de alimentos processados demonstra o potencial desses produtores para contribuir com o PNAE. A participação no PNAE fortalece a produção local e promove a sustentabilidade econômica das famílias rurais nos municípios avaliados.
ARCABOUÇO LEGAL PARA EFETIVAÇÃO DAS DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 ENSP/Fiocruz
2 UERJ
Apresentação/Introdução
A PNAN foi instituída com o propósito de avançar na melhoria das condições de saúde e nutrição da população brasileira. Para alcançar seu propósito são necessárias ações desenvolvidas pela União, estados e municípios. Outras iniciativas como leis, decretos e outros instrumentos legais podem qualificar e facilitar a execução de ações que atuem na consolidação do propósito da PNAN.
Objetivos
Conhecer o arcabouço legal relacionado à PNAN no estado do Rio de Janeiro e verificar se contempla as demandas das agendas das suas diretrizes.
Metodologia
Foi realizado um estudo qualitativo de análise documental com foco nas leis estaduais vigentes no Rio de Janeiro com temáticas relacionadas à PNAN. Foram consultados os sites “Leis Estaduais” e ALERJ, utilizando como descritores: “Alimentação”, “Nutrição”, “Atenção Nutricional”, “Vigilância Alimentar”, “Vigilância Nutricional” e “Programa de Nutrição”. Após remoção de duplicatas e exclusões por não enquadramento no escopo, 223 leis foram analisadas integralmente e categorizadas a partir das 9 diretrizes. Posteriormente, as leis foram classificadas em 26 eixos temáticos, principais: Agricultura e meio ambiente e SAN. A análise final considerou a relação das leis com os princípios de cada diretriz.
Resultados
Das 2.313 leis inicialmente encontradas, 223 foram analisadas. A maior parte se enquadrou na diretriz 9 da PNAN (110 leis), que trata da cooperação para a Segurança Alimentar e Nutricional. As demais se distribuíram entre as diretrizes: 1 (21 leis), 2 (29), 3 (2), 4 (31), 5 (11), 6 (5), 7 (29) e nenhuma na diretriz 8. As leis abordam temas como enfrentamento das DCNT, alimentação escolar, segurança sanitária, participação social, programas de combate à fome, incentivo à agricultura familiar, saúde de grupos vulnerabilizados e regulação tributária. A pesquisa e a qualificação profissional carecem de leis que as fortaleçam.
Conclusões/Considerações
Embora a PNAN proponha um olhar mais ampliado para a consecução do Direito Humano à Alimentação Adequada, o cenário atual de múltipla carga de desnutrição no Brasil evidencia que é necessário a implementação de mecanismos de controle para que a iniciativa parlamentar seja de fato aplicada à população. Para isso, é necessário compromisso governamental, articulação entre os poderes e participação ativa da sociedade civil.
SEGURANÇA HÍDRICA NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR: INFRAESTRUTURA DAS UNIDADES PRODUTIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR EM UMA COMARCA MINEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 UFVJM
Apresentação/Introdução
No mínimo 30% dos recursos repassados pelo governo federal a estados e municípios para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) devem ser utilizados na aquisição de alimentos da agricultura familiar (AF), que oferece alimentos in natura e minimamente processados. A disponibilidade de água potável nas unidades produtivas é indispensável para a produção segura desses alimentos.
Objetivos
Analisar a presença de água potável nas unidades produtivas da agricultura familiar vinculadas ao PNAE, em municípios em uma comarca mineira.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, realizado com agricultores familiares de sete municípios mineiros. As visitas foram realizadas diretamente nas unidades produtivas de alimentos. A pesquisa integra um projeto mais amplo (CEP nº 3.602.675/2019). A coleta de dados foi realizada entre os anos de 2024 e 2025, por meio da aplicação de um questionário estruturado, durante as visitas in loco. O instrumento contemplou variáveis sociodemográficas, além de informações relacionadas aos requisitos higiênico-sanitários das unidades produtivas que fornecem alimentos ao PNAE.
Resultados
Dos 45 agricultores entrevistados, 37,78% não concluíram o Ensino Fundamental I, 66,67% são casados e a maioria possui até três filhos (46,67%). Quanto à renda, 66,67% vivem com até dois salários mínimos, e para 60% dos agricultores, a AF representa a principal fonte de renda. Quanto à origem da água, 42,22% utilizam água proveniente de fontes naturais como minas, nascentes, rios ou poços artesianos; e 57,78% utilizam água tratada por empresa de saneamento básico. Apenas 8,89% utilizam água potável no preparo dos alimentos, o que pode representar um risco potencial à segurança alimentar e nutricional (SAN) dos alimentos fornecidos, com algum grau de processamento, ao PNAE.
Conclusões/Considerações
Fragilidades foram evidenciadas na infraestrutura hídrica das unidades produtivas da AF vinculadas ao PNAE nos municípios avaliados. A baixa utilização de água potável no preparo dos alimentos e uso expressivo de água corrente, representa risco à SAN dos escolares. Os achados reforçam a necessidade de ações intersetoriais que melhorem a infraestrutura produtiva e ampliem o acesso à água potável, garantindo alimentos seguros no ambiente escolar.
INSEGURANÇA ALIMENTAR EM PACIENTES COM DOENÇAS DERMATOLÓGICAS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE DERMATOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA (HUB)
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Brasília
2 UnB
Apresentação/Introdução
As doenças dermatológicas estão entre os agravos mais prevalentes no mundo e, em contextos de vulnerabilidade, podem ser agravadas pela insegurança alimentar (IA), que compromete o estado nutricional e imunológico. A relação entre IA e dermatoses é pouco explorada no Brasil. Este estudo avaliou a presença de IA em pacientes atendidos no ambulatório de dermatologia do HUB.
Objetivos
Descrever a insegurança alimentar em pacientes com doenças dermatológicas atendidos no ambulatório do HUB, classificando seu nível de insegurança, caracterizando perfil socioeconômico e identificando as dermatoses associadas.
Metodologia
Estudo descritivo e quantitativo, com coleta presencial por questionário contendo dados pessoais, socioeconômicos e Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que classifica níveis de insegurança alimentar. Dados organizados e analisados no IBM SPSS 30.0, com análise descritiva. Para os pacientes com algum grau de insegurança alimentar, foi realizada sobreposição de suas residências no Atlas do Distrito Federal, considerando divisão territorial, meio socioeconômico e regiões de saúde do DF. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética (CAE 68068323.3.1001.5558).
Resultados
Foram avaliados 84 pacientes do ambulatório de dermatologia do HUB, com predominância feminina (58,3%) e adultos (76,2%). Dos pacientes, 28,6% apresentaram algum grau de insegurança alimentar, concentrando-se em regiões com menor renda per capita no Distrito Federal, especialmente na Superintendência Sudoeste. A maioria reside em áreas urbanas (88,1%), com acesso desigual a saneamento básico. Psoríase (40,5%) e pênfigo (28,6%) foram as doenças dermatológicas mais prevalentes. A insegurança alimentar, associada à vulnerabilidade socioeconômica, pode agravar o quadro clínico dessas patologias e comprometer o acesso e adesão ao tratamento via SUS.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou que a insegurança alimentar impacta pacientes com doenças dermatológicas, sobretudo autoimunes como psoríase e pênfigo, agravando o quadro clínico pela intensificação da inflamação devido à má nutrição. A maioria dos pacientes apresentou esse perfil, ressaltando a vulnerabilidade. Recomenda-se ampliar pesquisas para compreender melhor essa relação e desenvolver intervenções adequadas
SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO EM CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE DOIS ANOS: PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DE 2019
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
A anemia ferropriva é um agravo em crianças menores de dois anos e que pode ser prevenida com suplementação de ferro. Contudo, o acesso a suplementação de ferro no Brasil é influenciada por fatores sociodemográficos, e ainda há lacunas de estudos populacionais sobre o tema no país.
Objetivos
Analisar a prevalência de suplementação de ferro em menores de 2 anos no Brasil, Regiões e Estados e a sua associação com fatores sociodemográficos.
Metodologia
Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Foram analisadas informações de 6.632 crianças menores de dois anos. Foram estimadas as prevalências e intervalos de confiança de 95% (IC95%) para o relato de ter suplementado ferro, segundo variáveis sociodemográficas (sexo, raça/cor, posse de plano de saúde, renda, situação censitária urbana ou rural, Regiões e Estados). As diferenças foram analisadas pelo teste Qui-quadrado e foi adotado o nível de significância de 5%. As análises foram realizadas com uso do software Stata e incorporou os pesos de pós-estratificação.
Resultados
A prevalência de suplementação de ferro em crianças brasileiras menores de 2 anos foi de 58,04% (IC95% 56,02-60,04). Observou-se prevalências mais baixas de suplementação em crianças da raça/cor preta (58,51%; IC95% 51,24-65,43), com renda familiar até um 1 salário mínimo (55,11%; IC95% 52,93-57,26), sem posse de plano de saúde (54,01%; IC95% 51,77-56,23), moradoras da Região Nordeste (46,38%; IC95% 43,48-49,30) e de áreas rurais (48,3%; IC95% 45,01-51,61) (p ≤ 0,05). Entre os Estados, Pernambuco (36,90%; IC95%: 30,24–44,11), Acre (43,32%; IC95%: 36,48–50,42) e Paraíba (41,19% (IC95%: 32,90–50,01), lideraram as menores prevalências de suplementação de ferro (p≤0,05).
Conclusões/Considerações
A suplementação de ferro em crianças no Brasil apresentou desigualdades regionais, econômicas e raciais. Destaca-se a importância de políticas públicas direcionadas, especialmente para áreas vulneráveis, e o papel da atenção primária na vigilância, monitoramento e fortalecimento de ações para garantir acesso equitativo à suplementação no país.
ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS COM SINTOMAS DE ANSIEDADE APRESENTAM DIFERENTES PERCEPÇÕES CORPORAIS?
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Goiás (UFG)
Apresentação/Introdução
A imagem corporal, uma construção multidimensional, influencia a autoestima, a saúde mental e a qualidade de vida. Percepções negativas do corpo, como insatisfação e vergonha, têm sido associadas a sintomas de ansiedade, especialmente entre universitários expostos a padrões estéticos rígidos e à pressão por desempenho acadêmico.
Objetivos
Investigar a associação entre a presença de sintomas de ansiedade e a percepção corporal em estudantes universitários.
Metodologia
Estudo transversal com 511 estudantes da Universidade Federal, com idade ≥18 anos. A ansiedade foi avaliada pelo Depression, Anxiety and Stress Scale – 21 (DASS-21), e os participantes foram classificados em com (n=386) e sem ansiedade (n=125), conforme ponto de corte do instrumento. A percepção corporal foi mensurada pelo Body Shape Questionnaire (BSQ), categorizado em satisfação, insatisfação leve, moderada e grave. Os dados foram coletados por questionário online. Realizaram-se análises descritivas e testes de associação entre variáveis, com nível de significância de 5%.
Resultados
Dos 511 estudantes avaliados, 386 (75,5%) foram classificados com sintomas de ansiedade. A presença de ansiedade foi mais frequente entre mulheres (69,4% vs 54,4%; p = 0,002), estudantes que não praticavam atividade física (26,2% vs 16,8%; p = 0,0327) e entre aqueles com insatisfação grave com a imagem corporal (71,8% vs 52,0%; p < 0,001). Estudantes com ansiedade também apresentaram maiores escores de insatisfação corporal (p < 0,001), evidenciando uma associação entre ansiedade e imagem corporal negativa.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam associação entre percepção corporal e sintomas de ansiedade em estudantes universitários. Verificou-se que níveis mais elevados de insatisfação corporal coincidem com maior frequência desses sintomas, destacando a importância de considerar a imagem corporal em estratégias de promoção da saúde mental no ambiente acadêmico.
REPRESENTAÇÕES DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE WPR
Pôster Eletrônico
1 Mestrado em Políticas Públicas/Fiocruz Brasília
2 UFES - Universidade Federal do Espírito Santo
Apresentação/Introdução
A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é estratégia central em políticas públicas brasileiras e sua representação varia conforme os documentos analisados (PNAN, PNAE, PNPS, PNSAN). Este estudo avalia como o "problema" da alimentação inadequada é construído nas políticas, utilizando a abordagem "What’s the Problem Represented to Be?" (WPR) de Bacchi e o conceito de Cultura Alimentar (Contreras e Gracia).
Objetivos
Analisar as representações da EAN em políticas públicas brasileiras, identificando como o problema da alimentação inadequada é construído, seus pressupostos implícitos, silêncios e efeitos políticos, com ênfase na interseccionalidade e intersetorialidade.
Metodologia
Pesquisa qualitativa documental, analisando quatro políticas nacionais (PNAN, PNAE, PNPS, PNSAN) pela abordagem WPR, que desnaturaliza problemas públicos através de seis questões analíticas. Articulou-se com o referencial da Cultura Alimentar para compreender as dimensões simbólicas e sociais da alimentação. Os dados foram categorizados tematicamente, destacando representações, contradições e omissões.
Resultados
As políticas compartilham a visão da alimentação inadequada como problema, mas divergem em causas e soluções: a PNPS enfatiza comportamentos individuais, enquanto a PNSAN aborda determinantes estruturais. Identificou-se:1) Efeitos políticos: Reducionismo biomédico e descontextualização das práticas educativas; 2) Silêncios: Crítica à indústria alimentícia, condições socioeconômicas e interseccionalidade; 3) Avanços: Valorização da cultura alimentar no PNAE e do direito humano à alimentação na PNAN.
Conclusões/Considerações
As políticas analisadas apresentam limitações ao negligenciar determinantes estruturais e interseccionalidade. Recomenda-se: 1) Integrar cultura alimentar, justiça social e abordagem interseccional; 2) Fortalecer a intersetorialidade com ações concretas; 3) Promover participação social na construção das políticas. A EAN como prática emancipatória exige ruptura com modelos normativos e atenção às desigualdades.
DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO E DESNUTRIÇÃO INFANTIL: INTERRELAÇÕES ENTRE POBREZA EXTREMA, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Pôster Eletrônico
1 Ministério da Saúde
2 Fiocruz Brasilia
Apresentação/Introdução
O artigo discute o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) frente à desnutrição infantil e à pobreza extrema no Brasil. A partir da teoria de Amartya Sen, reflete-se sobre a importância das liberdades e capacidades humanas como base do desenvolvimento, correlacionando saúde, alimentação e justiça social.
Objetivos
Relacionar as condições de pobreza, fome e desnutrição infantil à promoção da alimentação saudável e ao desenvolvimento humano, à luz da obra “Desenvolvimento como Liberdade”, de Amartya Sen.
Metodologia
Foi realizada uma revisão opinativa de literatura, com base em artigos científicos, livros e relatórios institucionais, além da análise crítica da obra “Desenvolvimento como Liberdade”, de Amartya Sen. A abordagem fundamenta-se na interrelação entre os determinantes sociais da saúde, segurança alimentar e as políticas públicas. Considera-se também o arcabouço legal brasileiro e compromissos internacionais como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que norteiam a análise das condições socioeconômicas ligadas à desnutrição infantil.
Resultados
A desnutrição infantil é marcada por determinantes sociais como renda, saneamento e educação, sendo agravada pela extrema pobreza. O DHAA, incorporado à Constituição brasileira, surge como ferramenta essencial na promoção da saúde. Políticas como o Bolsa Família e a Estratégia Saúde da Família contribuíram para a redução da mortalidade infantil. Contudo, políticas de austeridade têm revertido avanços recentes, demonstrando que o desenvolvimento humano sustentável exige ações intersetoriais e contínuas.
Conclusões/Considerações
A superação da desnutrição infantil depende da promoção do DHAA, articulado com políticas públicas que garantam saúde, renda, saneamento e educação. A pobreza deve ser compreendida como privação de capacidades, exigindo um modelo de desenvolvimento centrado no bem-estar humano. O fortalecimento de políticas integradas é essencial para reduzir desigualdades e garantir dignidade às futuras gerações.
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E DE INSEGURANÇA ALIMENTAR DE PESSOAS TRANSGÊNERO DO RIO DE JANEIRO: RESULTADOS PRELIMINARES
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UNI
3 UFF
4 UERJ
Apresentação/Introdução
A população transgênero no Brasil enfrenta múltiplas formas de violência e exclusão social no cotidiano, que repercutem diretamente no acesso à renda, escolaridade, emprego e saúde. Consequentemente, possuem maiores chances de terem piores indicadores sociais, como altas prevalências de Insegurança Alimentar (IA).
Objetivos
Descrever de forma preliminar, o perfil socioeconômico e demográfico e a prevalência de IA em pessoas transgênero assistidas em um ambulatório habilitado pelo Ministério da Saúde para o Processo Transexualizador do SUS no Estado do Rio de Janeiro.
Metodologia
Estudo transversal, desenvolvido com a população de pessoas transgênero com idade igual ou superior a 18 anos que possuem cadastro ativo no sistema do ambulatório. Foram realizadas entrevistas face-a-face entre novembro de 2024 e maio de 2025, um questionário semi-estruturado que faz parte de um projeto maior aprovado no CEP/CONEP (CAAE: 62658622.5.0000.5259, Parecer: 5.790.608). Para este estudo, foram selecionados os blocos sobre o perfil socioeconômico e demográfico e a IA, aferida pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A IA foi classificada em leve, moderada e grave (analisadas juntas). Intervalos de confiança 95% analisadas no STATA 16.
Resultados
Dentre as 91 pessoas avaliadas até o momento, a média de idade foi de 28,6 anos. A maioria era mulheres trans (42,8%), de raça/cor preta e parda (49,4%), com ensino médio completo 74,3% (IC 95% 65,2; 91,2). A maioria possuía casa própria (48,3%), e vivia com uma renda mensal entre 2-3 salários mínimos 48,3% (IC 95% 38,1; 58,6). Dentre aqueles que possuíam atividade remunerada 71,4% (IC 95% 61,1;79,8), o vínculo mais frequente foi com o setor privado - com ou sem carteira assinada 52,3% (IC 95%: 40,0%–64,3%). Em relação à IA, 52,7% viviam em algum grau de IA, sendo 36,2% correspondente à IA leve e 16,4% em IA moderada/ grave.
Conclusões/Considerações
A prevalência de IA foi elevada, considerando que essa população enfrenta cotidianamente múltiplas violações de direitos que impactam também no direito humano à alimentação. A renda e o trabalho formal mostraram-se insuficientes, destacando a necessidade de políticas públicas intersetoriais para promover equidade, inclusão e segurança alimentar.
DESENVOLVIMENTO DE MODELO VISUAL DE UM PRATO BASEADO NO PADRÃO ALIMENTAR DA POPULAÇÃO BRASILEIRA PARA APOIAR A ORIENTAÇÃO ALIMENTAR NA PRÁTICA CLÍNICA
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
O Guia Alimentar para a População Brasileira orienta que a base da alimentação seja composta por alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias tradicionais, como arroz e feijão. Contudo, há uma lacuna de modelos visuais que representem a distribuição dos grupos alimentares no prato segundo esse padrão, limitando sua utilização como orientação alimentar na prática clínica.
Objetivos
Desenvolver um modelo visual que represente a distribuição dos grupos alimentares no prato como ferramenta de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), para apoiar a orientação alimentar na prática clínica segundo o padrão alimentar brasileiro.
Metodologia
Utilizou-se dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, através de um recordatório 24 horas. A amostra incluiu indivíduos com 10 anos de idade ou mais que apresentaram o padrão alimentar mais saudável da população, segundo o BraScore, definido por menor participação de ultraprocessados na dieta e maior consumo de alimentos in natura. Foram calculadas as médias em gramas absolutas dos alimentos consumidos no almoço, divididos segundo os grupos alimentares do Guia Alimentar. Com base nas proporções médias obtidas, foi desenvolvido um modelo visual com a distribuição dos grupos no prato, para auxiliar a população na escolha de alimentos na composição de uma refeição principal.
Resultados
O modelo visual desenvolvido resultou na seguinte composição média para o prato: feijão (251,3 g), arroz (155,4 g), carnes (50,9 g) e hortaliças (62,2 g), incluindo verduras, legumes cozidos e saladas cruas. Alimentos como arroz e feijão, que compõem a base da alimentação brasileira, têm destaque na composição do prato, refletindo um padrão alimentar tradicional e culturalmente valorizado. A presença de diferentes grupos está em consonância com as recomendações do Guia Alimentar. A proporção visual proposta visa orientar, de forma prática, a seleção e proporção de alimentos na montagem do prato, sendo útil como ferramenta de EAN em ações de orientação alimentar em contexto clínico.
Conclusões/Considerações
O modelo visual desenvolvido apresenta consonância com as práticas alimentares da população brasileira, valorizando alimentos tradicionais e o padrão alimentar do país, também preconizado pelo Guia Alimentar. Trata-se de uma ferramenta de EAN que auxilia na visualização da montagem do prato, com potencial de uso em serviços públicos de saúde para apoiar a orientação alimentar na prática clínica para promoção da alimentação adequada e saudável.
CLASSIFICAÇÃO DA MASSA MAGRA E PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL EM ADOLESCENTES DE UMA COORTE BRASILEIRA: UMA ABORDAGEM COM APRENDIZADO DE MÁQUINA
Pôster Eletrônico
1 UFAL
2 UFMA
Apresentação/Introdução
A técnica de absorciometria de dupla energia (DEXA) é considerada como padrão-ouro para avaliar massa magra (MM) e o Bod Pod, para gordura corpórea (GC), porém, com alto custo e difícil acesso. Logo, métodos de inteligência artificial podem ser utilizados para triagem do risco de obesidade e sarcopenia, utilizando variáveis de fácil aferição e baixo custo.
Objetivos
Desenvolver algoritmo de classificação para triar pacientes em risco de sarcopenia e obesidade através de métodos de aprendizado de máquina.
Metodologia
Estudo transversal aninhado à coorte com 1.857 adolescentes para distinguir pacientes com ou sem risco de sarcopenia e obesidade. A sarcopenia foi classificada como abaixo de -1 desvio-padrão do índice MFR, Mass Fat-free Ratio, para homens e mulheres. Obesidade foi estimada pelo Bod Pod como gorgura corporal≥20,1% para o sexo masculino e ≥25,1% para o feminino, de acordo com a equação de Siri. Vários algoritmos foram testados: Support Vector Machine (SVM), Decision Tree (TREEDT), K-Nearest Neighbors (KNN) e Extreme Gradient Boosting (XGBoost). Diferentes métricas foram utilizadas para avaliação do poder de predição dos modelos: acurácia, sensibilidade, especificidade, área sob Curva ROC.
Resultados
O algoritmo XGBoost teve melhor desempenho no conjunto de dados de teste tanto para classificação do risco de sarcopenia (acurácia=82%, sensibilidade=90%, especificidade=75%, AUC-ROC=0,92, precisão>0,81 e Recall>0,75), quanto do percentual de gordura elevado (acurácia=89%, sensibilidade=92%, especificidade=85%, AUC-ROC=0,97, precisão>0,88 e Recall>0,85). As cinco variáveis preditoras mais importantes para ambos os outputs foram: sexo, circunferência da cintura, altura, massa corporal (peso) e condições socioeconômicas.
Conclusões/Considerações
Os algoritmos de aprendizado de máquina podem classificar de forma independente o risco de sarcopenia e gordura corporal elevada com um bom desempenho e utilizando variáveis de baixo custo e fácil acesso, o que facilitaria a implementação dos modelos nos sistemas de saúde e em áreas remotas sem acesso a tecnologias sofisticadas, situação comum em países em desenvolvimento, como o Brasil.
PRISÕES QUE ADOECEM: INEQUIDADES EM SAÚDE NO REGIME DE EXCEÇÃO EM EL SALVADOR
Pôster Eletrônico
1 Discente doutorando Universidade Federal do Ceará, UFC
2 Docente Programa de Saúde Pública Universidade Federal do Ceará, UFC.
Apresentação/Introdução
Ausência de protocolos de saúde, negação de atendimento médico, a precariedade das condições de detenção contribuiu a disseminação de doenças infecciosas como tuberculose, sarna e ITS. A tuberculose com prevalência até 26 vezes maior que na população livre. A violência institucional também atinge mulheres, relatos documentam a negligência com gestantes encarceradas e abusos sexuais em troca de medicamentos.
Objetivos
O presente estudo analisa o impacto desigual do regime de exceção vigente em El Salvador desde março de 2022 sobre a saúde de populações privadas de liberdade, evidenciando como políticas punitivas massivas aprofundam as desigualdades sociais e sanitárias.
Metodologia
A partir de uma abordagem reflexiva, qualitativa e crítica, com base em fontes de organizações como Cristosal, Human Rights Watch e CIDH, além de relatos jornalísticos e dados oficiais o trabalho revela que a aplicação de um modelo penal centrado na repressão, super encarceramento e suspensão de garantias legais têm repercussões sanitárias devastadoras, particularmente entre grupos vulnerabilizados como jovens de baixa renda, mulheres grávidas, pessoas com doenças crônicas e indivíduos vivendo com HIV.
Resultados
Essas práticas desumanizam, amplificam as desigualdades sociais em saúde. A ausência de políticas preventivas, o apagamento estatístico e a opacidade institucional impedem respostas sanitárias efetivas, impactando comunidades externas ao liberar indivíduos sem diagnóstico ou tratamento adequado, o que ameaça a saúde pública coletiva. As desigualdades em saúde reveladas neste estudo não são incidentais, mas estruturais. São resultado direto de uma política de segurança que privilegia o castigo à custa da dignidade humana. A necropolítica carcerária em curso transforma desigualdades pré existentes em determinantes centrais da morte evitável em contextos de privação de liberdade.
Conclusões/Considerações
Propomos como caminhos para a equidade: a implementação urgente de protocolos de saúde nas prisões, diagnóstico ativo de doenças transmissíveis, acesso universal a medicamentos e cuidados reprodutivos, além da redução do encarceramento de pessoas em situação de vulnerabilidade. O investimento em políticas sociais, em vez de políticas de repressão, é condição indispensável para romper com os ciclos de exclusão e produzir justiça em saúde.
DESIGUALDADES ESPACIAIS NO AMBIENTE ALIMENTAR DE VAREJO EM CURITIBA, PARANÁ: UMA ANÁLISE ECOLÓGICA ENTRE 2014 E 2022
Pôster Eletrônico
1 UFPR
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar de varejo refere-se aos locais onde os indivíduos interagem com o sistema alimentar para realizar a aquisição dos alimentos. Esse ambiente pode influenciar os padrões alimentares e os desfechos em saúde, representando barreiras ou oportunidades para o acesso aos alimentos saudáveis.
Objetivos
Avaliar mudanças temporais na distribuição dos estabelecimentos varejistas de alimentos saudáveis, mistos e não saudáveis entre 2014 e 2022, examinando desigualdades socioeconômicas na configuração do ambiente alimentar.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, baseado em dados secundários de Curitiba, Paraná. Os estabelecimentos que comercializam alimentos no varejo foram identificados por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Dados do Censo Demográfico de 2010 foram utilizados para caracterizar os bairros de Curitiba, segundo a proporção de domicílios com renda per capita de até 1 salário mínimo. Para analisar as tendências temporais dos estabelecimentos e as desigualdades socioeconômicas foram utilizados modelos mistos de regressão binomial negativa. Além disso, mapas temáticos foram elaborados para representar a distribuição espacial da taxa de estabelecimentos por 1.000 domicílios.
Resultados
Entre 2014 e 2022, os estabelecimentos não saudáveis apresentaram as maiores proporções (>53%) e o maior crescimento absoluto no período (3,6 p.p.), destacando-se os varejistas de bebidas, lojas de conveniência e farmácias. Observou-se uma estabilidade na proporção de estabelecimentos saudáveis, como hortifrutis, açougues e peixarias, e redução dos mistos, especialmente minimercados, mercearias e armazéns. A análise espacial evidenciou maior concentração de estabelecimentos saudáveis (RR: 4,53; IC95%: 2,38 – 8,60) e não saudáveis (RR: 4,67; IC95%: 2,62 – 8,34) em bairros de alta renda, predominantemente localizados na região central da cidade.
Conclusões/Considerações
As mudanças no ambiente alimentar de varejo foram desfavoráveis ao acesso a alimentos saudáveis, especialmente em áreas periféricas e de baixa renda. Os achados evidenciam como as desigualdades socioeconômicas moldam a configuração do ambiente alimentar. Nesse sentido, políticas públicas de segurança alimentar e nutricional são necessárias para promover ambientes alimentares mais saudáveis, equitativos e promotores de saúde.
A EXPERIÊNCIA DE MULHERES COM A AMAMENTAÇÃO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: APOIO, SABERES E PRÁTICAS
Pôster Eletrônico
1 Unoeste
2 Unesp
Apresentação/Introdução
A pandemia da Covid-19 e o isolamento social fragilizaram o apoio de familiares e profissionais de saúde, estes indicados como uma das causas do desmame. Tal período foi marcado, desde o início, pela incerteza quanto a amamentação e após sua liberação, por prescrições higiênicas. As redes sociais foram buscadas como uma alternativa de apoio e informações, frente a dúvidas e dificuldades.
Objetivos
Compreender o impacto da pandemia de Covid-19 sobre o apoio buscado e recebido, os saberes mobilizados e as práticas adotadas por mães que amamentaram neste período.
Metodologia
Para tanto, realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa com sete mulheres (com idades entre 29 e 41 anos e nível superior), que viviam em cidade do interior do estado de São Paulo, que estavam amamentando no momento da pandemia e das entrevistas, realizadas pela primeira autora. Estas mães foram localizadas mediante a técnica de bola de neve e as entrevistadas foram orientadas por roteiro semiestruturado que abordou: a descoberta, a experiência e os desafios da gestação e da amamentação; os apoios recebidos e os obstáculos experimentados e os saberes mobilizados nesta prática. Todas as entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise temática de conteúdo convencional.
Resultados
Da análise realizada foram reconhecidas oito temáticas, dentre as quais destacamos: a dificuldade de escuta, apoio e orientação adequada pelos profissionais de saúde, do parto aos primeiros meses de amamentação; o desafio do apoio familiar, dados os conflitos inerentes a vivência, e a percepção de sua necessidade neste momento; as orientações dos profissionais, familiares e amigos feitas à distância por mensagens e/ou videochamadas foram essenciais, mas não efetivas em casos mais sérios (frênulo lingual), só resolvidos com muita pesquisa nas redes sociais, em busca de “evidências científicas” e especialistas “confiáveis” (pediatras, consultores de amamentação) que fizessem o diagnóstico.
Conclusões/Considerações
Um dos limites deste estudo foi o acesso apenas a mulheres com ensino superior completo, dado que a pesquisadora, também em aleitamento à época, buscou as interlocutoras deste estudo em sua própria rede social. Embora as mulheres reconheçam que o uso intensivo das tecnologias de comunicação foi importante recurso na busca de apoio e orientação, a percepção é a de que a pandemia ampliou os obstáculos e dificuldades à amamentação.
GUIAS ALIMENTARES PARA LACTENTES NA AMÉRICA LATINA E CARIBE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 PUCPR
2
Apresentação/Introdução
Os Guias Alimentares Baseados em Alimentos (GABAs) são ferramentas de promoção de hábitos saudáveis de alimentação, com potencial de impactos positivos na saúde humana e ambiental e exercício da cidadania. Para população de crianças menores de dois anos na América Latina e Caribe (ALC), há carência de revisões destes GABAs analisando seu impacto na qualidade da instrução dos seus cuidadores.
Objetivos
Avaliar a estrutura e as recomendações-chave dos guias alimentares para população lactente, disponíveis para o público na América Latina e Caribe até o primeiro semestre do ano de 2023.
Metodologia
Esta pesquisa é uma revisão sistemática de GABAs para população menor de dois anos, nos países da ALC, com protocolo registrado sob código CRD42023421883. Foram incluídos os Guias destinados a cuidadores dos lactentes lançados até o primeiro semestre de 2023 nos sites governamentais dos países da ALC e portal da FAO. Após exclusão dos documentos voltados aos profissionais de saúde, 13 guias foram incluídos. Para análise da qualidade de estrutura e diretrizes, foi utilizada a ferramenta de análise de guidelines Agree II em percentagens de adequações e o documento de princípios guia da Food and Agriculture Organization (FAO) para desenvolvimento de padrões alimentares saudáveis e sustentáveis.
Resultados
Dos 32 países da América Latina e Caribe 13 possuíam Guias Alimentares para População Menor de 2 anos disponíveis em sites para acesso. Foi observado que os GABAs lançados e revisados mais recentemente e com mais quantidade de páginas obtiveram melhor pontuação em ambas as avaliações, além de contemplarem mais recomendações voltadas para sustentabilidade. Dentre as diretrizes regionais apresentadas pelos GABAs, destacaram-se as orientações que abordavam a restrição de propagandas de alimentos ao público infantil, comensalidade e apoio de estratégias intersetoriais.Como limitação, este estudo apresentou dificuldades na padronização de buscas/navegação nos sites governamentais.
Conclusões/Considerações
Esta pesquisa enfatiza a demanda de elaboração dos GABAS para a população lactente, que estejam alinhados às necessidades atuais de saúde e sustentabilidade, e promova a educação em saúde da população.
PARTICIPAÇÃO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO CAFÉ DA MANHÃ DE ADULTOS BRASILEIROS: UM RECORTE SOBRE SEXO E RAÇA
Pôster Eletrônico
1 UFF
2 UERJ
Apresentação/Introdução
A participação dos alimentos ultraprocessados (AUP) no café da manhã é mais elevada do que no almoço e no jantar. Há evidências de que o consumo desses produtos estão ligados a agravos à saúde, e políticas públicas são necessárias para redução do consumo desses produtos.
Objetivos
Analisar a participação de alimentos ultraprocessados no café da manhã de adultos brasileiros, segundo sexo e raça/cor, verificando se e como essas variáveis influenciam o consumo desse tipo de alimento.
Metodologia
Foram analisados dados de 28.901 adultos (19-59 anos, excluídas gestantes e lactantes) da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017/2018. Utilizaram-se dois recordatórios de 24h (R24h), com classificação dos itens alimentares segundo a NOVA. Estimou-se, por indivíduo, a média calórica total e a participação percentual de AUP no café da manhã. Considerou-se que não realizaram o café da manhã aqueles indivíduos com consumo médio calórico nulo. Verificou-se essa participação (média e intervalo de 95%) segundo sexo (homem/mulher) e raça/cor (Branca; Preta/Parda; Amarela/Indígena/Sem declaração). As análises, consideraram a complexidade amostral e foram realizadas com o pacote survey no R (versão 4.4.3).
Resultados
A prevalência de não consumo de café da manhã foi de 4,6% [4,1; 5,2]. Dos 95,4% adultos que realizaram o café da manhã, observou-se que a participação de AUP foi de 34,3% [33,6; 35,0]. O consumo de AUP foi similar entre as raças/cor de pele, entretanto, as mulheres (33,3%[32,5; 34,2] apresentaram uma participação de AUP no café da manhã inferior aos homens (35,3[34,3; 36,2]).
Conclusões/Considerações
Os resultados não sugerem uma interseccionalidade entre raça e sexo para o consumo de AUP no café damanhã de adultos brasileiros, entretanto observa-se que a participação de AUP para mulheres foi melhor do que dos homens.
ASSOCIAÇÃO ENTRE INSEGURANÇA ALIMENTAR E RISCO DE DOENÇAS CARDIOMETABÓLICAS: ESTUDO BRAZUCA-COVID 2023-2024
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Saúde Pública, São Paulo, Brasil
Apresentação/Introdução
A Insegurança Alimentar (IA) agravou-se durante a pandemia de COVID-19, com potenciais impactos na saúde cardiometabólica. Este estudo analisa a associação entre IA, obtida pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e doenças cardiometabólicas (diabetes, hipertensão e obesidade), utilizando dados socioeconômicos e de saúde em universitários brasileiros em 2023-2024.
Objetivos
Investigar a associação entre IA e risco de doenças cardiometabólicas em adultos da faixa etária ≥18 anos, considerando variáveis sociodemográficas e de saúde.
Metodologia
Estudo recorte do BRAZUCA-COVID com graduandos da Universidade de São Paulo (USP) (n=1.108) que avaliou IA (classificada como leve/moderada/grave pela EBIA), estado nutricional (Índice de Massa Corporal -IMC/OMS), sono (Pittsburgh adaptado) e comorbidades autorrelatadas. Foram aplicadas análise de associações entre IA e desfechos cardiometabólicos, além de quatro modelos de regressão logística no Stata 15.1, ajustados progressivamente para: (1) sociodemográficos (sexo, idade, estado civil, raça); (2) qualidade do sono (escores ≥5=mau sono); (3) IMC; (4) mudança de peso ("aumento", "estável", "redução").
Resultados
Predomínio de homens cis (56,05%). A prevalência de segurança alimentar foi de 61,19%, seguido de 13,18% em IA leve e 6,86%, IA grave. A IA associou-se a raça/cor (χ²=51,08; p<0,001), sono (χ²=58,57; p<0,001), mudança de peso (χ²=23,33; p=0,001) e comorbidades (χ²=22,32;p=0,001). A IA grave aumentou o risco de comorbidades(OR=2,16; IC95%:1,22–3,84; p=0,009). Mulheres cis tiveram menor risco (OR=0,66; IC95%:0,46–0,95; p=0,024). A obesidade foi o maior fator de risco (OR=6,12; IC95%:2,43–15,41; p<0,001), e o ganho de peso aumentou o risco em 3,1x (OR=3,12; IC95%:1,79–5,43; p<0,001). Sono e IMC mediram parcialmente o efeito da IA. As limitações incluem viés de autorrelato e desenho transversal.
Conclusões/Considerações
Este estudo sugere que a IA grave e a obesidade estão associadas à promoção de doenças cardiometabólicas, enquanto o sono adequado e o gênero feminino parecem protetores. O ganho de peso recente potencializou o risco, destacando a necessidade de intervenções direcionadas a programas de acesso a alimentos e monitoramento do peso para grupos em IA, além da promoção da higiene do sono como estratégia complementar.
DESIGUALDADES NO AMBIENTE ALIMENTAR: ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DE DESERTOS E PÂNTANOS ALIMENTARES SEGUNDO RAÇA/COR E ÍNDICE BRASILEIRO DE PRIVAÇÃO EM FORTALEZA (2019)
Pôster Eletrônico
1 UFC
2 Prefeitura Municipal de Ubá
3 UFMG
Apresentação/Introdução
Desertos e pântanos alimentares são fenômenos que indicam disparidades na disponibilidade de alimentos, refletindo e aprofundando desigualdades raciais e sociais, concentrando-se em territórios com altos índices de privação. Evidências apontam maior exposição de populações negras e periféricas a ambientes alimentares não saudáveis, mas ainda há lacunas sobre esses padrões no contexto brasileiro.
Objetivos
Analisar a prevalência de desertos e pântanos alimentares em Fortaleza (CE) no ano de 2019, de acordo com as categorias do Índice Brasileiro de Privação (IBP) e a raça/cor da população.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico que utilizou setores censitários (SCens) como unidade de análise. Foram analisados dados secundários referentes ao ambiente alimentar no ano de 2019, permitindo classificar os setores em desertos e/ou pântanos alimentares. O Índice Brasileiro de Privação (IBP), indicador que mensura a privação socioeconômica, foi avaliado em quartis. Além disso, foi avaliada a raça/cor em branco, pardo e preto. Testes de associação (Teste t e Qui-quadrado de Pearson) foram utilizados para avaliar diferenças na prevalência de desertos e pântanos alimentares segundo IBP e raça/cor, adotando significância de 5%.
Resultados
A prevalência de desertos alimentares foi de 36,08% (n=1.085), e de pântanos, 29,73% (n=894). Setores censitários de menor renda, ou seja, do 4º quartil do IBP, que representam maior privação, apresentaram maior prevalência de desertos (31,24%; n=339) e menor de pântanos alimentares (17,56%; n=157). Para raça/cor, a média do número de indivíduos brancos foi maior em setores sem desertos (266,23; DP=3,34) e sem pântanos (243,36; DP=3,24), com p<0,001. Já para pretos e pardos, as diferenças não foram estatisticamente significativas, indicando distribuição mais homogênea entre setores com e sem desertos ou pântanos.
Conclusões/Considerações
Os achados revelam que desigualdades socioeconômicas e raciais moldam o ambiente alimentar. Isso reforça a necessidade de políticas públicas que promovam a equidade, com foco na regulação da oferta alimentar, no incentivo a estabelecimentos com alimentos saudáveis em territórios vulneráveis e no enfrentamento das desigualdades socioespaciais e raciais.
DESIGUALDADES RACIAIS E DE RENDA NOS DESERTOS ALIMENTARES NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
No município do Rio de Janeiro, a distribuição territorial evidencia a exclusão de populações autodeclaradas pretas e pardas, configurando desigualdades raciais históricas. Estudos apontam que os desertos alimentares, áreas com baixa oferta de alimentos saudáveis, se concentram em territórios segregados racial e economicamente, marcando o racismo estrutural no acesso à alimentação adequada.
Objetivos
Estimar a prevalência de desertos alimentares nos 164 bairros do município do Rio de Janeiro, segundo a composição racial da população e a renda domiciliar per capita.
Metodologia
Estudo ecológico avaliou 20.463 estabelecimentos que ofertam alimentos (Sistema da Vigilância Sanitária‐Rio de Janeiro, 2023 e Equipamentos Públicos de Segurança Alimentar e Nutricional- Rio de Janeiro, 2024), classificados de acordo com o Guia Alimentar Brasileiro. Bairros com densidade de oferta saudável ≤ 0,63/1000 hab. (25.º percentil) foram definidos como desertos alimentares. A raça/cor da pele (autodeclarada: branca, preta, parda, amarela, indígena) e renda domiciliar per capita (estratificada em quartis) dos bairros foram obtidos do Censo 2010. Diferenças testadas por qui-quadrado (p<0,05) no STATA 16. Dispensou submissão ao Comitê de Ética.
Resultados
Dos bairros analisados, 40 (24,4%) foram classificados como desertos alimentares. A prevalência foi maior em bairros com maioria da população negra (62,2%) do que nos de maioria branca (10,6%) (p<0,001). Destacam-se a Zona Norte (28 bairros, 70%), a Zona Oeste (8 bairros, 20%) e a Zona Central/Portuária (2 bairros, 5%). Na Zona Sul e na Barra/Jacarepaguá respectivamente, o padrão restringiu-se às favelas Rocinha e Cidade de Deus (5%). A prevalência de desertos alimentares concentrou-se nos bairros pertencentes ao 1º quartil de renda per capita (60,0%), reduzindo para 20,0% nos quartis intermediários e sendo inexistente nos bairros localizados no quartil de maior renda (p<0,001).
Conclusões/Considerações
A associação entre raça/cor, renda e desertos alimentares no Rio de Janeiro aponta o efeito do racismo estrutural na organização do espaço urbano e dos sistemas alimentares. A escassez de estabelecimentos saudáveis em bairros com maioria preta ou parda e pobre compromete o Direito Humano à Alimentação Adequada e saudável e reforça a necessidade de políticas públicas intersetoriais com enfoque na equidade alimentar e mitigação das iniquidades sociais.
PESO AO NASCER E IMC PRÉ-GESTACIONAL EM GESTANTES ACOMPANHADAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 UFJ
Apresentação/Introdução
O peso ao nascer é um importante marcador de saúde neonatal e pode ser influenciado pelo estado nutricional materno anterior à gestação. O Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional é uma medida indireta deste estado, com potencial impacto no crescimento fetal e nos desfechos perinatais, o que constitui um desafio na atenção pré-natal.
Objetivos
Analisar a associação entre o peso ao nascer e IMC pré-gestacional em gestantes acompanhadas pela Atenção Primária à Saúde em uma capital brasileira.
Metodologia
Estudo de coorte com gestantes acompanhadas em Unidades Básicas de Saúde de Goiânia, Goiás, entre 2021 e 2024. O IMC pré-gestacional foi calculado com base em peso e altura autorreferidos e classificado segundo a OMS: baixo peso, eutrofia, sobrepeso e obesidade. O peso ao nascer foi informado pelas mães e categorizado em baixo peso (<2.500 g), adequado (2.500–3.999 g) e macrossomia (≥4.000 g). Outras variáveis incluíram idade (≤34 ou ≥35 anos), escolaridade (fundamental incompleto a superior completo), renda familiar (quartis) e trabalho remunerado. A análise estatística utilizou o teste exato de Fisher e regressão linear múltipla ajustada para idade gestacional, com significância de 5%.
Resultados
A amostra foi composta por 87 gestantes, e a maioria tinha entre 20 e 34 anos (n = 61; 70,1%) e ensino médio completo (n = 59; 67,8%). Quanto ao estado nutricional pré-gestacional, 42,5% estavam eutróficas (n = 37), 32,2% com sobrepeso (n = 28), 17,2% com obesidade (n = 15) e 8,0% com baixo peso (n = 7). Pouco mais da metade da amostra (52,9%) não trabalhava (n = 46), e a distribuição da renda familiar foi equilibrada entre os três primeiros quartis (n = 20 cada; 25,3%). Não se observou associação estatisticamente significativa entre o IMC pré-gestacional e o peso ao nascer (p = 0,439), indicando que, nesta amostra, o estado nutricional anterior à gestação não influenciou o peso dos bebês.
Conclusões/Considerações
Apesar da predominância de excesso de peso pré-gestacional, não foi encontrada associação significativa com o peso ao nascer. Os achados reforçam a complexidade multifatorial do crescimento fetal e sugerem que, isoladamente, o IMC pré-gestacional pode não ser um preditor suficiente de desfechos neonatais. Ressalta-se a importância do monitoramento nutricional e da abordagem integral no cuidado pré-natal, sobretudo na Atenção Primária à Saúde.
ASSOCIAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE ACORDO COM AGREGAÇÃO FAMILIAR
Pôster Eletrônico
1 Uff
Apresentação/Introdução
Introdução: A segurança alimentar e nutricional é o acesso à qualidade e quantidade de alimentos ao longo do tempo, sem que isso prejudique outros direitos, como lazer, saúde, educação e outros. Por outro lado, a insegurança afeta especialmente famílias negras, chefiadas por mulheres e em situação de pobreza.
Objetivos
Objetivo: Verificar a relação do consumo de alimentos ultraprocessados com a insegurança alimentar e nutricional nos domicílios brasileiros de acordo com a tipologia familiar.
Metodologia
Metodologia: Dados de 46.164 respondentes do Inquérito Nacional de Alimentação (INA) de 2017-2018, módulo da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Foram calculadas as participações calóricas de consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) em relação à composição familiar (famílias com adultos sem crianças, famílias com adultos e com crianças e com idosos com ou sem crianças) e classificação de segurança alimentar dos domicílios (segurança, insegurança leve, insegurança moderada e insegurança grave). A análise estatística dos dados foi realizada no R4.4.3, considerando a complexidade da amostra.
Resultados
Resultados:A participação de AUP no consumo calórico diário em pessoas de domicílios com adultos sem crianças e em segurança alimentar foi de 16,6%[16,0; 17,3], e essa participação decresce à medida que a gravidade da insegurança alimentar piora, chegando a 13,3%[11,3; 15,2] em insegurança grave. Esse decréscimo ao longo do aumento da gravidade da insegurança alimentar ocorre para os três tipos de composição familiar, e em famílias com idosos, os níveis de participação de AUP são menores, variando de 13,2%[12,6; 13,8] a 10,3[8,7; 11,9].
Conclusões/Considerações
Conclusão: A participação de AUP diminui à medida que a gravidade de insegurança avança nas três tipologias familiares. Além disso, a presença de idoso no domicílio associa-se a menores níveis de consumo de AUP.
ASSOCIAÇÃO DA INTERSECÇÃO ENTRE REGIÃO E TIPO DE ESCOLA COM O CONSUMO DE DOCES, GULOSEIMAS E REFRIGERANTES POR ADOLESCENTES BRASILEIROS
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
O elevado consumo de ultraprocessados entre adolescentes brasileiros é uma preocupação de saúde pública, com estudos apontando maior prevalência desse consumo entre estudantes da rede privada. Em 2019, mais de 80% dos escolares relataram ingestão desses produtos. No entanto, há lacunas sobre como esse padrão se associa segundo a intersecção entre regiões e tipo de escola.
Objetivos
Analisar a associação entre o consumo de doce/guloseimas e refrigerantes por adolescentes brasileiros e a intersecção entre a região do país e o tipo de escola (pública ou privada).
Metodologia
Dados provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) envolvendo 165,838 estudantes. Estimaram-se prevalências (%) e modelos de regressão multinomial brutos e ajustados por sexo, raça, faixa etária e escolaridade para estimar odds ratio (OR) e intervalos de confiança (IC95%). A variável de exposição foi construída a partir da intersecção entre região geográfica e tipo de escola. As variáveis de desfecho foram categorizadas quanto à frequência de consumo semanal de doces/guloseimas e refrigerantes (não consumiu, baixo consumo e consumo frequente). As análises foram realizadas utilizando R (versão 4.4.1), com pacote “survey”.
Resultados
Nas análises ajustadas, estudantes da rede privada da Região Sudeste apresentaram maior consumo de refrigerantes quando comparados a seus pares de escolas públicas das regiões Norte e Nordeste, bem como aos da rede privada das regiões Norte, Nordeste e Sul. Por outro lado, adolescentes de escolas públicas das regiões Centro-Oeste (OR:1,48) e Sudeste (OR:1,32) apresentaram maiores chances de consumo frequente de refrigerantes em relação àqueles da rede privada do Sudeste. Para doces/guloseimas apenas estudantes da rede privada na região Sul demonstraram maior chance de consumo frequente (OR:1,25; IC95%:1,06–1,48), em relação à categoria de referência.
Conclusões/Considerações
As evidências apontam pelo consumo desigual entre as regiões e dentro das regiões a depender da origem escolar. Os achados podem subsidiar informações para políticas intersetoriais que levem em consideração a região e as particularidades do ambiente o qual esses adolescentes estão inseridos.
PERFIL ALIMENTAR DE ADULTOS: ANÁLISE DO CONSUMO CALÓRICO E A PREVALÊNCIA DE ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS
Pôster Eletrônico
1 UNIFOR/FIOCRUZ
2 UNIFOR
3 UECE/FIOCRUZ
4 UECE
5 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
O alto consumo de produtos ultraprocessados é preocupante, pois está positivamente associado à incidência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Estudos de meta-análise constataram que o consumo desses alimentos aumenta o risco de sobrepeso, obesidade, síndrome metabólica, dislipidemia, doenças cardiovasculares e taxa de mortalidade por todas as causas.
Objetivos
Avaliar a qualidade da alimentação de indivíduos com base na contribuição calórica de alimentos in natura, processados e ultraprocessados, visando identificar riscos e subsidiar ações de promoção da saúde.
Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo, de caráter transversal, realizado com 79 trabalhadores (servidores públicos, terceirizados e bolsistas) e alunos da unidade da Fiocruz, Ceará. Para a coleta dos dados referentes ao consumo alimentar, a ferramenta utilizada foi o questionário de frequência alimentar (QFA-NOVA) proposto pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde - Nupens e validado por Souza; Silva e Louzada (2023), no qual a classificação dos alimentos ultraprocessados foi realizada segundo a NOVA com base na extensão e finalidade do processamento de alimentos aplicados. Os dados foram organizados em planilhas do Excel® e foi realizado cálculo de média de consumo.
Resultados
Das 79 pessoas avaliadas, 69,6% eram do sexo feminino (n=55). O consumo total médio foi de 1689,01 Kcal, sendo que 883,39 Kcal vieram de alimentos in natura e minimamente processados, o que é positivo, pois esses alimentos estão associados a uma dieta mais saudável. No entanto, 613,66 Kcal foram provenientes de alimentos processados e ultraprocessados, incluindo 190,95 Kcal de ingredientes culinários processados, 238,89 Kcal de alimentos processados e 374,77 Kcal de ultraprocessados, o que é preocupante devido aos riscos à saúde associados a esses produtos, revelando um perfil alimentar que merece atenção.
Conclusões/Considerações
É essencial promover uma maior conscientização sobre a importância de uma alimentação equilibrada, que priorize alimentos in natura e minimamente processados e oriente a redução do consumo de alimentos ultraprocessados, devendo ser uma meta a ser seguida pela população em geral. Nesse sentido, esse estudo poderá contribuir para a elaboração de intervenções mais eficazes na promoção de uma alimentação saudável.
ANÁLISE DO CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS ENTRE ADOLESCENTES PARAIBANOS SEGUNDO FATORES SOCIOECONÔMICOS (2008-2018)
Pôster Eletrônico
1 NIESN Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Saúde e Nutrição. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil; Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Pa
2 NIESN Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Saúde e Nutrição. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil.
3 Programa de Pós-Graduação em Modelo de Decisão e Saúde, Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil. NIESN Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Saúde e Nutrição. Centro de Ciências da Saúde, Universid
4 NIESN Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Saúde e Nutrição. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil
Apresentação/Introdução
O consumo de ultraprocessados tende a ser maior entre os mais jovens e vulneráveis socioeconomicamente, o que afeta a saúde dos adolescentes e evidencia desigualdades. Na Paraíba, esse padrão alimentar tem se intensificado. A alta ingestão de ultraprocessados, ricos em aditivos, açúcares e gorduras, está associada a doenças crônicas e outros agravos.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo descrever o consumo de alimentos ultraprocessados entre adolescentes residentes na Paraíba, de acordo com fatores socioeconômicos e demográficos, comparando os anos de 2008–2009 e 2017–2018.
Metodologia
A pesquisa utilizou os dados das edições 2008-2009 e 2017-2018 da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), com recorte para adolescentes (10 a 19 anos) da Paraíba, totalizando 224 no primeiro período e 256 no segundo. O consumo de ultraprocessados foi analisado, calculando a média do percentual de contribuição calórica. As variáveis socioeconômicas e demográficas foram: idade, sexo, cor/raça, frequência escolar, escolaridade do morador de referência e renda domiciliar per capita, em salários mínimos. As análises foram realizadas no R (versão 4.4.2) utilizando o teste t para grupos independentes, para verificar as possíveis diferenças nas médias de consumo entre as duas edições da POF.
Resultados
Em 2008-2009, predominavam adolescentes de 10 a 14 anos, do sexo masculino, pardos ou pretos, da rede pública e com morador de referência com apenas ensino fundamental, e a maioria com renda abaixo de 1 salário. Em 2017-2018, houve predominância de adolescentes de 15 a 19 anos e do sexo feminino. Houve aumento de 2,7% no consumo de ultraprocessados entre os adolescentes. Com crescimento significativo entre aqueles de 10 a 14 anos (4,3%), do sexo masculino (3,3%), pardos ou pretos (3,6%), da rede pública (3,6%), com morador de referência com ensino fundamental (2,8%) e com renda de até ¼ do salário (4%). As demais categorias permaneceram estáveis entre os períodos.
Conclusões/Considerações
Assim, foi observado o aumento no consumo de ultraprocessados entre adolescentes paraibanos, especialmente na faixa etária mais jovem e entre grupos socialmente vulneráveis: pardos ou pretos, da rede pública, com responsável de baixa escolaridade e renda per capita de até ¼ do salário mínimo. Isso reforça a necessidade de medidas de controle e promoção equitativas de dietas saudáveis, prevenindo, assim, doenças associadas à má alimentação.
HÁBITOS DE CONSUMO CAFÉ DA MANHÃ E FATORES ASSOCIADOS EM ADOLESCENTE NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFF
2 ACT
Apresentação/Introdução
O café da manhã é uma refeição crucial para a saúde e o desenvolvimento adequado na adolescência. Contudo, o não consumo desta refeição é um comportamento comum nesta faixa etária, podendo estar associado a desfechos negativos de saúde. Compreender os fatores sociodemográficos que se associam a este hábito é essencial para o planejamento de ações em saúde pública.
Objetivos
Caracterizar o não consumo de café da manhã em adolescentes brasileiros, segundo fatores sociodemográficos.
Metodologia
Estudo transversal com microdados de acesso público da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. Amostra nacionalmente representativa de 8.475 adolescentes (10-19 anos). Utilizou-se o primeiro recordatório alimentar 24h, para avaliar o não consumo do café da manhã. Foram calculadas prevalências (IC95%) de não consumo segundo sexo, raça/cor, área (urbana/rural) e macrorregião, utilizando o pacote survey do software R4.4.3.
Resultados
A prevalência de não consumo de café da manhã foi 14,1% [IC 95%: 12,7; 15,7], sendo similar entre os sexos. Na área urbana a prevalência supera a da área rural (15,4% [13,7; 17,2] vs. 8,1% [6,2; 10,6]). Houve um claro gradiente geográfico, com a prevalência aumentando da região Norte (6,9% [4,8; 9,9]) para a região Sul (21,3% [17,7; 25,4]). A análise estratificada mostrou que o não consumo entre homens brancos (16,4% [13,5; 19,8]) foi mais que o dobro observado em homens pretos/pardos (7,6% [4,8; 11,7]). O maior percentual de não consumo foi em mulheres da região Sul (24,1% [18,6; 30,6]).
Conclusões/Considerações
As acentuadas desigualdades sociodemográficas e regionais, com maior prevalência de não consumo no sexo feminino, sugerem fatores comportamentais associados ao hábito. A diferença entre os sexos, em particular, indica possível relação com questões de autoimagem e de pressão por padrões estéticos. Tal cenário reforça a necessidade de abordagens em saúde que considerem componentes psicossociais além de nutricionais.
FATORES ASSOCIADOS A PRÁTICAS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES SEGUNDO O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFPI
2 UFMA
Apresentação/Introdução
Na adolescência, fase marcada por intensas transformações físicas, psicológicas e sociais, é comum a adoção de hábitos alimentares inadequados, influenciados por fatores, como renda, ambiente familiar, influências midiáticas e aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que contribuem diretamente para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis na fase adulta.
Objetivos
Investigar a associação entre a adequação de práticas alimentares segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) e fatores sociodemográficos, hábitos de vida e excesso de peso em adolescentes de duas escolas públicas do Piauí.
Metodologia
Estudo transversal com 381 adolescentes de 10 a 19 anos, realizado em duas escolas públicas do Piauí. Foram aplicados questionários sociodemográficos, hábitos de vida e de práticas alimentares baseadas nas recomendações do GAPB, além da avaliação antropométrica dos adolescentes. Para investigar os fatores associados à adequação de práticas alimentares foi realizada a análise de regressão linear múltipla. As variáveis explicativas foram agrupadas em três níveis hierárquicos: condições sociodemográficas (nível 1); fatores comportamentais (nível 2); e fatores biológicos (nível 3), considerando nível de significância de 5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFPI.
Resultados
Participaram do estudo 304 adolescentes, sendo 205 estudantes de uma escola de Teresina-PI e 99 de uma escola de Monsenhor Gil (interior do Piauí). Após a análise múltipla, hierarquizada, os adolescentes do interior do Piauí apresentaram maior adequação das práticas alimentares segundo o GAPB comparados aos da capital, com um incremento médio de 3,04 pontos na pontuação da escala de práticas (Beta: 3,04; IC95%: 1,03; 5,05; p = 0,003). O consumo de bebidas alcoólicas esteve associado a uma pior adequação alimentar, reduzindo a pontuação média em 2,98 pontos (Beta: 2,98; IC95%: -5,67; -0,28; p = 0,030) comparados aos adolescentes que não referiram o consumo.
Conclusões/Considerações
Os adolescentes da escola do interior do Piauí apresentaram melhor adequação das práticas alimentares segundo o GAPB, ressaltando a importância de considerar fatores sociodemográficos e culturais ao avaliar as escolhas alimentares da população. A ingestão de bebida alcoólica se associou negativamente, evidenciando que o estilo de vida não saudável do adolescente pode ter impacto negativo no atendimento das recomendações do GAPB.
KOMBUCHA COMO INTERVENÇÃO COMPLEMENTAR NO CUIDADO A IDOSOS: EVIDÊNCIAS DE EFEITO SOBRE O TRÂNSITO INTESTINAL E O BEM-ESTAR
Pôster Eletrônico
1 UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE (UNIARP) e UNIVERSIDDAE DO OESTE DE SANTA CATARINA (UNOESC)
2 UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE - UNIARP
Apresentação/Introdução
A kombucha é uma bebida fermentada produzida a partir de chá adoçado com culturas simbióticas de bactérias e leveduras. Suas propriedades antimicrobianas, antioxidantes e probióticas favorecem a saúde intestinal, sendo especialmente útil para idosos, que frequentemente apresentam disbiose e constipações.
Objetivos
Avaliar os efeitos do consumo regular de kombucha no funcionamento intestinal e na qualidade de vida de idosos residentes em casas de longa permanência no meio-oeste catarinense.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quali-quantitativa, realizada com 23 idosos de duas instituições no município do meio oeste catarinense. Foi utilizado um questionário validado com 18 perguntas. Os participantes, com idades entre 60 e 80 anos, consumiram 200 ml de kombucha três vezes por semana, com intervalo de um dia entre as doses, durante o período matutino. A administração foi feita por cuidadores e equipe de enfermagem. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIARP (parecer nº 6.304.44).
Resultados
Os resultados apontaram melhora significativa no funcionamento intestinal: 31,6% dos participantes perceberam efeitos positivos após o primeiro dia de uso, e 68,4% após uma semana. Todos os idosos relataram intenção de manter o consumo regular da bebida. Além da regularização intestinal, 42,1% dos idosos perceberam melhora na disposição e qualidade de vida, e 42,1% relataram melhora no humor. O bem-estar geral relatado indicou que a kombucha pode contribuir para o fortalecimento do sistema imune e prevenção de doenças comuns na faixa etária.
Conclusões/Considerações
Os achados evidenciam que o consumo regular de kombucha promoveu benefícios relevantes à saúde intestinal e ao bem-estar psicossocial de idosos institucionalizados. A aceitação positiva e os relatos de disposição, humor e qualidade de vida reforçam seu potencial como alternativa natural complementar, de baixo custo, no cuidado integral e na promoção da saúde dessa população vulnerável.
INSEGURANÇA ALIMENTAR: QUEM SE PREOCUPOU OU VIVENCIOU RESTRIÇÕES NA COMPRA DE ALIMENTOS EM UMA METÓPOLE DO SUDESTE BRASILEIRO?
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Ciências Aplicadas - UNICAMP
2 Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP
Apresentação/Introdução
Em 2023 o Brasil tinha 27,6% da população em situação de Insegurança Alimentar (IA), sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste. Assim como outros agravos em saúde, a IA é determinada socialmente e sofre a influência das condições materiais de vida dos sujeitos. Uma família sem garantia de acesso a alimentos para sobreviver, vê negado o seu Direito Humano a uma Alimentação Adequada.
Objetivos
Investigar a prevalência de insegurança alimentar em uma metrópole paulista a partir do Inquérito ISACamp realizado entre os anos 2023 e 2024, e verificar sua associação com determinantes sociais da saúde.
Metodologia
Estudo transversal, de base populacional, que analisou dados de participantes do ISACamp 2023/24 com 10 anos ou mais de idade, residentes na área urbana de Campinas-SP. A variável de desfecho do estudo foi obtida da questão “No seu domicílio, na sua família, nos últimos três meses, tem havido preocupação ou mesmo tem ocorrido situações de não ter dinheiro para comprar alimentos, ou de restringir a compra de alimentos?” (sim/não). Os determinantes sociais analisados foram sexo, grupo etário, raça/cor, escolaridade do responsável e renda. Foram estimadas as prevalências e razões de prevalência com os IC95%. O projeto foi aprovado pelo CEP-FCM/UNICAMP (CAAE 56643422.0.0000.5404).
Resultados
A prevalência de insegurança alimentar na população de Campinas foi de 20,1% sendo maior entre as mulheres (P:22,5%; RP:1,27 IC95%:1,09-1,48), os pardos (P:27,6%; RP: 1,45; IC95%: 1,13-1,86), os pretos (P:26,1%; RP: 1,52; IC95% 1,12-2,07) e no grupo com renda inferior a 1 salário-mínimo per capita (P:34,4%; RP:3,53; IC95%: 1,67-7,42), mesmo após os ajustes do modelo estatístico. Já as desigualdades por escolaridade do chefe da família e por grupo erário foram significativas nas análises bivariadas, mas perderam significância na presença de todos os ajustes.
Conclusões/Considerações
Desigualdades de gênero, raça e renda foram identificadas na ocorrência de IA em Campinas, indicando que esta é uma realidade também em metrópoles do sudeste. A manutenção das desigualdades de gênero e raça após ajuste por renda e escolaridade evidencia que a determinação social da IA pode ter origem também na posição sócio-histórica dos sujeitos. Tais achados apontam para a necessidade de ações intersetoriais para a mitigação da IA e das iniquidades.
TEMPO DE USO DE MÍDIAS SOCIAIS E FATORES ASSOCIADOS EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS
Pôster Eletrônico
1 UECE
Apresentação/Introdução
Atualmente, adolescentes de diferentes idades e contextos sociais estão imersos em um ambiente digital único, marcado por ampla exposição às redes sociais (Anderson; Faverio; Gottfried, 2023). Esse uso crescente pode afetar autoestima, imagem corporal e atitudes alimentares, especialmente devido à influência social e busca por validação (Crone; Konjin, 2018).
Objetivos
Avaliar a associação do tempo de uso das mídias sociais com fatores sociodemográficos e estado nutricional entre adolescentes de escolas públicas.
Metodologia
Estudo transversal e quantitativo com 829 adolescentes do 7º ao 9º ano de escolas públicas municipais de Fortaleza-CE. Coletaram-se dados sociodemográficos, clínicos e antropométricos. Os participantes responderam um questionário contendo dados sociodemográficos e sobre o tempo de uso e tipo de mídias sociais, e tiveram aferidas as medidas de peso e altura, para cálculo do IMC, e circunferência da cintura, para identificar a obesidade abdominal. questionário sobre uso de mídias sociais. A análise incluiu estatística descritiva e teste do Qui-quadrado, com 5% de significância. Estudo aprovado pelo CEP (parecer 5.688.521/2022).
Resultados
Os adolescentes eram, em sua maioria, meninas (53,9%), com idade mediana de 13 anos, e a maioria (66,8%) passava mais de 5 horas por dia usando mídias sociais. O excesso de peso apareceu em 38,2%, e a obesidade abdominal, em 13% dos participantes.
Conclusões/Considerações
Os adolescentes eram, em sua maioria, meninas (53,9%), com idade mediana de 13 anos, e a maioria (66,8%) passava mais de 5 horas por dia usando mídias sociais. O excesso de peso apareceu em 38,2%, e a obesidade abdominal, em 13% dos participantes. A influência das mídias foi maior no sexo feminino (62,3%; p<0,001), com maior baixa autoestima (45,8%; p<0,001).
O PAPEL DA SEGURANÇA SANITÁRIA DE ALIMENTOS NA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL E GARANTIA DO DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Pôster Eletrônico
1 UFRGS
2 PMPA / UFRGS
Apresentação/Introdução
A Alimentação Adequada (DHAA) e a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) são direitos e pilares da saúde pública, com a segurança sanitária de alimentos. No Brasil, mesmo com legislação (CF/88, LOSAN) e programas sociais, desafios persistem: subnotificação de DTA, falhas de fiscalização e desastres nuturais que agravam a situação. Este estudo revisa violações do DHAA para fortalecer a SAN e o SUS.
Objetivos
Investigar como a falta de segurança sanitária viola o direito à alimentação adequada, focando em populações vulneráveis e saúde pública. Analisar consequências, desafios no SUS e propor recomendações para fortalecer a segurança alimentar.
Metodologia
Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa com coleta de dados em fontes secundárias. A busca foi realizada nas bases LILACS, SciELO, Google Acadêmico, jornais e site da UFRGS. Foram usados descritores em português e inglês, como "segurança alimentar", "qualidade sanitária dos alimentos", "direito à alimentação", "políticas públicas", "vigilância sanitária" e "vulnerabilidade". Incluíram-se artigos nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados nos últimos 10 anos, além de documentos institucionais e legislações. A análise foi descritiva, visando síntese e interpretação do conhecimento produzido.
Resultados
O Direito Humano à Alimentação Adequada engloba qualidade e segurança sanitária, mas enfrenta desafios como desigualdades regionais, eventos climáticos e fragilidade na fiscalização sanitária. No Brasil, apesar de leis e programas (Constituição, LOSAN, PNAE, PAA, Plansan), há subnotificação de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) e insuficiência de recursos para vigilância. Desastres naturais, como as enchentes em Porto Alegre em 2024, agravam a insegurança alimentar. O SUS enfrenta limitações em recursos humanos e financeiros e fragmentação, demandando integração intersetorial e educação alimentar para prevenção e promoção da saúde coletiva.
Conclusões/Considerações
A SAN assegura o direito à alimentação adequada, mas enfrenta desafios na qualidade e vigilância sanitária. A subnotificação de DTA e falta de recursos comprometem a fiscalização. A intersetorialidade e a integração de políticas como Plansan, PNAE e PAA são essenciais. Emergências climáticas, como as de 2024, exigem respostas rápidas. Fortalecer a vigilância no SUS e capacitar profissionais são fundamentais para garantir alimentos seguros a todos.
INSEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL ENTRE 2013 E 2023: DESIGUALDADES REGIONAIS, RACIAIS E DE GÊNERO EM SÉRIE TEMPORAL DE DADOS SECUNDÁRIOS
Pôster Eletrônico
1 UFSC
2
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar (IA) configura-se como um determinante social da saúde na dificuldade de acesso a alimentos em quantidade e qualidade seguras. O Brasil voltou ao Mapa da Fome em 2022. No Brasil, a IA atinge desproporcionalmente populações historicamente marginalizadas, exigindo monitoramento contínuo dos padrões estruturais da desigualdade alimentar.
Objetivos
Analisar a evolução da insegurança alimentar no Brasil (2013–2023), comparando desigualdades regionais, raciais e de gênero, e discutindo suas implicações para a saúde pública e para grupos em situação de vulnerabilidade.
Metodologia
Estudo descritivo de séries temporais (2013-2023) sobre IA no Brasil. Utilizaram-se dados secundários do IBGE (POF; PNAD Contínua 2023) e Rede PENSSAN (VIGISAN 2020-2022). Calculou-se (IC95%) as tendências temporais por região, raça, renda per capita e zona habitacional. Analisaram-se disparidades via razão de prevalência (RP) gênero/raça e o Índice de Concentração (renda). As normas éticas foram respeitadas. As variáveis independentes foram região, gênero e raça/cor. Os microdados analisados no STATA 16.1 (svy para ajuste de desenho complexo) e R (análises temporais). Nas limitações: falta de dados de 2024, subnotificação de populações e alta prevalência de dados ignorados no IBGE.
Resultados
Entre 2013-2023, a IA no Brasil aumentou 1,6%, com pico da fome em 2022 quando 15,5% viviam em insegurança grave. Em 2023, queda para 4,1% (8,7M). As regiões N (7,7%) e NE (6,2%) concentraram os maiores índices de IA grave, enquanto S (2,0%) e SE (2,9%) os menores índices. Mulheres negras apresentaram risco 37% maior de insegurança grave em comparação a homens brancos, e homens negros, 29% maior. No Sudeste, mulheres pardas tiveram RP de 1,16 e no Sul, mulheres pretas, RP de 1,17. A população residente de áreas rurais enfrentou risco 43% maior de IA moderada/grave em relação à urbana. O índice de registros que ignoram o dado raça/cor foi 12,4%.
Conclusões/Considerações
A análise revela desigualdades persistentes na insegurança alimentar, com maior impacto entre mulheres, pessoas negras, populações de baixa renda e regiões Norte e Nordeste. A falta de dados atualizados limita o monitoramento contínuo. Os achados reforçam a importância de políticas públicas estruturantes e focalizadas, como o Bolsa Família e o SISAN, para enfrentar os determinantes sociais que sustentam a fome no país.
CAIU NA MESA É PEIXE! PRÁTICAS ALIMENTARES DO PESCADOR ARTESANAL DA AMAZÔNIA COSTEIRA.
Pôster Eletrônico
1 UFPA
2 SEMUSB
Apresentação/Introdução
A pesca artesanal é uma das atividades trabalhistas mais antigas da humanidade. Segundo dados estimados do Ministério da Pesca e Agricultura (Brasil, 2024), o país possui mais de um milhão de pescadores artesanais, sendo que 208.411 desses pescadores estão no estado do Pará, representando enorme importância socioeconômica.
Objetivos
- Analisar as práticas alimentares dos pescadores artesanais da Amazônia Costeira.
- Conhecer as práticas e saberes envolvendo os alimentos, como a forma de preparo, armazenamento e consumo.
Metodologia
O presente relato de pesquisa foi realizado no período de março de 2024 a abril de 2025, em seis ilhas, também denominadas de praias pelos moradores locais (Ilha do Inferninho, Ilha do Paraíso, Ilha do Pilão, Ilha do Cachorro, Ilha do Esquece e Ilha de Canelas), todas pertencentes na Resex Marinha Caeté-Taperaçú, localizadas na região Costeira do município de Bragança, nordeste Paraense. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 32 pescadores, além do uso de diário de campo para anotações sobre a rotina e a alimentação dessas pessoas.
Resultados
Os alimentos mais consumidos são aqueles advindos da maré e do mangue como: peixes (gó, curvina, uritinga, anchova, bandeirado) e mariscos. Os peixes são preparados de diversas formas, como assado, cozido e frito; esse preparo depende do tipo do peixe. Não foram encontradas outros tipos de fontes proteicas.
Os peixes podem ser consumidos em larga escala e todos os dias, pois são considerados alimentos saudáveis, no entanto, no período de alguma enfermidade, alguns peixes devem ser evitados, pois são classificados como “reimosos”.
Conclusões/Considerações
O pescador artesanal das ilhas da península de Ajuruteua tem uma estreita relação com a alimentação baseada em uma relação harmônica com a natureza, pautada nos saberes tradicionais tanto para a pesca quanto para o consumo, fortalecendo a ancestralidade amazônica.
REVISÃO DE ESCOPO SOBRE A INFLUÊNCIA DOS SISTEMAS ALIMENTARES NOS HÁBITOS ALIMENTARES NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz-Brasília
Apresentação/Introdução
A conexão entre sistemas alimentares e hábitos alimentares é complexa e multifacetada, envolvendo interações entre fatores sociais, culturais, econômicos, ambientais e de saúde.
Objetivos
Tratar da influência dos sistemas alimentares nos hábitos alimentares no Brasil.
Metodologia
Foi realizada uma revisão de escopo, para a qual as buscas na literatura foram realizadas até 07/06/2023. Os resultados dessa busca passaram por uma análise textual e léxica. Para o tratamento e apresentação dos resultados foram realizados os ajustes e adequação dos gráficos e grafos; e foi feita a seleção e tratamento dos resultados qualitativos. Na sequência, foram realizadas a interpretação dos dados resultantes da aplicação da metodologia para a análise textual e léxica, em comparação com a base teórica, e a inferência dos resultados, com base no objetivo da pesquisa.
Resultados
Pode-se inferir que o corpus textual foi dividido em dois temas: de um lado, a questão dos hábitos de consumo alimentar no contexto brasileiro, marcados pelo consumo de ultraprocessados nas refeições; e de outro lado, a preocupação com a produção de alimentos e a sustentabilidade que podem ser adotados como estratégia de segurança alimentar.
Conclusões/Considerações
Percebeu-se a importância de políticas que incentivem o desenvolvimento local, os sistemas alimentares sustentáveis e a cultura alimentar regional, além da agricultura familiar, com o objetivo de promover a segurança e a autonomia alimentar e nutricional, além da mudança de hábitos alimentares, com vistas à sustentabilidade e promoção de bem-estar da população brasileira.
PUBLICIDADE DE ALIMENTOS E BEBIDAS E A TEMÁTICA GAMER EM REDES SOCIAIS NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFGD
2 UFF
Apresentação/Introdução
O número de brasileiros que jogam online tem crescido cada vez mais, incluindo crianças e adolescentes. A temática gamer tem sido incorporada às campanhas publicitárias de alimentos e bebidas não saudáveis em redes sociais, sendo associada ao aumento do consumo energético e ao excesso de peso.
Objetivos
Quantificar publicações relacionadas a jogos eletrônicos em redes sociais nacionais de marcas de alimentos e bebidas.
Metodologia
Estudo transversal que analisou publicações postadas no ano de 2024 (jan-dez), com foco em publicidade de alimentos e bebidas associada a jogos eletrônicos, nas páginas brasileiras do Instagram® e do TikTok® das marcas Dolce Gusto®, Heineken® e KitKat®, escolhidas por patrocinarem um dos maiores esportes eletrônicos (eSports) do Brasil em 2024. Análises descritivas foram apresentadas por meio de frequências absolutas e relativas. Para estatística analítica, foi aplicado o teste de qui-quadrado (p<0,05 indicando diferença significativa).
Resultados
Das 527 postagens no Instagram® das marcas Dolce Gusto®, Heineken® e KitKat® analisadas no período, 22 (4,2%) abordaram a temática dos jogos eletrônicos. A Dolce Gusto® publicou 12 conteúdos gamer (5,4% de 223), a Heineken® apenas 1 (0,5% de 184) e a KitKat® se destacou com 9 postagens (7,5% de 120). No TikTok®, foram analisadas 351 publicações, das quais 35 (10%) estavam relacionadas ao universo gamer. Nesse ambiente, a Dolce Gusto® realizou 5 postagens (4,7% de 107), a Heineken® manteve presença com apenas 1 (0,9% de 111) e a KitKat® se destacou com 29 conteúdos voltados ao público gamer (21,8% de 133). A plataforma TikTok® e a marca KitKat® apresentaram maior aderência à temática gamer.
Conclusões/Considerações
Foi identificada a presença da temática gamer em páginas de alimentos e bebidas não saudáveis, com diferenças significativas entre marcas e redes sociais, sendo as peças publicitárias mais proeminentes na marca e rede social com maior apelo ao público jovem. Estes resultados somam evidências de que a agenda regulatória de publicidade de alimentos no Brasil, sobretudo no ambiente digital, precisa avançar para evitar impactos negativos à saúde.
ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA: COMPARAÇÃO ENTRE CARDÁPIOS DO PNAE E DA FUNDAÇÃO CASA NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
Para quem está na escola, a alimentação é fornecida através do PNAE, cuja execução é garantida por um rico arcabouço legal. Por outro lado, os jovens em medidas socioeducativas em São Paulo são assistidos pela Fundação CASA e têm sua alimentação oferecida pela instituição.
Objetivos
Comparar a presença de alimentos ultraprocessados (AUP) no cardápio da Fundação CASA e no cardápio PNAE para o Ensino Médio, ambos executados no município de Campinas, no mês de agosto/2024.
Metodologia
Para comparação dos cardápios acerca da oferta de AUP foi realizada uma análise detalhada dos itens descritos na Portaria Normativa nº 317/2018, responsável pela alimentação da Fundação CASA, categorizando os gêneros de acordo com a classificação NOVA. Posteriormente, foram contabilizados os AUP presentes no cardápio das duas intituições e comparados observando suas disparidades. No cardápio PNAE, foram avaliados 20 dias, enquanto na Fundação CASA foram 34 dias (de 29/07 a 31/08). Para adequar esta comparação, os números absolutos da média da oferta semanal de AUP foram divididos pelo total de dias de acordo com o seu respectivo cardápio e multiplicados por 10.
Resultados
Observou-se que, no mês de agosto/2024, o cardápio da Fundação CASA apresentou média semanal (em números relativos) de 60,1 alimentos ultraprocessados fornecidos para seus educandos, enquanto o cardápio PNAE apresentou média semanal de 14 AUP. No cardápio da Fundação CASA observou-se, também, maiores médias semanais dos grupos de biscoito, bolacha, pão e bolo, alimentos doces e alimentos categorizados como “proibidos” a partir da lógica da alimentação escolar no âmbito do PNAE. A presença de AUP na Fundação CASA, durante o mês de agosto/2024, foi 4,3 vezes superior à oferta na alimentação escolar no mesmo período.
Conclusões/Considerações
Com a comparação entre os cardápios, conclui-se que, ainda que pertençam a mesma faixa etária, os escolares no PNAE têm acesso a uma alimentação de maior qualidade em relação aos jovens da Fundação CASA. Isso se deve ao rígido arcabouço legal que prevê a execução do PNAE. Com leis e princípios distintos, a execução dos cardápios traduz padrões alimentares que divergentes, uma vez que não há o dever em adequar-se ao GAPB dentro da Fundação CASA.
DESIGUALDADES RACIAIS E INSEGURANÇA ALIMENTAR EM PESSOAS IDOSAS: ESTUDO BRAZUCA NATAL
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-graduação em Nutrição - PPgNut/UFRN
2 Departamento de Nutrição - UFRN
3 Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva - UFAC
4 Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA
5 Faculdade de Saúde Pública - Universidade de São Paulo (USP)
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar (IA) é definida como a falta de acesso a uma alimentação adequada. Estudos realizados com adultos, mostram que pessoas negras apresentam maiores prevalências desse agravo quando comparadas a pessoas brancas. Análises focadas em investigar essa associação apenas na população idosa ainda são escassas.
Objetivos
Investigar a associação entre a IA e raça em pessoas idosas, residentes em uma capital do Nordeste.
Metodologia
Estudo transversal, com 190 pessoas idosas, participantes do Brazuca Natal. Foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN (CAAE: 96294718.4.2001.5292). Os dados foram coletados por meio de questionário padronizado em plataforma digital (Epicollect 5). A análise da IA foi realizada pela da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Foram realizadas estatísticas descritivas para identificar os percentuais e intervalos de confiança (95%). A raça/cor foi definida como negro(a)s (pretos e pardos) e outras etnias. Para verificar a associação entre IA e raça/cor, foi realizado o teste qui-quadrado de Pearson, considerando o nível de significância de 5%.
Resultados
A maioria das pessoas idosas tinham entre 60 a 69 anos (57,9%; IC95%50,5-65,3), eram do sexo feminino (55,8%; IC95%48,4-63,2) e se autodeclararam negro(a)s (60,0%; IC95%52,6-67,4). A IA foi observada em 35,3% dos domicílios (IC95%28,9-41,6), sendo que 74,6% dos idosos se autodeclaram negro(a)s. Dos que apresentaram Segurança Alimentar (SA), 48,0% se autodeclaram de outra etnia (p=0,002).
Conclusões/Considerações
Diante dos resultados apresentados, conclui-se que ser da raça negra esteve associado a IA em pessoas idosas residentes no município de Natal. Os achados evidenciam a importância de se pensar políticas públicas que tenham como foco prevenir a IA e promover a SA em populações historicamente mais vulneráveis.
PERFIL NUTRICIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE EM RIO BRANCO, ACRE
Pôster Eletrônico
1 UFAC
Apresentação/Introdução
O Brasil passa por transição demográfica com envelhecimento populacional, o que influencia diretamente o perfil nutricional, marcando-se pela diminuição da desnutrição e aumento da obesidade. A nutrição no envelhecimento é um fator-chave de promoção da saúde e prevenção de agravos, especialmente diante de fatores associados como edentulismo e renda.
Objetivos
Avaliar o perfil nutricional de idosos atendidos em uma Unidade Básica de Saúde no município de Rio Branco, Acre.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e descritivo, com idosos ≥60 anos, de ambos os sexos, cadastrados na UBS Dr. Mário Maia. A amostragem foi aleatória e a coleta ocorreu entre março e maio de 2022 por visitas domiciliares. Foram utilizados questionário estruturado e aferição de dados antropométricos. A análise foi realizada nos softwares Excel 2016, R-Studio (v.4.0.2) e SPSS (v.22.0). Realizaram-se análises bivariadas com IC de 95%. A normalidade foi verificada pelos testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal Fluminense, parecer nº 4.871.290.
Resultados
A amostra foi composta por 148 idosos, sendo 70,9% mulheres, com média de idade de 71,3 anos. A maioria era aposentada (82,4%) e possuía renda per capita entre 1 e <2 salários mínimos (54,7%). Relataram apoiar financeiramente familiares (64,6%). Quanto ao estado nutricional, 41,2% apresentaram sobrepeso e 19,1% estavam em risco de desnutrição segundo o IMC. Edentulismo foi referido por 87,2% dos participantes, sendo que 50,7% relataram dificuldades para se alimentar. Esses fatores sugerem risco nutricional elevado na população estudada, com impacto funcional e alimentar significativo.
Conclusões/Considerações
O estudo revelou predominância de sobrepeso entre os idosos, com relevante prevalência de edentulismo associado à dificuldade alimentar. A nutrição e a saúde bucal devem ser consideradas prioritárias nas ações de atenção integral à saúde da pessoa idosa, visando prevenir desequilíbrios nutricionais.
A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM PROJETOS DE LEI DO MUNICÍPIO DE CURITIBA (2000-2021)
Pôster Eletrônico
1 PUCPR
Apresentação/Introdução
O Art. 6º da Constituição garante alimentação como direito social, nesse sentido a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) assegura acesso regular a alimentos de qualidade, com apoio da Lei 11.346/2006, que criou o SISAN para promover políticas públicas nessa área. Este trabalho analisa a agenda da Câmara de Curitiba sobre alimentação, com foco em SAN no período de 2000 a 2021.
Objetivos
O objetivo da presente pesquisa é analisar, por meio do fichamento e da leitura dos decretos e atos municipais de Curitiba, como se apresenta a temática da SAN de 2000 a 2021.
Metodologia
A pesquisa adotou abordagem exploratória e descritiva, analisando projetos de lei da Câmara Municipal de Curitiba (2000-2021) sobre segurança alimentar. Utilizando o sistema legislativo digital, buscou-se proposições com a palavra-chave "segurança alimentar", além de temas como produção e distribuição de alimentos. Os dados foram tabulados no Excel, organizados por ano e categorizados por similaridade temática. Após leitura e fichamento, analisou-se como a segurança alimentar foi abordada nos projetos e quais os principais temas discutidos.
Resultados
Na primeira busca utilizando o Sistema de Proposições Legislativas da Câmara Municipal de Curitiba foram encontrados 228 projetos de lei a partir da palavra-chave (segurança alimentar), porém, após a análise da ementa dos mesmos foi verificado que apenas 78 deles tinham como tema a alimentação.
Os 78 projetos de lei selecionados foram lidos e sistematizados, e depois agrupados em grupos temáticos: Espaço/estrutura, Tipo de restaurante/serviço, Vigilância Sanitária/ Higiene de alimentos, Tipo de comércio, Rotulagem, Alimentação escolar, Educativas, Segurança, Saúde, Ambientais, Transgênicos e Geral.
Conclusões/Considerações
A partir dos dados levantados é possível considerar que no período estudado (2000-2021), estiveram presentes discussões acerca da Segurança Alimentar e Nutricional na agenda política da Câmara Municipal de Curitiba.
“O QUE ENSINA A GENTE A FAZER AS COISAS É A PRÁTICA DA GENTE”: A ARQUITETURA DE UM GRUPO DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFPR
Período de Realização
Implementado em junho de 2024 e acontece até o presente momento, com constantes reavaliações.
Objeto da experiência
Grupo de educação alimentar e nutricional em uma unidade básica de saúde.
Objetivos
Promover a educação alimentar e nutricional a partir de um grupo de usuários da atenção primária a saúde, utilizando como base de comunicação a educação popular.
Descrição da experiência
A partir da percepção da limitação das orientações individuais sobre alimentação em consultas médicas em uma unidade básica de saúde, foi proposto um grupo educativo para usuários com alterações em exames laboratoriais de glicemia e colesterol. Inicialmente vinculado ao Hiperdia e com uma abordagem metodológica verticalizada, o grupo evoluiu para uma atividade independente, com foco em educação alimentar e nutricional e com metodologia dialógica, inspirada na educação popular em saúde.
Resultados
O grupo contribuiu para ampliar o acesso dos usuários a orientações alimentares e discussões sobre risco cardiovascular, otimizando o tempo da equipe e diminuindo a sobrecarga de consultas médicas individuais voltadas à análise de exames. Observou-se que o encaminhamento prévio para avaliação laboratorial esteve associado à maior frequência dos participantes, superando uma dificuldade recorrente em grupos anteriores: a baixa adesão às atividades em grupo.
Aprendizado e análise crítica
Por ser um grupo fechado, com ingresso por encaminhamento médico após avaliação de exames, restringiu-se a possibilidade de participação espontânea ou motivada por outros interesses em saúde. Embora os participantes não apresentassem comorbidades cardiovasculares estabelecidas, o critério de seleção baseado em alterações nos exames de glicose e colesterol reforça um modelo centrado na prevenção de doenças, em detrimento de ações voltadas à promoção da saúde e do cuidado além da lógica biomédica.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou a potência das ações coletivas, especialmente quando realizadas de forma dialógicas. Também destacou a importância das constantes reavaliações no processo de trabalho reforçando a necessidade de incorporar uma abordagem comunitária mais ampla, para além da resposta a fatores de risco biológicos e reconheça o social na saúde, fortalecendo a interdisciplinaridade e o compromisso com a transformação das práticas em saúde.
FEIRA AGROECOLÓGICA EM AMBIENTE HOSPITALAR: UMA ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE
Pôster Eletrônico
1 Grupo Hospitalar Conceição
Período de Realização
Início em janeiro de 2025
Objeto da experiência
Feira Agroecológica
Objetivos
O objetivo deste trabalho é descrever a implementação de uma feira agroecológica em um hospital de alta complexidade, no Rio de Janeiro
Metodologia
O hospital não conta com produção local de refeições para pacientes e funcionários, sendo o serviço de alimentação terceirizado. Como não há um refeitório coletivo, os/as trabalhadores/as dependem do comércio local para suas refeições, sendo oferecidas, na sua maioria, opções de alimentos ultraprocessados. Assim, há uma oferta limitada de alimentos in natura. Desta forma, espera-se que a realização de uma feira agroecológica incentive uma alimentação mais saudável para os funcionários/as.
Resultados
O planejamento para a implementação da feira utilizou a metodologia PDSA (Plan-Do-Study-Act). No primeiro passo (Plan) foi formado um grupo de trabalho para realizar o mapeamento de agricultores rurais e urbanos. Com os agricultores identificados, foram realizados encontros presenciais e virtuais para apresentar a proposta da feira, esclarecer dúvidas e alinhar expectativas. Paralelamente, foi definida a periodicidade do evento, o espaço físico e os critérios para participação.
Análise Crítica
O projeto se encontra na fase “Do” com a realização da feira “piloto” marcada para julho. Após a realização da feira piloto, serão coletadas percepções de agricultores, colaboradores do hospital e usuários do serviço por meio de formulários de avaliação e observação direta. Com base nos resultados da avaliação, serão realizadas possíveis adequações e o ciclo PDSA será reiniciado, incorporando as lições aprendidas para promover a melhoria contínua do projeto e garantir sua sustentabilidade.
Conclusões e/ou Recomendações
Realizar uma feira agroecológica em um hospital rompe paradigmas ao transformar um espaço associado à doença em um local de promoção da saúde. A feira promove a inclusão, valoriza a diversidade, divulga saberes ancestrais, fortalece vínculos comunitários e atua como espaço de educação permanente e cuidado.
ENGAJAMENTO DE ATORES-CHAVE PARA INTERVENÇÃO EM COMÉRCIOS VAREJISTAS: EXPERIÊNCIA EM MUNICÍPIOS DE SÃO PAULO
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo (USP)
Período de Realização
A pesquisa ocorreu entre junho de 2024 a maio de 2025 em municípios do Estado de São Paulo (SP).
Objeto da experiência
O objeto da experiência é o engajamento de atores municipais, estaduais e federais para intervenções sobre alimentação saudável.
Objetivos
Este relato aborda a experiência de engajamento multissetorial de atores em cinco municípios de SP, visando implementar intervenções em comércios varejistas para promover escolhas alimentares mais saudáveis.
Metodologia
A experiência faz parte de um projeto temático ESAO-I. Os municípios selecionados foram Bastos, Ribeirão Grande, Taguaí, Piratininga e Fartura. O engajamento iniciou-se com o mapeamento de atores municipais, estaduais e federais. Dentre eles, Secretária de Educação, Associações Comerciais, SEBRAE, Ministério da Saúde, etc. Posteriormente, o contato foi feito por e-mail, telefone, WhatsApp e reuniões online e presenciais.
Resultados
A receptividade variou: alguns atores mostraram resistência inicial, mas muitos acolheram o projeto, ofereceram apoio e sugeriram estratégias de aproximação com comerciantes. A maioria dos atores contribuíram ativamente com suas percepções sobre o município e o problema apresentado. Demandas espontâneas surgiram, como a criação de hortas, mesmo fora do escopo do projeto, sendo respondidas com materiais de apoio. Os boletins informativos mensais também reforçaram o vínculo com os atores.
Análise Crítica
A experiência demonstrou que o engajamento requer comunicação contínua e personalizada. Um dos principais desafios foi adaptar a linguagem para interlocutores de diferentes setores. O WhatsApp foi mais eficiente que o e-mail ou ligações. Os encontros presenciais aumentaram a confiança e geraram a escuta ativa. A atuação de pontos focais locais foi estratégica. O vínculo com atores sensíveis à temática da infância potencializou o diálogo e a cooperação.
Conclusões e/ou Recomendações
O engajamento de atores-chave é fundamental para a sustentação das intervenções. Recomenda-se mapear, identificar e priorizar os atores com base nos objetivos da pesquisa, adotando estratégias diversificadas que favoreçam o diálogo contínuo e a construção de confiança entre os envolvidos e a equipe executora.
CANTINA SOLIDÁRIA ESCOLA - CANSOLE: RESULTADOS PRELIMINARES DE UMA CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA
Pôster Eletrônico
1 Unifesp-BS
2 Instituto Livres Coop
3 PPG em Gerontologia, FCM/UNICAMP
4 DPPSC/ISS/Unifesp-BS
Período de Realização
O projeto teve seu início em março de 2025, com duração de quatro meses (Etapa 1).
Objeto da experiência
Processo de formulação e concepção de uma cantina de economia solidária no campus baixada santista da Universidade Federal de São Paulo.
Objetivos
Reunir movimentos sociais, comunidade universitária e do entorno, lideranças comunitárias e da sociedade civil organizada, para construção participativa de uma CanSolE: espaço de formação em Segurança Alimentar e Nutricional, Economia Solidária (EcoSol) e de comercialização de alimentos.
Descrição da experiência
A proposta nasceu da articulação dos projetos de extensão Fortalecendo Redes Territoriais de Cuidado e Panela Aberta, da Unifesp, que a partir do projeto Cozinha Solidárias em Rede - Processo Fapesp nº 2023/10095-0, e apoiados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar convidaram parceiros para a construção da Cantina Solidária Escola. Na Etapa 1, com quatro meses de duração, está sendo construída a proposição da Etapa 2, que consiste na efetiva implantação da CanSolE.
Resultados
Foram estabelecidas 6 metas: a) constituição da equipe; b) plano de economia solidária; c) plano de educação permanente; d) prospecção de insumos locais; e) repertório com base no Guia Alimentar para a População Brasileira e f) projeto de área física. Constituiu-se uma equipe com 45 pessoas. Realizaram-se oficinas, reuniões, visitas de campo e assembleia geral que deliberou o modelo e operação da cantina. Foram prospectados 269 itens para a construção do repertório do empreendimento solidário.
Aprendizado e análise crítica
A partir de oficinas, revisão de literatura, encontros entre grupos de trabalho e articulação com outras iniciativas correlatas, o projeto promove um ambiente de aprendizagem entre os participantes a partir da troca de experiências e metodologias horizontais. Ainda, investe na construção de ações fortalecedoras do Direito Humano à Alimentação Adequada e da Economia Solidária, com vistas a oferecer alimentos a preço justo, sem fins lucrativos e gerar oportunidades de trabalho e renda.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto da CanSolE, em três meses de trabalho constituiu a equipe, fez a prospecção dos insumos locais, está em fase de conclusão da elaboração do plano de EcoSol e segue a construção coletiva do repertório de possíveis produtos e temas para educação permanente e promoção da alimentação saudável na cantina. Processos coletivos seguem norteando a institucionalização e o projeto de área física, incluindo o diálogo com a gestão da universidade.
O RESGATE DA CULTURA ALIMENTAR BRASILEIRA COMO FORMA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: RELATO DE UMA ATIVIDADE EM GRUPO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 ENSP/FIOCRUZ
Período de Realização
A experiência foi realizada em Fevereiro de 2025.
Objeto da experiência
A realização de atividade dialógica sobre alimentação e cultura alimentar brasileira como forma de promoção da saúde.
Objetivos
Promover a valorização da cultura alimentar brasileira como promotora da saúde;
Estimular a reflexão sobre os impactos dos ultraprocessados no rompimento da cultura alimentar;
Resgatar memórias afetivas e práticas alimentares familiares por meio da partilha de alimentos e de histórias pessoais.
Metodologia
A atividade teve início no encontro anterior do grupo, a partir de questões provocadoras sobre alimentação familiar, cultura alimentar brasileira e memória culinária afetiva. Como proposta, as participantes foram convidadas a trazer um alimento ou preparação que representasse esses aspectos. A atividade iniciou-se com uma autoapresentação, e posteriormente, uma roda de conversa sobre cultura alimentar brasileira, memória culinária afetiva e degustação das preparações trazidas.
Resultados
A atividade contou com 11 mulheres, majoritariamente negras, 4 estagiárias de nutrição e 8 profissionais de saúde, com duração de 1 hora. Observou-se que, entre as mulheres jovens, as memórias culinárias estavam relacionadas a alimentos processados e ultraprocessados, enquanto, entre as mulheres mais velhas prevaleceram lembranças de preparações diversas da cultura alimentar brasileira. A partir disso, o grupo construiu o compromisso de resgatar a cultura alimentar brasileira no cotidiano.
Análise Crítica
Em uma sociedade dominada por grandes corporações que influenciam e controlam não apenas a produção e distribuição de alimentos, mas também a narrativa do que é considerado “saudável”, torna-se necessária a criação de formas de resistência que resgatem a cultura alimentar brasileira, contrapondo-se à lógica colonialista que padroniza a alimentação e contribui para o apagamento dos saberes ancestrais. Assim, a atividade promoveu a reflexão sobre o comer enquanto ato político e comunitário.
Conclusões e/ou Recomendações
A troca dialógica em torno da cultura alimentar brasileira constrói um terreno fértil para que os sujeitos reivindiquem uma alimentação que respeite a diversidade cultural do país. Dessa forma, abordar a cultura alimentar é também uma estratégia de promoção da saúde, configurando-se como um tema potente a ser debatido nas ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) desenvolvidas nas unidades de saúde.
ABORDAGEM SISTÊMICA PARA COMPREENDER A INFLUÊNCIA DE FATORES SOCIOCULTURAIS NAS PRÁTICAS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES BRASILEIROS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 USP
2 UNISANTOS
Período de Realização
A experiência relatada ocorreu no período de 31 de março a 25 de abril de 2025.
Objeto da experiência
O objeto da experiência foi a aprendizagem de métodos de pensamento sistêmico e sistemas complexos para abordar problemas complexos em Saúde Coletiva.
Objetivos
O objetivo é apresentar a experiência vivenciada na disciplina “Pensamento sistêmico e sistemas complexos aplicado à Nutrição em Saúde Pública” quanto à contribuição da abordagem sistêmica para compreender a influência dos fatores socioculturais nas práticas alimentares de adolescentes brasileiros.
Descrição da experiência
Foram abordados princípios básicos do pensamento sistêmico e sistemas complexos, mapeamento de sistemas, e alguns métodos de simulação como análise de redes, dinâmicas de sistemas e modelagem baseada em agentes. O trabalho final consistiu em elaborar um mapeamento de fatores socioculturais relevantes na alimentação dos adolescentes com uso do diagrama de laços causais, identificar dinâmicas envolvendo a interação entre esses fatores e propor uma intervenção para promoção da alimentação saudável.
Resultados
As principais dinâmicas mapeadas relacionam-se à socialização no ambiente escolar, ao tempo de uso de ambientes digitais e à influência dos pares. Percebe-se uma forte influência do ambiente alimentar escolar, uma vez que a socialização com pares ocorre sobretudo na escola e arredores. O uso intenso de ambientes digitais e das mídias sociais é outro fator de grande impacto, devido à exposição à publicidade e influenciadores. Foi sugerida maior disponibilidade de alimentos saudáveis na escola.
Aprendizado e análise crítica
A abordagem por pensamento sistêmico e sistemas complexos revelou-se bastante apropriada e útil para compreender e avaliar intervenções em problemas de saúde relacionados com as práticas alimentares, uma vez que os sistemas alimentares são sistemas complexos, em que há interação entre múltiplos elementos. A dimensão sociocultural envolve múltiplos fatores e o diagrama de laços causais permite visualizar a interação entre eles, bem como os impactos de possíveis intervenções no sistema.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se um estudo mais detalhado e aprofundado, pela perspectiva sistêmica, da formação de práticas alimentares dos adolescentes com mapeamento mais abrangente dos fatores socioculturais e das dinâmicas de interação, incluindo a interação com as demais dimensões (econômica, ambiental, biológica, dentre outras). A partir de um entendimento mais amplo da questão, será possível avançar na promoção da alimentação saudável entre adolescentes.
O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO: UM HORIZONTE DE POSSIBILIDADES
Pôster Eletrônico
1 CASSI
Período de Realização
O relato descreve uma atividade de Educação em Saúde, realizada entre março e dezembro de 2023
Objeto da experiência
Patologias podem ser resultantes da inadequação no consumo alimentar e o estado emocional pode ser um gatilho que interfere nas escolhas alimentares.
Objetivos
O objetivo da atividade foi estimular discussão sobre o comportamento alimentar e nutricional na promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, discorrendo sobre as experiências e as influências das emoções nas escolhas alimentares individuais e coletivas.
Descrição da experiência
Semáforo da Saúde, feita numa Instituição de Saúde Suplementar, nos moldes da ESF, pela nutricionista e psicóloga. Foram utilizadas réplicas de alimentos in natura e minimamente processados, embalagens de processados/ultra processados. Itens foram distribuídos em três mesas cobertas de tecidos, seguindo cores do semáforo: vermelha ultra processados, amarela processados, verde in natura e minimamente processados. Participantes trocaram experiências/vivências alimentares individuais e familiares.
Resultados
Foram identificados influenciadores e determinantes para as escolhas alimentares, como as situações geradoras do estresse que contribuem para as práticas alimentares individuais. O comportamento alimentar pode ser afetado pelas emoções e as cobranças internas ou externas excessivas podem desencadear situações estressantes interferindo na escolha alimentar, uma vez que a comida pode ser uma ferramenta de prazer imediato, aliviando e compensando as emoções.
Aprendizado e análise crítica
A vivência dialogada oportunizou o conhecimento dos rótulos, aditivos e ingredientes contidos nos produtos consumidos no cotidiano e espera-se que a atividade desenvolvida possibilite algumas mudanças positivas nos padrões alimentares dos participantes, e que além disso, eles possam atuar como multiplicadores dessas informações.
Conclusões e/ou Recomendações
A ampliação do conhecimento sobre os vários determinantes do comportamento alimentar e a orientação educacional são importantes ferramentas para a transmissão de informação nutricional visando a mudança de crenças relativas à alimentação. A identificação dos estados emocionais pode ser uma condição de manejo individual na resposta de estresse e, consequentemente nas melhores escolhas alimentares.
EXPERIÊNCIA DA PRIMEIRA NUTRICIONISTA RESIDENTE NA UBS 17 DE CEILÂNDIA
Pôster Eletrônico
1 EGF
Período de Realização
Março de 2025 até o presente (Junho de 2025)
Objeto da experiência
Avançar o cuidado nutricional nas comunidades vulneráveis através da implementação de serviço especializado em nutrição nas equipes de saúde.
Objetivos
Avançar o cuidado nutricional nas comunidades vulneráveis atendidas na UBS 17, alinhando as práticas locais à Política Nacional de Alimentação e Nutrição e à Segurança Alimentar e Nutricional promovendo o direito humano à alimentação saudável, com foco na autonomia e na promoção da saúde coletiva.
Descrição da experiência
A UBS 17, atende uma população vulnerável e passou a contar com a primeira nutricionista residente, o que trouxe desafios significativos, como entender a necessidade atual para criar fluxos e atividades de educação alimentar e nutricional. A atuação focou no fortalecimento das práticas nutricionais, como nos Hiperdias; na elaboração de grupo de emagrecimento; matriciamento com as equipes e ações no território ampliando o cuidado nutricional, buscando aumentar a autonomia alimentar da comunidade.
Resultados
Os resultados evidenciaram avanços na adesão da população aos cuidados nutricionais, especialmente nos grupos de Hiperdia, com melhorias nos hábitos alimentares e ampliando os saberes. Os pacientes demonstraram maior compreensão sobre o papel da alimentação nas doenças, fortalecendo a prevenção e promoção de saúde.
Aprendizado e análise crítica
Apesar dos desafios iniciais, a atuação em comunidades vulneráveis tem grande potencial para transformar hábitos alimentares e melhorar a saúde coletiva. A falta de estrutura inicial foi não só um obstáculo, mas também uma oportunidade de inovação. A análise crítica aponta para a importância de fortalecer o trabalho intersetorial, com integração das equipes de saúde e educação, além da necessidade de estratégias adaptadas às realidades locais para garantir a eficácia das ações nutricionais.
Conclusões e/ou Recomendações
O nutricionista na atenção básica é fundamental para a promoção de saúde nas comunidades vulneráveis. Recomendo a expansão das ações desenvolvidas, com foco na educação nutricional e a integração em outras políticas públicas de saúde e educação. A continuidade e o acréscimo nas ações para a comunidade são essenciais para fortalecer a autonomia alimentar da população e ampliar o impacto positivo das ações nutricionais na saúde coletiva.
O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA EM MÚLTIPLOS CENÁRIOS: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO PANELA ABERTA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Período de Realização
O Projeto Panela Aberta, integra o estudo Cozinhas Solidárias em Rede, com início em fevereiro/2024.
Objeto da experiência
Desenvolvimento e aplicação de oficinas do Panela Aberta, com base no Guia Alimentar brasileiro, na rede socioassistencial e em Cozinhas Solidárias.
Objetivos
Adaptar o protocolo do Projeto Panela Aberta (Panela) para os seguintes públicos: cozinheiras (os) e comunidade atendida pelas Cozinhas Solidárias e nutricionistas que atuam no Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Metodologia
O Projeto de Extensão Panela Aberta, criado em 2018 na Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista, com o objetivo de divulgar o Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB), procura promover a prática autônoma de hábitos alimentares saudáveis por meio da realização de oficinas autorais, concebidas como um espaço de construção compartilhada. Entre os diversos públicos atendidos pelo Panela, estão cozinheiras(os) de CSol e nutricionistas do SUAS.
Resultados
Foram realizadas oficinas presenciais para o público das CSol; para as nutricionistas, as oficinas aconteceram no formato remoto. As primeiras visitas realizadas nas CSol no PA e PE, revelaram que a oficina teve boa aceitação e participação ativa dos trabalhadores das CSol e comunidade. As oficinas construídas em formato remoto com as nutricionistas possibilitaram troca de experiências nos contextos de atuação fundamentados pelo GAPB e em defesa do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
Análise Crítica
O estudo revelou a singularidade das CSol e das atuações de nutricionistas no SUAS, reforçando a pertinência da adaptabilidade do protocolo do Panela. A revisão de literatura e o pré-teste orientaram ajustes nas oficinas, aprimoradas também pelo diálogo com o público durante o desenvolvimento. As experiências demonstraram que o protocolo é sensível ao contexto, incorporando diretrizes em defesa do DHAA e da SAN, e é permeável à incorporação dos temas locais identificados no curso das visitas.
Conclusões e/ou Recomendações
O protocolo do Panela promove a adesão dos participantes às oficinas, que expressam dúvidas e comentários. As adaptações a cada cenário favorecem a participação do público, que identifica as situações apresentadas e, por meio dos exemplos do cotidiano, reconhece os caminhos para hábitos saudáveis e sustentáveis em sua realidade. Esses achados reforçam a relevância de ações educativas que favoreçam o uso e a compreensão crítica do GAPB.
PRODUÇÃO DE CUIDADO ALIMENTAR ENTRE JOVENS EM SITUAÇÃO DE RUA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 USP
Período de Realização
Resultado de 6 meses de atuação, compreendidos entre os meses de julho de 2023 a janeiro de 2024.
Objeto da experiência
Análise sobre possibilidades de cuidados a crianças e adolescentes em situação de rua, através da vivência em centro de referência voltado ao grupo.
Objetivos
O trabalho teve por objetivo registrar a experiência de atividades de voluntariado em serviço público de acolhimento e reintegração social, com foco nas possibilidades de produção de cuidado alimentar entre jovens em situação de rua, fomentando reflexões para a formação profissional em nutrição.
Descrição da experiência
A atuação ocorreu em um Centro de Referência a jovens em situação de rua, localizado no centro de São Paulo. O serviço oferece atendimento de necessidades básicas, atividades socioeducativas e articulação com rede socioassistencial. A experiência se iniciou com a melhoria das refeições oferecidas, gestão de cozinha e comunicação entre as equipes, e gradativamente possibilitou-se a integração às ações da equipe multiprofissional, promovendo práticas de cuidado alimentar e criação de vínculos.
Resultados
Entre as ações realizadas, foi possível discutir sobre a lacuna entre direitos legais e a realidade vivenciada, através de uma atividade educativa sobre higienização das mãos. Pela observação participante, troca de confiança e vínculos fortalecidos, os jovens puderam utilizar do ambiente alimentar e acolhedor do serviço para manifestar desejos e aversões, na alimentação e demais aspectos da vida. Evidencia-se a retomada da compreensão do próprio eu, superando a invisibilidade sofrida nas ruas.
Aprendizado e análise crítica
Através da construção de vínculo pela abordagem humanizada do serviço, com oferecimento de alimentação adequada e saudável, as refeições se tornam espaço para produção de cuidado para os jovens, sendo o comer por vezes a única atividade identificada como cuidado da própria saúde. A comensalidade se destacou como fator de socialização dos jovens, sendo a mesa local onde expressam suas preferências, são escutados e escutam, impactando positivamente suas interações com os demais e consigo mesmos.
Conclusões e/ou Recomendações
Considerar os determinantes sociais é crucial para promover uma abordagem integral à saúde. No papel do nutricionista como profissional da saúde defensor do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável, a experiência evidenciou a importância dos serviços públicos comunitários enquanto territórios que valorizam as dimensões de gestão do cuidado, partindo do vínculo e acolhimento com quem é cuidado, considerando seus contextos e vivências.
IMPACTOS DA INSEGURANÇA ALIMENTAR AO PACIENTE COM TUBERCULOSE PULMONAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UESB
Período de Realização
A vivência ocorreu entre os meses de março a julho de 2024.
Objeto da experiência
A insegurança alimentar de um paciente com tuberculose pulmonar
Objetivos
Relatar a experiência vivenciada com um paciente convivendo com a tuberculose pulmonar em situação de insegurança alimentar.
Metodologia
Durante o acompanhamento de aula prática sobre doenças transmissíveis dos alunos do 6º semestre em Saúde Coletiva ao serviço de Tuberculose e Hanseníase, foi selecionado um usuário em tratamento de Tuberculose Pulmonar (TB) para visita domiciliar. Ao realizar a atividade em saúde, foi observado que o paciente se encontrava em insegurança alimentar decorrente ao desemprego o qual desencadeou em adoecimento e consequentemente ao afastamento de atividades laborais.
Resultados
Foi observado que o indivíduo se encontrava em estado de vulnerabilidade, sem alimentação para manutenção da saúde. Mesmo realizando o tratamento correto, não conseguia trabalhar por se sentir frágil e sem forças. Apesar de existirem políticas públicas que assegurem financeiramente o paciente em tratamento de tuberculose pulmonar, o processo não se constitui como uma medida de fácil aquisição visto que o processo de espera desampara o indivíduo, o qual não possui como se manter financeiramente.
Análise Crítica
A tuberculose pulmonar é uma doença infectocontagiosa que possui uma forte determinação social, associando a pobreza e a insegurança alimentar aumenta o risco de adoecimento e interrupção do tratamento. As insuficiências econômicas e sociais, favorecem o preconceito e a estigmatização em relação ao portador de TB, ocasionando, por exemplo, na falta de oportunidades de trabalho formal, incentivando o portador a permanecer em auxílio doença e não se vincular a uma atividade laborativa.
Conclusões e/ou Recomendações
A tuberculose pulmonar se constitui como uma doença estigmatizante, trazendo impactos sociais e econômicos para quem a vivencia. Uma das repercussões é a insegurança alimentar evidenciada pela ausência de capital para manutenção da alimentação e consequentemente da saúde. Com isso, percebe-se a fragilidade da implementação de políticas públicas de enfrentamento a doença o que traz danos e agravantes a saúde dos indivíduos doentes.
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E AMBIENTAL EM HORTA DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS EM RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UFRJ - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA VIDA ESTUDANTIL
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Período de Realização
A experiência no projeto de extensão de Horta RU da UFRJ ocorreu de agosto de 2023 a abril de 2025.
Objeto da experiência
Aspectos educativos de horta pedagógica de plantas alimentícias em restaurante universitário campus fundão RJ – RU/UFRJ
Objetivos
Analisar a interação social da comunidade universitária no ambiente de cultivo e experimentação com plantas alimentícias não convencionais (PANC) e especiarias; identificar repercussões de educação alimentar e nutricional na formação dos estudantes.
Metodologia
A experiência tem selo ODS em educação com ações gestão-ensino-pesquisa-extensão. A horta agroecológica do RU/UFRJ possui mais de 100 espécies nativas que incluem manejo, plantio e compostagem. Ocorreram visitas guiadas e oficinas culinárias com crianças, universitários, povos e comunidades tradicionais, povos da cultura nipônica e do movimento negro, além de eventos externos do CONSEA/RJ e oficinas culinárias com estudantes, professores da UFRJ e escola de ensino básico da Ilha do Governador.
Resultados
O espaço de cultivo aberto à experimentação em horta pedagógica universitária possibilitou familiarização e reconhecimento de espécies de PANC, especiarias e plantas medicinais; Permitiu dialogar sobre biodiversidade, sustentabilidade, agroecologia, nutrição e culinária; Impulsionou a produção de material didático sobre plantas; Realizou ações de ensino-aprendizagem de habilidades culinárias de alimentos in natura interagindo com agroecologia; Impactou o aprendizado e uso de plantas nativas.
Análise Crítica
A horta do RU/UFRJ é estratégica na educação alimentar. O conhecimento que se ensina e se aprende com educação continuada é potente para transformação e inclusão social. O que se aprende em um espaço público de cultivo de alimentos permite a ampliação de conhecimentos com diversas atividades de reconhecimento de novos alimentos in natura. Os recursos financeiros são escassos, embora tenha havido inclusão de novas espécies demonstrando apoio da comunidade universitária.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que as atividades da horta pedagógica RU/UFRJ são essenciais para formação profissional. Representa um espaço social de experiências educativas do RU/UFRJ além das assistenciais, servindo como um espaço de convivência e acolhimento para os estudantes. É necessário compreender que as dificuldades enfrentadas no decorrer da experiência podem ser enfrentadas através de investimento, trazendo benefícios à comunidade acadêmica.
O PAPEL DA AGRICULTURA FAMILIAR E DO PNAE EM TERRITÓRIO QUILOMBOLA: UMA EXPERIÊNCIA EM GARANHUNS-PE
Pôster Eletrônico
1 IAM FIOCRUZ PERNAMBUCO
2 UPE
3 Associação Quilombola de Castainho
Período de Realização
Março de 2025
Objeto da experiência
Descrever a implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em comunidade quilombola, destacando cooperativas e agricultura familiar.
Objetivos
Compreender a relação entre políticas públicas de alimentação escolar e o desenvolvimento socioeconômico local, considerando o papel das cooperativas e a valorização da produção agrícola familiar para a promoção da autonomia alimentar e fortalecimento comunitário.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu em março de 2025, na comunidade quilombola de Garanhuns (PE), sob uma gameleira histórica local. Participaram lideranças locais e residentes do Programa Multiprofissional de Residência em Saúde Coletiva da UPE. A metodologia interativa uniu saberes tradicionais e profissionais, discutindo o PNAE, sua implementação e a importância da agricultura familiar na alimentação escolar, integrando políticas públicas às necessidades locais e valorizando cooperativas quilombolas.
Resultados
Neste relato, foram identificados desafios e potencialidades da implementação do PNAE em comunidades rurais e quilombolas, destacando o impacto da agricultura familiar na alimentação escolar, saúde e economia local. A inclusão de alimentos tradicionais e minimamente processados contribui para hábitos saudáveis, maior aceitação das crianças e soberania alimentar. Porém, é necessária melhor articulação com políticas públicas e suporte logístico para garantir a sustentabilidade.
Aprendizado e análise crítica
O principal aprendizado foi a importância da articulação entre comunidades quilombolas, escolas e gestores públicos para a efetividade do PNAE. A experiência mostrou que a inserção de alimentos locais pela agricultura familiar contribui para a economia e valorização cultural, além de melhorar a alimentação escolar. Contudo, desafios logísticos e falta de articulação com políticas de apoio às cooperativas precisam ser fortalecidos para garantir sustentabilidade e continuidade.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência mostrou que a inclusão de quilombolas nas políticas, como o PNAE, fortalece a economia, preserva a cultura e garante alimentação escolar saudável e de qualidade. Recomenda-se reforçar o diálogo entre comunidades, escolas e gestores para melhorar a eficiência no fornecimento de alimentos. É indispensável que as políticas públicas sejam inclusivas, contemplando a diversidade local e fortalecendo o papel das comunidades tradicionais.
FORMAÇÃO DE GESTORES (AS) E MANIPULADORES (AS) DE COZINHAS COMUNITÁRIAS E SOLIDÁRIAS EM ALIMENTAÇÃO SEGURA E SAUDÁVEL.
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 CGCFOME
Período de Realização
Oficina realizada no 3º Seminário do Bahia Sem Fome com as Cozinhas Comunitárias, em 29/05/2025.
Objeto da experiência
Oficina de Boas Práticas e Produção de Refeições Saudáveis com as Cozinhas Comunitárias e Solidárias do Programa Bahia Sem Fome do estado da Bahia.
Objetivos
Promover a qualificação de gestores e manipuladores de alimentos para garantir o preparo seguro, saudável e sustentável das refeições nas Cozinhas Comunitárias e Solidárias e colaborar com a promoção da segurança alimentar e nutricional dos comensais.
Descrição da experiência
A oficina reuniu cerca de 168 participantes, entre gestores, coordenadores, nutricionistas, cozinheiras e representantes das Cozinhas Comunitárias e Solidárias do projeto Comida no Prato, promovendo a troca de saberes de forma prática e acessível. Houve dinâmicas sobre alimentação saudável, montagem de cardápios e desconstrução de mitos alimentares, além da entrega de um manual técnico e uma exposição fotográfica com inconformidades observadas durante visitas técnicas às cozinhas.
Resultados
Na oficina, observou-se que pessoas idosas, com restrições alimentares, e que tinham uma história de trabalho com creches, apresentaram pratos mais variados, com alimentos in natura. A partir das propostas de interação criada pelos facilitadores foi discutido sobre rendimento de vísceras, ovos e uso de processados. Em boas práticas, destacou-se o uso do pano de prato, tratado através de conto autoral. Também foram abordados temas como descongelamento, utensílios, higienização e sanitização.
Aprendizado e análise crítica
Os hábitos alimentares são construídos social e culturalmente, refletindo valores, crenças, experiências, condições econômicas e o conhecimento de quem prepara os alimentos. Nesse contexto, as Cozinhas Comunitárias e Solidárias atuam como estratégias de resistência, cuidado coletivo e transformação social, sendo essenciais na promoção do direito humano à alimentação adequada em territórios vulnerabilizados em defesa da soberania alimentar e da justiça social.
Conclusões e/ou Recomendações
Muitas cozinhas comunitárias e solidárias enfrentam a falta de recursos, formação técnica e ferramentas de organização. A oficina buscou preencher essa lacuna por meio do intercâmbio de saberes, reflexões e práticas. Os resultados reforçam a necessidade de continuidade da ação, com a oferta de cursos sobre boas práticas em todo o território baiano, além da articulação entre setores, visando maior qualificação e aprofundamento das iniciativas.
APOIO À IMPLEMENTAÇÃO E FORTALECIMENTO DAS AÇÕES DA ESTRATÉGIA DE PREVENÇÃO DA OBESIDADE PARA BRASILEIRAS E BRASILEIROS (2025-2035)
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Ouro Preto
2 Ministério da Saúde
3 Universidade Federal da Paraíba
4 Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso do Sul
5 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Período de Realização
Julho de 2024 até a presente data
Objeto da experiência
Apoio à Estratégia de Prevenção da Obesidade para Brasileiras e Brasileiros, atualizada para a década de 2025-2035.
Objetivos
Descrever atividades planejadas para qualificação e fortalecimento da Estratégia de Prevenção da Obesidade para Brasileiras e Brasileiros, em cooperação com a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Descrição da experiência
As atividades abarcam pesquisas; educação profissional; elaboração de peças de comunicação e documentos técnicos; monitoramento e avaliação. Pretende-se compreender como o estigma associado ao peso e determinadas identidades sociais complexificam a discriminação de pessoas que vivem com obesidade no país, sob perspectiva interseccional, a fim de fomentar compromissos com a execução da Estratégia por gestores públicos, profissionais, lideranças comunitárias e a população em geral.
Resultados
A obesidade é um problema social, que requer abordagem intersetorial, interseccional e não estigmatizante. Foram desenvolvidos instrumentos que associem estigma percebido e atitudes antiobesidade, discriminação pelo peso e por identidades sociais, com fatores sociodemográficos, de saúde e ambiente alimentar - cujos resultados subsidiarão o conteúdo de cursos e documentos técnicos. Os indicadores da Estratégia, construídos intersetorialmente, terão um plano operativo e um caderno de qualificação.
Aprendizado e análise crítica
A constituição de uma equipe de pesquisa e de consultoria técnica que alia profissionais com experiência em universidades federais, gestão e assistência em organizações governamentais e do terceiro setor, representantes de diferentes categorias profissionais e identidades sociais discriminadas na sociedade brasileira, inclusive obesidade, tem potencializado construções emancipatórias que podem qualificar a Estratégia de Prevenção da Obesidade para Brasileiras e Brasileiras.
Conclusões e/ou Recomendações
A Estratégia é renovada em um cenário de prioridade ao enfrentamento da insegurança alimentar, que tem afetado inclusive pessoas que vivem com obesidade, no que se refere ao comprometimento no acesso a alimentos de qualidade. Espera-se que a experiência contribua para a promoção de políticas públicas inclusivas e eficazes na atenuação da insegurança alimentar, obesidade e estigmatização relacionada ao peso, proporcionando maior justiça social.
SABORES E AFETOS NA CONSTRUÇÃO DE SABERES SOBRE ALIMENTAÇÃO: ESTRATÉGIAS LÚDICAS E INCLUSIVAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário Araguaia
Período de Realização
Abril a junho de 2025
Objeto da experiência
Práticas lúdicas de Educação Alimentar e Nutricional como estratégia de inclusão de estudantes com deficiência intelectual, no ensino especial.
Objetivos
Apresentar ações de Educação Alimentar e Nutricional inclusivas, dialógicas e lúdicas realizadas com estudantes com deficiência intelectual com vistas ao fortalecimento da autonomia, pertencimento e consciência alimentar em um território de reabilitação e ensino especial.
Descrição da experiência
Iniciou-se com escuta dos funcionários da instituição, em Goiânia-GO, para conhecer a dinâmica de ensino e suas demandas, incluindo as alimentares. Em seguida, foram planejadas e executadas duas atividades, com 20 turmas de estudantes: uma com fantoches e uma simulação de feira de alimentos. Ambas usaram recursos simbólicos e sensoriais, com foco na valorização de alimentos in natura e no estímulo à participação ativa e dialógica, respeitando os diversos modos de aprender e comunicar dos alunos.
Resultados
Observou-se forte adesão às atividades, com expressões verbais e não verbais de encantamento, reconhecimento de alimentos in natura, e descontentamento com os alimentos ultraprocessados. Os alunos demonstraram proatividade e criticidade nas escolhas alimentares e empatia no desenvolvimento das atividades educativas. Os professores relataram que as ações reverberaram mudanças saudáveis na relação dos estudantes com a alimentação, mesmo entre aqueles com maiores limitações comunicativas.
Aprendizado e análise crítica
O uso de metodologias lúdicas, dialógicas e afetivas, que favoreçam as trocas entre os sujeitos do processo educativo, potencializam a compreensão crítica sobre escolhas alimentares saudáveis. As atividades permitiram aproximação com características sensoriais dos alimentos, a socialização e o protagonismo dos estudantes. As ações revelaram a importância da escuta ativa, acessibilidade e criatividade na educação alimentar e nutricional com públicos historicamente invisibilizados.
Conclusões e/ou Recomendações
A educação alimentar e nutricional, por se basear no diálogo, na contextualização do território e dos sujeitos do processo, pode ser potente para inclusão e fortalecimento de hábitos saudáveis. Recomenda-se sua adoção no contexto educativo de alunos com deficiência intelectual, a partir de metodologias multissensoriais, lúdicas e afetivas. Esta experiência reafirma o papel do nutricionista como educador comprometido com práticas emancipadoras.
A INTERFACE ENTRE AS AÇÕES DO GRUPO MULHERES APOIANDO MULHERES NA AMAMENTAÇÃO (MAMA) E A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS.
Pôster Eletrônico
1 UERJ
2 UFF/CISP-ENSP-NOVA
Período de Realização
Realizada de 2019 a 2024, com atendimentos diários e atuação crescente nas redes sociais.
Objeto da experiência
Ações desenvolvidas pelo Grupo MAMA e as correlações com a sustentabilidade ambiental.
Objetivos
Apresentar, ações do Grupo MAMA frente a promoção, proteção e apoio a amamentação e a alimentação complementar saudável e o reflexo no meio ambiente.
Metodologia
O grupo MAMA é uma coalizão de profissionais da área da saúde que realiza a promoção da amamentação e da alimentação complementar saudável, por meio de atendimentos diários, a mulheres, via rede social. Atualmente é um projeto de extensão coordenado por docentes de três universidades públicas.
Resultados
O Grupo MAMA, composto por 48 voluntárias, em cinco anos apoiou mais de 1.319mulheres com diferentes demandas como: pega e posição durante a mamada; uso de chupeta e mamadeira; leite fraco; oferta de fórmula láctea; retorno da mãe ao trabalho… Todas as orientações reforçaram práticas sustentáveis e redução de resíduos, uma vez que incentivaram a amamentação, o uso de copinhos reutilizáveis, em vez de mamadeiras e bicos plásticos e estimularam a criação de ambientes de proteção a amamentação.
Análise Crítica
A amamentação, além de benefícios para a criança e para mãe, tem impacto no planeta, pois é um alimento in natura, produzido e fornecido sem poluição e sem prejuízos aos recursos naturais, dispensa a produção leiteira animal, evitando resíduos que contribuem para a emissão de gás metano, com resultado direto no efeito estufa. Além de reduzir a produção industrial de fórmulas lácteas e toda uma cadeia de produtos geradores de detritos, como toneladas de latas, plásticos e rótulos.
Conclusões e/ou Recomendações
O Grupo MAMA, um veículo de acolhimento, orientação e extensão universitária, atua na promoção do aleitamento materno, Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável, Segurança Alimentar e Nutricional e Ambiente Alimentar Saudável. Sua atuação na interface entre saúde, nutrição e meio ambiente revela-se um agente transformador, promovendo equidade no acesso à informação, o cuidado desde os primeiros dias e sustentabilidade ambiental.
OFICINAS DE CULINÁRIA COREANA COMO FERRAMENTA DIDÁTICO-METODOLÓGICA PARA PROMOÇÃO DA SEGURANÇA E EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster Eletrônico
1 UNIRIO
2 UFRRJ
Período de Realização
Oficina de Kimchi realizada no dia 17/08/2024; Oficina de Japchae realizada no dia 11/04/2025.
Objeto da experiência
Oficinas culinárias de pratos típicos da cultura alimentar coreana consumidos no Brasil pela comunidade coreano-brasileira para promoção de EAN e SAN.
Objetivos
Utilizar oficinas culinárias como ferramentas didático-metodológicas nos processos de Educação Alimentar e Nutricional e Segurança Alimentar e Nutricional, promovendo a proteção, divulgação e ensino de práticas associadas à culturas alimentares não hegemônicas e historicamente marginalizadas.
Metodologia
Realizaram-se duas oficinas culinárias (Kimchi e Japchae) produtos da dissertação de mestrado profissional ainda em andamento de uma das autoras. Sua elaboração se deu a partir de dados coletados junto à comunidade coreano-brasileira e outras fontes sobre a cultura alimentar e histórica da Coreia. As atividades foram conduzidas por especialistas e membros da comunidade no Laboratório de Alimentos da Escola de Nutrição UNIRIO, com formulários avaliativos aplicados ao final.
Resultados
A partir de dados coletados em formulários online, pode-se constatar que as oficinas culinárias, realizadas conjuntamente entre comunidade acadêmica e público geral, foram estratégia efetiva de valorização de saberes tradicionais e não hegemônicos, constituindo espaço de escuta e reconhecimento da diversidade alimentar brasileira. A maioria considerou as atividades positivas e indicou interesse em participar de outras similares.
Análise Crítica
As oficinas criaram um espaço colaborativo de construção, troca e disseminação de conhecimento entre ministrantes, corpo docente, discente e público geral. Refletiu-se sobre a necessidade de mais atividades semelhantes e políticas públicas inclusivas que considerem a diversidade alimentar, promovam a decolonização da alimentação, combatam a homogeneização dietética e fortaleçam a justiça alimentar valorizando as culturas imigrantes do Brasil.
Conclusões e/ou Recomendações
Ao visibilizar as práticas alimentares de uma comunidade étnico-cultural no Brasil, o trabalho contribui para a equidade em saúde, destacando os eventuais obstáculos que imigrantes enfrentam no acesso a alimentos culturalmente adequados. Trata-se de uma ação com potencial replicável, com impacto direto e prático em seus participantes, que podem desenvolver melhor senso crítico em relação às questões acerca de diversidade cultural.
“A ANCESTRALIDADE QUE ALIMENTA”: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE UM EVENTO ENVOLVENDO NUTRIÇÃO E SABERES INDÍGENAS.
Pôster Eletrônico
1 IFBA
2 UFBA
Período de Realização
O evento promovido na primeira semana do mês de Abril/2025.
Objeto da experiência
Evento, com duração de 2 dias, na temática referente à Nutrição e Fundamentos Indígenas na alimentação urbana.
Objetivos
Descrever a organização e implementação do evento denominado “Abril Indígena: A ancestralidade que alimenta: saberes e sabores indígenas” e promoção dos saberes e práticas alimentares indígenas.
Metodologia
O projeto foi idealizado sob coordenação do Setor de Nutrição/IFBA juntamente com o apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), sendo realizado o delineamento da programação e convidados para as mesas temáticas, rodas de conversa e meios organizativos do evento, visando promover a valorização e disseminação dos saberes e práticas alimentares indígenas por meio de um evento educativo e cultural, contribuindo para a sensibilização e respeito da territorialidade dos povos originários.
Resultados
O evento “Abril Indígena - A ancestralidade que alimenta: saberes e sabores indígenas” teve 609 inscritos, com média de 304 participantes/dia durante os 2 dias. Contou com 8 representantes indígenas de 3 etnias da Bahia, promovendo 05 mesas-redondas, oficina culinária prática, 5 minicursos e jogos esportivos indígenas. Assim, potencializando o evento como um espaço voltado para questões das minorias sociais, oportunizando um resgate histórico e contra hegemônico dos saberes academicocêntricos.
Análise Crítica
Ao final do evento foi aplicado um formulário de resposta tipo likert com os participantes, obtendo resposta de 118 participantes, isso revelou 71,2% concordou totalmente com a relevância das temáticas abordadas durante o evento e 82,9% participariam novamente de um evento como este. Apesar do êxito obtido, questões estruturais persistem: a limitação de representantes, pois na Bahia há 34 assentamentos indígenas reconhecidos; também, a dependência de editais pontuais para realização de eventos como este.
Conclusões e/ou Recomendações
Com a implementação deste evento, evidencia-se a reflexão sobre a importância da preservação da cultura indígena, oportunizando um resgate da ancestralidade alimentar desses povos e como esses saberes são aplicados no cotidiano, influenciando na formação de cidadãos histórico-críticos e impulsionando a valorização das diferentes culturas presentes na sociedade brasileira.
FOMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR (AF) NO ÂMBITO DO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) NO MUNICÍPIO DE PALMAS-TO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Tocantins
2 -Secretaria Municipal de Educação de Palmas
Período de Realização
O trabalho foi realizado entre os meses de março e maio de 2025.
Objeto da experiência
Relato de oficina de incentivo aos agricultores familiares de Palmas, no Tocantins, se tornarem fornecedores de alimentos do PNAE no âmbito municipal.
Objetivos
Fomentar a economia local por meio do incentivo ao fornecimento de alimentos ao PNAE municipal por agricultores familiares do entorno de uma Escola de Tempo Integral do Campo. Fortalecer a maior e mais antiga política pública instituída no país para a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional.
Metodologia
Durante uma ação curricular de ensino, uma estudante de nutrição e seu preceptor, responsável técnico pelo PNAE do município de Palmas-TO, realizaram uma oficina em uma escola do campo para simular com os agricultores familiares do seu entorno as etapas da Chamada Pública do PNAE (levantamento de produção, documentação, elaboração de projeto de venda, lista de serviços e contatos para correção de pendências, entrega e recebimento dos alimentos) com intuito de fortalecer a AF e o PNAE.
Resultados
Os 08 AF participantes preencheram um check list de forma individual, identificando em quais etapas da Chamada Pública já estavam aptos a se tornarem potenciais fornecedores do Programa Nacional de Alimentação Escolar e nos quesitos ainda não aptos, foram orientados sobre quais setores institucionais (com fornecimento de contato telefônico e nome do técnico de referência do serviço) podem ser acessados para resolução das pendências a serem superadas para tornar-se apto ao fornecimento no PNAE.
Análise Crítica
A articulação ensino-serviço entre a Universidade Federal do Tocantins e Secretaria Municipal da Educação de Palmas oportunizou o protagonismo estudantil no desenvolvimento de um instrumento diagnóstico de aptidão dos AF à Chamada Pública do PNAE, e, o contato direto da gestão da alimentação escolar com os AF, auxiliando na compreensão do cenário local de produção de alimentos – o que pode impactar na concepção de cardápios escolares que fomentem a economia da comunidade do entorno das escolas.
Conclusões e/ou Recomendações
O trabalho tende fortalecer a participação da agricultura familiar no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar, e, com isso, fomentar a economia local e contribuir para a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional em Palmas-TO. Ademais, a experiência foi fundamental para a qualificação da prática formativa da estudante, ao possibilitar a aplicação de conhecimento técnico-científico a partir da compreensão da realidade local.
SEGURANÇA E INSEGURANÇA ALIMENTAR NAS MINORIAS. ENSINO EM SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO EM MEDICINA
Pôster Eletrônico
1 CUSC
Período de Realização
junho a dezembro de 2024
Objeto da experiência
Conteúdos sobre insegurança alimentar como componente curricular na graduação em medicina, para atender às necessidades de grupos vulneráveis.
Objetivos
Incluir problemática da insegurança alimentar como componente do curso de medicina, com base nas diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (Portaria n. 2.715 de 17 de novembro de 2011), e oferecer subsídios que contribuam para atuação na Atenção Primária em Saúde (APS).
Descrição da experiência
O curso de medicina de uma universidade privada, abordou o tema de insegurança alimentar entre as populações vulneráveis por meio de aulas teóricas e discussões. Foi apresentado o “1º Inquérito sobre a situação alimentar no município de São Paulo”, realizado pela UNIFESP em 2024. Discutiu-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) com a finalidade de preparar os alunos para utilizar esse instrumento na Atenção Primária.
Resultados
A partir da temática apresentada e das discussões desenvolvidas com os alunos foi elaborado um projeto de Iniciação Científica voltado para a avaliação da insegurança alimentar em uma escola pública na região do Ipiranga, pertencente ao território da UBS São Vicente de Paula, a ser desenvolvido no 2º semestre de 2025.
Aprendizado e análise crítica
A inclusão de conteúdos relativos à insegurança alimentar no currículo dos estudantes de medicina foi importante para a preparação dos futuros profissionais para o enfrentamento do problema nas populações mais vulneráveis, especialmente na periferia de São Paulo. A maioria dos alunos considerou o conteúdo necessário para a atuação médica e entendeu sua importância para a compreensão e o enfrentamento das iniquidades sociais.
Conclusões e/ou Recomendações
A inclusão dos fatores determinantes das condições de saúde da população é fundamental para a formação dos jovens médicos. Nesse sentido, a inserção de conteúdos relacionados à insegurança alimentar responde aos desafios de criação de novas grades curriculares para o ensino da Medicina. A abordagem multidimensional no ensino médico é essencial para garantir a continuidade dos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS).
FEIRAS AGROECOLÓGICAS INSTITUCIONAIS: EXPERIÊNCIAS QUE TRANSFORMAM O AMBIENTE ALIMENTAR E PROMOVEM SAÚDE EM DIFERENTES INSTITUIÇÕES
Pôster Eletrônico
1 CCSP / Fiocruz
2 UERJ
3 UFRJ
Período de Realização
Essa experiência começou a ser realizada em 2018, sendo interrompida em 2020 e retomada em 2024.
Objeto da experiência
Esse relato apresenta a organização de um coletivo constituído por coordenações de feiras agroecológicas que funcionam em instituições públicas.
Objetivos
Essa iniciativa tem como objetivos: conhecer a realidade de cada uma das feiras; identificar os problemas comuns e discutir alternativas para superação; conhecer os feirantes participantes; fomentar a implantação de feiras agroecológicas em outras instituições; potencializar as ações das feiras.
Metodologia
O grupo é constituído por coordenações de feiras agroecológicas que funcionam em três universidades públicas, uma unidade de saúde, pesquisa e ensino e dois hospitais, sendo que nestes dois últimos as feiras estão em fase de implementação. As coordenações se reúnem mensalmente, tendo como principais pautas: a discussão dos cenários que envolvem as feiras, feirantes e agricultores, a busca de soluções para os problemas identificados e de ações que potencializem o funcionamento das feiras.
Resultados
Nesse processo de discussão, reflexão e reconhecimento foi possível identificar que, apesar dos contextos e instituições diferentes, muitas questões que envolvem o funcionamento das feiras, como a precificação justa, a baixa frequência de público no pós pandemia e consequentemente a redução de feirantes e agricultores, são comuns a todas as instituições. Essa constatação tem possibilitado a busca de saídas e alternativas para que as feiras superem desafios e exerçam suas potencialidades.
Análise Crítica
Os impactos positivos dessa iniciativa são facilmente mensuráveis. As Feiras institucionais promovem saúde e educação alimentar, ao ampliarem o acesso à alimentos saudáveis, em espaços onde abundam alimentos e bebidas ultraprocessados. Propiciam a troca de conhecimentos e o intercâmbio sociocultural entre feirantes e comunidade, além de apoiarem a agricultura urbana e familiar. No entanto, ainda prescindem de uma adesão mais ampla de servidores e investimentos das instituições.
Conclusões e/ou Recomendações
As feiras agroecológicas se apresentam como estratégicas para promoção de um sistema de abastecimento alimentar justo, assentado na agricultura agroecológica, camponesa e urbana. Nas instituições, colaboram para melhorar o acesso aà alimentos saudáveis que promovem alimentação adequada e saúde. Nesse sentido, o grupo considera importante continuar atuando para potencializar essas ações e ampliar as feiras em funcionamento nessa modalidade.
ESCOLA CIDADÃ E A EDUCAÇÃO ALIMENTAR COM ABORDAGEM LÚDICA: RELATO DE OFICINA SENSORIAL EM ESCOLA PÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 UnB
Período de Realização
A atividade foi realizada em maio de 2025
Objeto da experiência
Ação extensionista em Educação Alimentar e Nutricional com crianças do ensino básico por meio de práticas lúdicas e sensoriais.
Objetivos
O principal objetivo da atividade foi estimular a valorização de alimentos por meio do uso dos sentidos. Especificamente, buscou-se favorecer a aceitação alimentar, despertar a consciência sobre o ato de comer e fomentar práticas educativas replicáveis no campo da saúde coletiva.
Metodologia
A atividade foi destinada a diferentes faixas etárias e estruturada em três estações: olfato, paladar e tato. Na oficina participaram crianças de 6 a 12 anos, em grupos de até cinco participantes. Na Estação 1, vendados, usaram o olfato para identificar alimentos. Na Estação 2, provaram diferentes sabores e os reconheceram sem apoio visual. Na Estação 3, exploraram alimentos com o tato, percebendo texturas e formas. Ao final, uma roda de conversa integrou os sentidos à experiência alimentar.
Resultados
Os resultados indicaram alto engajamento e participação ativa. Observou-se maior disposição para experimentar novos alimentos, ampliação da aceitação alimentar e reconhecimento dos sentidos como mediadores do comportamento alimentar. A roda de conversa revelou percepções significativas sobre o processo de comer e no comportamento alimentar dos indivíduos. A vivência coletiva fortaleceu o vínculo com os alimentos, a troca de saberes e a criação de um ambiente educativo acolhedor e participativo.
Análise Crítica
A experiência demonstrou o potencial pedagógico das práticas sensoriais na educação alimentar e nutricional, sobretudo ao aliar ludicidade, corporeidade e afetividade. A metodologia rompeu com abordagens prescritivas tradicionais, proporcionando um ambiente de aprendizagem mais efetivo e significativo. Além disso, fortaleceu a formação dos estudantes, ampliando sua compreensão sobre o papel das ações educativas no contexto do SUS, bem como da articulação entre saúde, educação e comunidade.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a oficina sensorial configura uma estratégia viável, de baixo custo e com ampla aplicabilidade na atenção primária, na educação formal e em espaços comunitários. Recomenda-se sua replicação como ação de promoção da alimentação adequada e saudável conforme realidade de cada local, especialmente em territórios marcados por vulnerabilidades sociais, com potencial para gerar impactos positivos nos hábitos alimentares.
SUPORTE NUTRICIONAL PARA NEURODIVERGENTES COM SELETIVIDADE ALIMENTAR EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UPE
2 Prefeitura Municipal de Olinda
3 Universidade de Pernambuco
Período de Realização
A experiência ocorreu no período de 2022 a 2024, no CAPSij situado na região de Olinda, PE.
Objeto da experiência
Relato de experiência profissional oriundo da preceptoria de estágio curricular realizada em um CAPSij com estagiários do curso de graduação em nutrição.
Objetivos
Relatar ações nutricionais desenvolvidas por estagiários em um CAPSij, sob supervisão, destacando como essas práticas evidenciaram a importância da presença do nutricionista na equipe multiprofissional, diante da necessidade de suporte nutricional identificado nos usuários do serviço.
Descrição da experiência
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição do neurodesenvolvimento com variados graus de intensidade. Muitos usuários apresentavam seletividade alimentar, o que exigiu estratégias voltadas à redução de sintomas e consequências da recusa alimentar. Atendimentos contínuos, com aferição antropométrica e orientações dietéticas, favoreceram melhorias no comportamento alimentar e maior aceitação de novos alimentos e texturas.
Resultados
As práticas de educação alimentar e nutricional revelaram lacunas importantes no suporte nutricional ofertado, especialmente frente à seletividade alimentar em diferentes graus. Evidenciou-se a necessidade da presença do nutricionista como profissional indispensável à equipe multiprofissional, capaz de elaborar planos individualizados que respeitem aspectos sensoriais, garantindo o Direito Humano à Alimentação Adequada.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou que a ausência de suporte nutricional compromete a integralidade do cuidado frente à seletividade. O nutricionista é essencial para qualificar o cuidado. Sua atuação deve ser contínua, articulada à equipe, garantindo respostas mais eficazes, sensíveis e humanas às demandas alimentares dos usuários neurodivergentes.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que o suporte nutricional deve ser compreendido como componente essencial no CAPSij. A presença do nutricionista na equipe fortalece o cuidado integral e promove melhorias concretas na saúde e bem-estar dos usuários. Recomenda-se a inserção efetiva desse profissional e a institucionalização de práticas regulares de alimentação e nutrição no serviço.
ROLETA INTERATIVA: GAMIFICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA
Pôster Eletrônico
1 FESP
Período de Realização
Durante 5 dias de evento da Feira de Tecnologia e Agropecuária do Tocantins (Agrotins).
Objeto da experiência
Educação em saúde voltada a ambulantes sobre boas práticas de manipulação de alimentos por meio de jogo educativo (roleta) durante evento de massa.
Objetivos
Avaliar a eficácia de uma estratégia de educação em saúde baseada na gamificação, utilizando um jogo de roleta para promover conhecimento em manipulação de alimentos com foco em ambulantes locais.
Descrição da experiência
A atividade foi planejada e implementada por residentes do Programa de Residência em Saúde Coletiva, lotados na Vigilância Sanitária, no Núcleo de Educação em Vigilância Sanitária (NEVS). As perguntas do jogo foram baseadas na Resolução nº 216, de 15 de setembro de 2004, que estabelece o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. A roleta foi dividida em categorias: higiene pessoal, armazenamento e preparo de alimentos.
Resultados
Foram abordados 46 ambulantes para participar da dinâmica lúdica e interativa, a roleta despertou uma competitividade saudável, promovendo maior engajamento. Ademais, foram entregues livros educativos após a participação reforçando a importância das diretrizes apresentadas. Ocorreram relatos de modificações nos hábitos de higiene e armazenamento de alimentos. A iniciativa também contribuiu para consolidar a presença da Vigilância Sanitária como parceira na promoção de saúde em eventos de massa.
Aprendizado e análise crítica
A ação utilizou com sucesso uma abordagem lúdica para sensibilizar ambulantes sobre boas práticas sanitárias. A interação direta favoreceu o aprendizado e aproximou a VISA (Vigilância Sanitária) do público. No entanto, a falta de instrumentos sistemáticos de avaliação impediu uma análise aprofundada dos resultados, apontando a necessidade de métodos mais estruturados para medir efetivamente o impacto educativo.
Conclusões e/ou Recomendações
A utilização de métodos lúdicos, como o jogo de roleta, mostrou-se uma estratégia eficaz para educação em saúde durante eventos de massa. Essa experiência pode servir como modelo para outras iniciativas voltadas à educação em saúde e à promoção de segurança alimentar em eventos de grande porte.
GRUPO COMER INTUITIVO COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO EM SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 CASSI Brasília
Período de Realização
De 12 de março a 2 de abril de 2025, às quartas-feiras, na atenção primária da saúde suplementar.
Objeto da experiência
Grupo de educação em saúde com abordagem em comer intuitivo voltado a participantes da saúde suplementar em Atenção Primária a Saúde (APS).
Objetivos
Promover mudança na relação com a comida e corpo por meio de grupo estruturado com base no comer intuitivo, articulando nutrição e psicologia. Estimular autonomia alimentar, aceitação corporal e prevenção de agravos à saúde em participantes da atenção primária a saúde no âmbito da saúde suplementar.
Descrição da experiência
Foram confirmados 140 participantes da operadora de saúde suplementar para participar do grupo Comer Intuitivo, com equipe multidisciplinar e material baseado no livro Comer Intuitivo, segundo Evelyn Tribole e Elyse Resch. Os encontros abordaram os dez princípios, unindo teoria, exercícios práticos e reflexões. Houve participação ativa, feedbacks positivos. O método enfatizou que cada corpo tem sabedoria e deve ser escutado para uma relação saudável com a comida.
Resultados
Foram 139 inscritos, 47 presentes e 22 completaram os quatro encontros. Os resultados alcançados ao final do grupo incluíram maior aceitação e autoestima corporal, melhor relação com a comida e uma melhor identificação de sensações físicas e emocionais. Também é importante destacar a continuidade no acompanhamento ambulatorial que ocorreu pelos serviços de equipe de saúde da família da Atenção Primária à Saúde. Na avaliação, noventa e cinco por cento estavam satisfeitos ou muito satisfeitos.
Aprendizado e análise crítica
A literatura revelou poucos estudos sobre comer intuitivo no Brasil, especialmente em grupos sistematizados. Observou-se boa adesão aos temas inovadores, destacando a combinação de teoria e prática. Para melhor adesão, o acolhimento via atividades estruturadas é essencial. Houve críticas sobre excesso de informações e número de encontros. Esses resultados reforçam a importância de estratégias grupais na Saúde Coletiva, promovendo autocuidado e participação ativa.
Conclusões e/ou Recomendações
O grupo impactou positivamente os participantes, incluindo os profissionais, que repensaram a relação com a comida e as dificuldades de mudança no comportamento. Destaca-se o caráter inédito e a facilidade de aplicação. Foi questionado se menos teoria e mais prática poderiam ampliar a mudança no comportamento alimentar. Recomenda-se replicar o grupo com avaliações práticas e incentivar mais pesquisas nesta área.
EXPERIÊNCIA DE TUTORIA PARA A QUALIFICAÇÃO TÉCNICA DE GESTORES NO PLANEJAMENTO DA AGENDA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO SUS
Pôster Eletrônico
1 Instituto de Saúde Coletiva/Universidade Federal da Bahia.
2 Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição, Universidade Federal de Sergipe (UFS)
3 Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN)/Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde/Secretaria de Atenção Primária à Saúde/Ministério da Saúde.
4 Núcleo de Nutrição e Políticas Públicas da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia.
5 Pesquisador extensionista pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Período de Realização
Agosto a novembro de 2024.
Objeto da experiência
Experiência de tutoria do curso de formação para apoio ao fortalecimento das ações de alimentação e nutrição no âmbito estadual do SUS.
Objetivos
Compartilhar a experiência de tutoria do curso de formação com a metodologia do Planejamento Estratégico Situacional (PES) no âmbito do Projeto intitulado “Desenvolvimento de metodologia e estratégia de formação para formulação de Políticas Estaduais de Alimentação e Nutrição no SUS’.
Descrição da experiência
O curso teve oito módulos e os tutores eram nutricionistas, e, em sua maioria com mestrado ou doutorado em saúde coletiva ou nutrição. Eles passaram por treinamento remoto sobre PES antes da formação com os gestores. Havia reuniões semanais entre tutores e supervisores para discutir o andamento e alinhar os conteúdos dos módulos. Os tutores participavam das aulas síncronas, realizavam encontros semanais com os cursistas, e acompanhavam e avaliavam as atividades na Plataforma Virtual.
Resultados
Seis tutores acompanharam cursistas das 27 unidades federativas. A carga horária era de 20 horas semanais, totalizando 209 horas. Diante do perfil dos cursistas, gestores estaduais de alimentação e nutrição, com agendas institucionais intensas, adotou-se a estratégia de comunicação por grupos em aplicativos por mensagens e a flexibilização dos horários de tutoria, visando facilitar o acompanhamento das atividades e a articulação entre tutores e participantes ao longo do curso.
Aprendizado e análise crítica
A tutoria proporcionou aprendizado, troca de experiências com a discussão das diferentes realidades de cada Estado na organização da área de alimentação e nutrição, o que reforçou a importância do foco do curso no PES. Houve desafios quanto à organização dos espaços de tutoria e ao engajamento dos cursistas, cuja disponibilidade foi limitada por agendas institucionais, aumento da carga administrativa, eleições municipais e eventos políticos, técnicos e científicos no segundo semestre.
Conclusões e/ou Recomendações
A tutoria aproximou os participantes da temática do planejamento em saúde, bem como da realidade de alta demanda dos gestores. A experiência revelou a necessidade de apoio e continuidade formativa. O papel do tutor é estimular a permanência dos cursistas por meio de escuta sensível, diálogo respeitoso, flexibilidade e atenção à individualidade, considerando os contextos de gestão de cada unidade federativa e promovendo um processo reflexivo e crítico.
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DO ESTADO DE SERGIPE
Pôster Eletrônico
1 UFS
Período de Realização
2024
Objeto da experiência
Ações de Educação Alimentar e Nutricional realizadas em um equipamento público de SAN no estado de Sergipe, o restaurante popular.
Objetivos
Promover práticas alimentares adequadas e saudáveis e com base no Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), por meio da Educação Alimentar e Nutricional (EAN) junto usuários de um Restaurante Popular do estado de Sergipe.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu em um Restaurante Popular, cuja distribuição de refeições foi adaptada na pandemia, e os usuários aguardavam sentados o recebimento das quentinhas. Visando otimizar a espera, foram realizadas ações educativas com microfone, caixa de som e outros instrumentos, abordando temas como riscos do consumo de ultraprocessados, excesso de sal, açúcar e óleo, PANCs, aproveitamento integral dos alimentos, dentre outros temas vinculados à SAN e à exigibilidade do direito humano à alimentação.
Resultados
As ações geraram engajamento constante dos usuários, que participaram ativamente das atividades, tirando dúvidas e compartilhando suas experiências vividas, levando em conta suas realidades. O vínculo entre os responsáveis pelas atividades e os usuários foi fortalecido pela repetição semanal e pela escuta qualificada após a apresentação de cada tema semanal. Apesar das limitações estruturais e do tempo reduzido, os desafios foram superados com o uso de recursos simples.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reforçou que a EAN é estratégica nos equipamentos públicos de SAN, pois contribui na busca da garantia do DHAA e SAN dos usuários que frequentam esses equipamentos. As ações de EAN são mais frequentes e mais divulgadas em equipamentos da saúde, mas é fundamental lembrar que o público da Assistência Social e dos equipamentos de SAN também precisam desse tipo de ação. A prática mostrou que ações educativas elementares, porém, bem elaboradas, planejadas e contínuas geram interesse e reflexão.
Conclusões e/ou Recomendações
A EAN, ao ser incorporada nos serviços da Assistência Social e nos equipamentos públicos de SAN, torna-se uma ferramenta potente na promoção da alimentação adequada e saudável, especialmente junto a públicos em vulnerabilidade. Recomenda-se que as ações sejam contínuas, contextualizadas, participativas e conduzidas por profissionais que valorizem os saberes populares e tenham foco no fortalecimento da autonomia alimentar dos usuários.
MARCADOR DE CONSUMO ALIMENTAR COMO FERRAMENTA DE APOIO ÀS PRÁTICAS ALIMENTARES E AO ATENDIMENTO NUTRICIONAL EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 FAMERP
2 Secretaria Municipal de Saúde - São José do Rio Preto
Período de Realização
A experiência foi realizada nos meses de março, abril e maio de 2025.
Objeto da experiência
Aplicação de marcador de consumo alimentar como apoio ao atendimento nutricional em duas UBS no município de São José do Rio Preto (SP).
Objetivos
Relatar a aplicação do marcador de consumo alimentar nos atendimentos e ações coletivas em UBS, destacando sua contribuição para a escuta qualificada, o rastreamento de práticas alimentares e a promoção da alimentação adequada e saudável.
Descrição da experiência
A ação foi desenvolvida em duas UBS de São José do Rio Preto/SP, com uso do formulário do SISVAN em atendimentos individuais e na Semana da Alimentação Saudável. A coleta de dados seguiu as diretrizes do Ministério da Saúde (2015), utilizando o formulário oficial do SISVAN, com orientação baseada nas respostas obtidas e articulada com o Guia Alimentar para a População Brasileira. As informações foram sistematizadas de forma qualitativa.
Resultados
A utilização dos marcadores permitiu identificar, de forma ágil, hábitos alimentares inadequados prevalentes, como o baixo consumo de frutas, legumes e verduras, e a frequência elevada de alimentos ultraprocessados. O instrumento facilitou a abordagem acolhedora, o direcionamento das orientações nutricionais e estimulou o protagonismo dos usuários em refletirem sobre seus padrões alimentares. Nas ações coletivas, promoveu envolvimento comunitário e diálogo interprofissional.
Aprendizado e análise crítica
Os marcadores de consumo alimentar são uma ferramenta acessível e de alto potencial para qualificar a escuta nutricional, tanto em atendimentos individuais quanto em ações coletivas. Embora sua aplicação seja simples, requer sensibilização e capacitação das equipes de saúde para que seu uso seja efetivo e sistemático. Além disso, seu uso contínuo pode contribuir diretamente para a melhoria da qualidade das informações no SISVAN, fortalecendo a vigilância nutricional no território.
Conclusões e/ou Recomendações
O uso dos marcadores de consumo alimentar mostrou-se eficaz como estratégia de apoio à prática clínica e à educação em saúde. Recomenda-se a incorporação sistemática nas UBS como apoio ao cuidado nutricional, qualificação da escuta e fortalecimento do SISVAN. A ferramenta favorece práticas mais integrais, resolutivas e alinhadas à promoção da saúde no SUS.
MAPAS CORPORAIS NARRADOS DE MULHERES COM OBESIDADE EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA PERSPECTIVA CORPORAL.
Pôster Eletrônico
1 USP
Período de Realização
A construção dos Mapas Corporais Narrados foi realizada no período entre 15/05/2023 e 25/09/2023.
Objeto da experiência
Aplicação da metodologia de mapas corporais narrados em mulheres com obesidade na Unidade Básica de Saúde em Heliópolis, a maior favela de São Paulo.
Objetivos
Relatar os aprendizados decorrentes do mapeamento corporal no contexto do corpo em suas dimensões múltiplas: biológicas, simbólicas e psicossociais. Relacionar as observações com o cuidado em saúde praticado por equipes na Atenção Primária à Saúde (APS) e serviços especializados em obesidade.
Metodologia
Foram realizadas três oficinas com oito mulheres de idades entre 30 e 50 anos, com IMC ≥ 30kg/m². A construção dos mapas inclui um mapa em tamanho real no qual a pessoa se posiciona no papel e desenha o traçado de seu corpo, incluindo elementos como desenhos, recortes, frases. A metodologia inclui uma legenda para identificação dos elementos e uma narrativa final sobre a história que o mapa conta. Os encontros foram estruturados com os temas: experiências pessoas, de saúde e expectativas.
Resultados
Ao longo dos encontros as participantes foram estimuladas a criar, a resgatar fazeres manuais, sentar-se no chão e, como resultado, foi estabelecida relação de horizontalidade e protagonismo. Conteúdos intensos surgiram como históricos de perdas, preconceitos e violências. Todos os elementos simbólicos foram incluídos no mapa de modo a integrar as vivências no corpo. Ao final, relataram ter dificuldade na fala com outras pessoas e a metodologia favoreceu essa expressão.
Análise Crítica
Foi observada uma dicotomia entre a noção de corpo na fala das participantes e da construção proposta pela metodologia. Enquanto as mulheres relataram um corpo a ser controlado, regulado e emagrecido por meio da alimentação, exercício e da área da saúde como um todo, a metodologia promoveu uma construção de corpo integrado, com inscrições de marcas sociais e símbolos de migrações, interseccionalidades e vivências complexas.
Conclusões e/ou Recomendações
As mulheres participantes reproduziram o discurso biomédico hegemônico, possivelmente influenciadas pelo local da realização do mapeamento. Os corpos dos discursos surgiram como objeto de intervenções, fragmentados e voltados para a funcionalidade. A metodologia incentiva a abordagem de corpo integral e simbólico. Portanto, pode ser utilizada em serviços de saúde da APS para centralizar a atenção nas vivências das pessoas.
PRODUÇÃO DE CARTILHA EDUCATIVA COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO NUTRICIONAL PARA CRIANÇAS COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 (DM1) EM UM CENTRO MUNICIPAL DE SAÚDE (CMS) SALLES NETTO
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Período de Realização
O manejo da cartilha ocorreu entre abril e junho de 2025.
Objeto da experiência
A experiência trata da criação de cartilha educativa como estratégia de cuidado nutricional para crianças com DM1 na Atenção Primária à Saúde (APS).
Objetivos
Desenvolver uma cartilha educativa com orientações nutricionais voltadas ao cuidado de crianças com DM1, promovendo a autonomia das famílias no manejo alimentar, apoiando os profissionais de saúde e fortalecendo a continuidade do cuidado nutricional no âmbito da APS.
Descrição da experiência
Diante das demandas do território, a equipe do CMS Salles Netto, em parceria com o Internato de Nutrição em Saúde Coletiva (INSC), propôs a criação de uma cartilha educativa e ilustrada, com linguagem acessível, para apoiar o cuidado nutricional de crianças com DM1. O material foi construído com base nos princípios da Educação Alimentar e Nutricional (EAN), valorizando a escuta, a cultura alimentar, o contexto familiar e o fortalecimento da rede de cuidado no território.
Resultados
A cartilha, baseada no Guia Alimentar para a População Brasileira, nos guidelines e no aplicativo da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), foi bem recebida pela equipe do CMS, que solicitou o uso do material em novos casos semelhantes. Ressaltando o acolhimento dos internos e destacando a escuta atenta, bem como a adaptação dos saberes à sua realidade. A aceitação reforça a relevância do material no cuidado a crianças com DM1 e no fortalecimento da rede na APS.
Aprendizado e análise crítica
O atendimento permitiu refletir sobre o papel do nutricionista na APS e a importância de desenvolver habilidades de comunicação e empatia. A experiência reforçou o valor do trabalho em equipe e da criação de materiais educativos adequados à realidade do paciente, fortalecendo nosso compromisso com o cuidado humanizado e ampliando a visão sobre o impacto social da nutrição na infância.
Conclusões e/ou Recomendações
A cartilha e a atuação do INSC reafirmam a relevância e a presença contínua do nutricionista no cuidado de pacientes na APS. O trabalho interdisciplinar da equipe multiprofissional mostrou-se essencial para um atendimento integral, garantindo suporte nutricional adequado e fortalecendo a rede de cuidado. Ressalta-se ainda que a EAN é um importante instrumento para o manejo nutricional de pacientes na APS.
AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE RESTO-INGESTÃO EM UMA CRECHE MUNICIPAL DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS: EXPERIÊNCIA DE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UFRB
Período de Realização
Abril a julho/2025 – Estágio Básico de Nutrição II (EBAN II) pela UFRB.
Objeto da experiência
Analisar o índice de resto-ingestão da refeição do almoço em uma creche pública.
Objetivos
Avaliar o resto-ingestão do almoço de uma creche pública por meio da pesagem direta de alimentos servidos e dos restos devolvidos pelas crianças, a fim de estimar o desperdício de alimentos e, posteriormente, propor estratégias de controle e prevenção.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu em uma creche pública de Santo Antônio de Jesus – BA, com 91 crianças de 0 a 3 anos, distribuídas em cinco turmas . Os alimentos foram pesados antes de serem distribuídos e os restos após o consumo da refeição, utilizando uma balança digital, o que permitiu o cálculo do índice de resto-ingestão (IR). A distribuição do almoço foi realizada por turma, bem como a avaliação do IR.
Resultados
O IR variou entre 9,69% e 14,6%. Apesar de uma das turmas ter apresentado IR dentro do valor de referência aceitável (até 10%), o valor de IR global da refeição foi 12,83%, evidenciando o desperdício de alimentos. Os dados apontam a necessidade de acompanhamento do indicador e investigação de fatores como aceitação, adequação do cardápio e ambiente das refeições.
Aprendizado e análise crítica
A atividade proporcionou aos estudantes contato direto com a prática de mensuração de desperdício de alimentos e análise crítica dos fatores envolvidos. Evidenciou-se a importância da atuação do nutricionista na identificação de perdas alimentares e na formulação de estratégias que favoreçam a aceitação alimentar infantil no ambiente escolar.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência revelou um desperdício de alimentos acima do aceitável. Diante disso, é crucial iniciar uma avaliação detalhada da sobra de ingestão de alimentos. Recomenda-se monitorar o indicador de resto-ingestão, ajustar o planejamento das refeições, capacitar a equipe e acompanhar o consumo alimentar infantil. É importante fortalecer parcerias entre universidade e creche para promover a saúde e reduzir o desperdício.
NARQ CAMPINA VILA UNIÃO E O PROTAGONISMO QUILOMBOLA FEMININO PELA GARANTIA DA SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM SALVATERRA, MARAJÓ, PARÁ.
Pôster Eletrônico
1 IFCH, UFPA
2 ICS, UFPA
3 UFPA
Período de Realização
Realização contínua desde dezembro de 2022
Objeto da experiência
A Feira Quilombola como ferramenta de fortalecimento da soberania e segurança alimentar e nutricional em uma comunidade quilombola de Salvaterra-PA.
Objetivos
Criar um espaço de diálogo e ação junto à comunidade quilombola de Vila União/Campina sobre o direito humano à alimentação adequada e saudável e a soberania e segurança alimentar e nutricional por meio da criação da “Feira Quilombola”.
Metodologia
A “Feira Quilombola” acontece na Comunidade Quilombola de Vila União/Campina em Salvaterra. O evento surgiu a partir das mobilizações do Núcleo de Ação e Resistência Quilombola (NARQ) Campina Vila União que promove, entre outras atividades, espaços de diálogo e ações voltadas ao fortalecimento do Etnodesenvolvimento e da soberania e segurança alimentar e nutricional. Na Feira quilombola são comercializados alimentos coletados, cultivados e preparados por mulheres da comunidade.
Resultados
A partir da realização da Feira Quilombola há a geração de renda para as mulheres da comunidade, o fortalecimento das redes de apoio e a valorização de alimentos cultivados e coletados na comunidade por meio da criação de ciclos curtos de comercialização. Além da criação de um grupo de mulheres agricultoras quilombolas que trabalham em parceria para alcançar outros espaços de comercialização do que é cultivado na comunidade.
Análise Crítica
A Feira Quilombola fortalece a segurança e soberania alimentar da comunidade quilombola de Vila União/Campina e se concretiza como uma ferramenta de transformação social na comunidade, pois garante além de renda, o acesso uma alimentação livre de agrotóxicos e a criação de espaços de reflexão sobre a importância de pensar criticamente sobre os alimentos ingeridos no dia-a-dia e seus efeitos a longo prazo para a saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A criação de espaços que possibilitem ciclos curtos de comercialização de alimentos é uma ferramenta de garantia de saúde por meio do incentivo alimentação saudável, além de fortalecer as redes de apoio locais e promover a reflexão sobre a necessidade da criação de um sistema alimentar mais justo e sustentável.
EXPERIÊCIA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL (EAN) NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA COMUNIDADE QUILOMBOLA VILA UNIÃO CAMPINA EM SALVATERRA, ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, PARÁ.
Pôster Eletrônico
1 IFCH, UFPA
2 ICS, UFPA
3 INEAF, UFPA
Período de Realização
Outubro de 2023
Objeto da experiência
Criação de sequencias didáticas para trabalhar a EAN em turmas de educação infantil em uma comunidade Quilombola Vila União Campina
Objetivos
Refletir sobre temas ligados ao fortalecimento da soberania e segurança alimentar e nutricional com crianças das turmas do 1° ao 3° ano do ensino fundamental da Comunidade Quilombola Vila União Campina.
Descrição da experiência
A criação das sequências didáticas possibilitou a organização interdisciplinar do conteúdo, permitindo abordar a soberania e segurança alimentar e nutricional com as crianças de diversas formas, ouvindo sobre seus conhecimentos, suas relações com o território e com os alimentos, ao mesmo tempo que permitiu a construção de conhecimento de forma coletiva e a reflexão sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis, pautados principalmente em alimentos in natura e minimamente processados.
Resultados
Desenvolvimento de diálogo com 50 crianças que estudavam nas turmas do fundamental menor por meio da criação de três sequencias didáticas como ferramenta de EAN contextualizada e que valorizou as especificidades étnicas do território quilombola e a alimentação local.
Aprendizado e análise crítica
A EAN se apresenta como uma importante ferramenta de fortalecimento da Soberania alimentar e uma aliada na defesa dos territórios dos povos e comunidades tradicionais. Aproximar a EAN e a alimentação escolar do território também incentiva a produção familiar nas comunidades que por vezes precisam afastar-se de seus cultivos tradicionais para dar ênfase a culturas mais vendáveis o que deixa a alimentação cada vez mais refém dos ciclos longos de comercialização praticada pelos supermercados.
Conclusões e/ou Recomendações
Intervenções de EAN em territórios quilombolas precisam ser frequentes e pautadas em uma alimentação escolar saudável e culturalmente adequada, para tanto as entidades executoras das políticas públicas intersetoriais como o programa nacional de Alimentação Escolar (PNAE) precisam reconhecer e valorizar os saberes das comunidades sobre cultivo e produção de alimentos, auxiliando na inserção dos alimentos locais nos cardápios da alimentação escolar
FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROJETO COMIDA NO PRATO: FORTALECIMENTO DAS COZINHAS COMUNITÁRIAS E SOLIDÁRIAS
Pôster Eletrônico
1 Casa Civil - Governo do Estado da Bahia.
2 UFBA
Período de Realização
A formação foi realizada no período de setembro a dezembro de 2024.
Objeto da experiência
Realizar Formação Continuada em Segurança Alimentar, Boas Práticas de Produção de Alimentos e Gestão das Cozinhas Comunitárias e Solidárias da Bahia.
Objetivos
Capacitar integrantes das Organizações da Sociedade Civil das Cozinhas Comunitárias e Solidárias, integradas ao Programa Bahia Sem Fome, para promover a oferta de alimentos seguros e saudáveis, aprimorando o controle sanitário e reduzindo os riscos de doenças veiculadas por alimentos.
Metodologia
A Formação Continuada foi realizada presencialmente, utilizando metodologias ativas. Contou com a participação de representantes de Organizações da Sociedade Civil (OSC) dos municípios de Salvador, Lauro de Freitas, Feira de Santana e Alagoinhas. Durante o processo formativo foram aplicados três instrumentos avaliativos: “Que Bom e Que Tal”; “Construindo Juntos: o que levamos e o que queremos”; e o formulário “Sua Opinião é Essencial”, via Google Forms®.
Resultados
A Formação capacitou 98 representantes de 24 OSC, responsáveis por oferecer cerca de 4.800 refeições diariamente. A avaliação geral demonstrou que 70,6% dos representantes das OSC consideram a Formação Continuada excelente. Dentre as justificativas mencionadas na avaliação estavam: o “acesso ao conhecimento”, “entendimento” e a “aprendizagem” por meio de “esclarecimentos, orientações”, e “informações essenciais”, “passadas de modo coerente” por “profissionais capacitados” e “experientes".
Análise Crítica
A formação foi essencial para fortalecer a gestão das Cozinhas Comunitárias e Solidárias, garantindo refeições saudáveis a pessoas em situação de insegurança alimentar. As avaliações evidenciaram uma percepção positiva da formação, mas apontaram a necessidade de outras abordagens como: gestão financeira, ficha técnica e vulnerabilidade social. Diante disso, observa-se a necessidade de ampliar o escopo da capacitação visando maior autonomia, colaboração e protagonismo dos participantes.
Conclusões e/ou Recomendações
A Formação Continuada mostrou ser uma estratégia importante para qualificar as Cozinhas Comunitárias e Solidárias, contribuindo para a execução eficiente do Projeto Comida no Prato do Programa Bahia Sem Fome. A continuidade e o aprimoramento dessas capacitações são essenciais para garantir refeições seguras e saudáveis, promovendo a segurança alimentar e o enfrentamento da fome no estado da Bahia.
NUTRIÇÃO EM MOVIMENTO, CUIDANDO DE VOCÊ: AÇÃO EDUCATIVA COM MULHERES PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS
Pôster Eletrônico
1 Faculdade Pequeno Príncipe
Período de Realização
Ação realizada em maio de 2025.
Objeto da experiência
Ação educativa com mulheres, em sua maioria acima de 50 anos, da turma de ginástica pública de São José dos Pinhais/PR.
Objetivos
Promover educação alimentar e nutricional com mulheres de turma de ginástica pública em São José dos Pinhais/PR, visando prevenir doenças crônicas e fortalecer o autocuidado por meio de estratégias participativas.
Descrição da experiência
Relato de experiência extensionista por estudantes de Nutrição. Aplicou-se diagnóstico inicial com 42 mulheres por questionário, ampliado para 57 participantes. Foram realizadas atividades como montagem do prato saudável, rodas de conversa e avaliação nutricional, com linguagem acessível e recursos lúdicos, baseadas na Educação Popular em Saúde e curricularização da extensão, com foco participativo e escuta ativa.
Resultados
A participação cresceu de 42 para 57 mulheres. Identificou-se: 28% hipertensão, 24% diabetes, 31% colesterol alto, 5% pré-diabetes. Sobre hábitos: 50% fazem mais de 5 refeições/dia; 31% consumiam frutas/verduras 1 a 3 vezes/semana; 55% ingeriam cerca de 1,5L de água; 21% relataram fadiga; 100% das participantes não recebe orientação nutricional. No sono, 50% dormiam menos de 6h e 43% acordavam cansadas. As atividades despertaram interesse e fortaleceram o autocuidado.
Aprendizado e análise crítica
A experiência propiciou aprendizado prático e integração com a comunidade. Ressalta-se a importância da escuta ativa e participação coletiva para o engajamento. Observou-se a necessidade de fortalecer orientações nutricionais e ampliar ações para cuidados integrados, reforçando o papel da extensão universitária na promoção da saúde comunitária.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação evidenciou que práticas participativas favorecem autonomia e cuidado coletivo. O aumento de 35,71% no número de participantes reforça o potencial mobilizador da educação em saúde. Recomenda-se continuidade e ampliação das ações, além do fortalecimento da intersetorialidade para promoção do cuidado comunitário.
PROJETO JOÃOZINHO, MOSTRA TEU DEDINHO: AÇÕES INTERSETORIAIS PARA O CUIDADO INTEGRAL DE CRIANÇAS COM SOBREPESO, DESNUTRIÇÃO E PARASITOSES EM FORTALEZA-CE
Pôster Eletrônico
1 Enfermeiro Doutorando do Programa de Pós-graduação em Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (UFC) – cristiano.esf@gmail.com.
2 Escritora e Diretora da CEI Almerinda Albuquerque. Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza-Ceará (SME-Fortaleza). dalilajuca@hotmail.com
3 Dentista Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (UFC) – mluizarbc@gmail.com
4 Enfermeira Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (UFC) - giselems@aluno.unilab.edu.br
5 Enfermeira Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (UFC) – smilenarochav@gmail.com
6 Enfermeira Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (UFC) – greicymaxado2008@hotmail.com
7 Enfermeira Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (UFC) – iasminbelem@hotmail.com
8 Dentista pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC/NUTEDS) - gemimmapaiva21@gmail.com
9 Médica de Família e Comunidade da Secretaria Municipal de Fortaleza e residência médica (SMS). atbarbosa@gmail.com
10 Enfermeira Docente do Programa de Pós-graduação em Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (UFC); nvieira@ufc.br
Período de Realização
Atividade realizada semestralmente nos meses de março e outubro de 2024, em Fortaleza-Ceará.
Objeto da experiência
Atuação intersetorial no cuidado à saúde de crianças vulneráveis social e ambientalmente, com foco nutricional e controle de parasitoses.
Objetivos
Relatar experiência intersetorial no cuidado integral de crianças de 1 a 5 anos, com foco no cuidado nutricional, prevenção de sobrepeso, desnutrição, parasitoses, vacinação e promoção da saúde em creche pública de um território vulnerabilizado social e ambientalmente, em Fortaleza-Ceará.
Descrição da experiência
Relato de experiência aplicado em uma creche, com base no Programa Saúde na Escola (PSE). Ações envolveram acompanhamento de puericultura, avaliação clínica e nutricional, cuidados odontológicos, imunização, rodas de conversa, oficinas com pais e visitas domiciliares. A equipe interprofissional da Estratégia Saúde da Família, equipe eMulti, estudantes universitários e professores que promoveu práticas lúdicas de alimentação saudável, higiene e profilaxia de parasitoses.
Resultados
Foram atendidas semestralmente 39 crianças em 2024. Houve maior prevalência de sobrepeso que de desnutrição, associada a erros alimentares direcionados aos pais em domicílio. Todas as parasitoses foram tratadas, com destaque para pediculose e verminoses. Observou-se melhora nutricional, adesão das famílias às práticas de saúde, atualização vacinal, cuidados em saúde bucal e integração entre creche, Universidade e Estratégia Saúde da Família, fortalecendo vínculos e ampliando o cuidado infantil.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a potência das ações intersetoriais como ferramenta de vigilância em saúde e promoção do cuidado integral na infância. Destacou-se a importância da escuta ativa dos educadores, da formação continuada da equipe de saúde, sensibilização das famílias por meio da educação em saúde, e da valorização da creche como espaço estratégico de prevenção de agravos, educação nutricional e identificação precoce de situações de vulnerabilidade social e alimentar.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto demonstrou-se uma estratégia eficaz no enfrentamento do sobrepeso, da desnutrição e das parasitoses em territórios marcados por vulnerabilidades sociais. Recomenda-se sua expansão para outras unidades de educação infantil, com fortalecimento das ações intersetoriais, investimento em práticas educativas, atenção nutricional e políticas públicas voltadas à promoção da saúde na primeira infância.
“A RUA É UMA MARCA”: SABERES E RESISTÊNCIA NO TRABALHO AMBULANTE SOB O OLHAR DA SAÚDE COLETIVA – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal da Bahia
Período de Realização
22 de abril de 2025.
Objeto da experiência
Oficina com vendedores ambulantes para explorar vivências e saberes sobre práticas alimentares e construção identitária no trabalho informal.
Objetivos
Relatar e promover uma reflexão, por meio de oficina sobre boas práticas e manipulação em alimentos, acerca das vivências de vendedores ambulantes, com foco na construção da identidade, na saúde e nos sentidos atribuídos ao seu fazer cotidiano, respeitando e acolhendo as experiências compartilhadas.
Metodologia
A oficina, realizada pelo projeto de extensão “Vendedores Ambulantes” da Universidade Federal da Bahia, contou com a participação de vendedores ambulantes e utilizou dinâmica com palavras ligadas ao comércio de rua. As falas foram gravadas e analisadas pela metodologia de Bardin, com categorização e análise temática para identificar sentidos implícitos. Emergiram as categorias “Identidade e sobrevivência” e “Lidar com as vendas”, que revelam dimensões simbólicas e práticas atribuídas ao ofício.
Resultados
Na categoria “Identidade e sobrevivência”, destacam-se dignidade, resiliência e pertencimento, com relatos como “a rua é uma marca” e “levamos esse trabalho com dignidade”. Em “Lidar com as vendas”, surgem estratégias práticas para enfrentar os desafios da atividade, como o cuidado com a segurança alimentar, a valorização do cliente e a habilidade em negociar preços, revelando um saber construído no cotidiano e forjado em vínculos com os territórios onde atuam.
Análise Crítica
A análise de conteúdo evidenciou que ser vendedor ambulante é uma construção subjetiva e singular, permeada por desafios de reconhecimento e atuação. Os resultados indicam que o trabalho ambulante vai além da subsistência, constituindo uma expressão de resistência cultural e identidade, marcada por práticas cotidianas e estratégias desenvolvidas diante das desigualdades sociais e raciais em contextos excludentes.
Conclusões e/ou Recomendações
A escuta ativa e a análise das falas revelaram uma pedagogia implícita no cotidiano desses trabalhadores. É necessário que haja a reflexão sobre o senso identitário na construção de ser vendedor, bem como os sentidos atribuídos pelos sujeitos à sua prática. A experiência promovida pela extensão, conduzida com respeito, escuta e valorização do saber popular, estabelece pontes reais entre universidade e coletividade.
EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E AUTONOMIA ALIMENTAR: UMA EXPERIÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR EM BELÉM-PA
Pôster Eletrônico
1 UEPA
Período de Realização
A experiência ocorreu na segunda quinzena de maio de 2025
Objeto da experiência
A Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) consiste no processo contínuo de observação e investigação da condição de fatores nutricionais em saúde
Objetivos
Relatar a experiência de discentes da graduação em Saúde Coletiva em ação no contexto escolar, promovendo uma discussão fundamentada e contextualizada que incentive a reflexão e a adoção de práticas alimentares saudáveis, alinhadas ao estilo de vida estudantil.
Metodologia
A ação ocorreu em uma escola em Belém-PA com cerca de 17 crianças e teve como base a pirâmide alimentar. Ela foi dividida em três etapas: Prática Circular acerca do café da manhã com o objetivo de identificar hábitos alimentares. A pirâmide alimentar onde foi explorada de forma lúdica e adaptada à faixa etária, destacando grupos de alimentos e suas funções. Por fim, os estudantes montaram pratos saudáveis, aplicando os conhecimentos adquiridos e estimulando a autonomia sobre a alimentação
Resultados
A atividade promoveu reflexões sobre hábitos alimentares e escolhas nutricionais. Na Prática Circular, os participantes compartilharam desafios e preferências, enriquecendo o diálogo. A abordagem lúdica da pirâmide alimentar facilitou a compreensão dos grupos alimentares e suas funções. Por fim, as crianças demonstraram autonomia ao montar pratos equilibrados, aplicando o aprendizado de forma consciente, o que reforçou a importância de ações sobre alimentação saudável na escola.
Análise Crítica
Compreendeu-se a partir da vivência dos discentes, a primazia de aplicar planos de ação em contexto nutricional, promovendo a educação alimentar e desenvolvendo o bem-estar pueril. A intersetorialidade, nesse viés, é capaz de desempenhar um papel crucial no monitoramento e avaliação nutricional infanto-juvenil. Nesse aspecto, o profissional sanitarista é crucial pois identifica problemas nutricionais e promove a educação alimentar, garantindo que as politicas sejam eficazes e acessíveis
Conclusões e/ou Recomendações
A vivência destacou a importância da Vigilância Alimentar e Nutricional no ambiente escolar, promovendo conscientização e incentivando hábitos alimentares mais equilibrados. A metodologia interativa possibilitou reflexões sobre alimentação, estimulando a autonomia das crianças na escolha de alimentos e reforçando a relevância da educação nutricional como estratégia essencial para o bem-estar estudantil
PRÁTICAS E CUIDADOS EM ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DA EXPERIÊNCIA DE UM COMPONENTE CURRICULAR EXTENSIONISTA NO CURSO DE NUTRIÇÃO DA UFSM
Pôster Eletrônico
1 UFSM
Período de Realização
Anualmente nos anos de 2023 e 2024, e semestralmente a partir de 2025.
Objeto da experiência
Disciplina extensionista de Práticas e cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde realizada em Estratégias de Saúde da Família.
Objetivos
Descrever as vivências da organização e desenvolvimento de ações de cuidado em alimentação e nutrição realizadas na Atenção Primária à Saúde por acadêmicos de Nutrição por meio da implantação de disciplina prática extensionista e analisar seus desafios, oportunidades e seu impacto social.
Descrição da experiência
A disciplina tem o objetivo de proporcionar aos estudantes vivências práticas que apoiem a estruturação dos cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde. Os acadêmicos, acompanhados por docentes, são divididos em turmas que variam de três a nove alunos que se vinculam a uma uma Estratégia de Saúde da Família durante o semestre. Dentre as ações, inicia-se pelo diagnóstico e análise do território para posterior planejamento de ações de atenção, cuidado e qualificação à equipe.
Resultados
Foram realizadas ações com base no diagnóstico do território e da unidade, sua equipe, usuários e principais agravos. Vigilância alimentar e nutricional nas escolas e com os usuários. Educação permanente com as equipes sobre atitude de vigilância e promoção da alimentação adequada e saudável. Orientações alimentares por meio de consultas nutricionais e compartilhadas com enfermeiros e médicos das equipes. Ações de educação alimentar e nutricional nas escolas, em grupos e nas salas de espera.
Aprendizado e análise crítica
Um dos desafios foi o número de alunos por turma, amenizado com a oferta semestral da disciplina. A atuação nas unidades de saúde variou conforme a abertura das equipes ao trabalho interprofissional. Fragilidades incluem equipes reduzidas e sobrecarregadas, poucos agentes comunitários de saúde, resistência a mudanças e à valorização da atenção nutricional por profissionais não nutricionistas. A experiência representou excelente oportunidade de aprendizado e qualificação do cuidado nutricional.
Conclusões e/ou Recomendações
A disciplina extensionista tem como propósito atender às demandas da sociedade. Sua metodologia, baseada no diagnóstico inicial e em ações contínuas na unidade e no território, promovem um melhor cuidado em alimentação e nutrição. A partir dela, os estudantes de Nutrição têm a oportunidade de reconhecer e entender o papel do nutricionista como organizador do cuidado em alimentação e nutrição na Atenção Primária à Saúde, juntamente com as equipes.
DA AUTOCRÍTICA À AUTOCOMPAIXÃO: UMA ESCREVIVÊNCIA SOBRE COMER EMOCIONAL, CORPO E RECONEXÃO ATRAVÉS DA ATENÇÃO PLENA
Pôster Eletrônico
1 IMS/UFBA
Período de Realização
De março de 2020 a junho de 2025, com vivências pessoais e profissionais ainda em andamento.
Objeto da experiência
Vivência de sofrimento psíquico e comer emocional, em processo de ressignificação a partir de práticas de Mindfulness e Mindful Eating.
Objetivos
Compartilhar uma trajetória pessoal marcada por sofrimento psíquico e alimentar, refletir sobre a potência das práticas de Mindfulness e Mindful Eating no cuidado em saúde, e discutir como essa experiência fundamenta ética e política para atuação e pesquisa profissional.
Descrição da experiência
Com o início da pandemia de Covid-19, a autora vivenciou o surgimento de uma relação conflituosa com a comida, associada ao isolamento, incertezas e sofrimento emocional. Formada em Nutrição, encontrou o Mindfulness e o Mindful Eating como alternativas de cuidado, ingressando em formações profissionais e no mestrado com pesquisa sobre o tema. O processo de ressignificação da alimentação, do corpo e da prática profissional é contínuo, guiado por escuta, presença e compaixão.
Resultados
A experiência promoveu transformações profundas na relação com a comida, o corpo e o exercício profissional. A atenção plena possibilitou romper ciclos de culpa, julgamento e automatismo, favorecendo a regulação emocional, a autocompaixão e um olhar mais sensível às necessidades do corpo. Tornou-se motivação para pesquisa acadêmica e atuação em saúde, com foco no Mindfulness e no Mindful Eating como abordagens terapêuticas para saúde mental e alimentação consciente.
Aprendizado e análise crítica
A trajetória revelou a potência da experiência pessoal como fonte legítima de saber e transformação social. Evidenciou-se que o modelo biomédico isolado é insuficiente diante de sofrimentos complexos, como o comer compulsivo. As práticas de Mindfulness favoreceram reconexão e cuidado integral, desafiando a lógica da produtividade e do controle, e apontando caminhos para abordagens compassivas, éticas e centradas na singularidade do sujeito.
Conclusões e/ou Recomendações
É essencial incorporar práticas integrativas como o Mindfulness e o Mindful Eating no cuidado em saúde, especialmente diante de desajustes na relação com a comida e o corpo. O relato evidencia o valor da escuta sensível e da experiência vivida como ferramenta de transformação. Ressalta-se a importância de que profissionais de saúde busquem novas formações, se atualizem e revejam suas práticas ao longo da atuação profissional.
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL (EAN) EM ESCOLAS VINCULADAS AO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA (PSE): RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UFSM
2 Prefeitura Municipal de Santa Maria - Preceptoria Residência
Período de Realização
Realizado de Maio a Novembro de 2024, em escolas da Zona Leste de Santa Maria-RS.
Objeto da experiência
Relato de ações de EAN elaboradas por nutricionista residente em Saúde da Família, em escolas vinculadas ao PSE.
Objetivos
Relatar as ações de EAN nas escolas do PSE, envolvendo alunos, professores e famílias na sensibilização para adoção de uma alimentação saudável e seus benefícios para saúde e evidenciar a importância de ações voltadas para a alimentação saudável no âmbito escolar.
Descrição da experiência
As ações foram realizadas em duas escolas do território de uma Estratégia Saúde da Família, vinculadas ao PSE. As atividades de EAN incluíram montagem do prato saudável, jogos que estimulavam o conhecimento sobre alimentos, avaliação antropométrica e oficinas de culinária. As estratégias lúdicas e participativas buscaram sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis e fortalecer a integração entre saúde e educação.
Resultados
As ações promoveram maior interesse dos alunos por hábitos alimentares saudáveis, estimularam a participação ativa da comunidade escolar e ampliaram o diálogo sobre alimentação no ambiente escolar. Observou-se melhor compreensão sobre a composição de uma refeição equilibrada e maior envolvimento dos alunos e professores nas atividades, fortalecendo o vínculo entre escola, saúde e comunidade do território da Estratégia Saúde da Família.
Aprendizado e análise crítica
Observou-se a deficiência de ações contínuas sobre alimentação saudável nas escolas participantes, o que contribui para o aumento da obesidade infantil e a falta de consciência sobre a importância de ter hábitos saudáveis. A ausência de práticas educativas limita o desenvolvimento das escolhas alimentares saudáveis, evidenciando a necessidade de integrar efetivamente a promoção de saúde ao ambiente escolar, em articulação com as políticas públicas intersetoriais, como o PSE.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que as ações de EAN nas escolas são essenciais para promover hábitos saudáveis desde a infância e fortalecer a prevenção e a promoção da saúde em sua totalidade. Recomenda-se a continuidade dessas práticas, para maior articulação entre a saúde e a educação. É fundamental investir em ações lúdicas e participativas que envolvam toda a comunidade escolar, contribuindo para a formação de escolhas alimentares mais conscientes.
OFICINAS TERRITÓRIOS SOLIDÁRIOS: PROMOÇÃO DO DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E IMPLANTAÇÃO DE HORTA URBANA EM UMA COMUNIDADE VULNERÁVEL EM FEIRA DE SANTANA, BAHIA.
Pôster Eletrônico
1 Sesc - Administração Regional no Estado da Bahia
2 Sesc - Departamento Nacional
Período de Realização
As Oficinas do Projeto Territórios Solidários (OPTS) ocorreram de junho de 2024 a janeiro de 2025.
Objeto da experiência
As OPTS foram desenvolvidas para promoção da organização e mobilização comunitária em um bairro da periferia, do município de Feira de Santana.
Objetivos
Incentivar a organização comunitária através do desenvolvimento de ações socioeducativas de promoção a alternativas de acesso à alimentação adequada e saudável, geração de renda e respeito às tradições alimentares, para mitigação da situação de insegurança alimentar e nutricional no território.
Metodologia
As OPTS aconteceram com um coletivo de 63 mulheres, através de atividades com metodologias ativas de aprendizagem desenvolvidas pelo SESC Feira de Santana, a partir de instrutivo de trabalho disponibilizado pela equipe técnica do Departamento Nacional do SESC, abordando 03 eixos: Noções Básicas de Horticultura e Compostagem, Segurança Alimentar e Nutricional e Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável e Empreendedorismo Feminino, em uma perspectiva de atividades práticas e mobilizadoras.
Resultados
O desenvolvimento das OPTS estimulou o pensamento crítico reflexivo das participantes, através de uma visão contextualizada das suas realidades, com diálogos coletivos a respeito das políticas públicas que balizam a Segurança Alimentar e Nutricional, o Direito Humano a Alimentação Adequada e Saudável, a Soberania Alimentar e os Direitos Sociais. Foi implantada no território uma horta comunitária que promoveu o fortalecimento de vínculos, a geração de renda e o resgate à autoestima das mulheres.
Análise Crítica
O fortalecimento do território, através do esforço de ações coletivas e participação ativa da comunidade, criando um envolvimento na perspectiva do desenvolvimento social, com foco na inclusão de grupos vulneráveis foi uma premissa. No entanto, percebe-se que a precarização de políticas públicas, localmente, para melhorar o acesso à alimentação e outros direitos sociais, de forma também a motivar a comunidade, na evolução das atividades propostas pelo projeto, se torna um fator limitador.
Conclusões e/ou Recomendações
O êxito das ações desenvolvidas pelo SESC Feira de Santana, nas oficinas do Projeto Territórios Solidários,perpassou pelo diagnóstico situacional inicial e por avaliações sistemáticas que envolveram o desempenho pautado no público focal (mulheres);nas demandas do coletivo e na análise de território de forma processual, sendo estas recomendações importantes, para a continuidade e/ou multiplicação das atividades em outros territórios.
A CLÍNICA DO COTIDIANO E A COZINHA COMO ESPAÇO TERAPÊUTICO: EXPERIÊNCIA DE DUAS GRADUANDAS EM NUTRIÇÃO EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)
Pôster Eletrônico
1 INU/UERJ
2 PPC/UERJ
Período de Realização
As atividades foram realizadas de março a maio de 2025.
Objeto da experiência
Vivências de graduandas no CAPS da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) por meio do Estágio Supervisionado de Nutrição em Saúde Coletiva.
Objetivos
Relatar a experiência de duas estagiárias do curso de Nutrição da UERJ em um CAPS, buscando refletir sobre os impactos formativos de vivências que contemplam a interface entre os campos da alimentação e nutrição e da saúde mental.
Descrição da experiência
A inserção das graduandas ocorreu durante dois meses, com carga horária semanal de 4h. As atividades foram realizadas sob preceptoria da nutricionista responsável técnica do serviço e supervisão de uma professora da UERJ. As estudantes vivenciaram reuniões da equipe multidisciplinar, espaços de acolhimento aos usuários, discussões de caso a partir da análise de prontuários, participação e condução de oficinas culinárias e realização de visita a um Serviço Residencial Terapêutico.
Resultados
As múltiplas experiências proporcionaram a vivência do trabalho multiprofissional e das práticas antimanicomiais, estimulando a ampliação do olhar técnico-nutricional para os aspectos políticos e subjetivos envolvidos na alimentação e saúde. A cozinha revelou-se um espaço terapêutico, que não apenas assegura o direito à alimentação, mas valoriza a escuta, favorece a construção do vínculo profissional-usuário e contribui para o desenvolvimento psicomotor e fortalecimento da autonomia.
Aprendizado e análise crítica
A experiência oportunizou às estudantes de Nutrição um primeiro contato com a atuação articulada à saúde mental, área ainda pouco abordada e marcada por estigmas. Foi possível ampliar os repertórios sobre os modos de agir e cuidar do outro de forma integral, tendo como premissa a (re)inserção comunitária e a valorização do protagonismo dos sujeitos. Destaca-se, ainda, a introdução da estratégia de redução de danos como alternativa ao proibicionismo característico da perspectiva biomédica.
Conclusões e/ou Recomendações
Ressalta-se a importância do fortalecimento dos dispositivos que compõem a Rede de Atenção Psicossocial. As vivências nesses espaços vão reverberar na futura atuação profissional das estudantes, mais sensíveis às questões de nutrição em saúde coletiva, orientadas pelos princípios da Reforma Psiquiátrica e pela clínica ampliada, com foco nos sujeitos em sua complexidade, contextos e singularidades — gente diversa como toda gente.
PROMOVENDO ESCOLHAS ALIMENTARES MAIS ADEQUADAS NA INFÂNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UFRB
Período de Realização
A experiência ocorreu no mês de março de 2025.
Objeto da experiência
Realizar uma atividade de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) com crianças de 4 a 6 anos.
Objetivos
Descrever uma ação de extensão realizada pela Liga Acadêmica de Nutrição Materno Infantil da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia em uma escola privada de Santo Antônio de Jesus - BA.
Metodologia
A atividade teve início com a realização de uma dinâmica em que as crianças puderam escolher a imagem de sua fruta preferida, dentre figuras impressas em papel, e compartilhar o motivo da escolha com os colegas. No segundo momento, foi realizado um teatro de fantoches sobre o que são escolhas alimentares saudáveis e que tipos de alimentos a compõem. Em seguida, foi realizado um lanche coletivo com salada de frutas, para que as crianças experimentassem novos sabores.
Resultados
Como resultado da experiência, foi possível observar que as crianças reconhecem diferentes tipos de fruta e compreendiam previamente a importância dos vegetais para uma alimentação saudável. Houve também boa aceitação da salada de frutas servida, evidenciando interesse e disposição para seu possível consumo regular nos lanches escolares e no ambiente familiar.
Análise Crítica
Essa receptividade demonstra a importância de propiciar vivências positivas com alimentos saudáveis desde a infância, especialmente por meio de atividades lúdicas e participativas. Os resultados obtidos possivelmente refletem o trabalho já desenvolvido pela escola, reforçando o papel do ambiente escolar como espaço fundamental para formação de hábitos alimentares saudáveis, pois essas ações podem promover mudanças dentro do contexto familiar, à medida que os aprendizados são levados para casa.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência reforça o papel da escola como espaço fundamental para a promoção da alimentação saudável. Ações lúdicas e interativas favorecem o aprendizado e despertam o interesse infantil. Recomenda-se a continuidade de práticas de EAN no cotidiano escolar, fortalecendo parcerias e ampliando o alcance junto às famílias.
AÇÕES NA CASAI DF: RODAS DE CONVERSA SOBRE ALIMENTAÇÃO INDÍGENA
Pôster Eletrônico
1 CASAI DF
2 UnB
Período de Realização
A atividade foi realizada em maio e junho de 2025.
Objeto da experiência
Mapeamento dos sistemas alimentares indígenas com o objetivo de melhor adequar a alimentação fornecida na Casa de Saúde Indígena do Distrito Federal (CASAI DF).
Objetivos
Mapear as formas de se alimentar, os tipos de alimentos e os modos de preparo indígenas (DSEI Xingu, DSEI Leste, DSEI Yanomami e DSEI Xavante). Identificar os alimentos não-indígenas que utilizam, observando as potencialidades e fragilidades desses. Estimular a troca de saberes sobre práticas alimentares.
Descrição da experiência
Foram realizadas atividades com os indígenas de cada um dos DSEIs presentes na CASAI DF, em momentos distintos quando, por meio de rodas de conversa e oficinas de desenho, foram elencados as formas de se alimentar, os tipos de alimentos e modos de preparo. Foram discutidos também os alimentos não indígenas utilizados. Ao desenhar o mapeamento dos alimentos consumidos e os contextos de convivência familiar durante as refeições, foi possível realizar uma escuta sensível e o estímulo ao diálogo.
Resultados
Foram elaborados murais com desenhos que representam formas de se alimentar das comunidades. Foi possível mapear a variabilidade de cada comunidade e como os alimentos tradicionais se misturam com os não-indígenas. Os mais velhos dominaram as conversas sobre os alimentos tradicionais, trazendo memórias afetivas de alimentos que não são mais consumidos e momentos de diálogo com os mais novos. Os indígenas apresentaram suas demandas com relação à alimentação fornecida pela CASAI DF.
Aprendizado e análise crítica
Essa experiência permitiu uma aproximação entre os servidores da CASAI-DF e os indígenas em contextos que não se restringem aos adoecimentos vivenciados. Foi possível revisar os entendimentos dos profissionais sobre a alimentação indígena e reconhecer a importância de reavaliar os alimentos fornecidos na CASAI-DF, buscando uma maior proximidade com os regimes alimentares indígenas. A metodologia permitiu um momento de escuta e valorização dos conhecimentos culturais.
Conclusões e/ou Recomendações
Foi possível ter uma maior aproximação dos servidores da CASAI-DF, especialmente da área de nutrição, com os indígenas, por meio de uma escuta ativa e da valorização dos saberes e modos de vida indígenas. Observou-se a importância da alimentação não apenas no contexto dos tratamentos de saúde, mas também como expressão de pertencimento, memória e dos impactos da colonização.
APRENDER BRINCANDO: NO CIRCUITO DO LANCHINHO SAUDÁVEL
Pôster Eletrônico
1 CEST São Luís, MA
2 SEMUS São Luís/MA
3 não se aplica
Período de Realização
Fevereiro a março de 2023
Objeto da experiência
Ação intersetorial de educação alimentar e prevenção da obesidade em crianças de 3 a 5 anos, no âmbito do Programa Saúde na Escola
Objetivos
Promover hábitos alimentares saudáveis na primeira infância, utilizando estratégias lúdicas e interativas; sensibilizar crianças, famílias e profissionais da educação sobre a prevenção da obesidade infantil, no contexto do Programa Saúde na Escola (PSE).
Metodologia
A ação foi realizada na UEB Edith Valois, zona rural de São Luís-MA, em parceria entre a Clínica da Família Morada do Sol, SEMUS e SEMED. A partir do eixo "Alimentação Saudável" do PSE (2023-2024), foram desenvolvidos jogos educativos como o "Semáforo dos Alimentos", a "Amarelinha da Alimentação" e o "O que é o que é da Alimentação", adaptados à faixa etária de 3 a 5 anos. O planejamento e a execução ocorreram em 30 dias, com base no Guia Alimentar para a População Brasileira (2014).
Resultados
Em 31/03/2023, foram atendidas 210 crianças organizadas em grupos, em formato de circuito com rodízio entre as atividades. As crianças demonstraram grande interesse e engajamento, com relatos positivos de pais e professores sobre mudanças nos hábitos alimentares dentro e fora da escola. Ao final do circuito, foi ofertado um lanche saudável com práticas corporais.
Análise Crítica
A experiência reforçou a importância das abordagens lúdicas para a educação em saúde na primeira infância, especialmente em territórios vulneráveis. O envolvimento intersetorial entre saúde e educação foi essencial para o êxito da ação. Observou-se a necessidade de continuidade e ampliação dessas estratégias para alcançar impacto mais duradouro nas práticas alimentares infantis.
Conclusões e/ou Recomendações
A intervenção demonstrou potencial de transformação dos hábitos alimentares das crianças. Recomenda-se a expansão da experiência para outras escolas vinculadas ao PSE e a incorporação de ações periódicas de educação alimentar no calendário escolar. O uso de metodologias lúdicas mostrou-se efetivo para o engajamento e aprendizagem das crianças.
AÇÃO DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM CRECHE COMUNITÁRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Pôster Eletrônico
1 UNB
Período de Realização
O periodo de realização foi de agosto a outubro de 2024, na Creche Comunitária Monte Moriá, São Sebastião/ DF
Objeto da experiência
Ações lúdicas de educação alimentar e nutricional com crianças da educação infantil em creche comunitária.
Objetivos
Realizar atividades de educação alimentar e nutricional com crianças em idade pré-escolar; avaliar seus hábitos alimentares, o conhecimento sobre alimentos saudáveis e identificar dificuldades no reconhecimento e consumo adequado desses alimentos no cotidiano familiar.
Descrição da experiência
Foram realizadas três ações na Creche Monte Moriá, com crianças da educação infantil. A primeira foi a pintura de alimentos, explorando hábitos alimentares por meio do diálogo. A segunda, “Olho Vivo nos Alimentos”, envolveu réplicas para ensinar sobre alimentos naturais. A terceira atividade propôs a montagem de pratos saudáveis com itens ilustrativos, estimulando a escolha consciente dos alimentos e a identificação de grupos alimentares.
Resultados
As atividades promoveram interação, curiosidade e aprendizado sobre alimentação saudável. Observou-se grande consumo de ultraprocessados no ambiente familiar e pouca diferenciação entre alimentos naturais e industrializados pelas crianças. As ações permitiram melhorar esse entendimento, tornando o processo educativo mais acessível e eficaz, além de fortalecer o vínculo escola-comunidade.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou a importância de práticas lúdicas na Educação Alimentar e Nutricional (EAN) para o público infantil. Ficou evidente o desafio de desconstruir hábitos alimentares enraizados, especialmente em contextos sociais vulneráveis. A falta de conhecimento básico sobre alimentos exigiu adaptações metodológicas e mostrou a necessidade de ações contínuas, com maior envolvimento da família e equipe escolar no processo.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que ações de EAN com crianças pequenas são eficazes quando adaptadas à sua linguagem e realidade. Recomenda-se ampliar a atuação em creches e escolas, integrando família e educadores nas atividades. É essencial que políticas públicas incentivem práticas regulares de EAN no ambiente escolar, principalmente em comunidades com maior vulnerabilidade alimentar e nutricional conforme a realidade de cada território.
CONSTRUÇÃO DE ROTEIROS DE ENTREVISTAS PARA COCRIAÇÃO DE INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NO COMÉRCIO VAREJISTA
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP
2 ESALQ/USP
Período de Realização
O desenvolvimento dos instrumentos aconteceu entre os meses de fevereiro e junho de 2025.
Objeto da experiência
Roteiros de entrevistas para a fase inicial da cocriação de planos de iniciativas para implementação em comércios varejistas.
Objetivos
Caracterizar os participantes e identificar as barreiras e facilitadores para implementação de iniciativas em comércios varejistas de alimentos de pequeno porte do Estado de São Paulo.
Metodologia
Os roteiros de entrevistas foram elaborados com base na metodologia de pesquisa-ação e em estudos sobre cocriação no varejo de alimentos, nacionais e internacionais. Ao todo foram desenvolvidos 5 roteiros específicos por tipo de participante, são eles: comerciantes, membros de associação comercial, consumidores, atores governamentais municipais e sociedade civil. Foram realizadas sessões de discussões em grupo para refinamento dos instrumentos e estes foram testados com comerciante e consumidor.
Resultados
Ao final, os roteiros foram divididos em diferentes partes, sendo: parte inicial delineada por tipo de participante; parte secundária voltada à identificação da questão da obesidade; parte final composta por proposta de intervenção, onde as iniciativas foram apresentadas aos participantes para identificar as barreiras e facilitadores à implementação. A parte de proposta de intervenção foi alterada para um modelo quantitativo com opções de resposta sim, não e/ou talvez/não sei.
Análise Crítica
A experiência reforçou a importância de instrumentos contextualizados e fundamentados teoricamente para o processo de cocriação. Destacou-se o desafio de adaptar a linguagem e o foco dos roteiros conforme o tipo de informação a ser extraída e perfil dos participantes, promovendo a escuta ativa e a participação qualificada.
Conclusões e/ou Recomendações
Os roteiros desenvolvidos mostraram a importância de instrumentos adaptados ao contexto e perfil dos participantes. A escuta ativa e a linguagem acessível foram essenciais para coletar informações relevantes. Recomenda-se realizar o teste com os demais tipos de participantes e manter o aprimoramento contínuo. A combinação de abordagens qualitativa e quantitativa se mostrou eficaz na identificação de barreiras e facilitadores durante o teste dos roteiros.
INSERÇÃO DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: EXPERIÊNCIA DE UMA RESIDENTE EM NUTRIÇÃO EM UM MUNICÍPIO PARAENSE
Pôster Eletrônico
1 UEPA
2 UFPA
Período de Realização
No período de abril a maio de 2025, iniciou-se a atuação da residente de nutrição na Atenção Primária.
Objeto da experiência
Relato da vivência de uma nutricionista integrante da residência nos meses de abril e maio de 2025 em uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
Objetivos
Relatar a vivência de uma profissional em nutrição na Atenção Primária, destacando as ações desenvolvidas, estratégias de cuidado nutricional e aprendizados possibilitados pela Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher e da Criança no contexto amazônico.
Descrição da experiência
Nos dois primeiros meses, a nutricionista residente integrou a equipe multiprofissional de uma UBS de um município paraense, realizando cerca de 30 atendimentos nutricionais a crianças, gestantes, puérperas, adolescentes e idosos, com ênfase em gestantes, crianças com alergias alimentares e adultos com doenças crônicas. Conduziu rodas de conversa com puérperas e gestantes e ações educativas em escolas, promovendo práticas alimentares saudáveis adaptadas à realidade local.
Resultados
A atuação contribuiu para ampliar o cuidado nutricional nos diferentes ciclos de vida e fortalecer o vínculo com a comunidade. Observou-se adesão ampliada ao aleitamento materno, melhora na introdução alimentar em casos de alergia e fortalecimento do diálogo entre unidade, escola e famílias. A articulação com profissionais da educação e gestão local possibilitou maior alcance das ações e valorização da nutrição como prática fundamental na promoção da saúde no território.
Aprendizado e análise crítica
A vivência revelou o papel essencial da nutrição na promoção da saúde e prevenção de agravos. Permitiu identificar limitações estruturais, mas também revelou oportunidades de atuação interprofissional e de diálogo com o território. A formação crítica e ética foi fortalecida, ampliando a percepção sobre os determinantes sociais da saúde e sobre a importância da escuta ativa, da corresponsabilização e do cuidado centrado na pessoa e na realidade local.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou o papel estratégico da nutrição no cuidado integral à saúde na Atenção Primária, especialmente junto a grupos prioritários. Reforça-se a necessidade de fortalecer ações interprofissionais, a articulação com escolas e gestores locais, e a valorização da formação crítica e humanizada, com apoio institucional às práticas que qualifiquem o cuidado e fortaleçam o SUS nos territórios.
COCRIAÇÃO COMO METODOLOGIA DE FORMAÇÃO EM PROJETOS DE EXTENSÃO NO CAMPO DA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UNIRIO
Período de Realização
Atividades realizadas entre 2022 e 2025 por professoras, estudantes e parceiros internos e externos.
Objeto da experiência
Ações realizadas pelo Núcleo de Educação em Saúde da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro por meio da cocriação como estratégia formativa.
Objetivos
Promover a cocriação como metodologia ativa no processo formativo de estudantes de nutrição e na educação permanente de professores, por meio da integração entre projetos de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos pelo NES/UNIRIO, com vistas a aprendizagens compartilhadas e significativas.
Descrição da experiência
O NES/UNIRIO integra 2 Projetos de Ensino (disciplinas Educação Alimentar e Nutricional - integral e noturno), 3 de Extensão (Comer pra quê?, Programa Comida de Verdade na rádio e Saúde nas Redes) e 1 de Pesquisa (Cartografia da formação). Além das atividades específicas de cada projeto ocorrem oficinas de integração e cocriação para formação e planejamento das ações, bem como atividades em parceria com outros cursos como a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), entre outras.
Resultados
O NES acolhe cerca de 20 estudantes bolsistas ou voluntários - orientados a atuar de forma autônoma - com supervisão de 2 professoras. Além das atividades de cada projeto, promoveu 3 JURA, 3 Oficinas na Semana de Integração Acadêmica da UNIRIO, 2 Cine-debates, participou da Semana de Alimentação Carioca do CONSEA-Rio, entre outras. As ações ocorrem dentro e fora da universidade, estimulando a autonomia, o pensamento crítico e a perspectiva multidimensional e sistêmica da alimentação e nutrição.
Aprendizado e análise crítica
Aprendizagens compartilhadas envolvem compartilhamentos entre estudantes, professoras e comunidade, promovendo construção coletiva do saber. A abordagem da cocriação estimula colaboração, autonomia, engajamento, habilidades sociais e diversidade de perspectivas, ocorrendo por meio de trabalhos em grupo, discussões, aprendizagem entre pares e comunidades de prática, fortalecendo o papel ativo dos estudantes no processo.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que as diversas atividades realizadas apresentaram múltiplas potencialidades pedagógicas, beneficiando estudantes assim como o público envolvidos nas atividades, tornando a iniciativa relevante tanto para o processo formativo e autônomo quanto para a efetiva integralização curricular da extensão no curso de graduação universitária integrando teoria e prática, de forma contextualizada com as diferentes realidades em diálogo.
AJEUM BÓ: O OLUBAJÉ COMO PRÁTICA PROMOTORA DE CUIDADO E SAÚDE PARA AS COLETIVIDADES NOS TERREIROS DE CANDOMBLÉ
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFT
3 Faculdade Santíssimo Sacramento
Período de Realização
A experiência foi vivida em agosto 2023, no contexto ritualístico de um terreiro de Candomblé Ketu.
Objeto da experiência
A experiência do Olubajé como prática ancestral de cuidado e de saúde em um terreiro de Candomblé da Bahia.
Objetivos
Compreender o Olubajé como prática de cuidado e saúde para as coletividades e povos de terreiro;
Descrever seus elementos simbólicos e alimentares;
Evidenciar os terreiros como espaços de promoção da saúde;
Reconhecer os saberes ancestrais como veículo de cura.
Metodologia
No Candomblé, a comida é sinônimo de força e cura. O Olubajé é um ebó de comida ofertado a Omolu/Obaluaiê como agradecimento e súplica. Cada orixá tem sua comida preparada e entregue por mulheres em folhas de mamona, com música e dança. Come-se com as mãos e descalço. Os restos são passados no corpo para que o axé se impregne na pele. Não há desperdício: tudo tem destino. É um ritual coletivo de cuidado, partilha e conexão espiritual que reafirma a potência dos terreiros como espaços promotores de saúde.
Resultados
A experiência do Olubajé fortaleceu vínculos entre o homem e o orixá numa identificação sensível das demandas físicas e espirituais, possibilitando acolher e transmutar sofrimentos. A partilha do alimento fortaleceu o axé (energia vital) e promoveu sentidos de cura. O terreiro, como espaço não institucionalizado de produção de saúde e segurança alimentar, segue não reconhecido com suas práticas ancestrais que dialogam com os princípios da Saúde Coletiva de forma autêntica e eficaz.
Análise Crítica
O ritual revelou práticas de saúde baseadas no cuidado coletivo. Ele desafia o paradigma biomédico ao instituir o cuidado relacional, gestual, ofertado através da comida feita com intenção. O preparo, partilha, uso das folhas, comer com as mãos e purificar os restos são práticas que limpam o corpo e o espírito, reforçando o sagrado como médico espiritual e ancestral. Mostra-se urgente reconhecer os terreiros como espaços de ciência viva, onde outras epistemologias cuidam e produzem saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
É necessário reconhecer e fortalecer os saberes dos povos de terreiro como parte legítima das práticas promoção da saúde no Brasil. O Olubajé ensina que cuidar é também alimentar, partilhar, celebrar e manter vivo o axé. Recomenda-se maior diálogo entre políticas públicas de saúde e de práticas ancestrais, respeitando a diversidade epistêmica e cultural.
OFICINA DE ALIMENTAÇÃO NUTRITIVA E INCLUSIVA: CONTRIBUIÇÕES NA SAÚDE DA FAMÍLIA
Pôster Eletrônico
1 UFCAT
2
Período de Realização
A Oficina de Alimentação Nutritiva e Inclusiva foi realizada em outubro de 2024.
Objeto da experiência
Vivência de uma atividade interativa para trabalhar questões nutricionais, hábitos alimentares e a inclusão de Plantas Alimentícias Não Convencionais.
Objetivos
Incentivar a participação dos integrantes envolvidos na Oficina de Alimentação Nutritiva e debater a melhoria da alimentação no dia-a-dia por meio de ideias simples com alimentos do cotidiano agregados a introdução de Plantas Alimentícias Não Convencionais para a promoção da saúde.
Descrição da experiência
Tratou-se de um relato de experiência cuja atividade ocorreu em um encontro do grupo de HIPERDIA nas dependências de uma Unidade de Saúde da Família do interior de Goiás no mês de outubro de 2024. Participaram sete usuários, dez profissionais da unidade e um convidado. Discutiu-se sobre alimentação saudável e o uso de Plantas Alimentícias Não Convencionais no cotidiano, onde os participantes trouxeram suas experiências ao grupo. Foram executadas duas receitas (farofa de folhagens e tabule).
Resultados
Ao final da oficina foram produzidas e degustadas as duas receitas. Houve a participação e contribuição de todos os participantes do grupo com uma avaliação positiva dos usuários e equipe.
Durante a oficina, também foram debatidos temas relevantes, como a importância da diversificação alimentar, com a reintrodução de alimentos que, no passado, faziam parte do cotidiano, mas que, devido à industrialização e a mudanças culturais, foram sendo deixados de lado.
Aprendizado e análise crítica
Observou-se durante a oficina a interação entre usuários e equipe, através da promoção de troca de experiências e conhecimentos que cada participante trazia consigo. A manipulação e produção dos alimentos geraram vínculos afetivos, culminando em uma forma de apreender novos valores, conceitos e remeter a momentos do passado. A utilização das Plantas Alimentícias Não Convencionais contribuiu para a melhoria da alimentação da comunidade e otimizou os gastos, já que os alimentos são utilizados integralmente.
Conclusões e/ou Recomendações
Espera-se que os participantes possam reproduzir as receitas nos lares acrescidos de novos produtos ao gosto cultural de suas origens, que façam uma reflexão sobre as possibilidades de aprimorar a alimentação com plantas (produtos) não convencionais e que ocorra a melhora nos parâmetros da saúde dos participantes. Esta oficina foi uma dinâmica utilizada pela ESFa para levar conhecimento e conscientização à população por meio das atividades no HIPERDIA.
ENCONTRO REGIONAL DO SISAN NO NORDESTE: FORTALECENDO O SISAN COM GOVERNANÇA PARTICIPATIVA E INTERSETORIAL
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome/MDS
Período de Realização
A experiência ocorreu entre os dias 9 e 11 de junho de 2025.
Objeto da experiência
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) e o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA)
Objetivos
O objeto da experiência é a realização do 1º Encontro Regional do Sisan no Nordeste, voltado a fortalecer a articulação interfederativa e estimular a efetivação de um Sisan vivo, por meio da formação, apoio técnico, intersetorialidade e participação social nos territórios. (298 caracteres)
Metodologia
O 1º Encontro Regional do Sisan no Nordeste reuniu atores em formato presencial (Recife-PE) e virtual, com programação e metodologias participativas elaboradas pela equipe técnica da Secretaria Executiva da Caisan Nacional, em parceria com Caisans e Conseas Estaduais da região e contribuições do Consea Nacional. Foram abordados temas como intersetorialidade, participação social, planos de SAN e pactuação interfederativa, além do compartilhamento de iniciativas intersetoriais de combate à fome.
Resultados
Presencialmente, o evento reuniu ao todo 283 agentes do Sisan nos estados e municípios nordestinos, dentre representantes de movimentos sociais integrantes dos Conseas estaduais e municipais e gestores dos setores da assistência social, agricultura, saúde e educação integrantes das Caisans estaduais e municipais representando todos os 9 estados da região, além de representantes do Consea e Caisan nacionais.
Análise Crítica
A avaliação do Encontro mostrou que os participantes ampliaram conhecimentos e fortaleceram a atuação municipal em SAN e no Sisan. A organização evidenciou os desafios da construção intersetorial e interfederativa, destacando sua importância para o engajamento. Reforçou que o Sisan é essencial para o DHAA, mas ainda vulnerável à descontinuidade política. Sensibilizar gestores e garantir recursos seguem como desafios centrais para consolidar a PNSAN.
Conclusões e/ou Recomendações
O Encontro revelou que, para além da necessidade de se estabelecer uma Política de Educação Permanente para o Sisan, é fundamental o aprofundamento do diálogo interfederativo de maneira periódica, visando debater desafios centrais e construir estratégias coletivas que superem obstáculos e tornem o Sistema factível, respeitando as diferentes realidades municipais e estaduais do país.
ENTRE FEIRAS E TERRITÓRIOS: A RUA COMO CAMINHO DE DESLOCAMENTO E REINVENÇÃO NA FORMAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFT
3 UNIFTC
Período de Realização
Durante o semestre letivo 2024.2, em atividade de estágio Supervisionado em Nutrição Social.
Objeto da experiência
Construção de práticas educativas críticas em Nutrição Social a partir de vivências em feiras e territórios urbanos.
Objetivos
Compreender a rua como território pedagógico para pensar o deslocamento da formação em Nutrição para além da sala de aula;
Estimular reflexões críticas e escuta de saberes populares;
Fortalecer a articulação entre saúde, alimentação e território, seguindo os princípios da educação popular em saúde.
Descrição da experiência
A experiência integrou o componente “Estágio em Nutrição Social”, de um centro universitário privado na Bahia. Foram realizadas visitas a feiras e ocupações urbanas, precedidas por debates sobre epistemologias populares, pântanos e desertos alimentares, racismo ambiental, soberania alimentar e cuidado em saúde. Utilizando metodologias participativas, os encontros propuseram a rua como espaço formativo, de escuta, construção de saberes e produção de sentidos.
Resultados
Os registros textuais e falas das estudantes revelaram ampliação do olhar sobre a Nutrição e maior envolvimento com temas como desigualdade, cuidado coletivo e racismo. A escuta de feirantes e moradores(as) reforçou a compreensão da alimentação como prática atravessada por afeto, história e conflito. A vivência evidenciou lacunas na formação tradicional e fortaleceu os vínculos entre universidade e território.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou a potência da rua como espaço educativo que tensiona as hierarquias entre quem ensina e quem aprende. Para os(as) estudantes, estar no território ativou saberes que não cabem nos manuais acadêmicos, deslocando certezas e abrindo espaço para um olhar mais ético e situado sobre o cuidado. A pedagogia da rua se mostrou ferramenta potente para a formação crítica e ampliada em saúde, aproximando o fazer universitário das urgências da vida real.
Conclusões e/ou Recomendações
A rua deve ser reconhecida como campo legítimo de formação em saúde e nutrição. Reforça-se a importância de políticas institucionais que valorizem projetos de extensão crítica como parte da formação profissional. Recomenda-se a inclusão sistemática de práticas em territórios populares na formação em saúde coletiva, para construir um diálogo comprometido com a justiça social, a escuta ativa e os saberes populares.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS SOBRE ALIMENTAÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR: PERCEPÇÕES E DESAFIOS DE EDUCADORES DA REDE MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 CECANE-UNIRIO
2 UNIRIO
Período de Realização
Março de 2024 a março de 2025, com análise preliminar concluída em junho de 2025.
Objeto da experiência
Práticas, percepções e desafios de professores do ensino fundamental sobre o tema alimentação no contexto escolar na
Objetivos
Compreender o perfil docente, as práticas pedagógicas sobre alimentação realizadas nas escolas, os recursos utilizados, fontes de informação e os principais desafios enfrentados.
Metodologia
A experiência consiste em uma pesquisa-ação junto a diretores, coordenadores pedagógicos e professores do ensino fundamental. Por meio da realização de 4 oficinas presenciais e de formulários online, investigaram-se atividades realizadas, fontes de informação e dificuldades enfrentadas na adoção do tema alimentação no currículo. A pesquisa revela lacunas na formação docente e destaca o reconhecimento da alimentação como tema relevante, mas ainda pouco sistematizado no currículo.
Resultados
A maioria dos professores reconhece a importância da alimentação como tema transversal e relatou práticas pontuais como projetos e feiras. Os principais desafios incluem a falta de formação específica, dificuldade de articulação com o currículo e ausência de materiais. A internet é a fonte de informação mais citada, e muitos docentes indicam que o tema deve ser abordado por toda a equipe escolar.
Análise Crítica
A experiência evidenciou que, embora a alimentação seja reconhecida como tema relevante, sua abordagem ainda depende da iniciativa individual dos docentes. Faltam apoio institucional, formação continuada, recursos financeiros e materiais pedagógicos acessíveis. Destaca-se a importância da divulgação e oferta de materiais de qualidade sobre EAN, que orientem e inspirem práticas pedagógicas no cotidiano escolar.
Conclusões e/ou Recomendações
Apesar das diretrizes do PNAE e da Nota Técnica n° 4816230/2025/DIEAN/COSAN/CGPAE reforçarem a inclusão da EAN no PPP, falta articulação com os atores escolares para sua efetivação. Recomenda-se o fortalecimento do diálogo entre gestão, docentes e técnicos, com oferta de formação continuada que apoie a inserção qualificada da EAN no cotidiano pedagógico.
CONDICIONALIDADES DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA (PBF) COMO EIXO ESTRUTURANTE DA VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (VAN) EM PERNAMBUCO (PE).
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
2 Universidade de Pernambuco - UPE
Período de Realização
Janeiro a dezembro de 2024.
Objeto da experiência
Fortalecer a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) qualificando o monitoramento do Programa Bolsa Família por meio da gestão estadual.
Objetivos
Descrever a experiência da gestão estadual de Pernambuco na articulação entre o PBF e a VAN, destacando estratégias de fortalecimento da cobertura, apoio técnico aos municípios e produção de boletins informativos como ferramentas de análise e qualificação da gestão.
Descrição da experiência
A experiência foi conduzida pela Coord. de Segurança Alimentar e Nutricional de PE, com foco na articulação entre a VAN, Atenção Primária à Saúde e setores sociais. Priorizando ações de apoio voltadas aos Municípios Prioritários (MUPs), que tinham dificuldades na gestão do PBF, realizando 13 oficinas e capacitação de 228 profissionais. Incentivou-se o uso do e-SUS AB para qualificar os registros e elaboração de boletins para subsidiar o planejamento e a análise da situação nutricional no estado.
Resultados
Em 2024, PE registrou 486.536 beneficiários no SISVAN, com coberturas de acompanhamento de até 79,30%. Foram realizados mais de 95 mil novos acompanhamentos, destacando-se nacionalmente. A estratégia para MUPs envolveu 20 municípios. Foram acompanhadas 353.737 crianças de 0 a 7 anos (58,84% do total registrado). Coberturas variaram entre municípios, alguns acima de 90%. Dois boletins estaduais foram publicados: um sobre o estado nutricional da população; outro, sobre crianças menores de 2 anos.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reforçou o papel da gestão estadual no fortalecimento da VAN vinculada ao PBF. As atividades de gestão revelaram a importância da atuação técnica continuada. A análise dos dados e a escuta qualificada evidenciaram desafios como a manutenção das equipes, a heterogeneidade dos territórios e fragilidades no registro das condicionalidades. Para auxílio, foi elaborado materiais orientadores como o FAQ estadual, e intensificadas estratégias de apoio técnico.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a continuidade da articulação entre o PBF e a PNAN, com investimento sustentado em apoio técnico, ações formativas e disseminação de instrumentos de gestão, como os boletins informativos. A experiência de Pernambuco aponta caminhos para a efetivação da VAN em territórios com distintas realidades, reafirmando o papel da APS na promoção da segurança alimentar e nutricional com base na equidade.
MONITORAMENTO DO RISCO DE INSEGURANÇA ALIMENTAR EM PERNAMBUCO (PE) VIA TRIAGEM PARA RISCO DE INSEGURANÇA ALIMENTAR (TRIA).
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
2 Universidade de Pernambuco - UPE
Período de Realização
Novembro 2023 a janeiro de 2025
Objeto da experiência
Apresentar a experiência de utilização da TRIA na Atenção Primária à Saúde (APS) em Pernambuco, através da vigilância alimentar e nutricional (VAN).
Objetivos
Descrever a experiência da gestão estadual de Pernambuco na articulação entre a TRIA e a VAN, destacando estratégias de fortalecimento da aplicação do instrumento no território.
Descrição da experiência
Entre nov/2023 e jan/2025, equipes da APS em PE iniciaram o uso sistemático da TRIA no Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), feita no cadastro e atendimento para identificar domicílios vulneráveis. Sendo incorporada à rotina dos serviços com a mobilização das equipes de saúde, priorizando locais com maior vulnerabilidade. A gestão atuou com articulação, suporte técnico e monitoramento. Oficinas sensibilizaram sobre o uso estratégico da TRIA para vigilância e análise territorial.
Resultados
Foram aplicadas 892.765 triagens, das quais 80.519 (9%) identificaram domicílios em risco de insegurança alimentar. De acordo com a classificação nacional, esse percentual posiciona o estado na faixa de baixa prevalência de risco, definida entre 5,1% e 9,9%. Considerando que Pernambuco possui aproximadamente 3 milhões de domicílios, as triagens registradas correspondem a cerca de 30% do total domiciliar, o que permite um panorama inicial da insegurança alimentar no território.
Aprendizado e análise crítica
Essa classificação indica que, apesar dos avanços no monitoramento e na identificação de domicílios em situação de vulnerabilidade, persistem desafios relacionados ao acesso regular e adequado à alimentação. A presença de risco em domicílios revela desigualdades socioeconômicas estruturais e reforça a necessidade de articulação efetiva entre os setores de saúde, assistência social, segurança alimentar e demais políticas públicas voltadas à garantia do direito humano à alimentação adequada.
Conclusões e/ou Recomendações
A adoção da TRIA no âmbito da APS permite o fortalecimento da vigilância em saúde e a implementação de ações intersetoriais direcionadas à promoção da segurança alimentar e nutricional no território pernambucano. Para sua efetividade, é essencial ampliar os investimentos e garantir a capacitação contínua das equipes envolvidas, promovendo a sustentabilidade da estratégia e a qualificação da gestão local.
TECNOLOGIAS SOCIAIS AGROECOLÓGICAS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Pôster Eletrônico
1 CAAPS/Fiocruz Pernambuco
2 UFPE
Período de Realização
5 a 7 de setembro de 2024
Objeto da produção
Mapeamento de tecnologias sociais agroecológicas na região metropolitana do Recife
Objetivos
Integrar grupos políticos no campo da agroecologia a grupos institucionais da Saúde e Ambiente da Fundação Oswaldo Cruz; mapear iniciativas agroecológicas na região metropolitana do Recife.
Descrição da produção
A estratégia nasce em 2018, motivada pela inserção da Agroecologia como um dos compromissos da Fiocruz, definida no VIII Congresso Interno da Instituição. Posteriormente, inicia-se o mapeamento de 90 iniciativas atreladas às diferentes unidades técnicas. Assim, o vídeo registra atividade realizada por integrantes da Coordenação de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde; Agenda Saúde e Agroecologia; Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho; e o Grupo de pesquisa em Redes integradas em Saúde.
Resultados
A Cozinha Solidária Popular dos Milagres, no bairro do Ibura, é coordenada por uma militante do MST, produz cerca de 200 refeições/dia, dependentes das doações do Banco de Alimentos e do Programa de Aquisição de Alimentos. A Horta Popular Solidária do Centro Comunitário Vivendo e Aprendendo/Museu de Cultura Popular Vera Galvão, foi fundada em 1985 no município de Camaragibe. Possui área de cultivo compartilhada com o MST e fomenta feira de economia solidária na região.
Análise crítica da produção
Os beneficiados enfrentam contextos de vulnerabilidade social, relacionados às problemáticas de acesso aos serviços públicos e/ou são vítimas da violência doméstica e estrutural. As iniciativas são possibilidades para um ciclo produtivo sustentável (plantio, preparação de refeições e comercialização), na promoção da saúde e no combate à pobreza e insegurança alimentar, sobretudo, nos cenários de esvaziamento da proteção estatal.
Considerações finais
A Agroecologia tem sido proporcionada por/para quem mais precisa, enquanto um modelo de desenvolvimento popular e comunitário, reforçando vínculos e a necessidade de defender a autonomia e cidadania dos grupos populacionais mais vulnerabilizados. Para a Fiocruz, as iniciativas agroecológicas são uma oportunidade de cooperação (institucional e comunitária), na promoção da saúde a partir do fomento a territórios saudáveis e sustentáveis.
CADERNO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL NO PRIMEIRO ANO DE VIDA PARA PROFISSIONAIS DA APS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 SMS-Rio
Período de Realização
O material foi desenvolvido entre março de 2023 a dezembro de 2024.
Objeto da produção
Material didático para profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) carioca promover alimentação adequada e saudável no primeiro ano de vida.
Objetivos
Qualificar e subsidiar as equipes de APS sobre alimentação adequada e saudável no primeiro ano de vida, valorizando a abordagem centrada no usuário, com linguagem acessível e aplicabilidade prática direcionado ao cotidiano dos serviços, com conteúdos para consultas, grupos e visitas domiciliares.
Descrição da produção
A construção do material foi conduzida por nutricionistas da Superintendência de Promoção da Saúde da SMS-Rio, com base em diretrizes nacionais e internacionais. Envolveu levantamento bibliográfico, contribuição de outros profissionais e revisão técnica por especialistas. O caderno foi estruturado considerando os desafios e demandas dos territórios e articulado a outras ferramentas da gestão municipal, como a cartilha de Acompanhamento da Primeira Infância e os Cadernos de Promoção da Saúde.
Resultados
O caderno foi disponibilizado na plataforma municipal online no final de 2024. Em 2025 vem sendo divulgado nas 10 áreas de planejamento em visita técnica e em qualificações da rede. Ele subsidia a atuação e conduta de profissionais em espaços de contato com mãe, bebê, responsável, familiares e rede de apoio, facilitando a padronização de orientações, aperfeiçoando a abordagem no manejo da amamentação ou quando não é possível amamentar, na introdução alimentar, entre outras situações.
Análise crítica e impactos da produção
O caderno promove inovação ao abordar, de forma acessível, tanto o incentivo à amamentação quanto situações em que ela não é possível, sem julgamento e com adequação da realidade. Fortalece a atuação interprofissional, valoriza a escuta e acolhimento das mulheres, e se integra a outras estratégias da gestão municipal. Com linguagem simples e aplicação prática, potencializa processos de educação permanente, qualifica o cuidado apoiado e integral e reduz desigualdades no início da vida.
Considerações finais
A produção do caderno reafirma o compromisso da gestão municipal na construção de instrumentos técnicos orientadores e contextualizados, aplicáveis e baseados em evidências. Ao acolher diferentes realidades, dialogar com desafios do cotidiano e estimular a educação permanente em saúde, essa estratégia fortalece o cuidado integral e a atuação interprofissional, promove equidade e qualifica as ações de promoção da alimentação adequada na infância.
RAÍZES DO COMER: UMA NOVA ABORDAGEM DE AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR NO CONTEXTO DA COMENSALIDADE URBANA E COTIDIANO DE MULHERES NEGRAS E COM EXCESSO DE PESO NO SUS
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 UnB
Período de Realização
Outubro de 2024 a dezembro de 2025
Objeto da produção
Novo instrumento e manual orientador de avaliação de consumo alimentar no contexto da comensalidade de mulheres negras com excesso de peso do SUS
Objetivos
Desenvolver uma inovadora abordagem metodológica intersetorial e humanizada para dialogar com mulheres negras com excesso de peso no SUS, considerando seu consumo alimentar em meio ao cotidiano de vida. Possibilitar um momento de atuação ética e sensível de entrevistadoras no processo de escuta
Descrição da produção
Para elaborar a abordagem metodológica,o grupo de pesquisadores vinculados ao PALIN (Fiocruz-Brasília) revisou a literatura científica, realizou oficinas com profissionais da APS e escutou mulheres em seus territórios. Criou-se um fluxo de entrevista telefônica para a compreensão das práticas alimentares num contexto de tempo e espaço social alimentar. Para apoiar o processo, foi desenvolvido um manual orientador para a abordagem ética e acolhedora com as mulheres assistidas pelo SUS
Resultados
O roteiro da entrevista alimentar telefônica é composto por 4 seções para 30 minutos de conversas, abordando refeições diárias, espaços sociais do consumo, lista de compras, variações no acesso a alimentos nos últimos 30 dias e mobilidade das mulheres ao longo do dia. O manual orientador inclui o roteiro, passos para pré-agendamento, sigilo das informações e condução empática. A nova abordagem Raízes do Comer integra aspectos sociais e territoriais ligados ao consumo alimentar dessas mulheres
Análise crítica e impactos da produção
A proposta reposiciona a escuta do cotidiano e mobilidade de mulheres negras como tecnologia de cuidado e instrumento político na produção de conhecimento em nutrição e saúde coletiva. Ao incorporar comensalidade, afetos e desigualdades estruturais, rompe com avaliações tradicionais centradas em calorias e porções para manejo em obesidade. O instrumento e o manual são produções técnicas que fortalecem o SUS e promovem a justiça racial, ampliando a compreensão e a prática em saúde pública
Considerações finais
A produção Raízes do comer é um exemplo de práticas éticas e interseccionais viáveis por meio do envolvimento dos profissionais e a escuta ativa das histórias alimentares das mulheres em seus territórios. Ao unir técnica e conversa humanizada, o conhecimento produzido e o manual orientador promovem um olhar sensível dos profissionais do SUS e entrevistadoras às subjetividades, desigualdades e potências alimentares que sustentam suas histórias
PROPOSIÇÃO DE INSTRUMENTO PARA ANÁLISE DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ENTRE USUÁRIO(AS) DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL, SOB UMA PERSPECTIVA INTERSECCIONAL
Pôster Eletrônico
1 ESPBA
2 EGF-Brasília
3 UFBA
Período de Realização
O presente trabalho foi realizado no período de agosto a dezembro de 2023.
Objeto da produção
Instrumento para identificação e análise da situação de (In)segurança Alimentar e Nutricional de usuários(as) em um Centro de Atenção Psicossocial.
Objetivos
Desenvolver um instrumento que permita identificar e analisar a prevalência de insegurança alimentar e nutricional (InSAN) entre usuárias (os) de um CAPS localizado na cidade de Salvador - Bahia, considerando a perspectiva interseccional.
Descrição da produção
Inicialmente, foi realizada uma revisão da literatura sobre interfaces entre saúde mental e segurança alimentar e nutricional (SAN), sistematizando também bases teórico-metodológicas da interseccionalidade. A segunda etapa se caracterizou por breve pesquisa documental, com análise de instrumento admissional da instituição lócus do estudo. Por fim, foi feita a proposição do instrumento, o qual foi alvo de análise e adequação mediante consulta a especialistas do campo da SAN e da saúde mental.
Resultados
A revisão de literatura evidenciou interfaces entre os dois campos de interesse, sendo algumas dimensões ainda pouco exploradas. Também identificou-se indicadores diretos e indiretos da InSAN, fundamentando a estruturação do instrumento e a elaboração de um manual de apoio para sua aplicação e análise dos dados. As demais etapas embasaram a estruturação do instrumento, especialmente por agregar aspectos específicos do cotidiano no serviço do CAPS, tornando-o passível de aplicação neste grupo.
Análise crítica e impactos da produção
O instrumento mostra-se como um meio de levantar dados acerca da situação de SAN da população, de modo que essas informações possam gerar discussões no contexto da atenção psicossocial e em outros cenários, evocando também a influência de marcadores sociais como os de classe social, gênero e raça, nas interfaces entre InSAN e sofrimento psíquico. O uso do instrumento também pode trazer à tona questões alimentares e nutricionais vivenciadas por usuários, que demandam abordagens intersetoriais.
Considerações finais
Argumenta-se para necessidade de maior aprofundamento nos estudos sobre interfaces entre saúde mental e insegurança alimentar, além de continuidade na análise do instrumento, mediante a realização de estudo piloto com aplicação e avaliação junto a usuários e usuárias do CAPS. Espera-se que o instrumento seja capaz de produzir dados que subsidiem ações da gestão para enfrentamento de desafios relacionados à ISAN, em suas diversas dimensões.
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL PARA POPULAÇÃO NEGRA BRASILEIRA – UMA EXPERIÊNCIA COM AGENTES DA PASTORAL NEGRA
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz-Brasília
Período de Realização
Iniciou em 01/05/2023 e finalizou em 30/09/2024.
Objeto da produção
Refere-se ao E-book intitulado de “Segurança Alimentar e Nutricional para a População Negra Brasileira”.
Objetivos
Divulgar e dar visibilidade aos conteúdos abordados no curso de Formação em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional para Agentes de Pastoral Negros, acompanhados das narrativas e reflexões compartilhadas pelos participantes do curso, por meio impresso e online pelo site e redes sociais do Obha.
Descrição da produção
O e-book foi elaborado a partir das temáticas abordadas ao longo do curso de formação em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) para Agentes de Pastoral Negro. Trata da contextualização histórica da condição do negro no Brasil, na trajetória do movimento social negro e as políticas sociais, traz a trajetória de SAN, o Direito Humano à Alimentação Adequada e soberania alimentar; a Determinação social do processo saúde-doença, Má Nutrição e Sistemas Alimentares, dentre outros temas.
Resultados
O e-book foi lançado na reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em 09 de outubro de 2024. Além da versão digital do e-book disponibilizada no site e nas redes sociais do Obha, foram 500 cópias impressas. Todas as versões impressas foram distribuídas para os APNs, em eventos e nas redes sociais recebeu 1260 visualizações acumuladas até maio de 2025.
Análise crítica e impactos da produção
A abordagem crítico-reflexiva, baseada em metodologias sustentadas na problematização para compreender como a SAN acontece no território e como o Estado e a Sociedade se organizam para a concretização de políticas públicas adotada pelo curso, foi materializada no e-book, que vem possibilitando a acessibilidade e a conectividade aos conteúdos oferecidos no curso de forma ampla, em favor da ciência cidadã.
Considerações finais
O e-book como um produto do curso vem possibilitando a difusão do conhecimento de forma ampla para o público interessado, promovendo o debate e a reflexão em torno da questão da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional da população negra no Brasil.
A ADAPTAÇÃO DA TEIA ALIMENTAR PARA ESTABELECER, PERSONALIZAR E MONITORAR A ALIMENTAÇÃO EM ADULTOS COM PRÉ-DIABETES: UMA INICIATIVA DO ESTUDO PROVEN-DIA
Pôster Eletrônico
1 BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo
2 Universidade Federal Rio Grande do Sul
Período de Realização
De 2024 até o momento atual.
Objeto da produção
A Teia Alimentar é um instrumento validado para avaliar a autopercepção do consumo alimentar de indivíduos com doenças cardiovasculares.
Objetivos
Adaptar a Teia Alimentar para adultos com pré-diabetes, priorizando grupos alimentares associados à prevenção da doença e visando seu uso pelos profissionais de saúde como subsídio para estabeler e personalizar metas de mudança da alimentação e pelos usuários para automonitorar o alcance das metas.
Descrição da produção
O PROVEN-DIA é um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, coordenado pela BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde, via PROADI-SUS. O programa promove mudança do estilo de vida a partir de aconselhamento em saúde, automonitoramento e metas personalizadas. Baseada no Cardiovascular Health Diet Index e voltada a cardiopatas, a Teia Alimentar foi adaptada priorizando grupos alimentares com impacto na prevenção do Diabetes tipo 2 (DM2).
Resultados
As porções dos grupos alimentares, o formato de teia e a escala de percepção (péssimo, ruim, bom, muito bom, ótimo) não sofreram alterações. As fotos foram subtituídas por ícones e a ordem dos grupos alimentares foi estabelecida de acordo com seu grau de importância na prevenção de DM2 (ultraprocessados, leguminosas, bebidas açucaradas, verduras e legumes, embutidos, frutas, carne vermelha, peixes, laticínios, grãos integrais, sementes e nozes, água), incluindo a numeração de 1-12.
Análise crítica e impactos da produção
Dada a busca por recursos para educação alimentar, adaptar a Teia Alimentar visa auxiliar na gestão participativa do cuidado no binômio usuário-profissional, favorecendo a visualização das prioridades para mudar a alimentação. A priorização favorece decisões menos restritivas, alinhadas com o Guia Alimentar para a população brasileira (graus de processamento e leguminosas) e recomendações para prevenir DM2, ainda que carboidratos refinados e adição de sal e gorduras não estejam na Teia.
Considerações finais
Apesar de válida para cardipatias, a Teia Alimentar adaptada requer validação para pré-diabetes, sendo uma das perspectivas futuras do estudo PROVEN-DIA. A despeito disso, o seu emprego apresenta potencial para o estabelecimento, personalização e monitoramento de metas na mudança da alimentação, estimulando a corresponsabilização em saúde, o empoderamento social e o cuidado longitudinal.
CATÁLOGO “SAÚDE NA MESA”: ESTÍMULO À CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E ARTESANAL NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 Sem vinculação
Período de Realização
2024 a 2025
Objeto da produção
Um catálogo de serviços de alimentação saudável prestados por mulheres e seus coletivos solidários na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Objetivos
Fomentar a alimentação adequada e saudável na Fiocruz e em outras instituições na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por meio de informações qualificadas voltadas a pessoas da gestão e coordenação de projetos que contratam serviços de alimentação em eventos.
Descrição da produção
O mapeamento de grupos que prestam serviços de alimentação saudável e artesanal na Região Metropolitana do Rio de Janeiro se iniciou na construção da alimentação do XII Congresso Brasileiro de Agroecologia, realizado com apoio da Fiocruz. As cozinheiras identificadas participaram de um processo de formação composto por cinco oficinas (boas práticas na manipulação; gestão; logística; precificação; e comunicação), nas quais houve a coleta de dados que subsidiaram a construção do catálogo.
Resultados
Elaboração de um catálogo contendo informações de 20 grupos que prestam serviços de alimentação saudável na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Formação de 20 cozinheiras e grupos em temas estratégicos.
Distribuição de 500 exemplares do catálogo e ampla divulgação da versão on-line do material.
Realização de um banquete para mil pessoas durante a posse do presidente da Fiocruz Mário Moreira preparado pelos 20 grupos participantes do catálogo.
Análise crítica e impactos da produção
Potencial de incidir na Fiocruz e em outras instituições para a substituição de ultraprocessados por alimentação rica nutricionalmente e com impacto social, uma vez que as prestadoras fazem suas preparações com alimentos da estação, comprados em circuitos curtos, como em feiras agroecológicas. O catálogo está integrado a outras ações de transição alimentar na Fiocruz, que buscam tornar acessível a alimentação saudável para trabalhadoras/es, com vistas à promoção da saúde e bem-estar.
Considerações finais
O catálogo Saúde na Mesa é um chamado para a importância de se cuidar e pensar a alimentação nos ambientes de trabalho. Para além de fomentar a adoção de práticas saudáveis de alimentação e a saúde de trabalhadoras e trabalhadores, o catálogo estimula a ocupação do espaço público e a geração de renda para mulheres e iniciativas historicamente vulnerabilizadas, contribuindo para a transformação social.
CURSO DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL PARA COORDENADORES PEDAGÓGICOS: DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA ESCOLAR
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro
2 Prefeitura Municipal de Alfenas
3 Universidade Federal de Alfenas
Período de Realização
Março a dezembro de 2023, sendo o curso de outubro a novembro
Objeto da produção
Curso híbrido de formação continuada em Educação Alimentar e Nutricional para coordenadores pedagógicos da educação infantil de Alfenas-MG.
Objetivos
Planejar, executar e avaliar um curso de formação continuada em Educação Alimentar e Nutricional (EAN) para coordenadores pedagógicos da rede pública de ensino infantil de Alfenas-MG.
Descrição da produção
Trata-se de um curso híbrido (20h). O conteúdo foi estruturado em cinco módulos temáticos, com encontros presenciais e encontros remotos, utilizando Google Meet® e Moodle®. Foram aplicadas avaliações de conhecimentos pré e pós-curso, ficha de avaliação do curso com escala Likert e questões abertas, e realizado grupo focal com a equipe executora. O curso foi desenvolvido de forma colaborativa por equipe multidisciplinar, incluindo nutricionistas, professores, estudantes e gestores.
Resultados
Participaram do curso 41 coordenadores. A avaliação do conhecimento sobre EAN mostraram discreto aumento na média de acertos de 7,81 para 7,95 (p=0,6845). A maioria dos participantes avaliou o curso como ótimo, destacando a qualidade do conteúdo, clareza na linguagem, materiais didáticos e a construção coletiva. Entre as fragilidades apontadas, destacam-se as dificuldades com a plataforma digital e o desejo de maior carga horária.
Análise crítica e impactos da produção
A formação evidenciou a importância dos coordenadores como agentes multiplicadores da EAN, contribuindo para consolidar a EAN no cotidiano escolar e fortalecer o compromisso interssetorial na promoção da saúde. O modelo híbrido e multidisciplinar favoreceu o diálogo entre Educação e Nutrição, promovendo a integração entre teoria e prática. Apesar da pequena variação quantitativa nas notas, observou-se ganho qualitativo no engajamento e na apropriação dos conteúdos.
Considerações finais
A experiência revelou que formações continuadas e colaborativas podem fortalecer a inserção da EAN nas escolas, com impactos positivos na prática pedagógica e no ambiente alimentar. A construção coletiva, o uso de metodologias ativas e a articulação entre setores demonstraram-se estratégias efetivas para consolidar a EAN como direito e prática educativa.
NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DO CURSO GRADUAÇÃO DE NUTRIÇÃO: RELACIONANDO OS RECURSOS COGNITIVOS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS ÀS COMPETÊNCIAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Período de Realização
Janeiro a junho de 2025
Objeto da produção
Matriz integradora entre os recursos formativos e as competências das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação em Nutrição.
Objetivos
Sistematizar e relacionar os recursos cognitivos, procedimentais e atitudinais às competências definidas nas novas DCNs, com atribuição de níveis de contribuição para orientar a implementação de uma matriz curricular no curso de Nutrição da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
Descrição da produção
A partir da leitura crítica das novas DCNs (aprovadas em 2024 pelo CNE), o Núcleo Docente Estruturante (NDE) identificou os recursos formativos (cognitivos, procedimentais e atitudinais) requeridos para o desenvolvimento das competências. Em reuniões mensais realizadas entre janeiro e junho de 2025, os membros do NDE organizaram uma matriz de correlação, atribuindo pesos qualitativos (+, ++ ou +++) a cada recurso, de acordo com sua relevância para cada uma das 10 (dez) competências.
Resultados
A produção resultou em uma matriz que relaciona 58 recursos formativos (19 cognitivos, 26 procedimentais e 13 atitudinais) às 10 competências gerais das DCNs. A atribuição de pesos possibilitou a visualização clara das relações mais fortes entre competências e dimensões formativas, instrumentalizando a construção do novo Projeto Pedagógico do Curso (PPC), promovendo coerência entre objetivos formativos, o perfil do egresso e as práticas docentes.
Análise crítica e impactos da produção
Ao explicitar as relações entre competências e recursos formativos, o instrumento fortalece a formação por competências e estimula práticas pedagógicas integradoras. A iniciativa impulsionou e impulsionará discussões internas sobre a adequação dos métodos de ensino, avaliação e desenvolvimento docente, ao encontro do perfil do egresso descrito nas DCNs. Espera-se que a experiência sirva de modelo para outros cursos e instituições que estejam em processo de adaptação às novas diretrizes.
Considerações finais
A experiência do NDE da UFTM evidencia a importância de ações estruturadas e participativas para implementação efetiva das novas DCNs. A matriz elaborada contribui para o alinhamento curricular, para o fortalecimento da formação integral e para a valorização das dimensões éticas, técnicas e humanísticas na formação do nutricionista. Como próximo passo, está prevista a utilização da matriz na reformulação do PPC do curso de graduação em Nutrição.
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA NOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL: MATERIAIS DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Unipampa
Período de Realização
JUNHO DE 2023 À JUNHO DE 2025
Objeto da produção
CONSTRUÇÃO DE MATERIAL DE APOIO PARA IMPLEMENTAÇÃO DO GUIA ALIMENTAR NA EXTENSÃO RURAL.
Objetivos
Elaborar materiais com recursos audiovisuais e impressos a fim de disponibilizar material de apoio para o uso do extensionista em sua prática de trabalho junto à população do campo, da floresta e das águas.
Descrição da produção
O projeto Guia Alimentar na ATER (desenvolvido pela Unipampa e CGAN/DEPROS/SAPS/MS, e apoio da OPAS), propôs materiais de apoio para implementação do Guia Alimentar na ATER. Foram interpretadas e sistematizadas as narrativas de práticas de trabalho de 256 extensionistas rurais, de 19 estados federativos que apresentaram relatos de experiências a partir de oficina de escuta, formulário individual online e chamada pública nacional. Foram identificadas 14 categorias emergentes das narrativas.
Resultados
Foram produzidos materiais de apoio à implementação do Guia Alimentar na ATER: e-book, 5 vídeos curtos, 5 carrosséis de cards, banner e cartilha de apoio para uso dos materiais. São 14 temas apresentados: produção para o autoconsumo, circulação de alimentos, cultura alimentar, “plantas bioativas”, agroecologia e saúde, intersetorialidade, políticas públicas, formação, processamento, inclusão socioprodutiva, qualidade higiênico-sanitária, diversificação e habilidades culinárias.
Análise crítica e impactos da produção
Os materiais de educação e comunicação foram apresentados para a equipe estadual de ATER do Rio Grande do Sul, e para equipes regionais, nos meses de maio e junho de 2025. 13 extensionista participaram da validação dos materiais, sendo que 40% dos participantes entenderam o Guia Alimentar como importante e 60% como muito importante na ATER. 100% dos participantes responderam como muito provável o uso dos materiais educativos nas próximas abordagens de promoção da alimentação saudável.
Considerações finais
O papel de extensionistas rurais é essencial para a segurança alimentar e nutricional e promoção da alimentação saudável. O conhecimento técnico, os saberes locais e as políticas públicas se relacionam com a prática de trabalho na extensão rural, para ampliar o acesso de toda a população a alimentos mais saudáveis e sustentáveis. Os conteúdos dos materiais visam inspirar práticas de trabalho organizadas a partir da busca pelo aprendizado.
COMIDA BOA: FELICIDADE DA CABEÇA AO PÉ!
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ
2 UFBA
Período de Realização
Entre 2023 e 2024
Objeto da produção
A cartilha “Comida boa: felicidade da cabeça ao pé” é uma produção educativa que busca promover hábitos alimentares saudáveis entre escolares.
Objetivos
Sensibilizar e compartilhar com escolares informações referente a promoção da alimentação saudável, destacando o consumo de alimentos naturais, a leitura de rótulos, os riscos dos ultraprocessados e o estímulo à autonomia e criatividade culinária.
Descrição da produção
A metodologia foi construída a partir das demandas surgidas nas experiências vividas no Projeto Alimentação Saudável na Escola (PASNE). As atividades eram planejadas junto às escolas, aplicadas, avaliadas e adaptadas conforme os retornos. Durante a pandemia, novas estratégias foram incorporadas, com uso de recursos digitais, ampliação da equipe e envolvimento de novos públicos, resultando na sistematização de estratégias lúdicas como jogos, histórias e receitas.
Resultados
Entre os principais resultados, destaca-se a elaboração de um material dinâmico, atrativo e adaptável a diferentes contextos escolares. A cartilha tem sido utilizada em atividades educativas, ampliando o acesso de estudantes e famílias a informações sobre alimentação saudável. Contribuiu para fortalecer a atuação extensionista da universidade e incentivou a continuidade de ações do PASNE em diversos espaços e formatos, promovendo o protagonismo dos escolares.
Análise crítica e impactos da produção
A cartilha se configura como uma ferramenta educativa potente por sua abordagem crítica e dialógica, respeitando a diversidade cultural alimentar e desmistificando a ideia de que comer bem é caro ou sem sabor. Seu impacto vai além do uso escolar, pois estimula a autonomia alimentar das crianças, fortalece vínculos familiares e fomenta a formação cidadã.
Considerações finais
A cartilha “Comida boa: felicidade da cabeça ao pé” se consolida como um importante recurso para a promoção de hábitos alimentares saudáveis, articulando educação, saúde e cultura alimentar. Sua linguagem acessível, somada a estratégias lúdicas, favorece a reflexão e o protagonismo dos escolares. O material reforça a importância da formação crítica e do cuidado com a alimentação desde a infância.
O IMPACTO DAS BARREIRAS À APLICAÇÃO DAS DIRETRIZES PROPOSTAS NO MANUAL DE ATENDIMENTO DA CRIANÇA COM DESNUTRIÇÃO AGUDA GRAVE EM NÍVEL HOSPITALAR
Pôster Eletrônico
1 UFF
2 UNIFAP
3 UFRJ
Período de Realização
Realizado em Hospital público de Boa Vista, no período de maio de 2004 a fevereiro de 2025
Objeto da experiência
As limitações da gestão e implementação do cuidado à criança com desnutrição aguda grave, desde a capacitação profissional até a aquisição de insumos
Objetivos
Relatar a experiência, como nutricionista, no cuidado a criança desnutrida aguda grave; descrever desafios enfrentados frente a fragilidade da oferta de capacitação profissional, e da escassez de insumos preconizados pelo Manual de Atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar
Metodologia
Em Boa Vista/RR, boa parte da população são indígenas aldeados, muitos deles crianças em situação de extrema vulnerabilidade social, com Desnutrição Aguda Grave (DAG). Como nutricionista observo que o Manual do MS de 2008, é a diretriz diante da DAG, entretanto, não há oferta de capacitação para seu uso, somado a alta rotatividade de profissionais e escassa reposição de nutrientes, fatos que geram divergência no diagnóstico de desnutrição e significativas dificuldades no manejo desses pacientes
Resultados
Como resultado da escassez de capacitações, muitas vezes o diagnóstico de desnutrição é dado pelo índice antropométrico peso para a idade, que não reflete o real estado nutricional, incorrendo em indicação de tratamentos desnecessários. A alta rotatividade de profissionais, de insumos e de ausência capacitação, faz com que se busquem alternativas que não são adequadas e resolutivas, prolongando o tempo de estabilização e recuperação nutricional, aumentando o tempo de internação hospitalar
Análise Crítica
O desconhecimento de diretrizes para o tratamento de DAG leva a divergência de condutas entre os profissionais de saúde, comprometendo o estado nutricional do paciente. A instituição do binômio conhecimento-institucionalização de protocolos, melhoraria a adesão e qualificaria a comunicação das equipes. Socializar processos de produção do diagnóstico e de tratamento, além da reposição de insumos, promoveria co-responsabilização e aproximação do ideal de cuidado, rompendo barreiras hoje existentes
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se que sejam ofertadas capacitações institucionais regulares acerca das diretrizes propostas pelo MS, atualizando preceitos do Manual de Atendimento da criança com DAG em nível hospitalar, especialmente com profissionais de saúde que manejam o cuidado direto a estes pacientes. Paralelamente, deve-se identificar demandas de insumos a fim de favorecer condições adequadas para diagnóstico e resolutivo tratamento de DAG
ASSOCIAÇÃO ENTRE RENDA FAMILIAR E O AMBIENTE ALIMENTAR COMUNITÁRIO DE CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE CINCO ANOS: RESULTADOS DO ENANI-2019
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 UFJ
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar comunitário é composto pelas condições estruturais que envolvem a oferta de alimentos no território, inclusive a presença, a acessibilidade, a localização e a organização espacial dos pontos de venda. O acesso limitado a alimentos devido a fatores socioeconômicos e altos preços, pode causar insegurança alimentar e nutricional.
Objetivos
Associar a renda familiar ao ambiente alimentar comunitário de crianças brasileiras menores de cinco anos participantes do estudo nacional de alimentação e nutrição infantil (ENANI-2019).
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal de base domiciliar representativo das crianças brasileiras menores de cinco anos. Para caracterizar o ambiente alimentar, avaliou-se a facilidade em realizar compras de alimentos in natura e ultraprocessados no bairro. A renda foi classificada em faixas agrupadas (até R$2.000,00, de R$2.001,00 até R$5.000,00 e acima de R$5.000,00). Os dados foram analisados no programa de linguagem R e descritos em frequências relativas e intervalos de confiança de 95%. Foi aplicado o teste Qui-quadrado de Pearson ajustado por Rao & Scott para avaliar a diferença entre as faixas de renda e as respostas, considerando p<0,05.
Resultados
Foram avaliadas 14.558 crianças; 39,48% dos responsáveis (IC95%: 37,31-41,66) completaram o ensino médio, 66,92% (IC95%: 64,36 - 69-47) das famílias possuíam uma faixa de renda até R$2.000,00 e 57,19% (IC95%: 53,94 - 60,45) não recebiam benefícios sociais. Em relação ao ambiente alimentar, 81,51% (IC95%: 76,73-86,29) dos entrevistados concordaram que é fácil comprar alimentos in natura em seus bairros. Enquanto 88,22% (IC95%: 82,74-93,69) concordaram que é fácil adquirir alimentos ultraprocessados. A renda influenciou na percepção sobre a facilidade de acesso a alimentos in natura (p = 0,007). Famílias com menor renda relataram maior facilidade em comprar alimentos in natura.
Conclusões/Considerações
A percepção de facilidade de comprar alimentos in natura (frutas, legumes e verduras) varia conforme a faixa de renda, enquanto a percepção relacionada a alimentos ultraprocessados se mostra homogênea entre diferentes níveis socioeconômicos. Esses achados evidenciam desigualdades no ambiente alimentar e ressaltam a importância de políticas públicas que promovam o acesso equitativo a alimentos in natura.
O PAPEL DA BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA COMO FERRAMENTA DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster Eletrônico
1 CliniCASSI DF
Apresentação/Introdução
NTRODUÇÃO: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais causas de morte no Brasil e no mundo. Fatores como hábitos alimentares inadequados, excesso de peso e o acúmulo de gordura abdominal aumentam o risco de DCNT, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e obesidade, impactando diretamente a saúde pública
Objetivos
O estudo investiga o uso da bioimpedância elétrica por profissionais de saúde, na prevenção e controle das DCNT, avaliando estados nutricionais via Índice de Massa Corporal (IMC) e composição corporal na Atenção Primária à Saúde de uma Clínica em Brasília.
Metodologia
METODOLOGIA: Foram avaliados sete prontuários, individualmente, datados a partir de novembro de 2023. A análise consistiu na compilação dos dados dos resultados de pelo menos dois exames de bioimpedância elétrica, realizados com intervalo mínimo de três meses entre eles. Os exames contemplaram o percentual de gordura corporal (PGC), percentual de massa muscular (PMM), taxa metabólica basal (TMB), nível de gordura visceral (GV) e IMC. O objetivo foi verificar a eficácia do acompanhamento nutricional na prevenção e/ou controle das DCNT.
Resultados
RESULTADOS: Entre dezembro de 2023 e junho de 2024, com mudanças nos hábitos alimentares e a inclusão de atividade física, houve melhora nos resultados da bioimpedância dos participantes. Observou-se uma redução média de 7,48% no percentual de gordura corporal (PGC), aumento de 3,55% na massa muscular (PMM), diminuição de 14,67% na gordura visceral (GV) e queda de 6,22% no índice de massa corporal (IMC). A taxa metabólica basal (TMB) reduziu 3,54%, o que é esperado com a perda de peso.
Conclusões/Considerações
CONCLUSÕES: O uso da bioimpedância para monitorar parâmetros nutricionais é importante para avaliar a evolução dos participantes no controle do peso, eficácia na perda de gordura e risco de doenças associadas ao excesso de gordura. Essa técnica é acessível e viável para clínicas, e a criação de sistemas intuitivos para visualização e gerenciamento dos dados facilita o acompanhamento do participante e demais membros da equipe na Atenção Primária à Saúde.
PADRÕES DE SUBGRUPOS DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS CONSUMIDOS ENTRE PARTICIPANTES DA COORTE NUTRINET BRASIL QUE APRESENTAM ALTO CONSUMO DESSES ALIMENTOS
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
O estudo PREDIBRA visa testar a efetividade de uma intervenção digital, incluindo teleconsultas nutricionais, para promover o Guia Alimentar entre participantes da coorte NutriNet Brasil com alto consumo de ultraprocessados. É importante entender o padrão de consumo desses alimentos e os tipos mais consumidos por esses indivíduos, de modo a focalizar as estratégias para promover a sua redução.
Objetivos
Descrever o padrão de consumo de subgrupos de alimentos ultraprocessados entre participantes da coorte NutriNet Brasil que apresentam elevado consumo em comparação ao grupo com baixo consumo desses alimentos.
Metodologia
O NutriNet Brasil é uma coorte online iniciada em 2020 para investigar a associação entre padrões alimentares e saúde. Foram incluídos adultos de até 40 anos, sem obesidade (critérios de inclusão para o PREDIBRA) e que preencheram pelo menos 3 recordatórios alimentares de 24h (R24h) (n=14455). Calculou-se a média de contribuição calórica (%) dos alimentos ultraprocessados (total e de 23 subgrupos) considerando até nove R24h por pessoa. Comparou-se o consumo de ultraprocessados entre os quintis extremos (Q1 vs. Q5), gerando a razão Q5/Q1 para o total e subgrupos. Subgrupos com razão maior que a razão do total foram considerados caracterizadores do padrão de alto consumo de ultraprocessados.
Resultados
Os ultraprocessados representaram 23.0% (DP=10.2) das calorias consumidas nessa população, sendo o consumo do Q5 3,8 vezes o consumo do Q1 (10,1 vs. 38,4). Em quatro dos 23 subgrupos de ultraprocessados a razão Q5/Q1 foi significativamente mais elevada do que a razão da média geral. São estes: bebidas adoçadas (8,5; IC95% 8,1-9,1), refrigerantes (8,3; IC95% 7,9-8,7), pizzas, tortas e outros salgados (6,6, IC95% 7,2-6,3), bolos, bolachas e tortas doces (6,2, IC95% 6,4 - 6,1).
Conclusões/Considerações
O alto consumo de ultraprocessados foi caracterizado pelo alto consumo de bebidas açucaradas, de substitutos de refeições, como pizzas e refeições prontas, além de biscoitos, bolos e tortas doces. A intervenção deverá focar em estratégias que visem prioritariamente a redução do consumo desses subgrupos, como organização da rotina alimentar, planejamento, promoção de habilidades culinárias básicas e estímulo à redução do consumo de bebidas açucaradas.
EFEITO DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO SOBRE O PADRÃO ALIMENTAR INFANTIL DA PRIMEIRA INFÂNCIA À IDADE ESCOLAR: ANÁLISE LONGITUDINAL COM DADOS DO SISVAN
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 ISPUP
3 CIDACS/Fiocruz
4 USP
5 UFRJ
Apresentação/Introdução
O aleitamento materno exerce um efeito protetor na saúde e no desenvolvimento infantil, porém sua prevalência no Brasil segue aquém das metas da Organização Mundial da Saúde. Simultaneamente, observa-se aumento do consumo de ultraprocessados na infância, associado a piores desfechos nutricionais e ao estabelecimento de padrões alimentares inadequados ao longo da vida.
Objetivos
Estudar o efeito do aleitamento materno exclusivo na transição entre padrões alimentares da primeira infância à idade escolar.
Metodologia
Realizamos um estudo de coorte utilizando dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) do Brasil, de 2008 a 2019. Foram usados marcadores padronizados de consumo alimentar referentes ao dia anterior, coletados rotineiramente nos serviços de atenção primária à saúde, para identificar padrões alimentares. A Análise de Transição Latente (LTA) com covariáveis foi aplicada para avaliar longitudinalmente as mudanças nesses padrões ao longo do tempo e estimar o efeito do aleitamento materno exclusivo por 3 a 6 meses na transição entre padrões alimentares da primeira infância até a idade escolar.
Resultados
Foram acompanhadas 135.340 crianças da primeira infância até a idade escolar. Crianças que foram amamentadas exclusivamente e seguiram um padrão de consumo reduzido de ultraprocessados na primeira infância tiveram 11% mais chances (OR = 1,11; IC 95% = 1,06–1,16) de manter esse padrão na idade pré-escolar. Além disso, crianças amamentadas exclusivamente com um padrão de consumo reduzido de ultraprocessados na primeira infância apresentaram 10% menos chances (OR = 0,90; IC 95% = 0,86–0,95) de transitar para um padrão de alto consumo de ultraprocessados na idade pré-escolar.
Conclusões/Considerações
O aleitamento materno exclusivo pode desempenhar um papel protetor contra um padrão alimentar de alto consumo de ultraprocessados.
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE NUTRICIONAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Pôster Eletrônico
1 UNILA
Apresentação/Introdução
A alimentação e a nutrição são condicionadas por determinantes sociais que influenciam de maneira significativa o estado de saúde das populações. Fatores como renda, escolaridade, condições de trabalho e acesso a serviços de saúde moldam padrões alimentares e nutricionais, impactando diretamente a equidade em saúde [1, 2].
Objetivos
Analisar a relação entre os determinantes sociais da saúde e o estado nutricional das populações, discutindo como as desigualdades sociais impactam práticas alimentares e a segurança alimentar em diferentes contextos [3].
Metodologia
Este estudo utilizou abordagem qualitativa, com revisão de literatura narrativa. Foram selecionados artigos científicos, documentos institucionais e livros publicados. Os critérios de inclusão envolveram trabalhos que abordassem a interação entre determinantes sociais e saúde nutricional [4]. A análise dos textos foi realizada por meio de leitura crítica e categorização temática, buscando compreender os principais fatores sociais que interferem no acesso e qualidade da alimentação. As fontes utilizadas foram selecionadas com base na relevância e atualidade dos dados, incluindo estudos tanto nacionais quanto internacionais.
Resultados
A análise mostrou que fatores como baixa renda, precarização do trabalho, baixa escolaridade, desigual acesso a alimentos saudáveis, racismo estrutural e ausência de políticas públicas efetivas impactam negativamente a saúde nutricional [5]. Observou-se que populações vulnerabilizadas enfrentam maior risco de desnutrição, insegurança alimentar e doenças crônicas relacionadas à má alimentação [6]. A literatura reforça que a superação dessas barreiras requer ações intersetoriais, fortalecimento da proteção social e promoção de ambientes alimentares saudáveis [7].
Conclusões/Considerações
Os determinantes sociais da saúde configuram elementos centrais na determinação do estado nutricional, exigindo que políticas públicas avancem para além da assistência alimentar[8,9]. A garantia do direito humano à alimentação adequada depende da redução das desigualdades sociais, do fortalecimento das redes de proteção social e da construção de ambientes que promovam escolhas alimentares saudáveis [10,11].
PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ADOLESCENTES DO DISTRITO FEDERAL ENTRE 2019 E 2024: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Pôster Eletrônico
1 UNICEPLAC
Apresentação/Introdução
A obesidade entre adolescentes, dentre todas as doenças crônicas têm se intensificado como desafio de saúde pública. Durante o ano de 2023 houve um aumento 90% na proporção de jovens de 18 a 24 anos com IMC maior que 30 kg/m2. No entanto, ainda existem poucos estudos que acompanhem ao longo do tempo o Distrito Federal, considerando indicadores como altura por idade e IMC por idade.
Objetivos
avaliar o estado nutricional de adolescentes do Distrito Federal, entre os anos de 2019 a 2024, com base nas medidas de altura por idade e índice de massa corporal por idade.
Metodologia
Estudo ecológico, descritivo e quantitativo, com dados secundários do SISVAN sobre adolescentes do Distrito Federal entre 2019 e 2024. Foram analisados os indicadores de IMC por idade e altura por idade, conforme parâmetros do Ministério da Saúde. Os dados, públicos e anonimizados, foram extraídos da plataforma SISVAN Web em abril de 2025. Utilizou-se análise descritiva no Excel, com frequências, médias e variações percentuais anuais. Não houve coleta primária nem contato com indivíduos.
Resultados
Entre 2019 e 2024, 255.917 adolescentes do DF foram avaliados. A eutrofia variou de 68,2% (2019) a 67,2% (2024). A obesidade caiu de 11,1% (2020) para 8,4% (2024) e o sobrepeso, de 21,3% para 17,4%. A obesidade grave oscilou entre 1,7% e 3,5%. Quanto à altura, observou-se melhora no estado nutricional: a soma de estatura muito baixa e baixa caiu de 4,9% (2019) para 3,5% (2024), enquanto a estatura adequada subiu de 95,1% para 96,5%. O número de adolescentes avaliados aumentou progressivamente, com pico de registros em 2024 (82.836) e o menor número em 2020 (13.945), ano mais afetado pela pandemia.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que, entre 2019 e 2024, o estado nutricional de adolescentes do Distrito Federal apresentou tendência de melhora, com aumento da proporção de estatura adequada e redução nas taxas de sobrepeso, obesidade e déficits de crescimento. Os dados indicam recuperação dos indicadores após queda observada nos anos iniciais da pandemia, respondendo à proposta de avaliar a evolução nutricional no período.
O IMPACTO DAS BARREIRAS À APLICAÇÃO DAS DIRETRIZES PROPOSTAS NO MANUAL DE ATENDIMENTO DA CRIANÇA COM DESNUTRIÇÃO AGUDA GRAVE EM NÍVEL HOSPITALAR
Pôster Eletrônico
1 UFF
2 UNIFAP
3 UFRJ
Período de Realização
Realizado em Hospital público de Boa Vista, no período de maio de 2004 a fevereiro de 2025
Objeto da experiência
As limitações da gestão e implementação do cuidado à criança com desnutrição aguda grave, desde a capacitação profissional até a aquisição de insumos
Objetivos
Relatar a experiência, como nutricionista, no cuidado a criança desnutrida aguda grave; descrever desafios enfrentados frente a fragilidade da oferta de capacitação profissional, e da escassez de insumos preconizados pelo Manual de Atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar
Metodologia
Em Boa Vista/RR, boa parte da população são indígenas aldeados, muitos deles crianças em situação de extrema vulnerabilidade social, com Desnutrição Aguda Grave (DAG). Como nutricionista observo que o Manual do MS de 2008, é a diretriz diante da DAG, entretanto, não há oferta de capacitação para seu uso, somado a alta rotatividade de profissionais e escassa reposição de nutrientes, fatos que geram divergência no diagnóstico de desnutrição e significativas dificuldades no manejo desses pacientes
Resultados
Como resultado da escassez de capacitações, muitas vezes o diagnóstico de desnutrição é dado pelo índice antropométrico peso para a idade, que não reflete o real estado nutricional, incorrendo em indicação de tratamentos desnecessários. A alta rotatividade de profissionais, de insumos e de ausência capacitação, faz com que se busquem alternativas que não são adequadas e resolutivas, prolongando o tempo de estabilização e recuperação nutricional, aumentando o tempo de internação hospitalar
Análise Crítica
O desconhecimento de diretrizes para o tratamento de DAG leva a divergência de condutas entre os profissionais de saúde, comprometendo o estado nutricional do paciente. A instituição do binômio conhecimento-institucionalização de protocolos, melhoraria a adesão e qualificaria a comunicação das equipes. Socializar processos de produção do diagnóstico e de tratamento, além da reposição de insumos, promoveria co-responsabilização e aproximação do ideal de cuidado, rompendo barreiras hoje existentes
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se que sejam ofertadas capacitações institucionais regulares acerca das diretrizes propostas pelo MS, atualizando preceitos do Manual de Atendimento da criança com DAG em nível hospitalar, especialmente com profissionais de saúde que manejam o cuidado direto a estes pacientes. Paralelamente, deve-se identificar demandas de insumos a fim de favorecer condições adequadas para diagnóstico e resolutivo tratamento de DAG
Realização: