Programa - Pôster Eletrônico - PE26 - Produção, Trabalho e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
PERCEPÇÕES DOS TRABALHADORES DE SERVIÇOS GERAIS SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE NO AMBIENTE HOSPITALAR
Pôster Eletrônico
1 UEPA
2 UFPA
Apresentação/Introdução
O trabalho é essencial para a sobrevivência, mas expõe trabalhadores a inúmeros riscos. Na saúde, destaca-se o Serviço de Limpeza Hospitalar (SLH), que enfrenta riscos relacionados às condições de trabalho e à organização do serviço. A gestão de segurança e saúde do trabalhador deve focar tanto na prevenção de acidentes e doenças quanto na promoção do bem-estar e da qualidade de vida.
Objetivos
Analisar a percepção de profissionais de limpeza hospitalar sobre o processo de trabalho, saúde e doença, ações de promoção da saúde para prevenir agravos em instituições de saúde e desafios da terceirização.
Metodologia
Trata-se de pesquisa descritiva, transversal, de abordagem qualitativa, realizada em um Hospital de Pronto-Socorro Municipal em Belém no estado do Pará, com 10 trabalhadores de serviços gerais selecionados por conveniência. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, previamente agendadas, utilizando roteiro elaborado pelas pesquisadoras. As entrevistas foram gravadas mediante consentimento e transcritas integralmente. Os dados foram analisados por meio da Análise Textual Discursiva, utilizando categorias pré-definidas, elaboradas a partir da fundamentação teórica. A análise buscou compreender percepções sobre trabalho, saúde, doença e desafios enfrentados.
Resultados
Os resultados evidenciaram riscos físicos, químicos, biológicos e psicossociais enfrentados pelos trabalhadores de limpeza hospitalar. Destacaram-se dificuldades associadas à terceirização, como atrasos salariais e vínculos empregatícios frágeis. Observou-se também a carência de ações contínuas de educação permanente, sendo realizado apenas treinamentos pontuais voltados somente ao uso de EPIs. Identificaram-se ainda que as percepções eram limitadas sobre promoção da saúde, restritas a medidas preventivas individuais, sem estratégias coletivas voltadas ao bem-estar físico e mental no ambiente de trabalho.
Conclusões/Considerações
O estudo revelou uma carência de programas que visem a promoção da saúde destes trabalhadores. Além disso, há fragilidades na percepção dos trabalhadores de limpeza hospitalar quanto aos riscos ocupacionais e à promoção da saúde. Evidencia-se a necessidade de ações contínuas e integradas que valorizem o trabalhador e promovam ambientes laborais mais saudáveis.
PRESENTEÍSMO NO TRABALHO DO PROFESSOR: RESULTADO DO SEU COMPROMETIMENTO OU PREDITOR DA SUA CAPACIDADE?
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
2 Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
3 Department of Sociology, Social Work and Public Health, Faculty of Labour Sciences, University of Huelva, Spain
Apresentação/Introdução
O estudo aborda o fenômeno do presenteísmo, problema crescente entre os professores, com implicações para a produtividade e a saúde.
Objetivos
O estudo aborda o fenômeno do presenteísmo, problema crescente entre os professores, com implicações para a produtividade e a saúde.
Metodologia
Estudo transversal conduzido com 777 professores do Estado de São Paulo. Foram utilizados quatro instrumentos: um questionário sociodemográfico e condições de trabalho, o Índice de Capacidade para o Trabalho, o Questionário de Limitações para o Trabalho e o Questionário de Comprometimento Organizacional. As análises estatísticas incluíram a exploração de dados e ajustes de modelos de regressão logística de fatores associados ao presenteísmo, com modelos hierarquizados e não hierárquicos, com resultados expressos em odds ratio e intervalos de confiança a 95%
Resultados
Mais de 56% dos professores apresentaram alto presenteísmo, com limitações laborais nas duas semanas anteriores. A maioria era do sexo feminino, com menos de 50 anos e formação em nível de especialização. Mais de 80% trabalhavam sem condições plenas de saúde e 55% tinham capacidade para o trabalho baixa ou moderada, associada a seis vezes mais chances de presenteísmo. Atrasos no trabalho aumentaram a chance de presenteísmo em 65%. Fatores como ausência de companheiro, menor tempo de formação e carga horária elevada também estiveram associados ao fenômeno. Professores que acreditavam nos valores da escola e se sentiam pertencentes ao grupo de trabalho tiveram 40% menos chances de presenteísmo
Conclusões/Considerações
O presenteísmo é um fenômeno complexo, influenciado por condições de saúde, carga de trabalho e ambiente psicossocial. A associação entre atrasos no trabalho e presenteísmo sugere que o desgaste físico e mental dos professores impacta sua pontualidade e produtividade. A capacidade para o trabalho e o comprometimento organizacional emergem como fatores protetores, reforçando a necessidade de intervenções que promovam o bem-estar docente
OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL NA LITERATURA JURÍDICO-SANITÁRIA COMO INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO DO DIREITO À SAÚDE NO TEMA DA PULVERIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
Apresentação/Introdução
No Brasil, o Poder Judiciário vem resolvendo conflitos criados por normas e práticas que põem em risco a saúde e o meio ambiente, no tema da pulverização de agrotóxicos, utilizando-se dos princípios da precaução, prevenção e vedação ao retrocesso socioambiental. Esses princípios, clássicos do direito ambiental, passam a ser aplicados como instrumentos de garantia e proteção do direito à saúde.
Objetivos
Identificar e analisar a aplicação dos princípios do direito ambiental como instrumentos de proteção do direito à saúde, no tema da pulverização de agrotóxicos, por meio de uma revisão de literatura.
Metodologia
Empregou-se o método da revisão integrativa de literatura. Foram reunidas, avaliadas criticamente e sintetizadas as evidências disponíveis em bases eletrônicas de dados (BVS, LILACS, SCIELO e SCOPUS) identificados com o uso dos descritores: agrotóxicos AND pulverização AND saúde, em português, inglês e espanhol, visando possibilitar, numa primeira aproximação, um universo maior de evidências, no formato disponível sobre a questão. A leitura dos resumos e da integralidade dos artigos científicos, possibilitou identificar referência aos princípios da precaução, prevenção e vedação ao retrocesso socioambiental e o estado atual do conhecimento e aplicação do tema na área do direito à saúde.
Resultados
A revisão resultou em 20 artigos, 2 em inglês e 18 em português, que referem diretamente a temática da vigilância e da proteção à saúde e ao meio ambiente, mencionando os princípios da prevenção e da precaução na pulverização de agrotóxicos. Desses, o princípio da prevenção é o mais considerado na literatura jurídico-sanitária como instrumentos de vigilância sanitária e de proteção do direito à saúde frente ao tema da pulverização de agrotóxicos. Os artigos, tanto da área do Direito Sanitário, na perspectiva individual e coletiva, quanto das técnicas agrícolas, enfatizam a preocupação com a preservação do meio ambiente e da saúde das pessoas expostas à pulverização de agrotóxicos.
Conclusões/Considerações
A revisão bibliográfica indicou que os princípios ambientais e a vigilância sanitária estão significativamente presentes na literatura jurídico-sanitária. A perspectiva precaucionsita, em relação à saúde, no tema da pulverização de agrotóxicos, revela que o estado atual do conhecimento científico e acadêmico está em sintonia com a relevância conferida aos princípios pelo Poder Judiciário, num tema fundamental para o Direito Sanitário e a saúde.
IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NORTE-RIO-GRANDENSE
Pôster Eletrônico
1 Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte
2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Docente do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Apresentação/Introdução
Criado em 2020 pela Secretaria de Saúde do RN, o Núcleo Estadual de Atenção à Segurança e Saúde do Trabalhador (a)- NESST fortalece as políticas de Segurança e Saúde no Trabalho. A criação foi baseada no diagnóstico Situacional dos Núcleos de Atenção à Segurança e à Saúde do Trabalhador (a) existentes na rede e no desenvolvimento de um plano de ação colaborativo.
Objetivos
Esta pesquisa analisou a implementação e os resultados do NESST da SESAP, incluindo diagnóstico dos NASSTs, descrição da implantação, avaliação das contribuições e dimensionamento da força de trabalho especializada.
Metodologia
Pesquisa-ação baseada na abordagem analítica e colaborativa de Thiollent (2009) analisou a implantação e contribuições do NESST da SESAP. O método foi escolhido pela natureza da ação, visando aprimorar serviços de saúde do trabalhador. O estudo envolveu a SESAP, fundada em 1964, responsável pela Política Estadual de Saúde no RN, com 167 municípios e uma rede de 42 estabelecimentos. Participaram 12 NASSTs, com coordenadores e trabalhadores, mediante aceitação voluntária e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
A apresentação dos resultados segue as etapas da pesquisa, dividida em quatro partes: diagnóstico situacional para orientar ações do NESST; narrativa da implementação; avaliação dos NASSTs sobre contribuições e fragilidades; e dimensionamento da força de trabalho especializada. Além disso, lista unidades sem NASST. A maioria dos NASSTs tem vínculos com Recursos Humanos e direção técnica. Predominam diaristas com jornadas entre 6h e 8h. Unidades oferecem especialidades médicas, atendendo servidores estatutários e públicos. Muitas têm instalações próprias e laboratórios, mas 88,9% não possuem Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
Conclusões/Considerações
A pesquisa analisou a implantação e contribuições do NESST da SESAP, destacando fragilidades e potencialidades. Criado para coordenar os NASSTs, visa reduzir riscos aos servidores do SUS potiguar. Para fortalecer o NESST, é essencial regulamentar sua atuação, ampliar a educação permanente, incentivar tecnologias para monitoramento da saúde ocupacional e criar um sistema integrado de informações.
SÍNDROME DE BURNOUT EM POLICIAIS MILITARES DE UM GRANDE CIDADE DO ESTADO DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 UEFS
2 UFRB
Apresentação/Introdução
O trabalho policial apresenta diversas peculiaridades em relação ao trabalho em outras atividades profissionais. Esse trabalho se caracteriza pelo elevado nível de tensão e desgaste emocional
Objetivos
Objetivo: Estimar a prevalência da Síndrome de Burnout em policiais militares lotados na 65ª Companhia Independente de Polícia Militar e na Base Comunitária de Segurança em Feira de Santana, Bahia.
Metodologia
Estudo descritivo, populacional, realizado com 157 policiais militares. A coleta de dados foi realizada no período de julho a novembro de 2020. Foram utilizados o questionário de informações gerais sobre o trabalho e o Maslach Burnout Inventory (MBI). A análise descritiva dos dados foi realizada a partir do cálculo da frequência absoluta e relativa das variáveis categóricas e das medidas de tendência central e dispersão das variáveis numéricas contínuas.
Resultados
Foram entrevistados 157 policiais militares. A prevalência geral da Síndrome de Burnout na presença de nível alto nas três dimensões foi de 12,7% e de 48,4% na presença de nível alto em apenas uma dimensão
Conclusões/Considerações
Observou-se elevada prevalência da Síndrome de Burnout nos trabalhadores estudados. Espera-se que os achados desse estudo cooperem para o desenvolvimento de estratégias de intervenção promotoras da saúde nesse segmento ocupacional.
"A INVISIBILIDADE DA ASSISTÊNCIA DE QUEM VIVE NAS RUAS: IMPACTOS NA SAÚDE DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA”
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Trabalhar na Atenção Primária à Saúde (APS) exige que o profissional de saúde esteja preparado para oferecer um atendimento universal, conforme os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), acolhendo todas as pessoas, sem distinção. Isso inclui a população em situação de rua (PSR). Tal demanda exige do profissional empatia, conhecimento técnico e sensibilização para atuar junto a populações vulneráveis.
Objetivos
Relatar o adoecimento e a sobrecarga vivenciados por profissionais de saúde no atendimento à população em situação de rua na APS de Belo Horizonte.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo de abordagem exploratória, realizado sob a perspectiva da Pesquisa-Ação. A coleta de dados foi conduzida por meio de grupos focais com profissionais da equipe de saúde de um Centro de Saúde de Belo Horizonte no mês de Janeiro de 2025. Os dados foram analisados conforme a metodologia de análise de conteúdo proposta por Bardin (2016).
Resultados
Observa-se um crescimento constante do número de PSR no Brasil. Essa realidade exige da Atenção Primária à Saúde ações que ultrapassem a assistência clínica, incluindo orientações sobre alimentação, abrigo e acesso a direitos sociais, dado que o cuidado à saúde é multidisciplinar. Os profissionais enfrentam desafios tais como: (1) sobrecarga de trabalho; (2) ausência de políticas públicas eficazes; (3) resistência dos usuários ao cuidado, e (4) dificuldade na manutenção do vínculo longitudinal. Esses fatores contribuem para o esgotamento físico e psíquico dos profissionais, que também lidam com episódios de violência verbal e física, medo e insegurança no cotidiano laboral.
Conclusões/Considerações
Apesar dos inúmeros desafios enfrentados, o trabalho com a PSR na Atenção Primária constitui um elo fundamental para o acesso à saúde. Isso exige dos profissionais não apenas competências técnicas e empatia, mas também habilidades de gestão emocional, enfrentamento ao estresse, além da necessidade de melhores condições de trabalho e valorização da qualidade de vida.
INCIDÊNCIA DE ANSIEDADE E/OU DEPRESSÃO ENTRE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA DE MINAS GERAIS EM DOIS ANOS: PROJETO PROFSMINAS LONGITUDINAL
Pôster Eletrônico
1 Unimontes
2 UFMG
Apresentação/Introdução
Nos últimos anos, tem-se verificado crescimento significativo de adoecimento mental nos trabalhadores em geral, particularmente em professores da educação básica pública. A ansiedade e a depressão são problemas de saúde mental que afetam expressivamente tais professores. No entanto, não se sabe exatamente como o período pós pandemia e as novas formas de ensino podem ter agravado a situação.
Objetivos
Avaliar a incidência de ansiedade e/ou depressão entre professores da educação básica de escolas estaduais de Minas Gerais (MG) em dois anos, após a retomada das atividades presenciais no período pós pandemia da Covid-19.
Metodologia
Estudo de coorte intitulado “Projeto ProfSMinas longitudinal” conduzido entre professores da educação básica estadual de MG. A coleta se deu por formulário eletrônico. Considerou-se duas ondas: 1. Baseline ocorrido na retomada das aulas presencias pós-pandemia (dez/2021); 2. Seguimento ocorrido 2 anos depois. Ansiedade e depressão se basearam no relato de diagnóstico médico. As prevalências de ansiedade e/ou depressão de cada coleta foram comparadas. Foram considerados casos incidentes os novos diagnósticos observados no período (variável dependente). As variáveis independentes foram relativas as características sociodemográficas e do trabalho. Conduziu-se Regressão de Poisson (α=5%).
Resultados
Houve participação de 767 professores da rede estadual pulverizados pelo estado. As prevalências de ansiedade e/ou depressão na primeira e segunda onda foram 41% e 50%, respectivamente (teste McNemar, p< 0,001). A incidência de ansiedade e/ou depressão entre as duas coletas foi de 31% (140 professores dentre 452 professores que não tinham tal diagnóstico inicialmente). O risco de desenvolver ansiedade e/ou depressão foi maior entre mulheres (RR=1,81), entre professores que haviam sofrido violência física ou verbal praticada por alunos (RR=1,72), que apresentaram comprometimento excessivo no trabalho (RR=2,31) e sem percepção de controle de limite entre trabalho e vida pessoal (RR=2,18).
Conclusões/Considerações
Observou-se alta incidência de ansiedade e/ou depressão entre professores da educação básica pública, chegando a 31% em 2 anos, no período pós pandemia. O sexo feminino, o estresse no trabalho e dificuldades na lida com alunos mostraram-se relevantes na incidência relacionada ao adoecimento mental desses professores. Há necessidade de práticas preventivas e interventivas em saúde mental direcionadas a tais professores.
AS EXPERIÊNCIAS DE TRABALHADORAS NEGRAS DE ENFERMAGEM ENQUANTO SEGUNDAS VÍTIMAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Estado da Bahia
2 Universidade Federal da Bahia
Apresentação/Introdução
O termo segunda vítima descreve o impacto dos eventos adversos nos profissionais de saúde. As trabalhadoras do campo da enfermagem estão mais expostas ao envolvimento em eventos adversos e essa vulnerabilidade é intensificada pelas opressões imbricadas de gênero e raça, o que demanda uma abordagem interseccional para compreender esse fenômeno.
Objetivos
Compreender as experiências de trabalhadoras negras de enfermagem e suas percepções enquanto segundas vítimas e investigar o imbricamento de gênero e raça na produção da segunda vítima.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório descritivo de abordagem qualitativa, norteado pela análise de raça e gênero dos escritos de Lélia Gonzalez, fruto de uma dissertação de mestrado. Para coleta de dados foram realizadas entrevistadas semiestruturadas em ambiente virtual, com sete mulheres, trabalhadoras do campo da enfermagem, autodeclaradas pretas e pardas e que estiveram envolvidas em eventos adversos durante a sua trajetória profissional. Utilizou-se a técnica snowball para identificação das participantes e a análise dos dados foi realizada a partir da análise de conteúdo proposta por Bardin.
Resultados
A partir da interpretação e análise dos dados emergiram cinco categorias: 1) sofrimento psicológico e físico; 2) apoio dos colegas de trabalho; 3) apoio da supervisora e apoio institucional; 4) autoeficácia profissional, intenções de deixar o trabalho e absenteísmo; 5) maneiras convenientes de apoio. Além disso, foi elaborada uma matriz de análise fundamentada nos conceitos-chave identificados e discutidos nos materiais coletados.
Conclusões/Considerações
As trabalhadoras negras da enfermagem que se tornam segundas vítimas sofrem psicologicamente e fisicamente, sem acolhimento institucional, prevalecendo uma cultura punitiva. As violências estruturais e simbólicas agravam o sofrimento e aumentam o risco de envolvimento em novos incidentes. Esta pesquisa, ao investigar o fenômeno a partir das intersecções de gênero e raça, traz contribuição inédita à enfermagem e à segurança do paciente.
RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNO MENTAL COMUM E VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS E DO TRABALHO ENTRE PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Pôster Eletrônico
1 Unimontes
2 UFMG
Apresentação/Introdução
Transtornos mentais comuns (TMC) incluem insônia, irritação e cansaço, sentimento habitualmente relacionados com quadros subclínicos de ansiedade, depressão e estresse. Professores da educação básica enfrentam desafios relacionados ao trabalho que podem causar estresse, fadiga e outros problemas de saúde. Há evidências de forte relação entre docência e TMC, afetando educadores e ensino.
Objetivos
O objetivo do presente estudo foi investigar os fatores associados ao TMC entre professores da educação básica da rede pública estadual de Minas Gerais (MG).
Metodologia
Trata-se de um recorte transversal de um websurvey longitudinal intitulado “Condições de saúde e trabalho de professores da educação básica do estado de MG: Projeto ProfSMinas longitudinal”. Um formulário eletrônico foi enviado aos e-mails institucionais dos professores participante do estudo. A coleta de dados ocorreu entre out/2023 e mar/2024. A variável dependente - presença de TMC foi avaliada pelo instrumento de rastreio Self-Reporting Questionnaire. As variáveis independentes foram agrupadas em sociodemográficas e relativas ao trabalho docente. Foi conduzida Regressão Logística Binária e o modelo final foi ajustado (α = 0,05). Estudo aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
O estudo contou com a participação de 767 professores, de 46 das 47 Superintendência Regionais de Ensino do estado de MG. Houve predomínio de professoras (71,3%) e a média de idade foi de 45,6 (± 8,9 anos). A prevalência de TMC observada foi de 48,6%. O modelo final ajustado mostrou maior chance de TMC entre os professores com jornada de trabalho de 40 horas ou mais (OR= 1,39), contratado/designado (OR= 1,63), insatisfeitos com o trabalho (OR= 3,70), que relataram indisciplina em sala de aula (OR= 2,37) e sofreram violência verbal (OR= 1,78). Por outro lado, professores do sexo masculino (OR= 0,38) e o aumento da idade reduziram essa chance (OR= 0,68).
Conclusões/Considerações
Os resultados revelaram alarmante prevalência de TMC entre professores da educação básica da rede pública estadual, que atingiu praticamente metade dos professores investigados. Características do trabalho revelaram-se associadas à maior chance de TMC, bem como o sexo feminino e idades mais jovens. É fundamental que políticas públicas e ações em saúde mental sejam implementadas com foco na prevenção, acolhimento e cuidado integral dos docentes.
TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS (TMC) E DETERMINANTES ASSOCIADOS EM TRABALHADORES FORMAIS E INFORMAIS DE FAVELAS DE SALVADOR, BAHIA (2023-2025)
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Favelas historicamente abrigam os trabalhadores(as) precarizados das grandes cidades. São comuns as extensas jornadas de trabalho e baixas remunerações. A informalidade é um determinante importante de ampliação do adoecimento desses trabalhadores. Entretanto, ainda é limitada a compreensão da prevalência de TMC e os determinantes associados entre trabalhadores formais e informais de favelas.
Objetivos
Medir a prevalência de transtornos mentais comuns e possíveis determinantes associados em trabalhadores formais e informais de comunidades urbanas/favelas de Salvador, Bahia.
Metodologia
Estudo epidemiológico transversal, com dados primários, em 5 favelas de Salvador/BA, entre 2023/2025. Participaram 332 trabalhadores formais e 241 informais com idade ≥18 e ≤70 anos. Aplicaram-se questionários estruturados, através da plataforma REDCap. O desfecho foi medido pelo Self-Reporting Questionnaire 20. Variáveis socioeconômicas e ocupacionais foram coletadas. Análises foram realizadas no RStudio. Construiu-se modelo bivariado através regressão de Poisson com cálculos de RP e IC95%. Optou-se por não ajustar modelos multivariados visto que o pequeno tamanho das amostras poderia ocasionar imprecisão nas análises. O projeto foi aprovado no CEP/ISC (CAAE: 75382123.0.0000.5030).
Resultados
A prevalência de transtornos mentais comuns entre os trabalhadores formais foi de 7,8% e entre os informais de 22,7%. Segundo análise bivariada, ser mulher, principal cuidadora de uma criança, possuir renda laboral ≤ R$1.412,00, sentir medo de perder o emprego sempre/quase sempre, trabalhar na própria residência ou na residência de uma outra pessoa foram determinantes que ampliaram o adoecimento dos(as) trabalhadores(as) formais. Já para os(as) informais, pertencer a faixa etária de 18-29 anos e possuir renda laboral mensal ≤R$1.000,00 foram determinantes importantes para ampliação do adoecimento psíquico, segundo análise bivariada.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que o trabalho formal é um determinante que protege à saúde mental desses trabalhadores, entretanto ser mulher, com dupla jornada e vínculo precário pode ampliar o adoecimento dos/as formais. Já para os/as informais, o vínculo laboral per si é um importante determinante do adoecimento psíquico, visto que esses trabalhadores estiveram 2,9 vezes mais adoecidos que os formais, em especial aqueles mais jovens e de menor renda.
SÍNDROME DE BURNOUT E A ASSOCIAÇÃO COM DOENÇAS CRÔNICAS EM TRABALHADORES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.
Pôster Eletrônico
1 UNISINOS
Apresentação/Introdução
A Síndrome do Burnout, decorrente do estresse laboral crônico, é uma preocupação global de saúde ocupacional. Profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) são particularmente vulneráveis devido à complexidade de suas funções.
Objetivos
Analisar a associação entre a Síndrome de Burnout e a prevalência de asma, cardiopatias e diabetes em profissionais da APS de um município da região metropolitana de Porto Alegre, RS.
Metodologia
Estudo de delineamento transversal. A coleta de dados ocorreu no período de abril e maio de 2023. Foram incluídos profissionais da APS com no mínimo seis meses de contratação, excluídos os afastados ou em férias. O Burnout foi avaliado pelo Maslach Burnout Inventory (MBI). As comorbidades foram autorreferidas via questionário estruturado. As análises estatísticas foram apresentadas por frequência absoluta e relativa. As associações foram analisadas por tabelas de contingência e teste Qui-quadrado de Pearson (χ²).
Resultados
A amostra foi composta por 217 profissionais da saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos/auxiliares de enfermagem, agentes comunitários, dentistas, auxiliares de saúde bucal e outros. A prevalência de Burnout leve foi de 42,8% e moderado de 22,5%. Cerca de 14,9% dos trabalhadores têm asma, 5,1% diabetes e 4,6% cardiopatias. Evidenciou-se uma associação estatisticamente significativa entre os trabalhadores com burnout e as condições crônicas de asma (p<0,001), diabetes (p<0,001) e cardiopatias (p<0,003).
Conclusões/Considerações
Os resultados demonstram a associação entre os fenômenos investigados. Considerando essas associações, recomenda-se a implementação de protocolos de triagem, além de ações que visem reduzir o impacto do estresse crônico no âmbito laboral da saúde. Esses dados podem subsidiar políticas de proteção à saúde do trabalhador.
SOFRIMENTO PSÍQUICO ENTRE TRABALHADORES BRASILEIROS DURANTE OS MESES INICIAIS DA PANDEMIA DE COVID-19: UM ESTUDO DESCRITIVO DE ABRANGÊNCIA NACIONAL
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
2 Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
3 Faculdade de Ciências do Trabalho, Universidade de Huelva, Espanha
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 acarretou mudanças drásticas, abruptas e de grande alcance no ambiente e na organização do trabalho, gerando um cenário de incertezas, insegurança profissional e financeira, sobrecarga de tarefas, intensa pressão emocional, isolamento social e medo. Esses fatores possivelmente contribuíram para a ocorrência de impactos negativos sobre a saúde mental dos trabalhadores
Objetivos
Diante disso, o presente estudo teve como objetivo quantificar e avaliar a gravidade do sofrimento psíquico vivenciado por trabalhadores essenciais e não essenciais no Brasil durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo com 2.903 participantes que responderam a um questionário online no período compreendido entre abril e maio de 2020. O instrumento utilizado foi traduzido, adaptado culturalmente e previamente testado para a população brasileira, a partir de um questionário originalmente desenvolvido e validado para a população espanhola. As variáveis foram analisadas por meio de distribuições percentuais simples e acumuladas, além de medidas de tendência central e dispersão. O intervalo de confiança (IC) para o desfecho principal - sofrimento psíquico - foi calculado com base no escore de Wilson
Resultados
Observou-se alta prevalência (72,6%; IC 95%: 70,1% – 74,2%) de sofrimento psíquico entre os participantes do estudo, com base na definição adotada, que considerou como indicativo de sofrimento uma pontuação igual ou superior a três no GHQ-12 (General Health Questionnaire-12). A pontuação mediana de percepção de risco foi de 60 (de um total máximo de 90), sendo a maior preocupação dos respondentes a possibilidade de transmitir o vírus a familiares, contatos próximos ou pacientes. Além disso, identificou-se entre os participantes um menor senso de coerência e engajamento no trabalho, quando comparado a níveis observados em estudos prévios realizados em outros países
Conclusões/Considerações
Quase três quartos dos participantes apresentaram sofrimento psíquico. Assim, é fundamental oferecer intervenções em saúde mental, especialmente por meios remotos, durante eventos de saúde pública que exijam distanciamento social prolongado. Muitas dessa intervenções foram criadas na pandemia; agora é preciso avaliar sua eficácia para preparar planos de emergência que minimizem impactos mentais, sociais e econômicos em futuras crises
FATORES ASSOCIADOS AO SOFRIMENTO PSÍQUICO DE TRABALHADORES BRASILEIROS DURANTE OS PRIMEIROS MESES DA PANDEMIA DE COVID-19: UM ESTUDO TRANSVERSAL
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
2 Faculdade de Ciências do Trabalho, Universidade de Huelva, Espanha
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 impactou de forma significativa a saúde mental dos trabalhadores brasileiros, em um contexto marcado por inúmeros desafios e controvérsias na resposta à crise sanitária. A condução da pandemia foi caracterizada não só pela falta de coordenação entre os governos federal e estaduais, como também pela minimização da gravidade da situação pelo então Presidente da República
Objetivos
Diante desse cenário, o presente estudo teve como objetivo investigar os fatores associados ao sofrimento psíquico de trabalhadores (da saúde e outros profissionais) no Brasil durante os primeiros meses da pandemia
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal que contou com a participação de 2.903 trabalhadores, dos quais 1.151 eram trabalhadores da saúde, entre os meses de abril e maio de 2020. O recrutamento dos participantes foi realizado por bola de neve, e o questionário utilizado foi adaptado para a população brasileira a partir de um instrumento criado para uso na Espanha. As diferenças entre trabalhadores da saúde e os demais trabalhadores foram avaliadas utilizando os testes qui-quadrado e Mann-Whitney, complementados pela medida do tamanho do efeito. Para investigar a associação entre o sofrimento psíquico e as variáveis preditoras, foram aplicados modelos de regressão linear múltipla
Resultados
A prevalência de sofrimento psíquico foi de 72,6%, sem diferença significativa entre os trabalhadores da saúde e os demais. Embora 32 variáveis tenham apresentado diferenças estatísticas significativas entre os grupos, apenas sete demonstraram tamanho de efeito significativo, principalmente relacionadas a fatores ocupacionais. O estresse relacionado ao trabalho apresentou associação positiva com o sofrimento psíquico, porém essa relação diminuiu na ausência de familiares infectados pela COVID-19. Por outro lado, um maior senso de coerência mostrou-se fator protetor contra o sofrimento psíquico, embora esse efeito também tenha enfraquecido quando não havia familiares infectados
Conclusões/Considerações
Tanto o efeito protetor do senso de coerência quanto o impacto do estresse ocupacional sobre o sofrimento psíquico demonstraram ser influenciados pela presença de familiares infectados pela COVID-19. Tais resultados reforçam a necessidade premente de desenvolver e implementar intervenções em saúde mental direcionadas a trabalhadores expostos simultaneamente a pressões profissionais e familiares durante contextos de crise sanitária
DIREITOS HUMANOS À ÁGUA E AO SANEAMENTO NA INTERSECÇÃO ENTRE LOCAL DE TRABALHO E ESPAÇO PÚBLICO: UM OLHAR PARA OS COMERCIANTES DA RUA
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 Fiocruz Minas
3 UFMG
Apresentação/Introdução
O acesso à água potável e ao saneamento são fundamentais em todas as esferas da vida, inclusive no local de trabalho. A ausência de banheiros e bebedouros públicos nas ruas afeta a saúde e a rotina de trabalho, assim como impacta na renda de trabalhadores de rua. Nessa situação, essas pessoas buscam alternativas como pagar pelo uso de banheiros privados e limitar o consumo de água.
Objetivos
Consolidar e triangular os achados de pesquisa teórica e empírica acerca do tema em questão, apontando caminhos importantes para que esses direitos sejam garantidos para aquelas pessoas que trabalham nas ruas.
Metodologia
A pesquisa usou métodos qualitativos com duas frentes principais: análise de documentos e pesquisa de campo. A primeira incluiu revisão de escopo da literatura científica e estudo dos marcos legais brasileiros. A segunda foi realizada em Juiz de Fora, com etnografia, observação participante, registros em caderno de campo e entrevistas com 24 trabalhadores/as de rua e 6 gestores públicos. A análise envolveu codificação temática e triangulação dos dados para garantir robustez e profundidade. O cruzamento das perspectivas dos sujeitos com as normativas e práticas institucionais permitiu compreender as barreiras e possibilidades de acesso à água e ao saneamento no espaço público de trabalho.
Resultados
A análise teórica e empírica indica violações aos direitos de camelôs e ambulantes à água e saneamento. As políticas nacionais de saneamento e trabalho ignoram o contexto da rua, e em Juiz de Fora, observou-se ausência de banheiros e bebedouros, levando à dependência de trocas com lojistas. Essa relação, embora pareça amistosa, oculta tensões e reforça a “sevirologia” como norma. A falta de estrutura impacta a saúde e a renda, com trabalhadores pagando por soluções privadas ou evitando consumir água. Mulheres e pessoas com deficiência são especialmente afetadas, enfrentando riscos maiores e exclusão do mercado formal, o que agrava sua vulnerabilidade.
Conclusões/Considerações
Este trabalho contribuiu com reflexões relevantes ao setor de saneamento, saúde, planejamento urbano e direito ao trabalho, ao olhar por diferentes lentes (legais, gestores e camelôs) para o direito à água e ao saneamento nos espaços públicos em intersecção com o local de trabalho. Evidencia-se a urgência de políticas inclusivas que garantam esses direitos aos trabalhadores informais, promovendo equidade em saúde.
DESIGUALDADES NO CUIDAR: IMPLICAÇÕES PARA A QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE E A CAPACIDADE PARA O TRABALHO DE CUIDADORES FORMAIS E INFORMAIS
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
2 Departamento de Sociologia, Serviço Social e Saúde Pública, Faculdade de Ciências do Trabalho, Universidade de Huelva.
Apresentação/Introdução
Cuidadores exercem um papel fundamental na prestação de cuidados essenciais a pessoas com deficiências funcionais; no entanto, essa atividade pode representar riscos à saúde física e mental. Apesar de sua relevância, ainda há uma lacuna significativa na literatura científica quanto ao impacto diferencial nos desfechos de saúde entre cuidadores formais e informais.
Objetivos
Diante disso, esta pesquisa teve como objetivo avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) e a capacidade para o trabalho (CT) de cuidadores formais e informais, além de investigar os fatores associados a esses desfechos.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com a participação de 97 cuidadores remunerados e 91 cuidadores familiares que atuavam em uma cidade de médio porte do estado de São Paulo. Os dados foram obtidos entre janeiro e agosto de 2023, através de um questionário um questionário autoaplicável. As diferenças entre os grupos foram analisadas por meio dos testes de Mann-Whitney U e qui-quadrado. Dois modelos de regressão logística foram utilizados para analisar os fatores associados à baixa qualidade de vida relacionada à saúde e à capacidade inadequada para o trabalho: um modelo hierárquico e outro que explorou a relação entre sobrecarga do cuidador e apoio social com os desfechos.
Resultados
Os resultados indicaram diferenças significativas entre cuidadores formais e informais. Apesar de assistirem pessoas com maior capacidade funcional, cuidadores informais relataram maior sobrecarga, menos suporte social e piores níveis de QVRS e CT. As análises de regressão revelaram importantes semelhanças nos fatores associados à QVRS e à CT. Especificamente, mais horas diárias de cuidado estiveram ligadas a piores níveis de QVRS e CT, enquanto melhor condição física associou-se à melhores desfechos. Além disso, identificou-se uma relação dose-resposta entre maior sobrecarga e piores indicadores de QVRS e CT, ao passo que o suporte social teve associação negativa com esses desfechos.
Conclusões/Considerações
Compreender as diferenças entre cuidadores formais e informais é fundamental, uma vez que esses grupos enfrentam desafios distintos. Observou-se que cuidadores informais lidam com maiores níveis de sobrecarga de cuidado, menor apoio social, pior QVRS e menor CT. Intervenções que contribuam para reduzir as horas diárias dedicadas ao cuidado e a sobrecarga, além de fortalecer o suporte social e a condição física, são essenciais.
AGRAVOS À SAÚDE DE MULHERES QUILOMBOLAS DA AMAZÔNIA RELACIONADOS ÀS ATIVIDADES EXTRATIVISTAS
Pôster Eletrônico
1 UFOPA
2 Ufopa
Apresentação/Introdução
Os povos de comunidades tradicionais se destacam na preservação ambiental e cultural, ao mesmo tempo em que lutam por melhorias socioeconômicas e de saúde. As mulheres têm participação constante em atividades trabalhistas que contribuem para a sobrevivência e a melhoria da renda familiar, impactando diretamente na saúde e qualidade de vida.
Objetivos
Diante disso, este estudo teve como objetivo avaliar a influência das atividades extrativistas na saúde de mulheres de uma comunidade quilombola da Amazônia.
Metodologia
Os dados foram coletados por meio de um questionário contendo 25 questões, que buscavam analisar os impactos das atividades extrativistas na saúde dos moradores da comunidade Quilombo de Saracura, no município de Santarém, PA. O questionário foi apresentado e aprovado no Comitê de Ética da Universidade Federal do Oeste do Pará. A pesquisa foi realizada por meio da aplicação de questionário in loco com uma amostra composta por 50 participantes, entre pescadores e agricultores.
Resultados
Dos entrevistados, 62% (n=31) mulheres. Destas, 51% (n=16) possuem entre 40 e 60 anos, com tempo de trabalho predominante entre 21 e mais de 30 anos (38% e 31%, respectivamente). As mulheres acumulam atividades domésticas e produtivas, especialmente na pesca e na agricultura de subsistência, resultando em sobrecarga física e exposição a riscos. Observou-se que 41,9% (n=13) permanecem expostas ao sol durante longas jornadas, e 67,7% (n=21) relataram mal-estar relacionado ao trabalho, com queixas de cansaço extremo, cefaleia e dores musculares intensas.
Conclusões/Considerações
Sendo assim, os dados apresentados reforçam que as condições de trabalho impactam não apenas a saúde física, mas também o bem-estar das mulheres quilombolas da Amazônia, as quais sobrevivem das atividades que exercem, portanto é evidente a necessidade de ações que promovam saúde, segurança e qualidade de vida no contexto das atividades extrativista em comunidades tradicionais.
IDENTIFICAÇÃO DOS CASOS DE CÂNCER DE PULMÃO RELACIONADOS AO TRABALHO ATENDIDOS NO INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA) NO PERÍODO DE 2022 A 2024
Pôster Eletrônico
1 INCA
Apresentação/Introdução
O câncer de pulmão é a neoplasia mais incidente no mundo, com cerca de 2,5 milhões de casos/ano. No Brasil, é o 3° câncer mais incidente em homens, o 4° em mulheres e a 2° maior causa de morte por câncer. Além do tabagismo, um fator de grande relevância para o seu desenvolvimento é a exposição ocupacional a agentes carcinogênicos, sendo pelo menos 79 agentes reconhecidos com esse potencial.
Objetivos
Identificar casos de câncer de pulmão relacionados à exposição a agentes carcinogênicos no ambiente de trabalho e realizar a notificação para o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal descritivo realizado nos ambulatórios e enfermarias do Hospital do Câncer 1. O estudo incluiu pacientes do INCA maiores de 18 anos, diagnosticados com câncer de pulmão, atendidos no período de 2022-2024, com pelo menos 1 ano de atividade laboral. Foram realizadas 140 entrevistas. Os dados foram coletados através de um questionário eletrônico criado na plataforma REDCap que foi preenchido durante entrevistas presenciais. Os dados foram analisados quali e quantitativamente, tendo como referência as monografias da IARC e parâmetros epidemiológicos como temporalidade e plausibilidade biológica. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do INCA.
Resultados
Segundo o levantamento, 40% dos pacientes com câncer de pulmão foram identificados como Câncer Relacionado ao Trabalho (CRT). Foram preenchidas 56 fichas do SINAN e encaminhadas para a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. A maioria foi do sexo feminino 64,3%, com renda média mensal de 1573,48 reais, 60% eram negros e 69,3% eram ex-tabagistas. Quanto às exposições carcinogênicas, os agentes identificados e suas respectivas prevalências foram: vapor de motor a diesel 52%, poluição atmosférica 48%, fumos de solda 29%, benzeno 25%, fuligem 23%, produção industrial 20%, queima de madeira 16%, amianto 14%, metais 12,5%, gaseificação de carvão 5,4%, radiação 5,4% e alcatrão 3,6%.
Conclusões/Considerações
A partir das exposições relatadas e avaliação do histórico ocupacional dos pacientes, uma parcela significativa dos casos de câncer de pulmão atendidos no INCA foram classificados como CRT. É essencial a identificação e notificação desses casos para dar visibilidade à problemática do câncer relacionado ao trabalho e se pensar políticas de saúde voltadas à prevenção do câncer e à vigilância de populações vulneráveis.
BURNOUT: UM ADOECIMENTO INDIVIDUAL OU SOCIAL? UMA ANÁLISE ENTRE PROFISSIONAIS DA APS NO CONTEXTO PÓS-PANDEMIA
Pôster Eletrônico
1 Unifesp
Apresentação/Introdução
A síndrome de Burnout tem se destacado na Atenção Primária à Saúde no contexto pós-pandemia. Compreendê-la como um processo progressivo, de natureza social e individual, é fundamental para ampliar a análise além do enfoque biomédico, considerando as relações contemporâneas com o trabalho e os impactos da sociedade do desempenho.
Objetivos
Analisar as experiências de profissionais da APS com Burnout, investigando fatores sociais e individuais no processo de adoecimento e refletindo sobre estratégias preventivas e intervenções mais eficazes.
Metodologia
Estudo qualitativo, exploratório, com análise de conteúdo (Bardin). Inclui entrevistas semiestruturadas com dois grupos: (1) profissionais da APS diagnosticados com Burnout; (2) profissionais que diagnosticam e acompanham casos. As entrevistas exploram vivências, fatores contribuintes e estratégias de enfrentamento. As transcrições são submetidas a codificação e categorização, visando identificar padrões e aprofundar a compreensão sobre o processo de adoecimento e os impactos das formas sociais contemporâneas de organização do trabalho.
Resultados
Resultados preliminares indicam que o Burnout emerge como um processo de esgotamento progressivo, frequentemente precedido por sinais como ansiedade e sofrimento emocional. As análises apontam uma interação entre condições organizacionais e a relação individual com o trabalho, mediada por expectativas sociais de desempenho. A mesma conjuntura institucional pode gerar respostas distintas, revelando a importância dos vínculos subjetivos com o trabalho e a centralidade que ele assume na vida dos profissionais.
Conclusões/Considerações
O projeto, em andamento, revela que o Burnout é um processo de adoecimento vinculado às formas precarizadas e individualizantes de organização do trabalho. A análise qualitativa tem possibilitado evidenciar como relações sociais e condições laborais impactam a saúde dos trabalhadores da APS. O aprofundamento da pesquisa contribuirá para pautar intervenções e políticas públicas mais efetivas no campo da saúde do trabalhador.
ANÁLISE TEMPORAL DOS ACIDENTES DE TRABALHO COM EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO NO BRASIL (2013-2022)
Pôster Eletrônico
1 Observatório de Recursos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Apresentação/Introdução
Os acidentes de trabalho com exposição a material biológico (ATMB), como sangue e fluidos orgânicos, representam um importante agravo à saúde dos profissionais da saúde, especialmente pela possibilidade de transmissão de agentes infecciosos, adoecimento e morte. A vigilância desses acidentes é fundamental para subsidiar políticas públicas de prevenção e proteção aos trabalhadores.
Objetivos
Analisar a evolução temporal dos acidentes de trabalho com exposição a material biológico (ATMB) no Brasil, entre 2013 a 2022, segundo as categorias profissionais da saúde e indicadores socioeconômicos.
Metodologia
Estudo ecológico, observacional e transversal, com desenho agregado longitudinal, que analisou a evolução temporal da taxa de prevalência de ATMB por 10.000 profissionais de saúde (níveis superior e médio) em municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. As fontes de dados foram os bancos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As variáveis independentes foram o ano (2013, 2018 e 2022) e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M). Este estudo integra uma pesquisa do Observatório de Recursos Humanos em Saúde da UFRN, com financiamento do Ministério da Saúde.
Resultados
A taxa média de ATMB aumentou de forma significativa entre 2013 e 2018, alcançando um pico de 536,19 em 2018. Após esse ano, observou-se uma queda acentuada até 2022, período que inclui os anos mais críticos da pandemia de COVID-19. Ao estratificarmos a taxa pelo IDH-M, observou-se que os municípios com menor desenvolvimento apresentaram uma taxa média de acidentes mais elevada em comparação aos mais desenvolvidos. Na análise estratificada, para os profissionais de nível superior, não houve diferenças entre as taxas segundo o IDH-M para os três anos analisados. Já para o nível médio, ocorreu uma diferença significativa entre os municípios menos desenvolvidos apresentando maior taxa em 2022.
Conclusões/Considerações
Os achados sugerem que áreas com maior desenvolvimento humano têm maior acesso a medidas de prevenção e controle, resultando em uma redução mais significativa dos acidentes. A queda nas taxas durante a pandemia pode ter sido motivada por uma maior adoção de medidas preventivas e uso de equipamentos de proteção individual, mas também uma possível subnotificação. Reforça-se a importância de políticas equitativas de proteção aos trabalhadores.
PERCEPÇÃO DE RISCOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO ENTRE FRENTISTAS DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS EM NATAL-RN
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Apresentação/Introdução
A atividade de revenda de combustíveis, classificada como de utilidade pública no Brasil, expõe os trabalhadores a múltiplos riscos ocupacionais. No Brasil, existem mais de 40 mil postos, muitos dos quais ainda operam em condições laborais precárias, o que acarreta riscos à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente, sendo necessário que os trabalhadores conheçam e previnam estes riscos.
Objetivos
Analisar a percepção de trabalhadores de postos de combustíveis quanto aos riscos ocupacionais e às medidas de proteção adotadas para prevenir agravos e adoecimentos relacionados ao ambiente de trabalho.
Metodologia
Trata-se de estudo de natureza exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 30 trabalhadores de 14 postos de combustíveis no município de Natal-RN, Brasil, entre dezembro de 2023 e maio de 2024. Incluíram-se indivíduos com, no mínimo, três meses de atuação na atividade de abastecimento. As entrevistas foram codificadas, organizadas e analisadas por meio da Análise Temática proposta por Bardin, com o suporte do software ATLAS.ti. Este estudo é recorte de uma tese de doutorado, e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição proponente.
Resultados
Os resultados mostraram que a maioria dos participantes reconhecia a presença de riscos no ambiente laboral, destacando-se o risco de exposição ao benzeno, e a possibilidade de explosões, atropelamentos e violência (assaltos). Entre as medidas de proteção mencionadas destacaram-se o afastamento do vapor de gasolina durante o abastecimento, a atenção redobrada na pista e a orientação aos clientes sobre riscos de explosão. No entanto, algumas práticas relatadas, como abastecimento após o disparo automático e lavagem dos uniformes nos domicílios, demonstram aumento da exposição. O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) foi citado, predominantemente, como restrito ao uso de botas.
Conclusões/Considerações
Os resultados revelam a percepção dos trabalhadores sobre os riscos ocupacionais e evidenciam práticas de proteção muitas vezes insuficientes. A adoção parcial de medidas de segurança reforça a necessidade de ações educativas e de políticas públicas que promovam ambientes de trabalho mais seguros nos postos de combustíveis, a fim de evitar o adoecimento e manter a qualidade de vida no trabalho.
ANÁLISE PRELIMINAR DA DOR LOMBAR EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO EXTREMO SUL DO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Mestrando Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande/FURG e Enfermeiro Hospital Universitário - Furg
2 Professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande/FURG. Pós-doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande/FURG
3 Programa de Pós-graduação em Clínica Médica. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Brasil. Hospital Universitário de Brasília. Distrito Federal, Brasil.
4 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EDGARD SANTOS - UFBA
Apresentação/Introdução
Este estudo transversal analisa a dor lombar e seus impactos na funcionalidade e capacidade de trabalho de profissionais de enfermagem em um hospital universitário do sul do Brasil, destacando fatores ocupacionais como jornadas extensas, levantamento de peso e desconhecimento da NR-17.
Objetivos
Analisar dados preliminares sobre dor lombar em trabalhadores de enfermagem, avaliando prevalência, impacto funcional, capacidade laboral e relações com variáveis ocupacionais.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo e analítico com enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem do HU-FURG. Utilizou-se formulário sociodemográfico, EVA, Escala de Funcionalidade Laboral e Escala de Capacidade para o Trabalho. A coleta ocorreu via REDCap. Foram descritas variáveis como idade, sexo, cargo, carga horária, conhecimento da NR-17, entre outras. A análise estatística foi descritiva. O estudo obedeceu aos preceitos éticos das Resoluções CNS 466/12 e 510/16, com aprovação do CEPAS–FURG.
Resultados
A amostra preliminar (majoritariamente feminina e acima de 33 anos) revelou que 30% relataram dor lombar moderada a grave. Houve prejuízo funcional em 64,5% dos casos e capacidade laboral moderada ou baixa. Técnicos de enfermagem e profissionais com carga horária superior a 36h semanais foram os mais afetados. Mais de 60% desconhecem a NR-17. A percepção de segurança ocupacional foi baixa, especialmente entre trabalhadores de setores críticos como UTI e centro cirúrgico.
Conclusões/Considerações
Os achados indicam alta prevalência de dor lombar e comprometimento funcional em profissionais de enfermagem, especialmente em ambientes críticos. Há urgência na implementação de medidas ergonômicas, treinamentos sobre a NR-17 e campanhas educativas para promoção da saúde e prevenção de agravos ocupacionais.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES DE TRABALHO NO ESTADO DA BAHIA, 2015 A 2024
Pôster Eletrônico
1 UESB
2 CEO
3 UFSP
Apresentação/Introdução
O acidente de trabalho é definido como qualquer injúria que ocorra durante o exercício da atividade laboral e/ou durante o trajeto residência/local de trabalho, com qualquer que seja o meio de locomoção, caracterizado como evento agudo, podendo ocasionar morte ou lesão, a qual poderá levar à redução temporária ou permanente da capacidade para o trabalho.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico dos acidentes de trabalho notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no estado da Bahia, no período compreendido entre 2015 a 2024.
Metodologia
Estudo epidemiológico, de delineamento ecológico, realizado com dados provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), coletados no mês de junho de 2025. A população foi composta pelos acidentes de trabalho, notificados no período estudado, com a distribuição do evento conforme as variáveis sociodemográficas: ano, sexo (masculino e feminino), faixa etária (15 a 19; 20 a 34; 35 a 49; 50 a 64) e raça/cor da pele. Os dados foram organizados e analisados descritivamente com o auxílio do programa Microsoft® Office Excel, com estimativa das frequências absoluta e relativa.
Resultados
Foram notificados 82.210 acidentes de trabalho no período avaliado, evidenciando-se que o ano de 2024 apresentou o maior número de acidentes (n=16.841; 20,4%) e o ano de 2015 o menor (n=3.031; 3,6%). Ainda em relação às variáveis sociodemográficas, os resultados apontam que 77% das vítimas eram do sexo masculino, 39,1% possuíam entre 35 a 49 anos, sendo 49,1% pardos. Desta forma, é perceptível que a maioria dos acidentes notificados ocorreram no sexo masculino e em adultos.
Conclusões/Considerações
Os achados reforçam a necessidade de estratégias preventivas e políticas públicas eficazes, com foco em ações educativas voltadas aos grupos mais vulneráveis. Indica-se a necessidade de implementação de medidas que promovam a saúde e segurança nos ambientes laborais, com vista a redução dos acidentes e as repercussões sociais, familiares, econômicas e de saúde para os trabalhadores.
AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS (ACE) DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS E ESTRESSE OXIDATIVO
Pôster Eletrônico
1 ENSP/FIOCRUZ
2 CESTEH/ENSP/FIOCRUZ
3 INCA/RJ
4 UNIRIO
5 UFF
Apresentação/Introdução
A estratégia de combate de doenças endêmicas no Brasil expõe os ACE a múltiplos agrotóxicos desde a década de 1980. Estas substâncias estão associadas a diversos efeitos nocivos à saúde, como estresse oxidativo, relacionado à patogênese de doenças como as neurodegenerativas e câncer, identificadas em níveis maiores e mais precoces entre os ACE do que na população brasileira.
Objetivos
Identificar como o processo de trabalho e a exposição a agrotóxicos afetam os biomarcadores de estresse oxidativo e clínicos, e os impactos à saúde dos ACE.
Metodologia
Estudo transversal multicêntrico com análise de 127 questionários respondidos remotamente pelos ACE de diferentes cidades do estado do Rio de Janeiro entre 2020 e 2022 e amostras de sangue foram coletadas para quantificar biomarcadores clínicos (BC): bioquímica, hematologia e hormônios tireoidianos; e de estresse oxidativo (BEO): catalase (CAT), glutationa S-transferase (GST), malondialdeído (MDA) e proteínas carboniladas (PC). Os BC foram analisados por metodologias automatizadas de análises clínicas e os BEO por espectrofotometria no UV-Vis. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS® v. 26, assumindo p ≤ 0,05 e IC = 95%.
Resultados
A mediana de nível de CAT foi de 235 kU/g Hb; de GST foi de 5,4 U/g Hb; de MDA foi de 4,0 µmol/L; e de PC foi de 0,6 µmol de PC/g de proteína. Foi observado que 50% dos trabalhadores têm níveis de MDA e 21% de PC acima do valor de referência. Testes de correlação linear de Spearman demonstraram correlações negativas entre os níveis de MDA e os de albumina (p=0,009); entre os níveis de catalase e os de hemoglobina (p=0,001) e de hematócrito (p=0,001); entre os níveis de GST e os de T4L (p=0,002), hemácias (p=0,002), hemoglobina (p=0,000) e hematócrito (p=0,001); e entre os níveis de PC e os de T4L (p=0,026), proteínas totais (p=0,000) e albumina (p=0,009).
Conclusões/Considerações
As correlações negativas demonstram que quanto maiores os níveis BEO, menores os níveis dos BC, apontando os efeitos nocivos da exposição nos sistemas hepático, hematológico e tireoidiano. Assim, diante da exposição aguda e crônica a diversos tipos de agrotóxicos, estes dados podem ajudar a explicar o processo de adoecimento precoce dos ACE. São necessárias mudanças no modelo de combate de vetores, com a eliminação do uso de agrotóxicos.
DESIGUALDADES NO TRABALHO EM SAÚDE NO BRASIL: ASSOCIAÇÃO ENTRE ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO EM PRETOS E PARDOS E FATORES SOCIOECONÔMICOS E DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFRN
Apresentação/Introdução
Os acidentes de trabalho por exposição a material biológico (ATMB) são os agravos mais frequentes e graves entre os profissionais da saúde. Fatores como a pressão do tempo, jornadas exaustivas, vínculos precários aumentam o risco desses acidentes. Além disso, analisar esses eventos a partir do recorte racial, considerando os fatores contextuais é essencial para a orientação de políticas públicas.
Objetivos
Verificar a associação da prevalência dos acidentes de trabalho com exposição a material biológico em pretos e pardos com fatores socioeconômicos e de assistência à saúde contextuais.
Metodologia
Este estudo é um recorte de uma pesquisa realizada pelo Observatório de Recursos Humanos em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com financiamento do Ministério da Saúde. Trata-se de um estudo ecológico observacional transversal em municípios brasileiros com mais de 100.000 habitantes. Calculou-se a proporção de ATMB em pretos e pardos e analisou-se sua associação com fatores contextuais socioeconômicos (IDH-M, GINI, % de empregados com carteira assinada, taxa de analfabetismo) e de assistência à saúde (despesa de saúde por habitante). As fontes de dados foram os bancos do SINAN, CNES e IBGE. Realizou-se regressão linear múltipla, com significância de 5%.
Resultados
Dentre os ATMB, a ocorrência em pretos e pardos teve uma mediana de 12% (Q25=4%, Q75=20%) em 305 municípios. Na análise bivariada a proporção de ATMB em pretos e pardos mostrou que os municípios com maior proporção de acidentes em pretos e pardos são aqueles com maior taxa de analfabetismo, menor Índice de Desenvolvimento Humano, maior desigualdade, menor percentual de empregados com carteira assinada e menor despesa com saúde por habitante. Após o ajuste na análise multivariada, observou-se que municípios com maior IDH-M e maior despesa em saúde por habitante possuíam menor proporção de ATMB em pretos e pardos e em municípios com maior desigualdade, maior a proporção desses acidentes.
Conclusões/Considerações
As desigualdades no trabalho em saúde se evidenciam pela maior ocorrência de acidentes entre trabalhadores pretos e pardos, especialmente em contextos de maior desigualdade e menor investimento em saúde. Como a raça é um marcador relevante de desigualdade social, é fundamental que políticas e recursos voltados à saúde do trabalhador considerem esse grupo de forma mais equitativa.
RECORTES DO TRABALHO DA COSTURA DOMICILIAR E A INTERFACE COM A ESFERA DA SAÚDE E CONDIÇÕES DE VIDA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 UFPE
Apresentação/Introdução
O trabalho da costura domiciliar, especialmente no contexto do Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco, possui uma complexidade no contexto do desenvolvimento produtivo, funciona sob a lógica do capital, com processo de trabalho envolvendo a fragmentação de atividades, com demanda intensa da força de trabalho subcontratada, especialmente a feminina.
Objetivos
Compreender os impactos do trabalho da costura domiciliar na saúde e nas condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, com foco nos recortes específicos dessa modalidade no contexto do Polo de Confecções do Agreste Pernambucano.
Metodologia
Foi realizada uma revisão integrativa de artigos e documentos sendo organizados por categoria de análise, de forma descritiva. A seleção das publicações na área sem delimitação temporal, utilizando como descritores da pesquisa na PubMed/MEDLINE e em documentos oficiais do Ministério da Saúde: saúde do trabalhador e ocupacional, costura domiciliar, confecção, trabalho informal, políticas públicas de saúde do trabalhador. Foram selecionados oito materiais acerca do tema, através de um levantamento preliminar, em seguida realizada leitura exploratória e seletiva, fichamentos, organização lógica da temática e análise, e pôr fim, a redação do material colhido e analisado.
Resultados
Nos estudos identificados, os materiais evidenciam riscos à saúde e a direta relação com a exclusão social, impactando também no contexto familiar dos trabalhadores e trabalhadoras da atividade domiciliar da costura. Há a presença da exploração da força de trabalho, com condições precárias que afetam a saúde dos trabalhadores, com riscos ambientais presentes que levam ao adoecimento. O SUS em sua configuração atual, ainda não consegue atender de maneira prática e abrangente às necessidades específicas de saúde dos trabalhadores da cadeia produtiva da confecção. Essa lacuna se reflete diretamente na assistência e na urgência de políticas públicas mais direcionadas e eficazes para esse grupo.
Conclusões/Considerações
Políticas públicas indutoras para o fortalecimento do da saúde do trabalhador englobando a participação social, viabiliza a construção de um SUS mais equânime, forte e integral. Torna-se importante avançar com estudos para conhecimento desta temática que envolve a vulnerabilidade de trabalhadores e trabalhadores da confecção domiciliar. Neste estudo, há lacunas quanto a complexidade dos diversos determinantes sociais neste contexto.
ASSOCIAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA E PERCEPÇÃO DE PROGRESSÃO NA CARREIRA ENTRE PESQUISADORES DE UM INSTITUTO FEDERAL DO CENTRO-OESTE
Pôster Eletrônico
1 IF Goiano
2 UEG
3 UniEvangélica
Apresentação/Introdução
A qualidade de vida (QV) no meio acadêmico é fundamental, o adoecimento psíquico de pesquisadores compromete seu bem-estar e a produção científica. Pesquisadores adoecidos não apenas enfrentam prejuízos à saúde, mas também têm reduzida sua capacidade de contribuir com soluções para os desafios coletivos. Promover a QV desses profissionais torna-se estratégico para a sustentabilidade da ciência.
Objetivos
Analisar a associação da percepção da progressão na carreira e a QV de pesquisadores do Instituto Federal Goiano (IF Goiano).
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de delineamento transversal, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IF Goiano, sob o parecer nº 6.144.987. A amostra foi composta por 83 docentes e técnicos administrativos vinculados ao IF Goiano, todos com atuação em atividades de pesquisa. A QV foi mensurada por meio do instrumento WHOQOL-BREF, enquanto a percepção da progressão na carreira foi tratada como variável categórica. Utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson (χ²) para verificar associações entre as variáveis, adotando-se nível de significância de 5% (p < 0,05).
Resultados
Na amostra analisada a predominância do sexo masculino (61,4%), sendo que a maioria eram casados (73,5%) e principalmente composta de docentes (88,0%). Houve associada estatisticamente significativa com a QV nos domínios: psicológico (p < 0,05), relações sociais (p < 0,05) e meio ambiente (p < 0,05), bem com o escore global de QV (p < 0,05), sendo que os participantes que concordaram com a afirmação “tenho progredido na carreira” relataram melhor QV.
Conclusões/Considerações
O sentimento de progressão na carreira associou-se a melhor qualidade de vida nos domínios psicológico, relações sociais, meio ambiente e escore total. Tais achados reforçam a importância de políticas institucionais que promovam o desenvolvimento profissional, não apenas como estratégia de valorização, mas também como fator protetivo à saúde mental e ao bem-estar geral desses trabalhadores.
PSICODINÂMICA DO TRABALHO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO PERÍODO DA PANDEMIA DA COVID-19
Pôster Eletrônico
1 IMS/UFBA
Apresentação/Introdução
Durante a pandemia de covid-19, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) enfrentaram sobrecarga e acúmulo de funções, intensificando a precarização do trabalho. A ampliação das demandas, sem o devido reconhecimento, gerou desgaste emocional e sofrimento psíquico, revelando contradições no fazer em saúde e na valorização desses profissionais.
Objetivos
Analisar a psicodinâmica do trabalho dos ACS, no contexto da pandemia da covid-19.
Metodologia
Estudo qualitativo ancorado no referencial da psicodinâmica do trabalho, que compreende trabalho como elemento central da constituição psíquica, capaz de produzir prazer ou sofrimento. A pesquisa foi realizada em Vitória da Conquista (BA) com 18 ACS atuantes em unidades de saúde da zona rural. A produção dos dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, e a interpretação seguiu a análise de conteúdo temática, visando apreender os sentidos atribuídos à vivência laboral no contexto do SUS.
Resultados
Os resultados revelam que a escolha pela profissão de ACS esteve atrelada à busca por estabilidade, diante da escassez de oportunidades. A identidade profissional foi construída no cotidiano comunitário. Emergiram sentimentos negativos atrelados a sofrimento psíquico, impotência e sobrecarga, agravados pela ausência de limites entre trabalho e vida pessoal. Na pandemia, intensificaram-se as exigências emocionais e a responsabilização excessiva dos ACS por parte dos usuários e do serviço, evidenciando desgaste e contradições no exercício da função.
Conclusões/Considerações
A análise evidenciou a tensão entre sofrimento patogênico e prazer no trabalho dos ACS. As repercussões psíquicas revelam singularidades que oscilam entre adoecimento e resistência, atravessadas por limites difusos entre vida e trabalho. Apesar do contexto adverso, emergem elementos de prazer vinculados ao reconhecimento e à construção da identidade profissional.
ESTUDO DE CONFIABILIDADE SOBRE A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DE ENFERMEIRAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFF
3 UNB
Apresentação/Introdução
A Precarização do Trabalho (PT), representa um sistema político de submissão dos trabalhadores à exploração. Na enfermagem, a PT vem se instalando há muito tempo, mas é difícil de ser mensurada pois são escassos instrumentos multidimensionais confiáveis.
Objetivos
Analisar a confiabilidade e consistência interna de um indicador multidimensional da precarização do trabalho de enfermeiras da APS no Brasil
Metodologia
Estudo transversal realizado com 5.512 enfermeiras atuantes na APS do Brasil. Foi construído um indicador multidimensional de precarização do trabalho, cujos itens foram pontuados com base em uma escala ordinal. As dimensões consideradas foram: (i) insegurança no emprego; (ii) inadequação da renda; e (iii) falta de direitos e proteção. A consistência interna das variáveis foi avaliada por meio do alfa de Cronbach. Foram realizadas analises descritivas incluindo média e desvio padrão dos itens, e análise de prevalência da precarização por regiões do país.
Resultados
A média da pontuação do construto trabalho precário, com todos os itens, foi de 2,26 0,90 pontos e o coeficiente de confiabilidade (alfa de Cronbach) foi 0,61. A insegurança na relação contratual apresentou a menor pontuação (0,85) em comparação com os outros itens em suas respectivas escalas. Após a depuração, o alfa de Cronbach aumentou para 0,70. A prevalência de precariedade laboral foi de 79,72% (IC95%: 78,63 - 80,77) e apresentou variação nas regiões estudadas. Maiores prevalências foram registradas nas regiões Sudeste (88,86%), Norte (86,97%) e Nordeste (85,17%), em relação à região Sul (72,05%) e Centro-Oeste (47,89%).
Conclusões/Considerações
O coeficiente alfa de Cronbach mostrou-se eficiente na confiabilidade do instrumento. As dimensões de insegurança na relação contratual, temporariedade contratual e renda mensal demonstraram as características multidimensionais da precarização do trabalho de enfermeiras de APS. A elevada prevalência de precarização, reforça a necessidade de melhor compreender o problema visando a proteção destas enfermeiras no Brasil.
AVALIAÇÃO COMPARATIVA DE FERRAMENTAS DE RISCOS PSICOSSOCIAIS NO CONTEXTO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS (GRO) E DA NOVA NR-1
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A atualização da NR-1, com vigência prevista para 26 de maio de 2026, representa um marco regulatório ao exigir a identificação e gestão dos riscos psicossociais no contexto do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). A adoção de instrumentos cientificamente validados é essencial para garantir diagnóstico organizacional , subsidiar medidas preventivas e atender aos requisitos legais.
Objetivos
Objetivo: Analisar comparativamente as principais ferramentas de avaliação COPSOQ, ISTAS 21, QPSNordic, Job Stress Scale (JSS) e SRQ-20 de riscos psicossociais utilizadas em contexto ocupacional.
Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão narrativa com análise comparativa das ferramentas COPSOQ, ISTAS 21, QPSNordic, Job Stress Scale (JSS) e SRQ-20. Foram utilizados artigos indexados nas bases PubMed, SciELO e Lilacs, documentos normativos da Fundacentro, ILO e ISTAS, além de manuais dos instrumentos. Os critérios de seleção incluíram: validade psicométrica, escopo analítico (número e profundidade das dimensões avaliadas), compatibilidade com a estrutura do GRO e viabilidade de aplicação prática. Por não se tratar de pesquisa com seres humanos, o estudo não foi submetido a Comitê de Ética.
Resultados
ISTAS 21 e COPSOQ destacam-se pela abrangência de dimensões organizacionais e alinhamento com a nova NR-1. O QPSNordic é bem estruturado, mas carece de validação cultural no Brasil. A JSS tem aplicação rápida, mas aborda poucas dimensões. O SRQ-20 é clínico, adequado como instrumento complementar. Cada ferramenta possui pontos fortes específicos conforme a finalidade da intervenção.
Conclusões/Considerações
A avaliação dos riscos psicossociais deve ser incorporada de forma sistemática nas organizações como parte do GRO. COPSOQ e ISTAS 21 são os instrumentos mais recomendados para o contexto brasileiro. A seleção da ferramenta deve considerar não apenas a validade científica, mas também a capacidade institucional para sua aplicação e utilização dos resultados.
AS LUTAS OPERÁRIAS PELA SAÚDE E AMBIENTE NOS TERRITÓRIOS DA MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS: PRODUÇÃO COMPARTILHADA DO CONHECIMENTO ENTRE UNIVERSIDADE E SINDICATO
Pôster Eletrônico
1 PPGEO/NECTraMa/UFMG
2 NEC TraMa/UFMG
Apresentação/Introdução
A classe trabalhadora manifesta preocupação sobre o processo saúde-doença e os limites da sua reprodução no capitalismo. São permanentes os movimentos operários de resistência-enfrentamento sobre os processos de produção e circulação de mercadorias em defesa da saúde e da vida. O projeto assume as lutas operárias como objeto de estudo e de necessária composição da Saúde do Trabalhador do Brasil.
Objetivos
Apreender as lutas operárias pela saúde no processo de desgaste-reprodução da força de trabalho da produção mineral no Quadrilátero Ferrífero/Aquífero de Minas Gerais
Metodologia
Sob a tradição crítica da Medicina Social Latino-americana, a investigação assume o método materialista histórico e dialético por meio da pesquisa participante para a produção compartilhada do conhecimento na relação entre as ciências e as experiências operárias. Abordagem investigativa de caráter qualitativo e quantitativo por meio de pesquisas bibliográfica, documental e de campo assumindo grupo focal, entrevistas com operários e observação participante nos territórios de produção. Instrumentos de análise descritiva e de conteúdo de informações, bem como ferramentas estatísticas para a coleta, tratamento/análise dos dados. Projeto em desenvolvimento adepto a Ciência Aberta.
Resultados
O processo de produção mineral, ao subsumir a força de trabalho operária, constituem nos processos de trabalho um conjunto diversificado de cargas de trabalho que, sob adaptações individuais e resistências coletivas operárias, conformam as manifestações de acidentes, adoecimentos e mortes com implicações significativas aos limites da reprodução da força de trabalho operária, aos processos saúde e doença de populações e condições ambientais de vida. As lutas operárias manifestam resistir e enfrentar, nas brechas e recuos dos movimentos patronais, a intensificação da exploração e dos limites da sua força de trabalho, logo a produção de saúde.
Conclusões/Considerações
Sob tensões de classe nos conflitos entre o capital e o trabalho, as lutas operárias em defesa da saúde e do ambiente possibilitam mitigar a nocividade da produção mineral no desgaste-reprodução da força de trabalho e da vida nos territórios de produção. As lutas operárias desvelam elementos de determinação social do processo saúde-doença da classe trabalhadora e das condições ambientais produzidas pela mineração.
ERGONOMIA E TRABALHO PLATAFORMIZADO: UMA REFLEXÃO SOBRE A ANÁLISE DA ATIVIDADE E A REALIDADE DOS ENTREGADORES
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Análise ergonômica do trabalho visa o trabalho real, em situação de trabalho, com observação do comportamento e da verbalização situada, seguida da autoconfrontação, quando o trabalhador confrontado com os dados observados, verbaliza sentidos, em coprodução com observador. Entregadores enfrentam condições nas ruas, seu local de trabalho, que convocam análises críticas e situadas da realidade.
Objetivos
Discutir fundamentos da análise da atividade, articulando conceitos como trabalho prescrito e real, regulação, variabilidade, à luz das condições de trabalho de entregadores subordinados a empresas-plataforma, expostos ao trabalho nas ruas.
Metodologia
Estudo acerca da Análise Ergonômica do Trabalho (AET), fundamentado na literatura clássica da ergonomia de tradição francesa (Wisner, Guérin, Daniellou, Theaureau, Falzon e outros) e em estudos empíricos sobre o trabalho plataformizado. A análise articula os conceitos de tarefa, atividade e regulação, ao cotidiano dos entregadores, considerando a AET como referencial metodológico. Inicialmente são analisados achados quantitativos sobre acidentes e a gestão algorítmica, para aproximação ao objeto. O estudo propõe evidenciar os desafios enfrentados pelos entregadores e a relevância da AET para uma descrição mais completa do trabalho, visando a formulação de intervenções mais efetivas.
Resultados
O trabalho real impõe regulações, individuais e coletivas, baseadas em saberes práticos, mobiliza decisões a partir de situações concretas. Entre os entregadores, há estratégias de enfrentamento das restrições diárias, diante da intensificação e precarização do trabalho. A tensão entre o ponto de vista da produção e dos resultados – das empresas-plataforma, e o ponto de vista da atividade – ou seja, do trabalhador, revela contradições que impactam a saúde e segurança. Ao assumir o trabalho como uma prática social complexa, repleta de sentidos e conflitos, a análise da atividade pode ser uma ferramenta essencial para compreender o trabalho na contemporaneidade.
Conclusões/Considerações
O trabalho é construído entre uma realidade visível e uma invisível, desta forma, a AET possibilita, por meio da análise do trabalho real, valorizar o saber-fazer dos trabalhadores, o ponto de vista da atividade, ou seja, o ponto de vista do trabalhador. Essa perspectiva pode favorecer o estudo do trabalho precarizado, em subordinação a empresas-plataforma digital, e a promoção de intervenções que assegurem saúde e segurança.
RISCO DO ACIDENTE APÍLICO NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM A PRODUÇÃO DE MEL (2012-2023)
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Acidentes apílicos são o resultado da picada de abelhas, que também são responsáveis pela produção de mel no Brasil. Como apicultores estão mais expostos às picadas, o estudo desse acidente deve considerar o nexo ocupacional.
Objetivos
Estimar a incidência de acidentes apílicos entre 2012 e 2023 durante o trabalho e correlacionar com a produção de mel de cada UF.
Metodologia
Trata-se de um estudo de vigilância do período de 2012 a 2023, com dados de acidentes de trabalho provocados por abelhas e notificados no Sinan (Sistema de Informações de Agravos de Notificação). Foram estimadas incidências em trabalhadores nas UF’s para cada ano do período e foi realizada uma correlação de Spearman entre produção de mel (kg) e as incidência estimadas. Todas as análises foram feitas no software R versão 4.4.1.
Resultados
O risco de acidente aumentou de 0,36/100.000 trabalhadores (2007) para 3,04/100.000 trab (2023). A maior incidência estadual foi no Tocantins (11,61/100.000 trab) em 2023 e a menor foi no Rio de Janeiro em 2021 (0,03/100.000 trab). A partir de 2014, as maiores incidências foram encontradas principalmente em Roraima e Tocantins. Ao comparar as regiões, o Sul apresentou a maior incidência acumulada no período (2,89 por 100 mil trabalhadores). Verificou-se correlação positiva forte (ρ = 0,770, p<0,001) entre a produção municipal de mel em quilogramas e a quantidade de casos de acidentes apílicos em trabalhadores.
Conclusões/Considerações
O Sul é o maior produtor de mel do país, o que explica a maior incidência e a relação com a produção melífera. O desmatamento na região Norte pode explicar altas incidências em algumas UF’s. É possível que a falta de EPI’s adequados explique a correlação entre produção de mel e o risco de acidentes apílicos em trabalhadores. Esses resultados reforçam a necessidade de melhoria na segurança de trabalhadores que tem contato com abelhas.
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DO ESCORPIONISMO EM TRABALHADORES NO BRASIL: ASPECTOS RELACIONADOS A POBREZA
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
O escorpionismo é um problema de saúde pública devido à elevada incidência em várias regiões do Brasil e é relacionado à pobreza e condições precárias de habitação. A grande desigualdade social do país, com boa parte da população vivendo em condições precárias de saneamento básico e trabalho, pode favorecer o acontecimento de acidentes como a picada de escorpião.
Objetivos
Analisar a relação entre fatores socioeconômicos e acidentes com escorpiões em trabalhadores.
Metodologia
Trata-se de um estudo de vigilância do período de 2012 a 2023, com dados de acidentes de trabalho provocados por escorpiões e notificados no Sinan (Sistema de Informações de Agravos de Notificação). Foram estimadas frequências absolutas e relativas e coeficiente de incidência acumulada no período. Foi realizada correlação de Spearman entre o Índice de Gini, taxa de analfabetismo de 2017, destino de lixo de 2015 (%) e a incidência estimada. Todas as análises foram feitas no software R versão 4.4.1.
Resultados
A contribuição relativa dos acidentes de trabalho diminuiu na notificação do escorpionismo (2007: 16,0%; 2023: 6,4%). A maioria dos acidentados chegou ao serviço de saúde em até 1 hora (2097: 42,3%; 2023: 58,9%). Os casos foram classificados predominantemente como “Leves” (2007: 76,5%; 2023: 89,3%) e evoluíram com cura. A maior incidência por UF foi o estado do Espírito Santo (54,63/100 mil trabalhadores) e o menor, Rio de Janeiro (0,64/100 mil trabalhadores). A maior incidência regional foi no Sudeste (10,80/100 mil trabalhadores), e a menor no Sul (2,19/100 mil trabalhadores). A incidência estimada do escorpionismo em trabalhadores se correlacionou com o lixo coletado na área rural (r=-0,42; p= 0,02).
Conclusões/Considerações
Entre 2007 e 2023, acidentes de trabalho com escorpiões diminuíram, com maioria dos casos leves e evolução para cura, devido à vigilância em saúde e atendimento precoce. O Espírito Santo lidera em incidência, devido ao crescimento populacional rápido, coleta de lixo irregular e economia portuária e agronegócio de café. O Sudeste, com áreas urbanas de crescimento não planejado, favorece a proliferação de casos.
TRABALHO SUBORDINADO A EMPRESAS-PLATAFORMA DIGITAL E SAÚDE DO ENTREGADOR: UMA REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE PRECARIZAÇÃO E ALIENAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
O avanço das empresas-plataforma digital (EPD) trouxe organização do trabalho marcada por gestão algorítmica, invisibilidade, intensificação. Este estudo discute como entregadores vivenciam alienação e exploração sob o discurso neoliberal do empreendedorismo e autonomia, a partir da análise crítica da plataformização precarizada e seus efeitos em saúde dos entregadores e dignidade no trabalho.
Objetivos
Analisar criticamente o trabalho de entregadores subordinados às EPD, destacando seus impactos sobre a saúde, a subjetividade, os vínculos de trabalho e a acentuação das desigualdades sociais.
Metodologia
Estudo de natureza qualitativa, baseado em revisão da literatura, com enfoque em autores clássicos da Sociologia do Trabalho (Marx, Antunes, Braverman, Gramsci, Offe, Benach) e pesquisas atuais sobre plataformização e precarização (Abílio, Bodin, Diniz, Fernandes, Siqueira). A análise incorpora categorias como alienação, fetichismo da mercadoria, desumanização e flexibilização do trabalho, dialogando com estudos recentes sobre o controle algorítmico, gamificação e a falsa autonomia no trabalho sob demanda. A produção textual foi realizada articulando teoria e observação das experiências contemporâneas dos entregadores.
Resultados
O trabalho dos entregadores revela a intensificação do ritmo e a ausência de proteção social. Sob o discurso da autonomia e liberdade, prevalece o rígido controle algorítmico, longas jornadas e autogestão forçada, caracterizando as condições precárias de trabalho. A alienação se expressa sob outras roupagens com o esvaziamento da subjetividade, formas profundas de exploração que afetam a saúde desses trabalhadores. Evidencia-se que na economia de plataforma, o trabalho mantém sua centralidade como eixo estruturante da vida social. No entanto, ainda que uma atividade essencialmente humana e dotada de significado, segue marcado pela alienação, exploração e desumanização.
Conclusões/Considerações
A economia de plataforma não apenas explora a força física do trabalhador, sua criatividade e capacidade intelectual, criando uma subjetividade inautêntica que incrementa valor ao capital. Acentuam-se a precarização e a alienação do trabalho, exigindo análise crítica da lógica da mercadoria. Reafirmar o trabalho como dimensão central da vida requer a explicitação dessas condições e a defesa de políticas que assegurem saúde, proteção e dignidade.
RISCOS OCUPACIONAIS E A NOTIFICAÇÃO DE AGRAVOS LABORAIS NO HOSPITAL: O TRABALHADOR CONSTRUINDO POSSIBILIDADES POR MEIO DO WORLD CAFE
Pôster Eletrônico
1 UNIFAP
2 UFF
3 ESEnfC
4 CM UFRJ-Macaé
5 IFAP
Apresentação/Introdução
Introdução: Considera-se que nas unidades de saúde hospitalares o processo de trabalho se caracteriza pela interação, envolvendo dimensões biopsicossocioespiritual do seu coletivo social, mas em muitas destas instituições a saúde do trabalhador ainda se encontra invisibilizada. Riscos laborais expõem, assim, a saúde do trabalhador e a não notificação de agravos são vistos como processos naturais.
Objetivos
Objetivo: Capacitar profissionais da saúde da área hospitalar que vivenciaram a COVID 19, para atuarem frente aos riscos ocupacionais e a realizarem a notificação dos agravos laborais.
Metodologia
Metodologia: Pesquisa qualitativa apoiada na abordagem da Pesquisa-ação Participativa em Saúde, com realização da Oficina World Café, método participativo e criativo, que estimula a produção de conversação, construção, desconstrução e reconstrução de conhecimentos. Cenário: Núcleo de Saúde e Segurança do Trabalhador (NSST), de um hospital de Macapá/AP. Participaram 40 trabalhadores que tiveram COVID-19 entre 2020-2021. Estes responderam questões sobre risco ocupacional; doenças de contágio ocupacional e notificação; estratégias de biossegurança e promoção da saúde no trabalho. Análise pelo IRaMuTeQ®, produzindo um Dendograma, com categorização em quatro classes, emergindo em categorias.
Resultados
Resultados: Na oficina os trabalhadores refletiram de modo coletivo sobre: as fragilidades cognitivas de cada trabalhador e as ambientais relativas a estratégias de biossegurança e de promoção da saúde; sobre as principais doenças de contágio ocupacional como COVID-19, Hepatite B e C, HIV-AIDS; o conceito e tipos de risco ocupacional no trabalho hospitalar; e a naturalização do processo de não notificação existente na instituição. Foram geradas quatro categorias:1-Estratégias de biossegurança na promoção da saúde; 2-Doenças de contágio ocupacional e sua notificação; 3-Risco ocupacional no trabalho hospitalar; 4- Estilos de vida saudável na prevenção do risco ocupacional.
Conclusões/Considerações
Considerações finais: A Oficina World Café foi relevante pois, ancorou-se em demanda advinda dos profissionais, elencando orientações e ofertando suporte técnico; preenchendo lacunas existentes sobre biossegurança, riscos laborais e a notificação no pertinente espaço, o NSST; tornando, também, conhecida dos participantes a legislação trabalhista específica e inserindo, progressivamente, diretrizes de promoção da saúde no ambiente hospitalar.
ASSOCIAÇÃO ENTRE SATISFAÇÃO NO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES NO VALE DO SÃO PATRÍCIO-GO
Pôster Eletrônico
1 UniEvangélica - Campus Ceres
2 Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
3 Universidade Federal de Goiás, Goiás, Brasil
4 Universidade Federal de Jataí - Jataí, Goiás
Apresentação/Introdução
A saúde e a qualidade de vida (QV) dos trabalhadores são temas essenciais para o desenvolvimento organizacional e o bem-estar no trabalho. A QV no trabalho é um conceito multidimensional que envolve aspectos físicos, psicológicos e sociais, influenciando diretamente a QV geral dos trabalhadores.
Objetivos
Avaliar a associação entre satisfação no trabalho e qualidade de vida de trabalhadores no Vale do São Patrício.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo CEP (nº 6.436.246), com 804 trabalhadores do Vale do São Patrício-GO. A QV foi avaliada por meio do questionário WHOQOL-bref, no qual a QV é dividida em 5 domínios: físico, psicológico, social, ambiental e score total, que corresponde à média dos domínios e indica a QV geral. A satisfação no trabalho foi avaliada por questões como “Você se sente valorizado pelo seu trabalho?” e “Você se sente feliz com seu trabalho?”. A análise dos dados foi realizada por meio do software SPSS, versão 23.0. Para verificar a associação entre as variáveis, utilizou-se a Regressão de Poisson com variância robusta por meio do Modelo Linear Generalizado (p=0,05).
Resultados
63,7% dos trabalhadores eram do sexo feminino. Os resultados destacam uma associação entre QV a e satisfação no trabalho. Quem não se sente valorizado apresentou pior QV nos domínios: físico (RP = 1,44; IC95%: 1,30 - 1,60; p < 0,001), psicológico (1,55; 1,38 - 1,75; p < 0,001), ambiental (1,47; 1,33 – 1,63; p < 0,001), social (1,08; 1,01 – 1,16; p = 0,019) e escore total (1,64; 1,44 – 1,87; p < 0,001). Estar insatisfeito no trabalho também se associou a pior QV nos domínios: físico (1,43; 1,27 – 1,60), psicológico (1,62; 1,44 - 1,83), ambiental (1,37; 1,22 - 1,53), social (1,16; 1,08 - 1,24) e escore total (1,81; 1,60–2,04), sendo todas associações significativas (p < 0,001).
Conclusões/Considerações
Os achados deste estudo indicam que a satisfação no trabalho está associada a melhores indicadores de QV entre os trabalhadores. Diante disso, esses resultados reforçam a necessidade de estratégias integradas que promovam tanto o bem-estar ocupacional quanto a saúde física no contexto laboral.
ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR LOMBAR E QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES NO VALE DO SÃO PATRÍCIO-GO
Pôster Eletrônico
1 UniEvangélica - Campus Ceres
2 Universidade Federal de Goiás, Goiás, Brasil
3 Universidade Federal de Jataí - Jataí, Goiás
4 Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
Apresentação/Introdução
A dinamometria lombar é essencial na avaliação da força do tronco, estimando a capacidade física global, sobretudo em trabalhadores expostos a esforço físico. A força muscular é indicador de mortalidade, prevenção de doenças crônicas e funcionalidade, e sua redução afeta a produtividade e aumenta o absenteísmo.
Objetivos
Avaliar a associação entre a força muscular lombar e a qualidade de vida (QV) de trabalhadores no Vale do São Patrício.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa transversal, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número: 6.436.246. A amostra foi composta por 804 trabalhadores do Vale do São Patrício-Goiás. A QV foi avaliada por meio do questionário WHOQOL-BREF. O WHOQOL-bref avalia a QV por meio de quatro domínios: físico, psicológico, social, ambiental e score total. A força muscular foi mensurada por meio do Dinamômetro Dorsal. A análise dos dados foi realizada por meio do software SPSS, versão 23.0. Para verificar a associação entre as variáveis, utilizou-se a Regressão de Poisson com variância robusta por meio do Modelo Linear Generalizado (= 0,05).
Resultados
A amostra foi composta por 804 trabalhadores, sendo 63,7% do sexo feminino. A análise revelou associação significativa entre baixa força muscular e qualidade de vida para o sexo feminino. No domínio físico, mulheres com menor QV apresentaram maior prevalência de baixa força lombar (RP = 1,28; IC95%: 1,02–1,60; p = 0,030). No domínio psicológico, mulheres com menor QV também esteve associado à baixa força (RP = 1,29; IC95%: 1,03–1,62; p = 0,029). Nos domínios social e ambiental, não foram encontradas associações para o sexo feminino. Já para o sexo masculino não houve associação significativa em nenhum dos domínios da qualidade de vida.
Conclusões/Considerações
Os resultados demonstram que a força lombar está associada à QV, especialmente entre as mulheres. A menor força foi relacionada a piores escores nos domínios físico, psicológico e no escore total. Esses resultados reforçam a importância de estratégias de prevenção e promoção da saúde voltadas à força muscular no ambiente laboral, contribuindo para a funcionalidade e a produtividade dos trabalhadores.
ACIDENTES DE TRABALHO COM EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE: ESTUDO ECOLÓGICO, BRASIL, 2014-2023.
Pôster Eletrônico
1 UFSC
Apresentação/Introdução
Os acidentes de trabalho com exposição a material biológico (ATEMB) representam um desafio de saúde pública para os profissionais de saúde, na medida em que podem expor o trabalhador a diversas doenças infectocontagiosas, como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o vírus da hepatite B (HBV) e o vírus da hepatite C (HCV).
Objetivos
Analisar o perfil epidemiológico dos casos de ATEMB no Brasil, entre 2014 e 2023.
Metodologia
Estudo ecológico com base nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Foram analisadas as variáveis: macrorregião, sexo, raça/cor, faixa etária, ocupação do trabalhador, situação no mercado de trabalho, emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), tipo de exposição, tipo de material biológico e uso de equipamento de proteção individual (EPI) no momento do acidente. Foi realizada análise descritiva e analítica, por meio da estimação das taxas de notificação de ATEMB (a cada 1.000 trabalhadores da saúde), de acordo com sexo, faixa etária, macroregião e unidades federativas. A análise foi realizada no software Stata 19.0.
Resultados
No período houve 422.044 notificações de ATEMB em profissionais de saúde, com um aumento de 18% nas taxas, passando de 18,74 casos em 2014, para 22,26 casos a cada 1.000 profissionais de saúde em 2023. Os profissionais de enfermagem apresentaram o maior número de notificações (53%). O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) ainda é precário, assim como o não uso adequado e a capacitação dos profissionais. Os grupos com maior risco de ATEMB são: mulheres, trabalhadores jovens (15-17 anos) e profissionais de saúde da região Sul. Em 2023, Roraima (46,12/1.000) liderou entre os estados com a maior taxa, enquanto o Distrito Federal apresentou com a menor taxa (8,89/1.000).
Conclusões/Considerações
Apesar do avanço nas notificações de ATEMB, nota-se desigualdades regionais que desvelam desafios que ainda precisam ser superados, tais como: desigualdades de gênero no trabalho, treinamento insuficiente para trabalhadores jovens e condições de trabalho precarizadas na área da saúde. Espera-se que este estudo possa contribuir para o desenvolvimento de ações transformadoras no campo da saúde do trabalhador, de forma capilarizada, em todo o país.
BURNOUT NA REGIÃO SUDESTE: DESAFIOS DA NOTIFICAÇÃO E VIGILÂNCIA EM SAÚDE MENTAL
Pôster Eletrônico
1 UniRV
2 UniRV e UFG
Apresentação/Introdução
A Síndrome de Burnout (SB) é um transtorno psicológico relacionado ao estresse crônico no trabalho, manifestando-se por exaustão emocional, despersonalização e sensação de baixa realização. Sua notificação no Brasil tem aumentado exponencialmente, sobretudo entre profissionais sujeitos a alta carga emocional no exercício de suas funções.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico da Síndrome de Burnout entre trabalhadores da região Sudeste do Brasil.
Metodologia
Estudo epidemiológico, descritivo, retrospectivo e quantitativo. Foram analisadas notificações de SB registradas no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) entre 2020 e 2023 na região Sudeste do Brasil. As variáveis incluíram sexo, raça, idade, escolaridade, ocupação, tempo de exposição, uso de álcool, drogas psicoativas, psicofármacos e condutas do caso. A análise foi realizada pelo software Jamovi por meio da estatística descritiva, com apresentação do valor absoluto e relativo das variáveis categóricas. Por se tratar de base pública e secundária, o estudo dispensou a avaliação de um comitê de ética conforme Resolução CNS nº 510/2016.
Resultados
Foram notificados 489 casos de SB no período analisado. A maior ocorrência de notificações foi entre mulheres (70,9%), indivíduos com nível superior (52,0%) e entre 40-49 anos (31,4%). Destacaram-se ocupações ligadas às áreas de saúde, educação e assistência social. Casos em uso de psicofármacos também foram frequentes (61,3%), aumentando consideravelmente no período. A evolução dos dados no período aponta tendência de crescimento nas notificações, sugerindo agravamento do cenário, melhora nos registros e maior visibilidade do agravo na saúde pública brasileira.
Conclusões/Considerações
Os dados analisados indicam padrão relevante de adoecimento mental entre profissionais possivelmente expostos a condições emocionais intensas e ambientes de trabalho adversos. Os resultados reforçam a importância da qualificação dos profissionais notificadores, e da implementação de estratégias preventivas e de suporte psicossocial, voltados à saúde mental do trabalhador.
ANÁLISE DOS ACIDENTES DE TRABALHO OCORRIDOS NA MACRORREGIÃO CENTRO SUL DE MINAS GERAIS, 2016 - 2023
Pôster Eletrônico
1 SES MG
Apresentação/Introdução
Considera-se Acidente de Trabalho os acidentes por causas não naturais e violências ocorridas no ambiente de trabalho ou no exercício do mesmo, com vínculo de emprego formal, informal, que teve o trabalho como fator desencadeante ou agravante. A Macrorregião de Saúde Centro Sul, (750.000 habitantes) registrou 3.634 acidentes, no período de 2016 a 2023.
Objetivos
Descrever em tempo, lugar e pessoa os acidentes de trabalho no âmbito da Macrorregião Centro Sul, Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, no período de 2016 a 2023.
Metodologia
Utilizou-se dados disponíveis publicamente em fontes oficiais (Portal de Vigilância MG/Painéis Temáticos e IBGE). Obteve-se os números de óbitos por acidente de trabalho segundo as variáveis: ano do óbito (2016 a 2023), sexo (masculino e feminino), cor da pele (branca, preta, parda, amarela, indígena), faixa etária (15-19, 20-29, 30-39, 40-49, 50-59 e 60 anos ou mais), escolaridade (médio completo e superior [12 anos de estudo ou mais], fundamental completo e médio incompleto [8 a 11 anos de estudo], sem instrução e fundamental incompleto [0 a 7 anos de estudo]).
Resultados
No período 2016 a 2023, 3.634 acidentes de trabalho com 3,8% óbitos, com prevalência do sexo masculino (85,1%), faixa etária 20 a 59 anos (89,7%), raça branca (53,1%) e trabalhadores com ensino fundamental incompleto 57,34%. Incapacidades parcial permanente (0,5%) e incapacidade parcial temporária (2,7%) somaram 3,7% do total de acidentes. O impacto causado por objeto lançado, projetado ou em queda ocorreu em 7,3% e a circunstância do acidente classificada como sendo de forma inespecífica, 21,5%. A mão (8,8%) e membros superiores (3,2%) foram as partes do corpo mais lesadas. Os acidentes típicos foram registrados em 80,8% e 67,8%, ocorridos em empresas.
Conclusões/Considerações
Os acidentes de Trabalho constituem um problema de saúde pública, ocorrendo principalmente no sexo masculino e faixa etária de 20 a 49 anos. As mulheres são menos acometidas e na faixa etária de 20 a 49 anos. As mãos e membros superiores são as áreas do corpo mais lesada. O local de maior ocorrência de acidentes foi citado como sendo a empresa. Conclui-se que a necessidade de implementação da vigilância em ambientes e processos de trabalho.
BURNOUT EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO BRASIL: SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E PERFIL DAS NOTIFICAÇÕES DE 2015-2025
Pôster Eletrônico
1 UFPR
Apresentação/Introdução
A prevalência de transtornos mentais relacionados ao trabalho tem aumentado globalmente, destacando-se a síndrome de Burnout. Reconhecida no Brasil como doença relacionada ao trabalho em 2023, resulta do estresse ocupacional crônico não adequadamente gerenciado. Afeta especialmente profissionais da saúde, com impactos na saúde mental, qualidade da assistência e custos por absenteísmo.
Objetivos
Descrever a prevalência de casos de Burnout (CID Z73.0) no Brasil, notificados entre 2015 e 2025, em médicos, enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem, segundo UF de notificação, sexo, idade, raça/cor, uso de psicofármacos e evolução dos casos.
Metodologia
Estudo ecológico descritivo com dados do SINAN, extraídos via Tabnet/DATASUS, referentes à síndrome de Burnout ou esgotamento (CID Z73.0) de 2015 a 2025. Selecionaram-se notificações de médicos, enfermeiros e técnicos/auxiliares, conforme a Classificação Brasileira de Ocupações. As variáveis analisadas incluíram sexo, faixa etária (20–34, 35–49, 50–64 anos), raça/cor descrita na notificação, uso de psicofármacos, UF da notificação e evolução do caso (cura, cura não confirmada, incapacidade temporária ou permanente parcial/total). Para fins comparativos utilizada a estimativa da população por UF em 2024 (IBGE). Foram descritos números absolutos, proporções e razões.
Resultados
Foram 1.853 casos de Burnout notificados entre 2015 e 2025, com maior prevalência por 100 mil habitantes na Bahia, seguida de Minas Gerais e São Paulo. Apenas 170 (9,1%) referiam-se a médicos, enfermeiros e técnicos/auxiliares, sendo 58 registrados em 2024. Técnicos/auxiliares representaram 54,1% e enfermeiros 44,7% dos casos. A maioria era de brancos (57%), do sexo feminino (razão 17:1) e com idade entre 25 e 49 anos. Quase metade fazia uso de psicofármacos (47%), na razão de 1,2:1. Quanto à evolução, 55,8% apresentaram incapacidade temporária, 17,6% cura não confirmada e menos de 2% incapacidade permanente.
Conclusões/Considerações
A baixa notificação de Burnout entre profissionais de saúde evidencia falhas na vigilância e no diagnóstico. Destaca-se a predominância do sexo feminino, de técnicos de enfermagem e de brancos na população observada, podendo se associar a desigualdades estruturais e no acesso ou procura de atendimento em saúde. Interroga-se se diferenças geracionais ou maior sensibilidade ao tema podem contribuir para o diagnóstico em mais jovens.
ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DE SENSIBILIZAÇÃO AO LÁTEX EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UM HOSPITAL FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 Instituto Nacional de Câncer. Brasil.
Apresentação/Introdução
Profissionais de saúde estão expostos ao látex, o que os torna um grupo de risco para sensibilização. As reações variam de dermatite de contato a anafilaxia, podendo ser fatais. O conhecimento sobre prevenção, diagnóstico e tratamento é essencial, e as instituições de saúde devem investigar a prevalência e impactos ocupacionais para implementar ações de proteção e assistência aos trabalhadores.
Objetivos
Investigar a prevalência da sensibilização ao látex entre profissionais de saúde do Instituto Nacional de Câncer (INCA), visando a implementação de estratégias eficazes de proteção, monitoramento e intervenção diante de reações adversas graves.
Metodologia
Estudo transversal, realizado com profissionais de saúde do INCA, com vínculo estatutário e atuação direta na assistência ao paciente. A amostra foi por conveniência, através de questionário eletrônico autoaplicável, contendo questões fechadas sobre dados sociodemográficos, histórico ocupacional, exposição a produtos com látex, presença de sinais/sintomas sugestivos de sensibilização e histórico de reações adversas. Os dados foram analisados com cálculo de frequências absolutas e relativas para estimar a prevalência de sensibilização ao látex. Foram elaboradas recomendações institucionais para proteção, monitoramento contínuo e intervenção diante de casos de sensibilização ao látex.
Resultados
O questionário foi enviado a 600 profissionais de saúde de diversas áreas, com retorno de 140 respostas. A maioria dos participantes era do sexo feminino (77,8%) e atuava na enfermaria (30,1%), ambulatório (22,1%) ou terapia intensiva (15,4%). Todos relataram contato com luvas, além de sondas, garrotes e cateteres. O uso diário das luvas por mais de cinco horas foi informado por 49,6%, e 52,9% utilizavam mais de 10 pares por dia. Sobre sensibilidade ao látex, 33,1% relataram sintomas, sendo prurido (75,9%), dermatite (63%) e urticária (38,9%) os mais comuns. A ocorrência média era semanal, surgindo em minutos (30,2%) ou horas (35,8%) após o contato.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou a exposição ao látex entre profissionais de saúde, com significativa ocorrência de sintomas sugestivos de sensibilidade. O uso frequente de materiais contendo látex reforça a necessidade de medidas preventivas e protocolos institucionais para minimizar riscos ocupacionais. Recomenda-se a adoção de estratégias de monitoramento e prevenção, garantindo um ambiente hospitalar mais seguro para os profissionais de saúde.
TUBERCULOSE EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE BRASILEIROS: ANÁLISE DESCRITIVA ENTRE 2013 E 2023
Pôster Eletrônico
1 UFSCar
Apresentação/Introdução
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa associada a determinantes sociais, apresentando alta incidência em populações vulneráveis, entre essas estão os profissionais de saúde, que enfrentam risco elevado devido à exposição ocupacional. Desse modo, o cenário brasileiro requer vigilância ativa e estratégias que garantam proteção a esses profissionais, que são essenciais para enfrentar o agravo.
Objetivos
Descrever a ocorrência dos casos notificados de TB em profissionais de saúde nas unidades federativas de saúde do Brasil no período entre 2013 e 2023, identificando regiões prioritárias para intervenção e fortalecimento da vigilância epidemiológica.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico do tipo exploratório em que os agregados de análises foram as macrorregiões de saúde e a ocorrência de casos notificados de TB em profissionais de saúde, no período de 2013 a 2023. Os dados utilizados foram obtidos por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (TABNET DATASUS). Foi realizada análise descritiva dos dados com construção de tabela com medidas de frequência absoluta e relativa. Para figuração dos achados foi realizada A divisão em dois períodos (P1: 2014 a 2018 e P2: 2019 a 2023). Por se tratar de uma pesquisa que envolve dados secundários de livre acesso, não foi preciso a apreciação ética.
Resultados
Durante o período foram notificados 10.247 casos de TB entre os profissionais de saúde no Brasil, os estados com maior concentração de casos foram respectivamente Rio de Janeiro (3.160) e São Paulo (2.043). A respeito da forma clínica, as com maiores notificações foram a pulmonar (70%) e a extrapulmonar (26,2%). Os anos com maiores picos de notificações foram 2018 e 2020, porém 2022 e 2023 mantiveram a alta incidência. As regiões com maiores densidades de casos foram a Sudeste e a Nordeste.
Conclusões/Considerações
A TB em profissionais de saúde demonstra um quadro preocupante de risco ocupacional e iniquidades regionais, com a indicação de áreas prioritárias para ações de vigilância, como a Sudeste e Nordeste. Desse modo, é fundamental fortalecer a biossegurança, promover a educação permanente e integrar as ações de controle do agravo à atenção primária à saúde para proteger essa classe de trabalho essencial para o enfrentamento da TB.
TRABALHO INTERPROFISSIONAL E MARCADORES SOCIAIS DA DIFERENÇA DE GÊNERO, RAÇA/ETNIA, PROFISSÃO/OCUPAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PESQUISA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
2 Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
Relato de pesquisa sobre trabalho interprofissional e os marcadores sociais de gênero, raça/etnia e profissão/ocupação. Articula o referencial teórico da interprofissionalidade, do processo de trabalho em saúde e da interseccionalidade para análise da sobreposição de opressões. A abordagem visa fortalecer o trabalho em equipe no Sistema Único de Saúde, cuja força de trabalho é 75,05% feminina.
Objetivos
Compreender como as relações entre trabalho interprofissional e marcadores sociais de gênero, raça/etnia e profissão/ocupação produzem desigualdades que impactam as experiências dos trabalhadores e dos usuários no cuidado na Atenção Primária à Saúde.
Metodologia
Estudo teórico-empírico, interpretativo e exploratório, com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso. Realizado em município da região do Alto Tietê (SP), com 24 Unidades Básicas de Saúde, de gestão direta e terceirizada. Participam equipes de Atenção Primária, Saúde da Família e Saúde Bucal. Desenvolvido em três fases: análise documental das políticas públicas da APS; observação direta do trabalho nas UBS; e entrevistas semiestruturadas com trabalhadores e usuários. Será adotada a análise temática reflexiva, e com base nos resultados, elaborada proposta de intervenção educativa sobre as competências do trabalho interprofissional articuladas aos marcadores sociais de diferença.
Resultados
A interseccionalidade, como expressão das experiências humanas multidimensionais, permite compreender condições em que diferenças se transmutam em desigualdades estruturais expressas nos marcadores sociais que comprometem o trabalho em saúde e o cuidado produzido. Uma vez reconhecidas as experiências de trabalhadores e dos usuários na APS, revelam-se práticas cotidianas do processo de trabalho em saúde, fruto da produção na formação social neoliberal. O trabalho interprofissional reúne sujeitos que executam trabalhos com valores sociais distintos que têm repercussões na construção da integralidade da saúde do SUS e na resposta às necessidades dos usuários.
Conclusões/Considerações
O estudo revela relações díspares no processo de trabalho interprofissional marcadas por hierarquias históricas no SUS. Marcadores sociais inter-relacionam-se e moldam-se mutuamente, evidenciando relações de poder que influenciam experiências sociais e individuais. A vivência do usuário norteia meios para superar barreiras no cuidado. Defende-se a prática colaborativa como estratégia frente à fragmentação, desigualdades e complexidade do cuidado.
PROMOÇÃO DE SAÚDE VIA MINDFUNESS EM MAGISTRADOS E SERVIDORES DO JUDICIÁRIO: UM ESTUDO DE CASO DE MÉTODOS MISTOS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), “Mente Aberta” – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde, Departamento de Medicina Preventiva, São Paulo, Brasil; Tribunal Regional do Trabalho da 5a Região, Coordenadoria de Saúde, Salvador, Brasi
2 Tribunal Regional do Trabalho da 5a Região, Coordenadoria de Saúde, Salvador, Brasil.
3 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Departamento de Medicina, Dourados, Brasil.
4 Universidade Federal da Bahia (UFBA), Departamento de Neurociências e Saúde Mental, Salvador, Brasil.
5 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), “Mente Aberta” – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde, Departamento de Medicina Preventiva, São Paulo, Brasil.
Apresentação/Introdução
O Judiciário é marcado por um elevado estresse e altos índices de afastamento por transtornos mentais. As intervenções baseadas em mindfulness, embora ainda pouco aplicadas nesse contexto, têm demonstrado evidências robustas de eficácia para a promoção da saúde. Ademais, atendem à NR-1, Norma Regulamentadora que prevê ações obrigatórias preventivas dos riscos psicossociais no âmbito laboral.
Objetivos
Verificar a aceitabilidade, a viabilidade e os efeitos do treinamento “Promoção de Saúde Baseada em Mindfulness” (MBHP) no judiciário.
Metodologia
Foi realizado em 2025 um estudo de caso longitudinal de métodos mistos com uma subamostra de 53 participantes de sete turmas realizadas desde 2022 do MBHP, que incluiu palestras de sensibilização, intervenção presencial (12h/turma) mais oito semanas online (n=167). Administrou-se o SRQ-20; WHO-5 e ASAS-R pré e pós-treinamento. Os dados foram analisados por estatística descritiva (média, desvio padrão e análise estratificada por sexo e modalidade de trabalho) e inferencial (testes t de Student de medidas repetidas; correlação de Pearson; r-to-z de transformação de Fisher e McNemar). O CEP aprovado para aplicação do MBHP em população brasileira foi o 43093115.8.0000.5505.
Resultados
A idade média foi 47 anos (DP7±.37). O MBHP reduziu os níveis de transtorno mental e o seu risco futuro, além de aumentar o bem-estar no público-alvo contemplado, com resultados mais positivos entre mulheres em regime de trabalho híbrido. Foram encontradas associações negativas do risco de transtorno mental com o bem-estar e com o autocuidado e positiva do autocuidado com o bem-estar. Estes resultados foram significativos (p<0.05), exceto a magnitude da força de correlação (p>0.05). O MBHP foi aceito e viável, atendendo aos critérios de taxa de recrutamento (95,4%), comparecimento às sessões (88,3%), e um pouco abaixo para retenção da amostra (51%), requerendo ajustes futuros nesse item.
Conclusões/Considerações
A implementação do MBHP apresentou eficácia na promoção da saúde e bem-estar, destacando o TRT-BA como pioneiro na temática e referência entre os 24 Tribunais Regionais do Trabalho. O estudo segue em andamento, na expectativa de se tornar estratégia de saúde permanente e os resultados indicam a necessidade de ampliar a investigação com amostras maiores e estudos controlados, fortalecendo evidências no campo da saúde ocupacional.
CONTRIBUIÇÕES DE UMA FORMAÇÃO EM SAÚDE E TRABALHO PARA A MOBILIZAÇÃO COLETIVA DE MOTORISTAS E ENTREGADORES/AS POR PLATAFORMAS DIGITAIS
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 CESTEH/ENSP/Fiocruz
Apresentação/Introdução
O foco deste trabalho é uma ação de formação participativa realizada no âmbito de um projeto de pesquisa-extensão entre a ENSP/Fiocruz e o Instituto de Psicologia da UFRJ com motoristas e entregadores. Intitulada “Saúde no Trabalho por Plataformas Digitais”, a ação teve o propósito de fomentar a reflexão crítica e a multiplicação de conhecimentos sobre a relação saúde e trabalho por aplicativos.
Objetivos
Discutir os alcances e limites no desenvolvimento dessa ação de formação para o desenvolvimento de estratégias coletivas de enfrentamento ao processo de precarização social vivido pelos trabalhadores e trabalhadoras.
Metodologia
A formação aconteceu na forma de Encontros sobre o Trabalho, dispositivo metodológico proposto pela Ergologia e contou com três módulos. Realizou-se a análise dos diálogos transcritos de 13 encontros gravados dos dois primeiros módulos: “Remuneração e valor do trabalho” e “Saúde e segurança no trabalho”. Procedeu-se a uma leitura atenta dos materiais com vistas à criação de categorias temáticas de análise, seguida de uma contextualização dos elementos destacados, incorporando elementos teórico-conceituais, históricos e contextuais.
Resultados
As práticas de formação, na busca por compreender-transformar questões e problemas do trabalho a partir da experiência e com o protagonismo dos trabalhadores, ampliam a compreensão de motoristas e entregadores plataformizados com relação à complexidade dos problemas do trabalho baseada na confrontação entre as diferentes visões de mundo, em uma análise coletiva da realidade concreta de trabalho. Além disso, essa confrontação entre diferentes visões de mundo entre os trabalhadores e profissionais da academia, fortalece a solidariedade entre as distintas categorias e modalidades de motoristas e entregadores, além de contribuir com reflexões para a academia em um processo de formação mútua.
Conclusões/Considerações
A solidariedade como possível fortalecimento da luta coletiva, conforme os trabalhadores conhecem diferentes experiências e visões de mundo, entendendo as demandas específicas de diferentes categorias, modalidades e marcadores sociais que, apesar de não fazerem parte das experiências individuais de todos, precisam aparecer como pautas nas lutas coletivas, visto que também interatuam nos processos de precarização do trabalho via plataformização.
ASSOCIAÇÃO ENTRE CONFLITO NO TRABALHO E SAÚDE MENTAL ENTRE TRABALHADORES DE ENTREGA POR APLICATIVO
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
O trabalho de entregadores em empresas-plataforma digital somado a estressores psicossociais no trabalho, especialmente o conflito com fornecedor ou clientes das empresas, podem comprometer a saúde mental dos entregadores. Sendo assim, o aumento da prevalência de transtornos mentais nessa população deve se associar aos conflitos no trabalho, independente dos demais estressores psicossociais.
Objetivos
Analisar a associação entre conflito no trabalho e transtornos mentais (TM) na população de entregadores brasileiros no território nacional no primeiro semestre de 2022.
Metodologia
A coleta foi feita através de websurvey e teve divulgação híbrida: com compartilhamento do link do questionário online em redes sociais e aplicativos de mensagens, somado ao recrutamento de 41 líderes ou influenciadores de entregadores, com divulgação presencial do questionário feita nos pontos de encontro dos entregadores em algumas cidades. A análise exploratória, cujos resultados são apresentados neste resumo, foi feita através do IBM SPSS Statistics 21 com estratificação das variáveis independentes e razão de prevalência dos TM investigados (ansiedade, pânico ou depressão) a partir do conflito no trabalho (seja com fornecedor ou cliente das empresas).
Resultados
A amostra alcançada foi de 563 entregadores, dos quais 152 (27,69%) relataram conflito no trabalho, predominando sexo masculino (96,69%), idade até 39 anos (81.39%), raça/cor autodeclarada negra (72,37%), ensino médio ou superior (71,5%) e renda de até 621 reais na última semana de trabalho (54,11%). A prevalência geral de TM foi de 25,68% e dentre os que relataram conflito no trabalho, 33,55% deles relataram o diagnóstico médico de algum TM, enquanto a prevalência de TM entre os menos ou nunca expostos ao conflito foi de 22,67%. Assim, os entregadores que mais sofreram com conflito no trabalho relataram 1,48 (RP) vezes o diagnóstico de TM quando comparados aos que menos ou nunca sofreram.
Conclusões/Considerações
Os resultados exploratórios indicam que o conflito no trabalho se reafirma como um estressor psicossocial com associação aos desfechos em TM, entre os entregadores por empresas-plataforma digital, os quais ao serem invisibilizados, pressionados por múltiplas entregas em menor tempo, sofrem com mais precarização e estresse no trabalho, além da exposição a conflito com clientes e fornecedores.
VIOLÊNCIA NO TRABALHO ENTRE TRABALHADORES DA SAÚDE NA BAHIA: UM ESTUDO DESCRITIVO
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFRB
3 UEFS
Apresentação/Introdução
A violência no trabalho, definida como qualquer ato agressivo/violento que atente contra um indivíduo que exerce atividades laborais, afeta cotidianamente os trabalhadores da saúde no Brasil, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Durante a pandemia de COVID-19, registrou-se que até 40% dos trabalhadores foram vítimas de violência e 30,4% sofreram discriminação.
Objetivos
Descrever a ocorrência de diferentes formas de violência/agressão laboral em trabalhadores/as da saúde da atenção primária à saúde (APS) e média complexidade na Bahia no período de 2021 a 2022.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, descritivo, com amostra probabilística de trabalhadores da APS e média complexidade do SUS em três municípios baianos: Feira de Santana, São Gonçalo dos Campos e Cruz das Almas. Foi utilizado um questionário autorrelatado específico sobre vitimização direta e indireta para avaliação de agressões e violência no trabalho nos últimos 12 meses. A coleta de dados foi feita entre abril de 2021 e abril de 2022. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana, pelo parecer de número 4.088.070. Foi obtido o consentimento livre e esclarecido de todos os participantes.
Resultados
1.107 trabalhadores participaram do estudo, 80,9% eram mulheres , 37,6% tinham entre 35-44 anos, e 24,8% tinham nível superior completo. Com relação às características do trabalho, 23,5% ocupavam cargos de nível superior. Quanto à percepção de violência, 58,3% sentem a segurança pessoal ameaçada no trabalho, e 11,8% relataram ter sofrido agressões (vitimização direta) nos últimos 12 meses. 37,7% testemunharam agressões a colegas por parte dos usuários pelo menos uma vez, enquanto 27,5% testemunhou mais de uma vez. 31,4% testemunhou violência por parentes de usuários, enquanto 8,3% agressões entre chefia/colegas de trabalho. 15,5% afirmaram que pensam em mudar de trabalho pela violência.
Conclusões/Considerações
Os achados indicam que a violência no trabalho é um problema grave e possivelmente crescente, com especial impacto nos trabalhadores/as da saúde da APS e MC no SUS na Bahia. Intervenções nos processos organizacionais e estruturais do trabalho em saúde, visando à redução de sobrecarga laboral e estressores psicossociais na comunidade podem ser estratégias viáveis para mitigar a violência no trabalho e a carga de doença a ela relacionada.
VIOLÊNCIA, DISCRIMINAÇÃO E ADOECIMENTO NO COTIDIANO DOS TÉCNICOS DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UVA
2 UFC
Apresentação/Introdução
Técnicos de enfermagem que atuam na Atenção Primária à Saúde enfrentam, cotidianamente, situações de violência simbólica, verbal, entre outras, e discriminações de gênero, raça, classe e escolaridade, agravadas por condições precárias de trabalho, como sobrecarga, vínculos instáveis e pouca valorização. Esses fatores contribuem para o adoecimento físico e mental desses trabalhadores
Objetivos
Avaliar os condicionantes do trabalho de técnicos de enfermagem da Atenção Primária à Saúde relacionados à violência, discriminação e seus impactos no processo de adoecimento.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo e quantitativo, realizado com técnicos de enfermagem da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Sobral (CE), entre setembro e novembro de 2023. O município possui 79 equipes distribuídas em 39 Centros de Saúde da Família, com 100% de cobertura populacional. A população foi composta por 159 profissionais, dos quais 75 participaram da pesquisa. A coleta ocorreu por meio de questionário eletrônico (Google Forms®). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Parecer nº 6.279.259/2023; CAAE: 68318523.0.0000.5053), com aceite mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Resultados
Entre os 50 técnicos de enfermagem participantes, 92% consideraram o trabalho desgastante, sendo os principais fatores o estresse (6,5%), desvalorização profissional (6,7%) e sobrecarga de trabalho (5,7%). A maioria avaliou as condições laborais como regulares (54%). Houve relatos de discriminação social (10%) por peso/obesidade (8%), além de violências psicológica (18%) e verbal (6%). Quanto ao adoecimento, 24% relataram LER/DORT e 30% apresentaram doenças diagnosticadas. As principais causas de ausência no trabalho foram doenças osteomusculares (36%) e transtornos mentais (30%).
Conclusões/Considerações
Os dados evidenciam que os técnicos de enfermagem da Atenção Primária à Saúde enfrentam condições de trabalho marcadas por sobrecarga, estresse, desvalorização profissional e discriminação, fatores que contribuem para o adoecimento físico e mental. Reforça-se a urgência de políticas institucionais que promovam ambientes mais seguros, valorizem esses profissionais e ampliem a proteção à saúde no trabalho.
A AUSÊNCIA DE COMPARTILHAMENTO E DIÁLOGO EM SAÚDE MENTAL: UM ESTUDO SOBRE O ATUAL CENÁRIO DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM EM CAPS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO/RJ
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
As Áreas Programáticas (APs) no Rio de Janeiro-RJ deveriam facilitar a forma de organização da rede de saúde e fortalecer os vínculos sociais e comunitários de forma local. Entretanto, implicam em barreira de acesso no cuidado, ou ainda, na ausência de diálogo, compartilhamento e construção coletiva entre os profissionais que trabalham nos dispositivos tipo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
Objetivos
Nesse interim, essa pesquisa tem como objetivo analisar como está se dando o diálogo e o compartilhamento do cuidado entre serviços CAPS no município do Rio de Janeiro, a partir da escuta das vozes dos profissionais que trabalham nesses serviços.
Metodologia
Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, sendo desenvolvidas entrevistas semiestruturadas com profissionais de múltiplas áreas de atuação dos CAPS do município do Rio de Janeiro-RJ. A proposta centrou-se em profissionais das 5 áreas programáticas (AP) de atuação na saúde, como meio de ter um panorama da cidade, sendo feitas 12 entrevistas, tomando por base o critério do ponto de saturação. O material foi áudio gravado e transcrito. A análise do corpus textual foi realizada à luz da análise de conteúdo.
Resultados
Como resultados, temos que a atual administração via Organizações Sociais (OSS) faz com que o município reproduza a lógica de trabalho neoliberal com metas e indicadores, fragilizando os vínculos de trabalho com a terceirização dos profissionais; aumentando a demanda de trabalho sem ampliação das equipes; limitando o trabalho ao território geográfico; de modo que as equipes trabalham “apagando incêndios”; com a dificuldade dos serviços entenderem que "não darão conta de tudo".
Conclusões/Considerações
Considera-se necessária a efetivação de condições de trabalho adequadas e de vínculos trabalhistas estáveis para esses profissionais, de modo que possam efetivar um cuidado em saúde mental consistente e coerente com a proposta da reforma psiquiátrica brasileira, além disso, é importante a construção de espaços de formação permanente e de diálogos ampliados, que revivam as discussões clínicas sobre a complexidade dos sujeitos e de suas demandas.
ÓBITOS DE CICLISTAS POR ACIDENTES DE TRABALHO, ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS E LIMITAÇÕES NA QUALIDADE DOS DADOS DO SIM, BRASIL, 2014–2022
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Bicicletas são meio de transporte comum em países com adequada infraestrutura viária e fiscalização das leis de trânsito. No Brasil, seu uso para atividades econômicas tem crescido, especialmente em entregas por aplicativos. Apesar da literatura geral sobre acidentes no uso de bicicletas, são raros os estudos sobre morbimortalidade de ciclistas vítimas de acidentes de trabalho e qualidade do dado.
Objetivos
Descrever o perfil dos óbitos de ciclistas (10 a 69 anos) vítimas de acidentes de trabalho (Brasil, 2014–2022), por características demográficas, ocupacionais, geográficas, além de anos potenciais de vida perdidos (APVP) e qualidade dos dados (SIM).
Metodologia
Estudo epidemiológico descritivo baseado na análise de microdados de óbitos de ciclistas vítimas de colisões em acidentes de transporte no Brasil, entre 10 e 69 anos, no período 2014–2022. Dados foram obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), considerando códigos V10 a V19, com informações demográficas, ocupacionais, temporais e geográficas. Estimaram-se mortalidade proporcional, idade média ao óbito, anos potenciais de vida perdidos e proporção de omissão do campo acidente de trabalho. Não houve necessidade de aprovação ética, por uso de dados públicos e não identificados do DATASUS/MS.
Resultados
Dos 6.590 óbitos relacionados ao uso de bicicletas, 272 (4,1%) foram identificados como acidentes de trabalho. Quanto ao perfil dos trabalhadores, 87% eram do sexo masculino, 68% tinham entre 29 e 58 anos, 49,7% eram de raça/cor branca, 82% com baixa escolaridade (<12 anos) e 45,9% solteiros. Óbitos concentraram-se nas regiões Sul e Sudeste (71%), com 61,3% por colisões com veículos motorizados (CID-10: V13–V14). Referente ao setor de trabalho, destaque para trabalhadores da indústria (42%) e comércio/vendas (30,9%). A idade média do óbito foi 43,6 anos, totalizando 8.896,4 APVP. Destaque para 57% das DO com ausência de informação no campo acidente de trabalho.
Conclusões/Considerações
A mortalidade proporcional de ciclistas por acidente de trabalho foi maior entre pessoas do sexo masculino, adultos jovens e com baixa escolaridade. A idade média de 43,6 anos evidencia a morte precoce desses trabalhadores. A alta proporção de ausência de informação no campo acidente de trabalho nas DO limita a vigilância em saúde do trabalhador e dificulta políticas públicas de proteção a esses ciclistas.
PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO RELACIONADA AO TRABALHO NO CEARÁ: EPIDEMIOLOGIA DAS NOTIFICAÇÕES DE 2015 A 2024
Pôster Eletrônico
1 UVA
Apresentação/Introdução
A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) é uma das doenças relacionadas ao trabalho prevalentes no Brasil e no mundo, decorrente da exposição contínua a níveis elevados de ruído em ambientes laborais. A Região Nordeste, em particular o Ceará, apresenta importante atividade industrial, agrícola e de serviços, com trabalhadores historicamente expostos a agentes físicos, como o ruído excessivo.
Objetivos
Avalizar o perfil epidemiológico das notificações de PAIR relacionadas ao trabalho no estado do Ceará entre os anos de 2015 e 2024, a fim de identificar tendências e grupos mais vulneráveis.
Metodologia
Estudo epidemiológico, descritivo, fundamentado em dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referentes aos casos de PAIR relacionada ao labor no Ceará, de 2015 a 2024. Foram incluídas todas as notificações registradas no banco do SINAN, acessadas via plataforma Tabnet/Datasus. As variáveis analisadas abrangeram sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade, ocupação (CBO), tipo e tempo de exposição ao ruído, diagnóstico clínico (CID), evolução do caso e macrorregião de saúde de notificação. Os dados foram organizados em planilha eletrônica e submetidos à análise estatística descritiva, visando descrever o perfil e apontar tendências e lacunas nos registros.
Resultados
Houve aumento progressivo das notificações de PAIR no Ceará entre 2015 e 2024, com pico em 2024 (33 casos). A maioria são do sexo masculino (71,3%), com idade entre 50 e 64 anos (42,6%) e raça parda (46,8%). A escolaridade foi ignorada em 64,9%. Ocupações mais notificadas: pedreiros, mecânicos e costureiras. A exposição ao ruído foi majoritariamente prolongada (78,7%) e contínua (33%), compatível com ambientes industriais e de construção civil. Em 64,9% dos casos, a evolução foi ignorada; nos demais, prevaleceram incapacidades permanentes. Apenas 17,9% tinham CID específico. Fortaleza concentrou 68,1% dos casos. Os dados sugerem subnotificação, falhas nos registros e no acesso ao diagnóstico
Conclusões/Considerações
A análise das notificações de PAIR no Ceará revela padrão crescente de casos, destacando a exposição prolongada ao ruído como fator crítico de adoecimento. A predominância entre homens, pessoas pardas e trabalhadores com baixa escolaridade reforça desigualdades ocupacionais. A elevada taxa de dados ignorados aponta falhas na vigilância e necessidade urgente de qualificação dos registros e ações preventivas.
IMPLICAÇÕES DA PLATAFORMIZAÇÃO DO TRABALHO NO AUMENTO DE ACIDENTES ENVOLVENDO MOTOFRETISTAS E MOTOTAXISTAS NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFRJ/IP
2 CESTEH/ENSP/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A plataformização do trabalho de motoristas e mototaxistas produz novos tipos de controle e gerenciamento, transferência de custos do trabalho e ampliação dos riscos aos trabalhadores. Dados epidemiológicos do Ministério da Saúde indicam um aumento significativo de acidentes de motociclistas entre 2011 e 2021, o que coloca como questão até que ponto esses dois fenômenos podem estar relacionados.
Objetivos
Discutir a possível relação entre o aumento de acidentes envolvendo motociclistas e a plataformização do trabalho de motofretistas e mototaxistas no Brasil.
Metodologia
Levantamento de dados epidemiológicos publicamente disponibilizados sobre acidentes de trânsito envolvendo motociclistas no Brasil; e Revisão da literatura científica sobre a relação entre as condições de trabalho de motofretistas e mototaxistas e a ocorrência de acidentes antes e depois da plataformização do trabalho dessas categorias profissionais.
Resultados
Como resultados parciais temos que o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (2023) aponta para o aumento em torno de 55% na taxa de internações de motociclistas na rede do SUS, indo de 70.508 em 2011 para 115.709 em 2021. Abílio e Santiago (2024), a partir de pesquisa empírica com 200 motofretistas de Campinas, indicam que 65,7% deles afirmaram ter sofrido acidente de trânsito com motocicleta durante o trabalho. O estudo nacional de Siqueira et al (2025) evidenciou acidentes de trabalho em mais de 50% dos 563 entregadores participantes, representando uma prevalência de mais de dez vezes a da população geral ocupada no Brasil.
Conclusões/Considerações
À medida em que se avança nas etapas do estudo, nota-se que é escassa a literatura científica que estabelece uma relação direta entre acidentes envolvendo motociclistas e motofretistas com suas atividades de trabalho, reflexo de dificuldades relacionadas à não regulamentação do trabalho por plataformas, contribuindo para a subnotificação destes acidentes de trânsito como acidentes de trabalho.
PREVALÊNCIA DOS DISTÚRBIOS PSÍQUICOS MENORES EM POLICIAIS MILITARES DE UM GRANDE CIDADE DO ESTADO DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
2 Universidade Federal do Recôncavo - UFRB
Apresentação/Introdução
O trabalho policial apresenta diversas peculiaridades em relação ao trabalho em outras atividades profissionais. Essa atividade profissional se caracteriza pelo elevado nível de tensão e desgaste emocional
Objetivos
Estimar a prevalência dos distúrbios psíquicos menores em policiais militares lotados em dois modelos distintos de policiamento: ostensivo/convencional e comunitário, no município de Feira de Santana, Bahia.
Metodologia
Estudo descritivo, populacional, realizado com 157 policiais militares lotados na 65ª Companhia Independente de Polícia Militar e na Base Comunitária de Segurança. A coleta de dados foi realizada através de um instrumento validado (Self-Reporting Questionnaire-SRQ-20), autoaplicável, individual. A análise descritiva dos dados foi realizada a partir do cálculo da frequência absoluta e relativa das variáveis categóricas e das medidas de tendência central e dispersão das variáveis numéricas contínuas. Para verificação da prevalência dos distúrbios psíquicos menores (DPM), foram realizados cálculos de frequências absoluta e relativa.
Resultados
A prevalência de distúrbios psíquicos menores na população estudada foi de 36,3%. Na 65ª Companhia Independente de Polícia Militar foi 40,5% e 24,4% na Base Comunitária.
Conclusões/Considerações
Os resultados apontam uma possível associação entre o modelo de atuação policial e os impactos sobre a saúde mental. Espera-se que os achados deste estudo possam propiciar a implementação de ações de saúde que enfatizem a implementação de práticas preventivas no controle dos agravos à saúde física e mental desses trabalhadores.
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO SEGUNDO O MODELO DEMANDA-CONTROLE ENTRE POLICIAIS MILITARES DE UMA GRANDE CIDADE DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana
2 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Apresentação/Introdução
A modelo do trabalho policial pode impactar a saúde mental desses profissionais. Fatores como alta demanda, controle limitado das tarefas e baixo suporte social podem contribuir para o adoecimento psíquico dos trabalhadores. O modelo demanda-controle de Karasek permite compreender os riscos psicossociais laborais, classificando perfis de trabalho com base na interação entre exigências e controle.
Objetivos
Descrever a distribuição dos perfis psicossociais do trabalho, segundo o modelo demanda-controle de Karasek, entre policiais militares de duas unidades operacionais de uma grande cidade do estado da Bahia.
Metodologia
Estudo descritivo, populacional, realizado com 157 policiais militares lotados na 65ª Companhia Independente de Polícia Militar (65º CIPM) e na Base Comunitária de Segurança do George Américo (BSC George Américo). A coleta de dados foi realizada no período de julho a novembro de 2020, por meio da distribuição de um instrumento validado, autoaplicável, individual e acompanhado do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para a aferição dos perfis psicossociais do trabalho, foi aplicado o Job Content Questionnaire (JCQ).
Resultados
Dos 157 participantes, a maioria dos profissionais estava lotada na 65ª CIPM (73,9%), enquanto 26,1% pertenciam a BSC George Américo. Na 65ª CIPM, o perfil de alta exigência foi o mais prevalente (29,3%), seguido por trabalho ativo (26,7%), trabalho passivo (24,1%) e baixa exigência (19,8%). Já na BCS George Américo, a maior proporção foi observada no perfil de trabalho passivo (29,3%), seguido por alta exigência (26,8%), trabalho ativo (24,4%) e baixa exigência (19,5%).
Conclusões/Considerações
Observou-se que a 65ª CIPM apresentou maior prevalência do perfil de alta exigência, o que pode indicar maior risco psicossocial, devido à alta demanda e baixo controle no trabalho — características possivelmente relacionadas ao seu modelo de policiamento ostensivo. Já na BCS George Américo, predominou o perfil passivo, o que pode refletir aspectos do policiamento comunitário, que geralmente envolve menor pressão e maior autonomia.
EVOLUÇÃO DAS PNEUMOCONIOSES COMO AGRAVO OCUPACIONAL NO BRASIL: TENDÊNCIAS REGIONAIS ENTRE 2006 E 2024
Pôster Eletrônico
1 Faculdade São Leopoldo Mandic de Araras
Apresentação/Introdução
As pneumoconioses são doenças pulmonares de origem ocupacional que persistem como desafio de saúde pública no Brasil, refletindo desigualdades nas exposições e na vigilância. Regiões com intensa atividade mineradora e frágil regulação do trabalho apresentam maior risco. Investigar tendências temporais pode subsidiar políticas públicas mais efetivas.
Objetivos
Analisar a evolução temporal das notificações de pneumoconioses no Brasil entre 2006 e 2024, segundo região geográfica.
Metodologia
Trata-se de estudo ecológico de série temporal baseado em dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referentes às pneumoconioses notificadas no Brasil entre 2006 e 2024. Os dados foram organizados por região geográfica. Aplicou-se a regressão segmentada JoinPoint para identificar variações significativas na tendência das notificações, com estimativa da variação percentual anual (APC) e da variação anual percentual média (AAPC), com intervalo de confiança de 95%. A análise foi realizada por meio do JoinPoint Regression Program versão 5.0.2, desenvolvido pelo National Cancer Institute (EUA).
Resultados
Foram notificados 7.469 casos no período, com predomínio no Sudeste (63,9%). A tendência nacional apresentou aumento significativo de 575,3% entre 2006-2008 (APC 575,3%; IC95% 133,3–1413,8), seguido de estabilidade. Regiões como Centro-Oeste e Sul apresentaram crescimento significativo recente, enquanto o Nordeste manteve crescimento discreto e sem significância estatística (APC 6,8%; IC95% -0,7–14,6). No Norte, a instabilidade dos dados e os amplos intervalos sugerem baixa capacidade de notificação e vigilância.
Conclusões/Considerações
A evolução das pneumoconioses no Brasil revela disparidades regionais e destaca a persistência da exposição a riscos ocupacionais. A vigilância permanece desigual, especialmente em regiões Norte e Nordeste. O estudo reforça a necessidade de fortalecimento das ações de saúde do trabalhador e da vigilância epidemiológica territorial.
FATORES PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO: UM OLHAR PARA OS DOCENTES DA PÓS-GRADUAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UEFS
2 UFRB
Apresentação/Introdução
O trabalho do professor do na pós-graduação é complexo e multifacetado, pois concilia atividades de ensino em sala de aula tanto na graduação quanto na pós-graduação, além de realizar atividades de gestão, extensão e pesquisa. Atuar na pós-graduação é considerado um acréscimo de responsabilidades, que gera aumento na carga de trabalho desses profissionais e favorece o estresse ocupacional.
Objetivos
Analisar os fatores psicossociais do trabalho docente da pós-graduação stricto sensu
Metodologia
Estudo transversal com amostragem por conveniência, cuja população amostral foram os 149 docentes da pós-graduação stricto sensu de duas universidades públicas na Bahia. A coleta de dados foi realizada por meio de um inquérito online na plataforma REDCap no período de agosto a novembro de 2023. Os fatores psicossociais estressores relacionados ao trabalho foram avaliados pelo Job Content Questionnaire (JCQ) e pela Escala Equilíbrio Esforço e Recompensa.
Resultados
Houve predomínio de mulheres (62,4%), raça/cor branca (43,2%), idade entre 40 e 59 anos (79,1%), e viver com companheiro(a) (65,3%). A maioria possuía 6 anos ou mais de trabalho (88,6%). Quanto aos fatores psicossociais do trabalho, 76,8% dos docentes apresentavam alta demanda psicológica, 31,9% baixo controle sobre o trabalho e 68,1% baixo apoio social. No geral, 86,4% enfrentam trabalho estressante: 55,5% em trabalho ativo e 21,9% em alta exigência. A prevalência da exposição simultânea entre Modelo completo Demanda-Controle e Apoio Social no Trabalho (MDC/AST) foi de 57,5% e, similarmente, 56, 5% estavam em situação de desequilíbrio esforço e recompensa.
Conclusões/Considerações
O trabalho na pós-graduação é potencialmente estressor pelas múltiplas demandas enfrentadas. É essencial que as instituições de ensino superior repensem suas políticas, promovendo ambientes menos estressantes, com espaços de descanso, escuta acolhedora, redes de apoio e fortalecimento da mobilização coletiva.
ESTRATÉGIAS PARA MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DE MOTORISTAS CONTROLADOS POR EMPRESAS-PLATAFORMA
Pôster Eletrônico
1 UESC
2 UESB
Apresentação/Introdução
A expansão das empresas-plataforma intensificou a chamada uberização, marcada por vínculos precários, controle algorítmico e sobrecarga laboral. Essa forma de organização do trabalho tem gerado impactos significativos à saúde dos motoristas, exigindo a formulação de estratégias multissetoriais voltadas à promoção do cuidado e à melhoria das condições de trabalho e saúde destes trabalhadores.
Objetivos
Propor estratégias de intervenção para a melhoria das condições de trabalho e de saúde de motoristas controlados por empresas-plataforma.
Metodologia
Pesquisa qualitativa realizada com 26 motoristas controlados por empresas-plataforma em Vitória da Conquista (BA), entre janeiro e abril de 2025. Utilizou-se roteiro semiestruturado que contemplou dimensões das condições de trabalho; saúde e relação com outros trabalhadores da categoria/Sindicatos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer 7.241.516 de 2024). Os dados foram submetidos à análise de conteúdo proposta por Bardin, com apoio do software QDA Miner. Os achados empíricos foram confrontados com literatura científica atual sobre saúde do trabalhador e trabalho em plataformas digitais, subsidiando a proposição das estratégias de intervenção apresentadas.
Resultados
Foram propostas estratégias nos níveis macro, meso e micro, tais como: formulação de políticas de proteção social e saúde; responsabilização das empresas-plataforma; fortalecimento do agrupamento e organização dessa categoria; articulação entre Vigilância em Saúde do Trabalhador com outros setores; parcerias com líderes destes trabalhadores e influenciadores da categoria; ações educativas contínuas nos territórios; campanhas de vacinação direcionadas ao grupo (Gripe, Covid-19); prevenção local de acidentes e violência; ampliação do acesso aos serviços de saúde e a serviços especializados; grupos de apoio, encontros entre motoristas; e uso de tecnologias para o autocuidado.
Conclusões/Considerações
Com base nas evidências empíricas e na literatura, as estratégias propostas visam proteger os trabalhadores, ampliar o acesso à saúde, promover o autocuidado e fortalecer vínculos coletivos entre motoristas de aplicativo. A articulação entre setores e atores sociais é essencial para enfrentar as desigualdades e melhorar as condições de trabalho e saúde dos motoristas controlados por empresas-plataforma.
PERFIL DE CASOS DE COVID-19 EM ENFERMEIRAS(OS) NO SETOR SAÚDE NA REGIÃO DO NORDESTE (2020-2023)
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UNEX
Apresentação/Introdução
Um dos grupos mais vulneráveis à infecção pelo SARS-CoV-2, na região Nordeste do Brasil, foram as(os) enfermeiras(os) por estarem na linha de frente no cuidado aos pacientes. No entanto, ainda são escassas as análises que detalham o perfil epidemiológico desses profissionais na região Nordeste, sendo a maioria das análises disponíveis em nível nacional.
Objetivos
Descrever os casos de Covid-19 relacionados ao trabalho em enfermeiras(os) na região do Nordeste registrados no SINAN, no período de 2020 a 2023.
Metodologia
Trata-se de estudo ecológico, descritivo, considerando a distribuição e tendência temporal da Covid-19, entre os anos de 2020 e 2023, analisando as principais características sociodemográficas e do trabalho na região Nordeste por períodos do tempo. Os dados analisados foram provenientes do SINAN. As variáveis selecionadas para este estudo compreenderam, sócio-ocupacionais e de saúde. Foram avaliadas frequências absolutas e relativas dos casos de Covid-19. Os dados foram tabulados e analisados através de planilha eletrônica e acessados em maio de 2025.
Resultados
Entre 2020-2023, foram registrados 4.100 casos de Covid-19 na região Nordeste, entre enfermeiras(os), havendo maior concentração de notificações nos anos de 2020 (1.410) e 2021 (940). O maior número de notificações por estado ocorreu na Bahia em 2020 (512 casos). No Nordeste, 85,31% (2566) das notificações são do sexo biológico feminino. As idades com maior notificação variam entre 25 e 45 anos, sendo 34 anos 6,17% (185). Predominam casos por raça/cor parda 57,06% (1.716), branca 23,11% (695) e preta 6,71% (202). Em relação ao principal vínculo está emprego registrado com carteira assinada 38,99% (1.173). A maioria dos casos notificados evoluiu para cura (81,71%; 2.458).
Conclusões/Considerações
A análise dos dados evidenciou que a contaminação pela COVID-19 incidiu majoritariamente em enfermeiras pardas na faixa etária de 25 a 45 anos. Os dados apontam desafios na qualidade dos registros (campos ignorados), por dificultar as análises precisas de iniquidades. A proteção e o aprimoramento da notificação são cruciais para futuras emergências em saúde, garantindo a segurança de profissionais e aprimorando políticas públicas de saúde.
DANOS DOS AGROTÓXICOS NA SAÚDE REPRODUTIVA DAS AGENTES DE ENDEMIAS
Pôster Eletrônico
1 PSPMA/Ensp/Fiocruz
2 Cesteh/Ensp/Fiocruz
3 PPG/UFF
4 UFPel
5 GT Saúde e Ambiente da Abrasco
6 EPSJV/PSPMA/Ensp/Fiocruz
7 (PPSP/Ensp/Fiocruz)
Apresentação/Introdução
Os agentes de combate às endemias (ACE) são uma importante força de trabalho para o SUS e fundamentais no controle de doenças endêmicas transmitidas por vetores. Contudo, o manejo de vetores no Brasil ainda é químico-dependente, centrado no uso de agrotóxicos, expondo os ACE a um trabalho nocivo à saúde.
Objetivos
Criar um espaço de circulação de saberes e de coprodução de conhecimento sobre a atividade dos ACE a partir de diálogos entre pesquisadores e trabalhadores.
Metodologia
Foram realizados cinco encontros, de abril a junho de 2024, com oito ACE (cinco mulheres e três homens), três servidores municipais com mais de 15 anos na função e cinco servidores federais com mais de 30 anos de experiência da antiga Sucam/Funasa. Para fomentar o debate coletivo entre trabalhadores e pesquisadores, foram utilizados materiais como: filmes, documentários e produções coletivas da pesquisa com ACE do estado do Rio de Janeiro. As diferentes trajetórias convergiram para um caminho rico de trocas de experiências do saber-fazer dos ACE sobre a relação saúde e trabalho.
Resultados
O processo de exposição a agrotóxicos repercutiu na vida dos ACE, estendendo o sofrimento às famílias. Os danos à saúde reprodutiva foram uma das principais temáticas trazidas pelas trabalhadoras, representados por relatos de hemorragias, abortos, mudanças nos ciclos menstruais e menopausa precoce. Ademais, ocorrências de intoxicação, feridas no corpo e sofrimento psíquico, pelas inquietações com o futuro das filhas geradas no período em que se aplicava o organofosforado Temefós (Abate®), também marcaram os encontros. As normas, centradas na tarefa de eliminação de vetores, não reconhecem danos à saúde das ACE mulheres. Todavia, elas descrevem os efeitos relacionados à saúde reprodutiva.
Conclusões/Considerações
A análise dos dados corrobora as informações do Dossiê da Abrasco que desocultou as nocividades reprodutivas dos agrotóxicos. Os diálogos destacaram a sensação de engodo, negligência e desamparo dos ACE, expressando a realidade adoecedora do trabalho. É necessário aprofundar a luta por melhores condições de trabalho, saúde, e vigilância específica para efeitos na saúde reprodutiva dessa categoria.
RISCOS DE ACIDENTES DE TRABALHO NO AMBIENTE HOSPITALAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Pôster Eletrônico
1 UESB
Apresentação/Introdução
O ambiente hospitalar apresenta riscos físicos, biológicos, emocionais e organizacionais aos trabalhadores da saúde. Acidentes como perfurocortantes, exposição a fluidos, quedas e sobrecarga física são comuns, evidenciando falhas nas práticas preventivas e na estrutura institucional.
Objetivos
Analisar os riscos de acidentes de trabalho no ambiente hospitalar e seus impactos na segurança dos trabalhadores da saúde.
Metodologia
Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, de natureza qualitativa e quantitativa, com recorte temporal de 2005 a 2021, utilizando as bases Scientific Electronic Library Online, Fiocruz e outras fontes oficiais. Foram incluídos artigos nacionais com texto completo em português ou espanhol, que abordaram acidentes de trabalho no ambiente hospitalar. Os descritores utilizados foram: “riscos ocupacionais”, “acidentes de trabalho”, “pessoal de Saúde”, “hospitais” e “saúde Ocupacional”. A busca resultou em 12 publicações, das quais 3 foram selecionadas após aplicação dos critérios e leitura dos resumos.
Resultados
As publicações revisadas apontam que os riscos de acidentes de trabalho em hospitais estão relacionados ao uso inadequado de perfurocortantes, contato com materiais biológicos, movimentação incorreta de pacientes e falhas no uso de equipamentos de proteção individual. Apesar do conhecimento técnico e das normas estabelecidas, esses acidentes persistem devido à naturalização do risco, à repetição de práticas automatizadas e à pressão por agilidade no atendimento. Soma-se a isso a frequente subnotificação dos incidentes, impulsionada pelo medo de punições ou pela descrença em mudanças institucionais.
Conclusões/Considerações
Os acidentes de trabalho no ambiente hospitalar comprometem a saúde física e mental dos trabalhadores, afetando também sua segurança emocional, confiança na instituição e desempenho profissional. Para superar esse cenário, é necessário mais que normas; é fundamental valorizar os profissionais, promover apoio psicológico e fortalecer uma cultura organizacional segura e preventiva.
A SAÚDE DO TRABALHADOR DE UM HOSPITAL PÚBLICO SOB GESTÃO PRIVADA: PRINCIPAIS IMPACTOS NO TRABALHO E NO ADOECIMENTO MENTAL DOS PROFISSIONAIS
Pôster Eletrônico
1 UFES
2 Universidade de Massachusetts
Apresentação/Introdução
Transformações no campo do trabalho em saúde, como políticas neoliberais que substituem a gestão pública pela gestão privada, geram novos processos de adoecimento no trabalhador, gerando agravos que devem ser investigados a partir da ótica de quem adoece. As doenças mentais são um fenômeno crescente neste público, que onera o sistema público e compromete a qualidade dos serviços prestados.
Objetivos
Descrever os impactos do trabalho no adoecimento mental dos trabalhadores de um hospital público sob gestão privada no Espírito Santo, identificando principais doenças e causas.
Metodologia
Utilizou-se método qualitativo exploratório, com entrevistas semiestruturadas feitas em 2019-2020 com 40 pessoas das equipes médica, enfermagem, administrativa e multidisciplinar. Tratou-se de um estudo de caso de hospital público estadual com gestão privada, por meio de Organizações Sociais de Saúde, no estado do Espírito Santo, única unidade hospitalar no estado com gestão mista e mão de obra de variados tipos vínculos de trabalho. A amostra foi obtida aleatoriamente, conforme disponibilidade e aceitação, de forma que incluísse formações, ocupações e setores representativos do organograma hospitalar. Procedeu-se à análise temática dos dados, auxiliada pelo software MAXQDA1.
Resultados
Os profissionais percebem o contexto adoecedor do hospital e o impactos do tipo de gestão na saúde. Os afastamentos do trabalho se ampliaram com as mudanças na gestão, comprometendo a qualidade e sobrecarregando os profissionais. O adoecimento mental foi o que mais acometeu os trabalhadores do serviço, sendo enfatizados: estresse excessivo, ansiedade, síndrome do pânico, depressão e burnout, insônia. As causas relacionadas foram: precariedade, sofrimento, violências (dos usuários e acompanhantes, dos colegas e gestores) e sobrecarga de trabalho (imposta pelo empregador e pelo acúmulo de cargos).
Conclusões/Considerações
Saúde integral do trabalhador é direito e deve ser prioridade na gestão hospitalar. Doenças mentais no trabalho precisam ser pesquisadas, prevenidas e detectadas precocemente. É fundamental criar espaços institucionais de escuta e acolhida, considerar fatores de risco psicossociais, entender o impacto dos tipos de políticas de gestão, ampliar pesquisas, implementar mudanças gerenciais focadas no trabalhador e na qualidade dos serviços prestados.
GINÁSTICA LABORAL COMBINADA COM EDUCAÇÃO EM SAÚDE: REPERCUSSÕES NAS QUEIXAS MUSCULOESQUELÉTICAS DE TRABALHADORES E TRABALHADORAS DE UM RESTAURANTE INDUSTRIAL
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
A preparação de refeições em restaurantes industriais é uma atividade complexa, exige que os trabalhadores executem movimentos repetidos, gerando sobrecarga biomecânica e manutenção das posturas por longos períodos. Estas atividades podem levar a distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho. Neste contexto, a ginástica laboral (GL) tem relevância na promoção da saúde do trabalhador.
Objetivos
Avaliar a efetividade de um programa de ginástica laboral combinado com educação em saúde, em relação às queixas musculoesqueléticas de trabalhadores de um restaurante industrial na capital de São Paulo.
Metodologia
Trata-se de um estudo de intervenção longitudinal com 31 funcionários de um restaurante industrial, realizado no período de setembro de 2022 a julho de 2024. A pesquisa foi organizada em três etapas, sendo respectivamente, a avaliação, intervenção e reavaliação. A avaliação e reavaliação consistiu na coleta de dados sociodemográficos e aplicação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), via Formulário Google. A intervenção foi a realização de programas de GL combinados com temas de educação em saúde, distribuídos em 10 min de abordagem educativa, 15 min de exercícios ativos e 05 min de relaxamento. Na análise dos dados foi realizado o teste-t pareado.
Resultados
Para análise do QNSO, foi realizado o teste-t pareado a fim de se verificar se houve diferenças entre a primeira e a segunda avaliação para a quantidade de áreas com sintomas osteomusculares nos últimos 12 meses, a quantidade de áreas com sintomas osteomusculares nos últimos 7 dias. A quantidade de áreas com dor nos últimos 12 meses foi menor na segunda avaliação em comparação com a primeira (Av.1:5,6±2,5; Av.2:4,4±2,4; P=0,016; d=0,46[95%IC:0,09;0.83]). A quantidade de áreas com dor nos últimos 7 dias foi menor na segunda avaliação em comparação com a primeira (Av.1:4,7±2,8; Av.2:2,5±2,0; P=0,016; d=0,84[95%IC:0,43;1,25]). As ações educativas contribuíram no processo de cuidado da saúde.
Conclusões/Considerações
O impacto da intervenção foi positivo na melhora das queixas álgicas dos trabalhadores. Os temas propostos para as atividades de educação em saúde contribuíram para ampliar o cuidado em saúde no ambiente de trabalho e em atividades externas ao espaço de trabalho. Assim, a combinação da ginástica laboral com educação em saúde permitiu a diminuição de queixas musculoesqueléticas e a expansão do olhar do trabalhador para o cuidado em saúde.
TRABALHO PRECÁRIO E SUICÍDIO: ESTUDO CASO-CONTROLE EM TRABALHADORES E TRABALHADORAS DE SALVADOR-BAHIA (2022 – 2023)
Pôster Eletrônico
1 ISC UFBA
2 FAMEB UFBA
Apresentação/Introdução
Trabalho precário é uma das causas para suicídio potencialmente relacionados ao trabalho. A despeito de existirem alguns estudos investigando a associação de comportamento suicida com trabalho precário, nenhum empregou escalas multidimensionais com construto teórico embasado, como a Escala de Precariedade do Emprego (EPRES).
Objetivos
O objetivo deste estudo é investigar se há uma associação entre exposição ao trabalho precário e comportamento suicida na população de trabalhadores de Salvador.
Metodologia
Estudo de caso-controle exploratório com 29 casos e 151 controles, entrevistados por telefone entre dezembro de 2022 e outubro de 2023. A partir de uma amostragem não probabilística, foi empregada a estatística analítica para definição da magnitude da razão das medidas de frequências, bem como a direcionalidade das mesmas. Realizou-se etapa descritiva das variáveis categóricas, obtendo-se as frequências absolutas e relativas para casos e controles. Em seguida, análises bivariadas, via regressão logística (RL), com todas as covariáveis, produziram as razões de chances, que foram ajustadas na sequência da análise, por idade e sexo.
Resultados
Observou-se associação positiva entre trabalho precário e violência autoprovocada, e essa associação foi sustentada mesmo após ajuste para sexo e idade. A diferença de magnitude foi de até 13,3%. Encontrou-se razão de chances positiva para a maioria das variáveis com o desfecho em estudo, exceto para horas domésticas e ser cuidador de pessoas enfermas ou idosos, que não mostraram associação. As maiores magnitudes de associação foram Autopercepção de saúde negativa (OR 2,46), Uso problemático de álcool (OR 2,51) e rastreamento (positivo) para Transtorno Depressivo Maior (OR 2,24).
Conclusões/Considerações
A associação positiva de trabalho precário com violência autoprovocada ora apontada neste estudo alerta para os efeitos deletérios das novas transformações do trabalho. Este estudo deve informar políticas públicas a partir do princípio da precaução.
ASPECTOS QUALITATIVOS – “ENTRE A SOBRECARGA E A RESISTÊNCIA: OS EFEITOS DA PANDEMIA NA SAÚDE DOS TRABALHADORES(AS) NA GESTÃO DO SUS”
Pôster Eletrônico
1 Universidade de Brasília - UnB
2 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
A pandemia de Covid-19 trouxe desafios inéditos ao trabalho na gestão pública em saúde. No Ministério da Saúde, intensificou vulnerabilidades, gerando sobrecarga, desorganização, precarização e impactos na saúde física e mental. O estudo analisa, sob a ótica dos trabalhadores, as transformações laborais e seus efeitos ocupacionais.
Objetivos
O estudo busca identificar transformações e fatores ligados à saúde dos trabalhadores do MS na pandemia, descrevendo dados sociodemográficos, analisando associações com condições de trabalho e avaliando percepções sobre os impactos laborais.
Metodologia
Estudo observacional, descritivo e transversal, com 756 trabalhadores da gestão do MS (servidores, temporários, DAS, bolsistas, estagiários e terceirizados), atuantes durante a pandemia. Dados coletados (jul-out/2021) via Google Forms, com questionário sobre dados sociodemográficos, saúde e trabalho. Respostas abertas foram analisadas por análise temática. O estudo obedeceu à Resolução 466/12 e foi aprovado pelo CEP (CAAE 43628921.2.0000.000).
Resultados
A análise qualitativa revelou cinco categorias de impacto: sobrecarga de trabalho com aumento das demandas e falta de pessoal; problemas de gestão com mudanças frequentes nas chefias e dificuldades no trabalho remoto; condições físicas inadequadas; agravamento da saúde mental com ansiedade, medo e insônia; e falta de reconhecimento e apoio institucional, com cobranças excessivas e ausência de valorização dos esforços.
Conclusões/Considerações
O estudo mostrou que a pandemia agravou vulnerabilidades nas condições de trabalho na gestão pública de saúde. Urge ao MS adotar políticas de promoção da saúde, modernização institucional e gestão humanizada, valorizando os trabalhadores e garantindo serviços públicos de qualidade.
O IMPACTO DA DEMANDA EMOCIONAL DE ESTUDANTES NO TRABALHO E NA SAÚDE MENTAL DOS DOCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PRIVADA A PARTIR DA PANDEMIA DE COVID-19
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
2 Universidade Federal da Bahia – UFBA
3 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Apresentação/Introdução
Em virtude do período pandêmico, estudantes foram afetados por novas demandas emocionais que se refletiram no cotidiano das aulas presenciais. Essa nova demanda levou docentes a serem responsabilizados pela saúde emocional de seus estudantes. Tal contexto, não acompanhado de apoio institucional, suscitou implicações no trabalho e na saúde mental desses trabalhadores.
Objetivos
Compreender as implicações da demanda emocional de estudantes a partir da pandemia de covid-19 no trabalho docente e como isso afetou a saúde mental de professores do ensino fundamental da rede privada.
Metodologia
Os princípios metodológicos dessa pesquisa se embasaram na abordagem qualitativa de caráter compreensivo, com utilização de entrevistas em profundidade como técnica de pesquisa. O estudo foi desenvolvido com docentes do ensino fundamental da rede privada de Salvador. A coleta de dados foi realizada entre os meses de fevereiro e junho de 2024. Com as narrativas dos docentes entrevistados, foram organizadas categorias temáticas para proporcionar a análise das informações fundamentada na fenomenologia da hermenêutica compreensiva-interpretativa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, de acordo o parecer número 6.607.287.
Resultados
Após o fim da Emergência em Saúde Pública da pandemia de covid-19, os docentes se sentiram expostos a uma maior demanda mental, o que exigiu deles mais tempo e atenção aos aspectos emocionais das suas turmas. Eles buscaram respeitar as subjetividades de cada estudante, no entanto não possuíam uma formação específica para corresponder a essa demanda. Cada estudante reagiu de maneira diferente, o que ocasionou um sentimento de incerteza nos docentes sobre como agir e o que poderia ocorrer. Sentindo-se desamparados em relação ao apoio escolar diante das novas demandas, experienciaram uma sobrecarga que afetou sua saúde mental, com sentimentos e emoções que poderiam levá-los a sofrimento.
Conclusões/Considerações
As demandas emocionais de estudantes refletiram-se na sobrecarga de trabalho, sobretudo na saúde mental docente. Essa situação se agravou com a falta de um suporte profissional/emocional. Na conjuntura educacional pós-pandêmica, considerando aspectos abordados neste trabalho, há necessidade de uma reflexão sobre planos pedagógicos que reconheçam e assegurem recursos de apoio à saúde mental de estudantes e professores.
A RELAÇÃO COM A MORTE E A FINITUDE COMO FATOR DE RISCO PSICOSSOCIAL PARA AS CATEGORIAS DA ENFERMAGEM NO CONTEXTO HOSPITALAR
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Apresentação/Introdução
Com a inclusão dos riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) pela atualização da Norma Regulamentadora 01 (NR-01), a saúde mental equipara-se à física no campo da segurança ocupacional. Neste trabalho, consideramos a presença da morte e da finitude no cotidiano da atuação de profissionais da enfermagem hospitalar como fator de risco psicossocial para estes trabalhadores.
Objetivos
Analisar como a exposição à morte e à finitude na prática da enfermagem hospitalar se configura como fator de risco psicossocial, discutindo as implicações para a saúde mental e o cuidado destes trabalhadores.
Metodologia
Este relato de pesquisa qualitativa é resultado parcial do mestrado da autora principal no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade do Rio de Janeiro. Trata-se da articulação de revisão narrativa da literatura científica e relato de experiência. Primeiramente, realizou-se um levantamento bibliográfico sobre a morte e o morrer no contexto hospitalar e na atuação da equipe de enfermagem. Em seguida, este material foi analisado em diálogo com a vivência da autora principal como psicóloga no cuidado a estes profissionais, buscando compreender a configuração do fenômeno como risco psicossocial e suas implicações para o sofrimento psíquico do trabalhador
Resultados
Principalmente a partir do século XX, o hospital é um dos lugares onde é socialmente aceito que a morte se apresente, de outro modo, velada no campo social. A equipe de enfermagem hospitalar vivencia a morte e finitude de forma cotidiana e singular, considerando o vínculo específico que estabelecem com os pacientes, devido ao cuidado corpo-a-corpo. Revelou-se que esta exposição constante traduz-se na sensação de frustração e impotência, especialmente diante da impossibilidade de cura em alguns casos. Este cenário se manifesta na possibilidade de adoecimento psíquico e, por vezes, na manifestação de luto, configurando-se como um significativo risco psicossocial para estes trabalhadores.
Conclusões/Considerações
A partir da NR-01, o estudo considera a exposição à morte como risco psicossocial à enfermagem hospitalar, demandando ações institucionais de cuidado ocupacional. Recomenda-se a implementação de serviços de acolhimento em saúde mental, articulando o atendimento individual à dispositivos coletivos (rodas de conversa, grupos operativos, oficinas terapêuticas) para elaboração de vivência da finitude e do sofrimento psíquico no trabalho.
NOTIFICAÇÕES DE TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO ESTADO DE GOIÁS NO PERÍODO DE 2015 A 2025: UMA ANÁLISE POR DESFECHO E SEXO
Pôster Eletrônico
1 Discente PPGSC/IPTSP-UFG
Apresentação/Introdução
A relação entre saúde mental e trabalho é complexa e pode ocultar como o trabalho contribui para o sofrimento psíquico. Diversas formas de adoecer e a dificuldade de reconhecer os distúrbios dificultam associar o nexo causal. A notificação compulsória de Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT) pode ajudar a identificar e monitorar questões de saúde mental entre os trabalhadores.
Objetivos
Investigar o desfecho das evoluções de casos das notificações de Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT) em relação ao sexo no estado de Goiás.
Metodologia
Foi realizado estudo observacional ecológico descritivo a partir dos dados de notificações de Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT) no estado de Goiás no período de 2015 a 2025, extraídos do DATASUS. Na base de dados foi estabelecida abrangência geográfica e intervalo temporal de interesse, posteriormente foi definida como variável preditora “sexo” dos trabalhadores notificados e a variável de desfecho foi “evolução do caso”. Os dados foram organizados em uma planilha no Microsoft Excel 365 e submetidos a análise estatística. Este estudo baseou-se exclusivamente em dados secundários de domínio público.
Resultados
A partir dos dados analisados, observou-se predominância de notificações do sexo feminino com 80,9% contra 19,1% do sexo masculino. A variável de interesse correspondente a “evolução de caso” apresentou 07 desfechos, sendo eles “Cura; Cura não Confirmada; Incapacidade Temporária; Incapacidade Permanente Parcial, Incapacidade Permanente Temporária; Ign/Branco e Outra”. Os desfechos com maior concentração foram “Incapacidade Temporária” em ambos os sexos, com 49,3% no sexo feminino e 45,4% no sexo masculino; “Ign/Branco” com 27,9% no sexo feminino; “Outra” com 24,24% no sexo masculino e “Cura não Confirmada” com 9,09% no sexo masculino e 8,6% no feminino.
Conclusões/Considerações
A subnotificação de TMRT em Goiás prejudica a compreensão da magnitude do problema e a implementação de ações de saúde pública eficazes. Observou-se prevalência de notificações no sexo feminino, sendo “Incapacidade Temporária” o principal desfecho. Recomenda-se promover a conscientização dos profissionais sobre o preenchimento da notificação e a adoção de medidas de prevenção, como forma de reduzir os impactos na saúde mental do trabalhador.
SAÚDE POR MEIO DO COLETIVO: UMA ANÁLISE DE INICIATIVAS COOPERATIVAS DE ENTREGADORES EM TEMPOS DE PLATAFORMIZAÇÃO DO TRABALHO
Pôster Eletrônico
1 ENSP/FIOCRUZ
2 IP/UFRJ
Apresentação/Introdução
Este trabalho propõe realizar um relato sobre uma pesquisa de mestrado ainda em andamento que compõe um projeto interinstitucional de pesquisa em parceria do Instituto de Psicologia/UFRJ com a ENSP/Fiocruz sobre saúde e direitos de trabalhadores de plataformas digitais.
Objetivos
Tendo como foco uma cooperativa de entregadores, pretende-se analisar como a dimensão coletiva pode ser um agente produtor de saúde em alternativa à plataformização do trabalho no Brasil.
Metodologia
Serão analisados os materiais de entrevistas semiestruturadas e encontros sobre trabalho com os trabalhadores da cooperativa por meio de categorização temática, conforme os princípios da análise de conteúdo (Bardin, 2016), tendo como referencial teórico-metodológico a Ergologia (Schwartz, 2010). A partir da análise dos resultados parciais visa-se discutir as possibilidades e os entraves para o desenvolvimento pleno da cooperativa como um dos caminhos alternativos visando a promoção da saúde.
Resultados
A plataformização do trabalho no Brasil representa uma atualização das formas históricas de exploração da força de trabalho. No caso dos entregadores, a mediação por plataformas digitais tem aprofundado a precarização impondo jornadas extenuantes, remuneração reduzida, insegurança financeira gerada por métricas algorítmicas e exposição cotidiana a riscos (ALVAREZ et al 2021). Nesse cenário a autogestão e o cooperativismo se articulam em torno da defesa de uma maior autonomia na gestão da atividade de trabalho, da reapropriação dos meios digitais e da definição coletiva das regras de trabalho, aspectos centrais para a promoção de condições mais justas e saudáveis de trabalho.
Conclusões/Considerações
Assim, essa investigação, ainda em curso, se insere em um campo crítico que problematiza os efeitos do neoliberalismo nas formas contemporâneas de trabalho, propondo compreender as alternativas autogeridas não apenas como formas de resistência econômica, mas também como práticas de cuidado, autonomia e produção de saúde coletiva.
PERFIL DOS CASOS DE COVID-19 ENTRE TRABALHADORAS (ES) DE SAÚDE REGISTRADOS NO SINAN COMO ACIDENTES DE TRABALHO, BRASIL, 2020-2023
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UEFS
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 representou um desafio para os serviços de saúde e expôs os trabalhadores da atividade a elevado risco de contaminação. O reconhecimento da COVID-19 como acidente de trabalho permite dimensionar seus impactos e evidencia a vulnerabilidade dessa força de trabalho essencial.
Objetivos
Analisar o perfil desses casos notificados de COVID-19 entre trabalhadoras (es) de saúde notificados como acidentes de trabalho no SINAN.
Metodologia
Estudo epidemiológico exploratório de casuística com casos de COVID-19 registrados como acidentes de trabalho (AT) no SINAN entre trabalhadoras (es) de saúde, no período de 2020 a 2023. Foram considerados trabalhadores de saúde (TS) todos aqueles trabalhadores, acima de 18 anos, que exercessem suas atividades direta ou indiretamente na prestação de serviços de saúde, públicos ou privados, nas organizações e estabelecimentos de saúde, independentemente da sua formação profissional. Variáveis sociodemográficas e ocupacionais, além da evolução dos casos, foram analisadas percentualmente.
Resultados
Dos 63.746 casos de COVID-19 registrados como AT entre TS, a maioria foi feminina (79,6%), negra (40,5%), 31-50 anos (63,1%), com ensino médio completo (43,4%), nas ocupações técnicas de enfermagem (38,9%) e enfermeiras (17,4%),na atividade econômica atividade hospitalar (57,1%), empregadas com carteira assinada (37,5%), sem Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) registrada (35,8%), com atendimento médico (88,1%) e evoluindo para a cura (74,9%). O ano de 2020 acumulou 39,7% das notificações, com as regiões Nordeste (31,6%) e Sul (30,9%) concentrando a maior parte de notificações. Nenhum dos casos notificados evoluiu para óbito. A gestação foi registrada em 0,9% dos casos entre mulheres.
Conclusões/Considerações
A COVID-19 afetou enfermeiras e técnicas em enfermagem, que executam a assistência, revelando a relação com o trabalho executado. Apesar da maior proporção de vínculo formal, a ausência de emissão da CAT indica negligência dos empregadores em reconhecer a doença como relacionada ao trabalho. Isso é grave, especialmente porque mulheres negras foram as mais afetadas, já que a emissão da CAT é fundamental para ações de proteção trabalhista.
PRECARIZAÇÃO DAS RELAÇÕES E DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA MINERAÇÃO: ESTUDO JUNTO AOS TRABALHADORES DO SETOR MINERAL EM UMA REGIÃO DE MINAS GERAIS.
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Municipal de Saúde de Mariana/MG
2 UFMG
Apresentação/Introdução
As transformações que ocorrem no mundo do trabalho, particularmente após a pandemia de Covid-19, têm conduzido a um processo de precarização das relações e condições laborais, em diversos segmentos de trabalho, inclusive no setor mineral brasileiro. Na região pesquisada, destaca-se que a mineriodependência contribui para intensificar a precarização, prejudicando a saúde dos trabalhadores do setor.
Objetivos
Discutir a Saúde Mental de trabalhadores da mineração diante da sobreposição de três tragédias de grande repercussão: rompimento da barragem de Fundão em Mariana-MG, da barragem da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho-MG e Pandemia de COVID-19.
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa que busca os “significados que as pessoas atribuem às suas experiências do mundo social” (POPE & MAYS, 2009, p.14), assentada na psicodinâmica do trabalho. Utilizou-se como instrumento, entrevistas em profundidade com informantes-chave (MINAYO, 2014). Todos os 11 trabalhadores, sendo 1 trabalhadora, que participaram do estudo assinaram o TCLE. Os entrevistados têm idades entre 35 e 61 anos e tempo de trabalho na mineração entre 10 e 27 anos. Destes, 04 trabalhadores estavam em dedicação exclusiva às atividades sindicais, 01 em licença saúde e 06 trabalhando cotidianamente nas minas. As entrevistas foram analisadas segundo Análise de Conteúdo de BARDIN (2016).
Resultados
Os resultados indicaram que as tragédias citadas, comprometeram a saúde dos trabalhadores em diversos aspectos, em especial a saúde mental. No entanto, o que mais tem impactado na saúde mental é a intensificação da precarização do trabalho na mineração, através da redução do número de trabalhadores nas equipes; intensificação do ritmo de trabalho; redução salarial; redução dos direitos garantidos em acordos coletivos e, principalmente, a implantação do turno fixo de doze horas. Destaca-se que o turno fixo foi inserido no auge da pandemia de COVID-19. A precarização tem levado os trabalhadores ao uso abusivo de álcool e outras drogas, além de buscar novas fontes de renda em trabalhos extras.
Conclusões/Considerações
Aponta-se que a precarização do trabalho tem se perpetuado como fator permanente e longitudinal na mineração. Os impactos das tragédias, somados ao medo do desemprego têm conduzido os trabalhadores do setor ao adoecimento. Sugere-se aos sindicatos que criem espaços de acolhimento dos trabalhadores, contribuindo com as ações coletivas, ampliando esta discussão, junto aos familiares, órgãos públicos e toda sociedade em territórios minerados.
PRESENTEÍSMO AUTORREFERIDO POR DOCENTES DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
Pôster Eletrônico
1 UFCA
Apresentação/Introdução
Presenteísmo é a permanência no trabalho mesmo diante de condições físicas, cognitivas ou emocionais adversas, que reduzem a capacidade laborativa. O conceito envolve dimensões individuais e organizacionais, e seu reconhecimento é fundamental para compreender impactos ocultos sobre a saúde e a produtividade.
Objetivos
Analisar a expressividade do presenteísmo de docentes na pós-graduação e seu impacto sobre a saúde mental no contexto do trabalho.
Metodologia
Pesquisa descritiva, quantitativa, realizada em uma universidade pública do interior do Ceará, Brasil, com docentes de cursos de pós-graduação stricto sensu, os quais responderam o questionário de Situação de Presenteísmo (SPS-6). Os dados foram coletados no primeiro trimestre de 2025 e analisados no software estatístico SPSS versão 23.0, por estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer n° 5.204.611, sendo uma produção integrada de pesquisadores do curso de graduação em medicina e do Mestrado Profissional em Rede Nacional em Saúde da Família (PROFSAÚDE).
Resultados
Dos 36 docentes, 52,8% eram homens, com média de idade de 45,3 (±7,9) anos, com 14,5 (±4,9) anos de atuação no magistério superior e seis (±4,2) destes, em cursos stricto sensu, as áreas predominantes foram Ciências Sociais Aplicadas (27,8%), Saúde (25%) e Exatas (19,4%). A maioria dedicava mais de 40 horas semanais à docência superior (47,2%), sendo que 66,6% destinavam até oito horas à pós-graduação. Cerca de 44% afirmaram trabalhar adoecidos nos últimos 30 dias, dos quais, 41,7% com indisposição ou fadiga por 1 a 2 dias, e 36,1% com dificuldade de concentração. Apesar disso, 41,7% asseguraram manter a produtividade.
Conclusões/Considerações
Os achados indicam alta ocorrência de presenteísmo, com efeitos adversos potenciais sobre o bem-estar e a qualidade do trabalho docente na pós-graduação.
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A ANSIEDADE EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário Unicambury
2 Universidade Federal de Goiás (UFG)
Apresentação/Introdução
A docência universitária apresenta uma série de desafios que impactam diretamente a saúde física e mental dos professores, potencializando o desenvolvimento da ansiedade de forma exacerbada. Assim, surgiu a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre esse fenômeno e fornecer subsídios para ações interventivas mais eficazes voltadas à saúde mental docente.
Objetivos
Investigar os fatores associados ao desenvolvimento da ansiedade em docentes universitários, estimar sua prevalência, identificar os principais elementos que contribuem para seu surgimento e discutir as relações desses fatores e o adoecimento mental.
Metodologia
A presente pesquisa refere-se a uma revisão integrativa da literatura, realizada em três bases de dados eletrônicas: PubMed/Medline, PePsic e Scielo. Para o levantamento dos estudos, utilizou-se os descritores “docentes”, “professores universitários”, “transtornos de ansiedade”, “ansiedade” e “saúde mental” em português e em inglês, cruzados pelo operador booleano AND. Foram considerados estudos observacionais, publicados nos últimos 10 anos, cuja população seja professores universitários e artigos encontrados na lista de referência de estudos relacionados ao tema. Foram excluídos artigos de revisão e opinião, relatos de caso, dissertações, teses, anais de congressos, cartas ao editor e livros.
Resultados
A busca resultou em um total de 328 artigos, dos quais 4 foram selecionados, publicados entre os anos de 2021 e 2024, todos referentes ao período da COVID-19 e realizados em território brasileiro. De acordo com os achados, a prevalência de sintomas de ansiedade variou entre 34,6% e 50%. Os principais fatores associados à ansiedade encontrados foram a sobrecarga de trabalho, relações interpessoais, especialmente o estado civil, insegurança profissional, falta de apoio institucional, ser mulher e tempo de docência. Ressalta-se que durante a COVID-19, docentes universitários, em especial da saúde, enfrentaram um aumento exorbitante na carga de trabalho, contribuindo para o aumento da ansiedade.
Conclusões/Considerações
Devido a escassez de estudos relacionados ao tema além do período da COVID, a discussão se expandiu para além do período pandêmico, buscando paralelos e contrastes com a realidade de professores do ensino médio, infantil e fundamental. Os achados apontam que, antes da emergência sanitária, já se constatava sinais do adoecimento psíquico relacionados à precarização do trabalho docente, indicando a necessidade de mudanças estruturais na profissão.
COVID-19 E DESASTRE-CRIME DO DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO: PROCESSOS DE VULNERABILIZAÇÃO QUE ATRAVESSAM A VIDA DOS(AS) PESCADORES(AS) ARTESANAIS DO LITORAL PERNAMBUCANO
Pôster Eletrônico
1 Instituto Aggeu Magalhães-Fiocruz PE
2 Instituto Aggeu Magalhães-Fiocruz PE, Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN
Apresentação/Introdução
Para as comunidades da pesca artesanal, o trabalho significa vida e saúde e é fortemente afetado por desastres e emergências climáticas. O desastre-crime do derramamento de petróleo ocorrido em 2019 e a Covid-19 intensificaram os processos de vulnerabilização já sofridos pelas comunidades da pesca artesanal pernambucana e impactaram negativamente a vida e saúde dessas populações.
Objetivos
Compreender os efeitos sinérgicos do desastre-crime do derramamento de petróleo e da COVID-19 na vida dos pescadores artesanais do litoral pernambucano.
Metodologia
O estudo foi realizado entre setembro de 2021 a agosto de 2022, nos 16 municípios do litoral Pernambucano. Foi desenvolvido um inquérito epidemiológico junto a 1.259 pescadores(as) artesanais e entrevistas semiestruturadas com 55 pescadores(as), totalizando 1314 pessoas. Foi realizada uma análise descritiva dos dados quantitativos e uma análise de conteúdo das entrevistas semiestruturadas, refletindo os achados a partir da teoria da determinação social. Os dados foram sistematizados em forma de mapa mental, trazendo aspectos socioeconômicos, de trabalho, saúde e os efeitos sinérgicos ocasionados pela covid-19 e pelo desastre-crime do derramamento de petróleo.
Resultados
A maior parte mulheres, com rendimento insuficiente para sobrevivência familiar, baixas condições socioeconômicas e de escolaridade, apresentavam doenças autorreferidas e que já haviam interferido na rotina de trabalho, além disso, relataram baixo vínculo com as equipes de saúde do território. O desastre-crime do derramamento de petróleo e a covid-19 ocasionaram efeitos sinérgicos, com impactos socioeconômicos e no trabalho, como a redução do trabalho e da renda e, na covid-19, da interação social. No desastre, danos ambientais. Na saúde, eles geraram sintomas após a exposição e adoecimentos, na covid-19, morte. Essas situações também intensificaram o sofrimento mental nessas populações.
Conclusões/Considerações
Há uma ecodependência dos(as) pescadores(as) artesanais e por isso, o desastre-crime do derramamento do petróleo e a Covid-19 se somaram e intensificaram os processos de vulnerabilização sofridos. Outras pesquisas devem ser desenvolvidas para aprofundar esses efeitos sinérgicos a curto e longo prazo. Ainda, é preciso criar estratégias intersetoriais de cuidado e vigilância em saúde para atender às necessidades dessas populações.
MULHERES QUE SUSTENTAM O SUS: VIVÊNCIAS DAS AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE ENTRE O CUIDADO, A PRECARIZAÇÃO E A RESISTÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UFRB
Apresentação/Introdução
Análise das condições laborais e experiências de 8 ACS mulheres, explorando interseções entre gênero, precarização do trabalho e sustentação do SUS na atenção básica. Busca-se ampliar a visibilidade dessas trabalhadoras e subsidiar políticas públicas que valorizem sua atuação.
Objetivos
Análise das condições laborais e experiências de 8 ACS mulheres, explorando interseções entre gênero, precarização do trabalho e sustentação do SUS na atenção básica. Investigar como as ACS vivenciam a contradição entre seu papel essencial no SUS e as condições precárias de trabalho, com foco em: impactos da precarização na saúde física/mental; violências de gênero no território; estratégias coletivas de resistência.
Metodologia
Metodologia e processo da produção: Pesquisa qualitativa com abordagem etnoepidemiológica, utilizando grupo focal com 8 ACS da USF Bela Vista. As discussões foram gravadas, transcritas e analisadas mediante análise temática (Braun & Clarke), com categorização pós-coleta que identificou três eixos: precarização laboral, violência de gênero e resistência. A pesquisa-ação permitiu integrar diagnóstico e proposições práticas, com devolução dos resultados às participantes. Cumpriu-se rigor ético (anonimato, consentimento).
Resultados
Três dimensões emergiram: A Precariedade estrutural: jornadas exaustivas ("Já estamos doentes"), falta de recursos e dificuldade de acesso a serviços que elas próprias operam; As violências de gênero: assédio naturalizado durante visitas domiciliares e ausência de protocolos de proteção ("Antes não sabíamos identificar o assédio"); resistência coletiva: mobilização por direitos (PEC da aposentadoria) e reconhecimento do papel político ("Somos a voz do povo"). As ACS demonstram resiliência ao transformar adversidades em ações comunitárias.
Análise crítica e impactos da produção: O estudo revela como a desvalorização do trabalho feminino e o subfinanciamento do SUS se materializam no cotidiano das ACS, perpetuando ciclos de adoecimento. A naturalização das violências reflete as estruturas patriarcais enraizadas nos serviços de saúde. Contudo, as estratégias de resistência apontam caminhos transformadores: a organização coletiva mostrou-se fundamental para enfrentar a precarização. A pesquisa impacta ao documentar experiências tradicionalmente invisibilizadas, oferecer subsídios para políticas de valorização profissional, fortalecer o debate sobre gênero e saúde pública.
O estudo revela a precariedade das ACS: jornadas exaustivas, falta de recursos e acesso limitado aos serviços que gerenciam. Expõe violências de gênero, como assédio naturalizado em visitas, e a falta de proteção institucional. Destaca sua resistência coletiva, mobilização por direitos (PEC da aposentadoria) e reconhecimento político. Mesmo enfrentando adversidades, transformam lutas em ações comunitárias, reafirmando seu papel essencial no SUS.
Conclusões/Considerações
As ACS sustentam diariamente o SUS, mas são vítimas de um sistema que explora seu trabalho como "vocação". Este estudo evidencia a urgência de: melhores condições laborais (jornadas, remuneração, proteção),
Protocolos contra violências de gênero e Reconhecimento institucional de seu papel político. As narrativas coletadas demonstram que a transformação do SUS passa necessariamente pela valorização dessas mulheres - não como "heroínas", mas como trabalhadoras dignas de direitos. A pesquisa reforça a necessidade de ouvi-las não como meras executoras, mas como protagonistas na construção de políticas públicas mais justas.
ÓBITOS DE TRABALHADORES AGROPECUÁRIOS POR DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CRÔNICAS, BRASIL, 2014–2022
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFBA
Apresentação/Introdução
Com a transição demográfica, cresce a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, sendo as Doenças Respiratórias Crônicas (DRC) importantes causas de morte no Brasil. A exposição ocupacional a agentes nocivos pode contribuir para a morbimortalidade por essas doenças respiratórias. Trabalhadores agropecuários, submetidos a condições exaustivas e precárias, são especialmente vulneráveis.
Objetivos
Descrever o perfil dos óbitos por doenças respiratórias crônicas entre trabalhadores agropecuários (2014–2022), no Brasil, por variáveis demográficas e geográficas.
Metodologia
Estudo epidemiológico descritivo baseado na análise de microdados de óbitos com causa básica respiratória no Brasil, entre 18 e 69 anos, no período 2014–2022. Os registros foram obtidos pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), considerando a causa básica de óbito J40 a J47 e trabalhadores agropecuários (CBO: 61, 62, 63, 64). Foram analisadas variáveis demográficas (sexo, idade, raça/cor, escolaridade e estado civil), assistencial, tipologia do município e distribuição geográfica. Não houve necessidade de aprovação ética, por se tratar de dados secundários públicos e não identificáveis do DATASUS/MS.
Resultados
Dos 47.938 óbitos por DRC entre trabalhadores, 12.234 (25,5%) ocorreram em trabalhadores agropecuários. Destes, 69,6% eram do sexo masculino, 64,3% tinham entre 60 e 69 anos, 49,3% pardos, 64,7% possuíam até 7 anos de estudo, 41,5% casados, e cerca de 60,6% dos óbitos tiveram assistência médica. As regiões Nordeste (38,5%) e Sul (24,9%) concentraram a maior proporção. Sobre a tipologia, os óbitos foram predominantes nas áreas urbanas e rurais adjacentes (41,0% cada). Entre os subgrupos, destacou-se a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (J44), com 81,5% dos óbitos, seguida por bronquite não especificada (J40–J42) com 9,3% e enfisema pulmonar (J43) com 6,4%.
Conclusões/Considerações
A mortalidade proporcional por DRC entre trabalhadores agropecuários representou 25% do total de óbitos. Foi mais elevada entre homens pardos, idosos, casados e com baixa escolaridade. Múltiplas exposições, a nível individual (agrotóxicos, poeira etc.) e a nível coletivo (queimadas), podem ser fatores contribuintes. Há necessidade de atenção da vigilância do trabalhador, juntamente com as demais vigilâncias, para a proteção desses trabalhadores.
PERFIL SOCIOECONÔMICO, DEMOGRÁFICO E DE INSEGURANÇA ALIMENTAR ENTRE TRABALHADORES DE ENTREGA DE REFEIÇÕES POR APLICATIVO DA CIDADE DO RECIFE-PE
Pôster Eletrônico
1 UFPE
Apresentação/Introdução
O crescimento das plataformas digitais de trabalho remodelou as dinâmicas laborais, especialmente entre entregadores por aplicativo. Essa modalidade, marcada por vínculos flexíveis e ausência de garantias trabalhistas, tem implicações diretas sobre as condições de vida e saúde desses trabalhadores, incluindo a segurança alimentar.
Objetivos
Avaliar a situação de insegurança alimentar (IA) entre trabalhadores de entrega de refeições via aplicativo da cidade do Recife, bem como descrever seu perfil socioeconômico, demográfico e as condições de trabalho.
Metodologia
Estudo transversal com entregadores de refeições por aplicativo em Recife-PE. A coleta foi realizada presencialmente e online, por meio de questionários autopreenchidos. O recrutamento ocorreu em pontos de apoio, redes sociais e com apoio de entidades representativas da classe. O questionário investigou dados demográficos, socioeconômicos, condições de trabalho, de segurança alimentar e sobre a qualidade da alimentação. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco sob o CAAE de nº: 77152424.4.0000.5208.
Resultados
Participaram 35 entregadores, sendo 94% homens, 51% pardos, 74% com idade 18 e 29 anos e 62,9% que concluíram o ensino médio. Observou-se carga horária extensa, com 85,7% trabalhando mais de 44h semanais. A renda familiar média foi de R$ 2.981,00. Em relação à IA, 51,4% estavam em algum grau de insegurança (leve: 31,4%; moderada 2,9%; grave 17,1%). Sobre a qualidade da alimentação,14,3% possuem uma alimentação considerada excelente; 62% dos estão no grupo “siga em frente”, e, 17,1% precisam melhorar a alimentação.
Conclusões/Considerações
Os dados revelam um cenário de intensa precarização, com jornadas exaustivas e elevada prevalência de insegurança alimentar entre os entregadores. A vulnerabilidade socioeconômica e a informalidade do trabalho por aplicativo evidenciam a necessidade de políticas públicas intersetoriais que garantam proteção social, segurança alimentar e condições dignas de trabalho a essa população.
ASSOCIAÇÃO ENTRE SEXO E AUTOPERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES DO VALE DO SÃO PATRÍCIO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Evangélica de Goiás – Campus Ceres, Brasil
2 Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
Apresentação/Introdução
A qualidade de vida (QV), segundo a Organização Mundial da Saúde, reflete a percepção do indivíduo sobre sua vida, considerando seu contexto. No ambiente de trabalho, fatores como saúde, segurança, jornada e remuneração influenciam o bem-estar e a produtividade. Homens e mulheres vivenciam o ambiente laboral de forma distinta, influenciada por fatores sociais, fisiológicos, emocionais e culturais.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi analisar a associação entre sexo e autopercepção da QV dos trabalhadores do Vale do São Patrício no estado de Goiás.
Metodologia
Pesquisa transversal, descritiva que investiga a QV dos trabalhadores do Vale do São Patrício aprovado pelo comitê de ética sobre o número 6.436.246. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico e o WHOQOL-bref que é um instrumento da OMS que avalia a autopercepção da QV em quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e ambiente. Foi realizada a mediana dos escores nos domínios e considerada baixa QV valores abaixo da mediana. A análise de dados foi realizada pelo software SPSS e para verificar a associação entre as variáveis foi realizada a Regressão de Poisson.
Resultados
A amostra foi composta por 804 participantes, em que 63,7% eram do sexo feminino. A análise mostrou o sexo como fator associado à autopercepção da QV (p<0,001) nos domínios físico (RP 1.33; 95% IC, 1.19-1.55) psicológico (RP 1.45; 95% IC 1.24-1.69) e no escore total (RP 1.50; 95% IC 1.27-1.76). Onde o sexo feminino apresentou fator de risco com maior percentual de baixa QV com 66% no domínio físico, 60% no psicológico e 56,8% no escore total em comparação aos homens que apresentaram 48,8% no físico, 41,4% no psicológico e 38% no escore total.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a autopercepção da QV esteve associada ao sexo com piores índices no sexo feminino principalmente nos domínios físico e psicológico. Os dados revelam que tal desigualdade pode estar associada a fatores biopsicossociais, reforçando a necessidade de ações e estratégias que considerem as especificidades da característica fisiológica no ambiente de trabalho com olhar cuidadoso para o sexo feminino.
RELAÇÃO DO SUPORTE SOCIAL DE COORDENADORES E COLEGAS NA SATISFAÇÃO E BEM-ESTAR DOS TRABALHADORES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UESB
Apresentação/Introdução
O ambiente de trabalho é um local que visa a colaboração mútua a fim de alcançar maior satisfação e crescimento profissional. O coordenador da unidade de saúde acaba sendo um referencial na unidade de saúde, logo a sua conduta poderá influenciar na percepção quanto a satisfação profissional, bem como o suporte dos colegas.
Objetivos
Analisar como o suporte social fornecido pelos supervisores e colegas de trabalho influenciam na satisfação e bem-estar dos trabalhadores da Atenção Primária à Saúde.
Metodologia
Estudo transversal oriundo do projeto “Impactos ocupacionais, econômicos e de saúde dos acidentes de trabalho em trabalhadores da atenção primária à saúde”, realizado na cidade de Jequié-BA, no ano de 2024. Os dados foram coletados através do questionário Job Content Questionnaire (JCQ) para avaliar o suporte da coordenação (preocupação, trabalho em equipe) e as relações entre colegas (colaboração, competência). As respostas foram analisadas no STATA ® (versão 12.0) e empregando análise bivariada. Os resultados foram apresentados através de valores relativos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (CAAE: 98472718.2.0000.0055).
Resultados
Participaram do estudo 637 profissionais, sendo 80,5% composta por mulheres. A maioria destaca a preocupação do coordenador com a equipe (84,4%), refere a boa atenção recebida pelo mesmo (85,8%) e reconhece o incentivo ao trabalho em equipe (85,5%). No entanto, apenas 59,8% afirmam ter apoio individual adequado, sendo que 92,9% dessas afirmações partiram das mulheres. Quanto às relações entre colegas, 91% os consideram competentes, 93,1% os avaliam como amigáveis e 86,6% os veem como colaborativos.
Conclusões/Considerações
A partir dos resultados identificou-se que apesar de relações interpessoais satisfatórias, há fragilidade no apoio individual, principalmente entre mulheres, indicando a necessidade de fortalecer esse suporte e promover mais cuidado entre a equipe no ambiente de trabalho. Infere-se que o suporte social de coordenadores e colegas poderá impactar diretamente na satisfação e bem-estar dos profissionais da Atenção Primária em Saúde.
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR E INFORMALIDADE: UM ESTUDO DO CEREST ESTADUAL PERNAMBUCO COM ENTREGADORES POR APLICATIVOS
Pôster Eletrônico
1 Cerest Estadual Pernambuco (SES-PE) e Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat/Fiocruz Pernambuco)
2 Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat/Fiocruz Pernambuco)
3 Cerest Estadual Pernambuco (SES-PE)
4 Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (SES-PE)
5 Vigilância de Acidentes e Violência (SES-PE)
6 Gerência de Vigilância em Saúde do Trabalhador (SES-PE)
Apresentação/Introdução
Com a reestruturação produtiva, novos contextos laborais emergiram, caracterizados pela flexibilização e informalidade nas relações de trabalho. Assim, é necessário priorizar os entregadores por aplicativos, considerando a vulnerabilidade da categoria. A vigilância em saúde do trabalhador se configura como ferramenta estratégica, por meio dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST).
Objetivos
Descrever as principais ações realizadas pelo Cerest Estadual de Pernambuco com os trabalhadores que realizam entregas de mercadorias.
Metodologia
As ações foram desenvolvidas de 2021 a 2025. A partir da mobilização de atores institucionais estratégicos na temática, como o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Sindicato dos Trabalhadores Entregadores, Empregados e Autônomos de Moto e Bicicleta por Aplicativos do Estado de Pernambuco (Seambape), foram realizadas articulações interinstitucionais com o objetivo de fortalecer, qualificar e ampliar as ações de vigilância em saúde do trabalhador junto a essa categoria. As ações foram desenvolvidas nos seguintes eixos: 1) ação de campo com os entregadores; 2) elaboração de diretrizes normativas e material educativo sobre a temática e 3) treinamentos para os profissionais de saúde.
Resultados
Foram elaboradas cartilhas abordando a rede SUS, o adoecimento relacionado ao trabalho e direitos dos entregadores por aplicativos. Nas ações de campo, os trabalhadores foram abordados em locais de grande concentração, onde foram realizados diálogos, distribuídos materiais educativos e aplicados questionários sobre o trabalho e suas repercussões na saúde. Também foi elaborada nota técnica orientando o registro dos acidentes de trabalho nos principais sistemas de informação do SUS local (Sinan e Sinatt). Por fim, foram promovidos treinamentos em hospitais e lives temáticas para profissionais de saúde, objetivando discorrer sobre a relevância destes trabalhadores e padronizar as notificações.
Conclusões/Considerações
Os entregadores por aplicativos compreendem um público vulnerável, exposto a diversos riscos ocupacionais. A atuação do CEREST Pernambuco representa um primeiro passo na vigilância em saúde do trabalhador, diante do desafio de atuar em cenários marcados pela informalidade, mediante estratégias de monitoramento dos agravos relacionados ao trabalho, no fortalecimento intersetorial e no diálogo com o sindicato na construção de ações conjuntas.
AGENTES MULTIPLICADORAS: FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE INTEGRAL DA TRABALHADORA DA PESCA ARTESANAL À PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Os processos pedagógicos freiriano e contra-colonial, demandam a construção de ações transformadoras às formas de organização do trabalho formativo. A intrínseca relação entre pensamento e ação, teoria e prática, recusa os postulados que emergem da relação sujeito e objeto. Aqui, sujeitos são “insubstituíveis” na formulação de ações que visem a melhoria de suas condições de vida, trabalho e saúde.
Objetivos
Desenvolver amplo processo de formação e educação em saúde integral da trabalhadora da pesca artesanal, como agentes multiplicadoras à participação na gestão do Sistema Único de Saúde.
Metodologia
O estudo lançou mão do método de pesquisa-ação para realização de onze oficinas em Estados das regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, com pescadoras oriundas de 117 municípios de 16 Estados, nos anos de 2016 e 2017. As 417 participantes das oficinas foram caracterizadas como lideranças junto às comunidades pesqueiras. Algumas já possuíam histórico a frente dos movimentos e colônias locais, mas uma parte significativa foi representada iniciantes em atividades dessa natureza. Ressalte-se que as pescadoras são oriundas geralmente de rincões deste país continental, muitas de regiões de difícil acesso terrestre ou aquático.
Resultados
Durante os 4 dias de formação, lideranças de mulheres pescadoras discutiram sua incidência na construção de políticas de saúde para comunidades pesqueiras, à construção de demandas no âmbito da saúde integral das populações do campo, florestas e das águas, participação na gestão da saúde, saúde do trabalhador e da trabalhadora, direitos previdenciários e economia solidária. Cada oficina houve a elaboração do plano de ação, com direcionamento no âmbito local, regional e nacional dos problemas emergentes. Foram também elaborados onze relatórios pedagógicos, um relatório final e duas cartilhas sobre a saúde das trabalhadoras da pesca artesanal no Brasil, publicadas pelo Ministério da Saúde.
Conclusões/Considerações
A consolidação de processos pedagógicos freiriano e contra-colonial nesse estudo, possibilitou a elaboração do plano de ação e materiais técnico-educativo, construídos a partir das demandas mais relevantes e prioritárias. Assim como, a formação de multiplicadoras à participação na gestão do Sistema Único de Saúde, possibilitou o fortalecimento da articulação de pescadoras artesanais no território nacional.
CARACTERÍSTICAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO ENTRE OS TRABALHADORES DOMÉSTICOS NO BRASIL: ANÁLISE DOS ÚLTIMOS ANOS DE REGISTROS
Pôster Eletrônico
1 PUC Minas
Apresentação/Introdução
No Brasil, o trabalho doméstico tem um contingente de 5,9 milhões de pessoas (5% da força de trabalho brasileira). No entanto, o trabalho doméstico ainda é uma profissão muito invisibilizada na sociedade, economicamente subvalorizada e com altas taxas de informalidade. A classe de trabalhadores manuais ainda constitui um dos grupos mais vulneráveis a acidentes de trabalho.
Objetivos
Descrever as características dos acidentes de trabalho, envolvendo trabalhadores domésticos no Brasil.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal observacional, com dados de acidentes de trabalho do Portal Brasileiro de Dados Abertos, da Controladoria Geral da União, coletados entre julho/2018 e dezembro/2024. Foram considerados todos os trabalhadores domésticos, de ambos os sexos e de qualquer idade. As variáveis coletadas foram: ano do acidente, sexo, idade, tipo de acidente, Unidade Federativa do acidente, agente causador, CID-11, parte do corpo atingida. Os dados categóricos foram analisados por meio de números absolutos e percentuais, e os dados descritivos por meio de média e desvio padrão. O presente estudo utilizou o STROBE para orientar sua escrita.
Resultados
O número de acidentes entre trabalhadores domésticos foi 9.396(0,2% do total de registros e 0,1% do total de trabalhadores domésticos do Brasil). A maioria dos trabalhadores eram mulheres(84,5%) e tinham entre 41-60 anos(67,8%). Cerca de 66% foram acidentes típicos, enquanto apenas 3,4% foram doenças. Cerca de 60% dos registros não mencionavam o local do acidente. As “quedas” foram os principais agentes causadores de acidente (33,5%), as “fraturas” foram a natureza da lesão mais registrada (51,5%) e 81,6% dos CID eram relacionados a “lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas". A parte do corpo mais atingida foram os "membros inferiores" (21,9%).
Conclusões/Considerações
Este estudo mostrou que o número total de acidentes de trabalho entre trabalhadores domésticos, disponibilizados no Portal de Dados Abertos, representa uma parcela mínima dessa população. Apesar do perfil de acidentados mostrar uma população mais velha, os registros de doenças foram muito baixos. O que exige uma reflexão sobre subnotificação dos registros, tempo de trabalho e sua relação com o processo de envelhecimento.
ESTRATÉGIAS EM SAÚDE DO TRABALHADOR DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 A PARTIR DA ANÁLISE DOS PLANOS MUNICIPAIS DE SAÚDE DAS CAPITAIS BRASILEIRAS
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
O Plano Municipal de Saúde (PMS) é um instrumento de gestão, elaborado de maneira colaborativa entre os diferentes agentes sociais envolvidos na prevenção, promoção e restauração da saúde da população, e subsidia as ações de planejamento, monitoramento e avaliação das ações de Saúde Pública pelo período de quatro anos. No cenário da COVID-19, esses planos passaram por revisões emergenciais.
Objetivos
Analisar as estratégias em saúde do trabalhador durante a pandemia da COVID-19 realizadas pelas capitais brasileiras a partir dos PMS.
Metodologia
Estudo qualitativo, de análise documental das ações estratégicas em ST durante a pandemia da COVID-19 dos PMS do quadriênio 2022 - 2025 e Planos de Contingência COVID-19 das capitais brasileiras de 2020 - 2024. O levantamento de dados foi realizado entre agosto de 2024 e março de 2025, por meio de busca nos portais das Secretarias Municipais de Saúde (SES) das 26 capitais brasileiras, utilizando o termo “Plano Municipal de Saúde” e “Plano de Contingência COVID-19”. A análise se desenvolveu em quatro etapas: Busca de material; Pré-leitura; Leitura Seletiva; Análise e Descrição crítica.
Resultados
Das 26 capitais brasileiras, foram encontrados e analisados 19 PMS (2022-2025) e 17 Planos de Contingência COVID-19. Nestes, 16 capitais possuíam ações relacionadas à ST, organizadas em cinco categorias: Vigilância (processos de trabalho, dados epidemiológicos, educação em saúde, testagem, vacinação, compra e distribuição de EPI –24); Formação (Capacitação, Treinamento, orientação e qualificação - 21), recrutamento de profissionais (10), Cuidade à Saúde Mental (3), e outras ações (7). Não foram localizados os PMS de Aracaju, Boa Vista, Cuiabá, João Pessoa, Macapá, Manaus e Teresina e os planos de Contingência de enfrentamento da COVID-19 de Macapá, Manaus, Teresina, João Pessoa e Boa Vista.
Conclusões/Considerações
As ações de vigilância em ST foram as mais referidas nos documentos, reforçando a necessidade do planejamento contínuo de ações permanentes para a ST tanto em situações emergenciais como cotidianas. É importante destacar a necessidade de estratégias de melhoria da saúde mental dos trabalhadores, das condições e relações de trabalho, na vigilância em processos de trabalho no que se refere a ST.
A ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR FRENTE AOS ACIDENTES EM SILOS DE GRÃOS NO OESTE DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB) NRS OESTE – Técnica de Referência em Vigilância Saúde do Trabalhador
2 Escola de Saúde Pública Professor Jorge Novis – Orientadora
3 Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB)
Apresentação/Introdução
A intensificação do agronegócio no Oeste da Bahia transformou significativamente o cenário produtivo regional, os silos de armazenamento de grãos, são estratégicos, porém são ambientes confinados e representam riscos constantes à saúde e à vida dos trabalhadores. A Vigilância em Saúde do Trabalhador, tem papel fundamental na identificação dos riscos e proposição de medidas preventivas.
Objetivos
Analisar a atuação da Vigilância em Saúde do Trabalhador frente aos riscos de acidentes em silos de grãos, propor um modelo de análise de risco e subsidiar ações preventivas no Oeste da Bahia.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, baseado em revisão de literatura (SciELO, BVS e LILACS), análise documental e situacional da atuação da Visat no Oeste da Bahia. Foram utilizados dados de notificações de acidentes, normativas técnicas (NR-33, PNSTT) e relatos de profissionais do CEREST. A triangulação das fontes permitiu compreender limites e potencialidades da atuação intersetorial e fortalecer as estratégias da vigilância em saúde do trabalhador.
Resultados
Resultados e Discussão
A análise revelou quatro frentes prioritárias de atuação da VISAT:
1. Deficiência de instrumentos técnicos específicos para análise de risco em silos, o que compromete a sistematização das inspeções e a efetividade das ações de fiscalização.
2. Ausência de sinalização adequada nos espaços de risco, desrespeitando diretrizes da NR-33 e contribuindo para o agravamento dos acidentes.
3. Fortalecimento na articulação entre serviços de saúde, fiscalização do trabalho e Ministério Público, limitando a responsabilização dos empregadores frente às situações de risco.
4. Carência de ações educativas permanentes voltadas aos trabalhadores e gestores das unidades armazenadoras.
Conclusões/Considerações
Os acidentes em silos de grãos são expressão concreta das desigualdades estruturais que atravessam o mundo do trabalho no campo. A intersetorialidade, o diálogo com os trabalhadores e a qualificação técnica das equipes de saúde são pilares para a construção de um SUS de direitos no universo laboral.
TRABALHO DOCENTE E ADOECIMENTO: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM MINAS GERAIS
Pôster Eletrônico
1 UNIMONTES
Apresentação/Introdução
O trabalho docente na Educação Básica é marcado por intensificação, sobrecarga, precarização e adoecimento físico e mental. Este estudo analisa como os professores representam a relação entre sua atividade laboral e o adoecimento sobre a Teoria das Representações Sociais, permitindo compreender como esses significados são produzidos, compartilhados e atualizados no cotidiano profissional.
Objetivos
Compreender a relação entre atividade docente e adoecimento sobre teoria das representações sociais de professores da Educação Básica de Minas Gerais.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa fundamentada na Teoria das Representações Sociais, com análise de conteúdo. Os dados foram obtidos por meio de respostas a duas questões abertas sobre a relação entre atividade docente e adoecimento, coletadas na fase de seguimento do Projeto ProfSMinas Longitudinal. Participaram 731 professores da rede estadual de Minas Gerais. As respostas foram organizadas em eixos temáticos. A análise identificou processos de ancoragem e objetivação, que estruturam as representações sobre como os docentes percebem e significam o adoecimento no trabalho.
Resultados
As representações sociais sobre o adoecimento docente revelam um cenário abalizado por múltiplos fatores, os quais foram organizados em eixos temáticos: sobrecarga de trabalho, ambiente de trabalho, saúde mental, saúde física, impacto da pandemia, condições sistêmicas, reflexões críticas, fatores agravantes e consequências do adoecimento. Os professores relatam excesso de tarefas, acúmulo de funções e conflitos interpessoais e profissional. Evidenciam ainda, as situações de violência, indisciplina, precarização do trabalho, desvalorização da profissão e ausência de apoio institucional. Além disso, atribuem o não adoecimento ao autocuidado e ao bem-estar no ambiente de trabalho.
Conclusões/Considerações
As representações dos professores apontam que o adoecimento docente é um fenômeno socialmente construído, relacionado à sobrecarga, desvalorização, violência, precarização das condições de trabalho e ausência de suporte institucional. O adoecimento físico e mental compromete a saúde e o sentido da prática docente, evidenciando a necessidade de implementação estratégias de cuidados com a saúde e de políticas de valorização e apoio institucional.
GÊNERO, GORDOFOBIA E ASSÉDIO MORAL: EFEITOS DA CORPONORMATIVIDADE COLONIAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
Pôster Eletrônico
1 UFOP
2 UFMS
3 Ministério da Saúde
4 UFPB
5 UERJ
Apresentação/Introdução
Pessoas gordas têm menor probabilidade de obter um emprego (Kesaite; Greve, 2024). No Brasil, entrevistas com cerca de 700 pessoas gordas informam que 48% já sofreu gordofobia no emprego; 57,6% já se sentiu prejudicado em processos seletivos de trabalho em razão do excesso de peso (Carneiro, 2022). A gordofobia é interseccionada pelo gênero, pois o estigma é menor para homens (Kesaite; Greve, 2024).
Objetivos
Esta pesquisa interseccional visa investigar a relação entre gênero, gordofobia e assédio moral nas relações laborais brasileiras, com análise de casos de assédio moral gordofóbico no Tribunal Superior do Trabalho.
Metodologia
sta pesquisa é transdisciplinar, pois articula conceitos da área da saúde coletiva, do direito do trabalho, dos estudos decoloniais e de gênero, sob o método interseccional. Trata-se de um estudo baseado em análise de conteúdo quanti-qualitativo, derivado de dados secundários de revisão de literatura e dados primários decorrentes da jurisprudência do TST. Para a pesquisa jurisprudencial são adotados os seguintes critérios: i) Palavras-chave ligadas à pertinência temática; ii) Análise do gênero e raça da pessoa ofendida; iii) Delimitação das formas de gordofobia; iv) Mapeamento dos danos gerados à saúde e à carreira das trabalhadoras que sofreram esta violência psicológica.
Resultados
Baseando-se no estudo realizado por Filgueiras (2024), acredita-se que a pesquisa jurisprudencial possa revelar os seguintes eixos de assédio moral gordofóbico feminino: (i) utilização da palavra gorda como xingamento; (ii) associação do corpo feminino gordo a características morais negativas; (iii) apelidos pejorativos como forma de gordofobia recreativa; (iv) fiscalização do peso e do ato de comer; (v) imposição de padrões magros característicos de pessoas brancas; (vi) ofensas relacionadas ao corpo gordo em contexto de gestação; (vi) ofensas relacionadas ao corpo gordo feminino associadas à violência racial.
Conclusões/Considerações
Tem-se como hipótese que, em razão da corpornormatividade colonial, corpos gordos femininos, especialmente negros, sejam os mais atingidos por assédio moral, o que mantém a divisão racial-sexual laboral resultante da colonização, segregando por gênero e raça a saúde no trabalho. Esta pesquisa pode colaborar para uma eventual revisão interseccional da legislação trabalhista, para enfrentamento e prevenção do assédio moral gordofóbico.
IMPACTOS PSICOSSOCIAIS SOBRE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL QUE ATENDEM PACIENTES EM IMINÊNCIA DE AUTOEXTERMÍNIO
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 IPSH/RN
3 UERJ
Apresentação/Introdução
Pacientes com ideação suicida, exigem cuidado redobrado de atenção familiar, social e profissional, sendo a construção do vínculo terapêutico com base na confiança mútua, fundamental para o atendimento e intervenções assertivas. No campo da suicidologia existem apontamentos para ações de pósvenção à família do paciente, mas o debate pouco se estende para as consequências sobre os profissionais.
Objetivos
Apresentar os impactos psicossociais aos quais os profissionais empenhados no cuidado em saúde mental, estão expostos e podem experienciar, ao atender pacientes nessa condição.
Metodologia
Revisão de literatura, com os descritores “pósvenção”, “autoextermínio” e “profissionais da saúde mental”, nas bases de dados BIREME e SCIELO, em português, de 2010 a 2025. A fenomenologia e experiência de dois profissionais de saúde: um médico que atua na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), do Rio de Janeiro/RJ e um psicólogo que atende em clínica particular em Belo Horizonte/MG. Cada um atendeu dois pacientes com o perfil descrito, de forma independente em seus respectivos locais de trabalho, entre Setembro de 2023 e Agosto de 2024. Dos pacientes acompanhados pelo médico, um teve a passagem ao ato e outro não, enquanto os acompanhados pelo psicólogo, não chegaram às vias de fato.
Resultados
Considerando que o sofrimento psíquico e a passagem ao ato, são situações que ultrapassam o campo individual do paciente, seja pela compreensão de que ele é atravessado por dimensões multifatoriais, como as vulnerabilidades sociais, seja pelo grande impacto psicossocial para as pessoas em sua volta, incluindo os trabalhadores que prestam assistência, deve-se pensar ações de cuidado a todos os envolvidos. Esse estudo demonstrou a vulnerabilidade a qual os profissionais estão expostos, ao tratar de pacientes em iminência de autoextermínio. Ambos os profissionais relataram sentimentos como: solidão, luto, frustração, auto-sabotagem, demérito, ineficiência, tristeza, apatia e angústia.
Conclusões/Considerações
Uma vez vividas essas experiências, sentimos falta de uma assistência que fosse ampla e plural. Assim, sugerimos que ações de posvenção como grupos reflexivos com os profissionais, supervisão clínica, psicoterapia, atendimento psiquiátrico, co-responsabilização institucional e disponibilização de medicamentos, pelo empregador, sejam introduzidos, com o intuito de minimizar os impactos sofridos e assegurar maior amparo e proteção ao profissional.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE POLICIAIS MILITARES LOTADOS EM DUAS UNIDADES OPERACIONAIS DE UMA GRANDE CIDADE DO INTERIOR DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana
2 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Apresentação/Introdução
Policiais militares estão expostos a múltiplos fatores de risco ocupacionais que podem impactar negativamente sua saúde física e mental. O conhecimento do perfil sociodemográfico, ocupacional e de saúde desses profissionais é fundamental para subsidiar ações preventivas e estratégias de promoção da saúde adequadas às especificidades da atividade policial.
Objetivos
Analisar as características epidemiológicas de policiais militares lotados em duas unidades operacionais de uma grande cidade do interior do Estado da Bahia
Metodologia
Estudo descritivo, populacional, realizado com 157 policiais militares lotados na 65ª Companhia Independente de Polícia Militar e na Base Comunitária de Segurança. A coleta de dados foi realizada no período de julho a novembro de 2020, por meio da distribuição de um instrumento validado, autoaplicável, individual e acompanhado do TCLE. Foram utilizados o questionário de informações gerais sobre o trabalho. A análise descritiva dos dados foi realizada a partir do cálculo da frequência absoluta e relativa das variáveis categóricas e das medidas de tendência central e dispersão das variáveis numéricas contínuas.
Resultados
Foram entrevistados 157 policiais militares, sendo 115 da 65ª CIPM e 42 da BCS-GA. Predominou o sexo masculino (79,1%; 88,0%), cor parda (65,2%; 64,3%) e idade até 39 anos (52,0%; 57,1%). A maioria possuía ensino superior (63,5%; 78,6%), vivia em união conjugal (78,3%; 76,2%) e tinha filhos (89,9%; 69,0%). Declararam-se não fumantes (92,2%; 97,6%), com uso de bebida alcoólica em 46,6% e 38,1%. Praticavam atividade física 75,7% e 83,3%. O sobrepeso foi frequente (49,6%; 83,3%). A maioria era praça (93,6%; 97,6%) e oficial apenas 6,1% e 2,4%. O tempo de serviço até 15 anos foi comum (66,1%; 73,8%). Quanto à função, predominou a atuação operacional (69,6%; 72,2%).
Conclusões/Considerações
O perfil dos policiais revelou predominância do sexo masculino, pardos, com ensino superior, função operacional, tempo de serviço até 15 anos e alta prevalência de sobrepeso. Apesar da prática de atividade física e baixo tabagismo, o uso de álcool e a sobrecarga de funções indicam risco para agravos. Diferenças entre unidades sugerem que o modelo de policiamento impacta a saúde, indicando a necessidade de ações preventivas específicas.
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NA SAÚDE: EFEITOS DA NOVA POLÍTICA DE METAS NA SAÚDE MENTAL DE TRABALHADORES DO SUS EM SÃO PAULO.
Pôster Eletrônico
1 IS
Apresentação/Introdução
A portaria GM/MS n°333/2022 atualiza os indicadores de qualidade do serviço de saúde por meio de metas a serem cumpridas pelos trabalhadores de São Paulo, determinando o financiamento da política. Esse modelo tem gerado críticas quanto à sua eficácia e à sua consonância com os princípios estruturantes do Sistema Único de Saúde, desfavorecendo a promoção da saúde.
Objetivos
Este estudo visa revisar a literatura sobre os efeitos das Portarias 333/2022 e 534/24 nos trabalhadores da AB do SUS-SP, analisando os impactos das políticas de metas na saúde mental dos profissionais da APS.
Metodologia
Este trabalho constitui um estudo qualitativo bibliográfico voltado para compreender os efeitos das Portarias 333/22 e 534/24 nos trabalhadores da APS do SUS-SP. Ampara-se em referenciais da Saúde Coletiva e Sociologia do Trabalho dialogando sobre precarização e intensificação do trabalho no contexto neoliberal. A literatura contempla produções sobre impactos das portarias GM/MS n°333/2022 e 534/2024, documentos da Secretaria da Saúde de São Paulo, dados do CONASS e COSEMS-SP. Esta investigação visa expandir a compreensão crítica sobre impactos das políticas neoliberais na organização do trabalho em saúde, contribuindo para o debate sobre resistência e fortalecimento dos princípios do SUS.
Resultados
Com a Política de Metas, a lógica produtivista invade os serviços públicos de saúde e está atrelada aos recursos direcionados aos serviços. O financiamento do serviço passa a depender do cumprimento de metas pré definidas de procedimentos e atendimentos, e assim, o não cumprimento da meta culmina, assim, no desconto do repasse financeiro para as Organizações Sociais.
Esse modelo de financiamento tem gerado debates e críticas quanto à sua eficácia e à sua consonância com os princípios estruturantes do SUS, uma vez que compromete a integralidade, universalidade e equidade, como também favorece a desvinculação da orientação preventiva do cuidado e promoção de saúde.
Conclusões/Considerações
A escolha dos indicadores de avaliação, é fácil observar que as metas e indicadores selecionados para a avaliação dos serviços, preza pela privatização das políticas sociais, engessando os processos democráticos e priorizando uma lógica de produtividade e desempenho alinhado a uma política neoliberal, em detrimento do cuidado territorial, humanizado e democrático preconizado pela PNAB.
SAÚDE MENTAL E TRABALHO EM SAÚDE: SITUAÇÃO DE MULHERES TRABALHADORAS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster Eletrônico
1 UFSCar
Apresentação/Introdução
A intersecção Gênero e Saúde Mental (SM) é um desafio para a Atenção Primária em Saúde (APS) vinculada aos modos Determinantes Sociais de Saúde (DSS). Observa-se a medicalização e patologização do sofrimento de mulheres - maiores consumidoras de psicotrópicos no sistema de saúde, expondo as iniquidades de gênero e prejudicando o direito à saúde mental ampliada de usuárias e trabalhadoras do SUS.
Objetivos
Investigar dimensões articuladas da saúde mental de mulheres trabalhadoras da atenção primária em saúde no SUS.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa-ação em desenvolvimento em 3 municípios do Estado de São Paulo, com trabalhadoras da Atenção Primária à Saúde (APS). Utilizou-se questionário semi estruturado autoaplicável (RedCap) construído/adaptado para o estudo, combinando perguntas sobre perfil sócio demográfico, condições de trabalho, saúde mental (SRQ20) e sobre violência. Para a coleta de dados, as pesquisadoras foram aos municípios e às unidades de saúde das trabalhadoras, levando equipamentos necessários para que pudessem acessar, por meio de um link ou no próprio dispositivo, o instrumento de pesquisa. Os cuidados éticos foram tomados. Os dados foram parcialmente analisados por estatística descritiva.
Resultados
Serão apresentados dados parciais relativos a 2 municípios. Participaram 76 mulheres: 45% referem necessidade de cuidados em SM, 43% sofreram violência (emocional, física ou sexual), 40% usam álcool, 22% têm cuidado em saúde mental: 71% psicoterapia, 12% medicação, 12% psiquiatra. Do total, 38 já fizeram algum acompanhamento em SM (psiquiatra, psicólogo), 75% destas fizeram uso de medicamentos. 43 mulheres indicaram o desejo de acompanhamento em SM: 22 gostariam de fazer psicoterapia. O transtorno mental comum ocorreu em situações de violência (p<0 .095), baixa escolaridade (p<0 .036), entre pretas ou pardas, caucasianas, católicas (p<0 .001) e onde havia mais violência emocional (p<0 .001).
Conclusões/Considerações
Confirma-se a intersecção entre violência e saúde mental. Os resultados indicam a necessidade de cuidado em SM voltado especialmente às trabalhadoras da APS, pautado na clínica ampliada e interprofissional, além da necessidade de incorporar estratégias para a saúde das trabalhadoras do SUS, pois elas, que precisam lidar com demandas interseccionais de gênero e saúde mental, são também atravessadas pelas mesmas condições de iniquidade.
A PELE MARCADA PELO TRABALHO: LESÕES DERMATOLÓGICAS COMO EXPRESSÃO DA PRECARIZAÇÃO DOS CORTADORES DE CANA EM CAMPO ALEGRE (AL)
Pôster Eletrônico
1 UFAL
Apresentação/Introdução
O corte da cana expõe trabalhadores a jornadas exaustivas, calor intenso e EPIs inadequados, favorecendo lesões nas mãos. Este estudo analisa a relação entre trabalho e adoecimento de cortadores de cana em Campo Alegre (AL). A sazonalidade e a flexibilização dos contratos revelam que as dermatoses são expressões das contradições do trabalho rural brasileiro.
Objetivos
Correlacionar as lesões dermatológicas nas mãos de cortadores de cana em Campo Alegre (AL) com o trabalho realizado. Traçar o perfil sociodemográfico dos trabalhadores. Identificar as alterações dermatológicas e os agravos de pele no setor agrícola.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional, analítico e quantitativo, com delineamento transversal. A pesquisa foi realizada entre fevereiro e abril de 2024. A amostra incluiu 282 trabalhadores, de uma usina em Alagoas, que atuaram durante safra/2024. Os dados foram obtidos por questionário estruturado com 56 itens sobre perfil sociodemográfico, condições de trabalho e saúde da pele, além da observação direta das lesões pelos pesquisadores. As informações foram codificadas e analisadas com o software SPSS (v.25.0), utilizando os testes Qui-Quadrado e Exato de Fisher. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFAL (parecer nº 6.705.453).
Resultados
Dos 282 cortadores entrevistados, 62% tinham entre 18 e 30 anos; 96% eram homens e 89% pardos. Quanto à escolaridade, 56,7% não tinham o 2º grau completo; 11 eram analfabetos. Mais de 90% tinham contrato temporário e só 7,8% carteira assinada. Apesar do uso de EPI (95,7%), 277 apresentaram lesões nas mãos, a maioria com 5 ou mais alterações associadas ao tempo e vínculo de trabalho. A informalidade mostrou forte relação com a gravidade das lesões. As mais comuns foram queratoses (92,2%), de evolução crônica. Testes estatísticos confirmaram associação significativa entre tempo de serviço, mão dominante e quantidade de lesões, evidenciando a vulnerabilidade desses trabalhadores.
Conclusões/Considerações
Os resultados revelam a precarização no corte da cana e seus efeitos na saúde, com destaque para lesões nas mãos. Tempo de exposição e vínculo empregatício influenciam a gravidade dos agravos. A maioria é jovem, homem, pardo ou negro, evidenciando desigualdades históricas. As lesões vão de bolhas a queratoses, ligadas à proteção ineficaz. A informalidade amplia a vulnerabilidade; vínculos formais oferecem mais proteção.
ESTIGMATIZAÇÃO E RELAÇÕES SOCIAIS: EXPERIÊNCIAS DE TRABALHADORES DA SAÚDE DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Pôster Eletrônico
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A pandemia de Covid-19 impôs desafios inéditos aos sistemas de saúde em todo o mundo, exigindo respostas rápidas e complexas diante de uma crise sanitária de grandes proporções. No Brasil, além da sobrecarga estrutural e do agravamento das iniquidades já existentes, os trabalhadores da saúde enfrentaram não apenas as condições adversas de trabalho, mas também um processo de estigmatização social.
Objetivos
Analisar as experiências de estigmatização vivenciadas por trabalhadores da saúde durante o contexto da pandemia da Covid-19, com enfoque nos impactos psicossociais e coletivos dessas experiências durante o período pandêmico.
Metodologia
Tratou-se de um estudo qualitativo e exploratório, fundamentado na Teoria do Estigma de Erving Goffman. Participaram da pesquisa nove trabalhadores da saúde de nível médio, atuantes em instituições hospitalares de duas cidades do estado da Bahia, sendo seis técnicos de enfermagem, uma escriturária hospitalar, um maqueiro e um profissional dos serviços gerais, com idades entre 26 e 51 anos; a maioria casados, com filhos, e apenas um vínculo empregatício. A coleta ocorreu durante entre 2021 e 2023, por meio de entrevista semiestruturada, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. A análise ocorreu através da Técnica de Análise de Conteúdo, possibilitando a sistematização em três categorias.
Resultados
A categoria “Afastamento, evitação, rotulagem e discriminação do trabalhador da saúde”, evidenciou o rompimento de vínculos afetivos e sociais a partir do olhar social do trabalhador como um vetor de transmissão da Covid-19. A categoria “Estratégias para evitação do estigma”, revelou práticas de autopreservação para escapar do julgamento e exclusão, como ocultar a profissão, evitar usar uniformes fora do local de trabalho e restringir a circulação em espaços públicos. A terceira categoria, “Repercussões desencadeadas nos trabalhadores com as experiências do estigma”, revelou impactos na saúde mental dos trabalhadores, incluindo sentimentos de angústia, tristeza, medo, ansiedade e depressão.
Conclusões/Considerações
A estigmatização atravessou o campo simbólico e teve repercussões concretas no cotidiano dos trabalhadores da saúde. A exclusão de pessoas desconhecidas, bem como de familiares, amigos e colegas ampliou o sofrimento psicoemocional e revelou a fragilidade das redes de apoio, sendo necessário o fortalecimento de estratégias institucionais de cuidado, capazes de acolher aqueles que ainda enfrentam processos de adoecimento no contexto pós-pandêmico.
IMPACTOS DA JORNADA DE TRABALHO NA SAÚDE DOS TRABALHADORES MEDIADOS POR APLICATIVOS
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Aggeu Magalhães
Apresentação/Introdução
O trabalho mediado por plataformas digitais é um fenômeno recente e em rápida expansão no Brasil e no mundo. Esse cenário de reestruturação produtiva do capitalismo é marcado por jornadas extensas, que intensificam a exposição dos trabalhadores a condições laborais extenuantes e desgastantes, ampliando os riscos à sua saúde física e mental.
Objetivos
Diante desse contexto, o resumo objetiva identificar a jornada média de trabalho semanal dos trabalhadores mediados por aplicativos e discutir seus impactos na saúde destes trabalhadores.
Metodologia
Foi realizado um estudo transversal com dados oriundos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua/ Módulo temático sobre teletrabalho e plataformas digitais conduzido pelo IBGE em 2022. Trata-se da pesquisa de maior relevância estatística em abrangência nacional sobre o tema. A partir do documento, foram sistematizadas informações acerca da média de horas semanais trabalhadas entre trabalhadores plataformizados, bem como os que exerciam a mesma ocupação sem a mediação dos aplicativos. A partir da sistematização, foi realizada uma discussão sobre os achados e os impactos da jornada de trabalho na saúde.
Resultados
Foi verificado que, a nível nacional, os trabalhadores que trabalham nas plataformas digitais apresentam, em média, uma jornada de trabalho de 46 horas semanais, o que excede em 6,5 horas a média da jornada dos demais trabalhadores. Ao comparar as horas trabalhadas entre profissionais de categorias similares, os “Condutores de automóveis no transporte particular de passageiros”, possuem 7h a mais de jornada de trabalho semanal quando comparados ao não-plataformizados. Entre “motociclistas em serviços de entrega”, a diferença é de 4,7 horas a mais na jornada de trabalho semanal dos plataformizados.
Conclusões/Considerações
Embora frequentemente associadas à ideia de modernização e progresso, as plataformas digitais impõem jornadas superiores às daqueles que exercem funções semelhantes em regimes tradicionais, agravando problemas de saúde física e mental e elevando o risco de acidentes de trabalho. É essencial que as redes de saúde reconheçam esses trabalhadores, garantindo cuidado adequado e notificação oportuna dos agravos relacionados ao trabalho.
DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE: A PRECARIZAÇÃO DA VIDA DE PESCADORAS ARTESANAIS, GUARDIÃS DA RESEX ACAÚ-GOIANA
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Apresentação/Introdução
A pesca artesanal impõe condições de trabalho exaustivas que geram processos de adoecimentos que se intensificam no ofício realizado pelas mulheres, o qual é marcado pela invisibilidade na divisão sexual do trabalho. Na RESEX Acaú-Goiana, tal problemática agrava-se pela influência dos conflitos territoriais com o complexo industrial em seu entorno, fragilizando ainda mais suas condições de vida.
Objetivos
Caracterizar o perfil sociodemográfico, as condições de trabalho, ambiente e saúde das pescadoras artesanais das seis comunidades pertencentes à Reserva Extrativista Acaú-Goiana, compreendendo sua relação com o processo saúde-doença dessas mulheres.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal de abordagem quanti-qualitativa, exploratória e descritiva realizado com pescadoras artesanais de seis comunidades tradicionais da pesca, inseridas em uma área de Reserva Extrativista (RESEX) entre os municípios de Acaú/PB e Goiana/PE.
Foram realizadas 301 entrevistas, coletadas através de um questionário semiestruturado com eixos temáticos que contemplam sobre as condições de vida, saúde, trabalho e meio ambiente de mulheres que trabalham na pesca artesanal no território da RESEX. Para análise dos dados utilizou-se de método descritivo, com medidas de tendência central, bem como análise temática de conteúdo.
Resultados
O perfil das pescadoras artesanais da Resex Acaú-Goiana é caracterizado por mulheres pretas e pardas (94.67%), predominando a faixa dos 50-59 anos (33%), solteiras (50.69%), com baixo grau de escolaridade (63.12%). São as principais responsáveis financeiras de seus lares (68.32%), com renda inferior a 1 salário mínimo (24.67%), para uma média de 3-4 pessoas. Apesar da sobrecarga de trabalho, a pesca ainda é responsável por colocar comida na mesa dessas famílias, motivo pelo qual 61% das entrevistadas não a trocariam por outra profissão. As condições de adoecimento mais prevalentes foram Hipertensão (59,1%), Saúde mental (29,9%), Diabetes (29,6%) e Doenças osteoarticulares (25%).
Conclusões/Considerações
A caracterização das pescadoras artesanais desse território elucida sobre a determinação social no processo saúde-doença e reforça os achados da coleta em campo, quanto à baixa percepção das entrevistadas acerca das questões ambientais e adoecimentos relacionados ao trabalho. Diante desse cenário, atuar nas condicionantes de saúde e ampliar o debate sobre seus processos é necessário à emancipação desses povos.
ADOECIMENTO PSÍQUICO DE SERVIDORES PÚBLICOS: DESAFIOS PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR E CONTRIBUIÇÕES DA ENFERMAGEM
Pôster Eletrônico
1 UFAL
Apresentação/Introdução
O adoecimento psíquico de servidores públicos federais cresceu no Brasil entre 2013 e 2023, refletindo as precárias condições de trabalho no setor. Dados do SIASS apontam média anual de 215 afastamentos por transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Esse cenário demanda atenção da Saúde Coletiva e da Saúde do Trabalhador, dada sua relação direta com a organização laboral.
Objetivos
Analisar os fatores estruturais e organizacionais que contribuem para o agravamento da saúde mental de servidores públicos federais.
Metodologia
Pesquisa exploratória de abordagem quali-quantitativa e documental, com dados secundários do SIASS, PNAD Contínua (IBGE/2022) e estudos da FGV e UnB. Os dados do SIASS referem-se a servidores do Poder Executivo Federal, com possível subnotificação de outros poderes. A análise incluiu também entrevistas e pareceres técnicos de especialistas da USP e UERJ publicados na mídia nacional. Limitações incluem a centralização de dados no Executivo e a dificuldade de generalização para outras esferas públicas. O material qualitativo apoiou a interpretação sem codificação sistemática.
Resultados
Depressão (563 casos), ansiedade (475) e transtorno misto ansioso-depressivo (388) lideram os afastamentos. Transtornos graves resultaram em afastamentos longos. O pico foi em 2018, com 425 casos. Sobrecarga, falta de concursos e estagnação profissional contribuem para o adoecimento, principalmente em saúde, educação e segurança. O “assédio institucional” agravou o quadro em áreas ambientais. Precarização do vínculo, falta de reconhecimento e estagnação salarial aumentam o sofrimento. A pandemia acentuou a desmotivação. O estigma sobre transtornos mentais dificulta a busca por ajuda, agravando os casos.
Conclusões/Considerações
O adoecimento mental no serviço público reflete um modelo de gestão que desvaloriza o trabalhador. São urgentes políticas de apoio psicológico, flexibilização da jornada, fortalecimento do NAST. A Enfermagem e a Saúde Coletiva devem integrar a saúde mental dos servidores às ações de cuidado, reconhecendo-a como estratégica para um serviço público eficiente e humano.
ANÁLISE ESPACIAL-TEMPORAL DAS INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS AGRÍCOLAS NO ESTADO DE SÃO PAULO E SUA CORRELAÇÃO COM CULTURAS DEPENDENTES DO USO DE PESTICIDAS, 2017-2023.
Pôster Eletrônico
1 USP
2 IGM Fiocruz BA
Apresentação/Introdução
A exposição a agrotóxicos agrícolas representa uma preocupação crescente para a saúde pública e ambiental, especialmente em regiões com intensa atividade agrícola. No Estado de São Paulo, um dos maiores produtores agrícolas do Brasil, a utilização de pesticidas é disseminada, levantando questões sobre os impactos na saúde da população e no ecossistema.
Objetivos
Análise estatística e espacial-temporal das intoxicações por agrotóxicos agrícolas ocorridas no Estado de São Paulo, no período de 2017 a 2023, correlacionando com a presença de culturas que demandam intensivamente o uso de pesticidas.
Metodologia
Coletamos a extensão dos hectares de plantados de soja, cana e milho no período, dados de intoxicações por agrotóxicos agrícolas e a população de trabalhadores na agricultura. Utilizamos a literatura do tema para encontrar um valor aproximado do volume de agrotóxicos utilizados em cada cultura, a partir dos dados de extensão. Para avaliar os territórios com maiores taxas de intoxicações, utilizamos a espacialização dos índices e a análise de estatística espacial. Ajustamos um modelo de regressão logística multivariada para identificar as variáveis de maior correlação. Criamos um indicador municipal de risco de intoxicação por agrotóxicos agrícolas (IMRIAA) para o período do estudo.
Resultados
Os resultados do modelo de regressão logística para investigar os fatores associados indicaram que o número de trabalhadores apresentou uma associação positiva e estatisticamente significativa com a chance de notificação (odds ratio > 1; p < 0,05), sugerindo que municípios com maior contingente de trabalhadores têm mais chance de registrar casos. A área plantada de soja se associou positivamente com a notificação, o que pode refletir o uso intensivo de agrotóxicos nesta cultura. Áreas de cana e milho apresentaram associações variáveis. No período, as mesorregiões de Itapetininga e Assis apresentaram altas variações, formando HotSpots para taxas de intoxicações e alta na produção de soja.
Conclusões/Considerações
A integração de dados de saúde e geográficos revelou áreas vulneráveis e possíveis relações causais, orientando políticas públicas. Os resultados reforçam a hipótese de que o uso intensivo de agrotóxicos e o volume de mão de obra agrícola elevam o risco de intoxicações. Investigações futuras explorarão variáveis mediadoras, como métodos de aplicação, tipos de pesticidas e fatores socioeconômicos.
TRABALHO, ADOECIMENTO, MORTE E ACESSO À ATENÇÃO À SAÚDE: A SITUAÇÃO DAS ACS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 Sindacs RJ
Apresentação/Introdução
O trabalho traz resultados de pesquisa sobre adoecimento, acesso à atenção à saúde e condições de trabalho de ACS do mun. do Rio de Janeiro; parceria entre a EPSJV/Fiocruz e o Sindicato (Sindacs RJ). O objeto de estudo configurou-se a partir de uma observação do Sindicato: as informações adoecimento e mortes de ACS, acompanhadas de relatos sobre dificuldades de serem atendidos nas UBS em que atuam.
Objetivos
Analisar o perfil de mortalidade, sofrimento e problemas de saúde dos ACS do município do RJ; identificar barreiras de acesso ao cuidado nos serviços e subsidiar a ação política do Sindicato por melhores condições de trabalho e atenção à saúde.
Metodologia
Estudo composto por: perfil de mortalidade dos ACS do mun. RJ, com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), analisados em perspectiva comparada com a região metropolitana e o estado do RJ; inquérito sobre saúde, acesso e condições de trabalho das(os) ACS no mun. RJ, com aplicação de questionário online disponibilizado por aplicativo de mensagens, com 4 blocos de questões: Perfil; Condições de saúde e acesso aos serviços; Relação com a UBS; Condições de trabalho. A amostragem foi estratificada por Área Programática. Para o IC de 95%, a amostra era de 861 ACS. Foram obtidas 2.306 respostas e validadas 2.147.
Resultados
Em 2023, houve aumento de 54% da taxa de mortalidade de ACS no mun. RJ comparada com 2017 (176,5 óbitos/ 100 mil em 2017 e 271,0 óbitos/100 mil em 2023). De 2010 até 2019, houve predominância da mortalidade entre homens negros (média de 36% dos óbitos). De 2020 a 2024, houve maior concentração entre as mulheres, principalmente as negras (39,8%). O inquérito mostra que mais da metade das ACS referiram ter doença diagnosticada que requer acompanhamento longitudinal, porém com acesso ao atendimento prejudicado. Parte significativa (48,1%) refere dificuldades em ser atendida em sua própria UBS. Parte ainda maior (65,2%) afirma que a dificuldade é igual ou maior do que a enfrentada pelos usuários.
Conclusões/Considerações
O estudo indica o quanto é estratégico analisar os processos que concorrem para o adoecimento e a morte dos ACS e dificultam o acesso à atenção à saúde de trabalhadores do SUS que atuam justamente na facilitação do acesso. Aponta para a importância de articulação com o movimento organizado dos trabalhadores para compreender a realidade e desenhar ações propositivas para a promoção da saúde do trabalhador e de condições dignas de trabalho na saúde.
EPIDEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO EM AGENTES DE SAÚDE NO BRASIL, 2013-2022.
Pôster Eletrônico
1 UFRB
2 UNEB
Apresentação/Introdução
Os agentes de saúde residem nas comunidades onde atuam, estabelecendo vínculos com os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e assumindo posições de liderança e responsabilidade sobre a saúde local. A ausência de formação específica nessa área, somada às pressões do trabalho na atenção primária, geram sentimentos de frustração e impotência, favorecendo o sofrimento e o adoecimento mental.
Objetivos
Analisar as notificações de transtornos mentais relacionados ao trabalho (TMRT) entre os agentes de saúde, os quais incluem os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE), no Brasil, no período de 2013 a 2022.
Metodologia
Estudo quantitativo e descritivo, realizado com dados secundários provenientes das notificações compulsórias dos TMRT entre agentes de saúde registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no Brasil entre 2013 e 2022. Foram analisadas variáveis sociodemográficas (sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade) e diagnósticas (CID-10), organizadas no Microsoft Excel.
Resultados
Foram registrados na base de dados do SINAN 14.339 casos de transtorno mental relacionado ao trabalho no Brasil no período analisado, sendo 435 (3%) entre agentes de saúde. Houve uma maior proporção de TMRT entre agentes do sexo feminino (87,4,%) na faixa de idade de 30 a 39 anos (35,2%), de raça/cor negra (47,1%), com nível escolaridade ensino médio completo (52,2%) seguido de nível superior incompleto (n=33,6%). Os diagnósticos mais frequentes em números absolutos foram estresse pós-traumático (n=53), episódios depressivos (n=32), transtorno mental não especificado (n=25), transtorno misto ansioso e depressivo (n=23) e transtornos de adaptação (n=22).
Conclusões/Considerações
Os transtornos mentais relacionados ao trabalho entre agentes de saúde afetam principalmente mulheres negras sem ensino superior, refletindo desigualdades estruturais. A sobrecarga, a desvalorização do cuidado, a violência e a pressão por metas aumentam o risco de adoecimento. Assim, esse perfil revela vulnerabilidades que exigem ações intersetoriais e políticas públicas específicas para valorização e suporte adequado aos profissionais do SUS.
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AO VÍNCULO DE TRABALHO PRECÁRIO: UMA COMPARAÇÃO POR SEXO EM PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
A precarização do trabalho docente é um problema que acarreta impactos negativos na saúde dos professores e na qualidade de ensino. Vínculos de trabalho precários, com contratos temporários, trazem instabilidade à carreira docente. É notória a forte presença do sexo feminino na educação básica e a iniquidade de gênero, com homens brancos tendo melhores condições de inserção no trabalho.
Objetivos
Investigar a prevalência do vínculo de trabalho precário em professores da educação básica de Minas Gerais e fatores associados, estratificada por sexo.
Metodologia
Trata-se de estudo observacional, transversal e analítico com professores da educação básica das escolas estaduais de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu em 2021. A variável resposta ‘vínculo de trabalho’ foi agrupada em duas opções: ‘concursado/efetivo’ e ‘contratado/designado’. As variáveis explicativas foram organizadas em três blocos: aspectos sociodemográficos; características do trabalho e situação de saúde e comportamentos. Realizaram-se análises descritivas e bivariadas. A seguir, executou-se um modelo de regressão logística multivariada, por blocos de variáveis. O modelo final contou com todas as variáveis com nível de significância de p ≤ 0,05.
Resultados
Dos 1907 docentes, 77% eram do sexo feminino, 45% negros/amarelos/indígenas e 43% tinham vínculos de trabalho precários. Docentes negros/amarelos/indígenas tiveram piores vínculos de trabalho do que os brancos, assim como as mulheres, comparadas aos homens. Os resultados das análises multivariadas encontraram que professores de ambos os sexos com menor escolaridade, menos tempo de trabalho e menor jornada semanal apresentaram piores vínculos. Mulheres acima de 52 anos, com baixo apoio social no trabalho, relato de dor nas costas nos últimos seis meses e transtorno mental comum, tiveram uma associação inversa com o desfecho. Homens com menor dependência de smartphone tiveram piores vínculos.
Conclusões/Considerações
Os fatores associados ao vínculo diferiram por sexo. Menor tempo de exposição ao trabalho docente esteve associado a pior vínculo. Baixo apoio social no trabalho e condições de saúde tiveram associação com o vínculo apenas entre as mulheres e a dependência de smartphone apenas em homens. Notam-se a forte presença das mulheres na educação, além da iniquidade racial e de gênero, pois homens brancos tiveram melhores vínculos de trabalhos.
OFIDISMO RELACIONADO AO TRABALHO NO BRASIL: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO (2012-2019)
Pôster Eletrônico
1 Instituto de Saúde Coletiva - UFBA
Apresentação/Introdução
Acidentes ofídicos, compreendidos como o acidente decorrido da picada de uma serpente, são um importante problema de saúde pública global, onde os principais acometidos são trabalhadores agropecuários de países em desenvolvimento. No Brasil esse é um problema igualmente relevante, que pode trazer implicações aos trabalhadores acidentados e a subsistência de suas famílias.
Objetivos
O presente trabalho teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico do ofidismo como acidente de trabalho no Brasil, entre os anos de 2012 e 2019.
Metodologia
Estudo epidemiológico descritivo incluindo dados de ofidismo relacionado ao trabalho notificados ao Sinan no Brasil, entre 2012-2019. Foram estimadas frequências absolutas e relativas dos acidentes de trabalho por sexo, raça/cor, faixa etária, tempo entre picada/atendimento, gravidade e grupos ocupacionais segundo a CBO. A incidência foi estimada considerando os casos de ofidismo ocupacional para trabalhadores agropecuários (grupo 6), não agropecuários e total de trabalhadores. Para a letalidade, foram considerados os óbitos de ofidismo ocupacional para as mesmas categorias. Dados populacionais foram obtidos através da PNAD Contínua Anual, disponíveis no SIDRA/IBGE.
Resultados
Foram registrados 32.415 casos de ofidismo ocupacional no período, sendo a maioria em homens (87,0%), entre 18-29 anos (25,5%), trabalhadores agropecuários (82,2%), de raça/cor parda (56,1%), que chegaram ao serviço de saúde em até 3h pós picada (66,1%), apresentando gravidade leve (48,2%). Os acidentes ofídicos ocupacionais em trabalhadores agropecuários apresentaram incidência de 36,1/100.000 trabalhadores, sendo 60 vezes maior em comparação aos demais trabalhadores (0,6/100.000 trabalhadores). Em contrapartida, a letalidade se apresentou de maneira igual tanto para os trabalhadores agropecuários (0,3%) quanto para os outros grupos de trabalhadores (0,3%).
Conclusões/Considerações
Apesar da letalidade ser igual entre os grupos de trabalhadores, o trabalho agropecuário se apresentou como fator de risco para envenenamento ofídico. O conhecimento acerca desses riscos pode direcionar estratégias de proteção coletiva e individual, com equipamentos de proteção e ambiente de trabalho adequados.
FATORES PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO E DEPRESSÃO NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID 19
Pôster Eletrônico
1 UFRB
2 UEFS
3 UFRJ
Apresentação/Introdução
Os transtornos mentais e comportamentais ocupam a terceira posição dentre os motivos de afastamento do trabalho, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social. Neste contexto, destaca-se a depressão, que pode ser determinada ou agravada pela interação complexa entre fatores como a pobreza, acesso limitado à saúde, risco de infecções, violências e condições de trabalho desfavoráveis.
Objetivos
Avaliar a associação entre aspectos psicossociais do trabalho e sintomas depressivos entre trabalhadores da saúde (TS).
Metodologia
Estudo transversal com amostra probabilística de 804 trabalhadores/as da saúde da atenção primária e da média complexidade de três municípios baianos. A coleta de dados ocorreu em 2021/22 e utilizou questionário estruturado, aplicado por meio de entrevistas presenciais. O desfecho, sintomas depressivos, foi mensurado por meio do Patient Health Questionnaire (PHQ-9). A exposição principal (estressores ocupacionais) foram mensuradas pelo Job Content Questionnaire (JCQ). Utilizou-se a regressão de Poisson com variância robusta para analisar as associações de interesse.
Resultados
Com relação aos aspectos psicossociais, 52,8% dos TS caracterizavam o seu trabalho como de alta demanda psicológica, 55,0% com baixo controle e 57,8% com alto apoio social. Um terço dos TS (33,8%) percebia o trabalho com nível elevado de exposição aos estressores ocupacionais. Alta demanda psicológica (RP= 1,49; IC95%:1,17;1,90), percepção de baixo controle sobre o trabalho (RP= 1,28; IC95%: 1,01;1,63) e baixo apoio social no trabalho (RP= 1,44; IC95%: 1,18;1,85) foram associadas aos sintomas depressivos. Estressores elevados no trabalho associaram-se a uma prevalência cerca de 60% maior de sintomas depressivos (RP=1,59; IC95%: 1,26;2,00).
Conclusões/Considerações
Transtornos mentais são mais prevalentes em trabalhadores da saúde expostos à contextos com alta demanda psicológica, pouco controle sobre as tarefas e escasso apoio organizacional. Para tanto, esses fatores psicossociais, associados a desigualdades estruturais, têm relação significativa com sintomas depressivos, reforçando a urgência de ações institucionais que promovam a saúde mental e melhores condições de trabalho.
CONFERÊNCIAS DE SAÚDE DO TRABALHADOR E TRABALHADORA: ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO OU DE SUBMISSÃO?
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Apresentação/Introdução
Conferências de Saúde do Trabalhador enfrentam o debate de diferenciar Saúde Ocupacional da Saúde do Trabalhador, modelo do SUS. O tema, seus equipamentos e o controle social, desconhecidos da sociedade e dos conselhos, demandam muita mobilização e envolve necessariamente atores sociais cujos interesses podem variar de acordo com saberes e concepções em graus variados de politização
Objetivos
Analisar a inovação da proposta de um processo Conferencial em Saúde do Trabalhador proposto para o estado do Rio de Janeiro
Metodologia
Pesquisa ação, investigação que inclui o autor como participe atuante. Analisou-se a 5ª Conferencia Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Rio de Janeiro (5CESTT), de julho 2023 a junho 2025. Com as etapas: Reflexão sobre a metodologia das conferências, proposta de novas etapas: Seminário amplo sobre o tema STT como Direito Humano, Oficinas pré-conferências para aprofundar conceitualmente a temática e mobilizar o território, Lives para debater temas, divulgação através de um Dia D para mobilizar a população, encontro de CISTT municipais, etapas municipais e regionais, plenária estadual, etapa estadual e apoio de outras instâncias com ciclos de debates sobre o tema
Resultados
As diferentes relações que os componentes do CS estabelecem com o Estado influenciou a operacionalização da proposta, de forma progressiva até 2025, quando a proximidade da Conferência e da eleição do CS implementou mudanças significativas na negociação das atividades, no sentido de não facilitar a evolução do modelo de ampliação da transparência e questionamento da centralização de poder financeiro do gestor estadual. Esse conflito resultou na reconfiguração da Comissão Organizadora, com aumento da fragilidade de negociação e decréscimo da infraestrutura e do debate que se expressou na impossibilidade de realização do encontro das CISTT, fragmentação das Lives e amadurecimento das propostas
Conclusões/Considerações
O cenário estadual não é favorável, pelo enfraquecimento dos sindicatos, dificuldades com rede de saúde gerenciada por OS e alto nível de violência. A Conferência objetivava debater Direito Humano, mas dada a complexidade dos fatores envolvidos em sua visualização, a dificuldade da mobilização social e proposição de mudanças estruturais, o processo inconcluso resultou num evento que pouco avançou no modelo de Conferencia que confere mas não inova
EPIDEMIOLOGIA DOS DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO NOTIFICADOS NO BRASIL, 2013-2023
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 UFRB
Apresentação/Introdução
As Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) são doenças crônicas relacionadas ao trabalho que geram alterações funcionais e orgânicas causadas ou agravadas por atividades laborais repetitivas que podem gerar sequelas irreversíveis, invalidez permanente e comprometem a qualidade de vida, a produtividade do trabalhador.
Objetivos
Analisar as características epidemiológicas das Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - LER/DORT notificadas no Brasil entre 2013 a 2023.
Metodologia
Estudo quantitativo e descritivo elaborado com base nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN. As variáveis analisadas foram sexo, idade, escolaridade, raça, situação no mercado de trabalho, prêmios por produção, jornada de trabalho diária maior que 6h, tempo de pausas, tempo de exposição ao agente causador da doença, ambiente de trabalho autorrelatado como estressante, ocupação e exposição a movimentos repetitivos. Foram calculadas as frequências absolutas e relativas. Na análise bivariada empregou-se o teste Qui-quadrado de Pearson, com significância de 5%.
Resultados
Foram notificados 91.237 casos de LER/DORT sendo a maioria na região Sudeste (49,1%), com mulheres (51,8%), raça branca (51,2%), de 35 a 54 anos (61,1%), ensino médio completo (43,5%), com vínculo de trabalho (75,7%), sem premiação por produtividade (82,2%) e tempo de pausas (55,7%), jornada de trabalho acima de 6h/dia (85,5%), 93,6% relacionados à exposição a movimentos repetitivos, e o tempo de exposição foi por anos (77,9%). A maior frequência de LER/DORT verificada entre faxineiro (5,5%). As variáveis região do país, raça, faixa etária, escolaridade, situação no mercado de trabalho, tempo de exposição ao agente causador e ambiente de trabalho estressante mostraram-se associadas a LER/DORT.
Conclusões/Considerações
As LER/DORT impactam significativamente a qualidade de vida dos trabalhadores. A identificação dos fatores de risco, a reestruturação da organização do trabalho e a implementação de estratégias voltadas à promoção de ambientes mais saudáveis são fundamentais para a prevenção de agravos à saúde, melhoria das condições laborais, da qualidade de vida e da saúde dos trabalhadores.
ANÁLISE DO NÍVEL DE RUÍDO NO AMBIENTE HOSPITALAR E A SEGURANÇA NO PREPARO E NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS INTRAVENOSOS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
2 Centro Universitário de Excelência (UNEX)
3 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Apresentação/Introdução
A percepção sensorial dos profissionais de saúde é influenciada por fatores ambientais como ruído, temperatura, iluminação e odores, que podem ser indicadores de precarização do trabalho. Esses estímulos podem afetar a concentração, o desempenho e a tomada de decisão, especialmente durante processos críticos como o preparo e a administração de medicamentos intravenosos.
Objetivos
Analisar o nível de ruído durante o preparo e administração de medicamentos intravenosos em uma clínica médica de um hospital no interior da Bahia.
Metodologia
Estudo transversal, exploratório e observacional, em uma clínica médica de um hospital no interior da Bahia, de 23 a 31 de maio de 2024, autorizado pelo Comitê de Ética e Pesquisa, parecer: 3.153837/2019. A coleta foi realizada durante a observação indireta do preparo e administração de medicamentos intravenosos, no período diurno. O nível de ruído, avaliado por meio de um aplicativo de decibelímetro Sound Meter e como parâmetro de avaliação adequado, até 45 decibéis pela manhã, conforme Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2000). A análise de dados foi realizada por meio de estatística descritiva absoluta e relativa, utilizando o software estatístico Jamovi.
Resultados
Neste estudo, foram coletadas 18 observações do preparo e da administração de medicamentos intravenosas. O nível de ruído que variou de 60 à 98,2 decibéis, tendo como média/desvio-padrão: 66,4±11,2, indicando um padrão inadequado de ruídos, predominantemente nos dias úteis, com picos de ruídos em determinados períodos, sendo o horário do preparo de medicamentos às 12:00 horas, em dias úteis, o período em que foram observados os ruídos mais intensos, que convergem com o momento do preparo e administração de um volume considerável de medicamentos intravenosos.
Conclusões/Considerações
Os níveis de ruído excedem os limites recomendados e comprometem a cultura da segurança assistencial no ambiente de trabalho. Destaca-se a necessidade de implementação de estratégias para mitigar os ruídos, como espaços reservados para preparo de medicamentos, a instalação de sensores de ruídos e coletes sinalizadores para os profissionais a fim de minimizar ruídos e prevenir incidentes relacionados à terapia medicamentosa.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS POR ACIDENTE DE TRABALHO EM ARACRUZ/ES (2014–2024): CONTRIBUIÇÕES À VIGILÂNCIA E À GESTÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR
Pôster Eletrônico
1 PMA
2 UFES
Apresentação/Introdução
Os óbitos por acidente de trabalho representam a expressão mais trágica e evitável da violência laboral. Esses eventos evidenciam falhas estruturais nas políticas de prevenção e refletem desigualdades sociais e ocupacionais. A análise dos óbitos permite qualificar a vigilância, subsidiar a gestão em saúde e orientar ações intersetoriais de proteção à vida do trabalhador.
Objetivos
Analisar o perfil epidemiológico dos óbitos por acidente de trabalho em Aracruz/ES (2014–2024), com base nas notificações registradas nos sistemas SINAN e e-SUS/Vigilância em Saúde.
Metodologia
Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido a partir de banco de dados secundário extraído dos sistemas SINAN e e-SUS/Vigilância em Saúde, adotado pela Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo. Foram incluídas todas as notificações de acidente de trabalho com evolução “óbito” registradas no município de Aracruz/ES entre 2014 e 2024. As variáveis analisadas incluíram sexo, raça, faixa etária, ocupação, setor de atividade, parte do corpo atingida e causa básica (CID-10). Os dados foram organizados em frequências relativas. O estudo visa subsidiar a análise situacional da Vigilância em Saúde do Trabalhador local e promover o uso estratégico da informação em saúde.
Resultados
Foram identificados 28 óbitos por acidente de trabalho grave notificados entre 2014 e 2024 em Aracruz/ES, 24 ocorreram entre homens (85,7%) e 16 entre pessoas de raça parda (57,1%). A faixa etária mais prevalente foi 25 a 29 anos (28,6%), seguida de 30 a 39 anos (25%). A ocupação mais frequente foi professor (21,4%). Em sete casos (25%), a causa foi disparo por arma de fogo. Evidenciou-se que a ausência e/ou o preenchimento ignorado de campos como “ocupação” compromete a análise epidemiológica e dificulta a identificação de setores e atividades de maior risco, bem como ações e inciativas promotoras da saúde e redutoras do agravo, que nesse estudo, culmina na morte do trabalhador.
Conclusões/Considerações
Os achados evidenciam a magnitude dos óbitos evitáveis, com destaque para a morte de professores vítimas do atentado escolar ocorrido em 25/11/2022. A predominância de agravos fatais em grupos produtivos e a baixa qualidade do preenchimento das notificações reforçam a urgência do fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e da qualificação da informação para subsidiar políticas públicas eficazes.
O TRABALHO DOCENTE E AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PROMOTORAS DA SAÚDE E DA QUALIDADE DE VIDA E BEM-ESTAR NO TRABALHO: LIMITES E CONTRADIÇÕES
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Brasília
Apresentação/Introdução
O trabalho é a base da existência humana, e sua organização impacta o nível de saúde da população. Professores da rede pública de ensino do Distrito Federal, em sua maioria negros e mulheres, vivenciam quadro de adoecimento alarmante. Dessa forma, urge formular e executar políticas públicas educacionais para trabalhadores docentes, considerando as intersecções de gênero, raça e classe social.
Objetivos
Os objetivos visam analisar os limites e as contradições das políticas públicas educacionais promotoras de saúde, qualidade de vida e bem-estar no trabalho, promovidas pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEE/DF.
Metodologia
A metodologia desta pesquisa se desdobra em uma abordagem qualitativa, cujo método utilizado foi a pesquisa documental. Utilizou-se também das técnicas de busca exploratória e do procedimento de análise de conteúdo de Bardin. Utilizou-se o tipo de revisão narrativa, nas buscas feitas nas em livros, artigos, dissertações e teses disponíveis nas bases de dados utilizando-se as palavras-chave “trabalho docente”, “política educacional”, “qualidade de vida”, “bem-estar”; fez-se o mapeamento dos programas, projetos e ações promotores de qualidade de vida docente e bem-estar no trabalho, a partir de 2021; e por fim, a análise do perfil epidemiológico das carreiras profissionais da SEE/DF.
Resultados
Os dados revelam que a SEE/DF é feminina, negra e adoecida, com cerca de 46.479 trabalhadores, sendo 71,37% mulheres e 55,17% pessoas negras. Em 2024 os docentes homologaram 40.356 licenças, sendo 22.095 (54,75%) para tratamento da própria saúde, majoritariamente por transtornos mentais e comportamentais, doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, e doenças infecciosas e parasitárias. Os afastamentos se concentraram nos meses de abril, agosto e outubro, com prevalência entre 04 e 10 dias, ao custo de R$201.094.971,06. Em relação ao tempo de serviço, sexo e faixa etária, sobressaem os docentes entre 25 a 31 anos de carreira, sexo feminino e de 38 e 47 anos de idade.
Conclusões/Considerações
Por fim, apesar das leis que garantem o direito à saúde no ambiente de trabalho, o adoecimento dos docentes na SEE/DF ainda é numeroso. As discussões em torno da promoção da saúde no ambiente de trabalho são mais amplas que as formalidades das leis, e devem sustentar-se no princípio da justiça social, no qual cabe ao Estado garantir a equidade e a materialidade da proteção dos trabalhadores, desdobrando as leis em ações concretas.
ALÉM DO VÍRUS: O SOFRIMENTO DO TRABALHADOR DA SAÚDE EM TEMPOS DE CRISE SANITÁRIA
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
No campo da saúde, o trabalho ultrapassa a execução de tarefas e envolve uma profunda dimensão subjetiva, na qual se constroem identidades e circulam afetos. Prazer e sofrimento se entrelaçam no enfrentamento diário de desafios. Em crises sanitárias, como a pandemia de covid-19, a sobrecarga e a instabilidade intensificam o desgaste físico e psíquico daqueles que trabalham na saúde.
Objetivos
Compreender as vivências de sofrimento de trabalhadores da saúde em situação de crise no sistema de saúde.
Metodologia
Estudo de abordagem qualitativa, realizado em uma capital nordestina, no período de março a julho de 2022. Amostra intencional, com 15 trabalhadores da saúde (técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e maqueiros), que atuaram na assistência durante a pandemia de covid-19, em um hospital universitário. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas individuais semiestruturadas, presenciais ou online, guiadas por roteiro com perguntas sobre mudanças no trabalho, cotidiano e sentimentos vivenciados. Os dados foram tratados a partir da análise de conteúdo na modalidade temática, apoiada na teoria da Psicodinâmica do Trabalho.
Resultados
Foram identificadas duas categorias. Na primeira “A gente não conhecia a doença”: mudanças inesperadas, a admissão do primeiro paciente com covid-19 e o desconhecimento da doença geraram desespero coletivo. Realocação de setor, sobrecarga de trabalho, medo da contaminação e uso intensivo de EPIs intensificaram a tensão. Na segunda “Foi muito difícil”: sofrimento emocional no trabalho, as primeiras reações desencadearam desgaste emocional. O isolamento e estigma social provocados pelo contato com pacientes com covid-19 e consequente separação da família, a vivência repetida de adoecimento e morte de pacientes e colegas provocaram crises emocionais, revelando a complexidade do sofrimento.
Conclusões/Considerações
A pandemia gerou novos contextos de sofrimento para os trabalhadores da saúde, ultrapassando os limites do ambiente de trabalho e afetando vivências pessoais. A partir da Psicodinâmica do Trabalho, compreendeu-se que o labor impactou profundamente as subjetividades. A luta ia além do vírus, envolvendo desgaste emocional, frustração e impotência. Em crises, pela intensificação das exigências, é importante criar espaços de escuta e mobilização.
ACIDENTES DE TRABALHO NA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Apresentação/Introdução
Os acidentes de trabalho representam um problema significativo no ambiente hospitalar, impactando tanto a saúde e a segurança dos profissionais quanto a eficiência das instituições. Esse eventos podem aumentar devido a demanda dos serviços de saúde ou que sobrecarregam física e mentalmente os profissionais de enfermagem.
Objetivos
Identificar e caracterizar a prevalência de acidentes ocupacionais entre profissionais de enfermagem que atuam nos setores do de Hospital Universitário.
Metodologia
Estudo documental, descritivo, de caráter epidemiológico e de abordagem quantitativa, que analisou as notificações de acidentes de trabalho do ano de 2023, na cidade de João Pessoa, Paraíba. Os dados foram coletados a partir dos registros da Unidade de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalhador de um Hospital Universitário, apresentando caracterizações por ocupações, tipo de acidente, local de acidente, parte do corpo afetada, natureza do acidente, fonte da lesão, localização da lesão, condição do ambiente, afastamentos, consequências do acidente, entre outras. O presente projeto foi aprovado pelo Conselho de Ética e Pesquisa e pela Gerência de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário.
Resultados
Em 2023 ocorreram 20 acidentes de trabalho, sendo os Técnicos em Enfermagem a categoria mais afetada, representando 55% dos casos, seguidos por Enfermeiros (20%) e Fisioterapeutas (5%). O mês de maio apresentou o maior número de ocorrências, sugerindo possíveis fatores sazonais ou falhas nos protocolos de segurança. Os acidentes registrados envolveram tanto exposição a material biológico quanto acidentes sem exposição, demonstrando a diversidade dos riscos ocupacionais enfrentados pelos profissionais. Os locais mais frequentes de ocorrência incluem a Clínica Médica, Laboratório de Análises Clínicas e Centro Cirúrgico.
Conclusões/Considerações
A identificação dos principais tipos de acidentes, setores mais acometidos e categorias profissionais mais expostas reforça a necessidade de fortalecer as medidas de segurança, capacitação contínua e promoção de uma cultura institucional voltada à saúde ocupacional. Essas ações são fundamentais para reduzir os riscos, proteger os trabalhadores e garantir um ambiente de cuidado mais seguro para todos.
CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO DAS TRABALHADORAS E TRABALHADORES DO SUS NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA PAULISTA (BP): BASE PARA PLANO DE AÇÃO DO PET-SAÚDE COM ELAS NO SUS
Pôster Eletrônico
1 Unifesp / USF / SECRETARIADESAÚDEDEBRAGANÇAPAULISTA
2 USF
3 SECRETARIADESAÚDEDEBRAGANÇAPAULISTA
4 USF / SECRETARIADESAÚDEDEBRAGANÇAPAULISTA
Apresentação/Introdução
O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) PET-Saúde Equidade da Secretaria de Saúde de Bragança Paulista em parceria com a Universidade São Francisco COM ELAS NO SUS realizou um diagnóstico situacional no qual abordou a valorização das trabalhadoras no âmbito do SUS, gênero, identidade de gênero, sexualidade, raça, etnia, deficiências e as interseccionalidades no trabalho na saúde.
Objetivos
Avaliar as características de condições de vida e trabalho das trabalhadoras e dos trabalhadores do SUS no município de Bragança Paulista (BP) para diagnosticar fragilidades e estruturar planos de ações.
Metodologia
Os integrantes do projeto elaboraram um questionário para entrevistar trabalhadoras do SUS. A coleta de dados só teve início após a autorização da Secretaria de Saúde de Bragança Paulista e o aceite do Comitê de Ética em Pesquisa. Foi realizada no segundo semestre de 2024, por meio de entrevistas conduzidas nas unidades básicas de saúde e preenchimento eletrônico. As análises estatísticas foram feitas no Excel. A população-alvo incluiu todas as trabalhadoras do SUS municipal. A amostra final foi de 429 pessoas, das quais 59,0% tinham entre 35 e 54 anos e 83,7% se identificavam como mulher cisgênero.
Resultados
A raça mais prevalente é a branca (71,3%). Apesar disso, 93,9% relataram já ter sido desrespeitadas por racismo pela própria equipe. Quanto à renda, 54,4% têm dependentes financeiros e 87,8% não possuem deficiência. Sobre relações de trabalho, 64,6% sentem-se muito respeitadas pela equipe e 30,3% parcialmente. Quanto ao ambiente, 46,9% sentem-se seguras física e emocionalmente, e 40,5% parcialmente seguras. Entre as 373 mulheres, 142 (38,1%) relataram assédio moral e 43 (11,5%) assédio sexual em serviços do SUS.
Conclusões/Considerações
Percebemos dificuldade no conceito de racismo e raça de compreensão das identidade de gênero. A partir desse diagnóstico o PET-Saúde COM ELAS NO SUS montou um plano de ação com roda de conversas nos serviços de saúde e desenvolvimento de material (panfleto, videos curtos e longos) sobre: relação de trabalho, equidade e gêneros, assédios, racismo e capacitismo. Outra ação será a criação de um canal de denúncia para violência as trabalhadoras.
NECESSIDADES EM SAÚDE DE TRABALHADORES RURAIS ASSENTADOS EM CÁCERES, MATO GROSSO
Pôster Eletrônico
1 IFMT
2 FIOCRUZ
3 UFMT
Apresentação/Introdução
Os assentados rurais possuem especificidades nos seus modos de vida, produção e reprodução social, inclusive na sua relação ambiental e de trabalho com a terra, adquirindo necessidades em saúde diferenciadas em cada tempo histórico e demais grupos populacionais. Entender as dinâmicas e processos que estruturam sociedades humanas e a determinação social da saúde auxilia compreender as necessidades.
Objetivos
Descrever as pressões econômicas e políticas exercidas sobre a realidade do grupo de trabalhadores rurais assentados de Cáceres, Mato Grosso, em seu cotidiano de trabalho e produção, compreendendo suas necessidades em saúde.
Metodologia
Pesquisa mista, com análise descritiva dos dados quantitativos e Análise do Discurso dos dados qualitativos, fundamentada no autor Jaime Breilh. Entrevistou-se 85 moradores de um assentamento rural em Cáceres, Mato Grosso, de setembro a dezembro de 2023. Utilizou-se um formulário semiestruturado com questões predominantemente fechadas acerca do modo de vida, meio ambiente, trabalho, moradia, produção e saúde. Estruturou-se o perfil das necessidades em saúde do grupo de assentados e discutiu-se as pressões exercidas a nível geral, particular e singular. A pesquisa obteve aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz sob parecer nº 6.289.370 de 08 de setembro de 2023.
Resultados
Ausência de inovação tecnológica para pequena produção agrícola e animal como reflexo do investimento estatal no agronegócio em detrimento a agricultura familiar, que impacta na saúde dos assentados nas doenças osteomusculares, fibromialgia e fadiga pela falta de maquinários. Mudanças climáticas impulsionadas pelo modo de produção agrícola voltada à exportação, repercutindo no regime das chuvas, com seca intensa e calor extremo na região, prejudicando a pequena produção agrícola e a renda obtida, ocasionando desidratações, cancer de pele, descompensações na saúde de hipertensos, idosos, etc. Imposição da ideologia de produzir com agrotóxicos, suscetibilizando os assentados á intoxicações.
Conclusões/Considerações
As necessidades em saúde foram vistas como um processo determinante da vida, um direito inalienável e responsabilidade coletiva, em prol do bem comum. A preservação da saúde dos assentados, modos de vida e produção depende da organização social vigente. Assim, a produção sustentável e agroecológica deve prevalecer sobre modelos como o agronegócio, impulsionador das mudanças climáticas, nocivo à saúde e meio ambiente, e ser desincentivado no país.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTOXICAÇÕES EXÓGENAS POR EXPOSIÇÃO DÉRMICA À NICOTINA EM TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA FUMICULTURA NO BRASIL (2009-2023)
Pôster Eletrônico
1 ENSP/Fiocruz
Apresentação/Introdução
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial e principal exportador de folhas de tabaco. A produção concentra-se na Região Sul, envolvendo cerca de 138 mil famílias. A exposição ao tabaco in natura causa diversos agravos à saúde, entre eles a Doença da Folha Verde do Tabaco (DFVT), provocada pela absorção dérmica da nicotina presente nas folhas.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico dos casos de Doença da Folha Verde do Tabaco registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) no Brasil, entre 2009 e 2023, considerando aspectos clínicos, sazonais e demográficos.
Metodologia
Estudo descritivo, com análise de dados secundários do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), disponíveis no site do Departamento de Informática do SUS (Datasus). Incluíram-se todos os casos de intoxicação exógena por nicotina de folhas de tabaco notificados entre 2009 e 2023, relacionados ao trabalho agrícola. Foram analisadas variáveis como sexo, faixa etária, tipo de atendimento, evolução clínica e período de ocorrência. As análises foram realizadas utilizando o software SPSS v.30.
Resultados
Foram registrados 1.296 casos de intoxicação exógena por nicotina no período. A maioria (74,2%) ocorreu entre dezembro e fevereiro, durante a colheita. Do total, 66,2% eram homens e 33,8% mulheres; 87% adultos, 10% crianças/adolescentes e 3% idosos. Quanto ao atendimento, 91,8% foram ambulatoriais e 6,5% hospitalares. A evolução foi favorável em 95,7%, com cura sem sequelas. Frente ao universo de mais de 500 mil pessoas expostas, os dados revelam importante subnotificação.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam a magnitude da exposição à nicotina e a vulnerabilidade dos trabalhadores da fumicultura. A sazonalidade reforça a relação com a colheita. A subnotificação é agravada pela ausência de medidas de proteção eficazes e pelo receio de represálias por parte das empresas contratantes. Destaca-se ainda a ocorrência de casos entre crianças e adolescentes, evidenciando a persistência do trabalho infantil nas lavouras de tabaco.
INTERAÇÕES ENTRE OS SISTEMAS TRABALHO-SAÚDE-PREVIDÊNCIA NO PROCESSO DE INCAPACITAÇÃO PARA O TRABALHO DE MULHERES NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Os estudos de trabalho e gênero têm abordado as condições de trabalho das mulheres, buscando promover o reconhecimento social e a visibilidade dos trabalhos executados pelas mulheres. É pequena a produção de estudos que abordam a saúde-trabalho-gênero numa perspectiva comparada ou que abordem as iniquidades vivenciadas por mulheres no processo de adoecimento e incapacidade para o trabalho (IPT).
Objetivos
: Identificar as diferenças no processo de incapacitação para o trabalho entre homens e mulheres na indústria automotiva da Bahia, com foco nas iniquidades em saúde geradas pelas interações entre os sistemas TRABALHO-SAÚDE-PREVIDÊNCIA.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, desenhada na perspectiva de um Estudo de Caso Ampliado. A produção de dados contou com análise documental, trabalho de campo etnográfico que envolveu observação participante, entrevistas com homens e mulheres trabalhadores da indústria automotiva da região metropolitana de Salvador que vivenciaram experiências de incapacitação para o trabalho, bem como entrevistas com agentes interessados sobre o problema do adoecimento relacionado ao trabalho e da incapacidade para o trabalho na indústria automotiva. A análise dos dados apoiou-se na perspectiva teórica da ciência reflexiva de Burawoy e da sociologia reflexiva de Bourdieu.
Resultados
Mulheres vivenciam maior dificuldade em legitimar adoecimento, IPT e para retornar ao trabalho, devido a uma interação dos sistemas de Trabalho-Saúde-Previdência que reproduzem violências e biopoder sobre seus corpos. A busca por legitimação do adoecimento é intensamente atravessada por desigualdades de Gênero. Enquanto homens buscam legitimar a gravidade do adoecimento e seu impacto na capacidade de trabalho, mulheres precisam legitimar o adoecimento em si e sua relação com o trabalho. Estereótipos de gênero atribuem o adoecimento das mulheres a uma condição individual, características biológicas e ao trabalho reprodutivo, dificultando o reconhecimento como consequências do trabalho.
Conclusões/Considerações
Experiências com o Trabalho, Saúde e Previdência são marcadas por desigualdades de gênero, produzindo iniquidades em saúde, que, como nos lembra Whitehead (1992) são sistemáticas, relevantes e também injustas, desnecessárias e evitáveis. Para garantir políticas de equidade no campo da Saúde do Trabalhador, é preciso identificar e enfrentar as desigualdades de gênero.
EPIDEMIOLOGIA E ANÁLISE SITUADA DO TRABALHO PARA INTEGRAÇÃO DISCIPLINAR: PERSPECTIVA ETNOEPIDEMIOLÓGICA PARA COMPREENSÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO COM ENTREGADORES NAS RUAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro / Universidade Federal da Bahia
2 Universidade Federal da Bahia
Apresentação/Introdução
A integração de disciplinas por meio da etnometodologia, agregando estudos epidemiológicos e com base na análise situada da atividade, com abordagem da Análise Ergonômica do Trabalho, permite integrar evidências de diferentes disciplinas para compreender os acidentes de trabalho, para além de suas causas imediatas, podendo contribuir para a prevenção desta relevante causa evitável de morte.
Objetivos
Propôs-se discutir a perspectiva etnoepidemiológica para ampliar a compreensão do acidente de trabalho, em seu contexto sócio-histórico, cultural, político e econômico envolvendo entregadores em empresas proprietárias de plataformas digitais (EPPD).
Metodologia
Realizou-se uma websurvey com entregadores no Brasil - EpisSAT Entregadores. O link foi disponibilizado através das redes sociais e presencialmente. A análise situada da atividade foi conduzida com abordagem da Análise Ergonômica do Trabalho, por meio de observações globais e sistemáticas nos locais de aglomeração de entregadores nas ruas e em estabelecimentos comerciais. Utilizou-se a perspectiva etnoepidemiológica para análise dos resultados obtidos nos estudos conduzidos, buscando-se integrar os conhecimentos produzidos em cada disciplina, para compreender, em profundidade, o objeto estudado, o AT com entregadores em EPPD.
Resultados
O estudo epidemiológico evidenciou elevada frequência de pelo menos um AT no período de um ano, de 44,1%, predominado os acidentes de trânsito. Os AT se associaram, de forma mais consistente, com os conflitos com clientes das EPPD e com a ultrapassagem do sinal no trânsito. A análise situada da atividade possibilitou compreender que estes fatores do trabalho tinham como determinantes não os fatores individuais, pensamento predominante em uma concepção hegemônica, mas os constrangimentos decorrentes da organização do trabalho, com elevada subordinação dos trabalhadores às EPPD e pressão de tempo potencializada pela gestão algorítmica da força de trabalho e mecanismos despóticos de gestão.
Conclusões/Considerações
A integração da epidemiologia com a análise situada da atividade possibilitou avançar na superação dos limites de cada uma destas disciplinas isoladamente. A etnometodologia, portanto, é uma abordagem relevante para a compreensão dos AT com entregadores em EPPD, favorecendo a produção de subsídios para políticas públicas mais efetivas no contexto sociopolítico e econômico relacionados à elevada magnitude dos AT com entregadores.
DOENÇAS E AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO EM MOTORISTAS DE VEÍCULOS DE CARGAS: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA EM MATO GROSSO DO SUL, 2022 A 2024
Pôster Eletrônico
1 Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
Apresentação/Introdução
Motoristas de veículos de cargas estão entre os trabalhadores mais expostos a agravos relacionados ao trabalho. O Brasil está entre os quatro países com maior número de mortes no trânsito, ao lado de China, Índia e Nigéria, segundo a Organização Mundial da Saúde. Dados da Polícia Rodoviária Federal indicam que, em 2023, houve uma morte a cada 6,7 acidentes envolvendo caminhões.
Objetivos
Identificar o perfil epidemiológico dos agravos notificados em motoristas no estado de Mato Grosso do Sul, entre 2022 e 2024, com base no banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Metodologia
São trabalhadores, que enfrentam jornadas extensas, posturas corporais inadequadas, prazos rígidos de entrega, precarização das relações de trabalho e exposição a riscos físicos, químicos, biológicos e psicossociais. Foram identificados 1.060 registros envolvendo essa categoria, com predomínio de acidentes típicos (1.006; 94,9%), seguidos por acidentes com animais peçonhentos (30), intoxicações exógenas (7), perda auditiva induzida por ruído (4), transtornos mentais (2), LER/DORT (2), câncer (2) e violência interpessoal/autoprovocada (3).
Resultados
A maioria dos trabalhadores notificados era do sexo masculino (98%), com idade entre 30 e 59 anos, vínculo empregatício formal, não terceirizados, e tempo de ocupação de até 10 anos. Destaca-se que muitos desses trabalhadores não se limitam à condução dos veículos, exercendo também atividades como carga, descarga e manutenção mecânica, aumentando sua exposição. Os dados revelam concentração das notificações nos serviços de urgência e emergência, demonstrando baixa detecção na atenção primária. Foram observadas fragilidades nos campos “CNAE”, “CAT” e “evolução do caso”, comprometendo a completude e a capacidade analítica da vigilância.
Conclusões/Considerações
Recomenda-se a ampliação da capacitação das equipes de saúde, fortalecimento das notificações nos territórios e integração intersetorial com entidades sindicais, cooperativas e empresas para a promoção de saúde nos processos de trabalho e o efetivo cuidado integral no SUS.
COLEGIADO DE SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR: ESTRATÉGIAS E DESAFIOS
Pôster Eletrônico
1 SESAP/RN
Período de Realização
O relato de experiência abrange do ano de 2022 a 2024
Objeto da experiência
O Colegiado em saúde mental do trabalhador no NESST/SESAP-RN
Objetivos
A iniciativa surgiu diante da crescente valorização da saúde mental no ambiente de trabalho, especialmente frente às transformações socioeconômicas recentes. O Colegiado promove discussão e constrói diretrizes para o desenvolvimento do trabalho em saúde mental nos ambiente laborais.
Metodologia
O colegiado foi uma resposta estratégica às demandas emocionais e psicológicas dos trabalhadores. É formado por um grupo de profissionais de saúde que fazem parte da Rede de Saúde do Trabalhador, onde existem psicólogos, psiquiatras, médicos, enfermeiros, dentre outros. O colegiado tem papel essencial no fortalecimento das ações de vigilância em saúde e na prevenção de agravos psicossociais.
Resultados
Destacaram-se avanços como a padronização de documentos, das notificações de acidentes de trabalho, a institucionalização do Prontuário do Trabalhador, elaboração de material instrutivo e as campanhas de sensibilização promovidas em datas estratégicas como o Janeiro Branco que é o mês alusivo à saúde mental, Abril Verde sobre a prevenção dos acidentes no trabalho, priorizando os riscos psicossociais e Setembro Amarelo com intervenções relacionadas aos comportamentos autodestrutivos e adoecimento mental.
Análise Crítica
Essas ações contribuíram para a promoção de uma cultura organizacional mais saudável e consciente da importância da saúde mental. Embora haja limitações, como a dificuldade de generalizar os resultados para outros contextos, o colegiado demonstrou impacto positivo na melhoria das condições de trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
As perspectivas futuras indicam a necessidade de expansão da iniciativa para outras regiões e da incorporação de novas tecnologias e abordagens metodológicas, visando à consolidação e ampliação das ações em saúde mental no ambiente de trabalho.
SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA E ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: CONSTRUINDO CAMINHOS PARA UM CUIDADO EM SAÚDE INTEGRADO
Pôster Eletrônico
1 CASSI
Período de Realização
Experiência realizada entre janeiro e abril de 2025.
Objeto da experiência
Capacitação com equipes de saúde do trabalhador como estratégia inicial de construção de mecanismos de integração com a Atenção Primária à Saúde (APS)
Objetivos
Alinhar os processos de trabalho da equipe de saúde do trabalhador, como etapa inicial, para a construção de estratégias que assegurem um fluxo único de cuidado entre as equipes de saúde do trabalhador e APS.
Metodologia
A capacitação, como início de um processo de integração, abarcou os profissionais de saúde do trabalhador(a) considerando a necessidade de alinhar inicialmente os processos de trabalho já previstas para a equipe, associado com a carência de conhecimento dos conceitos e premissas da APS. A partir dos processos de trabalho que já realizados, foram discutidas as oportunidades de integração entre saúde do trabalhador(a) com a APS, e os desafios e potencial para construção de um cuidado integral.
Resultados
Participaram 150 profissionais, em 4 turmas. Destes, 92% se disseram muito satisfeitos ou satisfeitos com a capacitação. O alinhamento dos processos de trabalho foi reconhecido como uma estratégia exitosa para o início da integração. Foi destacado a necessidade de promover próximos momentos com as equipes de APS e a atuação dos gestores em todas as fases. Dentre os desafios para a integração com a APS, a ausência de sistemas de saúde integrados e alta demanda foram os entraves mais discutidos.
Análise Crítica
Iniciar a capacitação pelos processos de trabalho, inserindo nestes, as oportunidades de integração de cuidado com a APS, trouxe materialidade a premissa de integração entre as equipes. Mas, não apenas a ementa construída foi decisiva para o êxito da estratégia, e sim a participação e a construção de metodologia dialogada com os participantes, que se traduziu em insumos tanto para as próximas etapas do processo contínuo de integração, como para as revisões necessárias nos processos de trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
Processos de educação continuada e permanente contextualizadas com os processos de trabalho para promover uma integração entre as equipes é fundamental, atrelados a mecanismos institucionais de indução do trabalho integrado. Enquanto recomendações, a construções de espaços dialogados teórico-práticos na rotina das equipes são ricas oportunidades de materializar um fluxo de cuidado único entre a saúde do trabalhador e APS.
IMPACTOS DO TRABALHO IMATERIAL AFETIVO NA ROTINA DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Pôster Eletrônico
1 UECE
Período de Realização
A experiência descrita neste manuscrito foi realizada no segundo semestre letivo de 2023.
Objeto da experiência
Apresentou-se como objeto os impactos do trabalho imaterial afetivo na vida de profissionais de saúde de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
Objetivos
O objetivo norteador foi o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em seu eixo 8. Especificamente, buscou-se mapear e relatar os impactos biopsicossociais oriundos dos efeitos pertinentes ao trabalho imaterial afetivo que vem assolando diversos profissionais de saúde de um CAPS.
Metodologia
Este relato de experiência caracteriza-se por ter natureza qualitativa e descritiva. Utilizou-se um percurso metodológico baseado em observação participante da rotina do serviço dos profissionais de saúde de um CAPS, realizada semanalmente em dias alternados, porém em turno fixo, sempre pela manhã. A coleta de dados foi direcionada na identificação e na compreensão dos impactos do trabalho imaterial afetivo vivenciados por esses profissionais.
Resultados
Observou-se, durante as atividades de rotina, que o trabalho imaterial afetivo se manifesta em diversas atividades. As consequências desse fenômeno observadas foram: variação da potência afetiva do corpo; implicação subjetiva com a atividade realizada; necessidade de resolução rápida e precisa para problemas inéditos e mescla entre vida pessoal e trabalho, devido à dificuldade de desligar-se dos afetos experimentados na relação com os pacientes, chefes e demais colegas de trabalho.
Análise Crítica
O trabalho imaterial afetivo, crucial para a efetividade do cuidado em saúde mental, pode ser também um gatilho de estresse e adoecimento. A falta de espaço formal para acolhimento e discussão sobre seus impactos no trabalho, acrescida da pressão por resultados e da sobrecarga de demandas, por exemplo, intensifica o desgaste dos profissionais. A vivência revelou a necessidade de implementação de políticas institucionais de cuidado ao trabalhador que abordem a gestão de suas emoções no trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
Este relato destaca que a valorização do trabalho imaterial afetivo não se restringe a reconhecer sua existência, mas implica em criar condições para que os profissionais possam exercê-lo de forma saudável e sustentável. A experiência possibilitou uma reflexão crítica sobre a organização do trabalho no CAPS, sugerindo a imprescindibilidade de um olhar mais acurado para as subjetividades e os afetos que permeiam as práticas de cuidado.
CAMINHOS PARA O CUIDADO E A VALORIZAÇÃO: A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL ENTRE ACSS E ACES
Pôster Eletrônico
1 UFC
Período de Realização
A atividade foi desenvolvida em maio de 2025.
Objeto da experiência
A realização de uma atividade voltada ao cuidado em saúde mental aos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e Agentes de Combate às Endemias (ACEs).
Objetivos
Promover o autocuidado e um ambiente laboral mais saudável, humanizado e seguro para os trabalhadores e as trabalhadoras do SUS, por meio de uma roda de conversa, visando sua valorização e bem-estar a partir de uma visão holística no contexto da atenção básica.
Metodologia
A ação foi realizada na sala de situação de uma UBS da cidade de Fortaleza-CE, por iniciativa do PET-Saúde Equidade da UFC. Iniciou-se uma roda de conversa onde foram levantadas reflexões sobre a saúde mental, os seus desafios no ambiente de trabalho que levam ao prejuízo nessa dimensão e as causas e consequências do adoecimento psíquico. Ao final, o grupo divulgou mecanismos de enfrentamento, além do contato de canais e instituições que oferecem apoio psicológico gratuitamente ao cidadão.
Resultados
Durante as discussões, os profissionais concentraram-se especialmente nas cobranças e na sobrecarga que são submetidos diariamente nos territórios e na unidade de saúde, destacando os impactos diretos na saúde física e mental, como estresse, sensação de invisibilidade e ansiedade. Os agentes expressaram seus pensamentos e opiniões, principalmente com relatos de situações pessoais em que não receberam apoio institucional, resultando em sentimento de desamparo e desvalorização.
Análise Crítica
Os ACSs e ACEs revelaram em suas falas os trajetos abstratos, pessoais e laborais que necessitam enfrentar cotidianamente na promoção da saúde pública, refletindo em consequências na sua saúde mental. Frente ao contexto de vulnerabilidades sociais e violências, foi possível observar desafios da rotina dos agentes, evidenciando que o trabalho está atravessado por um cenário que exige apoio, assistência e valorização dos profissionais envolvidos, a exemplo das atividades promovidas pelo PET.
Conclusões e/ou Recomendações
A publicação do que foi desenvolvido é importante para disseminar estratégias que valorizem e deem voz aos profissionais da ESF, especialmente quanto ao bem-estar físico-biológico, psíquico e espiritual. Além disso, estimula investigações futuras e contribui significativamente com a Saúde Coletiva ao refletir sobre as condições desses trabalhadores e incentivar práticas integrativas e humanizadas que fortalecem o SUS e a equidade.
INTERVENÇÕES COLETIVAS DA PSICOLOGIA NO ÂMBITO DA SAÚDE DO TRABALHADOR NA REDE ESTADUAL DO SUS NO RIO GRANDE DO NORTE
Pôster Eletrônico
1 SESAP/RN
Período de Realização
Período de realização entre os anos de 2020 a 2025
Objeto da experiência
Psicoeducação e sensibilização sobre a relação entre saúde mental e trabalho
Objetivos
Desenvolver psicoeducação junto a trabalhadores (gestores e nível operacional) das unidades de saúde vinculadas a Secretaria de Saúde Pública, por meio de ações de letramento, desenvolvimento grupal, jogos coletivos e capacitações.
Metodologia
A política de Saúde do Trabalhador no âmbito da SESAP foi instituída em 2020, impulsionada pelo desenvolvimento da pandemia SARS COV, e trouxe em seu arcabouço o Psicólogo(a) como componente da equipe mínima para atuar na prevenção e acompanhamento da saúde mental do trabalhadores. O novo campo de atuação demandou o desenvolvimento de atividades em diversos âmbitos, no nivel organizacional, com a articulação de políticas de gestão de pessoas, no âmbito coletivo, com a difusão e escuta de grupo de trabalhadores sobre sua atuação, condições de trabalho, e no âmbito do indivíduo com a realização de acompanhamento psicológico.
Resultados
Como resultado da atuação dos profissionais da Psicologia foi vista a construção de um colegiado que propõe diretrizes e atividades relacionadas ao trabalhador como: ebooks, informativos, encontros de educação permanente, capacitações, notas diretrizes de condução do serviço, notificações e mobilizações coletivas (grupos, rodas de conversas, dentre outros). As atividades têm repercutindo em uma melhor assistência ao trabalhador como também a melhoria dos espaços coletivos e ambientes saudáveis no trabalho.
Análise Crítica
A compreensão da relação da saúde mental com o ambiente do trabalho tem propiciado novas possibilidades de lidar com o adoecimento mental no trabalho. A inserção do cuidado sobre os riscos psicossociais como fatores primordiais para melhoria do quadro de adoecimento tem colaborado para avanços nas práticas coletivas de Saúde Mental. São percebidos significativos desafios relacionados aos ambientes e relações cotidianas de trabalho que adoecem os trabalhadores, como o assédio, a sobrecarga e a comunicação frágil.
Conclusões e/ou Recomendações
O ativismo do grupo colegiado formado por profissionais da Psicologia tem conseguido, apesar dos desafios, implantar novas vivências e manejos relacionados às práticas saudáveis que envolvem saúde mental e ambiente saudáveis no trabalho. Desse modo, o avanço nos estudos relacionados aos riscos psicossociais trazem diversas práticas que modificarão, para o bem do serviço, as relações no trabalho com a gestão, com o coletivos e com o próprio individuo.
CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇAS DE UMA OPERADORA DE SAÚDE COM OS CUIDADOS E PREVENÇÃO DA SAÚDE MENTAL DE SUAS EQUIPES
Pôster Eletrônico
1 CASSI
Período de Realização
Janeiro de 2025
Objeto da experiência
Desenvolvimento de atividades coletivas com lideranças de um plano de saúde voltadas à educação e prevenção de saúde mental de suas equipes de trabalho
Objetivos
Relatar a experiência capacitação de lideranças de uma operadora de autogestão na condução de atividades coletivas educativas, com foco em estratégias de prevenção, promoção da saúde mental das suas equipes de trabalho.
Descrição da experiência
A capacitação foi conduzida por psicóloga especialista em saúde mental e trabalho e destinada à equipe de lideranças de uma clínica de atenção primária vinculada à operadora de saúde de autogestão. A ação ocorreu presencialmente, abordando temas como comunicação, cultura de feedback, prevenção do assédio, segurança psicológica, papel da liderança e saúde mental no ambiente laboral.
Resultados
Participaram 19 lideranças. A atividade favoreceu o entendimento sobre o papel do gestor na construção de ambientes saudáveis, promoveu esclarecimento de dúvidas, troca de experiências e incentivo a práticas preventivas de saúde mental. A capacitação resultou em plano de ação coletivo com foco no cuidado das equipes.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a relevância de ações formativas voltadas às lideranças para fortalecer o cuidado com a saúde mental no trabalho. O ambiente grupal favoreceu o engajamento, o apoio mútuo e a escuta ativa, além de contribuir para a construção de estratégias institucionais voltadas à prevenção do adoecimento psíquico no contexto organizacional.
Conclusões e/ou Recomendações
A capacitação de lideranças é fundamental para a promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis e prevenção de transtornos mentais, especialmente na área da saúde. A institucionalização de programas regulares de cuidado em saúde mental fortalece o clima organizacional, a segurança psicológica e o bem-estar coletivo.
BAÚ DE HISTÓRIAS: A ESCRITA COMO ESTRATÉGIA DE REFLEXÃO E (RE)EXISTÊNCIA DE ESTUDANTES, TRABALHADORAS E TRABALHADORES DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UnB
2 SES/DF
Período de Realização
Abril de 2024 – Maio de 2025
Objeto da experiência
A escrita como tecnologia social para apresentar, provocar e promover a equidade e valorização do trabalho em saúde.
Objetivos
Relatar a experiência do grupo 4 "Baú de Recordações", que, no âmbito do PET-Saúde/Equidade, desenvolveu práticas de escuta, reflexão e escrita, com enfoque no reconhecimento de subjetividades e trajetórias evocadas a partir do contato com a realidade de trabalhadoras e trabalhadores da saúde.
Descrição da experiência
Os membros do grupo foram incentivados a expressar em textos suas vivências em Unidade Básica de Saúde por meio da escrita para dar voz a seus sentimentos, desafios e aprendizados durante o projeto. Cada produção serve não somente como um registro do projeto, mas também como uma celebração das memórias que emergem quando a prática se encontra com o humano, traduzindo as complexidades do cuidado e da equidade em narrativas que misturamhistórias e estórias.
Resultados
Destaca-se a criação do "Baú de Histórias", compilado de registros em formato de colagens, desenhos, produção de diferentes textos. O repertório expressivo do grupo permitiu a elaboração de trabalhos em formatos variados sobre temas como iniquidades de gênero, raça, etnia e maternidades no trabalho em saúde. Além disso, observou-se maior abertura das trabalhadoras e trabalhadores para compartilhar experiências marcadas por racismo institucional, sobrecarga laboral e maternidades silenciadas.
Aprendizado e análise crítica
A metodologia proposta promoveu articulação de oralidade, memória e escrita de si e do outro, permitindo a emergência de vozes silenciadas. A escuta coletiva evidenciou violências institucionais atravessadas por gênero, raça, etnia e maternidades. Apesar das resistências iniciais e das inseguranças quanto à proposta, o grupo conseguiu mediar tensões entre o cotidiano institucional e a proposta poética-política do baú, com sensibilidade e escuta atenta.
Conclusões e/ou Recomendações
Ao articular memória, afeto e crítica social, a ação possibilitou reconhecer trajetórias invisibilizadas e fortalecer vínculos entre profissionais, reafirmando o cuidado como prática também política e sensível. Assim, a experiência reacendeu sentimentos de desvalorização e anseios de mudança nas práticas institucionais. Além disso, revelou o potencial transformador da escrita como prática de reflexão e promoção da equidade no trabalho em saúde.
DOCUMENTO SÍNTESE DO 1º ENCONTRO ESTADUAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA NA BAHIA: DESAFIOS ATUAIS E CONTRIBUIÇÕES AO DIÁLOGO DA STT COMO DIREITO HUMANO.
Pôster Eletrônico
1 DIVAST/SUVISA/SESAB
2 Fundação Estatal Saúde da Família FESF-SUS/BA. DIVAST/SUVISA/SESAB
Período de Realização
3 e 4 de dezembro de 2024
Objeto da experiência
Subsidiar as discussões e proposições do processo de construção da 5ª CNSTT da Bahia, 2025
Objetivos
Apresentar os diálogos e debates realizados e publicizar o Documento Síntese do 1º Encontro Estadual Preparatório da 5ª CESTT da Bahia
Descrição da experiência
As reflexões contidas no documento-síntese foram extraídas das falas dos palestrantes e dos debates com os participantes do 1º Encontro Estadual Preparatório da 5ª CESTT da Bahia. Elas expressam uma interlocução rica e aprofundada sobre as questões atuais da Política de Saúde do Trabalhador, os desafios do mundo do trabalho na conjuntura contemporânea, além da participação e do controle social no Brasil e na Bahia
Resultados
A sistematização das apresentações, debates e textos enriquecidos pelas questões mobilizadoras propostas foi realizada por uma equipe de relatoria composta por técnicas da Divast/Cesat. Resultou um documento-síntese orientador, que reúne as narrativas do controle social, de gestores e de profissionais de saúde expressas nas proposições e 13 vídeos com a apresentação completa do 1º Encontro Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora 2025, divulgados por meio do canal oficial no YouTube
Aprendizado e análise crítica
As autoras consideram que o Documento Síntese da 5ª CESTT-BA expressou uma interlocução rica e reflexiva sobre questões atuais da política de Saúde do Trabalhador, abordando as relações entre capitalismo, democracia e garantia de direitos; igualdade, equidade e justiça social; gênero e raça; a crítica ao conceito de trabalho decente; as políticas de proteção ambiental e a participação do controle social na formulação das políticas públicas sobre as relações de trabalho no Brasil e na Bahia
Conclusões e/ou Recomendações
Espera-se que o Documento constitua importante subsídio para aprofundar a reflexão dos principais desafios a serem enfrentados, assim como definir estratégias e propostas de ação coletiva voltadas à efetivação da garantia de direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores em nosso estado e país. Espera-se que contribua para a produção de informações em STT e o fortalecimento da Política de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Bahia (PSTT-BA)
A RODA DE CONVERSA(RC) NA GESTÃO DO TRABALHO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA DIVISÃO DE SAÚDE OCUPACIONAL DO SERVIDOR (DSOS) DA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ (SESA)
Pôster Eletrônico
1 Secretaria da Saúde do Estado do Paraná
Período de Realização
O trabalho foi realizado no período de maio de 2023 a 7 de novembro de 2024.
Objeto da experiência
RC como metodologia para abordar temas específicos de forma dinâmica e eficaz com os trabalhadores de diferentes unidades e municípios da SESA Paraná.
Objetivos
A Roda de Conversa, metodologia retomada por Paulo Freire e utilizada na Política de Humanização do Sistema Único de Saúde, teve por objetivo permitir o acolhimento dos trabalhadores pela participação ativa na construção e apropriação de um saber de forma coletiva através da fala.
Metodologia
Foram 89 RC realizadas in loco com trabalhadores da SESA com as temáticas de Prevenção ao Assédio Moral e Sexual, e/ou Promoção a Saúde Mental no ambiente de trabalho. Os Rhs das unidades locais foram responsáveis por convidar os trabalhadores à participação na RC mesclando pessoas de diferentes setores, escolaridade e níveis hierárquico, sendo a RC mediada por dois profissionais da DSOS com contrato de sigilo.
Resultados
Foi possível a sensibilização em relação as temáticas propostas e promoção de estratégias protetivas em relação a saúde mental no ambiente de trabalho e/ou assédio moral e sexual dos trabalhadores, além disso eles utilizaram o espaço para falar dos desafios em seus ambientes de trabalho, o que resultou em um relatório de devolutiva para a gestão local com os problemas constatados e sugestões de intervenção. Houve relatos de melhora no clima organizacional após essa ação.
Análise Crítica
Nos locais de trabalho percebemos muita dificuldade das pessoas em comunicar suas percepções sobre os processos de trabalho e construir soluções conjuntas de enfrentamento, sendo os relatos voltados para os problemas. Os participantes se sentiram acolhidos e ouvidos. Esse trabalho tenta estimular que a gestão local e cada trabalhador possa descobrir soluções de enfrentamento nas realidades trabalhadas tanto na promoção de saúde mental, como na prevenção do assédio moral e sexual.
Conclusões e/ou Recomendações
A RC é simples e eficaz para envolver os participantes na construção de saberes ou soluções, ampliação dos conhecimentos, permite o exercício da empatia com o outro e o comprometimento do sujeito com os processos e construção coletiva em prol da melhoria dos ambientes de trabalho. A pesquisa de satisfação após a realização da atividade se faz importante e necessária para correção de possíveis falhas e aperfeiçoamento da metodologia.
INOVAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: A IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE NA PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.
Pôster Eletrônico
1 RioSaúde
2 PGM Rio
Período de Realização
Janeiro a julho de 2025.
Objeto da experiência
Implantação de um serviço de atenção integral à saúde física e mental no ambiente de trabalho.
Objetivos
Implementar um serviço estruturado de atenção à saúde no ambiente de trabalho, promovendo ações de assistência, prevenção e promoção da saúde física e mental; utilizar o perfil epidemiológico como ferramenta estratégica para direcionar as atividades conforme as necessidades específicas dos trabalhadores.
Metodologia
A Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro e a Empresa Pública de Saúde do Rio de Janeiro estabeleceram uma parceria inovadora para implantação de um serviço de atenção à saúde física e mental no ambiente de trabalho com atendimentos ambulatoriais, ações de vigilância em saúde, promoção do bem-estar e suporte a urgências. Para identificar as principais necessidades do público atendido foi realizado um diagnóstico situacional e o perfil epidemiológico dos cerca de 700 trabalhadores.
Resultados
A iniciativa tem estruturado um modelo de cuidado contínuo e integrado à rede de saúde, garantindo ampliação do acesso aos cuidados físicos e mentais dos trabalhadores. O perfil epidemiológico definiu prioridades, como o monitoramento das doenças crônicas não transmissíveis e a promoção de práticas saudáveis e de bem-estar. O serviço, com atendimentos desde abril de 2025, posiciona a PGM como referência na administração pública, promovendo saúde física e mental de forma integrada.
Análise Crítica
A implantação de um serviço de saúde no ambiente institucional é uma estratégia viável e eficaz, desde que sustentada por planejamento técnico, gestão qualificada e apoio institucional. Delinear o perfil epidemiológico se mostrou essencial para a adequação das ações às reais necessidades da população atendida. Entre os desafios, destacam-se a manutenção das ações e a atualização do diagnóstico de saúde para que haja impacto positivo na produtividade e satisfação dos trabalhadores.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência representa uma inovação na gestão pública e demonstra que políticas integradas de saúde no trabalho são viáveis e potencialmente benéficas. Recomenda-se sua replicação em outros órgãos públicos, com a adoção do perfil epidemiológico como ferramenta orientadora. A iniciativa reforça a importância de políticas institucionais alinhadas às legislações vigentes, promovendo ambientes laborais mais saudáveis, acolhedores e produtivos.
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA MONITORAMENTO DE AÇÕES DE VIGILÂNCIA E ATENÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR (SIVAST) NO INDICADOR ESTADUAL DE ST DA BAHIA.
Pôster Eletrônico
1 Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro de Referência Estadual da Saúde do Trabalhador. (DIVAST/CESAT). Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (SUVISA)/SESAB, Salvador, Bahia.
Período de Realização
2023 a 2025.
Objeto da experiência
Avaliação do impacto do SIVAST no desempenho dos municípios no Indicador estadual “Percentual de municípios desenvolvendo ações de Saúde do Trabalhador”.
Objetivos
O Sivast, ferramenta de apoio à gestão da ST no SUS-BA, foi implantado com o objetivo de informatizar e qualificar o processo de registro das ações de saúde do trabalhador pelas instâncias da Renast-BA, monitorando o indicador estadual “percentual de municípios desenvolvendo ações de Saúde do Trabalhador”.
Metodologia
A criação do SIVAST-BA pelo Núcleo de Informação em Saúde do Trabalhador, e demais coordenações da Divast nasceu como uma tentativa de informatizar e qualificar o processo de registro das ações de ST pelas instâncias da Renast-BA. A implantação do Sivast ocorreu em três etapas, todas no primeiro quadrimestre de 2023, com lançamento em maio, do novo processo de trabalho com registro digital qualificado das informações de ST cadastradas pela rede nos relatórios mensais do Sistema.
Resultados
Em 2022, antes da implantação do Sivast, tivemos 389 municípios com atuação satisfatória, no 1º ano de implantação (2023) tivemos 416 municípios satisfatórios no indicador estadual de saúde do trabalhador. Além disso, apresenta 6672 registros de ações de educação em saúde desenvolvidos com a população trabalhadora; 12839 atividades de educação permanente em ST cadastradas, além de 261855 trabalhadores beneficiados com as 15138 inspeções sanitárias em ST registradas no Sistema.
Análise Crítica
A institucionalização na Renast-BA de uma rotina de registro por meio digital no SIVAST-BA, com informações cadastradas de forma completa e em tempo oportuno constitui um grande desafio aos apoiadores institucionais da Divast/Cesat. Mesmo com constante ações de qualificação dos profissionais para o uso correto da ferramenta, ainda persiste o cadastro de dados incompletos. A Divast tem buscado um maior investimento dos setores tecnológicos do SUS-BA no aprimoramento do SIVAST.
Conclusões e/ou Recomendações
A inserção da ferramenta digital no processo de trabalho da Vigilância em Saúde do Trabalhador mostrou-se eficaz, com maior alcance dos dados captados em tempo real e visibilidade das ações desenvolvidas no estado, que possibilitam o aprimoramento dos processos avaliativos e o monitoramento contínuo dos indicadores de ST.
VIVÊNCIAS DA TURMA DE SAÚDE COLETIVA NA 1° CONFERÊNCIA DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Pôster Eletrônico
1 UEPA
2 UFPA
Período de Realização
A conferência ocorreu nos dias 9 e 10 de abril de 2025, e o relato foi escrito na semana seguinte.
Objeto da experiência
1° Conferência Municipal de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de Belém criada pelo Conselho Municipal de Saúde de Belém com a Secretaria de Saúde.
Objetivos
Se dá como objetivo, expor a experiência obtida na 1° Conferência Municipal de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de Belém; Além de descrever as abordagens e vivências nas etapas da conferência e expor os entendimentos adquiridos pelos discentes, o qual relacionam com seu conhecimento prévio.
Descrição da experiência
A conferência iniciou com a leitura do regimento seguido a mesa redonda, apresentação dos eixos temáticos e debate. O segundo dia, destacou as propostas discutidas a partir de cada eixo. Os alunos do terceiro semestre de saúde coletiva, presenciaram a formulação das moções do eixo 3, referindo-se à participação popular na saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras para o controle social. Em formato de roda de conversa, os participantes pontuaram as dificuldades de acesso à serviços de saúde.
Resultados
A conferência obteve a presença de trabalhadores, gestores e entidades científicas, além de usurários do SUS. Elencou-se 9 propostas, 3 de cada eixo temático, os discentes destacam a proposta 2 do eixo 3, que se refere a concretização do pacto nacional pela transparência e monitoramento das deliberações das CMSTT, que consente a necessidade da atenção voltada a continuidade da participação social nesse contexto.
Aprendizado e análise crítica
A CMSTT/Belém contou com um núcleo diverso de pessoas presentes, possuindo um espaço democrático onde a participação social foi um dos principais pontos percebidos, com as diversas contribuições, tornou-se evidente a presença do desconhecimento da população acerca de seus direitos. Além disso, a necessidade de confrontar o atual cenário que a saúde do trabalhador está inserida foi exorbitante, principalmente com a reconexão entre a gestão e a população.
Conclusões e/ou Recomendações
Em suma, a participação dos discentes tornou-se uma vivência enriquecedora, onde foi possível observar diversas questões inadequadas e pouco discutidas sobre a saúde do trabalhador e da trabalhadora do município de Belém. Logo, a experiência reforçou e evidenciou ainda mais a importância de formar profissionais engajados com a promoção da saúde e a participação social, tornando assim a consolidação dos direitos sociais uma prática efetiva.
CONTRIBUIÇÕES DO APOIO INSTITUCIONAL EM SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA ÀS CONFERÊNCIAS MACRORREGIONAIS DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA (CMSTT) NA BAHIA.
Pôster Eletrônico
1 DIVAST/SUVISA/SESAB
2 DIVAST/SUVISA/SESAB. Fundação Estatal Saúde da Família FESF-SUS/BA
Período de Realização
Fevereiro a maio de 2025.
Objeto da experiência
Apoio às comissões organizadoras locais na realização das Conferências Macrorregionais de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
Objetivos
Acompanhar e apoiar as comissões organizadoras locais no processo de estruturação e realização das nove Conferências Macrorregionais de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora no estado da Bahia.
Descrição da experiência
Os apoiadores institucionais da Divast/Cesat acompanharam a organização e realização das CMSTT nas macrorregiões de saúde do estado, inicialmente através da articulação com as instâncias da Renastt-Ba na mobilização e integração desses atores com os Conselheiros de Saúde, nos grupos de Whatsapp e no apoio presencial à durante o evento, no suporte às plenárias, apresentações temáticas e atuando nos subgrupos, nas funções de facilitadores e relatores.
Resultados
O apoio institucional da Divast/Cesat possibilitou maior mobilização e articulação dos Cerest e Referências Técnicas em Saúde do Trabalhador (RTST) Regionais dos NRS/BRS da Renastt-BA com os conselheiros de saúde e outros atores sociais, na formação e integração das comissões locais de estruturação das CMSTT. A criação de grupos virtuais, como ambiente de discussão contribuiu na identificação de potencialidades e desafios na relação das instâncias da Renastt e representantes do Controle Social.
Aprendizado e análise crítica
A experiência vivenciada pelos apoiadores institucionais demonstrou a necessidade de uma maior aproximação e integração das equipes dos Cerest e RTST Regionais com a população trabalhadora e os representantes do Controle Social. Durante o processo, percebeu-se uma participação tímida dos Cerest, principalmente durante a estruturação das Conferências. Esta articulação apresenta grande potencial de fortalecimento da política e ações de STT no território.
Conclusões e/ou Recomendações
As autoras consideram que a experiência vivida pelas/os Apoiadoras/es Institucionais da Divast/Cesat nas Conferências Macrorregionais de STT, fomentou espaços de aproximação e integração da Renast/Ba. Evidenciou o papel estratégico do Apoio, como método para a construção de estratégias formativas de escuta qualificada que ampliem o protagonismo dos trabalhadores e das trabalhadoras nas decisões sobre políticas públicas de STT.
A ARTE COMO ELEMENTO INTEGRATIVO PARA A PROMOÇÃO DO CUIDADO NA SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Pôster Eletrônico
1 Ministério da Saúde
Período de Realização
02/04 a 14/05 de 2025
Objeto da experiência
Oficina de Poesia e Sarau poético utilizando a arte como elemento integrativo para a promoção do cuidado na saúde do trabalhador e da trabalhadora.
Objetivos
Associar a arte como forma de descompressão da rotina diária de trabalho, nas dependências do Ministério da Saúde e oportunizar a integração, onde a pessoa é chamada a expressar sentimentos e visões pessoais, trazendo à luz os benefícios para o equilíbrio biopsicossocial.
Descrição da experiência
Com apoio da Coordenação de Atenção à Saúde dos Servidores do Ministério da Saúde, ocorreu a oficina de declamação. Ao todo foram seis encontros presenciais. Cada participante escolheu sua poesia e apresentou para os demais. Através disso foram compartilhadas técnicas de relaxamento, respiração, memorização de texto e declamação, proporcionando ricos momentos de descompressão no intervalo do almoço com trocas de experiências e resgates afetivos. Ao final, realizou-se um Sarau aberto ao público.
Resultados
Foi percebido que ao associar a arte, no caso, a poesia, aos momentos de descompressão, como processo de promoção do cuidado na saúde do trabalhador e da trabalhadora, houve uma oportunidade integrativa por meio da arte aos participantes que puderam expressar através das poesias escolhidas, seus sentimentos e visões pessoais, e que muitas vezes não conseguem manifestar de forma objetiva, trazendo benefícios para o equilíbrio biopsicossocial em seu ambiente de trabalho.
Aprendizado e análise crítica
Segundo o filósofo Aristóteles, a arte é fundamental para a compreensão do mundo e do homem, pois ela permite representar o universal, a essência das coisas e não apenas a sua aparência superficial. A experiência confirmou a importância de a pessoa descobrir a si mesma, expor sentimentos, emoções, utilizando os recursos artísticos, o que reflete em todas as áreas da vida, e confirma a necessidade de integrar mente, corpo e alma na promoção do cuidado na Saúde do trabalhador e da trabalhadora.
Conclusões e/ou Recomendações
Sugere-se manter espaços periódicos nas dependências do Ministério da Saúde para realização de atividades artísticas, como momentos de descompressão, com ou sem apresentação final ao público, de modo a incentivar e promover a conscientização sobre os benefícios que a arte oferece para a melhora na promoção do cuidado na saúde do trabalhador e da trabalhadora.
IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE PSICOEDUCAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL JUNTO A TELEATENDENTES DE UMA CENTRAL DE RELACIONAMENTO BANCÁRIA
Pôster Eletrônico
1 Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil
2 Universidade Federal de Pernambuco; Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil
3 Faculdade Pernambucana de Saúde; Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil
Período de Realização
Julho de 2022 a junho de 2024, com encontros mensais durante o expediente dos teleatendentes.
Objeto da experiência
Implementação de ações de psicoeducação em grupo com teleatendentes de uma central de relacionamento bancária.
Objetivos
Relatar a experiência da aplicação de ações de psicoeducação como ferramenta de promoção da saúde mental de trabalhadores de teleatendimento, fortalecendo habilidades emocionais, incentivando o autocuidado e a resiliência no ambiente de trabalho bancário.
Descrição da experiência
Trata-se de um relato qualitativo corporativo. Foram realizados encontros mensais durante a jornada de trabalho, com duração de 20 minutos. Os temas foram definidos a partir das necessidades dos trabalhadores. Participaram 11 grupos, com cerca de seis teleatendentes cada, mediados por uma psicóloga. Os temas abordaram autocuidado, inteligência emocional, saúde mental, gestão do tempo, somatização, entre outros, favorecendo práticas reflexivas e inclusão do cuidado psicológico no cotidiano.
Resultados
Foram realizados 24 encontros. Observou-se adesão constante, reflexões espontâneas e fortalecimento do vínculo entre os teleatendentes. Relatos apontam melhora na escuta, na expressão de sentimentos e maior busca por práticas de autocuidado. A experiência contribuiu para redução do estigma e promoção da saúde mental no ambiente de trabalho.
Aprendizado e análise crítica
A psicoeducação, aplicada de forma contínua e contextualizada, é uma estratégia viável para promover saúde mental no trabalho. Contribui para ampliar o cuidado psicossocial no campo da Saúde Coletiva, integrando dimensões subjetivas à prática laboral. Observou-se valorização do espaço de escuta e fortalecimento de vínculos, apontando a importância de intervenções coletivas como ação preventiva no contexto produtivo, com aceitação entre os teleatendentes e baixo impacto operacional.
Conclusões e/ou Recomendações
A psicoeducação mostrou-se eficaz para qualificar o cuidado em saúde mental no contexto do teleatendimento. Sugere-se a ampliação com avaliação de impacto clínico e institucional, fortalecendo estratégias interdisciplinares que aliem bem-estar, produtividade, sustentabilidade e prevenção do sofrimento psíquico no ambiente laboral. Recomenda-se sua incorporação como prática contínua na Saúde Coletiva, articulada às políticas de saúde do trabalhador.
CONSULTAS COMPARTILHADAS COMO ESTRATÉGIA DE INSERÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR (ST) NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS)
Pôster Eletrônico
1 Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (SESA ES)
2 Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi)
Período de Realização
Dezembro de 2024 a maio de 2025.
Objeto da experiência
Desenvolvimento de consultas compartilhadas em ST entre a equipe do Centro de Referência em ST (Cerest) Metropolitano, do Espírito Santo, e a APS.
Objetivos
Efetivar a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT); desenvolver ações intrasetoriais na Rede Nacional de Saúde do Trabalhador; consolidar a visão do trabalho como determinante do processo saúde-doença; capacitar a APS para o cuidado em Saúde do Trabalhador.
Metodologia
O Cerest Metropolitano promoveu, como estratégia de matriciamento, consultas compartilhadas entre profissionais do serviço – médico, psicóloga e fisioterapeuta – e a pessoa médica da UBS/USF de referência do usuário. Ao identificar a demanda do trabalhador, o Cerest solicitava à Referência Técnica municipal em ST que estabelecesse diálogo com a gerência da Unidade, de forma a viabilizar o atendimento. Esse diálogo deveria incluir a sensibilização da gestão e o alinhamento com a pessoa médica.
Resultados
No período da experiência, houve demanda de assistência por parte de 12 trabalhadores. As referências técnicas (RT) dos 5 municípios envolvidos foram acionadas, sendo viabilizadas a realização de consultas em 3 deles, num total de 8 trabalhadores atendidos em consultas de cerca de 20 minutos. Todos eles foram encaminhados para continuidade da avaliação na sede do Cerest. Os demais trabalhadores ou não receberam atendimento, ou foram atendidos unicamente pelo Cerest.
Análise Crítica
A experiência demonstrou dificuldades na sensibilização e viabilização dos atendimentos via RT, evidenciado pelo insucesso parcial dos agendamentos. Mesmo no caso das consultas realizadas, parte das gerências e das pessoas médicas alegou não ter entendido a natureza da proposta, colocando em dúvidas a efetividade da comunicação. Ademais, foi evidente a ausência de competências em Saúde do Trabalhador entre os profissionais de saúde dos serviços visitados.
Conclusões e/ou Recomendações
A promoção das consultas compartilhadas foi eficaz como ação de sensibilização e informação em Saúde do Trabalhador, especialmente junto às pessoas médicas. É necessário, porém, aprimorar a estratégia de comunicação e alinhamento com os profissionais da APS. A realização de encontro formativo prévio à consulta, com toda a equipe da Unidade, pode aumentar a eficácia das ações subsequentes, consolidando a efetivação da PNSTT nas instâncias da RAS.
IMPLEMENTAÇÃO DA RELATORIA AFETIVA NA 5ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Período de Realização
Maio e junho de 2025 com data de aplicação para agosto de 2025.
Objeto da experiência
Participação como relatora afetiva na 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
Objetivos
O objetivo deste estudo é descrever a experiencia inédita da relatoria afetiva da 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, proposta na 17ª Conferência Nacional de Saúde. Com a possível criação de um material orientador para as próximas comissões relatoras.
Descrição da experiência
A Relatoria Afetiva complementa a relatoria geral, como uma forma de registro que vai além da sistematização técnica das discussões. Ela busca captar e expressar, de maneira sensível e humanizada, as emoções, sentimentos, percepções, vínculos afetivos, expectativas e esperanças construídas durante o evento. É um instrumento que valoriza a escuta empática e as subjetividades percebidas nas falas, nos silêncios e nas interações dos participantes.
A descrição final será enviada em setembro de 2025.
Resultados
Espera-se que a relatoria afetiva consiga descrever situações observadas com a maior objetividade possível, apesar de sua subjetividade natural.
Aprendizado e análise crítica
Ao realizar a leitura e estudo dos relatórios das antigas conferencias de STT é possível perceber um certo distanciamento da subjetividade das decisões, sendo que estas estão ligadas ao sofrimento e adoecimento sistemático de uma população. Tal distanciamento pode indicar que as decisões são tomadas apenas para a manutenção do sistema capitalista (pois os trabalhadores podem produzir mais), sem ter como foco o fim do sofrimento e exploração da classe trabalhadora.
Conclusões e/ou Recomendações
Possível criação de um material de orientação com perguntas norteadoras para os futuros relatores afetivos das conferencias de saúde.
SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NA MISSÃO DENGUE 2025: ESTRATÉGIA DE CUIDADO AOS TRABALHADORES DA RESPOSTA EM EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA
Pôster Eletrônico
1 IP/UnB
2 IG/UNICAMP
3 UFCSPA
4 FM/USP
5 UFU
6 Fiocruz/ ENSP
7 UFRGS
Período de Realização
Ações realizadas de 27/02 a 24/03/25, na resposta ao surto de dengue em São José do Rio Preto (SP).
Objeto da experiência
Relato da atuação da equipe de cuidado aos trabalhadores na Missão Dengue 2025, com foco em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (SMAPS).
Objetivos
Relatar e analisar criticamente a intervenção da equipe de cuidado aos trabalhadores na Missão Dengue 2025, destacando o caráter inovador, a estrutura em três eixos e os impactos nas condições de trabalho, saúde mental e organização das equipes envolvidas na resposta emergencial.
Metodologia
A Força Nacional do SUS atuou com voluntários(as) de todo o Brasil, em um hospital de campanha (São José do Rio Preto-SP), no enfrentamento à dengue. A equipe SMAPS foi acionada para cuidar da saúde dos trabalhadores, com foco nos eixos pessoal, interpessoal e organizacional. Sete profissionais da Psicologia, Psiquiatria e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) atuaram por meio de duplas na implementação de ações integrativas, grupais, culturais, apoio ético e de gestão.
Resultados
Observou-se redução do estresse agudo e das tensões nas equipes, fortalecimento dos vínculos e melhora na comunicação interpessoal. A oferta de PICS foi bem aderida, ampliando o repertório de cuidado. Ao mesmo passo, a equipe de psicologia desempenhou papel fundamental no acolhimento e estabilização emocional. O apoio à gestão contribuiu para uma organização mais eficiente dos turnos e prevenção de conflitos. Casos de sofrimento psicológico agudo foram manejados com acompanhamento psiquiátrico.
Análise Crítica
A intervenção evidenciou a importância de ações estruturadas em SMAPS para a sustentabilidade das equipes em Emergências em Saúde Pública. A abordagem por eixos favoreceu o cuidado integral e a articulação entre níveis de intervenção. Contudo, identificou-se a necessidade de ampliação da equipe de pronta resposta em SMAPS, a necessidade de formação continuada da gestão, bem como a consolidação de fluxos que articulem o cuidado individual e organizacional.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a atuação de equipes de cuidado ao trabalhador(a) em missões emergenciais, com estrutura baseada nos três eixos citados e integração de PICS. A experiência demonstrou potencial para reduzir o sofrimento psicológico, diminuir os riscos psicossociais do trabalho, melhorando a qualidade da resposta. Ressalta-se a importância de protocolos específicos para cuidado ao trabalhador em contextos de emergência em saúde pública.
DA PROBLEMÁTICA ÀS SOLUÇÕES: OFICINA EM SAÚDE MENTAL COM TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO SUS
Pôster Eletrônico
1 UFR
Período de Realização
Planejamento da ação de novembro de 2024 a maio de 2025 e execução no dia 23 de maio de 2025.
Objeto da experiência
Oficina com foco na saúde mental no ambiente do trabalho realizada com profissionais da Atenção Primária à Saúde do município de Rondonópolis-MT.
Objetivos
Relatar a experiência da realização de uma oficina com o tema “Saúde Mental dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS” dirigida a profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) do município de Rondonópolis, Mato Grosso.
Descrição da experiência
Uma iniciativa do Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde), a oficina ocorreu em ocasião única, com duração de 04 horas e contou com a participação de 23 servidores, em sua maioria, agentes comunitários de saúde. Com a estratégia "Tarjetas Móveis", levantou-se as demandas de saúde mental relacionadas ao trabalho e suas possíveis soluções. O encontro foi encerrado com a técnica de relaxamento "mindfulness". O conteúdo foi compilado em documento encaminhado à gestão municipal.
Resultados
Foram levantados como agravos à saúde mental: sobrecarga de trabalho pela desorganização e excesso de demandas; falha de comunicação na equipe; e carência de assistência psicológica. Como soluções, destacou-se: criar estratégias para divisão de tarefas e disposição de cronograma compartilhado; impor limites nas relações interpessoais; efetuar comunicação efetiva e não violenta; e solicitar à gestão, a criação de fluxo em saúde mental para servidores do SUS na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Aprendizado e análise crítica
A oficina oportunizou o compartilhamento de vivências, assim como discussões sobre alternativas que resolveriam ou amenizariam o sofrimento mental relacionado ao trabalho. A partir das problematizações, evidenciou-se que a utilização da gestão de maneira adequada aliado ao planejamento estratégico organizaria o trabalho, e manteria a carga equilibrada, com melhores condições. Ademais, a comunicação não violenta faz-se necessária para melhor integração da equipe e valorização do profissional.
Conclusões e/ou Recomendações
A oficina evidenciou que falhas nos processos de trabalho e relacionamentos interpessoais afetam negativamente a saúde mental dos trabalhadores do SUS. O problema agrava-se pela invisibilidade do adoecimento, devido à ausência de notificação e fluxos assistenciais específicos. Urge que gestores priorizem a prevenção do adoecimento mental e implementem estratégias de promoção de bem-estar laboral nas equipes.
PROJETO OBSERVASUS: OS SINDICATOS E A UNIVERSIDADE PÚBLICA COMO FERRAMENTAS DE PESQUISA CIENTÍFICA E LUTA PELA DEMOCRACIA.
Pôster Eletrônico
1 UFRGS
2 UFCSPA
Período de Realização
O ObservaSUS é um projeto pensado há muitos anos, mas com início efetivo em Outubro de 2024.
Objeto da experiência
Os sindicatos de trabalhadores da saúde como propulsores de pesquisas e análises de dados, reinventando o seu papel para além de pautas próprias.
Objetivos
Apresentar o desenvolvimento do projeto que busca informações e gera dados epidemiológicos, financeiros e de gestão com o objetivo subsidiar os sindicatos em negociações para avanços da categoria profissional e apoiar conselhos de saúde e outros coletivos para melhoria da saúde pública e coletiva.
Descrição da experiência
O projeto é uma parceria entre os sindicatos SERGS e Sindisaude e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e dispõe de pesquisadoras contratadas para busca de informações relacionadas a contratualização de serviços junto às prefeituras, contratação e vínculos empregatícios e perfil de ocupações de trabalhadores da saúde, para subsidiar negociações sindicais. Além disto, realizam a análise de dados epidemiológicos do estado para apoiar os conselhos de saúde em suas pautas de interesse.
Resultados
Nas análises realizadas foram identificadas fragilidades em contratos municipais de prestação de serviços, como indicadores de produção hospitalares e da Atenção Primária à Saúde que não necessariamente indicam qualidade no atendimento oferecido e a falta de transparência dos mesmos para a população em geral. Ainda, no estado identifica-se um aumento da terceirização na contratação de enfermeiras(os) e profissionais de nível técnico, conforme dados do CNES, principalmente nas grandes cidades.
Aprendizado e análise crítica
É necessário discutirmos que tipo de SUS queremos, quais vínculos de trabalho dão garantia, estabilidade e remuneração justa para profissionais da saúde, assim como a qualidade de atendimento e resolutividade para a população. Princípios como o vínculo dos usuários do SUS com os profissionais que o acompanham não são estabelecidos com grande rotatividade. Quando falamos da APS, a compreensão do território e suas particularidades são benéficos tanto para a população quanto para trabalhadores.
Conclusões e/ou Recomendações
Ainda que melhores condições trabalhistas sejam o foco dos sindicatos, a mudança no mercado de trabalho exige que os mesmos se envolvam de outras formas com a população em geral, suas lutas e desejos. Apoiar a Universidade Pública e a pesquisa em saúde são formas dos sindicatos assumirem como sua função a defesa a educação, a democracia e a saúde pública e coletiva, ampliando seu escopo de lutas e reafirmando sua importância na sociedade.
APOIO INSTITUCIONAL EM VISAT NAS ORIENTAÇÕES TÉCNICAS PARA TRABALHADORES RESGATADOS EM CONDIÇÕES ANÁLOGAS À ESCRAVIDÃO.
Pôster Eletrônico
1 CESAT/DIVAST/SESAB-FESF
2 NRS-BRS Porto Seguro/DIVAST/SESAB
3 CESAT/DIVAST/SESAB
Período de Realização
Maio a junho de 2025.
Objeto da experiência
Apoio Institucional e Matricial em VISAT para orientar tecnicamente ações voltadas a trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão.
Objetivos
Apoiar ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador na macrorregião Extremo Sul da Bahia aos trabalhadores rurais resgatados em situação análoga à escravidão no município de Guaratinga.
Metodologia
Após o resgate de sete trabalhadores rurais em situação análoga à escravidão em Guaratinga/BA, a referência técnica regional em Saúde do Trabalhador, promoveu ações intra e intersetoriais voltadas para o acolhimento, escuta qualificada, avaliação das condições de saúde , além da inclusão dos dados no sistema de vigilância e notificações.
Resultados
O Apoio Institucional e Matricial da DIVAST/CESAT permitiu atuação coordenada, intra e intersetorial da VISAT. Foram mobilizadas estratégias, intervenções, mapeamento de risco, inspeções sanitárias e notificações nos sistemas oficiais. Houve articulação para garantir atendimento de saúde, transporte, alimentação e retorno dos trabalhadores. A experiência fortaleceu a resposta interinstitucional, com recomendações encaminhadas ao MPT.
Análise Crítica
A situação evidenciou fragilidades na articulação entre setores locais e regionais no enfrentamento ao trabalho escravo contemporâneo. Ressalta-se a importância do apoio matricial para fortalecer a vigilância em saúde do trabalhador diante de casos complexos. A resposta rápida foi possível graças à equipe técnica sensibilizada, mas ainda é necessário construir fluxos permanentes de atuação intersetorial em territórios socialmente vulneráveis.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se o fortalecimento VISAT na região, com investimentos em formação continuada, criação de protocolos e orientações técnicas, educação permanente às referências técnicas regionais. O apoio matricial foi determinante para a resposta articulada, sendo crucial sua manutenção e ampliação em regiões com histórico de exploração laboral.
NÃO BASTA CONTAR CASOS: CAMINHOS PARA UMA VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR (VISAT) EMANCIPATÓRIA E ANTECIPATÓRIA
Pôster Eletrônico
1 ICEPi
2 SESA/ES
Período de Realização
De fevereiro a junho de 2025.
Objeto da experiência
Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) Regional localizado na Região Sudeste.
Objetivos
Descrever a vivência de profissionais residentes do programa de residência multiprofissional em saúde coletiva (PMRSC) sobre a VISAT.
Metodologia
Trata-se de um relato de experiência construído a partir da vivência de residentes do PRMSC, alocados no CEREST Regional. Durante este período, os profissionais residentes participaram de diversas ações: elaboração de Boletins Epidemiológicos (BE), inspeções em ambientes laborais, produção de relatórios técnicos e capacitações.
Resultados
O período analisado, no que se refere à Vigilância Epidemiológica em Saúde do Trabalhador (VESAT), evidenciou que a análise dos dados e as capacitações realizadas se limitaram a abordagens quantitativas e descritivas. Já na Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho (VAPT), os relatórios das inspeções focaram, sobretudo, na dimensão espacial das estruturas laborais. Isso indica a não contextualização da saúde do trabalhador na perspectiva da determinação social do processo saúde-doença.
Análise Crítica
A VISAT é um campo estratégico para desencadear e recomendar ações pertinentes a saúde do trabalhador, para isso, demanda uma mudança de paradigma, e a inclusão de novos campo de saber, apostando em perspectivas teóricas e técnicas complementares, pautada na determinação social do processo saúde-doença (Breilh, 2023). Assim, o aprendizado é que as informações produzidas pela VISAT devem refletir todas as dimensões que envolve o mundo do trabalho (histórico, político e social).
Conclusões e/ou Recomendações
Apostar em uma VISAT emancipatória e antecipatória é o caminho para reverter processos geradores de desigualdades/iniquidades, além de subsidiar informações e conhecimentos para reformulações de políticas/legislações e as estratégias de cuidado. Recomenda-se que as análises e ações realizadas pela VESAT e VAPT sejam desenvolvidas sob a perspectiva da epidemiologia crítica, social e decolonial.
PRÁTICAS DE LUTA EM PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA: KRAV MAGÁ COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL E FÍSICA DOS TRABALHADORES
Pôster Eletrônico
1 FURB
2 Instituto GENE
Período de Realização
Março de 2023, como ação especial do programa de ginástica laboral existente na empresa desde 2019.
Objeto da experiência
Inclusão do Krav Magá em programa de qualidade de vida para promover saúde mental, física e socioemocional dos trabalhadores.
Objetivos
Analisar a inserção do Krav Magá em programa de qualidade de vida e seus impactos na saúde mental e física. Evidenciar sua viabilidade como formação humana integral, promovendo autoconfiança, resiliência e acesso equitativo a práticas corporais na saúde coletiva.
Metodologia
Aula de 60 minutos em empresa logística de Blumenau/SC atendeu 30 trabalhadores. Conduzida por instrutor e professora de Educação Física, incluiu contextualização das lutas, aquecimento, três técnicas de defesa pessoal e relaxamento, promovendo integração e habilidades socioemocionais.
Resultados
A atividade teve alto engajamento dos 30 participantes, com 85% executando as técnicas corretamente. Avaliação apontou: 92% avaliaram como excelente/muito boa; 87% desejam continuidade; 78% relataram menos estresse; 85% mais autoconfiança; 90% viram utilidade prática. A vivência em duplas fortaleceu vínculos e promoveu a aplicação de princípios como calma e resiliência no trabalho, evidenciando o potencial das lutas para o desenvolvimento humano integral.
Análise Crítica
A experiência validou as lutas como tecnologia social em saúde do trabalhador, alinhada à PNSTT e seus princípios de integralidade, universalidade e equidade. Corrobora a RENAST ao promover ações transversais no SUS. Mostrou-se eficaz diante do aumento dos afastamentos por transtornos mentais, oferecendo resposta inovadora aos riscos psicossociais da NR-1. A democratização das práticas corporais fortalece o controle social e a dignidade no trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
As práticas de luta em programas de qualidade de vida são estratégia inovadora alinhada à PNSTT e RENAST, promovendo saúde integral e fortalecendo o controle social. Recomenda-se sua inclusão nos CEREST, formação de profissionais de Educação Física, articulação com a atenção primária e integração às políticas do SUS. A replicação pode fortalecer redes de saúde do trabalhador e contribuir no enfrentamento da crise de saúde mental laboral.
MOMENTO TERAPÊUTICO: USO DAS PICS EM TRABALHADORES DA SAÚDE DE UM PROGRAMA MELHOR EM CASA
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Período de Realização
Iniciado em maio de 2023 e ainda está em andamento, sendo realizado semanalmente.
Objeto da experiência
Momento Terapêutico, uma ação semanal que oferece PICs a trabalhadores de saúde em um Programa Melhor em Casa, em uma cidade do interior de São Paulo.
Objetivos
Promover a saúde física e emocional dos profissionais da assistência domiciliar por meio de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), como aromaterapia, auriculoterapia, ventosaterapia e laserpuntura.
Metodologia
Implementação do projeto Momento Terapêutico, em um serviço Melhor em Casa a partir maio de 2023 e ainda em andamento, foi concebido por profissionais da própria equipe de saúde, com apoio institucional, articulado para ocorrer durante o expediente, respeitando a carga horária e demandas assistenciais da equipe. As sessões semanais, com duração média de 40 minutos, incluíram auriculoterapia, laserpuntura, laser sistêmico e ventosaterapia, conduzidas por duas servidoras com formação em PICS.
Resultados
Participam das atividades entre 10 e 15 profissionais por semana, incluindo técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e fonoaudiólogos. Foram 94% do sexo feminino, com idades entre 28 e 58 anos, sendo que 57% se autodeclaram brancos, 36% pardos e 7% negros. As queixas mais frequentes incluíram estresse, ansiedade, dores musculares, angústia e cansaço emocional. Após as sessões os relatos indicam relaxamento, qualidade do sono, alívio da tensão corporal e disposição para o trabalho
Análise Crítica
Os resultados corroboram com a literatura, destacando o potencial das PICS na promoção da saúde do trabalhador, sobretudo em contextos de alta carga física e emocional. Além do alívio de sintomas, criou-se um espaço de acolhimento, escuta e fortalecimento de vínculos, alinhado ao conceito de cuidado integral. Este espaço revelou-se importante para o fortalecimento dos profissionais, contribuindo para a melhora do clima organizacional e para a resiliência emocional do grupo.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou que a inserção de PICS na rotina institucional fortalece não apenas a saúde individual dos profissionais, mas também o ambiente coletivo, promovendo vínculos, escuta e pertencimento. Apesar da escassez de insumos, limitação de tempo e falta de recursos específicos, o projeto mostrou-se viável e eficaz. Reforça-se, a importância de políticas públicas que reconheçam e ampliem espaços de cuidado ao trabalhador dentro do SUS.
SAÚDE MENTAL NO TRABALHO: EXPERIÊNCIA E EMOÇÕES DAS AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE EM UM MUNICÍPIO NO INTERIOR DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 UEFS
2 Secretária Municipal de Saúde
3 Docente do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana
Período de Realização
06 de maio de 2025 (06/05/2025).
Objeto da experiência
Promover roda de conversa sobre saúde mental no trabalho para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em uma USF no interior da Bahia.
Objetivos
Relatar experiência de roda de conversa sobre saúde mental no trabalho para ACS durante estágio em uma USF urbana no interior da Bahia, abordando estresse, burnout e estratégias de cuidado.
Descrição da experiência
Em 06/05, realizamos roda de conversa sobre saúde mental com ACS de uma USF na Bahia. A ação incluiu alongamentos, discussão sobre alimentação e bem-estar, e reflexões sobre estresse e burnout. Na dinâmica "caixa das emoções", as profissionais externalizaram sentimentos negativos, promovendo alívio e fortalecimento de vínculos. A atividade proporcionou escuta ativa, autocuidado e estratégias para lidar com as demandas emocionais do trabalho comunitário.
Resultados
A Roda de Conversa com os ACS mostrou engajamento nas dinâmicas e no compartilhamento de vivências. Relataram sobrecarga física/mental, evidenciando o trabalho adoecedor. A intervenção trouxe alívio imediato e sensação de acolhimento. As participantes destacaram a falta de espaços assim na rotina, mostrando como escuta qualificada ameniza o desgaste profissional. A experiência reforça a urgência de ações contínuas de apoio psicossocial para esses trabalhadores essenciais.
Aprendizado e análise crítica
O trabalho em saúde, marcado por cobranças excessivas e condições precárias, contribui para o adoecimento psíquico dos profissionais, especialmente os Agentes Comunitários de Saúde. Durante a experiência, relataram sobrecarga, desvalorização e frustração diante das limitações do sistema. A literatura reforça essa realidade e aponta a urgência de ações institucionais, como práticas integrativas e mudanças organizacionais, para proteger a saúde mental desses trabalhadores (Silva et al., 2024).
Conclusões e/ou Recomendações
Esta vivência evidenciou os desafios enfrentados pelos ACS e nos conscientizou sobre nosso papel transformador como futuros profissionais. A experiência demonstrou que intervenções direcionadas podem mitigar os impactos físicos e mentais do trabalho em saúde, reforçando a necessidade de práticas que promovam o bem-estar coletivo - tanto dos usuários quanto da equipe responsável por seu cuidado
A INTEGRAÇÃO DO APOIO INSTITUCIONAL E APOIO MATRICIAL EM SAÚDE DO TRABALHADOR NA QUALIFICAÇÃO ÀS REFERÊNCIAS TÉCNICAS MUNICIPAIS NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO ESTADO DA BAHIA.
Pôster Eletrônico
1 Diretoria de Atenção e Vigilância da Saúde do Trabalhador/SUVISA/SESAB
2 Fundação Estatal Saúde da Família FESF-SUS/BA.
Período de Realização
Março de 2025
Objeto da experiência
Integração do Apoio Institucional e Matricial na qualificação das referências municipais no fortalecimento das ações de Saúde Trabalhador (ST).
Objetivos
Discutir a importância do planejamento integrado do Apoio Institucional e Matricial na qualificação das referências municipais para o fortalecimento das ações de ST em uma região de saúde. Refletir as necessidades locorregionais e promover estratégias pedagógicas através da educação permanente.
Descrição da experiência
Foi realizado previamente um planejamento integrado entre o apoio institucional e matricial através de monitoramento e avaliação dos indicadores de saúde do trabalhador da região de saúde desenvolvidos pelos municípios a fim de promover estratégias diante das demandas priorizadas da região. Além dos indicadores outras temáticas foram abordadas como a Política Estadual de Saúde do Trabalhador, a articulação da Renastt e Atenção e Vigilância do Ambiente e Processos de Trabalho.
Resultados
Observaram-se avanços nos primeiros meses após o processo de Acolhimento. Dentre eles, uma melhora nos indicadores de desempenho dos municípios, principalmente no que diz respeito às notificações, ações de vigilância em ambientes e processos de trabalho, impactando o aumento da realização de inspeções. Além de possibilitar o entendimento da realização de um planejamento articulado às necessidades locorregionais.
Aprendizado e análise crítica
Os autores refletiram sobre o potencial gerado a partir das ações integradas entre o Apoio Institucional e Matricial nos conhecimentos e estratégias abordadas na prática dos processos de trabalho desenvolvidos pelas referências técnicas municipais acerca das ações de saúde do trabalhador trazendo resultados positivos no cenário regional. A atividade reforça a necessidade de agendas a serem realizadas de forma ascendente, integrada e participativa, envolvendo todos os níveis de gestão.
Conclusões e/ou Recomendações
Verificaram-se importantes avanços no processo da articulação do Apoio Institucional e Matricial permeando todas as atividades do processo de qualificação, não apenas como uma aplicação prática de conhecimentos e técnicas, mas, como entendimento e aproximação das referências técnicas com os processos de trabalho próprios da atenção e vigilância em Saúde do Trabalhador.
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO ENVOLVENDO ADOLESCENTE EM USO DE MÁQUINA FORRAGEIRA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro de Referência Estadual da Saúde do Trabalhador (DIVAST/CESAT). Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde do Estado da Bahia (SUVISA)/Secretaria de Saúde do estado da Bahia (SESAB). F
2 Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro de Referência Estadual da Saúde do Trabalhador (DIVAST/CESAT). Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde do Estado da Bahia (SUVISA)/Secretaria de Saúde do estado da Bahia (SESAB)
3 iretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro de Referência Estadual da Saúde do Trabalhador (DIVAST/CESAT). Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde do Estado da Bahia (SUVISA)/Secretaria de Saúde do estado da Bahia (SESAB)
Período de Realização
Entre 04 de outubro de 2023 a 24 de novembro de 2023.
Objeto da experiência
Investigação de acidente de trabalho para averiguar as causas que levaram a ocorrência de um acidente com máquina forrageira envolvendo adolescente.
Objetivos
Apresentar uma investigação de acidente de trabalho envolvendo um adolescente, visando averiguar as causas que levaram a ocorrência do acidente, bem como indicar medidas de prevenção e proteção da saúde pertinentes e relacionadas aos riscos identificados.
Metodologia
A equipe técnica realizou uma fiscalização em um estabelecimento urbano para investigar um acidente envolvendo menor em uso de máquina forrageira. Durante a fiscalização verificou-se inconformidades na trava da tampa de fechamento e no botão de acionamento e desligamento. Também, ausência de sistemas de proteção que impedissem o acesso dos membros às zonas de corte. Estes fatores contribuíram para a ocorrência do acidente, o que resultou em amputação distal do 2º dedo da mão direita.
Resultados
Foi elaborado um documento técnico com medidas de recomendações e controle de riscos. Adotou-se medidas urgentes como interdição da máquina, lavratura de autos de infrações com penalidades e orientações de proteção e controle de risco, visto o flagrante descumprimento de leis. O acidente foi tratado no Seminário no auditório da Cesat/Divast que debateu acidentes de trabalho graves envolvendo crianças e adolescentes, a fim de fomentar ações interinstitucionais de proteção e prevenção.
Análise Crítica
A experiência reforçou a importância de medidas preventivas e o cumprimento das normas para garantir a proteção integral das crianças e jovens. Compreende-se a importância da investigação de acidentes para identificar detalhadamente as causas dos acidentes e prevenir novas ocorrências, especialmente quando envolve um público vulnerável como crianças e adolescentes.
Conclusões e/ou Recomendações
Durante a inspeção constatou-se condições e situações de trabalho em desacordo com o que regem as leis de proteção às crianças e adolescentes. Estes menores são expostos a riscos e situações com potencial de produzir agravos. As condições de trabalho observadas violam direitos fundamentais e colocam em risco a saúde e segurança deste público, evidenciando a necessidade de intervenções para garantir a proteção à infância e adolescência.
FÓRUM DE SAÚDE MENTAL DA AP 3.1 DO RIO DE JANEIRO - CONSTRUÇÃO, MOBILIZAÇÃO E FORMAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UFF
2 SMS-RJ
Período de Realização
A experiência relatada ocorreu entre julho/2024 a junho/2025.
Objeto da experiência
Fórum intersetorial de saúde mental da AP 3.1, que reúne trabalhadores e gestores da zona norte do Rio de Janeiro.
Objetivos
Potencializar a construção de fluxos e estratégias de cuidado numa região vulnerablizada do Rio de Janeiro, através do encontro entre gestores e trabalhadores que vivem realidades diferentes em cada serviço, mas experienciam dinâmicas territoriais próximas por comporem a rede de uma mesma AP.
Descrição da experiência
Após um hiato de 4 meses, retomamos os encontros do fórum da AP 3.1, território que abrange 14 bairros da zona norte do RJ, incluindo os complexos: Maré, Manguinhos, Alemão, Penha e Israel, somando 886.551 habitantes. Com 9 serviços da Rede de Atenção Psicossocial e 32 da APS, o fórum se propõe um espaço de diálogo e construção de práticas de cuidado entre a saúde e os demais setores, como Educação, Assistência Social, Defensoria Pública e organizações da sociedade civil de garantia de direitos.
Resultados
Além de cumprir os objetivos propostos, o fórum se mostrou um importante espaço de formação, com a discussão de temas como violências no território, cuidado da população negra e da população em situação de rua, barreiras de acesso etc. Com a presença de cerca de 100 participantes em cada encontro, de livre circulação da palavra e construção de estratégias para lidar com as situações narradas ao final de cada encontro, bem como a decisão coletiva do próximo tema a ser abordado.
Aprendizado e análise crítica
Mais do que um espaço de construção de fluxos de trabalho, o fórum se tornou ponto importante de encontro entre os trabalhadores, onde podem compartilhar situações difíceis que experienciam com a intenção de criar estratégias coletivas para lidar com elas. A condução realizada por uma dupla (gestora da CAP 3.1 e supervisora clínico-institucional) fez com que a circulação da palavra se desse de forma ética, construtiva, não-hierarquizada, coletivizando as proposições e decisões.
Conclusões e/ou Recomendações
É de fundamental importância a existência de espaços coletivos de encontro, construção de parcerias e formação para os trabalhadores, porém avaliamos que ainda falta a presença de usuários para expandir a possibilidade de análise das problemáticas e a efetivação de estratégias de cuidado realmente inclusivas. Ainda que muitos trabalhadores sejam moradores e usuários dos serviços da área, recomendamos fortemente o convite aos usuários.
A CARTEIRA DE SAÚDE DO(A) TRABALHADOR(A) DA PESCA ARTESANAL: PROMOVENDO CUIDADO, DIÁLOGO, RECONHECIMENTO E VISIBILIZAÇÃO, ENQUANTO INSTRUMENTO DE VIGILÂNCIA POPULAR
Pôster Eletrônico
1 Instituto Aggeu Magalhães-Fiocruz PE
2 Instituto Aggeu Magalhães-Fiocruz PE, Universidade Federal de Pernambuco
3 Universidade Federal do Rio de Janeiro
4 Instituto Aggeu Magalhães-Fiocruz PE, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Período de Realização
Novembro de 2024 a junho de 2025 em Pernambuco(PE), Paraíba(PB), Ceará (CE) e Bahia (BA).
Objeto da experiência
Descrever o uso da Carteira de Saúde do(a) Trabalhador(a) da Pesca Artesanal (CSTPA) no Curso de Agentes Populares de Saúde dos Povos das Águas.
Objetivos
Instituir e reconhecer o valor de uso da carteira de saúde do(a) trabalhador(a) da pesca artesanal no estado de Pernambuco e Bahia, junto às(aos) pescadoras(es) e marisqueiras artesanais, fortalecendo-a como instrumento de vigilância popular para o cuidado em saúde.
Metodologia
A CSTPA foi construída junto ao movimento e aos(às) trabalhadores(as) da pesca artesanal e ao Laboratório de Saúde Ambiente e Trabalho (LASAT) - Fiocruz-PE a fim de visibilizar e estimular o cuidado em saúde desses(as) trabalhadores(as). Nas turmas de PE, BA, CE e PB do Curso de Agentes Populares de Saúde dos Povos das Águas, parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura, estimulou-se o uso da CSTPA entre os(as) educandos(as), fortalecendo-a como instrumento de vigilância popular.
Resultados
No curso, 69 pescadoras(es) e/ou marisqueiras receberam a CSTPA e outras foram distribuídas entre os(as) participantes para uso na comunidade. Após o curso, ela foi integrada a atividades de educação em saúde na comunidade, formações com profissionais e gestores de saúde e diálogos junto à gestão. Percebeu-se uma valorização da autonomia do cuidado em saúde e um reconhecimento das comunidades da pesca artesanal, reduzindo a invisibilização dessas comunidades no sistema único de saúde (SUS).
Análise Crítica
A criação da CSTPA como uma estratégia de vigilância popular em saúde fortaleceu a autonomia das comunidades no cuidado à saúde e ampliou a sua capacidade de dialogar com os profissionais e com a gestão em saúde, em busca de seus direitos em saúde. Contudo, é preciso ampliar e fortalecer ainda mais essas conquistas, expandindo seu uso no território como instrumento de vigilância popular em saúde e seu reconhecimento pelos(as) profissionais de saúde do SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
A CSTPA constituiu-se um recurso estratégico de fortalecimento da Vigilância Popular em Saúde nas comunidades da pesca artesanal, favorecendo a autonomia do cuidado em saúde nessas populações. Recomenda-se que a CSTPA seja reconhecida pelas políticas e pelos gestores do SUS, com ampliação de estratégias de educação permanente que sensibilizem os(as) profissionais de saúde para seu uso e compreensão dos problemas de saúde dessas comunidades.
"NAQUELA MESA TÁ FALTANDO ELE": A VIVÊNCIA DO LUTO NO AMBIENTE DE TRABALHO DE UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
Pôster Eletrônico
1 CASSI
Período de Realização
15 de janeiro de 2025.
Objeto da experiência
Ação de acolhimento em grupo para elaboração de luto coletivo em instituição financeira.
Objetivos
Relatar a experiência de um acolhimento para auxílio de um grupo de trabalho de uma instituição financeira no enfrentamento do luto, após falecimento de funcionário por causas naturais.
Descrição da experiência
A intervenção foi facilitada e intermediada por um psicólogo do trabalho e uma assistente social. Ambos de setor de saúde ocupacional de um serviço de saúde suplementar. A experiência foi conduzida em uma agência de uma instituição financeira, em uma sala de reuniões, com o quantitativo de 10 (dez) funcionários, entre efetivos e terceirizados.
Resultados
A ação consistiu em uma mesa redonda, com todos dispostos em cadeiras. O funcionário mais antigo da filial havia falecido, de causas naturais, durante viagem familiar. A perda foi sentida por todos. A gestora solicitou apoio emocional para o grupo. Relatados sentimentos de tristeza e saudade. Verificou-se a necessidade uma intervenção. O psicólogo solicitou que cada um contasse memórias do cotidiano com o colega. Posteriormente solicitou que a atenção também fosse direcionada aos demais.
Aprendizado e análise crítica
Após a experiência, o grupo relatou sentimentos de gratidão, amparo e amizade. Citaram boas memórias com o colega falecido. A vivência evidenciou a necessidade de criação de espaços de acolhimento nos ambientes organizacionais. Sendo o trabalho um ambiente de múltiplos sentidos, o convívio gera vínculo e a perda de um colega é como a morte de um familiar. Segundo o psiquiatra francês Christophe Dejours, uma das formas de enfrentamento do sofrimento (coping) se dá no fortalecimento dos vínculos.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação, pontual e direcionada, mostrou-se efetiva como um acolhimento emergencial, ficando registrada e se tornando modelo de intervenção para eventualidades futuras. O sistema de rodas de conversa antes do expediente e no ambiente de trabalho, foi replicado em outras ações de promoção de saúde. A ação apontou que acolhimentos breves, quando pontuais e sensíveis, potencializam os vínculos e reduzem os agravos do sofrimento.
SAÚDE DO TRABALHADOR NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: O CUIDADO DE QUEM CUIDA
Pôster Eletrônico
1 UEFS
2 SMS/Conceição do Almeida
Período de Realização
As atividades foram realizadas entre abril e junho de 2025.
Objeto da experiência
Os trabalhadores da Atenção Primária à Saúde (APS) atuam em um processo de trabalho que os torna mais suscetíveis a fatores adoecedores.
Objetivos
Este relato teve como objetivo descrever a experiência de ações de promoção da saúde voltadas para os trabalhadores da APS de uma Unidade de Saúde da Família (USF).
Metodologia
As atividades ocorreram na USF 03, que contêm uma unidade principal e duas unidades satélites, no município de Conceição do Almeida-Ba. As ações foram desenvolvidas pela fisioterapeuta e pela nutricionista da equipe multiprofissional (eMulti) da USF 03. Participaram da ação 20 trabalhadores. As atividades tiveram início com a abordagem da fisioterapeuta sobre a importância do cuidado com a saúde e ergonomia. Seguida da nutricionista com temas sobre alimentação como alimentos ultraprocessados.
Resultados
Conhecer as posições corretas, formas de relaxamento, além das sessões de massagens com a fisioterapeuta permitiram melhora nas dores corporais. Destacou-se um padrão alimentar baseado em alimentos ultraprocessados. Após a ação, os trabalhadores passaram a ler os rótulos, identificar os tipos de alimentos, fazendo escolhas mais conscientes, relatando que a atividade “abriu seus olhos”. Houve adesão satisfatória à reeducação alimentar e relatos contínuos sobre o progresso nas mudanças de hábitos.
Análise Crítica
Foi constatado que a saúde mental é a dimensão mais afetada no ambiente de trabalho da APS, sendo também a área com maior carência de suporte profissional. Promover momentos de escuta, orientação e relaxamento, como os realizados neste projeto, contribui para a difusão de conhecimentos e para a melhoria da qualidade de vida no trabalho. Para cuidar do outro, é necessário cuidar de si antes; contudo a exaustão física e mental os impedem de fazê-lo.
Conclusões e/ou Recomendações
É essencial fortalecer as ações de cuidado com a saúde do trabalhador na APS, com oferta de horários adequados e profissionais capacitados, garantindo que os trabalhadores possam cuidar de sua própria saúde sem prejuízos. Recomenda-se também a reavaliação do dimensionamento das equipes, para que a carga de trabalho seja distribuída de forma equitativa. É necessário mais projetos voltados ao cuidado com o trabalhador.
APOIO MATRICIAL ÀS AÇÕES DESENVOLVIDAS PELOS MÉDICOS QUE ATUAM NOS CENTROS DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR (CEREST) DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.
Pôster Eletrônico
1 SESA/ES
Período de Realização
Este relato compreende o período de 12 de agosto de 2024 a 8 de maio de 2025.
Objeto da experiência
Ações realizadas pelo CEREST Estadual/ES com os médicos dos CEREST para apoio matricial das atividades desenvolvidas.
Objetivos
Promover a capacitação e integração dos médicos dos CEREST/ES, qualificar os atendimentos, discutir casos clínicos, abordar temas de interesse, contar com especialistas para o aprofundamento dos conteúdos e aprimorar a atuação médica na Saúde do Trabalhador.
Descrição da experiência
As reuniões ocorreram mensalmente por videoconferência, com a participação dos médicos dos CEREST que atuam nas quatro regiões de saúde do Estado – Metropolitana, Central, Norte e Sul – além da capital. Os temas foram definidos conforme as dúvidas e demandas apresentadas, como o estabelecimento do nexo entre a doença e o trabalho e a atuação do médico no CEREST. A presença de especialistas convidados enriqueceu os debates e contribuiu para o aprofundamento dos temas abordados.
Resultados
O matriciamento médico resultou em maior integração entre as quatro regiões de saúde, fortalecendo o espaço de troca de experiências, esclarecimento de dúvidas e aumento de ações de matriciamento a rede de atenção à saúde. A definição de temas e convidados especialistas ocorreu com base nas demandas dos participantes. Observou-se ampla adesão dos médicos, favorecendo o fortalecimento técnico e o aprimoramento da prática assistencial nos CEREST.
Aprendizado e análise crítica
A articulação entre os médicos dos CEREST se mostrou estratégica para ampliar a discussão sobre suas práticas. Houve rica troca de experiências, identificação de dificuldades e vulnerabilidades regionais, além do reconhecimento de pontos que demandam qualificação contínua. O processo contribuiu para fortalecer a atuação médica na Saúde do Trabalhador no Espírito Santo.
Conclusões e/ou Recomendações
A atuação médica é essencial no atendimento multiprofissional dos CEREST. Diante da ausência de formação específica em Saúde do Trabalhador da maioria dos médicos, espaços de apoio matricial e discussão são fundamentais para a qualificação e aprimoramento da assistência prestada. Recomenda-se a continuidade e ampliação da estratégia.
INSPEÇÃO SANITÁRIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR NO RAMO DE FABRICAÇÃO DE CALÇADOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro de Referência Estadual da Saúde do Trabalhador (DIVAST/CESAT). Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde do Estado da Bahia (SUVISA)/Secretaria de Saúde do estado da Bahia (SESAB). F
2 Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro de Referência Estadual da Saúde do Trabalhador (DIVAST/CESAT). Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde do Estado da Bahia (SUVISA)/Secretaria de Saúde do estado da Bahia (SESAB).
Período de Realização
Entre junho de 2023 a de agosto de 2024
Objeto da experiência
Intervir através de inspeção em saúde do trabalhador sobre fatores determinantes e condicionantes dos riscos à saúde na fabricação de calçados.
Objetivos
Apresentar o resultado das intervenções realizadas por uma empresa de fabricação de calçados, em um município da Bahia, após ação de inspeção sanitária em seu ambiente e processo de trabalho.
Descrição da experiência
As reflexões produzidas aconteceram a partir dos resultados da ação de inspeção realizada no ambiente e processo da fabricação de calçados, como instalação de ventiladores para maior conforto térmico dos trabalhadores, instituição de pausas nos turnos de trabalho e dispositivos de segurança em máquinas e equipamentos. Todas essas ações impactaram positivamente na diminuição dos riscos do ambiente e contribuem para a melhoria das condições de trabalho.
Resultados
A intervenção foi efetivada através da ação de inspeção sanitária em saúde do trabalhador, realizada pela equipe da Divast/Cesat. Como resultados, apresenta-se modificações importantes no ambiente e processos de trabalho de uma empresa do ramo calçadista. Tais mudanças aconteceram a partir da identificação de fatores de risco e não conformidades, bem como aplicação de medidas de controle, resultando em um ambiente de trabalho mais seguro para os trabalhadores.
Aprendizado e análise crítica
Os autores consideram que a inspeção realizada contribuiu para mudanças no cenário do ambiente e processo de trabalho no ramo de fabricação de calçados, o que mostra, na prática, a atuação efetiva da intervenção da Vigilância de Ambientes e Processos de trabalho na redução dos riscos e possíveis agravos deste ramo produtivo.
Conclusões e/ou Recomendações
Espera-se que esta experiência exitosa sirva de exemplo para que outras empresas do ramo de indústria calçadista gerenciem melhor os riscos à saúde do trabalhador. Sugere-se maior aprofundamento das discussões sobre o importante papel das ações de vigilância de Ambientes na Saúde do Trabalhador, na Vigilância em Saúde e no SUS.
CAPACITAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR: EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE ITAIÇABA-CE
Pôster Eletrônico
1 SMS-Itaiçaba-CE
2 ESP-CE
3 SESA-CE
Período de Realização
Esta capacitação aconteceu no dia 07 de maio de 2025 no município de Itaiçaba–CE.
Objeto da experiência
Capacitação da equipe da APS e unidade mista hospitalar sobre Protocolo de Exposição a Material Biológico, Acidentes de Trabalho Grave e LER/DORT.
Objetivos
Relatar a experiência exitosa de capacitação promovida pela Secretaria de Saúde de Itaiçaba-CE, por meio da Vigilância em Saúde, em parceria com o Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CEREST) de Área descentralizada de Aracati (ADS).
Metodologia
Capacitação dos profissionais recém-ingressos das 04 UBS, equipe e-Multi e unidade hospitalar sobre os processos de notificações da VISAT, após reunião com equipe do CEREST em 16/04/2025, para proposta de educação permanente em saúde dos profissionais de saúde. Da equipe de 05 profissionais do CEREST, o médico especialista apresentou o protocolo de Exposição a Material Biológico, Acidentes de Trabalho Grave e LERDORT e a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
Resultados
A ação contou com a participação de 75 profissionais, dos quais foram convidados médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas, técnicos de saúde bucal, auxiliar de serviços gerais, recepcionista, fisioterapeutas, nutricionista, educador físico, ACS, com representatividade de 100% das equipes. Estes resultados aderiram às notificações no Sistema de informação de Agravos e doenças, fortalecendo os processos de trabalho e proporcionando dados fidedignos da realidade territorial.
Análise Crítica
Destacou-se melhor percepção sobre os determinantes sociais do adoecimento laboral, a valorização da escuta ativa, do acolhimento e da abordagem integral na atenção primária à saúde do trabalhador, a importância de ações intersetoriais e do trabalho em rede. Ressaltou-se o desafio da implementação das Políticas de Saúde do Trabalhador no SUS, limitada à falta de recursos, formação técnica específica e apoio institucional, sendo preciso engajamento político e compromisso ético dos profissionais.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que este foi um importante avanço para o fortalecimento das práticas em saúde no SUS, destacando a necessidade de um olhar atento às condições laborais como determinantes do processo saúde-doença, por meio de evidências científicas com notificações oportunas. Além da aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos no cotidiano dos serviços para uma atenção integral e humanizada à saúde da classe trabalhadora.
A EXPERIÊNCIA FORMATIVA DAS COMISSÕES INTERNAS DE SAÚDE DAS TRABALHADORAS E TRABALHADORES NA FIOCRUZ
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz, Coordenação de Saúde do Trabalhador - Cogepe
Período de Realização
Nos anos de 2019, 2021, 2023 e abril de 2024.
Objeto da experiência
Integrantes das Comissões Internas de Saúde das Trabalhadoras e Trabalhadores (CISTTs) na Fiocruz participantes de processo de formação.
Objetivos
Avaliar a formação oferecida aos trabalhadores, como estratégia teórico-metodológica de formação em Saúde do Trabalhador para atuação das CISTTs.
Metodologia
As CISTTs são coletivos constituídos pelas trabalhadoras e trabalhadores em seus locais de trabalho iniciadas em 2019 na Fiocruz como estratégia de atuação da Coordenação de Saúde do Trabalhador (CST) junto aos trabalhadores, que após eleitos, participam de curso de formação em Saúde do Trabalhador que ocorreram nos períodos citados, com carga horária de 40 (quarenta) horas em diversos formatos conforme a particularidade dos trabalhadores integrantes da turma.
Resultados
As CISTTs começaram a ser implantadas no ano de 2019, com a assessoria da CST, com a finalidade de construir ações voltadas para a prevenção de riscos ao ambiente e à saúde dos trabalhadores. Atualmente existem formalizadas 5 (cinco) comissões na Fiocruz. Foram realizadas 6 edições de curso de formação ao longo do período citado, com total de 75 (setenta e cinco) participantes trabalhadoras e trabalhadores de diferentes unidades técnico-científicas da instituição.
Análise Crítica
O percurso de formação abordou a evolução da medicina ocupacional à Saúde do Trabalhador, abrangendo marcos legais e desafios atuais como a precarização, a Saúde do Servidor Público Federal e metodologia de investigação de acidentes, riscos ambientais e saúde mental. Os participantes destacaram a importância da formação teórico-metodológica para a atuação na CISTT, afirmando que esse conhecimento capacita o trabalhador a fortalecer suas decisões sobre a saúde, unindo teoria e prática n cotidiano.
Conclusões e/ou Recomendações
A formação organizada pela CST, alinhada à concepção de "Comunidades Ampliadas de Pesquisa" (Oddone et al, 2020), provê conhecimento teórico-metodológico-prático, contribuindo com a formação, qualificação e organização coletiva dos trabalhadores integrantes das CISTTs, possibilitando reivindicarem e fortalecerem suas decisões sobre a própria saúde, unindo saberes práticos e teóricos para compreender e transformar as relações trabalho-saúde.
SOFRIMENTO PSÍQUICO RELACIONADO AO TRABALHO: RELATO DE EXPERIENCIA DOS ATENDIMENTOS DO PROJETO CAMINHOS DO TRABALHO BRASIL – NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB
Pôster Eletrônico
1 UnB
Período de Realização
De fevereiro de 2024 até o presente
Objeto da experiência
Caracterização dos Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT) dos(as) trabalhadores(as) atendidos(as) pelo Caminhos do Trabalho – UnB no DF.
Objetivos
Analisar a prevalência e os fatores de risco psicossociais associados aos TMRT em trabalhadores(as) atendidos(as); e refletir sobre os desafios no estabelecimento do nexo laboral para o sofrimento psíquico relacionado ao trabalho e na garantia dos direitos destes trabalhadores(as).
Metodologia
O projeto Caminhos do Trabalho-UnB atende trabalhadores(as) com suspeita de adoecimento laboral. Este recorte, é sobre o atendimento a trabalhadores(as) com sofrimento psíquico relacionado ao trabalho. A equipe interdisciplinar realiza acolhimento e atendimento médico e jurídico no Laboratório Saúde do Trabalhador, aplicando formulários e entrevistas, elaboração de documentação e emissão da CAT. A análise aprofundada permite correlacionar o ambiente de trabalho ao diagnóstico identificado.
Resultados
De 30 casos com nexo, 80% apresentaram TMRT. A maioria com Burnout (Z73.0), seguido por Transtornos ansiosos e episódios depressivos (F32/F33). O assédio moral foi relatado em 70% dos casos, além de sobrecarga e pressão por metas. Observou-se que o sofrimento psíquico relacionado ao trabalho afeta trabalhadores(as) de múltiplos setores, como serviços administrativos e atendimento ao público. Os atendidos(as) relataram a dificuldade de estabelecer o nexo entre o adoecimento/trabalho na rede SUS.
Análise Crítica
A prevalência de TMRT evidencia a relevância do cuidado integral à saúde do trabalhador. A perspectiva interdisciplinar favorece a compreensão da relação entre trabalho/saúde/doença. A escuta qualificada permite identificar estressores laborais. Nos serviços de saúde persistem desafios no estabelecimento do nexo entre adoecimento mental e trabalho. É preciso fortalecer a educação permanente voltado às políticas públicas de saúde mental e saúde do trabalhador.
Conclusões e/ou Recomendações
O Transtorno Mental Relacionado ao Trabalho exige ações intersetoriais e multiprofissionais para seu reconhecimento e cuidado. É importante fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador nos territórios e agregar as políticas de saúde mental e saúde do trabalhador. Recomenda-se ampliar o acesso a serviços de saúde mental a trabalhadores, capacitar profissionais e promover ambientes de trabalho que não gerem adoecimentos aos trabalhadores(as).
CASA DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA DA FUNDACENTRO. CONTE PRÁ GENTE CONTE COM A GENTE.
Pôster Eletrônico
1 Fundacentro - Ministério do Trabalho e Emprego
Período de Realização
Agosto de 2024 a junho de 2025.
Objeto da experiência
Uso do acolhimento de trabalhadores com problemas relacionados ao trabalho para identificar questões para estudos e pesquisas a serem desenvolvidas.
Objetivos
Acolher trabalhadores/as com problemas de saúde e investigar a relação com o trabalho, buscando encaminhamentos individuais e coletivos.
Contribuir para a formação de profissionais propiciando o contato com a diversidade do mundo do trabalho.
Descrição da experiência
Trabalhadores têm sido atendidos por uma médica e uma psicóloga da Fundacentro, acompanhadas por 8 estudantes (5 da Unifesp e 3 da Psicologia da PUC). Após uma entrevista inicial, geralmente presencial, há discussões sobre encaminhamentos individuais e se possível, coletivos. São produzidos relatos de saúde para uso administrativo no INSS e em processos judiciais. Os casos ocupacionais são notificados ao SINAN e no caso de segurados do INSS, é emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho.
Resultados
Foram atendidos trabalhadores de empresas do estado de São Paulo e, com exceção de uma trabalhadora doméstica, os demais eram do mercado formal. Os atendimentos proporcionaram colaboração com investigações conduzidas pelo MPT, no caso de duas entidades empregadoras, com envolvimento dos CEREST e dos sindicatos. O desrespeito às leis trabalhistas e previdenciárias foi uma constante em todos os casos, bem como a desconsideração do nexo técnico epidemiológico pelo INSS para os casos em que caberia.
Aprendizado e análise crítica
O atendimento a trabalhadores com problemas de saúde relacionados ao trabalho tem propiciado um mapeamento das condições de trabalho, assim como das formas de organização e gestão do trabalho desenvolvidas em diversos ramos econômicos, que são determinantes no adoecimento dos trabalhadores. O descumprimento legal pelas empresas e pelo INSS é sistêmico, assim como a ocultação dos agravos relacionados ao trabalho fortalecendo a necessidade de mudanças no sistema de tutela da saúde do trabalhador.
Conclusões e/ou Recomendações
A atuação restrita a uma área de governo é insuficiente para o enfrentamento às condições inadequadas de trabalho, à organização e gestão do trabalho concebidas para o aumento da produtividade, com negligência da segurança e saúde dos trabalhadores. Este método é adequado para sintonizar pesquisas institucionais com problemas reais dos territórios para aprimorar a atuação na construção de uma Política Intersetorial de Saúde dos Trabalhadores.
ATUAÇÃO DO PROJETO DE EXTENSÃO LABPICS NA SAÚDE DO TRABALHADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Período de Realização
O projeto atuou no HULW entre 12/09 e 13/12/2024 e no CEREST de 07/04/2025 até a presente data.
Objeto da experiência
Relatar a operacionalização do LabPICS-ST no Hospital Universitário Lauro Wanderley e no Centro Referência em saúde do trabalhador.
Objetivos
O objetivo do trabalho é relatar a experiencia de extensionistas do curso de graduação em enfermagem e das residências multiprofissionais em saúde mental e saúde da família na vigência do primeiro ano.
Descrição da experiência
O LabPICS-ST é um projeto de extensão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), operacionalizado em duas fases, sendo a primeira delas no HULW e a segunda fase no CEREST. Este projeto proporcionou a inserção dos alunos de graduação em atividades voltadas para gestão do cuidado da saúde do trabalhador hospitalar, promoção da saúde e prevenção de doenças relacionadas ao trabalho, através da da auriculoterapia, ventosaterapia, moxaterapia e outras da medicina tradicional chinesa.
Resultados
Os principais foram às atividades do curso em auriculotarepia (80h), e as demais formações (20h) para atuação com PICS junto aos trabalhadores da rede de saúde. Durante o primeiro ano, o LABPICS realizou 118 atendimentos, e alcançou cerca de 23 trabalhadores, as principais queixas apresentadas relacionam-se com a saúde mental e dores osteomusculares. Produziu-se também instrumentos de gestão como o Regimento, Protocolo Operacional Padrão, fluxo e organograma e o censo da produtividade.
Aprendizado e análise crítica
Esse projeto abrange a saúde do trabalhador e seu cuidado integral como um fator de preocupação mundial e garante o vínculo com esse cenário durante a graduação de novos profissionais. Imergir os alunos, futuros trabalhadores, no cenário do trabalho e nas práticas integrativas em saúde faz com que eles reflitam que a saúde do trabalhador impacta diretamente na saúde coletiva, visto que impacta tanto na prevenção de doenças, quanto nos determinantes sociais de saúde e na qualidade da assistência.
Conclusões e/ou Recomendações
Espera-se que os alunos extensionistas fortaleçam o conhecimento adquirido e que se alcance uma prática de saúde integral e humanizada, complementada pelo conhecimento em PICS e em saúde do trabalhador. Além disso fortaleça o pilar do ensino e extensão com ações de trabalho em equipe e interdisciplinar, e a pesquisa pelo interesse em desenvolver estudos sobre o tema. Além de gerar impactos na melhoria do serviço prestado.
SAÚDE E BEM-ESTAR DOS TRABALHADORES DA FESF-SUS: IMPLANTAÇÃO DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS NO AMBIENTE LABORAL VISANDO PROMOÇÃO DA SAÚDE E REDUÇÃO DO ADOECIMENTO.
Pôster Eletrônico
1 Hospital Alemão Oswaldo Cruz
2 Fiocruz
3 Escola Superior de Ciências da Saúde
4 UFDPar
5 Universidade de Brasília
Período de Realização
Janeiro a dezembro de 2025, na sede administrativa da Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS).
Objeto da experiência
Implantação de práticas integrativas e complementares na sede da FESF-SUS, visando bem-estar e saúde dos trabalhadores
Objetivos
Promover saúde e bem-estar dos trabalhadores por meio de práticas integrativas, como Reiki, auriculoterapia, reflexologia, massoterapia e meditação, estimulando autoconhecimento, equilíbrio físico e emocional, redução do estresse e fortalecimento das relações interpessoais.
Metodologia
A experiência promove a oferta sistemática de práticas integrativas na sede da FESF-SUS, alinhando saberes tradicionais e terapias reconhecidas no SUS, como Reiki, reflexologia, auriculoterapia, massoterapia e meditação. As ações ocorrem em espaços preparados, com atendimentos individuais e vivências coletivas, conduzidas por profissionais capacitados, fortalecendo autocuidado, equilíbrio físico, emocional e melhoria do ambiente laboral.
Resultados
Verificou-se aumento da satisfação, produtividade, bem-estar e motivação no trabalho. As práticas contribuíram significativamente para a redução de sintomas físicos, emocionais e do estresse, fortalecendo vínculos interpessoais. Houve redução do absenteísmo, melhora do clima organizacional e da qualidade de vida dos trabalhadores, promovendo um ambiente mais colaborativo, acolhedor, saudável, harmônico e favorável às relações de trabalho.
Análise Crítica
O projeto reafirma que práticas integrativas são fundamentais para promoção da saúde no trabalho. O cuidado ampliado fortalece autonomia, bem-estar e vínculos, melhora o clima organizacional e reduz adoecimentos. Evidencia-se que ações isoladas não são suficientes, sendo imprescindível institucionalizar políticas permanentes de cuidado, valorizando o autocuidado, a saúde mental e a promoção de ambientes laborais mais saudáveis e colaborativos.
Conclusões e/ou Recomendações
As práticas integrativas mostraram-se eficazes na promoção da saúde e bem-estar dos trabalhadores. Recomenda-se sua continuidade, expansão e institucionalização, associada à educação permanente, avaliação contínua dos impactos e fortalecimento da cultura do autocuidado. A adoção dessas práticas contribui para ambientes laborais mais saudáveis, colaborativos, acolhedores e produtivos.
A INVISIBILIDADE DE ACIDENTES DE TRABALHO COM TRABALHADORES DE PLATAFORMAS DIGITAIS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA REDE NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO TRABALHADOR
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 UERJ
Período de Realização
Julho de 2024
Objeto da experiência
A atuação da RENAST no processo de qualificação dos registros de Acidentes de Trabalho com trabalhadores e trabalhadoras por plataformas digitais.
Objetivos
Apresentar possíveis estratégias da RENAST no desenvolvimento de ações de vigilância, prevenção e promoção de saúde com trabalhadores e trabalhadoras por plataformas digitais.
Metodologia
A participação enquanto residente de Saúde do Trabalhador (ST) em um CEREST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) do Rio de Janeiro e no projeto de pesquisa formação “Saúde e Direitos em tempos de plataformas digitais: um olhar sob a atividade” fomentaram reflexões sobre a precarização do trabalho de entregadores e motoristas por aplicativos, o elevado índice de acidentes de trabalho e a invisibilidade na notificação desses agravos.
Resultados
As estratégias de apoio matricial in loco, constituída pela formação em serviço na Alta Complexidade, revelou-se essencial na disseminação de ações de ST na Rede de Atenção à Saúde (RAS), visando a qualificação do registro de agravos relacionados ao trabalho. A participação nessas ações evidenciou a importância de identificar as dificuldades no processo de trabalho de profissionais de saúde para viabilizar a construção de estratégias de enfrentamento à subnotificação de Acidentes de Trabalho.
Análise Crítica
A invisibilidade desses acidentes, relacionado ao processo de invisibilização da categoria enquanto trabalhadores, oculta as consequências desse modo de gestão do trabalho nas estatísticas, que se limitam a registrar os dados como acidentes de trânsito. O apoio matricial revelou a necessidade de ampliação do debate sobre a construção de protocolos em conjunto para que as equipes de saúde realizem a identificação e notificação de Acidentes de Trabalho com trabalhadores de aplicativos.
Conclusões e/ou Recomendações
Espera-se que este relato possa contribuir para a ampliação da vigilância de agravos com trabalhadores por aplicativos, por meio do fortalecimento de estratégias de matriciamento na RAS. Busca-se construir subsídios para efetivação da transversalidade da ST e construção de políticas públicas voltadas para a categoria, ratificando a importância da notificação como instrumento de cuidado e denúncia desse modo de organização e gestão do trabalho.
“A GENTE FAZ O QUE PODE, A GENTE FAZ O QUE DÁ” . REFLEXÕES SOBRE A SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19.
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
2
Período de Realização
Janeiro a Julho de 2025
Objeto da experiência
Análise parcial de dez entrevistas realizadas com profissionais da saúde que atuaram na pandemia e os impactos sobre saúde mental desses.
Objetivos
Através da análise qualitativa de entrevistas semiestruturas, compreender a história de vida dos profissionais de saúde, levantar quaisquer eventos que possam ter afetado a saúde mental e convidar convidá-los a refletirem sobre como as experiências vivenciadas na pandemia ainda os afetam.
Descrição da experiência
Dez entrevistas semiestruturadas foram realizadas com enfermeiros, residentes e médicos que atuaram em unidades intensivas, de emergência e urgência e/ou hospitais de campanha do setor público e privado. Os interlocutores revelaram que as vivências na pandemia, em alguma medida, impactaram, sim, na saúde mental. A exemplo, mudança de trabalho, bloqueio em compartilhar as experiências, ansiedade. Em termos gerais, apesar dos sofrimentos, a ética da área da saúde, os fazem continuar seus ofícios.
Resultados
Os resultados esperados são identificar a intensidade e consequências dos problemas de saúde mental que afetaram e ainda podem vir afetar os profissionais da saúde. Tais problemas de saúde mental dizem respeito a sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade, depressão, burnout e ideação suicida.
Aprendizado e análise crítica
A análise qualitativa das experiências dos profissionais da saúde evidência como a experiência na pandemia violou valores morais e éticos, de modo a desencadear problemas de saúde mental. A pesquisa busca fornecer um maior entendimento dessas questões e promoção de saúde mental desses profissionais.
Conclusões e/ou Recomendações
Os trabalhadores da saúde frequentemente são expostos a longas e excessivas jornadas de trabalho, "situações de alto risco" e sobrecarga de trabalho somada as pressões de administradores hospitalares e do sistema de saúde. A pandemia de COVID-19 agravou essas pressões de forma sem precedentes, deixando os profissionais de saúde em sofrimento mental e isso precisa ser considerado e debatido pela sociedade.
TEMPO DE CUIDAR: UMA AÇÃO DE PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL PARA TRABALHADORES
Pôster Eletrônico
1 Universidade de Pernambuco
2 Prefeitura do Recife
Período de Realização
Experiência realizada em setembro de 2023
Objeto da experiência
O relato tem enfoque na atividade realizada durante o primeiro encontro do projeto Tempo de Cuidar
Objetivos
O projeto Tempo de Cuidar teve como objetivo a prevenção e promoção de saúde às trabalhadoras da sede de um distrito sanitário de Recife, por meio de roda de diálogo sobre saúde mental no trabalho e síndrome de burnout e realização de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde.
Descrição da experiência
O projeto Tempo de Cuidar foi desenvolvido junto aos trabalhadores em um parque da região norte de Recife, Pernambuco. Foi ofertado às trabalhadoras Práticas Integrativas e Complementares em Saúde como massoterapia, auriculoterapia e meditação guiada. Para finalizar o momento, houve uma roda de diálogo sobre saúde mental no trabalho e burnout, facilitada pela autora, na condição de trabalhadora-residente.
Resultados
A escolha do tema para a roda de dialogo partiu da escuta das trabalhadoras, que relatavam estar adoecidas pelo trabalho. Durante a atividade, se destacaram falas sobre como a vivência da pandemia ainda as atravessava, ficando evidente em um processo de trabalho acelerado, alerta e por muitas vezes distanciado de outras pessoas. No exercício da partilha e da integração, foi possível compreender influencias da rotina de trabalho pandêmica, aliviar tensões e fortalecer vínculos.
Aprendizado e análise crítica
A realização desse encontro evidenciou a necessidade de manter-se atenta e disponível para as necessidades de cuidado das trabalhadoras, enquanto uma estratégia de valorização e promoção de saúde mental no trabalho. Além disso, promover espaços de interação e partilha entre as trabalhadoras é uma importante estratégia para a manutenção de um ambiente de trabalho saudável e acolhedor.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto Tempo de Cuidar compreende que a promoção da saúde do trabalhador, bem como a valorização do debate sobre saúde mental, é um eixo imprescindível para o desenvolvimento do SUS. Iniciativas como esta são importantes e urgentes para garantia de dignidade e bem-estar para as trabalhadoras.
AÇÃO NUTRICIONAL PARA SERVIDORES DO SISTEMA PRISIONAL DE MATO GROSSO
Pôster Eletrônico
1 FioCruz/Brasília
Período de Realização
De 25 de maio a 08 de junho de 2025
Objeto da experiência
Atuação como nutricionista na Ação Cidadania no sistema prisional de MT, realizando avaliação nutricional de servidores por bioimpedância.
Objetivos
Atender à demanda espontânea dos servidores por avaliação nutricional, utilizando bioimpedância para orientação imediata sobre hábitos alimentares adaptados à rotina penitenciária. Oferecer estratégias práticas para melhoria da alimentação diária frente a plantões inesperados e viagens.
Descrição da experiência
Atuei em presídios de MT durante a Ação Cidadania, realizando avaliações nutricionais com bioimpedância em servidores – precisavam remover equipamentos de segurança antes do atendimento. O ambiente exigia atenção constante: interrompíamos procedimentos quando chamados para ações emergenciais. Os relatos eram convergentes: "Não como por horas durante operações", "Vivo de lanche em viagens", "Plantão atrapalha meus horários". Adaptamos orientações para realidade de risco e jornadas imprevisíveis.
Resultados
Preocupação constante com segurança (retirada de coletes/armas durante bioimpedância);
Dificuldade unânime em manter rotinas alimentares devido a operações-surpresa e deslocamentos;
Consumo frequente de alimentos ultraprocessados por praticidade;
Queixas de fadiga extrema e desidratação;
Interesse massivo em receber orientações objetivas ("O que posso levar na mochila?").
Aprendizado e análise crítica
A experiência expôs o paradoxo: profissionais hipervigilantes com a segurança do sistema, mas negligentes com a própria saúde pela natureza do trabalho. A bioimpedância serviu como "gatilho motivacional", mas as soluções exigem reconhecer barreiras únicas: Restrições logísticas; Cultura institucional que desvaloriza pausas para alimentação; E Falta de infraestrutura para refeições adequadas durante plantões. Ações pontuais são insuficientes sem políticas de proteção à saúde desses profissionais.
Conclusões e/ou Recomendações
Os servidores prisionais enfrentam desafios nutricionais agravados pela imprevisibilidade operacional e cultura laboral. Recomenda-se: institucionalizar pausas para hidratação/alimentação; criar protocolos para "kits emergenciais" de alimentos não perecíveis; negociar espaços seguros para refeições nas unidades; e desenvolver cartilhas com orientações realistas para viagens e plantões.
RACISMO AMBIENTAL E REORGANIZAÇÃO DO TRABALHO: UM RELATO SOBRE A AUTODETERMINAÇÃO DE UMA COMUNIDADE MARISQUEIRA E QUILOMBOLA.
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Período de Realização
As atividades relacionadas a partilha da vivência comunitária ocorreram entre maio a junho de 2025.
Objeto da experiência
A vivência e saberes das moradoras da comunidade Alto do Tororó, certificada como quilombola, no Subúrbio Ferroviário de São Tomé de Paripe (Salvador-BA).
Objetivos
Visibilizar o processo da reorganização do trabalho interligado ao racismo ambiental, a partir da escuta
Descrição da experiência
Realizou-se uma exposição dialogada com a morada e líder de Maria de Fátima Lima e de Bárbara Lima. Através dessas representações e em parceria com a professora Ana Angélica Trindade, foi possível construir uma exposição de como o saber-fazer da pesca artesanal precisou ser remodelado diante da exacerbação das desigualdades sociais e ambientais, principalmente, em decorrência da deposição de rejeitos de uma fábrica instalada na comunidade.
Resultados
Diante da degradação do ambiente marinho, afetação direta da subsistência da pesca artesanal, prejuízos da saúde dos moradores, houve uma mobilização para a reorganização do trabalho das marisqueiras, cogitando-se uma cozinha comunitária e venda de marmitas. Desse modo, conseguiram a participação no Programa Vida Melhor Urbana e contemplação de equipamentos de segurança e de pesca às marisqueiras locais.
Aprendizado e análise crítica
Existe uma intersecção entre racismo ambiental, precarização do trabalho e justiça social. Diante das tensões históricas que estão presentes em territórios com a presença de vulnerabilizações, é a própria comunidade que se mobiliza para a manutenção dos modos de vida, articulação política e defesa das tradições através da reorganização do trabalho
Conclusões e/ou Recomendações
É fundamental garantir a participação das comunidades afetadas em decisões sobre projetos e políticas que afetam seus territórios, garantindo seus direitos, voz e uma chance de luta contra o apagamento da cultura e do bem viver. A experiência de luta do Quilombo Alto do Tororó revela que pensar numa ecologia decolonial é romper com a lógica capitalista de viver, produzir e consumir, valorizando os saberes ancestrais e sua relação com o ambiente.
SUPERVISÃO CLÍNICO-INSTITUCIONAL, ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DE SAÚDE E PRÁTICAS NEOLIBERAIS: LINHAS DE FUGA COMO ESTRATÉGIA CLÍNICO-POLÍTICA EM UM CAPS AD
Pôster Eletrônico
1 CEFET/RJ - Valença
Período de Realização
O relato de experiência é fruto da supervisão em CAPS ad realizada durante o ano de 2024 até o momento atual.
Objeto da experiência
Construir estratégias clínico-políticas que promovam a reflexão e práticas coletivas diante das fragmentações capitalísticas no cotidiano de trabalho.
Objetivos
Desenvolver a organização coletiva entre os trabalhadores do serviço; criar espaços de acolhimento e escuta; subjetivar a queixa como produção do comum; extrapolar os sentidos do trabalho para além dos muros do CAPS ad, compartilhando experiências em rede.
Descrição da experiência
Este trabalho aborda os enfrentamentos da supervisão clínico-institucional frente aos impactos da ascensão das OSS e práticas de controle. Frente ao silenciamento, à perda de direitos e à intensificação do cuidado, a supervisão busca construir linhas de fuga na micropolítica do trabalho. As estratégias apostam no acolhimento, na coletivização dos processos e em projetos anticapitalistas, como grupos e iniciativas de Economia Solidária.
Resultados
Diante do sofrimento causado pela instabilidade do trabalho, desenvolvemos ações micro e macropolíticas. Frente ao controle das OSS e dos “olheiros políticos”, utilizamos o fluxograma descritor para alinhar as práticas. Criamos o “Grupo de Acolhimento” na recepção para abordar demandas e fortalecer o cuidado. Também passamos a ocupar fóruns e ruas, somando forças com a saúde mental por meio da subversão provocada pela Economia Solidária.
Aprendizado e análise crítica
Dois entraves marcam o caminho: o domínio das OSS e as práticas de controle. Promover cuidado baseado na redução de danos e na autonomia dos usuários esbarra na precarização e no adoecimento dos trabalhadores. Ainda assim, ações como o Grupo de Acolhimento, grupos de formação, artesanato, vendas, educação permanente e articulação política vêm transformando queixas vazias em subjetivação e organização do trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
Compreende-se que as ações delineadas na supervisão não solucionam a problemática do neoliberalismo nos dispositivos de saúde. Contudo, percebe-se que um dos mecanismos capitalistas consiste na paralisação dos corpos atuantes e na fragmentação das práticas de trabalho. Assim, pensar arranjos organizacionais e coletivos tem se configurado como uma alternativa para o cuidado de si e do outro, promovendo uma vida em movimento.
EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO ESTRATÉGIA PARA QUALIFICAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA: ANÁLISE DAS NOTIFICAÇÕES DE AGRAVOS EM UNIDADES
Pôster Eletrônico
1 Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
Período de Realização
As capacitações ocorreram no primeiro semestre de 2024
Objeto da experiência
Qualificar a atuação das equipes e fortalecer a vigilância em saúde, com base na PNSTT, na RENAST, na Lei nº 8.080/1990 e nos dados do SINAN
Objetivos
Realizar ações de educação permanente realizada junto a residentes multiprofissionais e médicos de nove unidades de saúde da família em Campo Grande/MS.
Descrição da experiência
Utilizando metodologias participativas, rodas de conversa e análise dos dados locais, abordando os determinantes sociais da saúde em numa perspectiva interseccionalAs capacitações ocorreram no primeiro semestre de 2024, utilizando metodologias participativas, rodas de conversa e análise dos dados locais, abordando os determinantes sociais da saúde em numa perspectiva interseccional.
Resultados
A análise comparativa das notificações realizadas nos dois semestres do mesmo ano evidenciou um aumento expressivo: no primeiro semestre, as nove unidades registraram 7 notificações de DART; no segundo semestre, esse número foi para 28, representando um aumento de 300%. Os principais agravos notificados incluíram acidentes com exposição a material biológico, transtornos mentais e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.
Aprendizado e análise crítica
A vigilância em saúde do trabalhador e da trabalhadora é uma das estratégicas do SUS, fortalecida com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), e consiste num conjunto de ações para garantir a identificação e o acompanhamento das doenças e agravos relacionados ao trabalho (DART). No entanto, a subnotificação DART ainda é um desafio para a VISAT.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a educação permanente, articulada com à atuação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), conforme RENASTT, representa uma potencialidade. A experiência destaca o papel das residências como espaços de fortalecimento do SUS e aponta para a necessidade de institucionalização de ações formativas voltadas à vigilância em saúde do trabalhador nos serviços de saúde.
COSTURANDO A REDE QUE QUEREMOS: O AUDIOVISUAL COMO FERRAMENTA PARTICIPATIVA NA VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA NA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Instituto de Saúde Coletiva - UFBA
2 Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador - SESAB
Período de Realização
O processo de produção e captação do documentário ocorreu entre 2024 e 2025
Objeto da produção
Foca na produção de documentário como registro, análise e valorização da participação social na construção do Planestt-BA 2023.
Objetivos
Contribuir na análise crítica e participativa da Política de Saúde do Trabalhador, valorizando saberes, vivências e o fazer coletivo.
Descrição da produção
O Planestt-BA 2023 foi construído por grupo interinstitucional com metodologias participativas. O documentário, em finalização, registra esse processo por meio de entrevistas com técnicos, gestores, trabalhadores e representantes sociais, destacando desafios, experiências e percepções. Em média-metragem, mescla depoimentos, registros e cenas do cotidiano, revelando a diversidade de vozes e afetos na construção coletiva do plano.
Resultados
A produção revela que o uso do audiovisual favorece o reconhecimento e a valorização das vozes dos sujeitos, fortalecendo o sentimento de pertencimento e corresponsabilidade com a política de Saúde do Trabalhador. A experiência fomenta a constituição de arenas dialógicas entre saber técnico, saber local e saber vivido, a partir de metodologias sensíveis, abertas ao conflito e ao dissenso, como o registro narrativo e artístico.
Análise crítica da produção
A construção do documentário evidenciou que a escuta ativa e a valorização das singularidades ampliam o sentido da participação. Revelou tensões, consensos e desacordos como parte de um processo democrático. A edição, ainda em curso, exige cuidado ético e sensibilidade estética, reconhecendo o tempo como essencial para costurar narrativas. O trabalho reafirma o audiovisual como ferramenta potente para o pensamento crítico e a ação política na vigilância em saúde do trabalhador.
Considerações finais
O uso de metodologias audiovisuais participativas na construção e avaliação de políticas em saúde, como na Saúde do Trabalhador, fortalece a articulação entre gestão, território e sujeitos. A experiência aponta para novos modos de gestão no SUS, centrados na escuta, no diálogo e na valorização da diversidade como potência. Democratizar a narrativa é passo essencial para democratizar a política e fortalecer processos verdadeiramente participativos.
PROJETO SILÊNCIO: GUIA PARA GESTÃO DO RUÍDO NA AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIOS DE PESQUISA BIOMÉDICA E DE MICROBIOLOGIA
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 UFRJ
3 INMETRO
Período de Realização
De abril de 2021 até outubro de 2022
Objeto da produção
Guia para aquisição de equipamentos de laboratórios de pesquisa em saúde, considerando critérios acústicos e a promoção da saúde do trabalhador.
Objetivos
Criar protocolo técnico para orientar a aquisição de equipamentos mais silenciosos em laboratórios, considerando critérios acústicos estabelecidos nas normas ISO 11690, ISO 3746 e NBR 10152, visando a prevenção de agravos à saúde do trabalhador e a melhoria da qualidade do ambiente de trabalho.
Descrição da produção
Realizou-se pesquisa bibliográfica e documental relacionada ao tema. A seguir, levantaram-se os processos de trabalho e os equipamentos de 3 laboratórios de pesquisa, investigando-se suas emissões sonoras, recursos de atenuação sonora e a existência de declarações de emissão sonora dos fabricantes. Decidiu-se adotar as normas NBR 10152, ISO 11690, ISO 3746 e ISO 4871 como referencial teórico-metodológico. Para validar, realizou-se o estudo de caso dos laboratórios e elaborou-se o guia.
Resultados
Os resultados revelaram que cabines de segurança biológica, incubadoras BOD, centrífugas e freezers são as principais fontes de ruído nos laboratórios avaliados. Constatou-se que 90% dos equipamentos não possuíam dados de emissão sonora, evidenciando a carência de declarações padronizadas, o que dificulta a aplicação do conceito "Buy and Sell Quiet". Propõe-se exigir dos fornecedores, em editais de compras de equipamentos, dados de emissão sonora, considerando a NBR 10152, ISO 11690 e ISO 4871.
Análise crítica e impactos da produção
A ausência de legislação brasileira específica emergiu como desafio central, exigindo diálogo intersetorial para incorporar normas internacionais às políticas de compras de equipamentos do SUS. Embora esse documento tenha sido aplicado à especificidade da Fiocruz, pode ser reaplicado em outras instituições similares. Apesar da resistência inicial devido aos custos, evidenciou-se que investimentos em tecnologias são soluções que previnem agravos auditivos e extra auditivos à saúde do trabalhador.
Considerações finais
A falta de exigência legal e a inexistência de dados sobre a emissão sonora de equipamentos laboratoriais expõe os trabalhadores a danos auditivos e extra auditivos e ressalta a importância do Guia proposto, incentivando a demanda por produtos mais silenciosos e construindo bases para futuras políticas do SUS. Neste sentido, a priorização de equipamentos mais silenciosos representa uma inovação técnica essencial à sustentabilidade ambiental.
INTRODUÇÃO DO QUESITO RAÇA / COR NO FORMULÁRIO DE TRIAGEM DO AMBULATÓRIO DE SAÚDE DO TRABALHADOR DA COAST/DIVAST/SUVISA/SESAB - BAHIA
Pôster Eletrônico
1 FESFSUS
Período de Realização
Março a Maio de 2024
Objeto da produção
Inserir o quesito Raça/ Cor no formulário de triagem para acesso ao Ambulatório de Saúde do Trabalhador (a) oferecido pela COAST/DIVAST/SUVISA/SESAB.
Objetivos
Identificar a relevância do quesito Raça/Cor no desfecho da triagem realizada para acesso ao Ambulatório de Saúde do Trabalhador (a) oferecido pela COAST/DIVAST/SUVISA/SESAB e em relação ao atendimento dos casos identificados como não sendo relacionados ao trabalho quando encaminhados à RAS e SUAS.
Descrição da produção
Identificação da ausência do quesito Raça/Cor no formulário de triagem para acesso ao Ambulatório de Saúde do Trabalhador (a) oferecido pela COAST/DIVAST/SUVISA/SESAB. Apresentação com aprovação do modelo de formulário de triagem incluindo quesito Raça/Cor em reunião de Diretoria a partir do modelo lógico construído no Curso de Qualificação em Saúde da População Negra oferecido pela Escola de Saúde Publica da SESAB. Início da aplicação do novo formulário de triagem.
Resultados
Identificação de como a presença de profissional da raça negra, neste caso, mulher negra, assistente social, traz um novo olhar sobre o quesito Raça/Cor nos diversos setores de assistência à saúde e análise de viés racial no acesso ao Ambulatório de Saúde do Trabalhador(a) da COAST/DIVAST e aos setores da RAS e SUAS, tendo em conta o grau de escolaridade do usuário.
Análise crítica e impactos da produção
O Ambulatório de Atenção à Saúde do trabalhador(a) da COAST/DIVAST está em funcionamento ininterrupto desde o ano de 1988, com um total de 26.382 usuários atendidos até o mês de fevereiro de 2024 com o quesito Raça/Cor constando apenas na Entrevista Social daqueles que preencheram os critérios para atendimento, estando ausente no Formulário de Triagem, instrumento de entrada para o Ambulatório ou de encaminhamento para os setores pertinentes ao caso na RAS e SUAS não sendo possível, até então, identificar se há viés relacionado a esse quesito no acolhimento da população nergra.
Considerações finais
Nessa perspectiva é importante esse quesito para formulações de políticas públicas e estudo de demanda para um futuro que contemple a População Negra, principalmente os segmentos em maior situação de vulnerabilidade.
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE UMA PESQUISA ERGONÔMICA PARA AVALIAÇÃO DOS ASSENTOS
Pôster Eletrônico
1 NAE/CST/Cogepe/Fiocruz
Período de Realização
O trabalho foi realizado entre 2024 e 2025.
Objeto da produção
Instrumento técnico de avaliação dos assentos de uma instituição pública e critérios ergonômicos para subsidiar a adequação dos postos de trabalho.
Objetivos
Propor e validar instrumento de avaliação dos assentos dos postos de trabalho, com base na análise técnica e nas percepções dos usuários, utilizando critérios ergonômicos, para subsidiar a adequação, planejamento, aquisição e substituição do mobiliário em instituições públicas.
Descrição da produção
O trabalho consistiu em uma pesquisa aplicada, de caráter exploratório-descritivo e abordagem semiquantitativa. Foi utilizado o software RedCap para a criação do instrumento estruturado com questões abertas e fechadas. As etapas metodológicas contemplaram a elaboração da proposta e discussão do instrumento para avaliação dos assentos, com base em critérios ergonômicos, aplicação do pré-teste, formação da equipe, sensibilização, estudo piloto, consolidação, análise e disseminação dos resultados.
Resultados
Foi elaborado um questionário com 6 módulos: localização; características do posto de trabalho; identificação do assento; estrutura física; ajustes e regulagens e estado de conservação. Das 115 respostas, 10 foram excluídas por incompletude e 18% não tinha patrimônio. Dos 105 registros completos, 70,5% eram cadeiras, 19% cadeiras altas e 10,5% banquetas. Entre os assentos investigados detectou-se que 88,6% precisavam ser substituídos, 3,8% precisavam de manutenção e 1% precisava de limpeza.
Análise crítica e impactos da produção
Os dados revelaram que 88,6% dos assentos exigiam substituição, evidenciando a relevância do trabalho para a racionalização de recursos e trocas assertivas. Avaliou-se a adequação dos assentos às necessidades laborais, conforme NR 17, normas técnicas e requisitos legais de compra. Concluiu-se que a ação demanda articulação intersetorial, potencializando a colaboração com outros setores para otimizar resultados.
Considerações finais
Este trabalho criou, aplicou e analisou resultados do instrumento para avaliar a adequação e conforto de assentos dos postos de trabalho, utilizando critérios ergonômicos. Os dados permitiram identificar a demanda e prioridades de substituição e manutenção, bem como o planejamento da aquisição de novos mobiliários. O instrumento é replicável e evidenciou alto potencial para apoiar as ações ergonômicas e racionalização de recursos.
FLUXOGRAMA DESCRITOR COMO FACILITADOR NAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
Pôster Eletrônico
1 ESP/DF
2 SES/DF, ESP/DF
Período de Realização
Os materiais do presente estudo foram desenvolvidos dos meses de Março até início de Junho de 2025.
Objeto da produção
Elaborou-se fluxogramas para dinamizar o matriciamento de instituições notificadoras pelos profissionais da vigilância em saúde do trabalhador.
Objetivos
Objetivou-se unir e condensar as informações disponíveis em saúde do trabalhador para facilitar, aprimorar e dinamizar as ações de educação e matriciamento em saúde do trabalhador. Visou-se também validar este material quanto à aplicabilidade e usabilidade na rotina do serviço de vigilância.
Descrição da produção
Trata-se de uma pesquisa metodológica em quatro etapas: (1) busca de normativas técnicas internas que descreviam processos de trabalho; (2) elaboração de fluxogramas; (3) divulgação dos materiais e (4) validação via formulário. O questionário adaptado de Menezes et al (2023) foi respondido de forma online e anônima por 9 profissionais atuantes na vigilância em saúde do trabalhador. A partir dos dados coletados, foi calculado o Índice de Validade do Conteúdo (IVC) através da ferramenta Excel.
Resultados
A pesquisa resultou na elaboração de fluxogramas descritores, desenvolvidos na plataforma digital Canva, que apresentam de forma dinâmica instruções sobre o preenchimento das fichas de notificação em saúde do trabalhador, seu fluxo e possíveis inconsistências. O questionário alcançou um IVC geral de 1, acima do mínimo preconizado, indicando excelente concordância entre os profissionais entrevistados quanto à aplicabilidade, qualidade e validade do material produzido.
Análise crítica e impactos da produção
Os materiais foram bem recebidos pelos profissionais da vigilância em saúde do trabalhador, demonstrando sua efetividade em transmitir informações de maneira clara e visualmente atrativa. Ressalta-se também o caráter inovador dos fluxogramas apresentados, que conseguiram reunir e sistematizar informações anteriormente dispersas em vários documentos, sendo considerados pelos entrevistados como uma contribuição significativa para a prática cotidiana, no contexto do Sistema Único de Saúde.
Considerações finais
Observou-se a necessidade dos setores em empregar tecnologias para integrar e facilitar o acesso à informação. A ampla receptividade dos materiais produzidos revelou uma demanda reprimida entre os profissionais. Feedbacks indicaram que os documentos extensos antes utilizados dificultavam a assimilação por indivíduos alheios à rotina do setor. Dessa forma, os fluxogramas foram considerados instrumentos úteis à vigilância em saúde do trabalhador.
ROTEIRO PARA REGISTRO E CÁLCULOS DOS INDICADORES DO QUALIFICA CEREST 2024-2027
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz
Período de Realização
Elaborado no período de janeiro de 2023 a fevereiro de 2024
Objeto da produção
Manual orientativo aos profissionais do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Municipal Poa/RS, para meta pactuada do Qualifica Cerest,de 2024 a 2027
Objetivos
Subsidiar a gestão do Cerest no registro das ações para mensuração dos indicadores das metas pactuadas do Questionário Qualifica Cerest nos anos de 2024 a 2027.Otimizando a elaboração de relatórios produzidos, monitorando a qualidade dos indicadores.
Descrição da produção
Os métodos de coleta de dados, deram-se através das orientações das Notas Informativas e Portarias Ministeriais publicadas no âmbito da Renast, as quais apresentam caráter intuitivo e pedagógico. A sequência da descrição de indicadores facilitará quantificação, registro e avaliação das ações produzidas, concentrando-se exclusivamente nos sistemas de informação pertinentes ao âmbito do SUS. O monitoramento dos indicadores se dará pelo registro de dados e ações realizadas pela equipe.
Resultados
A avaliação dos resultados será obtida por meio de relatórios analíticos e sintéticos, das ações desenvolvidas, com tendências e variações de desempenho das metas pactuadas e comparações de resultados obtidos nos anos anteriores, permitindo realizar ajustes na abordagem com base nos resultados e nas necessidades identificadas, com disseminação de informações para a equipe de saúde, gestores e outros.
Análise crítica e impactos da produção
Também é entendido como etapa fundamental para a avaliação de ações de saúde e consiste no acompanhamento e análise dos registros dos indicadores, considerando as peculiaridades locais e garantindo uma análise mais precisa da situação da saúde dos(as) trabalhadores(as)
Considerações finais
A disponibilidade de informações baseadas em dados válidos e confiáveis para uma análise objetiva da situação epidemiológica, na tomada de decisões baseadas no planejamento de ações de saúde do trabalhador (a), são muito relevantes. Garantindo que as ações assistenciais sejam registradas e dados dos indicadores possam ser coletados, extraídos.
BOLETIM DE ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS E AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA NO ANO DE 2024.
Pôster Eletrônico
1 CEREST Fortaleza
2 Coordenadoria de Vigilância em Saúde de Fortaleza
Período de Realização
Março a Junho de 2025
Objeto da produção
Análise epidemiológica dos acidentes de trabalho típicos, de trajeto e com exposição a material biológico, ocorridos em Fortaleza no ano de 2024.
Objetivos
Monitorar doenças e agravos relacionados ao trabalho (DARTs) em Fortaleza;
Avaliar a qualidade e completude das notificações das DARTs;
Fornecer subsídios para o desenvolvimento de ações intersetoriais e estratégias de prevenção e promoção da saúde nos territórios, ambientes e processos de trabalho;
Descrição da produção
Foi feita uma análise de dados do SINAN (2015–2024) sobre 11 DARTs. Focou-se, em 2024, nos acidentes de trabalho e com material biológico, considerando variáveis como idade, sexo, ocupação e causa de óbito. A produção envolveu coleta, organização, análise crítica e elaboração de gráficos, com base na PNSTT e nos determinantes da saúde. O boletim foi finalizado e publicado em junho de 2025.
Resultados
De 2015 a 2024, houve um aumento das notificações de acidentes de trabalho e doenças como LER/DORT, PAIR-O e transtornos mentais. Em 2024, homens entre 18 e 44 anos foram os mais afetados, com destaque para pedreiros, motofretistas e profissionais da saúde. Acidentes típicos somaram 64,8%. A exposição a material biológico ocorreu, principalmente, por perfurocortantes. A subnotificação segue como um desafio.
Análise crítica e impactos da produção
As doenças e agravos relacionados ao trabalho impactam a saúde física e mental dos trabalhadores, podendo causar adoecimento, incapacidades, invalidez ou morte. Também geram prejuízos às empresas e sobrecarregam a rede de saúde. A negligência na prevenção traz custos e sanções. É essencial fortalecer a vigilância em saúde do trabalhador e melhorar as notificações no SINAN, pois ainda há falhas e persistência de acidentes em setores de alto risco.
Considerações finais
O boletim epidemiológico qualificou a informação em saúde do trabalhador, possibilitando ações direcionadas e equitativas, conforme princípios do SUS e PNSTT. A análise periódica identifica tendências e orienta intervenções. O estudo destaca a importância do monitoramento contínuo e da articulação intersetorial, recomendando capacitação profissional e estratégias eficazes para prevenção e promoção da saúde ocupacional.
ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO PARA TRABALHADORES DE SAÚDE: O QUE O MAPA DE EVIDÊNCIAS APONTA SOBRE A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE?
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Mato Grosso do Sul
2 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
3 Escola Nacional de Administração Pública
Período de Realização
Janeiro de 2023 a janeiro de 2025.
Objeto da produção
Mapa de evidências sobre estratégias de proteção para trabalhadores de saúde frente a vírus respiratórios
Objetivos
Elaborar mapa de evidências sobre estratégias globais de prevenção de doenças virais respiratórias em trabalhadores da saúde, facilitando o acesso à informação científica e apoiando gestores na identificação de intervenções eficazes e lacunas no conhecimento.
Descrição da produção
Foi realizada uma overview apresentada como mapa de evidências a partir de revisões sistemáticas sobre estratégias de proteção para trabalhadores de saúde frente a infecções respiratórias virais. A busca foi conduzida em bases internacionais, com seleção e extração de dados por pares utilizando o EPPI Reviewer. O protocolo foi validado em um diálogo de política. O produto técnico foi um mapa de evidências.
Resultados
Foram incluídas 26 revisões sistemáticas, com intervenções como uso de EPI, testagem, tecnologias diagnósticas, políticas de melhoria do ambiente e ferramentas digitais. Identificaram-se lacunas significativas na aplicação de estratégias em serviços de APS e sobre VSR e Mpox. O manual elaborado oferece suporte prático ao uso do EPPI Reviewer, ampliando o acesso à produção e como desenvolver um mapa de evidências.
Análise crítica e impactos da produção
A produção técnica contribui para a qualificação das políticas de proteção à saúde do trabalhador, ao sistematizar evidências aplicáveis ao contexto brasileiro, especialmente na APS. O mapa revelou cenários com ausência de intervenções testadas, o que pode orientar novas pesquisas e decisões institucionais.
Considerações finais
A produção técnica fortalece o uso de evidências na formulação de políticas de proteção para trabalhadores da saúde. Ao identificar intervenções eficazes e lacunas, promove a reflexão sobre os desafios enfrentados na APS e outros níveis de atenção. O produto técnico contribui para ampliar a capacidade analítica de gestores, pesquisadores e profissionais de saúde diante de ameaças virais emergentes.
FORMAÇÃO CRÍTICA PARA A VIGILÂNCIA E ATENÇÃO EM SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS À MINERAÇÃO DE URÂNIO E FOSFATO NO CEARÁ
Pôster Eletrônico
1 UFC
Período de Realização
O curso foi realizado entre os dias 1º e 7 de julho de 2024, em formato presencial, no Ceará.
Objeto da produção
Produto técnico-pedagógico de formação em saúde para atuação do SUS e territórios diante dos riscos da mineração de urânio e fosfato no Ceará.
Objetivos
Formar profissionais de saúde e lideranças sociais para reconhecer, monitorar e enfrentar os riscos da mineração, fortalecendo a vigilância e a atenção em saúde, a articulação intersetorial e interinstitucional, o controle social e a atuação do SUS frente aos riscos da mineração de urânio e fosfato.
Descrição da produção
Realizado pela Escola de Saúde Pública do Ceará, UFC e SESA, com apoio do Ministério da Saúde, o curso adotou aulas dialogadas, mesas redondas e trabalho de cartografia. A metodologia integrou saberes acadêmicos, técnicos e populares, além da experiência de diferentes instituições da saúde, do meio ambiente, da proteção radiológica e do Ministério Público, promovendo análise crítica dos riscos da mineração, escuta dos territórios e construção coletiva de estratégias de vigilância e cuidado.
Resultados
Participaram profissionais do SUS, indígenas, camponeses, pescadores e movimentos sociais. Foram produzidos planos de trabalho municipais intersetoriais e mapas de risco participativos. A experiência fortaleceu a compreensão sobre os riscos da mineração, possibilitou articulações institucionais e territoriais, ampliou a capacidade de preparação e resposta do SUS, promoveu formação técnica e estimulou a atuação de conselhos de saúde diante dos impactos da mineração de urânio e fosfato no Ceará.
Análise crítica e impactos da produção
A produção qualificou práticas de vigilância em saúde e envolveu profissionais do SUS com a defesa da saúde nos territórios ameaçados. Inovou ao inserir sujeitos dos territórios como protagonistas do processo formativo e a perspectiva da justiça ambiental. Contribuiu para antecipação de riscos e organização da resposta institucional do SUS, reforçando vínculos entre ciência crítica, gestão participativa e defesa dos direitos dos povos ameaçados pelo racismo ambiental e pelo modelo extrativista.
Considerações finais
O curso demonstrou a potência da formação crítica, intersetorial, interinstitucional e participativa na proteção e promoção da saúde em territórios ameaçados pela mineração de urânio e fosfato. Constitui um produto técnico com impacto direto na qualificação das ações de vigilância e atenção, e no fortalecimento do controle social. Expressa a capacidade do campo da Saúde Coletiva de atuar na defesa da vida, da democracia e da justiça ambiental.
SUPEREXPLORAÇÃO COMO CATEGORIA ANALÍTICA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 USP
2 SEPLA
Apresentação/Introdução
A Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, embora estruturante do SUS, sofre impactos crescentes de políticas neoliberais, como o Previne Brasil, que alteram seu financiamento, ampliam a precarização e impõem novas formas de intensificação do trabalho. Este estudo analisa as condições laborais na APS à luz da Teoria Marxista da Dependência (TMD).
Objetivos
Analisar criticamente as formas contemporâneas de precarização e superexploração da força de trabalho na APS do SUS, com base na TMD, destacando os efeitos das contrarreformas sobre a saúde e os vínculos laborais dos trabalhadores.
Metodologia
Trata-se de um estudo teórico-crítico baseado em revisão bibliográfica e análise documental normativa. A investigação mobiliza categorias da Teoria Marxista da Dependência (TMD), com ênfase na noção de superexploração da força de trabalho. Foram examinadas publicações científicas, relatórios institucionais, legislações e documentos do Ministério da Saúde, com destaque para as PNABs, a criação da ADAPS e o modelo de financiamento do Previne Brasil. A análise também incorporou dados empíricos extraídos de estudos recentes sobre saúde do trabalhador, especialmente na APS, durante e após a pandemia da COVID-19.
Resultados
Os resultados indicam múltiplas expressões da superexploração da força de trabalho na APS: vínculos frágeis, alta rotatividade, intensificação das jornadas, sobrecarga e sofrimento psíquico. O modelo de financiamento do Previne Brasil agrava desigualdades regionais e pressiona profissionais a cumprir metas que desconsideram o cuidado integral. As mulheres, majoritárias na APS, enfrentam dupla jornada e impactos interseccionais marcados por gênero, classe e raça. Identificou-se também alienação no trabalho médico e insatisfação generalizada nas equipes da ESF, comprometendo a qualidade da atenção e a saúde dos trabalhadores.
Conclusões/Considerações
A precarização estrutural da APS expressa a superexploração típica das economias dependentes. O atual modelo gerencialista, centrado em metas e desempenho, fragiliza o cuidado em saúde e impõe limites à função coordenadora da APS no SUS. Defende-se a retomada de políticas de valorização profissional, estabilidade e financiamento compatível com os princípios da universalidade, equidade e integralidade do sistema.
ARTICULAÇÃO COM A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PARA AMPLIAÇÃO DAS NOTIFICAÇÕES DE DOENÇAS E AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO.
Pôster Eletrônico
1 SESA/ES
2 Prefeitura Municipal de Vitória
3 Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim/ES
Período de Realização
Janeiro de 2024 a dezembro de 2024 (em andamento até 2027).
Objeto da experiência
Ampliar a notificação de doenças e agravos relacionados ao trabalho nas Unidades Básicas de Saúde do Espírito Santo por meio da articulação com a APS.
Objetivos
Ampliar o número de Unidade Básica de Saúde (UBS) notificando Doenças e Agravos Relacionados ao Trabalho (DART) no Espírito Santo, a partir da articulação com a Atenção Primária à Saúde, com metas anuais progressivas, visando alcançar 40% das UBS notificando até o ano de 2027.
Metodologia
O diagnóstico para o Plano Estadual de Saúde (2024–2027) do Espírito Santo revelou que apenas 14% das 844 UBS notificavam DART. Com meta de alcançar 40% de forma progressiva 2024 – 20%, 2025 – 30%, 2026 – 35% e 2027 – 40%, o CEREST estadual, com apoio da superintendência e CEREST regionais, iniciou ações de articulação com a APS, incluindo apresentação do indicador aos gestores municipais e sensibilização das equipes de saúde, para fortalecer a vigilância em saúde do trabalhador nos territórios.
Resultados
Em 2024, a meta de 20% das UBS notificando DART foi superada, com o índice aumentando de 14% para 31,6%. Os resultados por região, foram: Central (28,4%), Norte (37,5%), Metropolitana (36,8%) e Sul (15,4%). Esse avanço reflete o impacto positivo das ações realizadas nos municípios, que promoveram maior conscientização dos profissionais das UBS, melhor identificação dos casos e aumento consistente das notificações, indicando a viabilidade de alcançar 40% até 2027, mediante a articulação da APS.
Análise Crítica
A experiência demonstrou que o fortalecimento da articulação entre os CEREST e a APS é fundamental para a efetividade das notificações de DART. Inicialmente, identificaram-se dificuldades em alguns municípios e regiões de saúde, especialmente na região Sul, relacionadas ao desconhecimento da relevância dessas notificações. A inclusão das equipes, tanto da gestão quanto da assistência, como protagonistas do processo configurou-se como uma estratégia essencial para o avanço nas metas estabelecidas
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a atuação da APS nas notificações das DART, aliada ao suporte técnico dos CEREST e das Superintendências Regionais, é fundamental para ampliar as ações de vigilância em saúde do trabalhador nos territórios. Recomenda-se manter as ações contínuas, a estratégia de metas progressivas, o acompanhamento regionalizado com suporte técnico e o investimento na capacitação das equipes da APS, o que potencializa e qualifica a Saúde Pública do Estado.
A COLINESTERASE PLASMÁTICA É UM BIOMARCADOR CONFIÁVEL PARA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A INIBIDORES DE COLINESTERASE?
Pôster Eletrônico
1 UFPEL
2 FURG
3 CIT-RS
Apresentação/Introdução
INTRODUÇÃO: O uso de pesticidas, incluindo inseticidas, tem aumentado no Brasil. Além de seu uso agrícola, os inseticidas também são usados no controle de pragas urbanas e doenças endêmicas. A dosagem plasmática de Butirilcolinesterase (BCHE) é necessária para o monitoramento biológico da exposição ocupacional a organofosforados (OP) e carbamatos. No entanto, há controvérsias quanto à sua validade.
Objetivos
OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo avaliar este biomarcador na exposição ocupacional a OP e carbamatos.
Metodologia
MÉTODOS: Estudo transversal, em duas etapas, conduzido entre 492 aplicadores de pesticidas na fumicultura. Foram investigados dados sociodemográficos e ocupacionais; uso de equipamentos de proteção; níveis de BCHE durante baixa e alta exposição, utilizando o método cinético; exposição a pesticidas (tarefas, tipo de produto químico e data da última exposição). A intoxicação aguda por agrotóxicos foi avaliada por sintomas relacionados aos pesticidas (conforme critérios da Organização Mundial da Saúde), exames médicos padronizados e avaliação toxicológica, incluindo avaliações prévias e exames laboratoriais. A análise utilizou qui-quadrado, teste exato de Fisher e teste t para comparar de médias.
Resultados
RESULTADOS: Entre os 492 produtores de tabaco estudados, 210 (42,7%) haviam sido expostos a OP nos últimos 15 dias ou a carbamatos no último dia. O nível médio de BCHE durante o período de referência foi de 5.012,5, aumentando para 5.159,1 U/L (p < 0,001) durante a alta exposição. Uma redução de ≥ 20% nos níveis de BCHE foi observada em 2,4% dos participantes, enquanto 12,9% demonstraram um aumento de ≥ 20%. Não houve associação entre redução de BCHE e exposição aos agrotóxicos. Não foi encontrada associação entre os níveis de BCHE e quaisquer critérios para intoxicação aguda por pesticidas (incluindo a avaliação toxicológica).
Conclusões/Considerações
CONCLUSÕES: A elevação da BCHE na alta exposição e a ausência de associação entre BCHE e intoxicação aguda contrastam com a legislação e a literatura. Possíveis explicações incluem tolerância à exposição prolongada, diferenças laboratoriais, polimorfismo genético e outros. O uso da BCHE para monitorar exposição ocupacional aos OP e carbamatos deve ser reavaliado. Novos biomarcadores devem ser usados para monitorar a exposição aos agrotóxicos.
INSPEÇÕES SANITÁRIAS EM SAÚDE DO TRABALHADOR COMO FORTALECIMENTO DA VIGILÂNCIA DE AMBIENTES E PROCESSOS DE TRABALHO (VAPT) EM PERNAMBUCO
Pôster Eletrônico
1 SES-PE
Período de Realização
De maio de 2024 a maio de 2025 no estado de Pernambuco.
Objeto da experiência
Execução de ações de inspeção sanitária em saúde do trabalhador como fortalecimento da VAPT em Pernambuco.
Objetivos
Analisar as Inspeções Sanitárias em Saúde do Trabalhador (ISST) realizadas pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (APEVISA) em conjunto com o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Pernambuco (Cerest-PE).
Descrição da experiência
A ISST é a principal ação desenvolvida dentro da VAPT, propondo intervenções e prescrições de medidas que visem a saúde dos trabalhadores nos diversos ambientes e processos de trabalho. Para o desenvolvimento da ISST, são seguidas as seguintes etapas: inspeção dos ambientes e processos de trabalho; análise documental; entrevista com trabalhadores. O planejamento, desenvolvimento e avaliação das etapas foram realizadas em conjunto pelo Cerest-PE e APEVISA.
Resultados
No período relatado foram realizadas 51 ISST pelo Cerest-PE e APEVISA, destas 11 foram investigação de acidentes de trabalho e 40 para o reconhecimento de riscos ocupacionais nos ambientes laborais. Do total, 16 ISST seguiram a programação interna, as outras 35 foram demandadas pelas unidades regionais da APEVISA, Ministério Público do Trabalho e Cerest Regionais. Foram lavrados 17 Termos de Notificação contendo recomendações para correções das não conformidades identificadas durante a ISST.
Aprendizado e análise crítica
A VAPT foca na identificação de fatores e situações de risco a que estão expostos os trabalhadores(as) em suas atividades laborais, visando eliminá-los ou, na sua impossibilidade, reduzi-los ou controlá-los. Dessa forma, as inspeções realizadas nos meses descritos, permitiram analisar os ambientes e os processos de trabalho em diversos ramos produtivos do Estado, demonstrando um panorama da realidade, o que contribuiu de maneira ativa com a vigilância dos acidentes de trabalho e adoecimentos.
Conclusões e/ou Recomendações
As inspeções realizadas contribuíram para o fortalecimento da VAPT em Pernambuco, visando a segurança dos(as) trabalhadores(as) em seus ambientes de trabalho, bem como prevenindo doenças e agravos a saúde. Nesse sentido, a partir da experiência vivenciada em Pernambuco, ressalta-se a importância da ampliação das inspeções conjuntas entre Cerest e vigilância sanitária, como forma de promoção da saúde dos(as) trabalhadores(as).
“PAGAR PRA TRABALHAR”: CUSTOS E RISCOS À SAÚDE DE TRABALHADORES POR PLATAFORMAS DIGITAIS
Pôster Eletrônico
1 Bolsista Fiotec - ENSP/Fiocruz
2 UFRJ/Pibic Fiocruz
3 UFRJ
4 CESTEH-ENSP/Fiocruz
Apresentação/Introdução
Diante do descompasso entre os ganhos e custos reais do trabalho por plataformas digitais, entregadores e motoristas colocaram como demanda, em projeto de formação política, a discussão sobre remuneração e valor do seu trabalho. Visamos compartilhar a experiência dialógica realizada junto aos trabalhadores no âmbito do projeto de pesquisa-extensão “Saúde e trabalho por plataformas digitais”.
Objetivos
Discutir o processo formativo construído com trabalhadores por plataformas digitais, motoristas e entregadores, com foco na relação do aprofundamento da precarização do trabalho no processo saúde-doença e na perda de direitos.
Metodologia
Utilizamos os Encontros sobre o Trabalho (EST) em uma perspectiva ergológica para o diálogo e produção da formação entre os trabalhadores e a equipe de pesquisa. Os EST nos orientaram, como ferramenta epistemológica e de método, nas ações de pesquisa-formação, onde articulamos saberes de diferentes áreas de conhecimento científico com saberes da experiência de motoristas e entregadores por plataformas digitais. Tratamos os encontros com os trabalhadores a partir da construção de uma Comunidade ampliada de pesquisa intervenção - CAPI - em forma de rede construída entre profissionais de pesquisa e intervenção no campo da saúde do trabalhador.
Resultados
Como resultado inicial, houve a confrontação dialógica de perspectivas e a construção de novos saberes, ampliando o conhecimento dos custos e ganhos reais do trabalho por plataformas, servindo como instrumento de luta coletiva. Foi desenvolvida a ideia de que pensar os custos do trabalho não somente é pensar a remuneração, mas também a esfera da saúde, do desgaste físico e psíquico do trabalhador, bem como o desbalanço entre trabalho, vida social e lazer. A noção de “pagar para trabalhar” é expressa pelos relatos de que os custos e riscos com o trabalho são totalmente transferidos a eles. Em outra ponta, há o gerenciamento algorítmico, intensificando a precarização de seu trabalho.
Conclusões/Considerações
Ao estudar o sistema de remuneração das plataformas digitais, foi possível construir, junto aos trabalhadores, ferramentas concretas para orientar a luta pela transformação deste trabalho. A questão da remuneração não deve ser centrada em uma via individual, mas ao modo que as empresas-plataforma organizam, distribuem e gerenciam o trabalho. Conclui-se, assim, que a luta por direitos e remuneração justa é também uma luta coletiva pela saúde.
EMPREGABILIDADE DAS MÃES DE CRIANÇAS COM SCZV 10 ANOS DEPOIS DA EPIDEMIA
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
O cuidado de crianças ganhou novos contornos com a SCZV. Esta redefiniu a dinâmica familiar, convocando as mães das crianças a abdicarem de trabalhos remunerados. Essa afirmação é corroborada a partir de estudos que observam a não paridade de participação no mercado de trabalho entre pais de crianças com deficiência.
Objetivos
Pesquisa realizada entre os anos de 2020 a 2024 elencou os destinos laborais as quais mães de crianças com SCZV tiveram após a epidemia. Descrever as condições de trabalho ou não trabalho de 15 mães baianas de crianças com SCZV
Metodologia
Pesquisa de base fenomenológica com aporte de produções científicas de autoras feministas europeias. 15 interlocutoras que cumpriram critérios específicos de participação foram alcançadas, sendo entrevistadas em profundidade a partir de um roteiro pré-estruturado, focado nas descrições das ações cotidianas. As entrevistas foram realizadas por meio de uma plataforma virtual gratuita tendo em vista a ocorrência da pandemia do novo coronavírus.
Resultados
Confinamento doméstico; Verifica-se a fusão das esferas da produção e da reprodução social e a inclusão/permanência se dá a partir de arranjos informais e precários; Presença da confluência das esferas da produção e reprodução entre mulheres negras, evidenciadas a partir da sobrecarga de cuidados e escassez na rede de apoio e se incluem a partir da informalidade; pretas e brancas sujeitas à precarização no trabalho; em 10 anos não existiram políticas sociais por parte do Estado voltadas para ampliação da rede de cuidados
Conclusões/Considerações
Verifica-se que a experiência de inclusão e permanência no trabalho é construída por uma série de condições e características sociais que mantém a divisão sociossexual do trabalho. Observa-se que políticas estatais voltadas para o cuidado por meio da inclusão e de distribuição de renda voltadas para famílias de pessoas negras e pobres com deficiência se constituem como ineficientes e limitam o acesso ao trabalho formal.
Realização: