Programa - Pôster Eletrônico - PE33 - Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas
O USO DE ÁLCOOL POR ADOLESCENTES NA GRANDE VITÓRIA, ESPÍRITO SANTO
Pôster Eletrônico
1 UFES
2 SESD-SEG/ES
3 UFPEL
Apresentação/Introdução
Introdução: O álcool é uma substância psicoativa que pode levar a prejuízos de saúde. Considerando o início precoce do uso, pode ampliar o risco de dependência, mortes prematuras e diminuição da expectativa de vida. Assim, compreender o padrão de utilização dessa substância, pode contribuir para o desenvolvimento de ações de prevenção, diminuindo os impactos da bebida alcoólica em adolescentes.
Objetivos
Objetivos: Identificar o uso de álcool entre adolescentes do Ensino Médio na Região Metropolitana de Vitória, Espírito Santo.
Metodologia
Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal realizado na Região Metropolitana de Vitória em 2023. A amostra foi composta por 63 escolas de ensino médio e um total de 4.614 adolescentes, com idade entre 14 e 19 anos. E foram assinados pelos pais o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). A amostra foi separada por estratos simples, que foram corrigidos pelo SPSS 26, garantindo 95% de confiança. Foram realizados os testes Qui-quadrado de Pearson (χ²) teste Exato de Fisher. E análise multivariada bruta e ajustada de Razão de Prevalência (RP), por Regressão de Poisson, sendo considerado valor de p<0,05. As análises foram ocorreram pelo programa estatístico Stata 17.0.
Resultados
Resultados: O estudo teve como resultado uma proporção de aproximadamente 63% no consumo de um copo ou uma dose de bebida alcoólica na vida, e, 26,7% dos escolares relataram a ocorrência de um ou dois episódios de embriaguez. Dentre os tipos de bebidas alcoólicas, as que obtiveram maior percentual de consumo foram as destiladas (62,4%), e 85% relatam preferir consumir socialmente e 36% consomem na presença de familiares adultos. O local de compra da bebida teve uma proporção de 40,9% em lojas, bares, botequins, padarias e/ou com algum vendedor na rua.
Conclusões/Considerações
Conclusão: Observa-se alta prevalência de consumo de álcool na vida e atualmente entre os estudantes do ensino médio da Região Metropolitana de Vitória no Espírito Santo, bem como, observa-se uma frequência alta de adolescentes que já ficaram embriagados, e, conseguiram adquirir a bebida alcóolica mesmo em estabelecimentos, assim como o uso sendo realizado entre amigos e na presença de familiares.
GESTAÇÃO E USO DE DROGAS: DESAFIOS ÉTICOS E POLÍTICOS PARA O CUIDADO NO SUS.
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
A gestação em contextos de uso de drogas é marcada por estigmas, exclusão e vulnerabilidades. O cuidado a essas gestantes exige do Sistema Único de Saúde (SUS) uma atuação ética, acolhedora e politicamente comprometida, que vá além de protocolos clínicos e considere os atravessamentos de gênero, classe, raça e os direitos dessas mulheres.
Objetivos
Discutir o papel do SUS no cuidado às gestantes que fazem uso de psicoativos, integrando os conceitos de redução de danos, cuidado em liberdade, rede viva, gênero e reconhecimento de direitos.
Metodologia
Realizou-se pesquisa teórico-reflexiva, de cunho exploratório. Foram utilizados estudos de caso e materiais produzidos por redes de atenção como a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e a Rede Cegonha (atualmente conhecida como Rede Alyne), além de contribuições teóricas de autores como Salomão, Merhy e Franco. A análise considera os atravessamentos sociais e de gênero, os modelos de atenção em disputa no SUS, e a potência do cuidado micropolítico.
Resultados
A pesquisa revelou que as gestantes que fazem uso de álcool e outras drogas enfrentam estigmatização intensificada, exclusão e práticas moralizantes nos serviços de saúde. Apesar dos avanços institucionais como a RAPS, a efetividade do cuidado depende de sujeitos comprometidos, vínculos e escuta qualificada. Casos expressos na pesquisa demonstram a potência da gestação como oportunidade de transformação quando o cuidado é territorializado e acolhedor. Em contraponto, à crescente retomada de práticas manicomiais e moralizantes ameaça os direitos e a autonomia dessas mulheres.
Conclusões/Considerações
Garantir o cuidado às gestantes que fazem uso de álcool e outras drogas exige dos profissionais dos serviços do SUS práticas éticas, escuta ativa e compromisso com os direitos humanos. A valorização da redução de danos e da clínica ampliada deve prevalecer frente aos retrocessos atuais. O cuidado precisa ser vivo, situado e corresponsável, reafirmando a autonomia e centralidade das mulheres em suas trajetórias de saúde e vida.
O CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE USO E ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS.
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
As substâncias psicoativas acompanharam a história humana com usos simbólicos, espirituais e terapêuticos. A criminalização atual é recente e marcada por interesses políticos e econômicos. Compreender os sentidos históricos do uso de drogas permite ampliar o debate sobre os discursos que naturalizam sua proibição e marginalização.
Objetivos
Analisar os usos históricos de substâncias psicoativas nas civilizações antigas, refletindo sobre a transição de seus significados culturais para a criminalização moderna.
Metodologia
Este trabalho configura-se como um ensaio teórico, construído a partir de publicações científicas brasileiras e documentos oficiais do Ministério da Saúde. A análise parte de um levantamento bibliográfico com foco em estudos históricos, antropológicos e sociais que abordam os usos de substâncias psicoativas na antiguidade e suas transformações ao longo do tempo. Os referenciais fundamentam a discussão sobre os sentidos atribuídos às drogas, do uso ritual e terapêutico ao seu enquadramento como mercadoria e objeto de controle moral, jurídico e político.
Resultados
A pesquisa revela que, na antiguidade, o uso de substâncias psicoativas integrava práticas sociais, espirituais e médicas. Termos como phármakon expressavam a ambiguidade entre remédio e veneno, a depender do contexto. A partir do mercantilismo e da colonização, essas substâncias passaram a ser tratadas como mercadorias de alto valor, ganhando status estratégico nas rotas comerciais. No século XIX, discursos científicos e jurídicos promoveram a distinção moral entre drogas lícitas e ilícitas, consolidando o proibicionismo. As Guerras do Ópio exemplificam como o valor econômico moldou políticas internacionais sobre substâncias.
Conclusões/Considerações
O resgate histórico dos usos de drogas desnaturaliza sua criminalização atual, revelando a complexidade de seus sentidos culturais. Compreender as substâncias como elementos de práticas coletivas e simbólicas permite construir abordagens mais éticas, críticas e contextualizadas, superando visões moralizantes e excludentes.
ASSOCIAÇÃO ENTRE CONSUMO DE ÁLCOOL EM BINGE E PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL ENTRE MOTORISTAS PROFISSIONAIS
Pôster Eletrônico
1 UNISINOS
2 PRF
3 UNISINOS/SES-RS
4 SES-RS
Apresentação/Introdução
Motoristas profissionais estão expostos a diversos fatores de risco para agravos à saúde mental, como o uso de álcool e outras substâncias psicoativas. O consumo de álcool em binge (cinco ou mais doses em uma única ocasião) é uma prática associada a múltiplos desfechos negativos, incluindo o envolvimento em sinistros de trânsito e o surgimento de sintomas relacionados a transtornos mentais.
Objetivos
Avaliar a ocorrência do consumo de álcool em binge entre motoristas profissionais e sua associação com variáveis socioeconômicas e de saúde mental.
Metodologia
Estudo quantitativo, de caráter transversal. A amostra foi composta por 104 motoristas profissionais (idade média de 48 anos, 98% homens), abordados por conveniência durante operações de educação em saúde realizadas pela Polícia Rodoviária Federal. O consumo de álcool em binge e a presença de sofrimento mental foram avaliados por meio das escalas SMILE-C e SRQ-20, respectivamente. Informações sociodemográficas foram obtidas por um questionário padronizado. Análises bivariadas foram realizadas para verificar a associação entre o desfecho e as variáveis independentes. Razões de prevalência foram calculadas e apresentadas com intervalos de confiança de 95% (IC95%).
Resultados
O consumo de álcool em binge no último mês foi reportado por 51,4% da amostra. Não foram encontradas associações significativas entre variáveis sociodemográficas (idade, raça, escolaridade e estado civil) e o consumo de álcool em binge. Por outro lado, o binge drinking foi duas vezes mais prevalente entre motoristas com escore positivo para sofrimento mental na SRQ-20, em comparação àqueles sem sofrimento mental (IC95% 1,6–2,4). Além disso, o consumo em binge esteve associado a sintomas de ansiedade (p=0,040) e ao autorrelato de problemas de sono (p=0,039).
Conclusões/Considerações
Motoristas profissionais representam um grupo de risco para o consumo de álcool em binge. Os dados evidenciam a necessidade de incorporar o rastreio do padrão de consumo de álcool e do sofrimento mental em ações regulares de saúde voltadas a essa população. Intervenções preventivas devem integrar estratégias de saúde mental e educação em saúde, com foco na redução dos riscos psicossociais associados ao uso de álcool.
ANÁLISE DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) DE RECIFE Á LUZ DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL (PNSM): POSSIBILIDADES E DESAFIOS
Pôster Eletrônico
1 UFPE
Apresentação/Introdução
A PNSM, alinhada à Reforma Psiquiátrica, instituiu a RAPS para substituir o modelo hospitalocêntrico vigente anteriormente. Através da criação dos CAPS tornou-se viável promover um cuidado integral, comunitário e em liberdade. Entretanto, apesar dos avanços, persistem desafios na descentralização e no acesso equitativo, o que exige estudos contínuos sobre a gestão e integração dos serviços.
Objetivos
Esta pesquisa consiste em uma análise das capacidades e possíveis impasses da rede de atenção psicossocial municipal da capital pernambucana, Recife, cidade escolhida por seu papel estratégico como sede da I GERES do estado de Pernambuco.
Metodologia
Trata-se de um estudo de caso com abordagem descritivo-exploratória, baseado em dados secundários. Foram analisados dados referentes a legislações, planos estaduais de saúde e plataforma DATASUS correspondente ao ano de 2024. O estudo teve como foco os dispositivos da RAPS de Recife, incluindo CAPS, leitos hospitalares, UBS, residências terapêuticas, ambulatórios e unidades de acolhimento. Os dados foram organizados a partir dos eixos: cobertura territorial, tipologia dos serviços, conformidade com as diretrizes da RAPS e desafios operacionais. Por ser uma análise documental, sem uso de dados sensíveis ou identificação de sujeitos, o estudo não exigiu aprovação ética.
Resultados
Recife conta com 18 CAPS, mas enfrenta sobrecarga e escassez de unidades 24h. A atenção a adolescentes é limitada a um único CAPS, e propostas de expansão ainda não se concretizaram. A distribuição desigual dos serviços compromete a equidade. Os poucos leitos em hospitais gerais têm acesso restrito, sobretudo para pacientes sem comorbidades clínicas. O Hospital Ulysses, ainda ativo como emergência 24h, não integra a RAPS e representa uma permanência do modelo manicomial. Apesar da presença de residências terapêuticas e ambulatórios, a articulação entre dispositivos ainda é frágil.
Conclusões/Considerações
A RAPS em Recife demonstra avanços estruturais, mas enfrenta desafios persistentes. A concentração de serviços, a escassez de CAPS 24h e a fragilidade no acesso a leitos revelam entraves à efetivação plena do modelo psicossocial. É urgente fortalecer a descentralização, ampliar a oferta territorializada e integrar os dispositivos de forma articulada, garantindo cuidado contínuo, equitativo e em liberdade, conforme os princípios da PNSM.
A ATENÇÃO BÁSICA E A CORRESPONSABILIZAÇÃO DOS CASOS DE SAÚDE MENTAL
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal da Paraíba
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa teve como desafio investigar a produção do cuidado em saúde mental na Atenção Básica de Niterói-RJ a partir de um Módulo do Programa Médico de Família. Estes Módulos são equipamentos que se configuram como dispositivos de descentralização e regionalização do sistema de saúde e estão presentes nas áreas de maior vulnerabilidade social do município.
Objetivos
Esta pesquisa teve como objetivo identificar as ofertas de cuidado em saúde mental desenvolvidas por uma equipe do Programa Médico de Família, analisar como este cuidado é produzido e como ocorre o processo de matriciamento em saúde mental.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa qualitativa a partir da observação participante e da construção de um diário de campo. A produção de dados ocorreu entre dezembro de 2022 e março de 2023. Foi realizada em um Módulo do Programa Médico de Família, com a frequência média de uma ida a campo por semana, durante um turno de funcionamento da unidade, totalizando 14 idas a campo ao longo de 4 meses. Durante este período foi possível observar o cotidiano do serviço, participar de visitas domiciliares, reuniões de matriciamento em saúde mental e uma reunião geral entre a atenção especializada em saúde mental e os Responsáveis Técnicos da região Leste-Oceânica.
Resultados
Durante esta pesquisa foi possível identificar que um tema que caminha lado a lado com o matriciamento é a corresponsabilização entre os serviços pelo cuidado dos usuários. Após o matriciamento do Módulo, os Agentes Comunitários de Saúde de referência dos casos debatidos demonstraram entender que depois de discutir o caso com a atenção especializada a responsabilidade pelos usuários não era mais da Atenção Básica. Portanto, entendem que não teriam mais participar do cuidado daqueles usuários.
Conclusões/Considerações
Identificou-se que não há uma compreensão ampliada sobre saúde mental entre os profissionais, uma vez que eles não consideram como sendo do campo da saúde mental parte das ações que realizam, limitando com isso, inclusive, a possibilidade de qualificá-las mais, pois não refletem de maneira explícita sobre elas nessa perspectiva. Verifica-se que o Apoio Matricial ainda está em discussão e em processo de construção na rede de Niterói.
AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS E A DISPUTA DE HEGEMONIA PELO MODELO DE ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL NO OESTE DO PARANÁ.
Pôster Eletrônico
1 UNILA
Apresentação/Introdução
A atuação das Comunidades Terapêuticas têm sido criticada por órgãos de saúde vinculados à RAPS, a despeito disso, elas têm sido cada vez mais presentes como um dispositivo de atenção e cuidado ao atendimento de pessoas identificadas como usuárias de álcool e outras drogas, em detrimento do investimento no modelo de atenção preconizado pela Reforma Psiquiátrica.
Objetivos
Compreender o fenômeno do desenvolvimento das CTs no Brasil, e no Oeste do Paraná em particular; e os impactos que esse crescimento tem provocado no modelo de atenção destinado às pessoas que fazem uso abusivo de substâncias psicoativas.
Metodologia
O método utilizado foi a Análise Documental com Revisão Narrativa, no qual se recorreu a fontes oficiais dos órgãos governamentais. Assim, pretendemos contribuir para a elaboração de uma narrativa que descreverá um panorama crítico sobre a implantação e fomento pelo estado brasileiro às CTs, sua ação preferencial em contextos periféricos no Oeste do Paraná e sobre a juventude negra, além da visível contradição à política preconizada pela Reforma Psiquiátrica. Buscou-se contextualizar o 'boom' no financiamento público a essas instituições, com base nas normativas estabelecidas pelo governo federal, especialmente a partir de 2019 e pelo governo estadual do Paraná nos últimos 10 anos.
Resultados
Este trabalho permite compreender a atuação das Comunidades Terapêuticas e o crescimento deste modelo de atenção no contexto das políticas de saúde mental em âmbito nacional, estadual e local. Enfatizamos como este dispositivo político opera dentro das dinâmicas de fomento do punitivismo e encarceramento da juventude negra e periférica. Nossa percepção é que esta prática se configura como uma contrarreforma psiquiátrica e, por isso, merece atenção e reflexão, além de desinvestimento público.
Conclusões/Considerações
Favorece as CTs a presença cada vez maior de políticas conservadoras na saúde mental, estabelecendo vínculos religiosos entre os modelos de atenção. As graves denúncias do CFP não foram suficientes para barrar o crescente financiamento como política pública e por meio de emendas parlamentares, enquanto a Rede de Atenção Psicossocial carece de recursos e fortalece-se um dispositivo de controle dos corpos negros e encarceramento da juventude periférica.
USO DE CIGARRO AO LONGO DA VIDA POR ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NO CENTRO URBANO DE VITÓRIA, BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
2 Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) - Washington (EUA)
Apresentação/Introdução
O uso de cigarro na adolescência está associado a sérios riscos à saúde, como maior chance de dependência, prejuízos ao desenvolvimento pulmonar e aumento da probabilidade de uso de outras substâncias. Além disso, impacta negativamente o desempenho escolar e está ligado a fatores sociais e emocionais de vulnerabilidade.
Objetivos
Identificar a prevalência do uso na vida de cigarro comum entre os adolescentes do ensino médio na região metropolitana do Espírito Santo e analisar os fatores socioeconômicos associados.
Metodologia
Estudo transversal analítico realizado em 2023 com 4.416 estudantes de ensino médio matriculados em escolas públicas e privadas da Região Metropolitana do Espírito Santo. A amostragem foi por conglomerados, e a coleta foi realizada utilizando questionário autoaplicado em tablets. O desfecho foi o uso ao longo da vida de cigarro. As variáveis independentes incluíram: sexo, idade, identidade de gênero, orientação sexual, raça/cor, estado civil, classe econômica, ter trabalho ou não, tipo de escola, religião e estado civil dos pais. A análise bivariada utilizou o teste Qui-quadrado de Pearson (χ²), e a análise multivariada foi conduzida por Regressão de Poisson, no software Stata 17.0.
Resultados
Entre todos os estudantes rastreados 18,1% referiu já ter feito uso de cigarro na vida, sendo 18,8% meninas e 17,2% meninos. Os adolescentes entre 18 e 19 anos apresentaram 1,43 (IC95%:1,15-1,77) vezes maior frequência de uso de cigarro comum na vida quando comparado aos de 14 a 15 anos, e, entre aqueles de cor preta a frequência de experimentação aumentou em 39 (IC95%:1,18-1,64) vezes comparado aos indivíduos brancos. Os adolescentes autodeclarados como LGBT+, que tinham emprego e que os pais não estavam mais juntos apresentaram maior frequência de experimentação de cigarro (p<0,05). Já a religião evangélica diminui o risco para a exposição ao cigarro na vida (RP:0,70; IC95%:0,60-0,83).
Conclusões/Considerações
Os resultados revelam uma alta prevalência de experimentação de cigarro entre os escolares. Fatores importantes como idade, raça/cor, orientação sexual, situação de trabalho e separação dos pais mostraram-se associados a maior risco e revelam a influência de fatores socioeconômicos, individuais e culturais no uso de cigarro neste público. A construção de estratégias de prevenção deve levar em consideração estes fatores.
USO ATUAL DE CIGARRO COMUM POR ADOLESCENTES DA REGIÃO METROPOLITANA DO ESPÍRITO SANTO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
2 Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) - Washington (EUA)
Apresentação/Introdução
O consumo de cigarro por adolescentes é um problema relevante para a saúde que aumenta os riscos de dependência e doenças ao longo da vida. Essa realidade reforça a importância de medidas educativas e preventivas voltadas ao público jovem, reconhecendo os padrões e fatores que possam estar associados ao uso.
Objetivos
Identificar a prevalência do uso atual de cigarro comum entre os adolescentes do ensino médio na região metropolitana do Espírito Santo.
Metodologia
Estudo epidemiológico transversal com 4.416 adolescentes (14-19 anos) de escolas públicas e privadas da Região Metropolitana do Espírito Santo, coletado em 2023. Foram usadas amostras por conglomerado e questionário autoaplicado via tablet para garantir a privacidade. Avaliou-se o uso atual de cigarro comum, considerando as seguintes variáveis: sexo, idade, identidade de gênero, orientação sexual, raça/cor, estado civil, classe econômica, tipo de escola, trabalho, religião e situação conjugal dos pais. A análise bivariada foi realizada com o teste Qui-quadrado de Pearson (χ²) e multivariada por meio da Regressão de Poisson no Stata 17.0. Os aspectos éticos foram respeitados.
Resultados
No geral, 3,9% dos adolescentes referiram ter feito uso de cigarro nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa, sendo 4,1% meninas e 3,7% meninos. Os adolescentes autodeclarados como sendo não cisgênero apresentaram 1,54 (IC95%:1,02-2,33) vezes maior frequência de usar cigarro atualmente, assim como aqueles autodeclarados LGBT+ (RP:2,44;IC95%:1,73-3,45). Aqueles que tinham emprego (RP:1,75;IC95%:1,30-2,36), que os pais não estavam juntos (RP:1,57;IC95%:1,16-2,14) e que eram de escola pública (RP: 1,47;IC95%:1,03-2,10) aumentaram a exposição para o uso atual. Ainda, foi identificado que a religião evangélica foi fator de proteção (RP:054;IC95%:0,35-0,81) para o uso atual de cigarro.
Conclusões/Considerações
Os resultados revelam grupos de maior vulnerabilidade ao uso atual de cigarro e chamam a atenção para avaliação de fatores individuais, sociais e relacionais dos jovens. A conscientização sobre a prevenção de uso de tabaco deve incorporar ações direcionadas às vulnerabilidades e compreensão das subjetividades, sobretudo, em ambientes escolares como locais estratégicos de acesso a esta população.
PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) SOBRE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL: DESAFIOS E POTENCIALIDADES
Pôster Eletrônico
1 UNIMONTES
2 Universidade de Turim, Itália
Apresentação/Introdução
Nas últimas décadas, presenciou-se uma mudança estrutural dos serviços de saúde mental no Brasil, que alude à conquista e à implantação progressiva de um novo paradigma em defesa da atenção integral das pessoas em sofrimento mental (Brasil, 2007). No entanto, a mudança de modelo nem sempre se traduz em mudanças de práticas, levando a várias contradições no cotidiano dos serviços.
Objetivos
Compreender como profissionais de nível superior que atuam em um CAPS II percebem a assistência ofertada as pessoas em sofrimento mental atendidas pelo serviço.
Metodologia
Trata-se de pesquisa de implementação, tendo caráter de pesquisa-intervenção. A população alvo foram os profissionais de nível superior que atuam em um CAPS II de uma cidade de Minas Gerais. Foram realizadas 7 entrevistas individuais com profissionais de nível superior que atuavam no serviço, sendo estes selecionados a partir da amostragem intencional (Cardano, 2024). As entrevistas foram realizadas após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo todas as entrevistas gravadas e posteriormente transcritas na íntegra para análise. As entrevistas foram analisadas a partir da análise do discurso, também foi utilizado caderno de campo para anotações.
Resultados
A partir das entrevistas foram levantadas 3 categorias de análise: 1- Medicação e consulta: A lógica biomédica de tratamento; 2- Tratar é exercer poder: Hierarquias na assistência ao paciente; 3- A Rede de Atenção Psicossocial e o tratamento em saúde mental. A Reforma Psiquiátrica ocorreu em nível instrumental, pois ainda se produz nos serviços estigmatização e medicalização dos sujeitos. Nesse sentido, abordagens orientadas pelo princípio do recovery (recuperação), onde o tratamento não está atrelado a cura ou extinção de sintomas, mas ao potencial de cada um em encontrar para si modos de se reestabelecer, pode auxiliar nas mudanças de práticas assitenciais (Rufato, 2022).
Conclusões/Considerações
A implicação do sujeito na produção do cuidado se faz preponderante para que as estratégias não sejam uma replicação de uma clínica engessada, mas sim um processo construído mediante a capacidade de cada sujeito de se posicionar diante de suas necessidades. Para isso, é necessário que o cuidado seja ofertado de modo horizontal, permitindo que os pacientes sejam protagonistas de todo processo.
EFEITO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NAS HOSPITALIZAÇÕES POR TRANSTORNOS MENTAIS: UM ESTUDO A PARTIR DA COORTE DE 100 MILHÕES DE BRASILEIROS
Pôster Eletrônico
1 CIDACS/ Fiocruz
2 Department of Global Health and Social Medicine, Harvard Medical School
Apresentação/Introdução
Os transtornos mentais representam um dos principais componentes da carga global de doenças, estando entre as principais causas de incapacidade em todo o mundo. Programas de transferência de renda têm mostrado efeitos positivos em condições crônicas e, em alguns estudos, na saúde mental, mas ainda há poucos estudos com abrangência nacional sobre esses impactos.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo investigar a associação entre o recebimento do Programa Bolsa Família (PBF) e a redução nas taxas de hospitalização por transtornos mentais na Coorte de 100 milhões de Brasileiros.
Metodologia
Este é um estudo de coorte que utilizou dados administrativos sociais e de saúde linkados ao baseline da Coorte de 100 milhões de Brasileiros com indivíduos cadastrados no CadÚnico entre 2008 e 2015. Foram consideradas hospitalizações por transtornos mentais os registros no Sistema de Internação Hospitalar com código “F” da CID-10, exceto aqueles relacionados ao uso de substâncias, incluindo diagnósticos primário e secundário. Um método de propensão de escore (PS) foi estimado para permitir a comparação de beneficiários e não-beneficiários do PBF. Para verificar a associação pretendida, uma regressão de riscos proporcionais de Cox foi estimada ajustada pelo PS.
Resultados
Participaram do estudo 36.941.466 indivíduos, sendo a maioria beneficiários do PBF (60.9%). Verificou-se que, no período, houve 59.919 internações por transtornos mentais registradas no Sistema de Internação Hospitalar, principalmente por transtornos psicóticos (43%) e transtornos do humor (35,8%). De modo geral, o PBF reduziu em 14% (HR= 0.86; IC95%= 0.84-0.88) a chance de hospitalizações por transtornos mentais. Dentre os transtornos mentais, a redução ocorreu principalmente para transtornos iniciados na infância (HR= 0.55; IC95%= 0.51-0.59), transtornos orgânicos (HR= 0.61; IC95%= 0.56-0.65) e transtornos psicóticos (HR= 0.81; IC95%= 0.78-0.83).
Conclusões/Considerações
Verificou-se que o PBF reduziu as chances de hospitalizações por transtornos mentais. Embora não esteja incluído como uma estratégia da Rede de Atenção Psicossocial, o PBF apresenta impactos positivos para a saúde mental, por aliviar o estresse financeiro e estimular cuidados com a saúde via Atenção Primária. Políticas assim devem integrar as estratégias governamentais de cuidado em saúde mental.
TYPOLOGIES OF COMMON MATERNAL MENTAL DISORDERS AND ASSOCIATED FACTORS IN A RESOURCE-CONSTRAINED SETTING IN NORTHEASTERN BRAZIL: A LIFE COURSE STUDY
Pôster Eletrônico
1 UFC e UNILA
2 UFC
3 UFSC
4 Harvard University
Apresentação/Introdução
The COVID-19 pandemic affected maternal common mental disorders (CMDs).
Objetivos
We aim to identify trajectories of probable maternal CMD, as well as risk and protective factors associated with maternal mental health among postpartum women during the pandemic using life course theory approach.
Metodologia
We use data from the Iracema-COVID, a prospective cohort study composed of mothers who delivered during the COVID-19 pandemic in the fourth largest city in Brazil. Probable CMDs were accessed using validated instruments in five cohort waves at postpartum period. We employed Sequence Analyses (SA) to extract suggestive CMD trajectories, and a set of logistic, generalized and log-Poisson multivariable regression models with robust variance were employed to assess risk and protective factors for suggestive CMDs diagnosis.
Resultados
Fit indices demonstrated a two-cluster solution of probable CMD, which 335 mothers were clustered into occasional (n=240, 71.64%) and persistent (n=95, 28.36%) CMD-trajectories. Black mothers (OR: 1.76), with low education (OR: 2.32), single (OR: 1.85) or in a stable union (OR: 2.00), with alcohol consumption (OR: 1.40), and travel time spent to the nearest PHC unit (OR: 1.0004) were associated with increased odds ratio of having suggestive symptoms for a persistent CMD, compared to their counterparts, while green areas acted as a protective factor to maternal CMDs (OR:1.0044). Moreover, those living in areas with increased violence rates presented high odds of having persistent CMDs.
Conclusões/Considerações
This study provides evidence that individual and neighborhood deprivation play an important role in understanding maternal mental health, beyond the patterns and trajectories of probable maternal CMD due to issues confronted during the COVID-19 outbreak in the northeastern region of Brazil. Policies to prevent and treat maternal mental health and improvement in neighborhood deprivation should be addressed to avoid exacerbation of maternal CMDs.
SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSOS NO PERÍODO PÓS PANDÊMICO: EFEITO DO SENTIDO DA VIDA
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UNIFG
Apresentação/Introdução
Ao longo da vida, os idosos desenvolvem representações mentais que moldam suas percepções sendo essas intimamente ligadas ao sentido da vida. O envelhecimento é marcado por mudanças biopsicossociais que ampliam a vulnerabilidade dos idosos aos sintomas depressivos. A pandemia da COVID-19 se apresentou de modo multifacetado e complexo colaborando com a interpretação negativa dos eventos da vida.
Objetivos
O estudo tem por objetivo investigar a prevalência de sintomas depressivos em idosos e sua relação com o sentido da vida, em período pós pandêmico, num município do centro-sul baiano.
Metodologia
Estudo transversal, de base populacional, com 388 idosos em 2023. Os sintomas depressivos foram medidos pela Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D) cujo escore varia de 0 a 60. O ponto de corte para presença de sintoma depressivo foi de 16 pontos ou mais. A associação da variável principal (sentido da vida) e das covariáveis (indicadores sociodemográficos, hábitos e comportamento e condições de saúde) com a presença de sintomas depressivos foi avaliada pela razão de prevalência (RP) e intervalo de 95% de confiança (IC95%) a partir da regressão de Poisson com variância robusta.
Resultados
A prevalência de sintomas depressivos em idosos foi de 29,6% com uma significativa associação à ausência de sentido da vida (RP=2,15; IC95%:1,64-2,83). Fatores como ser do sexo feminino (RP=1,52; IC95%:1,08-2,14), não estar trabalhando (RP=2,39; IC95%:1,15-4,95), morar sozinho (RP=1,66; IC95%:1,23-2,24), sono regular (RP=1,62; IC95%:1,14-2,36), ruim (RP=1,76; IC95%:1,26-2,46) e limitações nas atividades diárias (RP=1,61; IC95%:1,20-2,16) também se mostraram significativamente associados aos sintomas depressivos.
Conclusões/Considerações
As circunstâncias vivenciadas no período pandêmico podem ter colaborado com o agravamento de condições preexistentes e intensificado, de modo prolongado, a ausência de conexões significativas, autonomia e propósito nos idosos. A associação observada entre a ausência de sentido na vida e a presença de sintomas depressivos reforça uma maior vulnerabilidade que o idoso foi exposto, potencialmente influenciada pelos desafios impostos nesse período.
MENSURAÇÃO E INTERVENÇÕES DE LITERACIA EM SAÚDE MENTAL PARA PROFESSORES ESCOLARES: REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 UERN
Apresentação/Introdução
O aumento do adoecimento mental em escolares reforça a importância da atuação da escola e dos professores nesse contexto. A literacia em saúde mental é uma competência a ser desenvolvida por esses profissionais na sua ação educadora. Assim, instrumentos de mensuração e intervenções estruturadas são necessárias para avaliar e fomentar as disposições dos professores em intervir nessa problemática.
Objetivos
Integrar instrumentos de mensuração e intervenções aplicadas à Literacia em Saúde Mental de professores escolares.
Metodologia
Revisão integrativa com busca sistemática, realizada em bases de dados entre abril e maio de 2025, partindo da pergunta norteadora PICO: quais instrumentos e intervenções (I) foram validados e implementados (O) para avaliar e fomentar a literacia em saúde mental (C) de professores escolares (P)? Utilizou-se descritores padronizados cruzando-os com operadores booleanos AND e OR. Seguiu-se as recomendações PRISMA para seleção, extração e avaliação dos registros e redação do texto final. 27 artigos compuseram a revisão e o quadro síntese. Os textos foram analisados de modo descritivo, e discutidos a partir de duas categorias previamente definidas a partir da pergunta norteadora.
Resultados
Os instrumentos e intervenções apresentaram níveis diferentes de poder e efeito na mensuração e fomento da Literacia em Saúde Mental, de moderados a pequenos. A escassez de instrumentos validados e voltados aos professores escolares teve grande representatividade. Conhecimentos sobre a psicopatologia do adoecimento mental, estigma, habilidades de escuta, apoio e auxílio e atitudes de confiança e empatia aos alunos infanto-juvenis foram os aspectos mais explorados pelos constructos. Não houve representatividade do Brasil nos estudos encontrados, o que aponta para a ausência de discussões nacionais sobre a temática e sobre o papel de professores e escola em promover saúde mental positiva.
Conclusões/Considerações
É imprescindível estruturas com boa validade e acurácia para mensurar a Literacia em Saúde Mental entre professores. Pesquisas são necessárias para avaliar o estado atual dessa competência entre os educadores da Educação Básica brasileira e suas disposições em apreender e aplicar tal dimensão no seu saber-fazer. É importante práticas interdisciplinares e intersetoriais entre educação e saúde para a promoção da saúde mental de jovens escolares.
TRAUMA COLETIVO E VIOLÊNCIA URBANA ARMADA: UMA DISCUSSÃO CLÍNICO-POLÍTICA
Pôster Eletrônico
1 ENSP/FIOCRUZ
2 Adelphi University
Apresentação/Introdução
Entre os maiores problemas sociais brasileiros está a violência urbana armada, que mata milhares de pessoas por ano, atingindo principalmente a população negra. O sofrimento psicossocial derivado dessa experiência vem sendo nomeado e tratado, predominantemente, de modo medicalizante, sob o signo de transtornos mentais e síndromes.
Objetivos
Considerando problemas éticos e clínicos derivados de abordagens biomédicas guiadas por valores neoliberais, propomos uma abordagem clínico-política do trauma coletivo, oferecendo subsídios para o tratamento do sofrimento psicossocial a ele inerente.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa teórica, baseada em autores que fazem uma leitura intersubjetiva da psicanálise em diálogo com intelectuais feministas, responsáveis pela leitura política do trauma. Abordamos a estrutura sociopolítica dos traumas coletivas, sua transmissão transgeracional, a natureza não verbal das comunicações traumáticas, os efeitos disruptivos do trauma no psiquismo e na comunidade, bem como a potência das formações grupais para favorecer sua narração e elaboração. Esse material é dialogado com relatos de experiências de vítimas da violência armada no Brasil, colhidos em reportagens de jornal de grande circulação, num site de um complexo de favelas e em artigos científicos.
Resultados
O trauma coletivo é um evento disruptivo, para o qual não há recursos de representação. Entre seus efeitos, encontra-se a corrosão dos laços de sociabilidade, sentimento de impotência e medo. Geralmente assentado sobre contextos de exclusão e opressão social, caracteriza-se como resposta a violências estruturais, havendo uma congruência entre a violência passada e a reiteração do trauma por ações sistêmicas relacionadas. A possibilidade de narrar experiências traumáticas contribui para reduzir seus efeitos nas gerações futuras, porém exige um ouvinte capaz de atestar a verdade do evento traumático e também sua incompreensibilidade, o que tem mostrado maior eficácia em contextos grupais.
Conclusões/Considerações
Junto às pessoas traumatizadas, consideradas especialistas na experiência vivida, é necessário propor dispositivos coletivos de emancipação e luta por mudanças estruturais. Simultaneamente, devem ser oferecidos enquadres clínicos de escuta, compartilhamento e reconstrução de sentidos em torno do vivido. Espera-se, assim, a desconstrução da tendência de individualizar e patologizar as experiências traumatizantes.
INTERVENÇÕES EM PACIENTES COM SÍNDROME DE BURNOUT NA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 UEFS
Apresentação/Introdução
No Século XXI, há redução de empregos, desemprego e superexploração do trabalhador, com jornadas longas, baixa remuneração e metas irreais. Nesse contexto estuda-se a Síndrome de Burnout, definida pela OMS como resposta ao estresse crônico no trabalho. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é utilizada no tratamento, focando na interação entre pensamentos, emoções e comportamentos.
Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo analisar as publicações científicas descrevendo resultados de intervenções em pacientes com Síndrome Burnout com base na Terapia Cognitiva Comportamental (TCC).
Metodologia
Foi realizada uma revisão integrativa segundo o modelo PRISMA, analisando estudos recentes sobre o uso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) no tratamento da Síndrome de Burnout. A busca resultou em 920 artigos (167 na BVS e 753 na PUBMED). Após critérios de exclusão por acesso, período (2019–2024) e adequação ao tema, restaram 6 estudos da BVS e 7 da PUBMED. Foram excluídos textos não disponíveis, fora do período ou que tratavam de temas diferentes. Meta-análises e revisões foram descartadas.
Resultados
As intervenções para Burnout variaram entre 5 e 11 semanas, com sessões de 30 minutos a 2h30. Profissionais de saúde e educação são os mais afetados, mas policiais também são vulneráveis, embora pouco atendidos. A idade média dos grupos variou de 32 a 46 anos, e maior experiência laboral correlacionou-se com menos sintomas. Mindfulness e Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) são eficazes, com Mindfulness tendo efeito mais curto e TCC mais duradouro. Quatro estudos usaram intervenções online, destacando vantagens e desafios, como barreiras tecnológicas e relação interpessoal. Burnout é doença ocupacional, mas faltam discussões sobre causas sistêmicas e apoio organizacional.
Conclusões/Considerações
Intervenções baseadas na Terapia Cognitiva Comportamental mostram bons resultados a longo prazo no tratamento da Síndrome de Burnout, graças à reestruturação cognitiva, psicoeducação e técnicas de relaxamento. Contudo, o Brasil precisa investir em estudos locais para entender melhor sua realidade, considerando não só o sistema econômico, mas também a cultura da população.
ENLACES ENTRE ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS E SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 IMS/UERJ
Apresentação/Introdução
As pessoas experienciam o adoecimento e cuidado em saúde de distintas formas, percorrendo serviços, práticas e saberes em busca de respostas às suas aflições. No contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, valoriza-se essa diversidade para sedimentar o cuidado psicossocial, que tem o território e a comunidade como palco das relações sociais, culturais, políticas e econômicas.
Objetivos
Esse estudo teve como objetivo principal analisar a literatura científica produzida sobre os Itinerários Terapêuticos no campo da saúde mental, no contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, durante o período de 2001-2024.
Metodologia
Tratou-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, produto de uma dissertação de mestrado, realizada a partir de pesquisas no Portal Brasileiro de Publicações e Dados Científicos em Acesso Aberto (Oasisbr), no Scientific Electronic Library Online (SciELO), na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram selecionados 39 estudos científicos, dentre eles artigos, dissertações e teses, disponíveis na íntegra e que estivessem sido realizados em pontos de atenção da RAPS, comunidades e/ou grupos relacionados à atenção psicossocial.
Resultados
Os resultados foram agrupados em três categorias: “Trajetórias assistenciais manicomiais em tempos de Reforma Psiquiátrica”; “Início de um percurso comunitário, ainda que formal”, e “Itinerários que se misturam e se imbricam na trama das coletividades”. Nelas discutimos os caminhos institucionais percorridos pelos usuários; o fenômeno da medicalização da vida; e a incorporação de percursos de cuidado formais e informais. Estes últimos articulados à cultura, ancestralidades, saberes, práticas populares e possibilidades diversas encontradas junto às redes de apoio.
Conclusões/Considerações
O presente trabalho destaca a importância de compreender os atravessamentos dos marcadores sociais da diferença no processo de adoecimento da população e nos seus itinerários terapêuticos. Espera-se contribuir para o campo e incentivar a elaboração de novas pesquisas que articulem os Projetos Terapêuticos Singulares com o uso dos Itinerários Terapêuticos para revelar potencialidades das suas histórias e dos seus territórios.
OS DESAFIOS DA SAÚDE MENTAL NA COLÔMBIA: UMA HISTÓRIA A SER CONTADA
Pôster Eletrônico
1 UFC
Apresentação/Introdução
Trata-se de uma revisão histórica baseada em literatura que examina o desenvolvimento da saúde mental na Colômbia até a promulgação da Lei 100 de 1993. Analisa-se, ao longo do tempo, diversas transformações normativas que impactaram a atenção em saúde mental, impulsionando-a para uma abordagem mais integral
Objetivos
Explorar a evolução histórica da atenção em saúde mental na Colômbia. Objetivos Específicos:1. Identificar os marcos legislativos na história da saúde mental. 2. Analisar os desafios estruturais e sociais que limitam o acesso equitativo à saúde mental.
Metodologia
Este trabalho foi desenvolvido a partir de uma revisão documental de caráter histórico e analítico, centrada na evolução da atenção em saúde mental na Colômbia até a promulgação da Lei 100 de 1993. Foram consultadas bases de dados como SciELO, PubMed e LILACS, além de relatórios de organismos internacionais e literatura histórica. A revisão incluiu ainda artigos científicos e documentos normativos publicados entre 1950 e 2023. Os textos selecionados abordam modelos assistenciais, institucionalização, reformas psiquiátricas e a transição para uma abordagem mais comunitária.
Resultados
Na Colômbia, a saúde mental evoluiu da noção de higiene mental — centrada na disciplina, produtividade individual e controle moral — para uma abordagem de bem-estar integral com perspectiva de direitos. A partir da década de 1930, predominaram modelos manicomiais excludentes e medicalizantes, influenciados por discursos eugênicos e religiosos. A institucionalização da loucura foi legitimada por médicos escritores e psiquiatras. A partir das décadas de 1960 e 1970, emergem abordagens críticas e comunitárias. Com a promulgação da Lei 100 de 1993, buscou-se ampliar a cobertura em saúde; no entanto, a lei introduziu uma fragmentação do sistema e manteve barreiras estruturais no acesso aos serviços
Conclusões/Considerações
A história da saúde mental na Colômbia reflete tensões históricas entre avanços normativos e práticas institucionais. Apesar da promulgação de leis importantes, persistem desigualdades no acesso e em sua implementação. O legado dos modelos manicomiais ainda é visível na medicalização entendida como forma de isolamento. É urgente fortalecer o sistema para garantir uma atenção integral, oportuna e digna para toda a população colombiana.
TECNOLOGIAS CONSTRUÍDAS PARA O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL DE TRABALHADORES DA SAÚDE DURANTE A PANDEMIA: O USO DO PODCAST COMO FERRAMENTA INOVADORA
Pôster Eletrônico
1 UECE
Apresentação/Introdução
A pesquisa foi realizada entre março de 2022 e novembro de 2024, no município de Fortaleza/CE.
Objetivos
Construção de tecnologia em formato de podcast voltada ao cuidado da saúde mental de trabalhadores da saúde na pandemia.
Metodologia
Trata-se de pesquisa metodológica realizada em Fortaleza/CE, nas UAPS, UPA e CAPS. Participaram 152 pessoas: 19 gestores, 94 trabalhadores da saúde e 38 usuários. Foram utilizados entrevista semiestruturada, grupo focal, formulário on-line e observação sistemática. A partir dos dados, foi construído um podcast como dispositivo de inovação em saúde mental.
Resultados
A pesquisa identificou fatores de sofrimento psíquico e estratégias de enfrentamento utilizadas por trabalhadores da saúde. O podcast desenvolvido foi bem aceito, sendo percebido como uma ferramenta acessível, acolhedora e educativa. Contribuiu para a escuta qualificada, promoção da saúde mental e disseminação de informações confiáveis.
A produção do podcast demonstrou potencial como tecnologia de cuidado, especialmente em contextos de sobrecarga emocional como o da pandemia. A experiência revelou a importância de inovações digitais na saúde mental, ampliando o acesso e fortalecendo a rede de atenção psicossocial, com foco na humanização e escuta ativa.
Conclusões/Considerações
A construção do podcast mostrou-se relevante para o cuidado em saúde mental de trabalhadores da saúde, especialmente em contextos de crise sanitária. A experiência reforça o papel das tecnologias acessíveis como ferramentas de apoio emocional, promoção de vínculo e fortalecimento das práticas de cuidado no SUS.
“DEPOIS DO ATENDIMENTO EU SÓ DEITEI E CHOREI, PORQUE LEMBREI DE QUANDO EU SOROCONVERTI, NÃO TIVE QUEM ME ESCUTASSE”: SOBRECARGA DE JOVENS ATIVISTAS VIVENDO COM HIV/AIDS
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ
2 UERJ
Apresentação/Introdução
Diante de um diagnóstico de HIV, os jovens podem se sentir inseguros e desorientados. Nesse momento os profissionais da saúde poderiam oferecer acolhida e acompanhamento integral, sobretudo na saúde mental, a esses jovens. As redes ativistas acolhem os jovens vivendo com HIV/AIDS (JVHA), os fortalecem e apoiam. No entanto, as redes ativistas não são suficientes em alguns casos mais graves e complexos.
Objetivos
Analisar o papel das redes ativistas e seus participantes na acolhida psicossocial de jovens vivendo com HIV/AIDS, em especial os recém diagnosticados.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que entrevistou cinco JVHA ex-representantes de Grupo de Trabalho em uma Rede Ativista, a Rede Rio Jovem+ (RJR+) do Rio de Janeiro. As entrevistas aconteceram em 2023, foram gravadas e transcritas em sua integralidade. As entrevistas foram analisadas seguindo as orientações de Odette de Godoy Pinheiro (2000), compreendendo as respostas como “práticas discursivas”. Estas constituem atividades cognitivas quando referidas ao conhecimento social visto como construção da realidade. Poderia ser definida “(...) como linguagem em ação, isto é, as maneiras a partir das quais as pessoas produzem sentidos e se posicionam em relações sociais cotidianas” (p. 45).
Resultados
Os JVHA ativistas sentem sua atuação como “missão” de acolher os jovens recém diagnosticados, pois eles também foram bem acolhidos no ativismo quando passaram pelo pós-diagnóstico. Diante disso, voluntariamente, acolhem, escutam e orientam os novos integrantes em suas diversas demandas, especialmente, de sofrimento mental. O apoio oferecido pelas redes ativistas confere reconhecimento aos ativistas, mas também uma carga do cuidado, em face a uma responsabilidade que não é deles, sobrecarregando-os e os fazendo reviver suas próprias dores. Os ativistas veteranos têm dificuldade de incentivar os novos jovens a buscarem um serviço de saúde mental no SUS, pois não tiveram essa experiência ou foi negativa.
Conclusões/Considerações
Os ativistas veteranos da Rede são referências de JVHA recém diagnosticados e muito solicitados para apoio e orientação. Mas, com o passar do tempo, precisam se afastar do ativismo para cuidar de si. Os JVHA, a despeito do tempo de vivência com o vírus, carregam questões emocionais anteriores ao diagnóstico soropositivo, muitas vezes relativas à homossexualidade, que somando ao sorostatus, potencializa o estigma do HIV/AIDS e acentua o sofrimento mental.
PREVALÊNCIA DE SOLIDÃO E QUESTÕES DE SAÚDE ASSOCIADAS: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL EM CAMPINAS, SÃO PAULO, 2023-2024.
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
Estudos têm apresentado que o sentimento de solidão está associado a fatores como a obesidade, tabagismo, dietas não saudáveis, etilismo, autoavaliação de saúde negativa e possui relação entre problemas de saúde mental, como pior qualidade de sono e depressão. No entanto, no Brasil ainda são escassas as pesquisas sobre o tema.
Objetivos
Estimar a prevalência do sentimento de solidão e a associação com condições sociodemográficas, autoavaliação de saúde e comportamentos relacionados à saúde (consumo de bebida alcoólica e tabagismo) na população de Campinas-SP.
Metodologia
Foram analisados dados do Inquérito de Saúde de Campinas (Isacamp), conduzido em 2023/24 com a população >10 de idade. A variável dependente foi o relato de solidão por muitas vezes ou sempre. As independentes foram faixa etária, sexo, raça/cor da pele, autorrelato de depressão e ansiedade, diagnóstico de depressão, tabagismo, bebida alcoólica, autoavaliação de saúde, autoavaliação do sono, autoavaliação de saúde bucal. Foi utilizado o teste qui-quadrado com ajuste de Rao-Scott para testar diferenças entre as prevalências e a regressão de Poisson, para estimativa das razões de prevalência (RP) ajustadas por sexo e idade, e respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%).
Resultados
A prevalência da maior frequência de solidão (muitas vezes ou sempre) foi de 5,6% e de menor frequência (pelo menos algumas vezes) foi 30%. Nos idosos a solidão aumenta 51,2% e é maior nas mulheres (RP=2,36). Na presença de depressão, a solidão é cerca de 5 vezes maior e de ansiedade é 3,4 vezes maior, em relação ao não relato. Também houve associações significativas de solidão com saúde geral autovaliada como ruim (RP=6,91); com autoavaliação do sono ruim (RP=5,84); e com autoavaliação da saúde bucal ruim (RP=3,97). A prevalência de solidão também foi maior nos grupos de fumantes (RP=1,93), ex-fumantes (RP=1,69), e que ingerem bebida alcoólica (RP=2,26), em relação a quem não ingere.
Conclusões/Considerações
O sentimento solidão está fortemente associado a questões de saúde mental, como autorrelato de ansiedade e depressão e com autoavaliações negativas de saúde geral, do sono e de saúde bucal. Condições de ser fumante, ex-fumante e ingerir de bebida alcoólica também estão significativamente associadas. Atenção especial devem ser dispendidas para as mulheres e para os idosos, que se apresentaram particularmente vulneráveis ao sentimento de solidão.
CUIDADO EM CONSTRUÇÃO: O ACESSO AO CAPSI SOB O OLHAR DE QUEM CUIDA
Pôster Eletrônico
1 UNB
Apresentação/Introdução
Estudos evidenciam lacuna na articulação entre os campos da saúde coletiva e da saúde mental, apesar de ambos compartilharem fundamentos como as Reformas Sanitária e Psiquiátrica. Ainda, é incipiente a produção sobre as principais barreiras que dificultam o acesso de crianças e adolescentes a esses serviços. Este estudo analisou fatores críticos para melhorar o acesso deste público a um CAPSi.
Objetivos
Analisar os fatores críticos para o acesso e estratégias de melhorias no Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil do Distrito Federal sob a perspectiva das trabalhadoras do serviço.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com base no estudo de caso, no ano de 2024, com foco nas micropolíticas dos processos de trabalho. A análise, discutida a partir de Merhy (2014), visava compreender as práticas cotidianas no interior dos serviços, segundo linhas de vida (de invenção, abertura, multiplicidade) ou linhas de morte (estagnação, burocratização e barreiras). A produção dos dados ocorreu em um CAPSi do DF, com triangulação de fontes e utilizando: observação participante, entrevistas semiestruturadas e diário de campo. Foi realizada uma categorização mista que identificou barreiras e facilitadores em três dimensões: estruturais, organizacionais e cognitivas.
Resultados
Os resultados são apresentados em 2 eixos: (I) principais barreiras e facilitadores do acesso ao CAPSi segundo as trabalhadoras; (II) recomendações e estratégias propostas para superação das barreiras. As principais dificuldades apontadas referem-se ao acesso geográfico, absenteísmo de trabalhadores, vulnerabilidade social dos usuários, mobilidade urbana, precariedade da infraestrutura, estigmas relacionados à saúde mental e falta de informação. O estudo também evidencia a necessidade de novas investigações sobre normas de gênero e interseccionalidades na perspectiva da equidade em saúde, contribuindo para o fortalecimento da atenção psicossocial.
Conclusões/Considerações
Este estudo revela importantes perspectivas relacionadas à saúde mental de crianças e adolescentes ao abordar os fatores críticos para o acesso a um serviço da atenção psicossocial especializada localizado no DF. Contribui para uma literatura relativamente recente ao destacar a relevância do cuidado infantojuvenil e sugere aspectos de transferibilidade, incentivando novas pesquisas que enfrentam as desigualdades no acesso à saúde mental.
TENDÊNCIA TEMPORAL DAS TENTATIVAS DE SUICÍDIO NO BRASIL DE 2013 A 2023
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ/PE
2 Secretaria Municipal de Saúde de Vitória de Santo Antão
Apresentação/Introdução
O suicídio configura-se com uma das principais causas de mortalidade e representa um grave problema de saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2019, ocorreram aproximadamente 700.000 óbitos por suicídio no mundo. No Brasil, estima-se que a cada 45 minutos ocorre uma morte por suicídio e, para cada óbito, há 20 tentativas.
Objetivos
Analisar a tendência temporal das tentativas de suicídio no Brasil no período de 2013 a 2023.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico de série temporal, realizado no Brasil no período de 2013 a 2023. Os dados foram coletados no Sistema de Agravos e Notificação Compulsória com auxílio da ferramenta Tabnet do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde(DATASUS) e no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). Para análise dos dados, utilizou-se a metodologia da média móvel visando atenuar a aleatoriedade e empregou-se o modelo de regressão Prais-Winsten para calcular a tendência. Na análise dos dados, foi considerado estatisticamente significante os resultados com o p-valor <0,05. Os dados foram analisados com o software Stata17.
Resultados
No período do estudo, ocorreram 3.694.268 tentativas de suicídio no Brasil, com uma taxa média de 161,94/100.000 habitantes. As tentativas foram mais prevalentes entre o sexo feminino(71,34%), raça/ cor parda(41,34%) e na faixa etária de 20 a 29 anos(21,81%). Entre os anos de 2013 e 2023 as taxas de tentativas variaram de 94,73 para 297,88/100.000 hab. A análise temporal revelou uma tendência crescente para tentativa de suicídio com um coeficiente de inclinação da reta de b1=16,13. Isso indica que, no período analisado, houve um aumento anual médio na taxa de tentativa de suicídio de 16,13/100.000 hab. Os resultados deste estudo foram estatisticamente significantes com p-valor<0,01.
Conclusões/Considerações
Os achados desse estudo demonstraram uma tendência crescente das tentativas de suicídio no Brasil. Assim, faz-se necessária a realização de novos estudos para verificar os fatores associados a esse aumento, bem como, o estímulo à construção de políticas intersetoriais para o enfretamento ao suicídio e ampliação do cuidado em saúde mental, especialmente no âmbito da atenção primaria à saúde.
: ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DE ADULTOS COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) NO SUDOESTE BAIANO.
Pôster Eletrônico
1 IMS UFBA
Apresentação/Introdução
O TDAH caracteriza-se por sintomas de desatenção e hiperatividade com impactos importantes na vida do indivíduo. Em adultos, associa-se com dificuldades acadêmicas, baixa autoestima, acidentes, alterações no sono, desemprego, relações instáveis e comorbidades psiquiátricas. Nos últimos anos tem havido aumento do diagnóstico acompanhado da dificuldade de acesso aos serviços de saúde mental no SUS
Objetivos
Compreender os significados e interpretações quanto a vivencia de adultos com TDAH e estratégias para enfrentamento dos problemas de saúde a partir dos Itinerários Terapêuticos (IT)
Metodologia
Trata-se de um recorte do estudo “Itinerários terapêuticos de adultos com TDAH no sudoeste baiano”. Pesquisa qualitativa realizada com 14 entrevistas de adultos com diagnostico de TDAH há pelo menos 2 anos no Sudoeste Baiano. Para análises utilizou a dimensão simbólica do Modelo Holístico para a análise de IT (Trad, 2015) de maneira a explorar as noções mais amplas que o sujeito possui em relação à doença com o foco em investigar os significados e interpretações em torno das suas características e suas apreensões, expectativas e incertezas
Resultados
Os participantes reconheceram o TDAH como hiperativo, desatento ou misto, causado pelo déficit de dopamina, que repercute negativamente na vida. As palavras mais frequentes na identificação do TDAH foram: criatividade, hiperfoco, barulho e cansaço. Na infância, possuíam principalmente a hiperatividade, sofrendo penalidades pelo comportamento apesar do bom desenvolvimento escolar, na adolescência a ansiedade ou depressão surgem como comorbidades associadas. Na vida adulta, o hiperfoco e a criatividade são importantes meios de compensação. As principais formas de enfrentamento foram utilizar músicas para isolar distrações externas, realizar atividades diárias e desenvolver rotina
Conclusões/Considerações
O TDAH diagnosticado tardiamente trouxe repercussões negativas na vida dos entrevistados. A hiperatividade mental e envolvimento em diversas atividades pode ser a causa para o cansaço, tal cenário pode tornar o adulto com TDAH mais propenso a outras comorbidades como a ansiedade e o burnout. A música envolve diversas funções cognitivas, promove a atenção, imaginação e criatividade, o que explica o auxílio na regulação emocional da pessoa com TDAH
ESTRATÉGIA EDUCACIONAL PARA A PREVENÇÃO DO ABUSO DE DROGAS ENTRE JOVENS EM HAVANA, CUBA
Pôster Eletrônico
1 UCMH/ UNICAMP
2 UNICAMP
3 UCMH
Apresentação/Introdução
En Cuba, el consumo de sustancias en adolescentes tiene una prevalencia del 15,3%, mayor en zonas vulnerables. Este estudio evalúa una estrategia educativa innovadora con talleres cognitivo-conductuales, plataformas digitales audiovisuales e intervenciones comunitarias. El Ministerio de Salud cubano prioriza la prevención mediante su Programa Nacional de Prevención, enfocado en grupos vulnerables.
Objetivos
Implementar uma estratégia educacional inovadora para prevenir o abuso de drogas entre jovens em Havana, analisando seu impacto no conhecimento, nas atitudes e nos comportamentos.
Metodologia
Utilizou-se um delineamento qualitativo e quantitativo em diferentes centros educacionais com 352 participantes (de 15 a 21 anos), distribuídos em: grupos experimentais (n=176): intervenção multicomponente; grupo controle (n=176); e avaliações utilizando: a) Questionários; testes de habilidades; e entrevistas semiestruturadas. Análise: Modelos de MLM para dados longitudinais, sexo, raça, nível socioeconômico e uso basal. Triangulação metodológica quantitativa-qualitativa.
Resultados
Os resultados mostraram: redução de 47,3% no abuso de drogas; aumento de 68,2% no conhecimento; melhora nas habilidades de recusa (82,4%) e 29,1%; e adesão de 89,7%. As análises qualitativas revelaram: efeito guarda-chuva nas redes sociais (78% dos participantes atuaram como agentes preventivos); mudanças nas normas subjetivas para prevenir o abuso de drogas.
Conclusões/Considerações
Los resultados mostraron que la intervención: redujo el consumo de drogas en jóvenes, aumentó factores protectores y fue altamente efectiva. Un 68% del efecto se atribuyó a mejoras en autoeficacia y normas sociales. Estos hallazgos respaldan: su inclusión en el Plan Nacional de Prevención cubano, la capacitación continua para docentes, familias y personal escolar, y su adaptación a otros contextos latinoamericanos.
PREVALÊNCIA DE DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO E FALTA DE ACESSO AO ATENDIMENTO MÉDICO ENTRE MULHERES COM E SEM O DIAGNÓSTICO EM UMA CAPITAL BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
A depressão, mais comum entre mulheres, é a principal causa de incapacidade no mundo. A falta de acesso ao atendimento médico, que parece ter sido intensificada com a pandemia, agrava os sintomas e eleva os custos sociais e individuais do transtorno. Compreender fatores associados ao diagnóstico e às barreiras de acesso é crucial para identificar desigualdades no cuidado em saúde mental.
Objetivos
Mensurar a prevalência de diagnóstico de depressão no contexto pandêmico, descrever o perfil de mulheres diagnosticadas e comparar a falta de acesso ao atendimento médico entre mulheres com e sem diagnóstico durante a pandemia.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional com 1.107 mulheres a partir de 18 anos, residentes de Vitória. A amostra foi selecionada por conglomerado em dois estágios, de forma aleatória e sistemática. O desfecho de depressão foi definido pela resposta positiva à pergunta sobre diagnóstico médico do transtorno no último ano, enquanto a falta de acesso pela negativa da questão sobre conseguir atendimento na última vez que procurou. Para comparar a falta de acesso, a amostra foi estratificada em dois grupos: com e sem o diagnóstico. Características sociodemográficas, econômicas e de avaliação de saúde foram avaliadas como variáveis de exposição. A análise de dados foi feita no STATA 17.
Resultados
Entre as 1.107 mulheres, 19,0% (IC95%16,8–21,4) receberam o diagnóstico de depressão, sendo este mais prevalente entre brancas (22,4%;IC95%18,7–26,5), sem companheiro (25,1%;IC95%20,7–30,0), das classes A/B
(21,6%;IC95%18,4–25,1), com plano privado (22,7%;IC95%19,5–26,3) e insatisfeitas com a própria saúde (40,0%;IC95%31,5–49,2). Entre as diagnosticadas, a falta de acesso foi significativamente maior na classe D/E (33,3%;IC95% 8,3–73,5) e na baixa escolaridade (25%;IC95%6,2–62,6). Enquanto entre as sem diagnóstico foi maior na classe C (10,5%;IC95%6,9–15,5), de 40 a 59 anos (11,3%;IC95%7,5–16,7) e que procuraram a UBS (13,0%;IC95%9,3–17,8). Em ambos os grupos, foi maior entre as sem plano.
Conclusões/Considerações
Os dados evidenciam importantes desigualdades na detecção clínica da depressão, com maior frequência de diagnóstico entre os grupos socialmente privilegiados. Entretanto, quando presente entre os mais vulneráveis, o diagnóstico parece intensificar os efeitos das desigualdades na busca por atendimento médico, de modo que a falta de acesso ocorreu exatamente nos estratos mais baixos de renda e escolaridade, diferente do grupo sem diagnóstico.
INTEGRALIDADE E INTERSETORIALIDADE NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: UMA ANÁLISE PELA PERSPECTIVA DOS/AS TRABALHADORES/AS
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Apresentação/Introdução
A Reforma Psiquiátrica Brasileira, impulsionada pela Reforma Sanitária nos anos 1970, resultou na criação do SUS e na saúde como direito. A Lei 10.216/2001 marcou a transição do modelo asilar para serviços comunitários, com os CAPS como dispositivos estratégicos de cuidado psicossocial com equipes multiprofissionais, garantindo atenção integral, intersetorialidade e superação da lógica manicomial.
Objetivos
Analisar as práticas dos Centros de Atenção Psicossocial de João Pessoa/PB que promovem a integralidade e intersetorialidade no cotidiano, a partir da narrativa de seus/suas trabalhadores/as.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter exploratório. Utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturada para orientar a discussão com foco na integralidade e intersetorialidade do cuidado em saúde mental, seguido de um questionário sociodemográfico. A produção dos dados ocorreu entre dezembro de 2023 e março de 2024, com entrevistas gravadas e transcritas, mediante assinatura do TCLE. A análise dos dados seguiu a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 58489422.3.0000.5188), assegurando os princípios éticos e o anonimato dos/as participantes.
Resultados
Participaram 21 trabalhadores/as de três CAPS, majoritariamente mulheres cis (76,2%), brancas (66,7%) e heterossexuais (95,2%), com média de 5,5 anos de atuação. A maioria era assistente social ou psicólogo/a (28,6% cada), plantonista (95,2%), com contratos temporários (81%). Da análise emergiram quatro categorias: na interprofissionalidade, destacou-se a superação da fragmentação do cuidado via educação permanente. Na articulação de redes, a centralização no CAPS e falta de matriciamento. A Clínica Ampliada apontou espaços de resistência, mas ainda solitários. Já os limites incluíam falta de recursos, profissionais, precarização dos CAPS e desconhecimento dos direitos dos usuários.
Conclusões/Considerações
O estudo revelou avanços e desafios na RAPS do município, destacando a importância da integralidade e intersetorialidade nos CAPS. Apesar do potencial transformador das práticas psicossociais, ainda persistem obstáculos que refletem os resquícios manicomiais na sociedade. Fortalecer a RAPS exige participação social, articulação com movimentos, educação permanente e pesquisa, valorizando a diferença e outras formas de existência.
“DIZIAM QUE EU NÃO TINHA DEUS NO CORAÇÃO”: UM RETRATO (DA VIOLÊNCIA) DAS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Universidade de Brasília (UnB)
Apresentação/Introdução
A Luta Antimanicomial, sustentada na superação do modelo asilar-manicomial, propõe um novo olhar ao sofrimento psíquico e/ou uso de drogas, resultando na Lei da Reforma Psiquiátrica (RP) em 2001. Contudo, a Contrarreforma Psiquiátrica (CP) avança através do desfinanciamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e pela reinstitucionalização da lógica manicomial via Comunidades Terapêuticas (CTs).
Objetivos
Objetivou identificar denúncias públicas sobre as Comunidades Terapêuticas (CTs) no Brasil, bem como violações de direitos e irregularidades divulgadas pela mídia no ano de 2023.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa documental, de caráter exploratório-descritivo e com abordagem qualitativa-quantitativa. A fonte de dados foram notícias contendo denúncias públicas sobre CTs no Brasil em 2023, e esses foram os principais critérios para que elas fossem consideradas na análise. As buscas foram realizadas no buscador Google por quatro pesquisadoras, durante o mês de junho de 2024. Extraímos das reportagens os seguintes dados: título; nome do veículo de comunicação; estado e município; nome da CT (quando disponível); e relatos da denúncia. A análise de dados se deu por Análise de Conteúdo do tipo temática, com pré análise, categorização e interpretação do material.
Resultados
Localizamos 251 reportagens, distribuídas em 14 estados brasileiros. Organizamos os achados em três categorias, seguindo o tripé disciplina-trabalho-espiritualidade, no qual se ancoram as CTs. São elas: (1) “Do portão pra dentro, as coisas mudam. Lá é um sistema de cadeia”, referente ao pilar da disciplina. Aqui detectamos práticas de contenção física/química, privação de liberdade e tortura. (2) “Me tirava como um escravo”, quanto ao pilar do trabalho. Nesse eixo, localizamos práticas de laborterapia e trabalho análogo a escravidão. (3) “Eles diziam que eu não tinha Deus no coração”, sobre o pilar da religiosidade, no qual identificamos violência e intolerância religiosa.
Conclusões/Considerações
O estudo visou revelar a natureza da atuação dentro das CTs. As categorias de análise mostram que seu modus operandi se ancora no controle social, violência religiosa e trabalho forçado, expressando uma faceta manicomial da mais perversa. Apesar dos esforços realizados pela RP brasileira, a presença das CTs representa não só um retrocesso, mas um dos principais instrumentos para o desmonte e enfraquecimento da RAPS.
CARGA EPIDEMIOLÓGICA FUTURA DE TRANSTORNO MENTAL GRAVE E PERSISTENTE NA REGIONAL DE SAÚDE JURUÁ, TARAUACÁ/ENVIRA, ACRE
Pôster Eletrônico
1 UFAC. CESP USP
2 FEnf Unicamp
3 CESP USP
Apresentação/Introdução
A produção de dados no cuidado psicossocial é indispensável para a análise da situação atual e tem potencial de orientar ações futuras. Esta pesquisa, através do indicador do número de atendimentos, visa contribuir para a estimativa da carga epidemiológica futura de transtornos mentais, a fim de possibilitar a adequada dimensão da capacidade instalada de serviços substitutivos de saúde mental.
Objetivos
O objetivo desta pesquisa é estimar a carga epidemiológica futura de Transtorno Mental Grave e Persistente nos munícipes da Região de Saúde Juruá, Tarauacá e Envira, no estado do Acre, atendidos pelo CAPS Náuas.
Metodologia
A fim de atender este objetivo, foram realizadas projeções anuais para o período de 2025 a 2034 para os sete municípios que compõem a Região de Saúde Juruá, Tarauacá e Envira: Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Feijó e Tarauacá. As estimativas consideraram as prevalências médias internacionais para cinco categorias diagnósticas de Transtorno Mental Grave e Persistente – TMGP: depressão, ansiedade, transtornos relacionados ao uso de substâncias, esquizofrenia e transtorno bipolar.
Resultados
A partir das estimativas populacionais dos sete municípios estudados, cuja taxa de crescimento utilizada foi de 1,25%, e a taxa de prevalência de 1,4% para o TMGP, o resultado obtido foi o de um acréscimo de 11,8%. Isto é, a carga regional estimada de TMGP que se iniciou em 3.510 casos em 2025, elevou-se gradualmente para 3.925 casos em 2034. Em termos populacionais, os sete municípios somam aproximadamente 250.730 habitantes em 2025, alcançando cerca de 280.390 habitantes em 2034. Deste modo, a progressão observada representa um acréscimo de 11,8% na população regional e um aumento correspondente de 11,8% na carga esperada de TMGP para o período analisado.
Conclusões/Considerações
Os resultados obtidos indicam uma tendência de crescimento contínuo da demanda por atenção especializada em saúde mental, sobretudo no que diz respeito às condições que exigem cuidado intensivo, acompanhamento longitudinal e articulação intersetorial. A projeção reforça a importância de dimensionar adequadamente a capacidade instalada dos serviços existentes, bem como a necessidade de planejar a expansão da RAPS nos municípios de menor acesso.
VIOLÊNCIAS NORMALIZADAS EM COMUNIDADES TERAPÊUTICAS: O EXPLÍCITO E O OCULTO NA FALA DE EGRESSOS
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo/ Faculdade de Saúde Pública
2 Universidade de São Paulo/Faculdade de Saúde Pública
Apresentação/Introdução
Este projeto integra pesquisa nacional multicêntrica sobre Saúde Mental e População em Situação de Rua (CNPq nº 444653/2023-6), coordenada por Ana Lucia Abrahão (UFF). Foca nos impactos das Comunidades Terapêuticas na vida de pessoas internadas, com abordagem qualitativa e transdisciplinar. Aprovado pelo CEP (CAAE: 80820824.0.1001.8160).
Objetivos
Analisar nas narrativas de egressos de CTs a presença de violências e violações, explicitas ou ocultadas nas falas, identificando suas formas e contextos.
Metodologia
A pesquisa é qualitativa, com coleta de dados por meio de rodas de conversa com egressos de CTs, maiores de 18 anos, que passaram por internação. Os participantes foram contatados por rede de apoio, indicação profissional e amostragem em bola de neve. Utilizou-se roteiro semi-estruturado abordando ingresso sobre experiências vividas em CT, com intuito de identificação de violências e violações. Após coleta dos relatos, feita análise a fim de identificar padrões, sentidos e narrativas sobre violências sofridas, considerando marcadores sociais como raça, gênero, escolaridade, orientação sexual e renda. A pesquisa segue princípios éticos e foi aprovada pelo CEP sob parecer 6794661.
Resultados
A análise preliminar revelou múltiplas formas de violência: física, psicológica, moral e negligência institucional. Os participantes relataram episódios de humilhações, castigos, doutrinação religiosa, trabalhos forçados e impedimento de contato com o mundo externo. As violências foram naturalizadas pelas instituições e muitas vezes invisibilizadas pela sociedade. Também emergiram impactos negativos à saúde mental e dificuldades na reinserção social, além de descrédito institucional e sentimentos de abandono. As falas apontam para a urgência de revisão crítica do modelo das CTs e de políticas públicas baseadas em direitos.
Conclusões/Considerações
As CTs, muitas vezes sustentadas por discursos de cuidado, operam como instituições totalitárias que violam sistematicamente os direitos humanos. A escuta qualificada dos egressos evidencia um cenário de violências naturalizadas e silenciosas. A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas e escutas qualificadas, que priorizem a dignidade, os direitos e a autonomia dos sujeitos, além do fortalecimento da rede de cuidado em liberdade.
CUIDADO EM LIBERDADE PARA PRIMEIRAS CRISES PSICÓTICAS: ARTICULAÇÃO ENTRE PROGRAMAS INTERNACIONAIS DE BASE PÚBLICA E O SUS
Pôster Eletrônico
1 Estácio
Apresentação/Introdução
O estigma associado à psicose ainda sustenta práticas baseadas na lógica manicomial e medicalizante. No caso das primeiras crises psicóticas (PEP), o Brasil, mesmo com um dos maiores sistemas universais de saúde, não possui políticas públicas específicas. Em diversos países, o modelo Coordinated Specialty Care (CSC), surge como uma alternativa promissora para esse cuidado no contexto brasileiro.
Objetivos
Identificar as características funcionais dos programas comunitários, baseados em recovery, para PEP, com acesso gratuito, e discutir sua articulação com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e as possibilidades de implementação.
Metodologia
Esta pesquisa constitui um recorte analítico de uma revisão sistemática realizada sobre programas comunitários de cuidado em liberdade para primeiros episódios psicóticos. A partir dos estudos incluídos, foram selecionados os programas já implementados, com financiamento público e acesso gratuito. Utilizaram-se os descritores “first-episode psychosis”, “community-based care”, “psychosis” e equivalentes em português, nas bases PubMed, Web of Science e Scopus, nos idiomas inglês e português, entre 2014 e 2024. Incluíram-se ensaios clínicos randomizados, estudos não randomizados, pesquisas qualitativas e revisões sistemáticas, avaliados quanto ao risco de viés conforme o tipo metodológico.
Resultados
Os programas analisados compartilham intervenções como cuidado multiprofissional integrado, territorialização, psicoeducação familiar, suporte por pares e foco na recuperação para além dos sintomas. Com o diferencial do contínuo treinamento técnico e sociocultural das equipes. O acesso gratuito é garantido por sistemas públicos universais ou planos subsidiados por recursos federais e/ou estaduais. Observou-se que muitos programas resultaram de políticas públicas específicas para PEP e parcerias entre Estado e universidades. Relatam-se efeitos positivos em adesão ao tratamento, qualidade de vida, vínculo comunitário, autonomia, redução de sintomas e hospitalizações ao longo de dois anos.
Conclusões/Considerações
As semelhanças entre os programas internacionais analisados, quanto a forma de cuidado e acesso, e os princípios de Integralidade, Equidade e Universalidade do SUS evidenciam a viabilidade de implementação desse cuidado especializado no Brasil. O país ainda carece dessa oferta ampliada, hoje restrita, às universidades. Defende-se, portanto, o fomento às discussões para criação de diretrizes específicas na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
ESTRESSE DE MINORIAS E SAÚDE MENTAL DE PESSOAS TRANS: DADOS DO ESTUDO ‘TRANSBUCAL FLORIPA‘
Pôster Eletrônico
1 UFSC
Apresentação/Introdução
Os impactos negativos em saúde mental observados entre minorias de gênero podem ser compreendidos por meio da Teoria do Estresse de Minorias, que aponta estressores sociais específicos e adicionais — como a transfobia — como fatores que contribuem para o sofrimento psíquico de pessoas trans.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo descrever o perfil de saúde mental das pessoas trans usuárias de um Ambulatório Trans no município de Florianópolis/SC.
Metodologia
Trata-se de uma análise descritiva de dados do estudo epidemiológico transversal ‘Transbucal Floripa’, realizado entre 2023 e 2024. A amostra foi composta por 182 pessoas trans com 18 anos ou mais, usuárias do serviço especializado em saúde de pessoas trans, o Ambulatório Trans, do município de Florianópolis/SC. Foram analisadas variáveis socioeconômicas, índice de discriminação e violência baseado na identidade de gênero e/ou orientação sexual, além de indicadores de ansiedade e depressão, medidos pelas escalas GAD-7 e PHQ-9, respectivamente. Os dados foram descritos em percentuais.
Resultados
A amostra foi composta por 45% homens trans e pessoas transmasculinas, 36% mulheres trans e travestis e 17% pessoas não-binárias; 66% se autodeclararam brancas e 30% pretas ou pardas; 68% tinham ensino superior completo ou em andamento. Quanto à orientação sexual, 32% se identificaram como bissexuais, seguidos por heterossexuais (26%) e pansexuais (25%). No que se refere à exposição à violência, 70% das pessoas participantes relataram terem sofrido algum tipo de violência relacionada à sua identidade de gênero e/ou orientação sexual. Em relação à saúde mental, 31% apresentaram níveis moderados ou graves de ansiedade, enquanto 56% relataram sintomas depressivos de grau moderado a severo.
Conclusões/Considerações
A alta prevalência de sintomas de ansiedade e depressão pode estar relacionada ao estresse de minorias vivenciado por pessoas trans, principalmente devido ao elevado percentual de relatos de violência sofrida (70%) quando comparada à população em geral. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas que considerem os determinantes sociais do sofrimento psíquico e promovam um cuidado equitativo, sensível e (trans)inclusivo.
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE TRÊS PSICOTERAPIAS ONLINE PARA O TRATAMENTO DO TEPT DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
2 UFBA
3 University of Oxford UK
4 UFPE
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 intensificou quadros de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), demandando intervenções terapêuticas acessíveis. Este estudo avaliou a eficácia de três modalidades de psicoterapia online para reduzir sintomas de TEPT em pacientes impactados pela pandemia.
Objetivos
Investigar a eficácia comparativa da Terapia Cognitiva Processual (TCP), Mindfulness-Based Health Promotion (MBHP) e Psicoterapia Positiva (PP) no tratamento online de pacientes com TEPT associado à pandemia.
Metodologia
Trata-se de um ensaio clínico randomizado, simples-cego, com 57 pacientes diagnosticados com TEPT, alocados em três grupos: TCP, MBHP e PP. As intervenções consistiram em 14 sessões semanais online. As avaliações utilizaram CAPS-5, HADS, WHO-5, TRGI, ICCN e CALPAS-P, em momentos pré-tratamento, intermediários, pós-tratamento e de seguimento (3, 6 e 12 meses). O protocolo foi aprovado por comitê de ética e registrado em ClinicalTrials.gov (NCT04852770).
Resultados
As três intervenções resultaram em redução significativa dos sintomas de TEPT, depressão, ansiedade e culpa, com melhora no bem-estar geral. A análise estatística mostrou eficácia semelhante entre os grupos, sugerindo equivalência terapêutica. O estudo indicou boa aceitabilidade e viabilidade das modalidades online, com baixa taxa de abandono e manutenção dos efeitos no seguimento de até 12 meses.
Conclusões/Considerações
As terapias TCP, MBHP e PP, aplicadas online, mostraram-se eficazes e viáveis no tratamento do TEPT durante a pandemia. Os achados sustentam o uso de psicoterapia digital como alternativa segura, acessível e eficaz, com potencial de ampliação para contextos clínicos diversos e em cenários de crise sanitária.
A SAÚDE MENTAL NO CINEMA DE ANIMAÇÃO: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 UFRJ
Apresentação/Introdução
Se tratando de uma questão inerente ao indivíduo, estudos sobre saúde mental são relevantes para a Saúde Coletiva. Para além do tratamento clínico dos transtornos psicológicos, a saúde mental é atravessada por diversos fatores e, por isso, deve ser compreendida de modo interdisciplinar. Assim, a utilização de filmes animados pode auxiliar na elaboração de meios que promovam o bem-estar mental.
Objetivos
Dada sua relevância social, o objetivo do presente estudo é realizar uma análise da produção científica global sobre a relação da saúde mental e do cinema de animação, no período de 2000 a 2024.
Metodologia
A pesquisa possui caráter descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa e utiliza o método de análise bibliométrica. A recuperação dos dados foi realizada nas bases Scopus e Web of Science, devido ao caráter interdisciplinar, no período de 2000 a 2024 e limitando-se à artigos científicos. Do total de 362 artigos recuperados, após a padronização e retirada de duplicatas no Zotero, restaram 288 dados. Contudo, ao verificar os títulos e resumos que atendem ao escopo da pesquisa, foi consolidado um conjunto de 76 dados. A partir desse conjunto, foram elaborados gráficos de produção no Excel e mapas de rede de relacionamentos no Vosviewer.
Resultados
Diante das análises realizadas, foi observado que a produção científica da relação entre a saúde mental e o cinema de animação vem crescendo significativamente a partir de 2021 (8 artigos) e a linha de tendência polinomial aponta uma continuidade elevada da produção, sinalizando a relevância dessa discussão. Os países mais produtivos foram Reino Unido, Estados Unidos, Japão e Canadá com 25, 16 e 6 artigos respectivamente. Além disso, foi possível estabelecer uma rede de colaboração entre os países, instituições de pesquisa e autores. Por fim, a análise dos títulos demonstrou que pessoa (8), atribuição (6), efeito (5), saúde mental (5) e percepção (3) foram os termos mais recorrentes.
Conclusões/Considerações
Os levantamentos demonstram que filmes animados podem ser ferramentas aliadas aos estudos sobre saúde mental, uma vez que abordam o tema de forma lúdica e criativa. Nesse sentido, é essencial discutir esse assunto na Saúde Coletiva, para desenvolver estratégias de promoção e prevenção da saúde mental, contribuindo para o acesso democrático às informações e reforçando a garantia dos direitos humanos, independente do contexto e faixa-etária.
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO NO CAPS: PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS SOBRE A PRÁTICA E SEUS SENTIDOS NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba
2 Fundação Estatal de Atenção à Saúde de Curitiba
Apresentação/Introdução
O presente estudo aborda as práticas de Acompanhamento Terapêutico (AT) em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), com foco nas percepções de profissionais da equipe multiprofissional. O AT insere-se nas diretrizes da Reforma Psiquiátrica Brasileira articulando cuidado em liberdade, reabilitação psicossocial, promoção de autonomia e integração social dos usuários.
Objetivos
O objetivo deste estudo, é analisar as percepções de profissionais da equipe multiprofissional de Centros de Atenção Psicossocial do município de Curitiba sobre as práticas de Acompanhamento Terapêutico.
Metodologia
Para colher as percepções desta prática, desenhou-se estudo de caráter qualitativo, tendo como instrumento de coleta de dados entrevistas semiestruturadas que abarcam em seu roteiro a percepção dos profissionais sobre o AT. Participaram deste estudo seis participantes da equipe multiprofissional de seis diferentes CAPS de Curitiba. Os participantes representam diferentes núcleos profissionais, como de psicologia, serviço social, terapia ocupacional, musicoterapia, enfermagem e medicina. Para a análise dos dados captados por meio das entrevistas, utilizou-se a teoria de análise de conteúdo proposta por Bardin. A pesquisa encontra-se em fase de análise, sendo apresentados aqui resultados parciais.
Resultados
Os dados preliminares da presente pesquisa revelam divergências conceituais entre os profissionais sobre o Acompanhamento Terapêutico. Alguns profissionais relatam desconhecimento ou confundem a prática com outras ofertas terapêuticas do CAPS. Em contrapartida, outros reconhecem, efetuam e defendem a prática do AT como dispositivo contratual que favorece a reabilitação psicossocial e a construção de autonomia. Há também associação do AT à figura do Terapeuta de Referência e ao Projeto Terapêutico Singular, reforçando sua centralidade no cuidado no território.
Conclusões/Considerações
Embora ainda em andamento, a revisão preliminar oferece indícios relevantes sobre as percepções dos profissionais; apontando que, apesar de sua relevância para o cuidado em liberdade, o AT ainda é pouco compreendido por parte deles, além da necessidade de formação continuada sobre a temática entre as equipes. Reforça-se a urgência de debates que promovam a efervescência de sua potência terapêutica e inserção nos Projetos Terapêuticos Singulares.
ESTRESSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 UnB
Apresentação/Introdução
O estresse constitui resposta fisiológica e emocional a situações de ameaça ou exigência além das capacidades do indivíduo. Em contextos prolongados, a exemplo da pandemia de Covid-19, essa pode se cronificar gerando impactos sobre a saúde mental. Estudantes universitários, por estarem em transição para a vida adulta e sujeitos a pressões acadêmicas, configuram grupo vulnerável a esses efeitos.
Objetivos
Investigar as evidências científicas disponíveis sobre o estresse entre estudantes universitários durante a pandemia de Covid-19.
Metodologia
Realizou-se uma revisão sistemática da literatura de acordo com a declaração PRISMA, em 6 bases de dados (PubMed, EMBASE, PsycINFO, Web of Science, CENTRAL e CINAHL), com base na estratégia PECOT. Para seleção, os estudos foram inseridos no software Rayyan para remoção das duplicatas e seleção dos estudos, com critérios de elegibilidade pré-definidos, que incluíram: 1) População: estudantes universitários; 2) Exposição: pandemia de Covid-19; 3) Comparador: período pré-pandêmico; 4) Desfecho: sintomas de estresse; 5) Tipo de estudo: observacionais com comparação entre os períodos pandêmico e pré-pandemico. O risco de viés dos estudos foi avaliado por meio da ferramenta ROBINS-E.
Resultados
Foram identificados 1.572 artigos a partir das bases de dados PubMed (n = 985), CINAHL (n = 321), Web of Science (n = 227) e Embase (n = 39). Após remoção de duplicatas, seleção de títulos, resumos e texto completo, foram incluídos 18 estudos. Identificou-se aumento nos níveis de estresse durante a pandemia. Os principais fatores identificados foram: 1) transição abrupta para o ensino remoto; 2) isolamento social; 3) sobrecarga acadêmica; 4) dificuldades financeiras; 5) incertezas em relação ao futuro. Estudantes do sexo feminino apresentaram maior vulnerabilidade. Histórico prévio de transtornos mentais e falta de suporte institucional destacaram como agravantes.
Conclusões/Considerações
O estresse entre estudantes universitários foi agravado pela pandemia de Covid-19. A compreensão dos aspectos históricos reforçam a necessidade de políticas institucionais com enfoque em ambientes acadêmicos que sejam mais saudáveis e acolhedores no cotidiano universitário e em situações de crise. Recomenda-se intervenções preventivas como o fortalecimento das redes de apoio, suporte psicológico e pedagógico nas instituições de ensino superior.
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 EM TRABALHADORES DA SAÚDE NO ESTADO DO CEARÁ: UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DESCRITIVO DOS CASOS E ÓBITOS OFICIAIS
Pôster Eletrônico
1 UFC
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 está elencada como uma das mais significativas epidemias de larga escala e com relevantes impactos na saúde pública no mundo, no Brasil e no estado do Ceará. Um dos impactos mais robustos que a crise de saúde trouxe foi em relação ao número de casos de contaminação e de óbitos por COVID-19 em profissionais da saúde.
Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é apresentar o panorama de dados de casos e óbitos por COVID-19 em trabalhadores de saúde no estado do Ceará. O objetivo específico é debater os principais impactos da pandemia na saúde dos trabalhadores.
Metodologia
Este estudo se enquadra no campo da saúde coletiva, de epidemiologia descritiva com dados públicos relacionados à pandemia de COVID-19. A coleta de dados foi realizada na plataforma Integrasus, da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA-CE), utilizando os seguintes filtros: Indicadores, Indicadores de Vigilância em Saúde, COVID-19 em profissionais. Foram considerados dados gerais dos 184 municípios do estado (casos confirmados e óbitos), bem como os subindicadores: casos confirmados segundo profissão, óbitos confirmados por COVID-19 segundo profissão, casos confirmados de profissionais de saúde segundo sexo e faixa etária, óbitos de profissionais de saúde segundo sexo e faixa etária.
Resultados
Nos casos confirmados por profissão, tem-se: técnicos e auxiliares de enfermagem (12.076), enfermeiros (5.192), médicos (4.126), agentes comunitários de saúde (3.266) e agente de combate às endemias (1.271). Óbitos por COVID-19 por profissão: técnicos ou auxiliares de enfermagem (17), médico (16), enfermeiro (5). Casos confirmados de profissionais de saúde segundo sexo e faixa etária, lidera o sexo feminino, nas faixas etárias de 34 a 39 anos. Óbitos de profissionais de saúde segundo sexo e faixa etária, o sexo masculino lidera a quantidade de mortes por COVID-19 (40 óbitos) em relação ao sexo feminino (26 óbitos). Predominou-se óbitos, entre ambos os sexos, entre 54 a 69 anos.
Conclusões/Considerações
Os dados disponíveis sobre a infecção e óbitos por COVID-19 demonstram que a Enfermagem foi bastante impactada (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem), seguidos pela Medicina. Nos óbitos por COVID-19, destaca-se os do sexo masculino e de idade entre 54 a 69 anos. Conclui-se que o estudo dos impactos da pandemia se faz necessário para que sejam aprimoradas as práticas de respostas às grandes epidemias.
DISPARIDADES ÉTNICO-RACIAIS NA MORTALIDADE POR TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS DECORRENTES DO USO DE ÁLCOOL NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UnB
Apresentação/Introdução
O uso abusivo de álcool é um grave problema de saúde pública, com impactos sociais, psíquicos e estruturais. Os transtornos decorrentes desse uso revelam desigualdades persistentes no Brasil, em que raça/cor define condições de vida e acesso à saúde. Indivíduos negros enfrentam maior exposição a riscos, menor acesso ao cuidado e efeitos do racismo estrutural ainda invisibilizados.
Objetivos
Analisar a mortalidade por transtornos mentais e comportamentais relacionados ao álcool no Brasil (2000–2023), com foco nas desigualdades étnico-raciais, identificando padrões históricos e tendências do perfil epidemiológico.
Metodologia
Estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo, com dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus) entre 2000 e 2023. Foram incluídos óbitos cuja causa básica está classificada na CID-10 como F10 (transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool). As variáveis analisadas foram: cor/raça, faixa etária e local do óbito. A abordagem interseccional permitiu descrever o perfil das mortes por álcool, com ênfase nas desigualdades raciais. A análise de tendências buscou evidenciar o impacto das iniquidades sociais, econômicas e institucionais nas condições de morte dessas populações.
Resultados
A análise inicial dos dados revela uma mudança significativa na proporção de óbitos entre os grupos étnico-raciais. Em 2000, a distribuição era equitativa, com 42% dos óbitos tanto para indivíduos brancos quanto para negros. Contudo, nos anos seguintes, a proporção de óbitos na população negra aumentou, atingindo 65% em 2023, enquanto a de indivíduos brancos caiu para 32%. No que tange ao gênero, a média de óbitos masculinos foi de 90,2%. Em relação à faixa etária, 55% do total de óbitos concentraram-se entre 40 e 59 anos. Houve também um aumento nos óbitos ocorridos em domicílio ao longo do período analisado, com um pico de 42,66% em 2012 e uma tendência de crescimento nos anos subsequentes.
Conclusões/Considerações
Os dados expõem um padrão de mortalidade marcado por desigualdades étnico-raciais e de gênero. A crescente concentração de óbitos entre negros evidencia o racismo como determinante social. Além disso, a alta proporção de mortes em domicílio revela barreiras no acesso ao cuidado. É necessário fortalecer políticas públicas para enfrentar as iniquidades sociais e raciais, com foco na promoção da equidade e na garantia da justiça social.
ENVOLVIMENTO DE USUÁRIOS E TRABALHADORES DA REDE DE SAÚDE MENTAL DE CAMPINAS-SP PARA A ADAPTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE SUPORTE DE PARES À CULTURA BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 Unicamp
Apresentação/Introdução
Este relato é parte da pesquisa “Adaptação e Implementação de Suporte de Pares para Otimizar o Engajamento e os Resultados para Pessoas com Transtornos Mentais Severos em Campinas-SP" de parceria entre a Universidade de Yale e a Unicamp, cujo objetivo geral é adaptar e implementar um programa de Suporte de Pares para o Brasil, a partir da formação de pessoas em processo de recovery.
Objetivos
Apresentar o processo de adaptação transcultural do material de formação em Suporte de Pares oferecido por Yale a partir do envolvimento do comitê de usuários e trabalhadores da rede de saúde mental de Campinas-SP.
Metodologia
O processo de trabalho com o comitê de usuários e trabalhadores da rede de saúde mental de Campinas-SP para a adaptação do material para formação em Suporte de Pares ocorreu nos meses de abril e maio de 2024, com frequência de uma a duas vezes por semana. O material foi originalmente desenvolvido pelo Program for Recovery and Community Health da Universidade de Yale (EUA), e sua adaptação transcultural para a realidade brasileira consistiu em uma das atividades centrais da pesquisa. Para tanto, foi efetuada pesquisa de base participativa com o comitê visando a adaptação culturalmente adequada a partir da realidade local de saúde mental, incluindo partes interessadas na implementação.
Resultados
A partir do envolvimento do comitê, foi feita adaptação na forma de apresentação do material, considerando linguagem e terminologia mais acessíveis ao público brasileiro; e no conteúdo, com base no nosso contexto e histórico. Os 9 módulos abarcam os seguintes temas: História e Fundamentos do Recovery e do Suporte de Pares, incluindo sua contextualização para a realidade brasileira; Fatos Históricos em Saúde Mental e a Reforma Psiquiátrica brasileira; Utilização da experiência de vida para Inspirar Esperança; Conexão e Vínculo; Considerações Éticas; Práticas Baseadas em Evidências; Ativismo, Justiça Social e Equidade; Local de Trabalho; Trabalho com Famílias e Comunidades e Proteção de Dados.
Conclusões/Considerações
O envolvimento de partes interessadas é fundamental para o processo de pesquisas de implementação, tornando a adaptação do Suporte de Pares mais fidedigna às necessidades dessa população. Sobretudo, é importante garantir que esse processo se dê a partir das contribuições desses autores, baseadas em suas próprias experiências com a rede, incentivando pesquisas mais inclusivas para buscar resultados melhores ao sistema de saúde mental brasileiro.
ASSOCIAÇÃO ENTRE SINAIS E SINTOMAS DEPRESSIVOS E NÍVEIS DE DEPENDÊNCIA FUNCIONAL ENTRE ADULTOS COM LESÃO MEDULAR DA CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PARAÍBA.
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ
2 UEPB
3 UFPE
4 UNIFIP
5 UPE
Apresentação/Introdução
A lesão medular é uma alteração neurológica que traz consequências físicas e psicológicas para os indivíduos, prejudicando a execução das atividades de vida diárias. Os indivíduos dependentes de cuidados são mais susceptíveis aos sinais e sintomas depressivos e, geralmente, possuem lesões mais graves. Investigamos quais atividades de vida diárias estão associadas aos sinais e sintomas depressivos.
Objetivos
Analisar a ocorrência de sinais e sintomas depressivos associados a níveis de dependência funcional modificada ou completa em adultos com lesão medular da cidade de Campina Grande - Paraíba.
Metodologia
Trata-se de um estudo seccional com abordagem quantitativa realizado na cidade de Campina Grande – Paraíba, no ano de 2020. Foi realizado um censo e foram incluídos 52 participantes na amostra que tinham deficiência física, exclusivamente, em função de lesão medular, com mais de 18 anos de idade, residentes na cidade de Campina Grande – Paraíba e que estivessem adscritos a uma Unidade Básica de Saúde de Campina Grande. Foram aplicados um formulário do perfil socioeconômico e clínico, o Patient Health Questionnaire-9 e a escala de Medida de Independência Funcional. A análises foram realizadas no software SPSS versão 22.0. Foram realizados os testes Qui-quadrado, Fisher e Conbrach.
Resultados
Detectou-se a presença de sinais e sintomas depressivos leves (25%), moderados (25%), moderadamente graves (5,7%) e graves (7,8%) entre os adultos com lesão medular, totalizando uma alta prevalência (63,5%) de sinais e sintomas depressivos. Além disso, 17,3% relataram pensar em suicídio vários dias, metade dos dias ou quase todos os dias das duas últimas semanas. Do total, 55,8% dos participantes apresentaram independência completa ou modificada para realização das atividades de vida diárias. Os achados mostram associação entre os sinais e os sintomas depressivos e a dependência para se alimentar (p=0,039), banhar-se (p=0,018) e se vestir - parte superior (p=0,021) e inferior (p=0,038).
Conclusões/Considerações
A alta prevalência de sinais e sintomas depressivos em pessoas com lesão medular está associada à dependência para realização das tarefas de cuidados pessoais (Alimentar-se, banhar-se, vestir-se). É fundamental o desenvolvimento de novos programas e estratégias de reabilitação para adultos com lesão medular com foco na independência para realização das tarefas de cuidados pessoais para mitigar os sinais e sintomas depressivos nessa população.
POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL EM SISTEMAS UNIVERSAIS DE SAÚDE: REVISÃO DE ESCOPO
Pôster Eletrônico
1 UEFS
2 UNEB
Apresentação/Introdução
Os sistemas de saúde mental em todo o mundo são marcados por grandes lacunas na informação, governação, recursos e serviços. Compreender essas políticas públicas em países com sistema de saúde universal torna-se importante para a promoção da saúde nesse contexto e contribui com a tomada de decisão pelos gestores no que concerne à implementação de cuidados nos serviços de saúde.
Objetivos
Mapear e descrever as políticas públicas de saúde mental nos países com sistema de saúde universal.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo conduzida segundo o manual JBI e os princípios do PRISMA-ScR. Foram incluídos estudos e informações governamentais, disponíveis em inglês, português e espanhol com limite de publicação entre os anos 2013 e 2023 e excluídos os que abordaram rede hospitalar, Cobertura Universal de Saúde, artigos duplicados, não disponíveis na íntegra/gratuitamente. As bases de dados incluem: Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed e Embase sendo utilizados os descritores: Mental Health, Health Policy e Universal Health Care. Os resultados foram enviados ao software Rayyan Intelligent Systematic Review e extraídos através de uma planilha de dados.
Resultados
As estratégias de busca permitiram recuperar 388 publicações, sendo nove (9) artigos replicados. A leitura com análise dos títulos e resumos resultou na manutenção de 11 artigos. Destes, a partir da leitura do texto integral, foram selecionadas 5 publicações incluídas na revisão. No que se refere ao país de origem dos estudos foram encontradas informações sobre: Canadá, França, Alemanha, Itália, Austrália, Reino Unido e Espanha. A partir dos detalhes de extração de dados, foi possível identificar temas principais abordados em diferentes países, como a promoção de saúde mental, a avaliação de modelos comunitários, as barreiras de acesso à saúde mental e os desafios trazidos pela COVID-19.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam que programas de promoção e prevenção da saúde mental demonstraram eficácia em diversos contextos. No entanto, os desafios estruturais e de governança continuam a limitar a equidade e a abrangência dos cuidados em saúde mental. Em paralelo, a pandemia contribuiu para transformações significativas nessas políticas. Cabe pontuar a limitação quanto à quantidade reduzida de publicações disponíveis nas bases de dados.
EXPERIÊNCIAS DE ADOECIMENTO E PERSPECTIVAS DE PESSOAS QUE ACUMULAM ANIMAIS SOBRE OS SERVIÇOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE UMA CAPITAL DO CENTRO-OESTE BRASILEIRO
Pôster Eletrônico
1 PPGSF / UFMS
2 UFU
Apresentação/Introdução
O transtorno de acumulação de animais envolve a posse excessiva de animais, sem condições adequadas de cuidado. A Atenção Primária à Saúde (APS), por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), é essencial na prevenção, identificação e cuidado desses casos. Compreender as experiências e como essas pessoas acessam os serviços de saúde pode fortalecer ações mais humanizadas e eficazes na APS.
Objetivos
Compreender as experiências de adoecimento de pessoas que acumulam animais e seus desafios para uso dos serviços da APS em Campo Grande - MS.
Metodologia
Estudo exploratório qualitativo, realizado com 10 pessoas identificadas como prováveis acumuladoras de animais pela Subsecretaria do Bem-Estar Animal municipal (SUBEA). As entrevistas foram abertas, conduzidas por roteiro semiestruturado e realizadas em domicílio. Os participantes foram convidados por telefone, e a inclusão considerou maiores de 18 anos com residência fixa na região. A pesquisa foi aprovada pelo CEP. As entrevistas foram audiogravadas com consentimento, transcritas e analisadas com a técnica de análise de conteúdo de Bardin, com categorização temática dos discursos com ênfase nos sentidos atribuídos ao adoecimento, à relação com os animais e aos serviços de saúde.
Resultados
Foram identificadas quatro categorias: perfil sociodemográfico; relacionamentos; vivências com a acumulação de animais; e relação com a APS. A maioria dos entrevistados eram mulheres, com média de idade de 57,7 anos e dificuldades financeiras. Todos relataram abandono frequente de animais em suas residências. Em alguns casos, a acumulação foi associada a traumas e perdas. Poucos entrevistados reconheceram a prática de possuir muitos animais em casa como um problema. A relação com as Unidades de Saúde da Família (USF) foi positiva, mas houve desconhecimento sobre Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A SUBEA foi bem avaliada, principalmente pelos serviços de castração e vacinação animal.
Conclusões/Considerações
A pesquisa aponta a importância de capacitar profissionais da APS para reconhecer e conduzir casos de acúmulo de animais com sensibilidade. Reforça-se a necessidade de ações intersetoriais e acompanhamento terapêutico. Os resultados sugerem que intervenções integradas entre USF, CAPS e SUBEA podem promover cuidados mais efetivos, além de combater o estigma e fortalecer vínculos com esse público vulnerável.
A PERCEPÇÃO DE REFERÊNCIAS TÉCNICAS DE SAÚDE MENTAL SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NAS REGIÕES DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Pôster Eletrônico
1 UFSJ
2 UFOP
Apresentação/Introdução
Nas últimas décadas, houve a estruturação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) ancorada na interdisciplinaridade e na clínica ampliada com acesso universal. Apesar dos avanços percebe-se a persistência de nós críticos e a necessidade de avaliação constante para identificação das potencialidades e fragilidades do sistema em cada território e indução de práticas rumo ao modelo almejado.
Objetivos
Avaliar a atenção à Saúde Mental na Rede de Atenção Psicossocial a partir da percepção das Referências Técnicas de Saúde Mental de Regiões do Estado de MG. Identificar os aspectos positivos e as fragilidades neste processo.
Metodologia
Estudo qualitativo, exploratório, a partir de entrevistas com as Referências Técnicas Regionais de Saúde Mental (RTR-SM) do estado de Minas Gerais (MG). Foram entrevistadas 27 RTR-SM das diversas Regionais de Saúde. As análises das entrevistas foram realizadas a partir do referencial de análise temática ou categorial. Do processo de análise emergiram duas categorias, sendo elas: 1) Potencialidades na estruturação e funcionamento da RAPS; 2) Fragilidades da RAPS e vazios assistenciais.
Resultados
Como potencialidades da RAPS foram apontados o engajamento e envolvimento dos profissionais, o processo de aprofundamento da implantação e estruturação da RAPS e da Assistência em Saúde Mental, o acompanhamento e monitoramento da RAPS e a melhora no manejo das situações de crise.
Como fragilidades foram apontadas algumas Inadequações na atuação profissional, baixa qualidade na gestão de Recursos Humanos (RH) na RAPS, Insuficiência nas propostas de Educação Permanente em Saúde, existência de vazios assistenciais e dificuldades de acesso aos serviços, tradição manicomial e diversos encaminhamentos aos hospitais psiquiátricos.
Conclusões/Considerações
Identifica-se necessidade de investimentos na qualificação dos profissionais da rede e na construção de um funcionamento mais sistêmico. O atendimento às crises e encaminhamento para internação ainda é um problema que esbarra na falta de capacitação dos profissionais, principalmente da APS e na implantação de CAPS III como retaguarda para estas equipes. Identifica-se que o processo de implantação dos CAPS i e CAPS AD ainda está incipiente.
OFERTAS TERAPÊUTICAS OFERECIDAS POR SERVIÇOS COMUNITÁRIOS DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL DE UM MUNICÍPIO PAULISTA DE MÉDIO PORTE.
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo (USP)
Apresentação/Introdução
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAP’s), considerados a “espinha dorsal” da atenção psicossocial, promovem a autonomia e reinserção social através de estratégias de cuidado coletivas e comunitárias. Porém, o crescente foco na medicalização e intervenções individuais ameaça sua essência, fragilizando o cuidado integral e perpetuando a exclusão de pessoas com transtornos mentais.
Objetivos
Identificar as ofertas terapêuticas oferecidas por dois serviços comunitários da rede de atenção à saúde mental (CAPS AD e II) de um município paulista de médio porte.
Metodologia
Estudo transversal documental, realizado através da análise de prontuários entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025. Foram avaliados registros de atividades terapêuticas com ênfase em atendimentos em grupo, atividades comunitárias e oficinas terapêuticas e de geração de renda. Incluíram-se prontuários de usuários com pelo menos um atendimento nos 12 meses anteriores (excluindo menores de 18 anos).
Resultados
A amostra compreendeu 568 usuários, sendo 62,8% do gênero masculino, com idade média de 42,9 anos. Destes, 278 eram atendidos no CAPS II e 290 no CAPS AD. A participação em grupos foi observada entre 7,9% dos usuários do CAPS II e 46,5% no CAPS AD. Participação em oficinas terapêuticas, 9% no CAPS II e 1,7% no CAPS AD. Oficinas de geração de renda 1,8% no CAPS II. Outras atividades comunitárias 0,4% no CAPS II.
Conclusões/Considerações
A oferta reduzida de atividades coletivas e comunitárias, particularmente no CAPS II, reflete as tendências do modelo biomédico. Este cenário aponta para a necessidade de fortalecer tais iniciativas como forma de concretizar os princípios da reabilitação social da rede de atenção integral à saúde mental.
ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS DA SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE
Pôster Eletrônico
1 Secretaria de Saúde do Recife - PE
2 IAM/Fiocruz - PE
3 UFRPE
Apresentação/Introdução
As Residências em Saúde visam reorientar a formação de profissionais para uma atuação que qualifique os serviços do Sistema Único de Saúde. A conformação da carga horária de 60 horas semanais de atividades pode resultar em uma sobrecarga de trabalho, que gera momentos de angústia e estresse, que podem contribuir para o desenvolvimento e manifestação de quadros de ansiedade e depressão.
Objetivos
Analisar a ocorrência de ansiedade e depressão nos profissionais residentes de programas de residência multiprofissional em saúde na cidade do Recife no ano de 2019.
Metodologia
Estudo quantitativo, transversal, de base populacional, realizado entre os profissionais matriculados nos programas de residências multiprofissionais ofertados pela Secretaria de Saúde do Recife, no seu segundo ano de vivência, 2019, totalizando 41 profissionais de diferentes categorias. A coleta de dados foi realizada por meio do preenchimento de três instrumentos autoaplicáveis: dados pessoais e satisfação com o programa; Escala de Ansiedade de Beck; Escala de Depressão de Beck. A análise foi realizada utilizando o Programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), e teste de concordância de Kappa. Aprovada pelo CEP da FPS.
Resultados
78,0% dos profissionais apresentaram ansiedade e houve associação com a faixa etária. A prevalência de depressão entre os residentes multiprofissionais foi de 48,7%. Houve concordância razoável entre profissionais com ausência de ansiedade e depressão (K=0,277), 19,5%; baixa concordância entre os com ansiedade e depressão moderada (K=0,153); concordância média entre os com ansiedade e depressão grave (K=0,376). Na análise geral, houve baixa concordância entre ansiedade e depressão (K=0,154). Houve significância estatística na concordância entre profissionais com ansiedade e depressão grave (p=0,002) e não houve entre profissionais com ansiedade e depressão (p>0,005).
Conclusões/Considerações
Foi possível identificar o perfil de susceptibilidade a ansiedade e depressão, e os índices apresentados evidenciam a necessidade de planejamento e implementação de políticas públicas direcionadas aos programas de residência, alicerçadas na promoção à saúde integral dos profissionais residentes e na prevenção de transtornos de ordem mental, favorecendo a qualidade dos serviços de saúde que são alcançados por esses programas.
UTILIZAÇÃO DE CONSULTA MÉDICA POR MULHERES COM E SEM O DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO EM UMA CAPITAL BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 impactou o acesso aos serviços de saúde. Mulheres com diagnóstico de depressão, por suas necessidades específicas, podem apresentar padrões distintos de utilização dos serviços. É necessário compreender essas diferenças para orientar políticas públicas e promover maior equidade no cuidado.
Objetivos
Mensurar a prevalência de consultas médicas, analisar fatores associados à utilização e comparar o tipo de serviço buscado e utilizado por mulheres adultas de Vitória, com e sem diagnóstico de depressão, no contexto da pandemia.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional, realizado em Vitória com 1.107 mulheres a partir de 18 anos. A amostra foi selecionada por conglomerado em dois estágios, de forma aleatória e sistemática. O desfecho foi definido pela resposta positiva à pergunta sobre consulta com médico generalista nos 12 meses anteriores. A amostra foi estratificada em dois grupos: com e sem diagnóstico de depressão, totalizando 210 e 897 mulheres, respectivamente. O diagnóstico foi avaliado por meio da pergunta sobre detecção médica do transtorno no último ano. Através do Stata17, foram calculadas as prevalências e utilizado o teste qui-quadrado para as análises bivariadas, com intervalos de confiança de 95%.
Resultados
Mulheres com diagnóstico relataram maior necessidade de atendimento (75,2%; IC95% 68,9–80,6) e uso de consultas médicas (66,7%; IC95% 60,0–72,7) do que aquelas sem diagnóstico (61,9%; IC95% 58,6–65,0 / 52,6%; IC95% 49,3–55,9). Embora sem diferença estatística, a busca inicial foi mais comum na UBS entre as sem diagnóstico (48,6%; IC95% 44,3–53,0) e, entre as diagnosticadas, em consultórios privados (46,3%; IC95% 38,3–54,4). O setor privado, no entanto, foi o mais utilizado por ambas (44,9%; IC95% 40,5–49,4 / 50,4%; IC95% 42,0–58,7). Apenas entre aquelas sem diagnóstico observou-se maior uso entre as sem companheiro (58,2%;IC95% 52,0–64,1) e com plano de saúde (58,1%; IC95% 53,5–62,6).
Conclusões/Considerações
Maior utilização ocorreu entre mulheres com diagnóstico; a ausência de associação com variáveis de exposição sugere que ele homogeneiza o uso. Embora sem significância estatística, o serviço privado foi o mais utilizado por todas, apesar da diferença no local de busca inicial entre os grupos. Os dados sugerem menor responsividade da UBS às demandas das mulheres, sobretudo das diagnosticadas, que não a buscaram como primeira opção desde o início.
PRIMEIROS PASSOS DO “COMUNIDADES QUE CUIDAM” NO BRASIL: IMPLEMENTAÇÃO E APRENDIZADOS INICIAIS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Pernambuco
2 Universidade de Brasília
3 Universidade de São Paulo
4 Universidade Federal de Santa Catarina
Apresentação/Introdução
O sistema de prevenção "Comunidades que Cuidam" (CQC), já implementado e avaliado em diferentes países, promove a prevenção do uso de álcool e outras drogas, violência, saúde mental e comportamentos de risco entre jovens por meio da articulação e protagonismo de movimentos comunitários, com os requisitos da ciência da prevenção, buscando fortalecer vínculos sociais e o desenvolvimento saudável.
Objetivos
Adaptar culturalmente o sistema de prevenção CQC ao Brasil e avaliar sua eficácia para melhorar a articulação intersetorial e a prontidão das comunidades e prevenir o uso de drogas, violência e problemas de saúde mental em adolescentes.
Metodologia
Trata-se de um ensaio comunitário, com delineamento quasi-experimental, longitudinal, de coorte e inter-regional, que visa a implementação e a avaliação, tanto do processo quanto dos resultados, do sistema CQC em 8 comunidades brasileiras, localizadas nos municípios de Florianópolis/SC, São Paulo/SP, Brasília/DF e Recife/PE. Na etapa inicial, os procedimentos envolvem a preparação comunitária e coleta de dados com questionários e diário de campo, integrando cinco fases: (1) preparação comunitária, (2) criação da coalizão comunitária, (3) avaliação do perfil da comunidade, (4) plano de ação preventivo voltado para as necessidades específicas deste perfil e (5) implementação e monitoramento.
Resultados
A pesquisa iniciou a implementação e adaptação cultural do CQC em 8 comunidades, com foco na preparação comunitária. Essa fase avalia a prontidão para mudanças e articula uma base sociocomunitária. As equipes identificaram lideranças locais, profissionais da assistência, escolas e organizações civis, promovendo os primeiros encontros, chamados “orientação para líderes-chave”. Neles, foram apresentados os fundamentos do CQC e estimulada a troca com os saberes comunitários. Os principais desafios incluem a adaptação cultural ao contexto local, a mobilização de lideranças e o fortalecimento de parcerias que promovam protagonismo e empoderamento.
Conclusões/Considerações
A implementação do CQC no Brasil enfrenta desafios como adaptação cultural, engajamento comunitário, formação continuada e integração entre setores. A rotatividade de profissionais, a falta de dados e a sustentação política e financeira dificultam sua consolidação. Superar esses obstáculos é essencial para estruturar um sistema nacional de prevenção, baseado em evidências e participação social.
A ALTA NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: UMA PESQUISA-AÇÃO PARA ABORDAGEM DIALÉTICA DO FENÔMENO
Pôster Eletrônico
1 UFPR
Apresentação/Introdução
As dificuldades na condução de alta nos Centros de Atenção Psicossocial tem emergido como questão desafiadora no cuidado e na gestão das RAPS(s), ainda pouco pesquisada, embora muito observada pelas pesquisadoras em alguns serviços no Paraná. Realiza-se uma pesquisa no âmbito de um PPG de Saúde Coletiva, com duas dissertações vinculadas.
Objetivos
Analisar, à luz da teoria da determinação social do processo saúde-doença e do marxismo, os processos que envolvem o fenômeno da alta enquanto desafio assistencial nos CAPS, colaborando com um serviço nas reflexões e práticas em torno deste problema.
Metodologia
Pesquisa-ação-participante aprovada pelo CEP em um CAPS II da região metropolitana de Curitiba-PR. Três eixos: 1) Diagnóstico Situacional por 3 pesquisadoras - 70 horas de observação participante da rotina assistencial, coleta de depoimentos de 13 profissionais, informações em sistemas, compondo 22 relatórios de campo; 2) Fortalecimento de espaços de reflexão com os participantes - 5 reuniões de equipe geral e 8 das duas mini-equipes, 7 grupos com usuários e reuniões com coordenação e gestão. Nas reuniões de equipe foram socializadas análises iniciadas pelas pesquisadoras, adensadas com colocações da equipe; 3) Planejamento institucional de novas práticas coletivas - eixo por iniciar.
Resultados
Dentre as questões relacionadas à dificuldade de dar altas estão: 1) modos de vinculação profissionais-usuários (dialética autonomia-tutela); 2) receio dos profissionais de “desestabilização” diante da alta, supondo que outros pontos da RAPS não estariam “preparados” para manejar possíveis crises; 3) modelos de cuidado que concorrem dentro do serviço (modelo ambulatorial versus modelo CAPS); 4) dificuldade do cuidado orientado pela lógica do PTS (construção da autonomia e reinserção dos usuários), constatando que há pouca vinculação das pessoas territorialmente. Faltam recursos pessoais, comunitários e das políticas públicas intersetoriais, de forma mais intensa nos últimos anos.
Conclusões/Considerações
Há, na realidade singular do fenômeno, determinações conjunturais ligadas à economia e política do país, com efeito deletério à saúde mental da classe trabalhadora e pressão à RAPS. Opera-se a disputa entre modelos: RAPS versus psiquiatria tradicional, cuidado generalista versus especializado. A prática ambulatorial atende ao neoliberalismo, captura as expressões da subjetividade e as práticas dos serviços, desde o acolhimento até a alta no CAPS.
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO, PSIQUIATRIA E PSICOFÁRMACOS: PRESSÃO POR ATENDER E CUIDADO DESPOTENCIALIZADO
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A psiquiatria tem sido crescentemente marcada pela prescrição de psicofármacos. O encontro clínico é o espaço onde psiquiatra e paciente definem as estratégias de cuidado, o que inclui frequentemente uma prescrição. A Teoria do Processo de Trabalho em Saúde (TPTS) nos lembra que as relações de trabalho influenciam de maneira significante a forma que o encontro clínico se realiza.
Objetivos
Discutir a influência da organização do trabalho sobre o modo de efetivação do encontro clínico psiquiátrico.
Metodologia
Trata-se de um recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento intitulada “Ação dos psicofármacos no encontro clínico psiquiátrico”. Foram realizadas, até o momento, 18 entrevistas semiestruturadas com 11 pacientes e 7 psiquiatras, que abordaram as experiências dos entrevistados sobre o encontro clínico. Utilizou-se a concepção de agência da Teoria Ator-Rede, de modo a considerar atores humanos (paciente, psiquiatra) e não humanos (instituições, fármacos, contratos) como relevantes na determinação desse encontro. Ademais, a TPTS forneceu um construto para analisar o modo pelo qual os atores se organizam no encontro clínico.
Resultados
Condições de trabalho sujeitas à pressão por alto volume de atendimentos individuais encurtam o tempo do encontro clínico. Situação frequente em serviços do SUS superlotados ou com metas excessivas, bem como em atendimentos por convênios de saúde. Tais condições intensificam uma clínica voltada na exploração breve de sintomas, na emissão de diagnósticos categoriais e na prescrição de fármacos. Isso contrasta com o frequente clientelismo dos consultórios particulares, nos quais o custeio individual da consulta permite mais tempo para a abordagem de aspectos biográficos e relacionais do cuidado, além de favorecer uma prescrição mais cautelosa.
Conclusões/Considerações
Situações de precariedade do trabalho favorecem uma prática excessivamente dependente das medicações e pouco capaz de explorar outras potências do encontro clínico. Essa diferença, muitas vezes relacionada à condição financeira do paciente e à organização dos serviços do SUS, precisa ser revista para que o cuidado na psiquiatria possa, de fato, abraçar a complexidade que lhe é inerente.
USO DE MACONHA ENTRE ADOLESCENTES DA REGIÃO METROPOLITANA DE VITÓRIA, ES
Pôster Eletrônico
1 UFES
2 SEMUS
Apresentação/Introdução
Na adolescência, mudanças físicas e emocionais, aliadas à curiosidade e pressão social, favorecem o uso de drogas, como a maconha. Vista como fuga da realidade e porta de entrada para outras substâncias, seu uso, motivado por questões emocionais, pode causar prejuízos cognitivos e aumentar o risco de transtornos mentais.
Objetivos
Identificar a prevalência e as características do uso e consumo de maconha entre adolescentes da Região Metropolitana da Grande Vitória.
Metodologia
Estudo epidemiológico transversal, de base escolar, realizado na Região Metropolitana da Grande Vitória, envolvendo 63 escolas das redes pública e privada, com um total de 4.614 participantes entre 14 e 19 anos.
Resultados
Cerca de 17% (IC95%: 16,5–18,7) dos adolescentes relataram já ter usado maconha, com maior prevalência entre meninas 18,8% (IC95%: 17,3–20,4) do que meninos 16% (IC95%: 14,5–17,7). Entre os que já usaram, 38% (IC95%: 34,6–41,3) relataram uso recente, com prevalência de cerca de 37% em ambos os sexos. A maioria, 63,5% (IC95%: 60,2–66,8), iniciou após os 15 anos, e 35,1% (IC95%: 31,9–38,5) entre 11 e 14 anos. Quase metade (49,5%; IC95%: 46,1–53,0) conseguiu a droga com amigos.
Conclusões/Considerações
Os dados mostram alta prevalência de uso de maconha entre adolescentes da Grande Vitória, indicando sua naturalização e o risco como porta de entrada para outras drogas. Destaca-se a importância de políticas preventivas e ações educativas nas escolas, com atuação conjunta de profissionais da saúde e educação para reduzir o consumo e seus impactos na saúde dos jovens.
DESFECHOS DE UMA COORTE DE SEIS ANOS SUBMETIDA A CUIDADO INTERPROFISSIONAL LIDERADO POR FARMACÊUTICOS PARA DEPRESSÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster Eletrônico
1 UFPB
2 UFPR
Apresentação/Introdução
As políticas de saúde mental do SUS defendem abordagens colaborativas, mas evidências de modelos interprofissionais no cuidado da Depressão ainda são escassas. Estudos limitam-se a séries pequenas e seguimento curto. Uma coorte longitudinal ampla pode aferir efetividade, equidade e viabilidade, orientando políticas e uso otimizado de recursos.
Objetivos
Avaliar, em coorte longitudinal, a evolução clínica de adultos com Depressão acompanhados por cuidado interprofissional liderado por farmacêuticos, estimando efetividade, equidade de resposta e fatores preditores.
Metodologia
Trata-se de um estudo longitudinal retrospectivo, aprovado pelo CEP-UFPB (CAAE 97906118.3.0000.5188), que revisou prontuários de adultos (≥18 anos) atendidos na Clínica Interprofissional de Saúde Mental entre out/2018 e ago/2024. Dos 645 registros, 348 com CID-10 F32.0–F32.9 ou PHQ-9 ≥ 10 e quatro aplicações válidas do PHQ-9 compuseram a coorte. Escores foram coletados na linha de base, 1 mês, 3 meses e último seguimento. Dados anonimizados incluíram sexo, idade, período pré/pós-COVID-19 e quatro escores PHQ-9. Variações intraindivíduo foram avaliadas por t pareado (α 0,05) e diferenças entre subperíodos por t independente, usando SPSS v20.
Resultados
Entre 645 prontuários rastreados, 348 compuseram a coorte (65,8 % mulheres; média 31,5 ± 11,1 anos), gerando 1392 observações. Retenção foi 86 % aos 3 meses e 72 % no seguimento final (mediana 14 meses; IIQ 9–22). O PHQ-9 médio caiu de 18,3 ± 5,7 (moderadamente grave) para 9,4 ± 5,9 (leve), Δ = –8,9; IC95 % –9,5 a –8,3; p < 0,001; d = 1,56. Pré-pandemia (n = 153) reduziu 17,9 → 9,0; pós-pandemia (n = 195) 18,7 → 9,7, ambos p < 0,001, com declínio intermediário mais lento no período COVID (p interação = 0,048). Remissão (PHQ-9 < 5) subiu de 0 % para 38,5 % e casos graves desceram de 32 % para 4 %. Ganhos mantiveram-se aos 12 meses, reforçando impacto.
Conclusões/Considerações
O acompanhamento interprofissional liderado por farmacêuticos reduziu significativamente a gravidade depressiva e alcançou remissão em 38% dos pacientes, mantendo ganhos mesmo na pandemia. A elevada retenção confirma a viabilidade e segurança, recomendando expansão na atenção primária e avaliação econômica para subsidiar políticas do SUS.
A ABORDAGEM DA SAÚDE MENTAL DAS MULHERES DURANTE O CUIDADO PRÉ-NATAL E OS MODELOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE UTILIZADOS TRADICIONALMENTE
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
O ciclo gravídico-puerperal é um período de grande complexidade para a mulher que o vivencia e as mudanças fisiológicas, emocionais e sociais podem interferir na saúde mental da mulher que se torna mãe. O cuidado em saúde mental nesta fase do desenvolvimento ainda encontra pouco espaço nas instituições de saúde, embora a demanda por este cuidado seja cada vez maior.
Objetivos
Compreender a abordagem da saúde mental como parte do cuidado pré-natal a partir da experiência relatada por puéperas, refletir sobre as estratégias utilizadas pelas equipes, os modelos de educação em saúde e o alcance deste cuidado no cotidiano.
Metodologia
Participaram deste estudo 465 mulheres-mães que responderam um questionário geral de caracterização e a Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS); 20 mulheres participaram também de entrevistas semiestruturadas que permitiram compreender os aspectos mais subjetivos relacionados aos cuidados pré-natais que receberam, à abordagem de sinais e sintomas de adoecimento psíquico e à dificuldade de comunicação com as equipes de saúde como gatilho para sintomas de ansiedade. Os dados produzidos a partir do questionário e da EPDS foram analisados através do software SPSS. As entrevistas foram analisadas utilizando a análise de conteúdo com apoio do software NVIVO®, versão Release One.
Resultados
Através da EPDS verificou-se rastreio positivo para depressão pós-parto em 62,3% das participantes. Nas entrevistas, as mulheres relataram a importância da saúde mental e os desafios associados a ela no contexto da maternidade. Destacam-se os relatos sobre pensamentos negativos de fazer mal ao bebê, histórico de violência doméstica, efeitos colaterais de psicotrópicos e como eles podem afetar a capacidade de cuidar dos filhos e incerteza sobre se os sintomas que estão experimentando podem ser classificados como depressão. A análise das entrevistas sugere que comunicação profissional-usuário tem caráter informativo, verticalizado e não dialoga com as experiências das participantes.
Conclusões/Considerações
É fundamental que os serviços ofereçam escuta empática e qualificada para identificação do adoecimento psíquico, que incorporem profissionais de saúde mental na assistência pré-natal, auxiliem na construção de redes de apoio e do conhecimento do processo saúde-doença-cuidado como processo biopsicossocial, a fim de que faça sentido para elas, uma vez que muitas mulheres adoecem pela vulnerabilidade e pela sobrecarga, não pela falta de informação.
A REDUÇÃO DE DANOS COMO ÉTICA DO CUIDADO ÀS GESTANTES EM SITUAÇÃO DE RUA
Pôster Eletrônico
1 GPfrida/UECE
2 Unichristus
3 UECE
4 GPfrida/UECE/Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
A gestante em situação de rua está exposta a diversas violências físicas, psicológicas, morais e sexuais. Esse coletivo sobrevive diante da pobreza extrema, vínculos familiares fragilizados, ausência de moradia, falta de trabalho e renda. É fundamental reconhecer que essa população deve ter acesso ao acompanhamento pré-natal na perspectiva de minimizar complicações.
Objetivos
Compreender como a Redução de Danos (RD) influencia os modos de vida e as experiências de cuidado no âmbito da assistência às gestantes em situação de rua.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo realizado no município de Fortaleza, Ceará. Participaram da pesquisa três mulheres que estavam vivenciando o período gestacional em situação de rua, com idade superior aos 18 anos. A coleta de dados se deu de setembro a novembro de 2022. Para investigação de dados utilizamos a análise categorial temática de Bardin (2015). O estudo obteve aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Christus, com parecer nº 5.617.930. Com o intuito de garantir o anonimato e minimizar os riscos inerentes à pesquisa, as participantes foram todas identificadas com nomes fictícios.
Resultados
A RD, enquanto ética do cuidado, aparece como tentativa de mitigar os impactos negativos frente às experiências do consumo de drogas, que, em relação às pessoas em situação de rua, variavelmente, apresenta-se como válvula de escape: “[...] Quando usamos a droga, ela te alivia, te faz feliz, você se esquece de tudo”. Entendendo essa complexidade, percebe-se que em algumas condições, como a gravidez, estratégias de RD são essenciais para buscar garantir cuidados básicos no período gestacional. Dentre elas, propõe-se o Acompanhamento Terapêutico no âmbito extramuros como uma alternativa facilitadora do acesso ao Pré-natal, além de ser uma iniciativa promotora de autonomia.
Conclusões/Considerações
O cuidado à saúde, ao olhar as mulheres que gestam nas ruas participantes deste estudo, é bastante fragilizado e precário. Atuar com RD é cuidar dessa população numa perspectiva democrática, horizontalizada e emancipadora. É colocar o sujeito no centro, visto para além da substância. Torna-se urgente estudos e implementação de políticas públicas voltadas para mulheres em situação de rua considerando todos os seus contextos.
INTERNAÇÕES POR TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS NO RIO GRANDE DO SUL: DESAFIOS DA ATENÇÃO HOSPITALAR E DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL À LUZ DA LUTA ANTIMANICOMIAL
Pôster Eletrônico
1 SES/RS
2 UFPEL
Apresentação/Introdução
Nestes últimos 25 anos, há relevante mudança na atenção hospitalar em saúde mental no Rio Grande do Sul com redução de leitos em manicômios e a expansão de leitos de saúde mental em hospitais gerais. Portanto, é necessário levantar questões como, quem e onde internam as pessoas em sofrimento mental, e quais possíveis relações com a expansão e cobertura da Rede de Atenção Psicossocial no estado.
Objetivos
Descrever e analisar dados parciais sobre o perfil de internações hospitalares por Transtornos Mentais e Comportamentais no estado do Rio Grande do Sul-RS, no período de 2010-2024, na perspectiva da atenção psicossocial e da luta antimanicomial.
Metodologia
Trata-se de estudo descritivo e analítico, de abordagem quantitativa a partir de dados secundários do Sistema de Informação Hospitalar e do SCNES, no período de 2010 a 2024. Foram analisados dados gerais do estado em relação com dados nacionais, considerando-se local de residência, taxa de internações e internações por Transtornos Mentais e Comportamentais, por ano de atendimento, sexo, faixa etária e causas de internação segundo a lista de morbidade CID-10, relacionando-os com a cobertura da RAPS. Utilizou-se análises estatísticas simples, seguidas de discussões baseadas na legislação vigente e referências científicas sobre o tema.
Resultados
De 2010 a 2024, o RS apresentou aumento das internações, com expressiva Taxa de internações por Transtornos Mentais e Comportamentais, em relação a 100 mil habitantes, chegando a 336 em 2024, cerca de três vezes maior que a taxa brasileira que foi de 117. Em 2024, conforme Saúde Mental em Dados, do Ministério da Saúde, o estado apresenta um Percentual do nº leitos de saúde mental em Hospital Geral, habilitados pelo MS, por 23 mil habitantes, de 127%, sendo o maior entre as unidades da federação. Ao mesmo tempo em que possui uma Cobertura de CAPS de 78% de seus municípios elegíveis (acima de 15 mil habitantes), que representam apenas 25% do total de municípios do estado.
Conclusões/Considerações
Os dados apontam elevada cobertura de leitos e alta taxa de internações por transtornos mentais e comportamentais no RS. Isso requer uma cuidadosa análise em relação a diferenças locais e regionais, que considerem a redução de leitos em hospitais psiquiátricos e a cobertura de outros pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial, como da atenção básica ou da atenção hospitalar em hospitais gerais.
DESAFIOS DA ATENÇÃO HOSPITALAR NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM PELOTAS – RS
Pôster Eletrônico
1 SES/RS
2 UFPEL
Apresentação/Introdução
Pelotas, nos últimos 20 anos da Reforma Psiquiátrica Brasileira, reduziu de 400 para 151 leitos em manicômios e alcançou uma cobertura de CAPS de 2,5/100 mil habitantes. Porém, possui atualmente, 0% de leitos de saúde mental em hospital geral e depende das internações no Hospital Psiquiátrico, com pode-se presentar no perfil das internações por transtornos mentais e comportamentais do município.
Objetivos
Descrever e analisar o perfil de internações hospitalares por Transtornos Mentais e Comportamentais, em Pelotas no período de 2020-2024, com intuito de subsidiar ações de fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial.
Metodologia
Trata-se de estudo descritivo e analítico, de abordagem quantitativa a partir de dados secundários do SIH/SUS e do SCNES, no período de 2020 a 2024. Considerou-se internações por local de residência, por ano de atendimento, sexo, faixa etária, causas de internação segundo a lista de morbidade CID-10, e Taxa de internações por Transtornos Mentais e Comportamentais -TMC. Utilizou-se análises estatísticas simples, seguidas de discussões baseadas na legislação vigente e referencias científicas sobre o tema
Resultados
De 2020 a 2024, 97% das internações por TMC ocorreram no próprio município, sendo 97% destas no Hospital Psiquiátrico, e apenas 3% em outros municípios ou região do estado. Da média anual de internações destes 05 anos, foram 43% devido a internações devido ao uso de álcool e/ou outras substâncias psicoativas e 57% de outros TMC. Maioria das internações entre 20 e 59 anos, e menor número entre crianças e adolescentes. Sendo, 66% de internações do sexo masculino e 77% da cor branca. A taxa de internações por TMC de Pelotas em 2024, foi de 384 internações a cada 100 mil habitantes, acima da taxa do RS, de 336, que é a maior entre as unidades da federação.
Conclusões/Considerações
Apesar da expressiva cobertura de CAPS, os dados de internação por transtornos mentais e comportamentais de residentes em Pelotas entre 2020 e 2024 evidenciam a centralidade do Hospital Psiquiátrico, como dispositivo quase exclusivo de atenção hospitalar e que requer cuidadosa avaliação que fundamente o planejamento de ações para fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial local.
SAÚDE MENTAL EM COMUNIDADE RIBEIRINHA A UMA JUSANTE DE PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA NO OESTE BAIANO
Pôster Eletrônico
1 UFOB
2 UFPB
Apresentação/Introdução
Os povos ribeirinhos mantêm uma conexão vital com os rios, um elo simbólico e socioeconômico essencial para manutenção de seus modos de existir e resistir. Essas relações são impactadas por diversas formas de exploração das terras e das águas. Os impactos cumulativos dessas pressões sobre os territórios tradicionais podem acarretar danos à saúde mental e problemas no tecido social das comunidades.
Objetivos
Estimar a prevalência de sintomas depressivos em uma comunidade ribeirinha à jusante de uma pequena central hidrelétrica no Oeste Baiano.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional com abordagem domiciliar, realizado em uma comunidade ribeirinha de São Desidério - Bahia em maio de 2025. A presença de sintomas depressivos foram avaliadas por meio do Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), composto por nove itens com respostas em escala Likert de 4 pontos (0 = "nenhum dia" a 3 = "quase todos os dias"). O escore total do PHQ-9 foi obtido pela soma dos nove itens, variando de 0 a 27. Neste estudo, a presença de sintomas depressivos foi definida por uma pontuação PHQ-9 igual ou superior a 10, considerado o melhor ponto de corte para detectar a presença de sintomas clinicamente relevantes.
Resultados
A presença de sintomas depressivos foi observada em 33,8% das 65 pessoas entrevistadas. Observamos diferenças por gênero, enquanto entre os homens, a prevalência foi de 18,2%, nas mulheres foi de 41,8%. Na Pesquisa Nacional de Saúde, utilizando o mesmo instrumento e ponto de corte, foi observada uma prevalência de 10,8% de sintomas depressivos na população brasileira, sendo essa prevalência de 7,7% em áreas rurais e 15,0% entre as mulheres, valores inferiores ao observado no presente estudo na população ribeirinha. Percebe-se que questões territoriais e de gênero são determinantes sociais no processo de saúde-adoecimento mental, sendo importante que sejam vistas de forma interseccional.
Conclusões/Considerações
Em um contexto de conflitos e mudanças ambientais e sociais, torna-se cada vez mais urgente o monitoramento da saúde mental da população ribeirinha. O rastreio da saúde mental com instrumentos como o PHQ-9 é fundamental não apenas para dimensionar o sofrimento psicológico vivenciado por essas populações, mas também para subsidiar políticas públicas de atenção psicossocial adequadas, culturalmente sensíveis e territorializadas.
ANÁLISE DA SATISFAÇÃO COM A REMUNERAÇÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM A SAÚDE MENTAL DE PROFESSORES DO VALE DO SÃO PATRÍCIO
Pôster Eletrônico
1 Instituto Federal Goiano
2 Universidade Evangélica de Ceres
Apresentação/Introdução
A saúde mental (SM) dos professores tem sido objeto de crescente preocupação, especialmente diante das intensas demandas da profissão e das condições laborais. Dentre os diversos fatores que impactam a SM desses profissionais, a remuneração destaca-se como um elemento central, onde representa não apenas uma compensação financeira, mas também um indicativo de valorização profissional.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi analisar a remuneração e a satisfação com a remuneração e sua associação com a saúde mental (SM) de professores do Vale do São Patrício.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, transversal, aprovado pelo comitê de ética sobre o número 6.436.246. A amostra foi composta por 212 professores do Vale do São Patrício, Goiás. Os participantes serão acima de 18 anos em escolas de nível básico, superior e educação profissional e tecnológica, que se dispuseram a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Para a análise dos dados foi utilizado questões sociodemográficas como a remuneração (< R$ 1.999,99 a R$ 6.000,00 ou mais) e a satisfação com a remuneração. Para a análise sobre a SM, foi utilizado o DASS- 21. Para verificar a associação entre as variáveis foi realizada o Teste qui-quadrado.
Resultados
Observou-se associação significativa (AS) entre depressão e valor de menor remuneração dos participantes (p=0,028). Remuneração mais baixa (Até R$ 1.999,99) tem maior incidência de depressão moderada a severa (35,7% moderado, 21,4% severo, 7,1% extremamente severo). Salários mais altos (R$ 6.000,00 ou mais) mostram maior prevalência de indivíduos sem acometimento de SM (61,3%). Menor salário (até R$ 1.999,99) apresentaram maior proporção de níveis moderado e severo de estresse (28,6% moderado, 14,3% severo), o p-valor do teste de p (0,008) é significativo (p < 0,05). Não foi encontrada uma AS entre satisfação com a remuneração e os níveis de SM.
Conclusões/Considerações
Os dados revelaram que as faixas com menores salários apresentaram maiores riscos de presença de depressão, ansiedade e estresse sendo que a remuneração apresenta papel crucial nas condições de saúde mental sendo necessárias políticas de valorização profissional. Isso pode refletir vulnerabilidades socioeconômicas associadas à SM, o que é relevante para políticas públicas e intervenções de saúde mental voltadas para grupos de baixa renda.
FATORES POTENCIALIZADORES DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS NA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO
Pôster Eletrônico
1 UEPB
Apresentação/Introdução
A gestação acarreta alterações físicas, hormonais, sociais e psicológicas na mulher. A gravidez é estratificada como de alto risco na presença de alguma comorbidade, agravo ou problema relacionado, com maior possibilidade de desfechos desfavoráveis, que pode gerar impacto na saúde mental da gestante, aumentando a chance de desenvolvimento sinais e sintomas de sofrimento psíquico.
Objetivos
Descrever os fatores potencializadores de Transtornos Mentais Comuns em gestantes acompanhadas no pré-natal de alto risco em uma maternidade pública de referência.
Metodologia
Realizou-se um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, no município de Campina Grande-Paraíba. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com a utilização de um roteiro contemplando a caracterização dos participantes e perguntas norteadoras. As entrevistas foram gravadas e realizadas presencialmente com cada gestante. Após a transcrição das entrevistas, os relatos das participantes foram submetidos a análise de conteúdo.
Resultados
Participaram do estudo 15 gestantes com alto risco gestacional, 66,6% na faixa-etária entre 25 e 35 anos; 53,3% oriundas de Campina Grande; 80% com raça/cor autodeclarada parda; 40% referiram viver com um salário-mínimo e 40% mais que um salário-mínimo. Entre os fatores que podem potencializar transtornos mentais comuns estão: o medo e insegurança relacionados a perda, ao parto e a prematuridade; ansiedade relacionada a gestação de alto risco; interferências nas atividades do cotidiano; barreiras de acesso ao serviço de pré-natal de alto risco; gravidez de alto risco após gravidez de risco habitual e; o desconhecimento de informações relacionadas ao diagnóstico.
Conclusões/Considerações
Torna-se evidente que a assistência exclusivamente fisiológica não atende integralmente às necessidades das gestantes de alto risco. O cenário social, as dificuldades e os sentimentos relacionados ao diagnóstico de risco demandam atenção, pois podem potencializar o sofrimento psíquico dessas gestantes. Assim, a visão holística, a escuta, o acolhimento e a humanização devem estar presentes no cuidado, garantindo uma assistência integral.
A INTERVENÇÃO DE SUJEITOS ANALISADORES EM SOCIOANÁLISES PRATICADAS EM CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAIS (CAPS)
Pôster Eletrônico
1 UFSCar
2 Unifesp-BS
Apresentação/Introdução
Após décadas de fortalecimento da luta antimanicomial e implementação da rede de atenção psicossocial pelo país, há um franco processo de contrarreforma psiquiátrica na última década. A razão neoliberal, por seu ordenamento produtivo, rebaixa e abandona vidas consideradas improdutivas, além de retirar financiamento de políticas públicas de seguridade social. Assim, urge localizar as resistências.
Objetivos
Discutir o uso de uma ferramenta para analisar como as instituições permeiam os sujeitos, permitindo ultrapassar a reatividade dos prejulgamentos e da contratransferência institucional, bem como encontrar forças e alianças para luta antimanicomial.
Metodologia
Trata-se de um recorte de pesquisa-intervenção de doutorado realizada em mais de 50 assembleias de 2021 a 2023 em quatro CAPS de Campinas/SP. Adotou-se o referencial teórico-metodológico da análise institucional, sobretudo os conceitos-ferramentas implicação e analisador. Em particular, utilizou-se o que René Lourau nomeou de sujeito analisador: pessoa que emite as normativas das instituições e/ou os sinais de resistência ou de pontos a serem fortalecidos no combate contra o poder. Além dos atos, presença desses sujeitos pode provocar análises coletivas de implicação, colocando as reproduções e os efeitos institucionais em evidência para analistas e participantes da intervenção.
Resultados
O sujeito analisador A. era um senhor negro, sambista, com transtorno por uso de substância, que usava signos e discursos da extrema direita. Tal composição causou estranhamentos que conduziram o pesquisador a analisar a expectativa de que os ditos “principais interessados” devem agir com mais fibra e na linha de frente em lutas contra o poder. R. e C. explicitaram atos de loucura e as dificuldades da equipe com isso. P. mostrou a disciplina na prática dos profissionais e as brechas para deslocamentos. Duas profissionais permitiram ver o esvaziamento do ímpeto criativo frente a contrarreforma e duas gestoras exibiram o empoderamento e a sobrecarga na transmissão das normas de austeridade.
Conclusões/Considerações
Notou-se que a capilarização da atenção psicossocial pode tanto difundir normatividade contrarreformista quanto proliferar resistência antimanicomial. Contudo, ao tratar sujeitos como analisadores, desviou-se da individualização e culpabilização para buscar como as instituições incidiram nos corpos e falaram pelos ventres. Tal entendimento, contribuiu para análise de implicação do pesquisador e elaboração nas restituições junto aos participantes.
PESQUISA-INTERVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL NAS ESCOLAS: FORTALECIMENTO DA INTERSETORIALIDADE E DAS REDES COMUNITÁRIAS PARA A PRODUÇÃO DO CUIDADO
Pôster Eletrônico
1 EPSJV Fiocruz e UNINASSAU RJ
2 EPSJV Fiocruz
Apresentação/Introdução
Relato de pesquisa inicial sobre redes informais comunitárias na produção do cuidado em saúde e saúde mental nas escolas, com base nos Direitos Humanos. A investigação compõe projeto do Programa Institucional Violência e Saúde da Fiocruz (PIVS), liderado pela EPSJV/Fiocruz, em parceria com o CLAVES, nas favelas da Maré e de Manguinhos, no Rio de Janeiro.
Objetivos
Relatar a fase inicial de pesquisa em saúde/ saúde mental nas escolas, priorizando o mapeamento e fortalecimento de redes comunitárias como cuidado coletivo, com base nos Direitos Humanos, interseccionalidade e crítica à medicalização da vida.
Metodologia
Essa pesquisa-intervenção, em sua fase inicial, sustenta-se pela produção de conhecimento participativo, de base comunitária (WALLERSTEIN et al, 2024), a partir da Cartografia (PASSOS; BARROS, 2009). Serão entrevistados dez (10) lideranças representantes de projetos, movimentos, organizações da sociedade civil e de outras redes territoriais de apoio e cuidado informais do território, selecionados através da técnica bola de neve (VINUTO, 2014). Nestas entrevistas serão abordadas as articulações entre redes intersetoriais formais e redes territoriais de apoio informais para produção de cuidado junto a três (03) escolas de ensino médio localizadas nas favelas da Maré e de Manguinhos.
Resultados
Na fase inicial da pesquisa, foram realizados dois Seminários e uma roda de conversa para formação da equipe técnica, com discussões teóricas sobre saúde mental, violências, acolhimento psicossocial e o método da cartografia. Também foi articulado um Curso de Verão em Pesquisa Participativa Baseada em Comunidade (PPBC), desenvolvido por Nina Wallerstein em parceria com a USP, visando construir estratégias coletivas de cuidado em escolas de Manguinhos e da Maré, com a participação de representantes de movimentos, organizações da sociedade civil e redes territoriais informais de apoio e cuidado.
Conclusões/Considerações
A fase inicial da pesquisa evidenciou a potência das redes comunitárias informais na construção do cuidado em saúde mental nas escolas, a partir da articulação intersetorial e da participação social. A formação da equipe e os espaços de troca com lideranças territoriais reforçaram a importância do saber local e da cartografia como método de escuta e construção coletiva, orientada pelos Direitos Humanos e pela crítica à medicalização.
USO DE DROGAS POR MULHERES: SAGA POR DIGNIDADE E O DIREITO À MATERNIDADE
Pôster Eletrônico
1 Unifafibe
2 USP
Apresentação/Introdução
Nas últimas décadas, o uso de drogas entre mulheres cresceu, mas é invisibilizado por papéis de gênero. O consumo é moralmente julgado, refletindo estigmas sociais, especialmente contra mulheres pobres e negras.
Objetivos
identificar os temas discutidos em grupos de mães em CAPS-ad, para entender seu impacto na vida dessas mulheres e contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que promovam autonomia, redução de danos e uma parentalidade positiva.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter descritivo e exploratório, realizado em um CAPS-ad II localizado no interior do estado de São Paulo. A pesquisa foi conduzida ao longo de dois anos, entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023, período em que a pesquisadora participou ativamente das atividades do serviço. Nesse contexto, foram acompanhados 42 encontros semanais do Grupo de Mães, cada um com duração aproximada de 60 minutos, os quais contaram com a participação de 16 mulheres. Para a análise do material produzido, as anotações registradas em caderno de campo foram submetidas à análise temática, conforme proposto por Braun e Clarke (2006).
Resultados
O Grupo de Mães do CAPS-ad estudado é um espaço aberto, no qual as mulheres mães podem trazer os temas que mais as afligem, relacionados à maternidade. Observou-se que nos dois anos em que o grupo foi acompanhado, os temas que foram mais trabalhados foram: percepção da capacidade de cuidar de alguém; desejo e reparação – vínculo com os filhos e suas nuances; ser filha de pais usuários de álcool e outras drogas; integridade corporal - direitos sexuais e reprodutivos; perda temporária da guarda e o medo da destituição do poder familiar e atravessamentos que permeiam a saga por dignidade.
Conclusões/Considerações
Mulheres mães que usam drogas enfrentam estigma e medo de perder a guarda dos filhos, o que dificulta o acesso à saúde. Grupos no CAPS-ad oferecem escuta e apoio, mas há impactos da exclusão social e judicial. É preciso cuidado intersetorial, com redução de danos e proteção que fortaleça sua autonomia e dignidade.
COVID-19 E OS DESAFIOS DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: MODIFICAÇÕES NAS PRÁTICAS DE CUIDADO DE CAPS DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS
Pôster Eletrônico
1 UFSJ
2 Unicamp
Apresentação/Introdução
Os CAPS atuam como dispositivos de reabilitação psicossocial, promovendo cuidado comunitário por meio de tecnologias relacionais e práticas terapêuticas diversas. A pandemia de Covid-19, impôs grandes desafios para o cuidado em que o distanciamento social e outras medidas preventivas exigiram mudanças na rotina dos serviços, novas formas de organização do trabalho e respostas clínicas inovadoras.
Objetivos
Compreender como a pandemia incidiu sobre a assistência prestada aos usuários dos CAPS, a partir da perspectiva dos profissionais. Buscou-se identificar as mudanças ocorridas nos dispositivos de cuidado e analisar a lógica assistencial desenvolvida.
Metodologia
Estudo qualitativo realizado em 7 CAPS para adultos sendo dois CAPS III, um CAPS II, três CAPS AD II e um CAPS AD III em 4 municípios da Região Metropolitana de Campinas-RMC. A coleta de dados foi realizada através de grupos focais (GF) com trabalhadores de sete serviços,
Participaram 49 trabalhadores, entre psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, técnicos de enfermagem, residentes de terapia ocupacional e psicologia, monitores, agentes de ação social, recreacionistas e auxiliares administrativos. A distribuição por município foi: 34,7% de Campinas, 24,5% de Paulínia e Hortolândia, e 16,3% de Sumaré. A análise dos dados seguiu os preceitos da abordagem hermenêutico-dialética.
Resultados
Identificou-se a necessidade de reconfiguração do funcionamento dos CAPS, marcada pela implementação de medidas de segurança como o uso obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual, higienização constante e suspensão das atividades coletivas presenciais. As equipes relataram a redução da circulação de usuários e a adoção de critérios restritivos para atendimento, o que alterou o cotidiano dos serviços. Identificou-se crescente presença de situações de vulnerabilidade social, como desemprego, fome e falta de moradia, que culminaram no surgimento e agravamento de quadros relacionados ao sofrimento social. As estratégias de atendimento remoto foram incorporadas às práticas.
Conclusões/Considerações
Reafirma-se a importância de fortalecer a atenção psicossocial por meio de educação permanente, interdisciplinaridade e intersetorialidade, resistindo às tendências de desmonte das políticas de proteção social. É essencial criar alternativas que superem paradigmas conservadores e retomem a inventividade do cuidado, promovendo formas integradas e territoriais de atenção capazes de responder às necessidades reais dos usuários
TIGRINHO, VÍCIO E SAÚDE MENTAL: OS IMPACTOS DAS APOSTAS ONLINE EM JOVENS PERIFÉRICOS.
Pôster Eletrônico
1 UFRB
Apresentação/Introdução
A ludomania, um transtorno mental caracterizado pelo vício em jogos de azar, está presente no cotidiano brasileiro há muito tempo — como nos jogos do bicho e bingos. No entanto, com a popularização das casas de apostas online (Bets), observa-se um aumento nos diagnósticos, uma vez que há uma instrumentalização desse “vício” digital por meio de algoritmos complexos e mecanismos psicológicos.
Objetivos
Nesse sentido, o presente estudo objetiva analisar como os jogos de apostas online emergem como um desafio à saúde pública, impactando a saúde mental e as subjetividades, com foco especial na população jovem e periférica.
Metodologia
Este trabalho é uma pesquisa qualitativa exploratório-descritivo-explicativa, de natureza bibliográfica e documental. Os dados foram coletados e analisados por meio de uma análise documental sistemática. As fontes incluíram artigos científicos, pareceres da Sociedade Brasileira de Pediatria, reportagens jornalísticas e, principalmente, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5 da American Psychiatric Association (APA), considerado a base de dados mais relevante para a compreensão dos danos psíquicos. Os descritores utilizados na busca foram "tigrinho", "apostas" e "danos psíquicos". Não houve necessidade de aprovação por comitês de ética.
Resultados
Artigos selecionados expõem que 40% dos apostadores online têm entre 18 e 29 anos e 79% pertencem à classe média, até 3 salários e até 1 salário. Entre adolescentes de 14 a 17 anos que apostam, 55,2% estão em risco de transtorno, sendo que jovens têm de 2 a 4 vezes mais chances de desenvolver o vício. Dados fazem conexão direta entre vulnerabilidade econômica, lógica do lucro fácil propagada por influenciadores e o aparecimento de ansiedade, depressão e conflitos familiares, mostrando como a promessa de ascensão rápida agrava o sofrimento psíquico. Essas problemáticas apenas refletem as repercussões que um sistema capitalista ocasiona nas parcelas mais subalternas da população global.
Conclusões/Considerações
As apostas online representam um sério problema de saúde pública no Brasil, impulsionando a ludomania, sobretudo em jovens e populações vulneráveis. A falsa promessa de lucro fácil, divulgada por influenciadores, agrava ansiedade e depressão. A negligência estatal, sem políticas eficazes, sobrecarrega o sistema de saúde, demandando intervenções urgentes. É crucial, portanto, uma ação decisiva para mitigar esses danos.
IDENTIFICAÇÃO DE PADRÕES DE ESTILO DE VIDA ENTRE ADULTOS COM DEPRESSÃO NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE CLASSES LATENTES
Pôster Eletrônico
1 Unifesp
Apresentação/Introdução
A depressão é um transtorno do humor comum, com sintomas persistentes que comprometem a qualidade de vida e impactam a saúde pública. Seu curso é influenciado por fatores sociais e comportamentais, como o estilo de vida, o que demanda abordagens integradas para manejo e prevenção. Compreender padrões de estilo de vida nesta população é importante para orientar ações e políticas públicas eficazes.
Objetivos
Identificar padrões de estilo de vida em adultos com depressão e investigar a associação desses padrões com características sociodemográficas e de autopercepção de saúde.
Metodologia
Estudo transversal com 2.972 adultos brasileiros que relataram diagnóstico médico de depressão ao longo da vida, a partir de dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2023. Utilizou-se Análise de Classe Latente para identificar padrões de comportamentos de risco, considerando variáveis relativas a tabagismo, consumo abusivo de álcool, ingestão regular de refrigerantes e ultraprocessados, baixa ingestão de frutas e hortaliças e inatividade física no lazer. Regressões logísticas multinomiais foram utilizadas para estimar a associação entre os padrões e covariáveis sociodemográficas e de autopercepção de saúde.
Resultados
Foram identificadas três classes latentes: (1) Fatores de Risco Reduzidos (80,8%), (2) Fumantes e Bebedores em Abuso (6,8%) e (3) Dieta Pobre e Sedentarismo (12,4%). As classes de risco (2 e 3) apresentaram maior proporção de pretos e pardos, menor convivência com parceiro(a) e pior autopercepção de saúde. O sexo feminino associou-se a menor probabilidade relativa de pertencer às classes de risco (2: RRR = 0,57; IC95% [IC] [0,34; 0,95]; 3: RRR = 0,57; [0,33; 0,96]); e a idade esteve inversamente associada (2: RRR = 0,95; [0,94; 0,96]; 3: RRR = 0,98; [0,96; 0,99]). Adultos com pior autopercepção de saúde tiveram maior probabilidade relativa de pertencer à classe 3 (RRR = 1,94; [1,30; 2,90]).
Conclusões/Considerações
Esses resultados reforçam a necessidade de estratégias intersetoriais que integrem a promoção de comportamentos saudáveis à atenção psicossocial no Sistema Único de Saúde, considerando as particularidades dos grupos em maior vulnerabilidade.
INFLUÊNCIA DOS RISCOS PSICOSSOCIAIS E SÍNDROME DE BURNOUT DECORRENTES DO TRABALHO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
2 Universidade Federal de São Paulo
3 Universidade do Estado da Bahia
4 Secretária de Saúde do Estado da bahia
Apresentação/Introdução
No cenário contemporâneo as exigências do ambiente laboral ampliaram a relação entre saúde e trabalho, exigindo ações técnicas, administrativas e políticas para proteger os trabalhadores. No entanto, as altas demandas ainda contribuem para a exaustão do trabalhador, gerando as condições sociais e psicológicas, conhecidas como riscos psicossociais, que afetam a sua qualidade de vida.
Objetivos
Descrever as influências dos riscos psicossociais e da Síndrome de Burnout decorrentes do trabalho.
Metodologia
Trata-se de uma revisão narrativa de literatura, de abordagem qualitativa e caráter descritivo, realizada com seis artigos selecionados nas plataformas SciELO e Biblioteca Virtual Em Saúde. A busca foi realizada com o auxílio dos descritores em saúde, “Condições de trabalho”, “Estresse ocupacional”, “Saúde mental” e “Trabalho”, combinados pelo operador boleano and. Após a captura dos artigos, fez-se uma leitura reflexiva e meticulosa dos mesmos, o que possibilitou o alcance de resultados válidos e condizentes com o objetivo previamente estabelecido.
Resultados
As transformações no mercado de trabalho, marcadas pela competitividade, carga horária e incerteza profissional, contribuem significativamente para o crescimento dos riscos psicossociais no ambiente laboral. Nesse contexto, o estresse ocupacional surge como uma das principais influências desses riscos, sendo compreendido como a reação do indivíduo a demandas e pressões que não se alinham às suas competências e recursos. Quando esse estresse persiste, pode gerar a Síndrome de Burnout, marcada pelo esgotamento emocional, despersonalização e sentimento constante de insatisfação, ligada à exposição contínua a ambientes de alta exigência emocional e pouco apoio psicológico ou organizacional.
Conclusões/Considerações
Os trabalhadores são influenciados pelo contexto histórico e pelo modelo de produção em que estão inseridos. O aumento das demandas, da alta competitividade e deterioração das relações de trabalho têm contribuído para o crescimento do estresse ocupacional e da Síndrome de Burnout. Portanto, é fundamental identificar estratégias que promovam ambientes de trabalho mais saudáveis, valorizem os trabalhadores e previnam os impactos à saúde mental.
BAIXA DURAÇÃO DO SONO E ANSIEDADE REDUZIDA EM DOCENTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Pôster Eletrônico
1 UNIFATENE
Apresentação/Introdução
A saúde mental dos trabalhadores vem sendo amplamente discutida nos últimos anos, carga horárias extensas, cobranças, metas a serem cumpridas e ambientes de trabalho tóxicos são fatores que podem contribuir para quadros de ansiedade ou depressão.
Objetivos
analisar os níveis de ansiedade e a duração do sono em professoras da educação básica da região da Grande Jurema, em Caucaia
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva, com natureza quantitativa e caráter transversal, realizada com por 62 professoras com média de idade de 42,1 atuantes em escolas das redes pública e privada. Para a avaliação dos níveis de ansiedade, foi utilizado o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), que é composto por 21 itens que avaliam sintomas físicos e cognitivos relacionados à ansiedade. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, utilizando-se medidas de tendência central e dispersão (média, desvio padrão) e frequências absolutas e relativas.
Resultados
Em relação ao turno de trabalho, a maioria das participantes (83,3%) exercia suas atividades em regime integral, enquanto 15% atuavam no turno matutino e 1,7% no vespertino. A média da duração do sono semanal foi de 6,2 horas por noite (±1,08). Quanto à classificação da duração do sono, observou-se que a maioria das participantes (n=50) apresentava baixa duração, conforme critérios estabelecidos na literatura. No que se refere aos níveis de ansiedade, verificou-se predominância de ansiedade mínima entre as professoras avaliadas. Ao analisar a relação entre os níveis de ansiedade e a duração do sono,
Conclusões/Considerações
Esses resultados reforçam a importância da promoção de ações voltadas à higiene do sono e saúde mental de docentes, principalmente considerando o impacto que esses resultados podem interferir em suas vidas profissionais e pessoais.
TRANSPARENTE E SECRETO: SELETIVIDADE INFORMACIONAL NA UNIDADE EXPERIMENTAL DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O encarceramento em massa é um fenômeno marcante na passagem do século XX para o XXI, caracterizando-se por um amplo contingente de pessoas confinadas em prisões insalubres e superlotadas inclusive no Brasil, privadas de liberdade especialmente devido ao proibicionismo e racismo. A Unidade Experimental de Saúde / UES, criada em 2006 em São Paulo-SP, parece ser uma exceção.
Objetivos
Compreender a circulação de informações sobre a UES.
Metodologia
A etnografia com visitantes da UES envolve observações durante visitas ao estabelecimento, falas ao longo de conversas com visitantes da Unidade e trechos de documentos elaborados por órgãos com a finalidade de visitá-la. As observações acontecem desde 2023 com agentes penitenciários, os documentos são elaborados por secretarias, conselhos, mecanismos e jornais. Partindo da perspectiva teórico-metodológica desenvolvida por Bourdieu e Foucault para investigar o Estado, o primeiro atento à constituição de comissões e acumulação de capital informacional, o segundo às maneiras de confinar cristalizadas em instituições disciplinares, me deterei nas observações e documentos.
Resultados
A UES recebe jovens portadores de deficiência com transtorno mental em conflito com a lei que já tinham cumprido sua medida socioeducativa, confinando 5 pessoas em 2025 e chegando a fazê-lo com menos de 1 dezena ao mesmo tempo desde 2007, tendo capacidade para receber 40. Identificados principalmente como brancos, sua infração foi tipificada especialmente como homicídio, esse perfil tornando a UES bem distinta daquela do sistema prisional e mesmo socioeducativo. Atendidos por uma equipe de quase 30 profissionais de saúde e segurança, vivem em um local composto de 6 casas, um misto dos 2 tipos a partir dos quais o panóptico, modelo das prisões segundo Foucault, foi concebido: acampamento militar e zoológico.
Conclusões/Considerações
Há contínuas tentativas de extinção da UES, via deslocamento dos jovens para hospitais de custódia. Foi publicada normativa constituindo uma comissão para elaborar projetos terapêuticos singulares para eles. Nota-se que a seletividade penal na UES caminha junto com a informacional, já que ocultam-se dados públicos (telefone) e explicitam-se outros tidos como confidenciais (infrações institucionais entre eles).
INFLUÊNCIAS CONTEXTUAIS NO ACESSO AO ÁLCOOL ENTRE ADOLESCENTES: UMA ABORDAGEM BIOECOLÓGICA
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
Apesar do consenso normativo sobre a proibição da venda e do fornecimento de bebidas alcoólicas a menores de idade, evidências mostram que o acesso por adolescentes ainda ocorre com frequência. Diante da complexidade desse problema, torna-se fundamental compreender os contextos que favorecem e sustentam esse acesso, a fim de subsidiar intervenções voltadas à prevenção desse comportamento de risco.
Objetivos
Analisar de que forma o contexto multissistêmico, conforme delineados pela Teoria Bioecológica do Desenvolvimento, influenciam os mecanismos de acesso ao álcool entre adolescentes, com especial atenção aos contextos sociais e ambientais.
Metodologia
Com base em dados de 3.953 adolescentes, com idades entre 11 e 17 anos, de quatro municípios do estado de São Paulo, este estudo analisou três formas autorrelatadas de acesso ao álcool: (1) compra direta, (2) fornecimento por amigos e (3) fornecimento por pais/responsáveis. As variáveis independentes foram organizadas com base nos pressupostos da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento, classificadas em microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema. Para estimar a associação entre os diferentes contextos sistêmicos e as formas de acesso ao álcool, foram realizadas análises de regressão logística bivariada, apresentando os odds ratios (OR) com seus intervalos de confiança de 95%.
Resultados
No modelo final que compreende o macrossistema, a idade é significativa nas três formas de acesso, porém, a cada ano a mais na idade há uma chance reduzida de receber álcool de responsáveis (OR: 0,91; IC95%: 0,85–0,97). O consumo de álcool com amigos aumentou a chance de comprar (OR: 4.17; IC95%: 3.01–5.77), mas reduziu a probabilidade de acesso por responsáveis (OR: 0,50; IC95%: 0,37–0,66). Além disso, adolescentes que indicam facilidade de acesso tem 97% mais chances de relatar compra direta, em comparação com quem diz ter dificuldades (OR: 1,97; IC95%: 1,47–2,65). Variáveis como nível socioeconômico, município e crenças do consumo de álcool por pares, não apresentaram significância.
Conclusões/Considerações
Os achados indicam que os fatores mais próximos ao indivíduo — aqueles nos níveis micro e mesossistêmico — exercem influência mais significativa nas formas de acesso ao álcool do que os fatores distais. Embora os elementos macrossistêmicos mantenham sua relevância teórica e contextual, os resultados reforçam a necessidade de que estratégias de prevenção ao uso de álcool entre adolescentes priorizem intervenções centradas nos ambientes imediatos.
ESTRESSORES OCUPACIONAIS E ADOECIMENTO MENTAL EM TRABALHADORES INVISIBILIZADOS DA SAÚDE NA PANDEMIA DA COVID-19: UMA ANÁLISE COMBINADA
Pôster Eletrônico
1 NRSL / SESAB
2 HUPES - UFBA
3 UEFS
Apresentação/Introdução
A pandemia da COVID-19 intensificou os desafios do trabalho em saúde, ampliando a exposição a estressores ocupacionais. Trabalhadores da assistência indireta ou de apoio, embora essenciais, são frequentemente “invisibilizados”. Investigar os impactos psicossociais nesse grupo é fundamental para orientar ações de proteção laboral.
Objetivos
Analisar os efeitos isolados e combinados de estressores ocupacionais sobre a saúde mental de trabalhadores “invisibilizados” da saúde.
Metodologia
Estudo transversal conduzido em três municípios baianos com 939 trabalhadores “invisibilizados” da saúde entre abril/2021 a abril/2022. As variáveis de exposição principais foram os estressores ocupacionais (desequilíbrio esforço-recompensa e comprometimento excessivo com o trabalho), avaliados por meio da escala Effort-RewardImbalance (ERI). O Self-ReportingQuestionaire (SRQ-20) mensurou os transtornos mentais comuns (TMC), variável desfecho. Realizou-se análise descritiva e bivariada. As medidas de interação foram verificadas com base no critério da aditividade, pelo cálculo do excesso de prevalência, excesso de razão de prevalência e diferença relativa.
Resultados
A prevalência global de TMC foi de 40.4%, e variou entre os grupos, considerando-se os efeitos isolados e combinados dos estressores ocupacionais. O grupo referência, sem nenhuma exposição, apresentou menor prevalência de TMC (27,2%). Enquanto trabalhadores expostos aos estressores isolados apresentaram maior probabilidade de adoecimento: 51,9% para comprometimento excessivo com o trabalho e 34,4% para situação de desequilíbrio esforço-recompensa. O grupo de trabalhadores simultaneamente exposto aos dois fatores apresentou maior prevalência de TMC (68,6%).
Conclusões/Considerações
Evidencia-se que a sobreposição de estressores ocupacionais, no contexto pandêmico, contribuiu para elevar a prevalência de adoecimento mental entre os trabalhadores “invisibilizados” da saúde.
ENTRE SILÊNCIOS E VESTÍGIOS: OS (NÃO) LUGARES DA MEMÓRIA NA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 IMS/UERJ
Apresentação/Introdução
O presente trabalho corresponde aos resultados parciais de uma pesquisa de mestrado em curso, construída a partir das experiências de trabalho dos pesquisadores com a desinstitucionalização no município do Rio de Janeiro. Busca-se analisar a produção social do esquecimento das vidas institucionalizadas como forma de gestão manicolonial, bem como o lugar dos arquivos nesse processo.
Objetivos
A pesquisa tem como principal objetivo investigar como o tensionamento entre memória e esquecimento atravessa os arranjos de cuidado na desinstitucionalização promovida pela Reforma Psiquiátrica brasileira.
Metodologia
A partir de uma pesquisa etnográfica realizada em um Serviço Residencial Terapêutico e um Centro de Atenção Psicossocial no município do Rio de Janeiro, propõe-se metodologicamente três frentes de trabalho: observação participante em um SRT, cujo objetivo é acompanhar como a memória é ou não produzida em meio ao cuidado de seus moradores; análise dos documentos referentes a dois processos de desinstitucionalização, de modo a compreender quais narrativas os documentos criam e sua função no tensionamento entre memória e esquecimento, e a realização de seis entrevistas para compreender o que os profissionais entendem por produção de memória assim como seu lugar na desinstitucionalização.
Resultados
Já nos primeiros contatos com os serviços onde a pesquisa é realizada, encontraram-se questões ético-políticas relacionadas ao esquecimento das vidas institucionalizadas nos hospitais psiquiátricos. No campo ético, há questões acerca do ato de narrar: em que medida recontar uma história atravessada pela violência pode ser um modo de reparação ou uma reprodução da violência? Na esfera política, há relatos de dificuldades na produção de registros, o que interfere na construção do cuidado e no que se produz de memória dos sujeitos acompanhados. Quem é digno de ser lembrado? A memória tensiona a gestão do cuidado de sujeitos que, por suas histórias, podem ser lidos como um arquivo em si mesmos.
Conclusões/Considerações
O presente trabalho propõe que ao olhar para a produção social do esquecimento das vidas institucionalizadas, bem como para as memórias produzidas a partir da desinstitucionalização, contribui-se para a construção de uma memória da Reforma Psiquiátrica Brasileira que tenha como centralidade as vidas dos sujeitos. Espera-se, assim, contribuir para a construção de uma memória encarnada, que seja composta por sujeitos com nome, corpo e trajetória.
(DES)ENCONTROS ENTRE SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO BÁSICA: O MATRICIAMENTO COMO TECNOLOGIA DE CUIDADO NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Pôster Eletrônico
1 UERJ
2 UFRJ
Apresentação/Introdução
A Reforma Psiquiátrica (RP) propõe dar a loucura uma resposta que não seja a asilar. É a tentativa de construção de caminhos para sustentar o dito louco na vida em liberdade. Trata-se de um processo constante de articulação de diversos setores da sociedade. Este trabalho se soma ao desafio de fortalecer a Reforma por meio, nesse caso, do matriciamento da Saúde Mental na Atenção Básica.
Objetivos
Revisitar e analisar a experiência de matriciamento da Saúde Mental na Atenção Básica em curso em um município da Baixada Fluminense, no que tange à ampliação de cuidados de pessoas em sofrimento psicossocial
Metodologia
Aposta-se na experiência de trabalhador, assistente social, da saúde mental do território da Baixada Fluminense de um dos autores, para propor uma pesquisa de mestrado, em curso, de inspiração etnográfica. Ou seja, o pesquisador também participa e constrói o cotidiano do processo de trabalho. Aposta-se no desejo de um olhar etnográfico porque ocupa uma posição que não é neutra no campo dos posicionamentos discursivos. O desenho metodológico é composto a partir de rodas de conversa com profissionais da saúde mental e atenção básica e a observação participantes nos espaços de matriciamento nomeados como “supervisão de território”. Utiliza-se do instrumento do diário de campo.
Resultados
Como resultados parciais a partir da observação participante na supervisão de território, percebe-se nas falas dos profissionais participantes (saúde mental, atenção básica e assistência social, sobretudo) muita desinformação quanto a função do matriciamento e até mesmo o não atendimento sobre a trajetória da RP, a Luta Antimanicomial e a própria RAPS. Nota-se também um movimento contraditório, por um lado, a centralidade do CAPS na condução, incentivo e a própria gestão do matriciamento no município, por outro, esvaziamento do CAPS em seu lugar de ordenador da rede, com práticas de matriciamento sendo articuladas pela Atenção Primária, sem passar pela Saúde Mental e com interesses políticos.
Conclusões/Considerações
Apesar dos desafios e dificuldades encontradas, a pesquisa aponta que quando o matriciamento de fato consegue acontecer há uma diferença fundamental na condução do cuidado na direção da atenção psicossocial e da luta antimanicomial. Logo, aposta-se no matriciamento como tecnologia de cuidado para seguir ampliando a clínica, fortalecendo a intersetorialidade e consolidando o cuidado em liberdade e fora das instituições manicomiais.
CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA SOBRE PRÁTICAS COLABORATIVAS NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: ESTUDO BIBLIOMÉTRICO
Pôster Eletrônico
1 UFRN
2 UEM
Apresentação/Introdução
Uma conjunto de abordagens relacionadas a práticas colaborativas em saúde mental têm sido desenvolvidas em diferentes contextos, considerando componentes variados e utilizando diferentes concepções do fazer interdisciplinar e colaborativo. Elas envolvem trabalho interprofissional, intersetorial e/ou ainda a colaboração entre profissionais, usuários, familiares, entre outros.
Objetivos
Este estudo objetivou conhecer as principais características da produção científica brasileira sobre práticas colaborativas em saúde mental desenvolvida entre 2010 e 2024, e apresentar os principais resultados encontrados nesses estudos.
Metodologia
Trata-se de estudo bibliométrico, realizado em três bases de dados (Medline, CINAHL e LILACS). O período de busca, coleta e tratamento dos dados aconteceu entre novembro de 2024 e maio de 2025. Utilizou-se uma combinação de descritores e palavras-chave, incluindo variações de colaboração, interprofissionalidade, interdisciplinaridade, cuidado integrativo, intersetorialidade, saúde mental e serviços de saúde mental. Foram incluídos artigos originais, primários ou secundários, publicados em português, espanhol ou inglês, entre 2010 e 2024. Os dados dos artigos incluídos foram extraídos por meio de planilha Excel e analisados por meio de estatística descritiva e análise temática.
Resultados
Foram incluídos 27 estudos, dos quais a maioria foi publicada entre 2019 e 2023. 18 (66,6%) são pesquisas qualitativas, 7 (25,9%) são estudos de revisão e 2 (7,4%) são quantitativos. A maior parte deriva de instituições localizadas no eixo Sul-Sudeste. O tema mais discutido foi a relação entre atenção primária e atenção especializada na saúde mental. Relações hierárquicas; centralização do cuidado no saber/poder médico; precarização dos vínculos de trabalho; quantidade insuficiente de trabalhadores; lacunas na formação dos profissionais; serviços e setores com lógicas diferentes; fluxos inexistentes ou burocratizados foram alguns desafios identificados.
Conclusões/Considerações
Os dados evidenciam algumas tendências nas pesquisas brasileiras relacionadas às práticas colaborativas em saúde mental. É necessário que estudos futuros aprofundem os sentidos dessa colaboração e as formas de operacionalizá-la, e que destaquem as necessidades e os papéis de todos os atores envolvidos no processo para avançar no campo teórico-prático da saúde mental e produzir cuidados alinhados ao modelo psicossocial.
ACESSO AO LAZER ENQUANTO DIREITO VOLTADO AO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO EM SAÚDE MENTAL
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFBA
2 Unicamp
Apresentação/Introdução
O conceito de recuperação em saúde mental tem sido construído desde a década de 70. Ele se ampara na perspectiva de que a maioria das pessoas com sofrimento mental se recuperam e reestabelecem suas vidas. Nesse processo, a defesa dos direitos de cidadania é primordial, sendo o direito ao lazer e ao uso do espaço público, uma das bases desse processo de luta.
Objetivos
Discutir as facilidades e desafios no acesso ao lazer e aos espaços públicos com essa finalidade, presentes no processo de recuperação das pessoas em sofrimento mental.
Metodologia
Foram realizadas 11 entrevistas semiestruturadas com pessoas em processo de recuperação a partir das suas participações enquanto palestrantes de um grupo de suporte denominado Comunidade de Fala (CDF). Neste grupo as pessoas em sofrimento mental narram suas histórias de vida para grupos da comunidade (escolas, serviços de saúde, associações e outros), a partir das suas primeiras crises e os caminhos trilhados posteriormente. Nas entrevistas, era questionado como a vida foi sendo estabelecida nos processos de recuperação dessas pessoas (relações estabelecidas e/ou recuperadas, vínculos de trabalho, acesso a serviços e espaços públicos e direito ao lazer, entretenimento e movimento).
Resultados
Pessoas em sofrimento mental costumam ser vistas e interpretadas socialmente a partir dos seus diagnósticos psiquiátricos. O direito ao lazer deixa de ser reconhecido como possibilidade pelos próprios usuários de saúde mental, assim como profissionais de saúde e familiares. Os entrevistados dessa pesquisa não consideravam que o lazer era um aspecto importante em suas vidas e negaram facilidades no acesso a esse direito, já que grande parte não tinham a garantia de direitos básicos como acesso ao transporte público, moradia, trabalho e renda e relacionavam o lazer a um custo financeiro, difícil de ser oportunizado frente as suas outras necessidades.
Conclusões/Considerações
A falta de políticas públicas que incluam o direito ao lazer enquanto direito à saúde fragiliza o processo de recuperação em saúde mental. O não acesso ao lazer e aos espaços públicos com essa finalidade impede o relacionamento das pessoas em sofrimento mental com a comunidade, assim como o movimento desses corpos na cidade.
ESTRESSE OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE DA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ANÁLISE HIERARQUIZADA DOS FATORES ASSOCIADOS
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UNEB
Apresentação/Introdução
O estresse ocupacional é uma condição multifatorial, frequentemente relacionada a exigências psicossociais e organizacionais do ambiente de trabalho. Suas consequências comprometem a saúde mental dos profissionais da saúde, afetando o desempenho e a qualidade do cuidado. Análises robustas são essenciais para identificar fatores associados e orientar estratégias de prevenção e enfrentamento.
Objetivos
Investigar os fatores associados ao estresse ocupacional em profissionais da Estratégia Saúde da Família atuantes em um município da Bahia.
Metodologia
Estudo transversal realizado em 2022 com profissionais da Estratégia Saúde da Família de um município baiano. Aplicou-se questionário estruturado com variáveis sociodemográficas, laborais, de saúde mental e hábitos de vida. O estresse ocupacional foi mensurado pela média dos itens da Escala de Estresse no Trabalho. A análise multivariada seguiu modelo hierarquizado por blocos temáticos (distal, intermediário e proximal), com inclusão de variáveis com p<0,20 na bivariada. Empregou-se regressão de Poisson com variância robusta, estimando-se razões de prevalência com intervalo de confiança de 95%. Permaneceram no modelo final as variáveis associadas ao desfecho com nível de significância de 5%.
Resultados
A prevalência de estresse ocupacional foi de 19,1%. No modelo final de regressão, observaram-se associações protetoras com a cor da pele negra (RP=0,51; IC95%: 0,27–0,97) e com o fato de não fumar (RP=0,50; IC95%: 0,28–0,90). Por outro lado, o estresse ocupacional associou-se de forma significativa à insatisfação com o trabalho (RP=3,95; IC95%: 1,92–8,13), à exposição à violência laboral (RP=3,25; IC95%: 1,13–9,23) e à temperatura inadequada no ambiente de trabalho (RP=2,10; IC95%: 1,16–3,80)
Conclusões/Considerações
Este estudo trouxe contribuições significativas para a compreensão dos múltiplos fatores associados ao estresse ocupacional em profissionais da Atenção Básica. A insatisfação com o trabalho, a violência no ambiente laboral e as condições físicas inadequadas evidenciam vulnerabilidades evitáveis. Tais achados reforçam a necessidade de políticas públicas que promovam a valorização, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores do SUS.
CONSUMO DE ÁLCOOL E/OU MACONHA ENTRE ESTUDANTES DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
Pôster Eletrônico
1 UFPE
2 UNIFESP
Apresentação/Introdução
O uso abusivo de drogas têm crescido de forma progressiva entre as diversas populações, especialmente entre os universitários. Esse consumo problemático se constitui um problema de saúde pública mundial com destacada contribuição dos determinantes sociais e condicionantes culturais, políticos, econômicos e tecnológicos, o que desperta a necessidade de averiguar os padrões de consumo.
Objetivos
Traçar um perfil epidemiológico do uso de álcool e/ou maconha entre estudantes de ensino superior.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa, realizado com 865 estudantes, maiores de 18 anos, matriculados na modalidade presencial dos cursos de ensino superior do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, campus Recife. Foi utilizado um instrumento com informações sociodemográficas, acadêmicas, comportamentos de risco, consumo de álcool e outras drogas e avaliação de saúde mental. Os dados foram organizados em uma planilha do software Excel e analisados com o auxílio do software Stata. A análise ocorreu por meio de estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPE, com Parecer de nº. 6.187.586.
Resultados
Os participantes apresentaram uma idade mediana de 21 anos. A faixa etária mais frequente foi de 18 a 24 anos (74,5%). Mais da metade se identificaram como homens cisgêneros (56,0%) e 42,9% se identificaram como mulheres cisgêneros. Quanto à orientação sexual, 88,3% se identificaram como heterossexuais. Sobre a religiosidade, 66,6% informaram não possuir religião. Quanto à classe social, de acordo com o CCEB, a maioria, 34,2%, pertence à classe B2. Especificamente sobre o uso de álcool e outras drogas, o uso de álcool e maconha foi encontrado em, respectivamente, 30,29% e 1,97% dos estudantes. O uso simultâneo de álcool e maconha foi evidenciado em 5,90% dos estudantes.
Conclusões/Considerações
O consumo de álcool e maconha sempre existiu na realidade dos universitários, variando somente, o tipo de substância e o modo de uso. Sendo o álcool, a droga de maior escolha entre os jovens. Ademais, o ingresso no ambiente universitário representa uma importante fase de transição na vida dos jovens, porém relaciona-se a fatores de risco que podem levá-los a se engajar em condutas que comprometam a sua saúde.
DETERMINAÇÕES DO SOFRIMENTO PSÍQUICO DAS MULHERES SOB O PATRIARCADO E O CAPITALISMO
Pôster Eletrônico
1 UFPR
Apresentação/Introdução
Mulheres são historicamente mais diagnosticadas e tratadas por transtornos mentais. Esse cenário de medicalização da vida está ligado à subjugação histórica das mulheres em uma sociedade patriarcal-capitalista-racista, onde prevalece a exploração-opressão. Apesar disso, o sofrimento psíquico feminino ainda é frequentemente atribuído aos seus corpos biológicos e à propensão natural à loucura.
Objetivos
Realizar uma análise crítica do histórico do fenômeno de medicalização do sofrimento psíquico das mulheres, buscando compreender as determinações mais profundas desse fenômeno em contraponto a discursos biologicistas e medicalizantes na atualidade.
Metodologia
Partiu-se dos fundamentos do materialismo histórico dialético e da teoria da determinação social do processo saúde-doença, que desponta como uma matriz de pensamento crítica, que questiona o viés puramente biológico dado à saúde e à doença, entendendo que o processo saúde-doença tem caráter histórico e social. Para que o objetivo estabelecido fosse alcançado, realizou-se um estudo teórico bibliográfico a partir da análise crítica da literatura. Foi selecionada literatura de relevância sobre o tema, incluindo autores como Heleieth Saffioti; Magali Engel; Franca Ongaro Basaglia e Jaime Breihl, sendo realizado posteriormente análise dos materiais.
Resultados
Ao longo da história, as mulheres têm sido alvo de rotulagem e opressão pelos discursos médicos e psiquiátricos. Desenvolveu-se um discurso ambíguo sobre o ser mulher, que, somado ao patriarcado e ao capitalismo, passou a vê-la como ameaça à ordem social. Estabeleceu-se um limite rígido sobre como as mulheres podem viver, sentir, comportar-se e sofrer. Desvios ligados à menstruação, gravidez e sexualidade tornaram-se centrais nos diagnósticos, de forma a explicar suas vidas e patologias com base em falhas em relação ao ideal feminino. A teoria da determinação social propõe compreender esse sofrimento a partir da violência de gênero, jornadas exaustivas e multitarefas de cuidado.
Conclusões/Considerações
Os discursos médicos e psiquiátricos legitimam a ordem patriarcal no capitalismo, contribuindo para a naturalização e normatização dos papéis de gênero. O sofrimento psíquico necessita ser compreendido em sua base material, social e cultural, superando aparências imediatas e alcançando suas determinações históricas e estruturais. Ressalta-se a necessidade de uma compreensão crítica e totalizante da complexidade do ser mulher na sociedade.
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE MENTAL EM ÁREAS RURAIS: DESIGUALDADES, VULNERABILIDADES E TERRITÓRIO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Apresentação/Introdução
A saúde mental de populações rurais é influenciada por determinantes sociais que acentuam desigualdades estruturais e territoriais, dificultando o acesso a cuidados adequados.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo analisar as evidências científicas sobre os determinantes sociais que impactam a saúde mental de indivíduos residentes em áreas rurais.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, conduzida segundo as diretrizes do Joanna Briggs Institute (JBI) e o protocolo PRISMA. A busca foi realizada em cinco bases de dados (PubMed, LILACS, Scopus, Web of Science e APA PsycInfo) utilizando descritores DeCS/MeSH relacionados à saúde mental, população rural e determinantes sociais. Foram incluídos 40 estudos originais publicados entre 2007 e 2023, com amostras de diferentes regiões geográficas.
Resultados
Os principais determinantes sociais identificados foram pobreza, desemprego, baixa escolaridade, isolamento geográfico, insegurança alimentar, desigualdade de gênero, racismo estrutural, estigma e limitado acesso aos serviços de saúde mental. Esses fatores evidenciam uma sobreposição de vulnerabilidades que intensificam o sofrimento psíquico em contextos rurais.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que o enfrentamento das iniquidades em saúde mental exige estratégias intersetoriais e territorializadas, que considerem as especificidades socioculturais dos territórios rurais, o fortalecimento da atenção primária, a valorização dos saberes locais e a ampliação do acesso a cuidados psicossociais. Investir na saúde mental em áreas rurais é uma medida essencial para a promoção da equidade e da justiça social.
IMPACTOS DA PANDEMIA DA COVID-19 NAS PRÁTICAS DO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
Pôster Eletrônico
1 UNIESA/DF
2 ENSP/Fiocruz
Apresentação/Introdução
Este trabalho apresenta análise dos impactos da pandemia da Covid-19 nas práticas do Acompanhamento Terapêutico-AT. O AT é uma abordagem pautada na relação terapêutica entre o acompanhante terapêutico e a pessoa assistida. No entanto, a pandemia da COVID-19 trouxe desafios significativos para a prática do AT, incluindo a necessidade de mudanças no formato de atendimento e a limitação de recursos.
Objetivos
Compreender os impactos da pandemia da covid-19 no processo de trabalho do AT a partir das percepções dos profissionais que atuam nessa estratégia de trabalho em saúde na atenção psicossocial.
Metodologia
A partir do uso da cartografia como perspectiva ética de pesquisa, somada ao uso das técnicas de entrevista semi-estruturada foi possível produzir um conhecimento coletivo que expressou de forma mais fidedigna as demandas e necessidades expressas pelos entrevistados. Além de revisão bibliográfica, participaram pessoas na qualidade de entrevistados. Utilizando como base a Resolução nº 466/2012 e nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), as “Orientações sobre ética em pesquisa em ambientes virtuais” (ENSP/Fiocruz, 2020), bem como a Carta CNS/Conep 002/2021 a pesquisa foi submetida ao (CEP-ENSP), sendo iniciada apenas após a aprovação pelo referido CAAE: 75538423.6.0000.5240.
Resultados
Foram realizadas 20 entrevistas, abordando projetos e ações nas capitais, Belém/PA, Fortaleza/CE, Natal/RN, Campina Grande/PB, Recife/PE, Salvador/BA, Brasília/DF, Uberlândia/MG, Ribeirão Preto/SP, São Paulo e São Bernardo do Campo no estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói no estado do Rio de Janeiro, Florianópolis/SC e Porto Alegre/RS. Todas as pessoas entrevistadas são formadas em psicologia – mesmo considerando uma entrevistada formada primeiramente em enfermagem. No quesito formação, há época da realização das entrevistas, 8 possuem doutorado, 7 possuem como título máximo a especialização, 2 possuem mestrado e 3 mantiveram a graduação.
Conclusões/Considerações
A pandemia de Covid-19 impulsionou o acompanhamento terapêutico (AT) para o online, exigindo flexibilidade e criatividade dos profissionais para manter o vínculo. No pós-pandemia, um modelo híbrido surgiu, combinando atendimentos presenciais e virtuais. Essa experiência destacou a resiliência do AT e a necessidade de políticas públicas que integrem e valorizem esse cuidado essencial em saúde mental, com foco em vulnerabilidades e um cuidado humanizado.
POLÍTICAS DE DROGAS: ALINHAMENTO COM DIREITOS HUMANOS, REDUÇÃO DE DANOS E SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 USP
2 ABRASME
Apresentação/Introdução
A 68ª Sessão da Comissão de Narcóticos (CND/ONU), órgão responsável para definição de políticas globais sobre drogas, ocorreu em março de 2025 e adotou resoluções de impacto global. Os debates realizados e deliberações apontam os rumos da política de drogas no mundo, incluindo o Brasil. Compreender o cenário permite projetar caminhos para alinhar essa política com uma perspectiva de saúde.
Objetivos
Analisar intersecções de debates e resoluções da 68ª Sessão da CND/ONU e as Diretrizes Internacionais sobre Direitos Humanos e Políticas de Drogas, com ênfase em redução de danos, avaliando alinhamento com uma perspectiva de saúde.
Metodologia
Em pesquisa de caráter exploratório, foi realizada análise documental, considerando: seis resoluções adotadas na 68ª CND/ONU (E/CN.7/2025/L.2, L.3, L.4, L.5, L.6 e L.7); debates realizados em eventos paralelos da 68ª CND/ONU com foco nas discussões sobre redução de danos; e as Diretrizes Internacionais sobre Direitos Humanos e Política de Drogas. A análise buscou identificar se as resoluções e os debates expressam diretrizes de direitos humanos, em particular as propostas de redução de danos, verificando alinhamento com o horizonte de compreensão do problema de drogas como um problema de saúde.
Resultados
Das resoluções, as que expressam diretrizes de direitos humanos e mais se alinham com as perspectivas de redução de danos e saúde são: Promover sistemas nacionais de prevenção do consumo de drogas para crianças e adolescentes (L.2); Promoção da pesquisa sobre intervenções baseadas em evidências para tratamento de transtornos por consumo de estimulantes (L.3). A análise dos eventos paralelos, liderados pela América Latina, mostra uma expansão da ideia de redução de danos, englobando promoção de desenvolvimento alternativo e enfrentamento da violência enquanto práticas de redução de danos; nesses debates é ponto de partida a afirmação do problema de drogas como um problema de saúde pública.
Conclusões/Considerações
Das resoluções observou-se alinhamento pontual com direitos humanos. A inovação na 68º CND/ONU veio de países da América Latina, apoiados pela experiência de Portugal de que o problema de drogas é de saúde pública, com debates sobre redução de danos, enfatizando que uma política de drogas deve ser baseada na afirmação da saúde e na redução das condições de exclusão social e criminalização, criando respostas de direitos para pessoas e comunidades.
ANÁLISE DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E FATORES RELACIONADOS NA POPULAÇÃO DAS CAPITAIS BRASILEIRAS
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
Hoje, a OMS determina que não há dose segura do álcool para consumo, ainda sim, mais de 60% dos adultos ingerem álcool no continente americano. Sabe-se que as características socioeconômicas estão associados a ingesta de álcool, portanto, faz se necessário entender como estas características estão associadas, para se estabelecer metas que atendam o Plano de Ação Global para o Álcool 2022-2030.
Objetivos
Analisar o consumo de bebidas alcoólicas e os fatores associados, segundo sexo na população das capitais brasileiras, no ano de 2023.
Caracterizar o perfil sociodemográfico dos consumidores de bebida alcoólica nas capitais brasileiras, de acordo com o sexo.
Metodologia
Este é um estudo transversal, realizado a partir dos dados do Vigitel 2023. Foram incluídos os participantes que tivessem respondido todas as questões de interesse para o estudo, e excluídas as gestantes. A análise foi estratificada por sexo, tendo como variável dependente o consumo ou não do alcool, e se há consumo abusivo ou não do alcool. As variáveis independentes utilizadas foram faixa etária, raça/cor, estado civil, anos de estudo e estado nutricional. Foram realizadas análises descritivas A hipótese foi testada a partir da regressão logística bivariada.
Resultados
Em ambos os sexos, a população foi composta majoritariamente por pessoas que entre 40 e 49 anos, casados, pardos, que possuem 12 anos ou mais de estudos e estão com sobrepeso.
Em ambos os sexos, possuir mais que 8 anos de estudo, estar com sobrepeso e estar sob um regime de união estável configuram risco para consumir bebidas alcoólicas, e não ser branco caracterizou fator de proteção. Entre homens, estar entre 39 a 59 anos também caracteriza um fator de risco para ser consumidor de bebidas alcoólicas.
No consumo abusivo, a união estável e mais de 8 anos de estudo também estão presentes como fatores de risco em ambos os sexos, e, entre homens, se identificar com a raça/cor preta.
Conclusões/Considerações
O público consumidor de bebidas alcoólicas vem mudando ao longo dos anos, especialmente entre as mulheres. Em estudos anteriores, as mulheres brancas costumavam ser o grupo de menor risco de consumo, em comparação as demais classes raciais, o que não foi observado neste estudo. O estudo reforça a correlação positiva entre anos de estudo e consumo de álcool. O estilo de vida nas capitais pode ser um dos motivos de divergências de outros estudos.
FATORES SOCIOECONÔMICOS ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS ENTRE JOVENS ESTUDANTES DE ENSINO SUPERIOR
Pôster Eletrônico
1 UFPE
Apresentação/Introdução
Os transtornos mentais comuns têm se manifestado com frequência entre jovens universitários, refletindo o impacto de múltiplas pressões vivenciadas nesse período. Fatores como renda familiar, acesso a recursos e desigualdades sociais influenciam diretamente o bem-estar psíquico desses estudantes e podem agravar quadros de sofrimento mental.
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo analisar os fatores socioeconômicos associados à ocorrência de Transtornos mentais comuns entre jovens do ensino superior.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa, realizado com a utilização de banco de dados de uma pesquisa anterior. A amostra será composta por 865 estudantes, maiores de 18 anos, matriculados na modalidade presencial dos cursos técnico e superior do IFPE, campus Recife. Foi utilizado um instrumento com informações sociodemográficas. O sofrimento mental foi identificado por meio do Self-Reporting Questionnaire. A análise ocorreu por meio de estatística descritiva e inferencial. A estatística inferencial foi realizada por meio do Teste Qui-quadrado e exato do Fisher. O valor de p<0,05 foi considerado para fins de significância estatística. Parecer do CEP nº 6.583.179.
Resultados
Da amostral total 36,9% apresentaram suspeita de transtornos mentais comuns (TMC). Dos 865 estudantes que participaram do estudo, apresentaram com idade média de 21,00 anos, variando de 18 a 30 anos, sendo a maioria homens cis (56%), heterossexuais (86,1%), sem compaheiros (89,7%), sem filhos (93,1%), autodeclarados pardos (49,8%). Alegaram não realizar atividades físicas (58,5%) e 66.6% seguem algum tipo de religião. As variáveis identidade de gênero, orientação sexual, companheiro, religião e prática ativida física, mostraram-se possivelmente associadas com a presença de Transtornos Mentais Comuns no público estudado, com p<0,05.
Conclusões/Considerações
Diante da elevada prevalência de transtornos mentais comuns entre os estudantes, torna-se essencial implementar ações de apoio psicossocial nas instituições, promover políticas de inclusão, estimular a prática regular de atividades físicas e criar espaços de acolhimento que respeitem a diversidade. Tais medidas podem contribuir significativamente para a promoção da saúde mental no ambiente acadêmico.
MEMÓRIA CURTA E LONGA DOS PROFESSORES QUE ATUAM NAS ESFERAS FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL DO VALE DO SÃO PATRÍCIO.
Pôster Eletrônico
1 Instituto Federal Goiano, Brasil
2 Instituto Federal Goiano, Brasil.
3 Instituto Federal Goiano, Brasil; Universidade Federal de Goiás, Brasil.
Apresentação/Introdução
A memória é essencial à prática docente e está dividida em curta, na qual é a capacidade de manter informações por um período breve; E de longo prazo, que está associada ao armazenamento duradouro de informações. É importante investigar essas funções devido às possíveis alterações que o excesso de trabalho pode causar na saúde da memória e na qualidade do ensino.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo avaliar os aspectos relacionados a alterações da memória de curto e longo prazo de professores que atuam nas esferas Federal (F), Estadual (E) e Municipal (M) do Vale do São Patrício.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de delineamento transversal, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer nº6.144.987. A amostra foi composta por professores que atuam na educação Federal, Estadual e Municipal do Vale do São Patrício. O instrumento usado foi o Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT), que é comumente utilizado para avaliar as dimensões da memória verbal e da aprendizagem. Dentre as variáveis de memória que foram abordadas estão a memória de curto e longo prazo e para a análise estatística foi utilizado o software Sigma Plot.
Resultados
Na amostra analisada, os resultados do RAVLT indicam que todos os grupos apresentaram melhora da lista A1, que se refere a memória de curto prazo, para A7, que se refere a memória de longo prazo, evidenciando que houve aprendizado verbal na recordação tardia (longo prazo). Na A1, os escores variaram entre 5 e 6 palavras. Já na A7, observou-se aumento significativo na capacidade de recordação, armazenamento e consolidação das informações, com médias entre 8,5 e 10 palavras. Por fim, a amostra composta pela esfera federal (A7-F) obteve o maior desempenho (melhores médias de acerto), embora com maior variabilidade, ou seja, alguns foram muito bem e outros menos.
Conclusões/Considerações
Com base nos dados houve melhora significativa no desempenho dos participantes entre A1 e A7, indicando aprendizagem e consolidação da memória verbal. As instituições (F) indicaram melhor desempenho na A7, porém com maior variabilidade, o que pode indicar uma heterogeneidade no grupo seja por idade ou outro fator. Além disso, as diferenças entre as instituições sugerem que o espaço educacional pode influenciar a performance em tarefas cognitivas.
PROGRAMA DE CONTROLE DO TABAGISMO EM UNIDADES DE SAÚDE: AVALIAÇÃO DE UMA DÉCADA DE INTERVENÇÕES (2007-2017)
Pôster Eletrônico
1 UEA
2 Nilton Lins
3 USP
Apresentação/Introdução
O tabagismo permanece como um dos principais desafios de saúde pública global, sendo reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal causa de morte evitável no mundo. O uso do tabaco está enraizado na sociedade, sendo alvo de diversos debates nas últimas décadas. Atualmente, é considerada a principal causa de morte evitável e possui um intenso impacto socioeconômico.
Objetivos
Avaliar a efetividade do Programa de Controle do Tabagismo nas modalidades de terapia cognitivo-comportamental e apoio medicamentoso em unidades de saúde de Manaus-AM.
Metodologia
Estudo observacional, analítico, retrospectivo sobre o tratamento para cessação do tabagismo. Foram analisados dados secundários de 1.764 pacientes atendidos pelo programa nas unidades de saúde de Manaus-AM entre 2007 e 2017. Variáveis estudadas incluíram características individuais, grau de dependência à nicotina, modalidade terapêutica e desfechos clínicos. A partir dos dados foram construídas tabelas de frequência bruta e relativa. Na análise estatística, em modelo simples, estimaram-se os valores das razões de prevalência e respectivos intervalos de 95% de confiança entre o desfecho e as variáveis independentes por meio de análise de regressão de Poisson com variância robusta.
Resultados
Dos 1.764 participantes, 55,73% eram do sexo feminino, 53,68% tinham entre 40-59 anos e 51,07% apresentavam dependência nicotínica elevada/muito elevada. Medicamentos foram utilizados por 61,90% dos pacientes, com predominância do adesivo transdérmico associado à bupropiona (36,54%). Comparando-se as faixas etárias, os adultos jovens (18 a 29 anos) apresentam maior dificuldade de cessar o uso do tabaco. Todos os medicamentos demonstraram associação significativa com a cessação do uso do tabaco, os melhores resultados foram observados com a tripla terapia adesivo+goma+bupropiona. Não foram encontradas associações estatisticamente significativas com o sexo e os resultados do teste Fargestrom.
Conclusões/Considerações
O programa demonstrou efetividade moderada, observando taxas de cessação com bons resultados independente do grau de dependência e tipo de medicação utilizada. As elevadas taxas de abandono e baixa participação nas sessões de manutenção representam desafios importantes que necessitam ser abordados para aumentar a efetividade do programa. Os resultados sugerem a necessidade de uma abordagem específica aos pacientes mais jovens.
PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMARIA E OS NÍVEIS DE PRONTIDÃO ORGANIZACIONAL PARA IMPLEMENTAÇÃO DO RASTREIO E INTERVENÇÃO BREVE PARA O USO DO ÁLCOOL
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
2 USP
3 UFMT
Apresentação/Introdução
O consumo de bebidas alcoólicas traz diversas consequências negativas, físicas e sociais. A OMS recomenda o rastreio com instrumentos validados e a oferta de Intervenção Breve (IB), estratégia incluída na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil. A prontidão organizacional para mudanças foca no comportamento de forma coletiva, o que pode oferecer novas perspectivas na implementação.
Objetivos
Avaliar os níveis de prontidão organizacional para a implementação do rastreio e intervenção breve para o uso do álcool entre os profissionais de saúde dos serviços da Atenção Primária
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal descritivo, realizado na APS em uma cidade do interior de São Paulo, com amostra composta por profissionais de saúde. Foram utilizados os seguintes instrumentos: questionário sociodemográfico e profissional, e o questionário sobre prontidão organizacional (ORIC-Br). Os dados foram avaliados através do programa Stata 18.
Resultados
Participaram nove serviços da APS e 176 profissionais de saúde, do sexo feminino (82,4%, n=145), com idade média de 39,9 anos (DP=9,4). Quanto à formação, 55,1% (n=97) possuíam graduação ou pós-graduação, e 46,6% (n=82) atuavam em nível técnico; 51,7% (n=91) na Estratégia Saúde da Família (ESF). Verificou-se que 65,3% dos profissionais de saúde apresentaram média de 3,42 (DP=1,1) para a prontidão organizacional para implementação da mudança. A maioria (64%, n=113) concordou com a afirmação Q11, expressando confiança na capacidade de administrar a política de mudança. Entretanto, apenas 48,9% (n=86) concordaram com a Q5, que avalia a disposição pessoal para implementar a mudança.
Conclusões/Considerações
Os profissionais de saúde que atuam na APS apresentam níveis de prontidão organizacional considerados baixos pela literatura que recomenda o mínimo de 4 pontos. Indicando a necessidade da realização de um planejamento de ações, como capacitação, para que a implementação da mudança seja viabilizada e percebida como fator positivo na oferta do cuidado.
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ÁLCOOL E A INSEGURANÇA ALIMENTAR ENTRE USUÁRIOS DE RESTAURANTES POPULARES DE BELO HORIZONTE (MG)
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional (IAN) está frequentemente associada a diversos fatores socioeconômicos e comportamentais, incluindo o uso de substâncias como o álcool. O álcool compromete a nutrição e agrava riscos à saúde. Estudar esse hábito em usuários dos restaurantes populares ajuda a traçar perfis, apoiar políticas públicas e avaliar a efetividade do programa social.
Objetivos
Analisar a associação entre o consumo de álcool e o nível de insegurança alimentar entre usuários de Restaurantes Populares de Belo Horizonte, MG.
Metodologia
Estudo transversal realizado com usuários dos Restaurantes Populares (RP) de Belo Horizonte. Os 373 participantes foram selecionados por amostragem aleatória estratificada, de acordo com sexo, idade e unidade do RP. Aplicou-se um questionário estruturado, por meio de entrevistas presenciais, contendo informações socioeconômicas e de saúde, incluindo o consumo de bebidas alcoólicas mais de cinco vezes por semana, além da situação domiciliar de segurança alimentar e nutricional (SAN). As análises foram realizadas utilizando os programas estatísticos SPSS (versão 20.0) e Stata (versão 12.0), com descrição das variáveis. O estudo aprovado pelo Comitê de Ética sob o número 68126523.2.0000.5149.
Resultados
Entre os 373 participantes, foi identificada associação estatisticamente significativa entre consumo de álcool e nível de segurança alimentar, conforme teste qui-quadrado de Pearson (χ² = 13,83; p = 0,001). A proporção de consumidores de álcool aumentou progressivamente com o agravamento da insegurança alimentar e nutricional (IAN). No grupo com segurança alimentar, 29% (55/191) consumiam álcool; no grupo com IAN leve, 38% (26/68); e no grupo com IAN moderada a grave, 50% (57/114) consumiam álcool, indicando maior consumo em contextos de maior vulnerabilidade alimentar.
Conclusões/Considerações
Os achados sugerem que o consumo de álcool é mais frequente entre indivíduos em maior situação de insegurança alimentar. Essa relação reforça a importância de considerar o uso de substâncias nas estratégias de enfrentamento da IAN, especialmente em populações vulneráveis atendidas por políticas públicas de segurança alimentar.
O IMPACTO DA VIOLÊNCIA SEXUAL DIGITAL: UMA REVISÃO SOBRE GÊNEROS, SEXUALIDADE E SAÚDE MENTAL
Pôster Eletrônico
1 EMED/UFOP
Apresentação/Introdução
A violência sexual digital (VSD) representa uma forma emergente de agressão mediada por tecnologias, representada, por exemplo, por divulgação não consensual de imagens sexuais. A VSD associa-se a impactos psíquicos importantes, os quais afetam de modo desproporcional diferentes grupos populacionais. Este estudo busca compreender essas disparidades à luz da saúde mental.
Objetivos
Analisar os impactos psíquicos da violência sexual digital e suas disparidades, segundo gênero, idade e orientação sexual, com foco nos efeitos sobre a saúde mental das populações vulnerabilizadas.
Metodologia
Esta revisão integrativa constitui um recorte de uma revisão sistemática em andamento, conduzida segundo os critérios PRISMA 2020. Foi realizada uma busca estruturada nas bases PubMed, PsycInfo, Scopus, Cochrane, Medline, Embase e Web of Science, utilizando descritores como“digital”, “sextortion”, “revenge porn”, “cyberstalking”, “mental health” e “suicidality”. Dos 9029 estudos identificados, 22 foram selecionados para esse estudo. Foram excluídas revisões, meta-análises, relatos de caso, capítulos de livros, artigos sem desfechos psíquicos ou sem caracterização das vítimas por gênero, idade ou orientação sexual, bem como textos não publicados em português ou inglês.
Resultados
As formas de VSD analisadas, como sexting não consensual e divulgação de imagens íntimas, geram sofrimento psíquico expressivo, com frequente desenvolvimento e agravamento de transtornos mentais, principalmente em minorias sociais. Mulheres cisgênero apresentam o dobro do risco de desenvolverem depressão comparadas a homens cis, ao passo que pessoas LGBTQIA+ têm maiores riscos de vitimização (10,45% vs. 4,5%) e de posterior ideação suicida (48% vs. 13%). Entre adolescentes vitimizados, 36,8% dos agressores eram parceiros e há recorrentes relatos de ansiedade, isolamento e uso de substâncias. Percebe-se que tal impacto se agrava com a estigmatização e negligência institucional.
Conclusões/Considerações
A VSD constitui grave ameaça à saúde mental, afetando de modo desproporcional minorias sociais, principalmente mulheres e membros da comunidade LGBTQIA+. Dessa forma, ações públicas e institucionais devem promover educação digital, responsabilização de agressores e acolhimento humanizado, com reconhecimento dos marcadores sociais de vulnerabilidade.
ESTILO DE VIDA E SAÚDE MENTAL DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DURANTE PERÍODOS DE TESTES ACADÊMICOS
Pôster Eletrônico
1 UEG (Univ. Estadual de Goiás); Unicerrado (Centro Universitário de Goiatuba)
2 Unicerrado (Centro Universitário de Goiatuba)
3 Universidade Evangélica de Goiás - Anápolis
4 UFG- Univ. Federal de Goiás
5 Intituto Federal Goiano - Campus Ceres
Apresentação/Introdução
Estudantes universitários são suscetíveis a níveis aumentados de estresse e ansiedade. A jornada de estudos diante dos períodos de exames acadêmicos normalmente acentua tais condições perturbadoras da saúde mental, comprometendo ainda o estilo de vida (EV). Dentre os domínios ligados ao EV destacam-se atividade física, alimentação, sono, uso de álcool e/ou fumo, relações sociais.
Objetivos
Verificar a associação de sintomas de estresse e ansiedade, com o EV em universitários, comparando-se períodos de testes acadêmicos x sem testes.
Metodologia
A amostra envolveu 146 estudantes de medicina (98 do sexo feminino e 48 masculino) de uma universidade municipal do sul do estado de Goiás, os quais responderam os questionários “Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS -21) ” e o “Estilo de Vida Fantástico”, ambos validados e aplicáveis à população adulta brasileira. A coleta ocorreu em dois momentos distintos e alternados aleatoriamente, constituindo-se um grupo de alunos entrevistados em período de semanas de avaliações bimestrais (n=80) e outro grupo fora dos períodos de avaliações (n=66), para critérios comparativos.
Resultados
Ao todo (n = 146) encontrou-se considerável prevalência de sintomas de estresse e ansiedade (62,65% e 67%), respectivamente, para níveis moderados a muito severos. Houve aumento significativo (p < 0,05) de estresse e ansiedade em períodos de avaliações em comparação às semanas sem aplicações de testes acadêmicos, com fortes correlações negativas (r de Sperman) para estas variáveis de saúde mental e o EV nesses momentos de testes. Domínios de EV mais comprometidos nas semanas de provas foram a qualidade do sono, a alimentação, nível de atividade física, uso de cigarro e piora de aspectos comportamentais como sentimento de tensão e tristeza.
Conclusões/Considerações
Existe alta prevalência de sintomas de estresse e ansiedade em estudantes de medicina, sendo que tais perturbações são fortemente acentuadas em semanas de provas (testes acadêmicos), resultando ainda em piora do EV desta população. Sugere-se implemento de ações no ambiente acadêmico a fim de minimizar os níveis aumentados de ansiedade e estresse dos alunos, bem como para melhora do seu EV, especialmente em períodos de avaliações.
O QUE QUEREM AS MULHERES - MÃES USUÁRIAS DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E DROGAS
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
Tradicionalmente, a mulher não foi vista como protagonista no uso de drogas, gerando sua invisibilidade e agravando sua saúde (Nascimento, Oliveira e Souza, 2013). Escutar essas mulheres é crucial para construir narrativas e políticas de cuidado que rompam o silenciamento sistemático desse grupo (Queiroz e Prado, 2017).
Objetivos
Avaliar as percepções e as necessidades de mulheres – mães usuárias quanto ao cuidado em saúde ofertado em um Centro de Atenção Psicossocial AD do Município de Campinas – SP.
Metodologia
A pesquisadora integrou um Grupo de Mulheres em um CAPS-AD de Campinas, realizando uma roda de conversa sobre acesso e cuidado, complementada por uma atividade de colagem para expressão artística (CAMARGO et al., 2023). A arte facilita a exposição de subjetividades de forma direta (Reis, 2014). Os dados das rodas foram analisados pela Análise de Conteúdo, que sistematiza e categoriza discursos para compreender sentidos e significados (VALLE; LIMA, 2017). A pesquisa ocorreu em um contexto de fragilidade da RAPS de Campinas, com impasses na renovação do convênio diante a inviabilidade econômica para o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira manter a assistência.
Resultados
A análise das rodas de conversa com mulheres usuárias de um CAPS-AD em Campinas revelou que a maternidade não se configura como uma barreira para o acesso e efetividade do cuidado oferecido pelo serviço. As participantes destacaram, contudo, a urgência de desconstruir o paradigma da mulher usuária de álcool e outras drogas. O estigma vivenciado em diversos pontos da RAPS impacta negativamente o acesso delas ao tratamento. Outras questões importantes levantadas pelas mulheres incluem a escassez de atividades terapêuticas que considerem seus horários de trabalho, a necessidade de apoio para oficinas profissionalizantes e a preocupação com a segurança dentro do próprio serviço.
Conclusões/Considerações
O Grupo de Mulheres em CAPS-AD é crucial para o cuidado de usuárias de álcool e outras drogas, funcionando como um espaço protetivo em serviços predominantemente masculinos. Contudo, é vital fortalecer e ampliar essa oferta. A insegurança relatada pelas participantes indica a necessidade de repensar o modelo de serviço ofertado, priorizando a equidade e integralidade do cuidado para mulheres.
O LUGAR DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO NO SERTÃO DO PAJEÚ: UMA ANÁLISE DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DA XI REGIÃO DE SAÚDE DE PERNAMBUCO.
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ PE
2 UPE
Apresentação/Introdução
A pesquisa é fruto da experiência da autora como residente no Sertão Pernambucano, a partir da inserção na Rede de Atenção Psicossocial, em um território que coexiste um Hospital Filantrópico Psiquiátrico. O estudo é guiado pelo ideário da Luta Antimanicomial e da Redução de Danos, por isso a existência deste equipamento gera inquietude profissional e política, que produz o relato de pesquisa.
Objetivos
Geral: Analisar a relação entre a RAPS da XI Região de Saúde e o Hospital Psiquiátrico.
Específicos: Contextualizar a existência do Hospital Psiquiátrico em Serra Talhada; Discutir o atual desenho da RAPS na região; Identificar Resoluções CIB sobre a RAPS.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa documental através do Plano Estadual de Saúde (2020-2023), do Mapa da Saúde (2020) e das Atas CIB no que tange os serviços de saúde mental referentes a XI Região de Saúde. É de natureza qualitativa e foi utilizado também o Diário de Campo, que foi alimentado durante o percurso de 2 (dois) anos, e reafirma que o processo de pesquisa foi imbricado às vivências da autora na XI Região de Saúde, especialmente nas experiências vivenciadas na RAPS. Ademais, foi realizada uma revisão bibliográfica com as produções teóricas sobre interiorização da Rede de Atenção Psicossocial e especialmente, a historicidade do território.
Resultados
Foram avaliadas as Resoluções CIB do ano de 2014 a 2022, tempo escolhido devido a implantação da RAPS na XI Região, e as pactuações relacionadas à RAPS foram 13 (treze) no total. Identifica-se a discrepância o que foi pactuado e executado, que influencia no enfraquecimento da RAPS em conjunto com o subfinanciamento do SUS. Ademais, constata-se que a existência e manutenção de um Hospital Psiquiátrico, influencia na dificuldade da rede em ser ampliada por considerar o espaço como uma possibilidade de cuidado. Demonstra-se também a necessidade da melhoria dos dispositivos para atenção à crise, como os Serviços de Urgência e Emergência e com a oferta e aprimoramento dos Leitos Integrais.
Conclusões/Considerações
O estudo existe por questionamentos abertos sobre o diálogo entre a RAPS na XI Região de Saúde, as intervenções da Gerência de Saúde Mental na construção desta e sobre como os serviços enxergam a existência do Hospital Psiquiátrico. Mas, compreende que o Hospital Psiquiátrico afeta a Rede, por se manter como uma possibilidade de “cuidado” e enfraquece as possibilidades dos serviços de dialogarem e intervirem nos momentos de agudização da crise.
RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA E INDICADORES DE SAÚDE MENTAL EM UNIVERSITÁRIOS
Pôster Eletrônico
1 UEG (Univ. Estadual de Goiás); Unicerrado (Centro Universitário de Goiatuba)
2 UFG - Univ. Federal de Goiás
3 UFG - Univ. Fderal de Goiás
4 Instituto Federal Goiano - Campus Ceres
5 Unicerrado - Centro Univ. de Goiatuba
6 Unievangélica - Campus Anápolis
7 UEG (Univ. Estadual de Goiás) - Unid. Univ. de Itumbiara
Apresentação/Introdução
Parte da população com mais de 17 anos não atinge os níveis mínimos de atividade física recomendados. Entre universitários, observa-se padrão semelhante, com aumento do comportamento sedentário, agravado pelo uso excessivo de dispositivos eletrônicos e por fatores externos que afetam a saúde física e mental.
Objetivos
Este estudo teve como propósito investigar o nível de atividade física, bem como os obstáculos à sua prática, relacionando esses fatores à saúde mental e à qualidade de vida de estudantes universitários.
Metodologia
Realizou-se uma pesquisa observacional, de natureza descritiva e corte transversal, utilizando um questionário sociodemográfico e dois instrumentos validados. A prática de atividade física foi avaliada por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), enquanto a percepção de barreiras à prática foi mensurada separadamente. Para avaliar a saúde mental, aplicou-se a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD), que identifica níveis de sintomas de ansiedade e depressão. A amostra foi composta por 234 estudantes provenientes de quatro instituições de ensino superior.
Resultados
Após a análise dos dados, observou-se que 74,79% (n=175) dos estudantes não atingem os 150 minutos semanais recomendados de AF, sendo classificados como sedentários ou irregularmente ativos. As barreiras mais citadas foram jornada de trabalho, afazeres domésticos e falta de energia. Musculação foi a prática mais comum, muitas vezes associada a outras atividades. Pela escala HAD, 44,87% (n=105) apresentaram indícios de ansiedade e 37,60% (n=88) de sintomas depressivos. A correlação bivariada de Pearson indicou associação significativa (p < 0,01) entre maior tempo semanal de AF e menores níveis de ansiedade (r = -0,78) e depressão (r = -0,81).
Conclusões/Considerações
Grande parte dos universitários analisados apresenta comportamento sedentário, influenciado por diversas barreiras que dificultam a prática regular de AF, como falta de tempo, energia e compromissos acadêmicos e pessoais. Além disso, observou-se que indivíduos com menor nível de atividade física apresentam escores piores relacionados à saúde mental, reforçando a importância de promover hábitos ativos para melhorar o bem-estar psicológico.
ANSIEDADE EM ESTUDANTES DE MEDICINA: UMA ANÁLISE DO IDATE-TRAÇO POR MODELAGEM DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Apresentação/Introdução
Estudantes de medicina estão expostos a altos níveis de estresse e ansiedade. O IDATE-T é amplamente utilizado para mensurar ansiedade traço, mas poucos estudos exploram sua estrutura fatorial nessa população. Avaliar sua validade pode aprimorar o rastreio e o cuidado em saúde mental no contexto universitário.
Objetivos
Avaliar as dimensões e fatores do IDATE-traço que mais contribuem para a ansiedade nos estudantes de medicina através de modelagem de equações estruturais a partir de uma pesquisa de prevalência de ansiedade.
Metodologia
Trata-se de uma análise quantitativa, transversal, individual, vinculada a uma pesquisa sobre ansiedade em estudantes de medicina da UFPB. A coleta de dados ocorreu entre outubro de 2022 e fevereiro de 2023. Foi realizada análise fatorial exploratória no SPSS, seguida por modelagem de equações estruturais no AMOS, com análise confirmatória do modelo. Foram utilizados RMSEA, índice de parcimônia e indicadores globais de ajuste. A significância adotada foi de 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFPB (CAAE: 67137423.2.0000.5188).
Resultados
A modelagem de equações estruturais, realizada após análise fatorial exploratória, identificou três construtos latentes: Bem-estar e Felicidade (11 variáveis), Preocupações (6) e Decisão e Confiança (3). O modelo apresentou bons índices de ajuste (RMSEA = 0,055; CFI = 0,942; TLI = 0,931; SRMR = 0,063; χ²/gl = 2,16) e correlação entre os construtos. A confiabilidade foi satisfatória (α = 0,91; 0,86; 0,81, respectivamente). A dimensão Preocupações teve a maior carga fatorial média (0,48), com destaque para o item “Sinto-me inseguro(a)” (0,78), seguido por Bem-estar e Felicidade (0,39) e Decisão e Confiança (0,31).
Conclusões/Considerações
A modelagem de equações estruturais revelou três dimensões do IDATE, destacando “Preocupações” como central na compreensão da ansiedade em estudantes de medicina. A variável “Sinto-me inseguro(a)” teve maior contribuição fatorial, indicando sua relevância. Os achados abrem caminhos para aprofundar o estudo da ansiedade nesse público.
USO DE REDES SOCIAIS E SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO BRASILEIRO: ASSOCIAÇÕES ENTRE O TEMPO DE USO E DESFECHOS EM SAÚDE MENTAL
Pôster Eletrônico
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A saúde mental tem sido profundamente impactada pelas transformações sociais contemporâneas, a exemplo da pandemia da COVID-19, onde o uso excessivo das redes sociais tornou-se um fator de agravo para essa condição, sobretudo entre jovens e populações em situação de vulnerabilidade, onde desigualdades estruturais acentuam os riscos e limitam o acesso ao cuidado.
Objetivos
Analisar a associação entre tempo de uso das redes sociais e desfechos em saúde mental, com foco na Depressão, Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG) e Transtorno Mental Comum (TMC)
Metodologia
Estudo transversal de base populacional, com amostra probabilística de 3.872 indivíduos (≥15 anos), residentes em área urbana do interior da Bahia. Os dados foram coletados entre 2022-2023 por questionário estruturado, utilizando os instrumentos Self Report Questionnaire (SRQ-20), Patient Health Questionnaire (PHQ-9) e Generalized Anxiety Disorder (GAD-7) para avaliar, respectivamente, TMC, depressão e TAG. As associações entre tempo de uso de redes sociais e os desfechos foram analisadas por: 1) correlação de Spearman entre horas diárias e escores dos instrumentos; e 2) regressão logística binária para o uso excessivo (≥5h/dia) e presença dos desfechos, ajustada para covariáveis.
Resultados
A média de idade dessa população é de 50,7 anos (dp: 18,6) e 70% eram mulheres, com média de 2,8 horas diárias de uso de redes sociais, com 15,63% apresentando uso excessivo. As prevalências de TMC, TAG e depressão foram de 26,3%, 7,6% e 5,5%. Correlações positivas e significantes foram observadas entre tempo de uso de redes sociais e todos os desfechos avaliados: TMC(r) = 0,049, p <0,01), depressão (r = 0,070, p < 0,01) e TAG (r = 0,107, p < 0,01). Considerando os desfechos dicotômicos, aqueles com uso excessivo de redes sociais apresentaram maior prevalência de TAG (RP = 1,69; IC95%: 1,22–2,34), de depressão (RP = 1,53; IC95%: 1,02–2,3,) e de TMC (RP = 1,21; IC95%: 1,02–1,44).
Conclusões/Considerações
Este estudo traz evidências de que aqueles que passam mais tempo nas redes sociais apresentam piores condições de saúde mental, destacando o papel deste fator como adoecedor, especialmente entre grupos vulneráveis marcados por desigualdades sociais. Algumas estratégias de intervenção já têm sido implementadas, principalmente para os jovens, entretanto há necessidade de pesquisas futuras e intervenções direcionadas para toda a população.
REFORMA PSIQUIATRICA NO BRASIL: OS DESAFIOS DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UFSCar
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa analisa as políticas públicas de saúde mental, por meio das experiências das estratégias de desinstitucionalização das pessoas egressas dos hospitais psiquiátricos. Buscamos diálogos em torno das práticas de cuidado e saberes no âmbito do processo de saúde-adoecimento, as mudanças política-institucionais para serviços mais humanizados, problematizações das (re)produções manicomiais.
Objetivos
Almejamos contribuir com o eixo temático, diante do arcabouço teórico da Saúde Coletiva articulando debates sobre a desinstitucionalização, lutas por reconhecimento de políticas e insurgências contra a práticas manicomiais no cotidiano dos serviços.
Metodologia
Trata-se de um estudo etnográfico realizado no Serviço Residencial Terapêutico em São Paulo e entrevistas semiestruturadas com os trabalhadores, através de um olhar acerca das práticas de cuidado em interseccionalidade com gênero e raça.
Resultados
o Brasil, o modelo manicomial produziu privação de liberdade, estigmatização, controle e exclusão da loucura na vida social por meio do isolamento terapêutico. Atualmente, o protagonismo do movimento antimanicomial ainda é crucial críticas à psiquiatrização, como diagnósticos e subjetivação. Os dados foram sistematizados por meio da Análise de Conteúdo (Bardin, 2016), dando ênfase em discursos das vivências do sofrimento psíquico e resistências. Assim, abordaremos três eixos: 1- Percepções das práticas de cuidado por meio de subjetividades, afetos, escuta e relações socioculturais; 2- Os itinerários possíveis para a mobilidade urbana das pessoas em processo de desinstitucionalização.
Conclusões/Considerações
Conclui-se a existência de um movimento de (re)manicomialização das políticas sociais mediante o retorno das instituições privativas de liberdade e cuidado à saúde sob hegemonia neoliberal, e os impactos da superação da lógica manicomial na Rede de Atenção Psicossocial e as disputas, conflitos e negociações política para a garantia de direito fundamentais como inclusão pelo trabalho, educação e movimentos artísticos e culturais.
MUDANÇAS NO PADRÃO DE CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS PELOS BRASILEIROS ENTRE 2013 E 2019: DADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A exposição ao uso de álcool, em termos epidemiológicos, é considerada um fator que pode influenciar o desenvolvimento de diferentes agravos à saúde dependendo da frequência e das quantidades consumidas. Para a prevenção de agravos e o monitoramento de fatores de risco no campo da saúde pública, torna-se fundamental o reconhecimento dos padrões de consumo de álcool na população brasileira.
Objetivos
O presente estudo teve o objetivo de descrever mudanças no padrão de consumo de bebidas alcoólicas na população brasileira, entre os anos de 2013 e 2019 a partir dos dados das duas edições da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).
Metodologia
O tamanho das amostras em 2013 e 2019 foram de 60.202 e 88.943 indivíduos de 18 anos ou mais, respectivamente. Foram estimadas as prevalências de três indicadores marcadores do padrão de consumo de bebidas alcoólicas (consumo abusivo episódico de álcool (CAE), consumo regular de álcool (CR) e beber e dirigir (BD)) segundo variáveis socioeconômicas e de localização geográfica. Foram calculados intervalos de 95% de confiança levando-se em consideração o desenho amostral complexo. A comparação das estimativas entre as edições da PNS foi realizada a partir do teste t de Student para amostras independentes ao nível de significância de 5%.
Resultados
Foi observado um aumento na prevalência do CAE entre 2013 e 2019 (2013:13,6% IC:13,1-14,2; 2019:17,1% IC:16,6-17,6). De modo geral, houve diminuição na prevalência do CR (2013:2,7% IC:2,4-2,9; 2019:2,5% IC:2,3-2,7), mas, em sua maioria, sem diferenças estatisticamente significativas. Houve diminuição das prevalências do BD (2013:24,4% IC:22,7-26,0; 2019:17,0% IC:16,1-18,0). Foram observados estratos socioeconômicos e de localizações geográficas diferentes entre os tipos de padrões de consumo. CAE entre homens, jovens, pretos e de baixa escolaridade. CR entre homens, de 45 anos ou mais, brancos, de escolaridade média. BD entre homens, jovens de 25 a 29 anos, pardos e de baixa escolaridade.
Conclusões/Considerações
O estudo demonstrou que apesar da diminuição do consumo nos padrões CR e BD, altas prevalências de CAE e BD ainda são encontradas e que atingem subgrupos distintos da população brasileira contribuindo para a elaboração de políticas e programas de saúde direcionados e mais eficazes. E a análise de tendência temporal dos padrões de consumo evidencia a eficiência ou não de ações já implementadas, dando oportunidade de adaptações e mudanças futuras.
FATORES ASSOCIADOS À TRISTEZA FREQUENTE EM ADOLESCENTES ESCOLARES: UMA ANÁLISE DOS DADOS DA PENSE 2019
Pôster Eletrônico
1 UFPI
Apresentação/Introdução
A tristeza frequente em adolescentes é uma condição emocional que pode afetar o
rendimento escolar, as relações sociais e o bem-estar geral. Dados apontam um aumento
nos indicadores de sofrimento psíquico nessa faixa etária. Compreender os fatores
associados a essa tristeza é fundamental para embasar políticas públicas de saúde mental
voltadas para jovens em idade escolar.
Objetivos
Investigar a associação entre tristeza frequente e características como sexo,
cor/raça e idade escolar de adolescentes, utilizando dados secundários da Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019.
Metodologia
Estudo transversal, com base em dados da PeNSE 2019. Foram incluídos 154.352
adolescentes com respostas válidas à pergunta sobre frequência de sentimentos de
tristeza. A variável dependente foi dicotomizada em "nunca/raramente triste" e "quase
sempre/sempre triste". As variáveis independentes foram sexo, idade e cor/raça. A análise
foi realizada no SPSS, por regressão logística binária, com nível de significância de 5%.
O modelo foi avaliado por testes de ajuste (Hosmer e Lemeshow), poder preditivo e
coeficientes de razão de chances (OR), com intervalo de confiança de 95%.
Resultados
O modelo de regressão logística foi significativo (p < 0,001), embora com baixo
poder explicativo (R² de Nagelkerke = 0,097). Adolescentes do sexo feminino
apresentaram probabilidade 3,2 vezes maior de relatar tristeza frequente (OR=3,211). A
idade mostrou relação positiva (OR=1,069), indicando que quanto mais velhos, maior a
chance de tristeza. A variável cor/raça teve efeito discreto (OR=0,925), com adolescentes
de outras cores apresentando ligeira redução na chance de tristeza. Apesar da boa
classificação dos casos "não tristes", o modelo apresentou baixa sensibilidade para
identificar os adolescentes com tristeza frequente.
Conclusões/Considerações
A tristeza frequente em adolescentes mostrou associação significativa com sexo e
idade, sendo mais prevalente entre meninas e adolescentes mais velhos. A análise reforça
a necessidade de estratégias específicas de saúde mental no ambiente escolar, com
atenção especial ao recorte de gênero. O uso de dados da PeNSE mostra-se eficaz para
subsidiar políticas públicas voltadas à saúde emocional de adolescentes.
O CUIDADO PRESTADO CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) DE CURITIBA A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA ANTIMANICOMIAL E DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Paraná (UFPR)
2 Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila)
Apresentação/Introdução
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no Brasil têm papel na desinstitucionalização e na redefinição do tratamento oferecido às pessoas com transtornos mentais, sendo constituída por um conjunto articulado e integrado de diferentes porntos de atenção para atender pessoas em sofrimento psíquico. As contribuições teóricas de autores antimanicomiais podemo favorecer a Rede em seus objetivos
Objetivos
Interpretar de maneira crítica as posturas e atitudes tomadas na Rede de Atenção Psicossocial de Curitiba a partir da leitura de clássicos da medicina social, psicologia e psiquiatria antimanicomial.
Metodologia
Trata-se de um ensaio analítico construído a partir de vivências em campo na rede de atenção psicossocial de Curitiba-Paraná, mais especificamente os Centros De Atenção Psicossocial, articuladas com literatura científica, fundamentalmente de estudos da psicologia social e antimanicomial, a se destacarem Ignácio Martin Baró (1942-1989), Franco Basaglia (1924-1980) e estudiosos da reforma psiquiátrica e desinstitucionalização.
Resultados
A observação da realidade, sendo um processo científico, deve ser orientada pela teoria, permitindo sua interpretação. Essa interpretação possibilitou delimitar fatores críticos, condicionantes e potencialidades da RAPS. Entre os fatores críticos, destaca-se a persistência de práticas manicomiais, como contenções que evidenciam assimetrias entre profissionais e usuários, e a lógica econômica que reforça essa estrutura, como no caso da hibridização dos CAPS em Curitiba. As condicionantes revelam o risco de se manter essa lógica, mas também apontam potencial para uma rede integral que promova a reinserção social do usuário.
Conclusões/Considerações
Os CAPS de Curitiba, expressão institucional da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), mostraram-se um objeto importante na análise das ações de promoção da saúde mental no Sistema Único de Saúde. Como fruto da luta do movimento antimanicomial, destacar essa leitura nesse ambiente é fundamental para que cumpra sua lógica de promover respeito e valorização a dignidade humana .
PRESENÇAS E AUSÊNCIAS DA REDUÇÃO DE DANOS NA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA DO DISTRITO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 Universidade de Brasília - UnB
Apresentação/Introdução
A Lei 13.840/2019 reforça o proibicionismo, priorizando a abstinência e ignorando a Redução de Danos (RD). Soma-se a isso o avanço da Contrarreforma Psiquiátrica, com o sucateamento da RAPS e o financiamento de Comunidades Terapêuticas, expressão máxima do manicômio na atualidade. É urgente repensar a formação em psicologia e seu papel na superação desses paradigmas.
Objetivos
Analisar como a RD é abordada na formação em Psicologia no Distrito Federal (DF); Identificar presenças e ausências da RD nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) do DF; e Investigar as concepções e os sentidos da RD nos cursos de Psicologia do DF.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa documental, exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa. O corpus foi composto pelos PPCs de cursos de Psicologia do DF. Das 16 instituições ativas, apenas oito disponibilizaram os documentos: UnB, UCB, UniCEUB, CCI, Anhanguera, FBr, UniProjeção e UNINASSAU. Inicialmente, identificou-se quais cursos citam a RD; em seguida, analisaram-se os sentidos atribuídos à RD, ao tema Álcool e Drogas e suas abordagens na formação. A análise dos dados preliminares seguiu a Análise de Conteúdo temática, com três etapas: (1) pré-análise, (2) exploração do material e (3) interpretação dos resultados.
Resultados
A dificuldade de acesso aos PPCs foi um dado relevante: apenas sete (43,75%) estavam disponíveis. A análise revelou cinco eixos: (1) Sentido das Drogas – com hegemonia biomédica; (2) Redução de Danos – citada por quatro instituições, de forma descontextualizada; (3) Referências – bibliografias majoritariamente psiquiátricas; (4) Psicologia x Drogas – domínio da abordagem cognitivo-comportamental; (5) Contexto de Formação – voltado aos contextos infanto-juvenil, indígena, do trabalho e familiar. A análise mostra que os PPCs reforçam saberes hegemônicos e o paradigma médico-jurídico, revelando que a limitação vai além da falta de conteúdo, envolvendo fatores ideológicos, políticos e sociais.
Conclusões/Considerações
Observou-se mais ausências do que presenças do tema das drogas e da RD na formação em Psicologia no DF. Quando presente, a RD é tratada como técnica, o que reduz sua potência enquanto perspectiva ético-política de práxis. É necessário aprofundar pesquisas sobre a formação, considerando toda a cadeia formativa (coordenação, docentes, discentes e componentes), para compreender de forma contextualizada como o tema é abordado
ARTE TAMBÉM É SAÚDE: AS OFICINAS EXPRESSIVAS E A UTILIZAÇÃO DA ARTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CAPS-AD
Pôster Eletrônico
1 PUC-SP
Apresentação/Introdução
Este trabalho parte da compreensão de que os usuários dos CAPS AD enfrentam cotidianamente estigmas, exclusão social e falta de acesso a direitos. Nesse cenário, as Oficinas Expressivas se utilizam da arte como uma estratégia sensível, ética e política, capaz de promover escuta, acolhimento e ressignificação da subjetividade, se alinhando aos princípios da Reforma Psiquiátrica.
Objetivos
O objetivo é compreender como a arte se insere nos recursos terapêuticos no cuidado em saúde mental, explorando o papel de resistência da arte de usuários do CAPS AD frente a situações de estigmatização e opressão.
Metodologia
A metodologia consiste numa revisão bibliográfica e no Relato de Experiência com base no estágio realizado no CAPS AD. Essa abordagem, conforme Mussi, Flores e Almeida (2021), transforma a experiência concreta em conhecimento sistematizado e crítico, articulando teoria e prática. A revisão bibliográfica aborda o uso abusivo de álcool e outras drogas no Brasil, os efeitos psicossociais e as políticas públicas de saúde mental, seguindo para o papel da arte nas Oficinas dos CAPS, destacando seu potencial ético e político para promover expressão. O relato é estruturado com base na descrição do contexto, das atividades realizadas e dos efeitos observados, analisados à luz da literatura da área.
Resultados
Observa-se que o CAPS promove o acesso à cultura (literatura, cinema, saraus, etc.) frequentemente negada aos usuários. As oficinas atuam como ferramentas concretas no Projeto Terapêutico Singular (PTS), especialmente nas Ações de Potenciação. Durante as oficinas, os usuários puderam falar e refletir em coletivo sobre sonhos, relacionamentos, família, suporte, entre outros temas. Também construíram, em espaços para além do serviço, homenagens que diziam sobre a memória, as lutas e os enfrentamentos diários, a marginalização e a negligência sofridas em decorrência do uso de álcool e outras drogas, o racismo e as questões de classe que envolviam a vida de um colega usuário do serviço.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que as Oficinas Expressivas nos CAPS são importantes tecnologias de cuidado em saúde mental, atuando não apenas como ferramentas clínicas, mas também como dispositivos políticos que rompem com o silenciamento, o estigma e a exclusão. Se faz necessário reforçar a relevância dos relatos de experiência para valorizar e visibilizar essas práticas, contribuindo para um cuidado crítico, sensível e comprometido com a justiça social.
ASSOCIAÇÃO ENTRE USO DE CIGARROS ELETRÔNICOS E COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE ENTRE ADOLESCENTES DO BRASIL: ANÁLISE INTERSECCIONAL POR SEXO E FAIXA ETÁRIA
Pôster Eletrônico
1 EGF/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
O uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes tem aumentado significativamente, levantando preocupações sobre seus impactos na saúde. Há variações conforme sexo e faixa etária, indicando a necessidade de estratégias de prevenção adaptadas. Assim, torna-se essencial analisar essas associações por subgrupos, subsidiando políticas públicas em saúde.
Objetivos
Avaliar a associação entre o consumo de cigarro eletrônico e outros comportamentos de risco à saúde considerando a intersecção de sexo e faixa etária.
Metodologia
Foram utilizados dados da PeNSE 2019, com 123.976 adolescentes de 13 a 17 anos. A variável de exposição foi o uso de cigarros eletrônicos nos últimos 30 dias. Os desfechos incluíram consumo de tabaco, álcool, drogas ilícitas, sexo sem preservativo e autoavaliação de saúde mental negativa. Inicialmente, aplicou-se o teste de Wald para identificar interação entre sexo e faixa etária (13–15 e 16–17 anos). Quando significativa (p<0,05), estimaram-se associação por subgrupo, por regressão de Poisson (RP) ajustada por cor da pele, UF e área de residência. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos. As análises estatísticas foram executadas através do software Stata/SE18v.
Resultados
Encontrou-se interação estatisticamente significativa em todos os desfechos analisados. O uso de cigarros eletrônicos esteve associado a todos os desfechos, em todos os subgrupos de sexo e faixa etária. Destaca-se que meninos de 13 a 15 anos apresentaram maior prevalência de consumo de produtos de tabaco (RP: 6,22 [IC 95% 5,56-6,97]) e de bebidas alcoólicas (RP: 3,50 [IC 95% 3,01-4,06]). Já meninas de 13 a 15 anos apresentaram maior prevalência de uso de drogas ilícitas (RP: 10,62 [IC 95% 7,70-14,64]) e de relações sexuais sem preservativo (RP: 3,64 [IC 95% 2.89-4,60]).
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam associação entre o uso de cigarros eletrônicos e comportamentos de risco em adolescentes, especialmente entre os de 13 a 15 anos. Reforça-se a importância de políticas públicas que considerem as especificidades dos grupos, além de fortalecer a vigilância sobre a comercialização desses produtos para reduzir riscos e promover saúde.
SATISFAÇÃO COM O PARTO COMO FATOR PROTETOR AOS SINTOMAS DE TEPT MATERNO NO PÓS-PARTO
Pôster Eletrônico
1 ENSP Fiocruz
2 UFRJ
Apresentação/Introdução
Experiências insatisfatórias no parto podem gerar impacto negativo na saúde mental das mulheres. A literatura aponta a satisfação com o atendimento como possível fator de proteção ao desenvolvimento de sintomas de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) no pós-parto. Nosso estudo investiga essa importante relação no contexto brasileiro.
Objetivos
Investigar se a satisfação com o atendimento ao parto está associada a menores níveis de sintomas de TEPT materno no pós-parto entre puérperas brasileiras participantes da pesquisa INTERSECT Brasil.
Metodologia
Trata-se de uma análise de dados de 651 puérperas de três maternidades públicas brasileiras. A satisfação com o parto foi mensurada pela escala BSS-R e os sintomas de TEPT pela City BiTS. Aplicaram-se Modelos Lineares Generalizados (GLM) com função de ligação identidade e distribuição gama, ajustados por fatores sociodemográficos, antecedentes obstétricos e traumas prévios, em modelo hierarquizado.
Resultados
A análise múltipla identificou associação estatisticamente significativa entre maior satisfação com o parto e menores escores de TEPT (β=−0,51; p<0,001). Traumas prévios foram o único fator de confundimento relevante no modelo final. A prevalência de sintomas de TEPT foi de 6,3%, confirmando a importância do cuidado obstétrico como variável central na prevenção de agravos à saúde mental materna.
Conclusões/Considerações
A satisfação com o atendimento ao parto mostrou-se fator de proteção independente contra sintomas de TEPT no puerpério. Os achados reforçam a necessidade de promover práticas obstétricas humanizadas e intervenções que valorizem o protagonismo feminino durante o parto, impactando positivamente a saúde mental materna.
ABORDAGEM INTERSECCIONAL DA CIRCULAÇÃO ESPACIAL DE EGRESSOS DE INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O relato apresenta as etapas iniciais da pesquisa de mestrado. Com o fechamento do Hospital Psiquiátrico, interrogamos a desinstitucionalização e como os egressos circulam na cidade, sob quais marcas. Adotamos uma perspectiva interseccional, compreendendo o corpo como social e atravessado por estruturas opressoras.
Objetivos
Apresentamos enquanto objetivo a investigação da circulação espacial dos egressos de internação e longa permanência atenta às opressões e outras formas pelas quais sua passagem pela cidade é marcada a partir da perspectiva interseccional.
Metodologia
A pesquisa adota uma abordagem etnográfica, com identificação dos sujeitos a partir da inserção em um CAPS. Através do diálogo com a equipe, serão mapeados egressos de internação de longa permanência. A metodologia inclui entrevistas, valorizando suas narrativas, e acompanhamento do cotidiano, observando sua circulação espacial via etnografia em movimento. O CAPS é a porta de entrada, mas a pesquisa se estende a outros espaços urbanos, buscando imersão no dia a dia dos participantes. O objetivo é compreender seus corpos como sociais e suas trajetórias pós-hospitalares, analisando como ocupam e transitam pela cidade após a desinstitucionalização
Resultados
O presente projeto, ainda se constitui em um projeto, com investidas iniciais no pré-campo. No entanto, já nos é possível apontar algumas hipóteses iniciais a partir da pesquisa bibliográfica, e das negociações em pré-campo. Espera-se como resultado proporcionar uma leitura da desinstitucionalização não enquanto uma categoria dada e homogênea, mas em diálogo com as estruturas de opressões que marcam e atravessam os corpos. A análise da pesquisa se sustenta por meio da perspectiva interseccional.
Conclusões/Considerações
O projeto analisa a circulação de egressos psiquiátricos numa perspectiva interseccional, atenta às opressões que marcam seus corpos. A etnografia, focando narrativas e cotidianos, revela a desinstitucionalização como processo heterogêneo e desigual. Objetiva-se refletir criticamente sobre os desafios da reinserção urbana, destacando como violências múltiplas marcam essas trajetórias pós-hospitalares
O SOFRER SILENCIOSO: QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE MENTAL DE MÃES DE CRIANÇAS ATÍPICAS
Pôster Eletrônico
1 UNIFAN
Apresentação/Introdução
Ser mulher, mãe e trabalhadora na sociedade contemporânea permanece sendo um desafio inglório diante dos imensos e históricos desafios que enfrentam. Quando um diagnóstico de atipicidade de seus filhos(as) ocorre, o que já era complexo, se torna um dos maiores e mais silenciosos desafios da existência humana. O sofrer, num novo cotidiano que não mais cessa, acompanha essa mãe por toda a vida
Objetivos
Analisar a qualidade de vida-QV e a saúde mental de mães de crianças atípicas (Transtorno do Espectro Austista e Paralisia Cerebral) e seus fatores associados: sociais, econômicos e contextuais.
Metodologia
Estudo transversal com 153 mães, investigadas em centros de referência e vizinhança das mães atípicas, em grande município baiano. Variáveis do estudo: fatores socioeconômicos, características do parto/criança, do genitor, se faz terapia, tempo de cuidado com a criança e consigo própria. Foi utilizado o WHOQOL-Breef para avaliar a Qualidade de Vida, o PHQ-9 para a Depressão e o SRQ-20 para o Transtorno Mental Comum-TMC e a Ideação Suicida-IS (questão 17). Foram estimadas as razões de chance (OR) com IC de 95%, com análise bivariada (X2 e Exato de Fisher) e multivariada, através de regressão logística binomial, com teste de Hosmer e Lemeshow para qualidade do ajuste do modelo.
Resultados
Prevaleceram mães atípicas(76,5%), de 30-40 anos(58,2%), negras(75,2%), recebiam até 3 salários(69,9%), casadas(65,4%), com 2 filhos ou +(62,1%) e problemas no parto(38,6%). Apresentaram QV ruim(46,4%), TMC(72,5%), Depressão(58,8%) e IS(49,0%). Nas análises bivariadas, ser mãe atípica estava associada a todos os desfechos analisados. Após as regressões, o TMC permaneceu associado a ser mães atípica(OR=4,2;IC95%:1,7-10,6;p=0,002) e baixa renda(OR=3,5;IC95%:1,1-10,8;p=0,030); a QV: mãe atípica(OR=4,5), até 1 salário(OR=5,3), de 1-3 salários(OR=5,1), pouco autocuidado(OR=7,0) e cuidado intensivo com filhos; depressão: ser mãe atípica(OR=3,1), baixa renda(OR=3,6) e sem companheiro(OR=2,5).
Conclusões/Considerações
Múltiplos são os fatores que impactam na saúde e QV de mães, de forma geral. A IS perdeu significância para mães atípicas, mas permaneceu associada a todas. O abandono do genitor impacta na sobrecarga e depressão. Há de se estabelecer foco no tempo destinado ao autocuidado e com as crianças, além da perda da renda. Encontrar caminhos que dignifiquem a vida e a saúde, deve ser prioridade nas agendas que priorizem dar visibilidade a estas mulheres.
CONSUMO DE RISCO DE ÁLCOOL E SITUAÇÕES ADVERSAS ENTRE JOVENS ESTUDANTES DE UM CURSO DA ÁREA DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
O consumo abusivo de álcool pode causar danos, particularmente entre estudantes universitários. O padrão em que ele ocorre interfere nas consequências individuais (como alterações sistêmicas que variam de acordo com o sexo, a quantidade e a frequência de uso) e sociais afetando as relações sociais, familiares e a vida acadêmica.
Objetivos
Analisar os padrões de consumo de álcool e as situações adversas de acordo com esses padrões de consumo, entre estudantes de um curso da área da saúde, segundo sexo.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal com 1.470 estudantes de medicina de uma universidade pública de Minas Gerais que responderam a um questionário online. Foram coletadas informações sociodemográficas, comportamentais e relacionadas aos padrões de consumo de álcool, avaliado por meio do AUDIT. Situações adversas pós consumo de álcool ou qualquer outra substância psicoativa incluiram: problemas com a família, de saúde, emocional, na relação sexual, uso de preservativo nas relações sexuais, assédio/agressão sexual, agressividade, acidentes e faltas às aulas/plantões. Foram realizadas análises de regressão logística múltipla, segundo sexo, com valor-p<0,05 para verificar a significância estatística.
Resultados
O consumo de álcool foi observado em 85% dos estudantes (82,9% nas mulheres e 87,1% nos homens). O padrão “uso de baixo risco” foi de 68,5% entre mulheres e 56,2% entre homens, “uso de risco” (24,9% nas mulheres e 35,2% nos homens) e “uso nocivo/provável dependência” (6,6% e 8,5%, respectivamente). Situações adversas ocorreram mais frequentemente entre os que fazem uso nocivo de álcool, destacando-se para as mulheres: problemas emocionais pós uso (69,4%), prática de sexo desprotegido (67,3%), problemas com a família (61,2%) e de saúde (61,2%) e para os homens: faltas às aulas/plantões (63,3%), sexo desprotegido (62,3%), problemas emocionais (54,1%) e dificuldades na relação sexual (47,5%).
Conclusões/Considerações
Os resultados mostram diferenças significativas nos padrões de consumo de álcool e nas situações adversas pós uso, segundo sexo. Destaca-se a necessidade de implementar estratégias para reduzir danos pessoais e profissionais considerando os comportamentos de mulheres e homens. Por ser um estudo transversal, não se pode afirmar se o álcool traz consequências negativas ou se atua como compensação pelas situações de risco e/ou violência ocorridas.
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS NA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO
Pôster Eletrônico
1 UEPB
Apresentação/Introdução
A gestação de alto risco configura-se como um fator potencializador de alterações na saúde mental materna, favorecendo a ocorrência de Transtornos Mentais Comuns. A elevada prevalência dessas alterações nesse grupo ressalta a importância de investigar suas associações com variáveis sociodemográficas e clínicas, visando subsidiar intervenções no pré-natal especializado.
Objetivos
Verificar a associação entre as variáveis sociodemográficas, clínicas e prevalência de transtornos mentais comuns em gestantes de alto risco.
Metodologia
Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, realizado em Campina Grande-Paraíba. A coleta de dados foi realizada com gestantes com alto risco gestacional residentes no município cenário do estudo e acompanhadas em serviço de pré-natal de alto risco de uma Maternidade Pública de referência. Utilizou-se um questionário contendo variáveis sociodemográficas e clínica-epidemiológicas e do Self-Reporting Questionnaire contendo 20 questões para rastreio de transtorno mental comum. O Teste Qui-quadrado de Pearson de proporção com significância de 95% foi utilizado para verificação da associação entre as variáveis demográficas, clínicas e transtornos mentais comuns.
Resultados
Atuaram do estudo 201 gestantes estratificadas com risco gestacional, com idade mediana de 28 anos (idade mínima 13 anos e, máxima 45 anos); A prevalência de transtornos mentais comuns nas gestantes foi de 50,2%. A análise da associação entre as variáveis evidenciou maior prevalência de transtornos mentais comuns em gestantes na faixa etária 20 a 34 anos (64,4%), autodeclaradas parda (74,5%); casadas (43,6%), ensino médio completo (53,5%), renda familiar de um salário-mínimo (46,5%), gestação atual sem condições clínicas prévias (66,3%) e sem intercorrências clínicas (72,3%). Observou-se significância para condições clínicas (p < 0,002) e intercorrência na gestação atual (p < 0,006).
Conclusões/Considerações
Os achados revelaram elevada prevalência de Transtornos Mentais Comuns em gestantes de alto risco (50,2%), associada a fatores como idade entre 20 e 34 anos, autodeclaração parda, estado civil casada, escolaridade média completa e baixa renda. Os resultados evidenciam a necessidade de abordagem integral no pré-natal, com foco na saúde mental materna.
DEMANDAS SUBJETIVAS, VULNERABILIDADE E SPORT BETTING: UMA REFELXÃO A PARTIR DO CUIDADO EM UMA CLÍNICA-ESCOLA NO INTERIOR DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 FACULDADE DE ILHÉUS
2 UFBA
Apresentação/Introdução
A legalização das apostas esportivas online no Brasil em 2018 marcou o início de sua rápida expansão a partir de 2019. Nesse contexto, o sofrimento psíquico leve, aliado à infodemia, pode predispor indivíduos a comportamentos de risco com jogos. Demandas subjetivas em serviços-escola podem revelar indícios precoces desse adoecimento silencioso.
Objetivos
Analisar o perfil de pacientes com demandas subjetivas em uma clínica-escola de Psicologia, buscando indícios de sofrimento psíquico relacionados à propensão ao transtorno do jogo, à luz do conceito de infodemia e da determinação social saúde.
Metodologia
Estudo quantitativo, retrospectivo, baseado na análise de 120 prontuários de pacientes atendidos em uma clínica-escola de Psicologia no interior da Bahia, entre março e dezembro de 2019, período posterior à regulamentação das apostas online no Brasil. Foram incluídos prontuários com registros de demandas subjetivas (depressão, dificuldades interpessoais), analisando-se idade, sexo, escolaridade, número de sessões e motivo de desligamento. A análise descritiva foi realizada no Microsoft Excel. A discussão interpretativa baseou-se nos referenciais da determinação social da saúde e do conceito de infodemia, compreendida como sobrecarga informacional geradora de desorganização subjetiva.
Resultados
Cerca de 60% dos prontuários apresentaram demandas subjetivas genéricas. O perfil predominante foi de mulheres (78%), entre 20 e 40 anos, com escolaridade média ou superior incompleta. A evasão precoce (até a 5ª sessão) atingiu 47%. As motivações eram vagas e emocionalmente difusas, refletindo sofrimento psíquico pouco nomeado e fragilidade no vínculo com o serviço. Embora não haja menção direta ao uso de apostas online (Bets), a exposição contínua à infodemia pode favorecer o uso disfuncional de jogos online do tipo Bet como estratégia de fuga emocional.
Conclusões/Considerações
A clínica-escola pode funcionar como sentinela na detecção precoce de vulnerabilidades psíquicas associadas ao início de comportamentos de risco com jogos, especialmente após a legalização das apostas online. A escuta qualificada e a atenção aos sinais subjetivos leves na Atenção Primária são essenciais para a prevenção do transtorno do jogo e promoção de saúde mental em tempos de infodemia.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA ENTRE ESTUDANTES DE MEDICINA NA UFPE: LEVANTAMENTO QUANTITATIVO E QUALITATIVO EM DOIS CAMPI
Pôster Eletrônico
1 UFPE
2 Prefeitura do Recife
Apresentação/Introdução
A violência psicológica entre estudantes de medicina compromete a formação acadêmica e emocional. Este estudo investigou a prevalência e as características da violência interpessoal nos campi Recife e Caruaru da UFPE, com metodologias pedagógicas distintas. A análise evidencia o impacto dessas vivências no ambiente acadêmico universitário.
Objetivos
Analisar a prevalência, natureza e impactos da violência psicológica interpessoal entre estudantes de medicina da UFPE, comparando os campi Recife e Caruaru, que adotam diferentes metodologias de ensino na formação médica.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo e exploratório, com abordagem mista. Aplicou-se questionário autoaplicável com perguntas abertas e fechadas via Google Forms, aprovado pelo comitê de ética. O instrumento, previamente construído e validado, foi aplicado nos campi Recife (metodologia mista) e Caruaru (PBL). A amostra foi voluntária e obtida por conveniência. Dados fechados foram analisados quantitativamente no SPSS (p<0,05) e os abertos por análise de conteúdo, organizando-se em categorias: tipo de violência, agentes envolvidos e consequências. O estudo respeitou os princípios éticos e obteve consentimento livre e esclarecido dos participantes.
Resultados
Responderam 173 estudantes (109 do Recife, 64 de Caruaru). Caruaru apresentou maior prevalência de violência psicológica, como competição desleal e ameaças à capacidade acadêmica. A análise estatística apontou diferenças significativas entre os campi. A qualitativa revelou categorias: violência sofrida, praticada e suas consequências. Relatos indicam privação de oportunidades, agressões verbais e intimidação, em especial entre estudantes vulneráveis. As práticas refletem desigualdades de gênero, raça, classe e uma cultura institucional hierárquica e competitiva que favorece a reprodução da violência no ambiente acadêmico.
Conclusões/Considerações
A violência psicológica entre estudantes da UFPE é significativa, com maior ocorrência em Caruaru. Mulheres cis e estudantes longe da família mostraram-se mais vulneráveis. A análise revelou ciclos de reprodução da violência, hierarquia acadêmica e desigualdades sociais. É urgente a implementação de estratégias institucionais para enfrentamento, acolhimento e promoção da saúde mental na formação médica.
O USO DA ESTRATÉGIA REDUÇÃO DE DANOS NA PREVENÇÃO AO HIV/AIDS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz
2 UFDPar
Apresentação/Introdução
O HIV e a AIDS foram responsáveis por uma grave crise sanitária que se iniciou na década de 1980. Na epidemiologia do HIV a vulnerabilidade social é um fator importante para o aumento no número de casos, uma vez que o vírus atinge desproporcionalmente populações com dificuldade de acesso à serviços de saúde. Uma das estratégias utilizadas para contingenciar essa epidemia é a Redução de Danos (RD).
Objetivos
Investigar o uso da redução de danos na prevenção ao HIV/Aids através de uma revisão integrativa que parte da questão: como a estratégia de redução de danos em álcool e outras drogas contribui para a prevenção da infecção pelo HIV/Aids?.
Metodologia
Este é um estudo de revisão integrativa. A pergunta de pesquisa foi elaborada a partir do formato PICO; Os critérios de inclusão para a seleção dos estudos foram publicações em português da literatura branca, disponíveis na íntegra gratuitamente e que atendessem à questão definida da pesquisa. Não foi definido recorte temporal, tendo em vista que a RD é uma estratégia organizada em um período relativamente recente nas políticas públicas brasileiras. A estratégia de busca foi definida com os Descritores em Ciências da Saúde: HIV, Aids e redução de danos, utilizando os operadores booleanos AND e OR. As bases de dados utilizadas foram BVS e Scielo, com coleta realizada em fevereiro de 2023.
Resultados
A RD é uma importante estratégia no combate à disseminação do HIV/Aids. Os estudos que compuseram esta revisão mostraram o processo de construção e de luta institucional de atravessou a RD, apontando para os desafios que essa estratégia enfrentou, mesmo ao ser bem sucedida. Esta revisão indicou também que a questão AD ainda é observada com bastante estigma, o que dificulta trabalhá-la em uma perspectiva de saúde, fazendo com que ela seja tratada principalmente a partir de princípios jurídicos, perpetuando e fortalecendo as desigualdades sociais. Com isso, pensar a prevenção ao HIV/Aids é um desafio que já atravessa mais de três décadas e esbarra em posturas conservadoras e autoritárias.
Conclusões/Considerações
Os estudos encontrados discutem em sua quase totalidade o uso da Redução de Danos como prevenção ao HIV/Aids através da perspectiva das drogas injetáveis. Destacamos assim, não somente a necessidade de realizar mais pesquisas dentro desta temática, mas a expansão desses estudos para discutir como a Redução de Danos é utilizada junto a usuários de outras substâncias psicoativas e como isso tem impactado os índices de infeção pelo HIV/Aids.
ANÁLISE DA PRODUÇÃO DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NA RIDE-DF ENTRE 2018 E 2023
Pôster Eletrônico
1 Universidade de Brasília - UNB
Apresentação/Introdução
A saúde mental é componente essencial da atenção integral à saúde. Os CAPS são serviços estratégicos da RAPS no SUS. Este estudo analisa a produção dos CAPS da RIDE-DF entre 2018 e 2023, considerando aspectos assistenciais, territoriais e a carência de dados atualizados sobre sua atuação regional.
Objetivos
Analisar a produção dos CAPS da RIDE-DF (2018–2023), coletando dados dos sistemas de informação, descrevendo o perfil epidemiológico e a produção em saúde mental, e elaborando um painel de visualização dos dados.
Metodologia
Estudo descritivo exploratório com dados secundários do SCNES e SIA-SUS (2018–2023). Utilizou-se o pacote microdatasus (R) para extrair dados sobre CAPS habilitados e ações registradas no RAAS-PS. Foram consideradas variáveis como município, sexo, faixa etária, tipo de procedimento e CID-10, sendo incluídos apenas os transtornos mentais e comportamentais (capítulo F). A análise e visualização foram realizadas no Power BI.
Resultados
Entre 2018 e 2023, a RIDE-DF contou com 29 CAPS habilitados, com destaque para Brasília, que concentrou a maior parte dos serviços e atendimentos. Houve aumento expressivo nos atendimentos a partir de 2021, totalizando mais de 678 mil até 2023. O CAPS tipo II foi o mais habilitado. Predominaram atendimentos individuais e diagnósticos por uso de substâncias (CID F19), que superaram os episódios depressivos (F32) após 2020. O Distrito Federal concentrou 47 mil atendimentos em 2023, contrastando com a ausência de CAPS habilitados em Minas Gerais.
Conclusões/Considerações
Entre 2018 e 2023, observou-se avanço na produção dos CAPS da RIDE-DF, com destaque para o aumento de atendimentos por uso de substâncias e episódios depressivos. Persistem desigualdades regionais, como a ausência de CAPS habilitados em MG. A pandemia agravou a demanda e expôs fragilidades da rede. Reforça-se a urgência de ampliar e qualificar a atenção psicossocial no território.
PERFIS DE USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA DE SALVADOR-BA
Pôster Eletrônico
1 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
2 Secretaria Municipal de Saúde, Salvador
Apresentação/Introdução
O uso de álcool e outras drogas é mais prevalente entre pessoas em situação de rua do que na população geral, e se associa à vulnerabilidade social, aspectos sociodemográficos, condições precárias de saúde e acesso limitado a serviços e benefícios socioassistenciais. Estudos que caracterizem os distintos perfis de uso são essenciais para orientar as estratégias de cuidado em saúde.
Objetivos
Investigar as frequências e os padrões de uso de álcool e outras drogas entre pessoas em situação de rua de Salvador - BA.
Metodologia
Estudo transversal com 490 pessoas negras (pretas ou pardas) em situação de rua em Salvador-BA, com 18 anos ou mais, entre setembro/2021 e fevereiro/2022, em Salvador-BA. Os dados foram coletados através do Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST) e questionário sociodemográfico. Foram descritas as frequências absoluta e relativa e o IC95% do uso de álcool e outras drogas, considerando as frequências de uso (vida, últimos 3 meses, diário, sugestivo de dependência) e dos padrões de uso segundo escore do ASSIST (risco baixo, moderado e alto).
Resultados
A amostra foi composta majoritariamente por homens cisgêneros (70,2%, n=344), de 30 a 49 anos (51,8%, n=254). Apenas 26,7% (n=131) alcançaram o ensino médio e 39% não possuíam registro no CadÚnico. As drogas de uso recente mais prevalentes foram o álcool (65,5%), tabaco (62,2%), maconha (43,5%) e cocaína/crack (40,2%). O percentual de pessoas que nunca fez uso das demais substâncias superou 75%. O risco moderado apresentou-se como o nível de desfecho mais prevalente. O uso sugestivo de dependência foi percebido na menor parcela das pessoas entrevistadas, para todas as substâncias.
Conclusões/Considerações
Apesar do estigma que recai sobre a população em situação de rua como usuária abusiva de drogas, os resultados indicam que a menor parte apresentou padrão de uso de risco alto (demanda de atenção especializada). Isso reforça a necessidade de um olhar qualificado na Atenção Primária à Saúde, promovendo cuidado integral, estratégias de redução de danos e ações intersetoriais, rompendo com abordagens punitivas e excludentes.
A CONSTRUÇÃO DE DADOS SOBRE CRIANÇAS E JOVENS QUE FAZEM USO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM UM CAPSI DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
Nesse estudo, verifica-se a construção dos dados sobre crianças e jovens que fazem uso de álcool e outras substâncias em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) no Rio de Janeiro, Brasil, em função da importância de registros em prontuários dos usuários para o levantamento de dados epidemiológicos e para o cuidado em saúde.
Objetivos
Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo Identificar as (sub)notificações nos prontuários de crianças e adolescentes em um CAPSi no que diz respeito a quesitos, como idade, raça/cor e uso de substâncias psicoativas.
Metodologia
Para tanto, foi realizada uma análise documental, tomando por base a leitura de 228 prontuários do referido serviço, sendo feito o levantamento de dados em uma planilha administrativa no período de 2018 a 2024. Após a leitura exaustiva desses, foi construída uma planilha com a organização dos dados, sendo realizada uma análise de conteúdo à luz da literatura científica sobre a temática.
Resultados
Observou-se a subnotificação de dados, principalmente no que tange a raça/cor, idade e o uso de substâncias autodeclaradas pelos usuários, com o maior percentual de falta de informações neste último quesito. A subnotificação de dados sobre crianças e jovens que fazem uso de substância tem se tornado um problema comum em serviços de saúde mental e que têm sido pouco abordada, o que revela a dificuldade dos profissionais em fazer tais questionamentos nos atendimentos de primeira vez, mas também contribui para a criação de um Projeto Terapêutico Singular fragilizado, haja vista esses dados serem importantes para construção do acompanhamento desses sujeitos.
Conclusões/Considerações
Considera-se que a subnotificação de dados de crianças e adolescentes no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil estudado demonstra que dados importantes não são questionados nos atendimentos realizados, dados esses que podem influenciar nas condutas terapêuticas e, que por vezes, demonstram a fragilidade da equipe em lidar com este público, de modo que se possa prover de maneira equitativa os cuidados dessa população.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA ENTRE ESTUDANTES DE MEDICINA: EXCLUSÃO, COMPETITIVIDADE E PSICOATIVOS NO DESAFIO POR UMA FORMAÇÃO MAIS HUMANA E INCLUSIVA
Pôster Eletrônico
1 UFPE
2 PREFEITURA DO RECIFE
Apresentação/Introdução
A violência psicológica entre estudantes de medicina reflete um cenário de exclusão, competição e uso de substâncias psicoativas. Este estudo investigou como essas práticas se manifestam no cotidiano acadêmico, afetando o bem-estar dos estudantes e revelando a necessidade de um ambiente mais inclusivo, saudável e respeitoso na formação médica.
Objetivos
Refletir sobre as manifestações de violência psicológica entre estudantes de medicina, destacando os impactos da formação de grupos, da competitividade e do uso de psicoativos, propondo caminhos para uma formação mais saudável e humanizada.
Metodologia
O estudo teve abordagem qualitativa, baseado em pesquisa tipo levantamento com aplicação de questionário online a estudantes de medicina de dois campi de uma universidade pública federal. A coleta envolveu perguntas abertas e fechadas, permitindo identificar percepções sobre violência psicológica, exclusão social, competitividade e consumo de substâncias psicoativas. Também foram consideradas vivências de estudantes e docentes vinculados à disciplina “Caminhos do Cuidado”, voltada ao autocuidado. As respostas qualitativas revelaram fenômenos sociais relevantes, os quais foram analisados em um ensaio reflexivo à luz de referenciais teóricos da educação médica e da saúde coletiva.
Resultados
Foram identificadas três dinâmicas principais: (1) formação de grupos naturais que, embora acolhedores, também promovem exclusão e invisibilidade; (2) competitividade intensa, reforçada por padrões meritocráticos e comparações constantes entre colegas, contribuindo para sofrimento psíquico; e (3) naturalização do uso de substâncias psicoativas, tanto para desempenho quanto lazer, revelando estratégias de enfrentamento potencialmente nocivas. Tais aspectos refletem uma cultura acadêmica centrada na performance, em detrimento da saúde mental e do desenvolvimento humano dos estudantes.
Conclusões/Considerações
A violência psicológica entre estudantes de medicina evidencia falhas estruturais na formação médica. A superação desse cenário requer valorização da diversidade, promoção do autocuidado, estímulo à colaboração e reflexão sobre a saúde mental. Repensar práticas pedagógicas e romper com a lógica da competição são essenciais para formar profissionais técnica e humanamente preparados para o cuidado ético e integral.
ENTRE O IDEAL, O REAL E O POSSÍVEL: INTERPROFISSIONALIDADE E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE MENTAL COMO PRÁTICAS COLETIVAS NO CAPS AD
Pôster Eletrônico
1 UnB
Apresentação/Introdução
A interprofissionalidade e a comunicação em saúde mental são estratégias viáveis para uma práxis integrada frente às demandas complexas da população. Nos CAPSad, essas práticas se concretizam como políticas públicas e territórios de cuidado, configurando-se também como espaços de reflexão crítica sobre a atenção psicossocial.
Objetivos
Analisar práticas interprofissionais de comunicação em um CAPSad do DF, explorando dinâmicas entre profissionais, rede, usuários, famílias e território, identificando desafios e potências nos encontros e nos processos de trabalho.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, descritivo-exploratória, com pesquisa de campo, familiarização e entrevistas semiestruturadas em um CAPSad do DF. Participaram seis profissionais da equipe multiprofissional, com formações diversas e experiências de 1 a 13 anos. A análise seguiu a Análise Temática Reflexiva (Braun e Clarke, 2006; 2019). O estudo foi aprovado pelos CEP/CHS e CEP/FEPECS, conforme as Resoluções CNS nº 466/2012 e nº 510/2016. Todos(as) os(as) participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Pesquisa qualitativa, descritivo-exploratória, com pesquisa de campo, familiarização e entrevistas semiestruturadas em um CAPSad do DF. Participaram seis profissionais da equipe multiprofissional, com formações diversas e experiências de 1 a 13 anos. A análise seguiu a Análise Temática Reflexiva (Braun e Clarke, 2006; 2019). O estudo foi aprovado pelos CEP/CHS e CEP/FEPECS, conforme as Resoluções CNS nº 466/2012 e nº 510/2016. Todos(as) os(as) participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Conclusões/Considerações
As práticas interprofissionais de comunicação são fundamentais no CAPSad, mas a atuação ainda apresenta fragmentações frente à complexidade do cuidado. A pesquisa aponta a urgência de rever os modelos assistenciais no contexto das drogas, valorizar o trabalho coletivo e garantir condições adequadas, alinhando as políticas públicas ao compromisso ético-político com as maiorias populares.
O ESTIGMA DO USUÁRIO DE DROGAS NA ATENÇÃO BÁSICA DA ZONA NOROESTE DE SANTOS
Pôster Eletrônico
1 PRMAPS - SMS SANTOS
2 SMS SANTOS
Apresentação/Introdução
O estigma, entendido como um atributo profundamente depreciativo na linguagem de determinado meio social, é uma das consequências do proibicionismo, que molda o ideário sobre as drogas e seus usos. O estigma está presente nas diferentes facetas da socialização das pessoas usuárias de drogas, incluindo a forma que seu acesso à saúde será constituído.
Objetivos
O objetivo desta pesquisa é compreender se há a presença do estigma do usuário de droga na atenção básica da Zona Noroeste de Santos, e quais possíveis reflexos nas práticas de saúde ofertadas e no acesso às policlínicas.
Metodologia
A presente pesquisa foi realizada no município de Santos (SP), na Zona Noroeste, região periférica com grande densidade populacional e diversidade sociodemográfica. Para coleta de dados, foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas com profissionais que configuram uma ESF, divididos em duas policlínicas, totalizando 5 participantes. As entrevistas foram realizadas com tempo médio de 30 minutos. Para a análise dos dados coletados, utilizou-se a construção de núcleos de significação, que objetiva apreender os sentidos e significados que os sujeitos possuem frente a realidade, partindo dos pressupostos epistemológicos da perspectiva sócio-histórica.
Resultados
O estigma desta população permanece atual, sobretudo nos grandes veículos de comunicação que moldam a opinião pública e estabelecem um senso comum hegemônico e legitimado por políticas públicas proibicionistas, ineficazes e com severas consequências sociais. Não obstante, as pessoas estigmatizadas estão expostas a níveis maiores de estresse, podendo estar imersas a uma ambivalência afetiva e sentimentos de raiva, culpa, angústia, baixa autoestima e auto-reprovação. Foram identificadas concepções estigmatizantes, e portanto, a atuação também pode ser afetada limitando as possibilidades de cuidado e criando barreiras de acesso para uma população historicamente marginalizada.
Conclusões/Considerações
Entre os elementos que podem contribuir com isso estão a hegemonia midiática do proibicionismo no senso comum, bem como a ausência de educação permanente sobre esta temática. Ademais, o proibicionismo em si, e suas fundamentações legais, dão as bases que tornam concretas essa representação social do uso de drogas enquanto uma desgraça moral. O combate ao estigma passa por novos marcos legais acerca da produção, comércio e uso das substâncias.
O “BALANÇO” DA REDE: POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE LIMOEIRO DO NORTE- CE
Pôster Eletrônico
1 UECE
2 FAVILI
Apresentação/Introdução
A Reforma Psiquiátrica brasileira modificou o tratamento às pessoas com transtornos mentais e instituiu a rede de atenção psicossocial. No entanto, em um país de dimensões continentais, estas redes têm especificidades atravessadas por questões, culturais, políticas e econômicas. Assim, esta pesquisa mapeou a rede de atenção psicossocial de Limoeiro no Norte, Ceará, Brasil
Objetivos
Objetivou-se mapear a rede de atenção psicossocial, e, especificamente, conhecer os diversos equipamentos que compõem a rede, e, por fim, elencar as potencialidades e dificuldades destes.
Metodologia
Desenvolvido no projeto de iniciação científica da Faculdade Vidal-Limoeiro do Norte-CE, Brasil. Estudo de abordagem qualitativa, descritivo e exploratório, realizado na rede de atenção psicossocial do município. Como instrumento de coleta, utilizou-se da entrevista semiestruturada, dirigia a profissionais de nível superior dos Centro de Atenção Psicossocial e das Unidades Básicas de Saúde. Utilizou-se da Análise de Conteúdo de Bardin, gerando as categorias: estigma, relação do usuário com a medicação, ações de saúde mental no território, relações intersetoriais, matriciamento e equipe multidisciplinar.
Resultados
Constatou-se que o estigma em relação ao uso abusivo de álcool e outras drogas dificulta a procura por tratamento. Quanto ao uso da medicação, o estudo apontou que os usuários priorizavam o acompanhamento farmacológico, em detrimento das abordagens psicossociais. Ademais, as ações de saúde no território se mostraram insuficientes. Embora as equipes multiprofissionais apresentassem comunicação fluida, no que se refere às relações intersetoriais, a rede apresentava entraves, especialmente pela distância geográfica dos equipamento. No que tange ao matriciamento, os profissionais reconheceram a importância deste, apesar da não ocorrência de forma sistemática.
Conclusões/Considerações
Embora existam fragilidades que impactam o funcionamento da rede de atenção psicossocial, o município tem potencial para melhorar as ações em saúde mental. Para isso, urge investimento em ações mais eficazes de territorialização, fortalecimento da comunicação e do matriciamento, de modo a superar a estigmatização e medicalização e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida e saúde mental dos usuários do município.
ACESSO À SAÚDE MENTAL NO PERÍODO PERINATAL: BARREIRAS PERCEBIDAS E FATORES ASSOCIADOS
Pôster Eletrônico
1 UNISINOS
2 UFCSPA
3 HMIPV
Apresentação/Introdução
Apesar da alta prevalência de transtornos mentais na gestação, a triagem permanece incipiente. Estima-se que apenas 30% a 50% das mulheres com Transtornos Mentais Perinatais sejam diagnosticadas, e menos de 10% recebam encaminhamento.
Objetivos
Apesar da alta prevalência de transtornos mentais na gestação, a triagem permanece incipiente. Estima-se que apenas 30% a 50% das mulheres com Transtornos Mentais Perinatais sejam diagnosticadas, e menos de 10% recebam encaminhamento.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, analítico e descritivo, com 77 mulheres atendidas em um hospital público, de referência em saúde materno-infantil. A amostra incluiu participantes com diagnóstico psiquiátrico confirmado pela SCID-5, nas quais foram aplicados os seguintes instrumentos: Escala de Avaliação de Barreiras ao Acesso à Saúde (BACE), Escala Breve de Redes Sociais de Lubben, Questionário de Traumas na Infância e formulário sociodemográfico. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética. Os dados foram analisados por estatística descritiva e inferencial.
Resultados
O escore médio total na BACE foi de 20,7 ± 19,9, com predomínio de estigma e barreiras atitudinais. Os principais impedimentos relatados foram: não gostar de falar sobre sentimentos (22,1%), desejo de resolver sozinha (22,1%), medo de internação involuntária (22,1%), receio de perder a guarda dos filhos (18,1%) e medo de ser vista como fraca (18,1%). Gestantes com episódio depressivo atual apresentaram maiores escores na BACE (mediana 24,0 vs 6,0; p=0,03). Histórico de abuso físico/emocional também esteve associado a maiores barreiras.
Conclusões/Considerações
Estigma e barreiras atitudinais são as principais barreiras ao cuidado em saúde mental perinatal. A presença de depressão e vivências de violência na infância ampliam essas barreiras, exigindo estratégias intersetoriais de prevenção e cuidado nas redes de saúde, com foco nos grupos mais vulneráveis.
DUPLO LUTO - A (NÃO) VIVÊNCIA DO LUTO DIANTE DA PERDA DO PACIENTE POR SUICÍDIO
Pôster Eletrônico
1 Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Apresentação/Introdução
O cuidado de um paciente com comportamento suicida ocorre quando uma pessoa vivencia um problema que não consegue resolver com os recursos psíquicos que normalmente utiliza. O investimento no vínculo terapêutico é um potente recurso. A ruptura brusca e violenta desse vínculo, pelo suicídio do paciente, implicará em um processo de luto muitas vezes negado ou ignorado por alguns profissionais.
Objetivos
Refletir sobre a especificidade do luto diante da perda de um paciente por suicídio e as implicações para o profissional da saúde do SUS
Metodologia
O desenho da pesquisa foi construído a partir da abordagem qualitativa por meio da técnica de Grupos Focais com profissionais da saúde do SUS, em um município do Estado da Bahia. Foram realizados dois grupos focais, cujos diálogos ocorridos durante a atividade foram gravados. As falas foram transcritas e analisadas através do referencial teórico com base na Teoria de Práticas Discursivas e Produção de Sentidos no Cotidiano, que fundamentou a análise de discurso. Na análise, três categorias foram elencadas: 1) Aspectos emocionais na relação profissional- usuário; 2) (Des) Cuidado e Autocuidado dos profissionais da saúde mental e 3) Luto, categoria escrita em formato de artigo
Resultados
A categoria luto apontou a forma como os profissionais lidam com a perda do paciente a partir do rompimento brusco e violento do vínculo por meio do suicídio, e como difere da perda de um paciente por motivos diversos. Nesse processo, duas situações forma identificadas: 1) Os aspectos emocionais ligados ao temor da perda: os profissionais relataram como lidam com a ameaça da perda do paciente por suicídio, narrando os sentimentos vivenciados e as estratégias que utilizam para lidar com a situação; 2) A vivência da perda do paciente por suicídio - dialogaram sobre a (não) vivência do luto quando ocorre perda, gerando um processo de sofrimento muitas vezes negado ou ignorado.
Conclusões/Considerações
A perda do paciente por suicídio muitas vezes é mantida em segredo por conta do estigma e da vergonha por ter perdido um paciente nessas circunstâncias. Os profissionais relataram sentimentos de fracasso, autocobrança e culpa. A sobrecarga de trabalho devido a alta demanda por atendimento nos serviços de saúde do SUS, também foi apontado como um dificultador no processo de reconhecimento e vivència do luto.
TEMPORAL TRENDS AND IDENTIFICATION OF SUICIDE MORTALITY RISK AREAS IN BRAZIL (2000–2022): ARE WE DEALING WITH AN UNDERESTIMATED EPIDEMIC?
Pôster Eletrônico
1 UFS
Apresentação/Introdução
Suicide is a pressing public health issue globally, including in Brazil, where it ranks among the leading causes of mortality
Objetivos
This study aimed to analyze the spatial, temporal, and spatiotemporal distribution of suicide mortality in Brazil from 2000 to 2022
Metodologia
Using secondary data from the Mortality Information System of Brazil’s 5570 municipalities, an ecological study of time series was conducted. Segmented linear regression (Joinpoint ) was used to calculate temporal trends, while Moran’s indices were employed to analyze spatial autocorrelations. Retrospective scanning was utilized to investigate spatiotemporal clusters, and choropleth maps were developed to visualize high-risk areas
Resultados
The analysis revealed the occurrence of 240,843 suicides in Brazil, with higher percentages in the southeast, south, and northeast regions. The south, central–west, and southeast regions exhibited the highest mortality rates, predominantly among white, single men, aged 20 to 59, with 1 to 11 years of schooling. Intentional self-harm by hanging, strangulation, and suffocation was the main cause. The general trend of mortality due to suicide in Brazil was increasing (AAPC: 2.9; CI95% : 2.6 to 3.0), with emphasis on the age groups from 10 to 19 years and 20–39 years old. The brutal and smoothed rates revealed areas of high mortality in the south, north, and central–west regions.
Conclusões/Considerações
The findings of this study highlight the need to direct resources and efforts to the south and midwest regions of Brazil, where suicide rates are the highest. Additionally, implementing targeted prevention programs for young men, who are the most affected, is essential to reduce suicide mortality in these areas.
ASA DE BORBOLETA E TEIA DE ARANHA OU BOMBRIL? MANGUEANDO A REDUÇÃO DE DANOS COM A POPULAÇÃO DE RUA EM MANAUS/AM
Pôster Eletrônico
1 Instituto Leônidas e Maria Deane - Fiocruz Amazônia
2 Universidade Estadual do Amazonas
3 Secretaria Municipal de Saúde de Manaus
Período de Realização
Esta experiência, em um contínuo, acontece desde maio de 2023.
Objeto da experiência
Trata-se da discussão sobre Redução de Danos (RD) com a população de rua, a partir da atuação em uma equipe de Consultório na Rua (eCR).
Objetivos
O objetivo desse relato é refletir sobre as estratégias de RD forjadas na vivência da rua e sua articulação com os saberes técnicos, em uma perspectiva intercultural de cuidado, a fim de construir uma cartilha com e pelos usuários, para os profissionais de saúde da rede.
Metodologia
“Não tendo bombril, já fumei até teia de aranha e asa de borboleta — e deu boa a nóia!”, essa resposta de um usuário de crack, sobre queimar a pedra, acendeu uma provocação: estaria aí uma pista para a RD forjada na rua? Este relato parte do cotidiano de um médico de família e comunidade inserido em uma eCR em Manaus, percebendo que práticas de cuidado são inventadas no entremeio da sobrevivência, inspirado pela lógica do mangueio — “manhas” da rua que fazem frente às faltas que se apresentam.
Resultados
Tais “manhas” já operam na lógica da RD, ainda que sem nomeá-la, como: intercalar dias de uso, fumar no papel em vez da lata, usar cano de cobre porque esquenta pouco, evitar misturar droga e álcool. Outras, como o uso do mesclado (mistura de maconha com crack), são percebidas como menos prejudicial, por equilibrar os efeitos das diferentes nóias, mas podem acentuar riscos, exigindo diálogo com os saberes técnicos e a construção de consensos sobre o que pode, de fato, proteger e reduzir o dano.
Análise Crítica
A experiência reafirma a RD que se reinventa enquanto postura e modelo ético. A rua produz tecnologias de cuidado, como o mangueio, uma forma criativa de acessar recursos diante de extrema escassez. O equilíbrio entre os saberes técnico e popular exige escuta atenta e respeito às culturas do uso. Essa articulação amplia as possibilidades de cuidado e promove protagonismo dos sujeitos. O Consultório na Rua (CnaR) se mostra como lugar privilegiado para essa construção intercultural de fazer saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A RD com a população de rua exige abordagens que reconheçam a potência dos saberes populares. Recomenda-se o fortalecimento do CnaR, a valorização da escuta como ferramenta clínica e política e a interculturalidade nas práticas de cuidado. É urgente deslocar o olhar moralizante sobre o uso de álcool e drogas e investir em práticas que respeitem a complexidade que é utilizar da nóia como estratégia de reduzir danos e a dureza que é viver na rua.
“JUNTOS NA TORCIDA PELA VIDA”: ESTRATÉGIAS INTERSETORIAIS PARA A PREVENÇÃO DO SUICÍDIO ENTRE HOMENS NO RIO GRANDE DO SUL
Pôster Eletrônico
1 SES/RS
Período de Realização
A ação foi realizada em setembro de 2024, com atividades ao longo do segundo semestre.
Objeto da experiência
Campanha estadual de prevenção ao suicídio entre homens no RS, com apoio de clubes de futebol e ações de sensibilização
Objetivos
Reduzir o estigma sobre saúde mental masculina, incentivar a busca por ajuda e diminuir as taxas de suicídio entre homens no Rio Grande do Sul, por meio de campanhas de conscientização e parcerias com instituições com grande alcance na população.
Descrição da experiência
Em setembro de 2024, a Secretaria Estadual da Saúde do RS, por meio do Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio, lançou a campanha "Juntos na torcida pela vida – pedir ajuda faz bem". A iniciativa contou com vídeos de jogadores do Grêmio e Internacional e com integrantes das torcidas incentivando a população a procurar apoio e ajuda profissional em momentos de sofrimento emocional. As ações incluíram também seminários e discussão sobre a temática em rádios e jornais locais.
Resultados
A campanha alcançou ampla repercussão nas redes sociais, ampliando o debate sobre saúde mental masculina. Em 2023, o RS registrou 1.548 mortes por suicídio, sendo 80% entre homens, evidenciando a necessidade de ações direcionadas. A participação de atletas e de representantes das torcidas aumentou o engajamento do público masculino, tradicionalmente mais resistente a buscar ajuda psicológica, tendo engajamento de mais de 200 mil pessoas somente no Instagram.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou que parcerias com figuras públicas, como jogadores de futebol, são eficazes para sensibilizar a população masculina sobre saúde mental. Contudo, é necessário ampliar o acesso a serviços de apoio psicológico e fortalecer políticas públicas que abordem as especificidades do sofrimento emocional entre homens, considerando fatores culturais e sociais que dificultam a busca por ajuda.
Conclusões e/ou Recomendações
A campanha "Juntos na torcida pela vida" evidenciou a importância de estratégias inovadoras e parcerias intersetoriais na prevenção do suicídio entre homens no RS. A continuidade e expansão dessas ações são essenciais para reduzir as altas taxas de suicídio e promover uma cultura de cuidado e valorização da vida, principalmente em um público historicamente resistente a buscar apoio emocional.
O PARADOXO DA AUTONOMIA E DO PODER: EXPERIÊNCIAS DE CONSTRUÇÃO DE PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR EM CAPS AD
Pôster Eletrônico
1 USP
Período de Realização
Março de 2025 a fevereiro de 2027, com previsão de coleta entre setembro e outubro de 2025.
Objeto da experiência
Desenvolvimento de uma pesquisa-intervenção sobre a construção e cogestão de PTS em um CAPS AD da cidade de São Paulo.
Objetivos
Compreender como o exercício da autonomia e do poder atravessa a condução do cuidado em um CAPS AD, a partir da experiência de usuários e profissionais, com vistas à construção de diretrizes para um Guia de Cogestão de Projeto Terapêutico Singular.
Descrição da experiência
Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório, conduzido em um CAPS AD localizado na Zona Sul de São Paulo. A proposta metodológica envolve grupos focais com usuários e profissionais sobre a construção do PTS. Em etapa posterior, haverá grupo focal misto para validação e sistematização coletiva de diretrizes. A coleta está prevista para o segundo semestre de 2025, e o produto final será um guia prático de apoio à cogestão do cuidado.
Resultados
Embora em fase inicial, o estudo já identifica tensões entre diretrizes normativas do PTS e sua efetivação no cotidiano do CAPS. A aproximação com o campo aponta fragilidades no uso do formulário oficial e desafios na apropriação do PTS por usuários e profissionais. Os dados preliminares indicam a necessidade de estratégias que qualifiquem o processo e ampliem as possibilidades de participação efetiva dos usuários na construção do cuidado.
Aprendizado e análise crítica
A análise preliminar indica que, embora o PTS seja previsto como central no cuidado em saúde mental, ainda é tratado como formalidade burocrática. Faltam referências comuns entre equipe e usuários sobre sua função e importância. O estudo tensiona os limites de dispositivos técnicos desvinculados da contratualidade e aponta a autonomia do usuário como elemento estruturante e inegociável da prática.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a revisão dos processos de elaboração do PTS com foco na comunicação clara e na pactuação real com os usuários. Destaca-se a importância de criar dispositivos acessíveis que favoreçam a cogestão e ampliem o exercício da autonomia. O Guia de Cogestão, em construção, pretende apoiar práticas que reconheçam o usuário como sujeito ativo e corresponsável na definição de seus projetos de cuidado.
GRUPO DE GESTÃO AUTÔNOMA DA VIDA: EXPERIÊNCIA DE PROMOÇÃO DE AUTONOMIA E CUIDADO TERRITORIAL EM SAÚDE MENTAL
Pôster Eletrônico
1 UFF
Período de Realização
Maio de 2023 a Junho de 2025.
Objeto da experiência
Grupo de Gestão Autônoma da Vida (GAV). Grupo baseado na Gestão Autônoma da Medicação (GAM) realizado na cidade de Niterói, estado do Rio de Janeiro.
Objetivos
O grupo foi criado com o objetivo de ampliar as possibilidades de cuidado territorial e antimanicomial em um Ambulatório Ampliado de Saúde Mental, visando o fomento da autonomia e o exercício da cidadania. Este resumo objetiva analisar e descrever o processo contínuo de construção deste coletivo.
Descrição da experiência
GAV acontece desde maio de 2023 em uma biblioteca comunitária, ocupação e espaço cultural de referência no território. O Guia GAM foi utilizado como orientador e traz a proposta de compartilhamento de experiências. Trata-se de um grupo cogestivo, as decisões são tomadas de forma coletiva pelos participantes. É um grupo aberto e heterogêneo, que recebe de 7 a 14 pessoas por semana. Os profissionais são moderadores: colocam sua posição em análise, a fim de garantir a transversalidade das relações.
Resultados
A participação no grupo promove fortalecimento de vínculos. Há ampliação de redes relacionais, laços de amizade e afeto. Iniciativas de geração de renda e trabalho são compartilhadas. Usuários conhecem seus direitos e se tornam mais reivindicativos. Adotam posturas mais participativas em seu tratamento. Há facilitação do acesso aos serviços de saúde, a partir de orientações e quebra de estigmas. Aumento da circulação pela cidade. Criação coletiva de estratégias desmedicalizadas de cuidado.
Aprendizado e análise crítica
GAV é iniciativa de um Ambulatório Ampliado de Saúde Mental que atua alinhado às diretrizes da Atenção Psicossocial. Visa o fomento de autonomia coletiva, ampliação de redes e participação do usuário. Promove cuidado em liberdade, no território, focado nos usuários enquanto sujeitos de direitos, a partir de uma ética antimanicomial. Por acontecer fora do serviço de saúde, favorece o acesso da população. O cuidado é descentralizado: circula pelo coletivo e é exercido por todos os participantes.
Conclusões e/ou Recomendações
O grupo é um importante espaço de formação para estagiários de psicologia e residentes de psiquiatria. Recebe visitas de acadêmicos e profissionais. Auxiliou na ativação de uma rede local de saúde mental, promovendo maior comunicação e integração entre serviços. Além de indicações do Ambulatório, recebe encaminhamentos da Atenção Básica e é composto também por profissionais e pessoas usuárias do CAPS II de referência da região.
MEDIDAS DE SEGURANÇA E SAÚDE COLETIVA: ÊXITOS E DESAFIOS DO PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL EM LIBERDADE (PAILI) NO CUIDADO INTERSETORIAL EM SAÚDE MENTAL EM GOIÁS
Pôster Eletrônico
1 Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG)
Período de Realização
A experiência ocorreu do primeiro dia de dezembro de 2023 ao último dia de dezembro de 2024.
Objeto da experiência
O trabalho do Paili cujo objetivo é a ressocialização de seus usuários a partir da execução e supervisão das Medidas de Segurança (MS) em Goiás.
Objetivos
Descrever, de forma generalista, a atuação do Paili em seus êxitos e desafios, além de apresentar a perspectiva geral de um tensionamento dirigido ao modelo tradicionalmente clínico hoje adotado pelas instâncias superiores da gestão pública no âmbito das Medidas de Segurança (MS) em Goiás.
Metodologia
A experiência ocorreu durante o estágio da formação em Psicologia do presente autor que atuou junto aos técnicos do Paili por 13 meses. Em princípio, a gestão do cuidado atribuída ao Programa consiste, em nível teórico, na articulação intersetorial entre a Saúde, a Assistência Social e a Justiça. Para tanto, seus técnicos procedem buscas ativas, visitas, avaliações psicossociais, estudos de caso e informam periodicamente as varas de execução penal sobre a evolução do tratamento de seus usuários.
Resultados
O locus de intervenção do Paili se situa entre a Saúde e a Justiça. Assim, sua atribuição consiste ainda em supervisionar o tratamento de seus usuários inimputáveis que, embora tenham delinquido, foram absolvidos impropriamente em razão de adoecimento psíquico e submetidos à MS (tratamento que substitui a pena). Nesse contexto, com a baixa reincidência delitiva (≈5%), o êxito do Programa põe em evidência que o tratamento em liberdade é possível mesmo em quadros psicopatológicos desafiadores.
Análise Crítica
O Paili traz para a esfera da Saúde Pública o que era restrito à Justiça. Entretanto, o êxito do tratamento em saúde mental não arremata as demandas do adoecimento psíquico, sobretudo em vista da determinação social da saúde, e tampouco esgota a amplitude multidimensional da reinserção social. Aliás, embora a área técnica do Programa conte com núcleos de competência em psicologia, psiquiatria, serviço social e enfermagem, a confluência entre esses paradigmas ainda é um desafio a ser reconhecido.
Conclusões e/ou Recomendações
Imprescindível é que uma perspectiva circunspecta de saúde em suas múltiplas determinações e desdobramentos seja radicalmente considerada não só pelo Paili, mas também pelas equipes que nele encontrariam um modelo de atuação. É de vital necessidade, portanto, que tais instituições adotem procedimentos operacionais que apresentem a intersetorialidade como ferramenta básica de trabalho e a interdisciplinaridade como alicerce cognitivo fundamental.
PALHAÇARIA COMO CUIDADO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA SANITARISTA E VOLUNTÁRIA NO PROJETO LAÇOS DA ALEGRIA
Pôster Eletrônico
1 ESP-DF/FEPECS
Período de Realização
Desde 2019, com visitas regulares a hospitais e instituições do Distrito Federal até o presente momento.
Objeto da experiência
Atuação voluntária em palhaçaria hospitalar, com enfoque no cuidado emocional e na saúde mental de pacientes e profissionais.
Objetivos
Relatar a experiência de uma sanitarista voluntária no projeto de palhaçaria hospitalar Laços da Alegria, refletindo sobre os impactos da escuta, do riso e do afeto no ambiente hospitalar e no bem-estar emocional de pacientes, familiares e trabalhadores da saúde.
Descrição da experiência
Desde 2019, integro o Laços da Alegria, projeto de palhaçaria hospitalar que atua em hospitais públicos e privados do DF, além de ONGs. Atuamos com escuta, música e humor, acolhendo pacientes, familiares e profissionais de saúde. Em uma visita a uma criança cardiopata, a mãe emocionada relatou como aquele momento aliviava o fardo da solidão e da espera pela alta hospitalar. A experiência evidencia o poder do cuidado leve e afetivo no ambiente hospitalar.
Resultados
A palhaçaria promove alívio emocional, fortalece vínculos e quebra o clima de sofrimento nos hospitais. Pacientes demonstram gratidão, profissionais se animam com as visitas e as famílias se sentem acolhidas. O riso e a escuta tornam-se estratégias importantes para a saúde mental, criando espaços de leveza, escuta ativa e humanização do cuidado, especialmente em ambientes marcados por dor, medo e incerteza.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou que práticas não convencionais, como a palhaçaria, são potentes no cuidado em saúde. Para sanitaristas, cuja formação prática em saúde mental ainda é restrita, esse tipo de vivência amplia o olhar sensível para o sofrimento humano e fortalece competências como empatia, escuta e comunicação. Também convida à reflexão sobre a importância de romper com a lógica hospitalocêntrica e biomédica que ainda prevalece nos serviços.
Conclusões e/ou Recomendações
A palhaçaria hospitalar se mostra uma estratégia eficaz para o cuidado em saúde mental, sendo recomendável sua incorporação como prática complementar nos serviços de saúde. Recomenda-se que instituições de ensino incentivem a participação de estudantes e sanitaristas em projetos que promovam o cuidado humanizado e ampliem políticas de integração ensino-serviço-comunidade.
O CUIDADO NAS BORDAS DO SENSÍVEL: LUDICIDADE COMO ESTRATÉGIA DE AÇÃO NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS.
Pôster Eletrônico
1 UESB
Período de Realização
Realizada no dia 28 de agosto de 2024.
Objeto da experiência
Vivência no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, com foco na promoção do cuidado de si mediante práticas lúdicas.
Objetivos
Relatar a experiência vivenciada por acadêmicos do curso de Enfermagem durante práticas em saúde mental, realizadas no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas.
Metodologia
As atividades integraram usuários do serviço, criando um espaço de expressão de vivências e emoções. As ações incluíram danças, alongamentos, penteados, massagens, pinturas e jogos, proporcionando momentos de interação. Cada ação foi pensada com o propósito de tornar o meio ambiente mais criativo e terapêutico, no sentido de propiciar o autocuidado.
Resultados
A experiência configurou-se como espaço de expressão de liberdade e protagonismo de pessoas que vivenciam o consumo de álcool e outras drogas. Elas participaram ativamente das atividades, demonstrando engajamento coletivo e desejo de cuidado de si e do outro. A ludicidade das ações desenvolvidas propiciaram o despertar de lembranças, afetos e potencialidades, muitas vezes silenciadas pelo vício.
Análise Crítica
A experiência mostrou que o cuidado em saúde mental transcende o saber-fazer técnica, dá-se pela escuta atenta, acolhimento e respeito às singularidades. A ludicidade, por meio da dança, do jogo e do brincar, revelou-se potente na promoção da saúde e do vínculo. A experiência nos fez repensar nosso papel como futuros enfermeiros, valorizando a autonomia, a liberdade e o cuidado centrado na singularidade de cada sujeito.
Conclusões e/ou Recomendações
As práticas em saúde mental no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas constituíram uma vivência enriquecedora, corroborando o quanto atividades simples e lúdicas podem revelar-se como potencial terapêutico para fortalecer o autocuidado dos usuários. Portanto, estratégias de cuidado pautadas na ludicidade devem ser incentivadas na rede de atenção à saúde mental.
ENTRE COPOS E CONEXÕES: REPENSANDO O USO DE ÁLCOOL NO DIA A DIA
Pôster Eletrônico
1 CASSI
Período de Realização
05/01/2025 à 28/03/2025
Objeto da experiência
Conscientização sobre uso de álcool entre trabalhadores do BB em SC, realizada por equipe da APS como ação de promoção da saúde no trabalho.
Objetivos
Ação da APS em parceria com equipe ocupacional, focada na conscientização e prevenção do uso de álcool entre funcionários ativos do Banco do Brasil em SC, promovendo saúde, bem-estar no trabalho e redução de prejuízos pessoais.
Descrição da experiência
Palestra remota via Microsoft Teams, realizada na semana anterior ao Carnaval, com duração de 50 minutos. O tema, definido a partir do Exame Periódico de Saúde que apontou alto consumo de álcool, tratou dos impactos à saúde e estratégias de uso consciente. Conduzida por médico de família e psicólogo, a conversa foi leve, reflexiva e baseada em dados atualizados.
Resultados
Os profissionais buscaram uma abordagem leve, evitando discursos punitivos ou proibitivos, por entenderem que isso não engajaria os colaboradores. As discussões focaram nos impactos do álcool na saúde e no convívio social, destacando os riscos do consumo excessivo e estratégias de redução de danos. O tema também abordou o uso consciente e foi finalizado com uma reflexão coletiva.
Aprendizado e análise crítica
A ação obteve boa adesão e gerou reflexões significativas entre os participantes. A abordagem leve e não punitiva facilitou o engajamento, permitindo um espaço de escuta e troca. Observou-se maior abertura para repensar hábitos e reconhecer os impactos do álcool no cotidiano. A experiência reforça que estratégias dialógicas promovem aprendizado, senso crítico e favorecem mudanças no comportamento.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação demonstrou que abordagens educativas, acolhedoras e contextualizadas favorecem o engajamento dos trabalhadores. Recomenda-se a continuidade de iniciativas semelhantes, integrando saúde e trabalho, com foco em prevenção e promoção da saúde. Espaços de escuta e reflexão devem ser incentivados para fortalecer o autocuidado e o uso consciente de álcool.
PREVENÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE MENTAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE GRUPO TERAPÊUTICO COM JOVENS EM UM CAPS NO SUL DO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFPel; UCPel; FURG
2 UFPel
3 UCPel
Período de Realização
O relato de experiência compreende ao período de março/2023 a outubro/2024
Objeto da experiência
Análise do grupo terapêutico com jovens “Sou+Eu”, sob coordenação de psicóloga e doutoranda em Enfermagem, sob linha de pesquisa Saúde Mental (UFPel)
Objetivos
Relatar sobre ações desenvolvidas no grupo terapêutico intitulado Sou+Eu, voltado ao atendimento de jovens usuários em saúde mental, realizado num Centro de Atenção Psicossocial, na cidade de Pelotas/RS; expor as principais implicações e achados ao longo do desenvolvimento do grupo psicoterapêutico.
Descrição da experiência
Enquanto estudante do curso de Psicologia, percebeu ao longo dos encontros, a formação do senso grupal, a socialização dos membros, sobre suas limitações, fragilidades, incertezas, porém notou a solidariedade, apoio e ajuda mútua. Tais expressões foram reiteradas, sobretudo a partir do uso recurso da arteterapia, como pintura, música, desenho, poema, dança, entre outros. A experiência evidenciou que a arteterapia pareceu salutar, revelando as potencialidades dos membros do grupo.
Resultados
Durante ó acompanhamento do grupo emergiram várias demandas psicológicas que foram atendidas coletivamente, e em alguns casos, era oferecido apoio individual. Apesar da solidariedade grupal e desenvolvimento de ajuda mútua, perceberam-se recaídas, crises que retornam, porém, nota-se que os membros estão mais fortalecidos, com mais autoconhecimento sobre o seu funcionamento e criando estratégias que o fortalecem frente ao sofrimento.
Aprendizado e análise crítica
A experiência do grupo terapêutico foi importante para os membros que demonstraram utilização de distintas articulações para lidar com as crises, demonstrando plasticidade e novas estratégias para lidar com o sofrimento. Enquanto estudante, a experiência de vivenciar e fazer parte do grupo e observar os processos de formação e consolidação grupal, como organismo vivo e dinâmico, conferiu visão singular na formação enquanto futuro profissional do campo da saúde mental.
Conclusões e/ou Recomendações
No decorrer da experiência grupal observou que os membros passaram a utilizar posturas diferentes frente à dor. O processo permitiu a construção e fortalecimento de uma identidade, antes fragilizada, e favoreceu à capacidade de criar novas estratégias. Sobre a caracterização dos membros notou um novo fenômeno social, o que sugere novos estudos e enfoques ao grupo sobre esta temática do fenômeno também reconhecido como “ninho cheio”.
OS EFEITOS DA TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL DE GRUPO EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA NUM CAPS-AD NO DF
Pôster Eletrônico
1 UnB
Período de Realização
As observações aconteceram desde outubro de 2024 e continuam em andamento até outubro de 2025.
Objeto da experiência
Construções teóricas, com base nas vivências de gestão do cuidado em saúde mental, com a Terapia Comunitária Integrativa em CAPS no Distrito Federal.
Objetivos
1) Fortalecer políticas públicas de promoção de saúde mental; 2) Identificar processos de enfrentamento e respostas ao sofrimento psíquico pelos participantes e pelo coletivo como um todo no âmbito de um espaço institucional do SUS; 3) Refletir criticamente sobre os efeitos da TCI na saúde mental.
Descrição da experiência
As rodas de TCI são conduzidas semanalmente por Terapeutas Comunitários, fazem parte do plano terapêutico dos demandantes do serviço, dos quais a maior parte vive em situação de vulnerabilidade social, com vínculos familiares rompidos ou fragilizados. São espaços de fala, escuta e partilha das experiências de vida, onde surgem falas sobre auto percepção e relações interpessoais. Vimos na instituição reformulações do processo de cuidado em saúde mental com uma perspectiva mais comunitária.
Resultados
O grupo construiu alguns vínculos em decorrência da convivência e escuta das suas histórias de vida. Falas de apoio e solidariedade são comuns, eles partilham aprendizagens, algumas muito significativas. A frequência semanal demonstra compromisso e há depoimentos de reconciliações, algumas esposas acompanham os atendidos. Quando estão em abstinência do uso de drogas os colegas torcem para que sigam assim, porém, quando há recaídas ouvimos apoio e solidariedade para uma nova tentativa.
Aprendizado e análise crítica
Com essa experiência aprendemos que as rodas de TCI são espaços valiosos para construção de vínculos e de uma rede de apoio. Alguns depoimentos registram "é a primeira vez que tive coragem de falar disso", ou seja, conseguimos construir um espaço acolhedor e seguro para o desabafo. As partilhas de experiências de superação inspiram o grupo e trazem esperança. Ter um espaço de fala e escuta semanal contribui para o coping do sofrimento psíquico, portanto as rodas promovem saúde mental e coletiva.
Conclusões e/ou Recomendações
As rodas de TCI quando implementadas no SUS e na Atenção Primária em específico, podem ajudar a aprimorar a implementação de políticas públicas de equidade e de promoção da saúde mental e coletiva, pois promove um diálogo acolhedor e seguro entre comunidade e pessoas em situação de vulnerabilidade. Nesta experiência, para implementar a TCI num CAPS-AD, houve uma articulação com programas e serviços na unidade, como a educação permanente das equipes.
MUDANÇA DE PARADIGMA INSTITUCIONAL EM UM CAPSIJ DE RECIFE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UPE
2 Prefeitura Municipal do Recife
3 Universidade de Pernambuco
Período de Realização
A experiência ocorreu no período julho de 2023 a junho de 2025 no CAPSij situado em Recife, PE.
Objeto da experiência
Gestão de um CAPSij em Recife em contexto de reestruturação do perfil de usuários e enfrentamento de resistências institucionais e sociais.
Objetivos
Relatar a experiência de gestão do CAPSij Professor Luiz Cerqueira após a ampliação do público atendido para adolescentes com diferentes agravos à saúde mental, analisando as construções políticas, os desafios institucionais e os impactos da transição de modelo de cuidado.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu no CAPSij Luiz Cerqueira (Recife, PE), que em 2022 ampliou o público-alvo para adolescentes com diversos agravos à saúde mental. Verificam-se resistências à convivência de perfis clínicos diversos. Implementaram-se escuta da equipe, reorganização de fluxos, educação permanente e articulação em rede, com foco no sujeito, não no diagnóstico, promovendo uma clínica psicossocial e ampliada.
Resultados
Houve aumento da integração da equipe, qualificação da escuta, fortalecimento de vínculos e redução de conflitos. Persistem desafios, como visões biomédicas e moralizantes. Destaca-se a diferença no perfil dos adolescentes: os com transtornos vêm com a família; os usuários de álcool e outras drogas estão em situação de rua na maioria das vezes. Esse achado tem qualificado as ofertas de cuidado.
Aprendizado e análise crítica
A convivência entre diferentes perfis de adolescentes revelou barreiras institucionais e estruturais das políticas de saúde mental e drogas, historicamente separadas. Termos como “doidos” e “noiados” expressam estigmas que dificultam a inclusão. A experiência reforça a importância da escuta, formação e controle social como estratégias de enfrentamento e transformação institucional.
Conclusões e/ou Recomendações
A consolidação de um CAPSij psicossocial exige gestão alinhada à Reforma Psiquiátrica, formação em serviço e escuta ativa. É urgente combater o estigma e incluir adolescentes em sua complexidade. Recomenda-se investir na singularidade dos sujeitos, na intersetorialidade e no controle social como pilares de cuidado democrático e efetivo.
O CUIDADO QUE ACONTECE NAS FRESTAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA UNIDADE DE ACOLHIMENTO ADULTO
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Período de Realização
As ações da extensão iniciaram-se em agosto de 2024 e seguem em andamento até o presente momento
Objeto da experiência
O objeto deste relato de experiência é analisar a produção do cuidado em saúde mental no cotidiano da Unidade de Acolhimento Adulto de João Pessoa/PB.
Objetivos
Refletir sobre o cuidado em saúde mental para além das práticas institucionais formais a partir de experiências cotidianas vividas na Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) durante ações de extensão universitária.
Descrição da experiência
Este relato de experiência do projeto ‘MoveMente’, vinculado ao ApoiaRaps/UFPB, se mostra uma cartografia viva do cuidado no território. Através de visitas semanais à UAA e registros em diários cartográficos dos afetamentos, emergem cenas onde vínculo, confiança e partilha se descolam das lógicas instituídas.
Resultados
A experiência revela que o cuidado em saúde mental se faz possível nas frestas do cotidiano, nos encontros tecidos entre moradores e equipe, onde a escuta e a partilha se entrelaçam e constroem modos de viver e cuidar que se faz no entre, onde a autonomia e a vida se co-implicam no cotidiano. O cuidado horizontalizado desafia a lógica normativa e instituída, permitindo modos de pensar saúde coletiva, produção de subjetividade e sentidos de pertencimento, promovendo a autonomia de cada sujeito.
Aprendizado e análise crítica
A partir da vivência, destaca-se a importância de refletir sobre os modelos formais de cuidado, muitas vezes pautados por protocolos rígidos e estruturas hierárquicas. Valorizar as relações informais e afetivas entre os moradores e a equipe aponta para práticas mais flexíveis, democráticas e inclusivas, integradas às experiências reais dos sujeitos, que valorizam o vínculo como elemento central no processo terapêutico e na construção da saúde mental de forma coletiva e contínua.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidencia a necessidade de valorizar os vínculos cotidianos como uma das estratégias centrais em saúde mental, especialmente no contexto da UAA. Recomenda-se o fortalecimento de práticas que rompam cada vez mais com os modelos institucionalizantes, priorizando ações territoriais, escuta qualificada e relações horizontais como caminhos potentes de cuidado e produção de vida.
O ÁLCOOL, A FOME E AS INIQUIDADES TERRITORIAIS COMO DETERMIANTES DE SAÚDE MENTAL – RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO MULUNGU FORMAÇÃO ANTIRRACISTA
Pôster Eletrônico
1 IF Goiano
Período de Realização
O projeto foi iniciado em fevereiro de 2025, e está em execução há 4 meses.
Objeto da experiência
Projeto Mulungu Formação Antirracista e escrevivências do Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus, base para reflexões sobre iniquidades em saúde.
Objetivos
O projeto tem como objetivo relatar a experiência de um grupo de estudos, no qual discutiu-se as condições de vida e iniquidades territoriais relatadas no livro Quarto de Despejo, e seus impactos na saúde mental. Além de apresentar intersecções entre a fome, alcoolismo e saúde mental.
Descrição da experiência
O projeto Mulungu é um grupo de estudos cuja metodologia consiste na leitura de obras literárias de autores e autoras negras e encontros presenciais para debate. O presente relato evidencia um dos encontros do Mulungu, no qual discutiu-se os contextos de pobreza extrema e o uso álcool e outras drogas, e as relações entre a fome e a saúde mental, narrados no livro Quarto de Despejo. Abordam-se aspectos apresentados pela autora como relatos, vivências, denúncias e racismo.
Resultados
Durante o debate, foi possível compreender a partir dos relatos da autora como o uso do álcool interfere nas necessidades básicas das pessoas. Esses aspectos são relatados nos trechos: “O homem que bebe não compra roupa [...] não faz uma casa”, “o dinheiro gasto em cerveja faz falta para o essencial”. A autora evidencia ainda a pauta sobre as dores mentais causadas pela fome, “Eu suicidando-me é por deficiência de alimentação no estômago. E por infelicidade eu amanheci com fome”.
Aprendizado e análise crítica
Compreende-se que as narrativas do diário de Carolina, são atuais. A autora traz pontos importantes para se pensar quais os grupos sociais são mais vulnerabilizados, e assim mais expostos às condições em que o álcool e a fome determinam condições psíquicas desfavoráveis à saúde. Como relatado na obra de Carolina, os “favelados” - sobre tudo a população negra e periférica, apresentam maior probabilidade de desenvolver problemas como vício em drogas, alcoolismo e impactos na saúde mental.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência permitiu o debate acerca de interseccionalidades entre raça, classe e território como determinantes da saúde mental. Outros problemas denunciados por Carolina como o impacto do álcool na saúde da população negra, são negligenciados e silenciados. O que reforça a necessidade do debate racial sobre as iniquidades em saúde mental, e a formação antirracista de profissionais da saúde.
ENTRE O ENCERRAMENTO DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DE CUSTÓDIA DO CEARÁ E A CONSTRUÇÃO DO CUIDADO EM LIBERDADE: ACOMPANHAMENTO DO CAPS GERAL DE FORTALEZA
Pôster Eletrônico
1 CAPS Geral Fortaleza - CE
Período de Realização
O relato desta experiência vem ocorrendo desde outubro de 2024 e está em curso.
Objeto da experiência
Trata-se do cuidado de pessoas em conflito com a lei em seu processo de desinstitucionalização e reinserção social pelo Caps Geral de Fortaleza-CE.
Objetivos
Este trabalho objetiva descrever o acompanhamento pelo CAPS Geral de Fortaleza das pessoas em sofrimento psíquico em conflito com a lei, após o processo de desinstitucionalização com o fechamento do hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Ceará.
Descrição da experiência
Em 1/10/2024 houve o fechamento do Instituto Psiquiátrico Governador Stênio Gomes (IPGSG), único no Ceará para internação de pessoas em medida de segurança. Dos 154 egressos, o CAPS relator deste trabalho acompanha 12 pessoas transferidas para o Serviço de Residência Terapêutica (SRT) ao qual somos o CAPS de referência. Desde então, em conjunto com os pacientes e os profissionais de ambas as unidades fizemos uma avaliação multiprofissional para a construção do projeto terapêutico singular (PTS).
Resultados
Nos PTS realizados, identificamos o histórico e perfil dos usuários, necessidades, vulnerabilidades, interesses, rotina, visando a inclusão destes nas ações ofertadas no Caps e estratégias de cuidado integral como acompanhamento multiprofissional individual e/ou em grupos, acesso a recursos sociais, educacionais e comunitários, emissão de documentos, recebimento de benefícios sociais, a fim de promover o fortalecimento da autonomia e capacidade de cuidar de si mesmo com reavaliações bimestrais.
Aprendizado e análise crítica
Apesar da lei 10216/20021 garantir direitos das pessoas com transtornos mentais, só em 2023 com a resolução do CNJ avançou-se na política antimanicomial para pessoas em conflito com a lei. A garantia de direitos é central na desinstitucionalização e na produção de saúde e, portanto, fundamental à mudança do modelo de atenção. A transição para a vida em comunidade após longo tempo de internação tem sido complexa, com a resistência e despreparo das famílias, dos serviços e da sociedade em geral.
Conclusões e/ou Recomendações
É preciso fortalecer e ampliar a RAPS para enfrentar os desafios da desinstitucionalização e os já presentes nos serviços, com ações contra o estigma, articulação intersetorial e estratégias de reinserção social. A reconstrução de histórias, a rede de cuidado e a consolidação de uma política de atenção no SUS pautada no cuidado humanizado e integral são estratégias ético-políticas fundamentais.
JOGOS GOIANOS DA SAÚDE MENTAL: UM DISPOSITIVO ANTIMANICOMIAL DE CUIDADO E MOBILIZAÇÃO POLÍTICA NA RAPS GOIANA
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 Prefeitura Municipal de Goiânia
3 UEG
Período de Realização
De 2018 até o momento
Objeto da experiência
Relato dos “Jogos Goianos da Saúde Mental Prof. Marcos Antônio Alves Filho” espaço coletivo de cuidado, convivência e formação crítica na RAPS goiana.
Objetivos
Apresentar um relato crítico sobre as edições dos Jogos Goianos da Saúde Mental desde 2018 até 2024, com foco nas estratégias de mobilização, enfrentamentos políticos e institucionais, e na potência do evento como instrumento de cuidado, inclusão e fortalecimento da RAPS
Descrição da experiência
Os Jogos constituem dispositivo coletivo, antimanicomial e intersetorial. Articulando arte, cultura, práticas corporais e economia solidária, mobilizam usuários(as), trabalhadores, familiares e estudantes de diferentes municípios goianos. Com metodologias participativas que garantem o protagonismo de usuários(as) e trabalhadores afirmam a cultura como cuidado, subvertem lógicas competitivas e integram ações com RAPS/SUS, SUAS e movimentos sociais
Resultados
Os Jogos fortaleceram espaços intersetoriais de cuidado em liberdade, arte, cultura e economia solidária, desconstruindo estigmas e promovendo ressocialização. As edições atingem mais de 1.000 participantes por ano, incluindo usuários(as), trabalhadores, familiares e pessoas em situação de rua. Houve integração com SUAS, ampliando acesso à cultura, convivência e cidadania. As limitações incluem fragilidade institucional, desmobilização das equipes e baixa sustentabilidade político-financeira
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou o potencial das práticas coletivas no enfrentamento ao estigma e à medicalização. Revelou a potência da cultura, do esporte, atividades corporais e da economia solidária como práticas de cuidado em liberdade. Os limites encontrados apontam para a urgência de políticas públicas que valorizem práticas territorializadas e processos formativos continuados, integrando saberes populares e institucionais de forma ética, crítica e antimanicomial
Conclusões e/ou Recomendações
Os Jogos, como projeto de extensão antimanicomial, efetivam a visibilização e fortalecimento da RAPS, promovendo cuidado em liberdade, formação política crítica de usuários(as), trabalhadores(as) e estudantes, articulando-se com o SUAS e movimentos sociais. Recomenda-se sua institucionalização como prática extensionista contínua, com apoio acadêmico, financeiro e respaldo ético-político, expandindo redes comunitárias e resistência ao modelo manicomial.
PSICOEDUCAÇÃO: A ARTE NO COMBATE Á PSICOFOBIA
Pôster Eletrônico
1 UFVJM
Período de Realização
Janeiro de 2019 - Atual
Objeto da experiência
Produção de podcasts e outros conteúdos nas redes sociais que visam discutir saúde mental de forma acessível.
Objetivos
O projeto tem como objetivo geral a promoção e prevenção em saúde mental, fundamentando-se nas diretrizes determinadas pelo SUS. Busca-se desmistificar os estigmas relacionados aos pacientes com transtornos psiquiátricos por meio de várias abordagens, traçando novos caminhos para o combate à psicofobia.
Metodologia
No decorrer do projeto é realizado episódios de podcasts, com temas relacionados à saúde mental.Também são realizadas publicações no Instagram referentes aos temas dos podcasts, bem como sobre outros temas em saúde mental. O projeto também realiza a gravação de vídeos temáticos para o YouTube.A definição dos temas leva em consideração datas chaves, como o 12 de abril - Enfrentamento à Psicofobia, 18 de Maio – Luta Antimanicomial, 10 de setembro - Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, além de outros temas.
Resultados
O canal possui mais de 200 inscritos e um total de mais de 4500 visualizações no Youtube. Além desta rede social, os podcasts são veiculados em plataformas de distribuição de podcast, e já possui mais de 1700 reproduções. Assim, o projeto tem grande abrangência do público e com sua manutenção, ela será ainda maior, expandindo a atuação em psicoeducação. O projeto angariou uma parceria com a Rádio Comunitária, tendo como público prioritário pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Análise Crítica
Trata-se de projeto inovador e pioneiro na Faculdade de Medicina do Mucuri (Fammuc) que possui, a priori, abrangência regional, mas como possui toda sua ação gravada e postada em redes sociais (Youtube, Facebook etc.) o potencial para atingir o público-alvo é ilimitado. Informações de qualidade e relevância que promovem continuamente combate á psicofobia e estimulam os alunos a lutarem por um mundo mais equânime..
Conclusões e/ou Recomendações
O preconceito rotula os portadores de transtornos mentais como loucas, incapazes ou perigosos, suscitando medo na busca de auxílio profissional, o que pode resultar em agravo a condição psiquiátrica do indivíduo. Esse projeto segue com a premissa de utilizar meios digitais para combate a psicofobia e secundariamente formar profissionais mais humanizados e alinhados a política nacional de saúde mental/ reforma psiquiátrica.
OFICINA TERAPÊUTICA DE CULINÁRIA: ESTRATÉGIA DE CUIDADO PARA USUÁRIOS DE CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE PONTA GROSSA, PARANÁ
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
2 Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa
Período de Realização
Janeiro de 2023 a dezembro de 2024
Objeto da experiência
Relato de experiência sobre o projeto de oficinas terapêuticas de culinária, desenvolvidas com usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Objetivos
Desenvolver oficinas culinárias terapêuticas juntamente aos usuários dos CAPS.
Promover interação e reintegração psicossocial, construção de vínculo e desenvolvimento de habilidades práticas aos usuários dos CAPS.
Melhorar a qualidade de vida dos usuários dos CAPS.
Descrição da experiência
Ofertado aos usuários dos CAPS II e III, semanalmente, com presença de terapeuta ocupacional e nutricionista. O conteúdo dos encontros é variado (higiene dos alimentos, aproveitamento integral, comidas afetivas, etc.). Em cada um, há uma parte teórica (roda de conversa) e uma parte prática (preparo das receitas). Por exemplo, a receita era sonho, então na roda de conversa cada participante falou dos seus próprios sonhos. Após o preparo, os pratos são degustados e é aberto espaço para reflexão.
Resultados
Aumento da autoestima e confiança; melhora da capacidade de concentração; redução dos níveis de ansiedade e estresse; melhora de habilidades (progresso na execução das receitas, maior familiaridade com técnicas culinárias e segurança ao manusear utensílios); integração social (interação entre usuários, promovendo senso de pertencimento e apoio mútuo); adesão ao tratamento (melhora na adesão ao tratamento psicossocial, atribuindo parte desse progresso à participação na oficina culinária).
Aprendizado e análise crítica
Os resultados desta experiência sugerem a aplicabilidade de oficinas de culinária como intervenções terapêuticas de apoio ao tratamento de adultos com transtorno mental grave e persistente, especialmente no CAPS II (transtornos mentais), proporcionando benefícios tangíveis para o bem-estar e a recuperação dos usuários. Além disso, no CAPS III, as oficinas proporcionam momentos de descontração e integração, fortalecendo os laços comunitários.
Conclusões e/ou Recomendações
A oficina de culinária é uma atividade terapêutica inclusiva que pode ser aplicada na promoção da saúde mental e reabilitação psicossocial, especialmente para o público usuário do CAPS II (transtornos mentais). As oficinas proporcionam aos participantes um ambiente acolhedor para o desenvolvimento de habilidades práticas e sociais, além de momentos de descontração e integração.
EXPRESSÃO, ESCUTA E CUIDADO: ESTRATÉGIAS CRIATIVAS COM USUÁRIOS DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – ÁLCOOL E/OU OUTRAS DROGAS
Pôster Eletrônico
1 UFPE
Período de Realização
A intervenção ocorreu em 17 de fevereiro de 2025, em um CAPS AD em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco.
Objeto da experiência
Relato de uma ação educativa com abordagem lúdica e uso de recursos audiovisuais, voltada à promoção do autoconhecimento de usuários de um CAPS AD.
Objetivos
Relatar a experiência de discentes de graduação em Enfermagem na condução de uma intervenção educativa com abordagem lúdica e audiovisual, voltada à promoção do autoconhecimento e do fortalecimento de vínculos entre usuários de um Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e/ou outras Drogas.
Metodologia
A atividade foi conduzida por graduandos em Enfermagem de uma Instituição Federal de Ensino Superior, sob a supervisão de uma docente e de uma psicóloga. A intervenção consistiu na exibição de um filme voltado à análise de comportamentos cotidianos, seguida de roda de conversa e de uma dinâmica de apresentação pessoal. Os usuários foram convidados a refletir sobre atitudes, sentimentos e possibilidades de mudança, a partir de associações com situações vivenciadas pelos personagens.
Resultados
A ação foi bem recebida pelos participantes, promovendo expressões espontâneas de experiências pessoais e estimulando o diálogo entre os usuários. O uso de estratégias lúdicas e audiovisuais favoreceu a expressão emocional e a criação de um ambiente seguro e colaborativo. Observou-se participação significativa, inclusive de usuários inicialmente mais reservados, indicando o potencial da metodologia para ampliar o engajamento terapêutico.
Análise Crítica
A experiência revelou o valor das práticas educativas lúdicas no campo da saúde mental, sobretudo no estímulo ao autoconhecimento e ao fortalecimento das relações grupais. A mediação sensível contribuiu para a criação de um espaço terapêutico dialógico, reafirmando o papel do enfermeiro na promoção de cuidados que integrem escuta, criatividade e humanização.
Conclusões e/ou Recomendações
A intervenção evidenciou o potencial das práticas educativas lúdicas e culturais na promoção da saúde mental, ao favorecer a expressão emocional, o autoconhecimento e o fortalecimento dos vínculos entre os usuários. Para os discentes de Enfermagem, a experiência proporcionou um aprendizado significativo ao aproximá-los do cotidiano da saúde mental e ao desenvolver habilidades como escuta qualificada, condução de grupos, empatia e criatividade no cuidado.
COCRIAÇÃO NA PREVENÇÃO COMUNITÁRIA DO USO DE ÁLCOOL ENTRE ADOLESCENTES: A EXPERIÊNCIA DO PREV.ACTION, DESAFIOS DE IMPLEMENTAÇÃO E SUA INTERFACE COM A SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Período de Realização
Entre junho de 2023 e junho de 2025.
Objeto da experiência
Cocriação e a implementação de uma intervenção multicomponente de base comunitária (Prev.Action) para prevenção do uso de álcool entre adolescentes.
Objetivos
Relatar o processo de implementação com cocriação do Prev.Action, destacando os principais desafios e refletindo sobre sua interface com Saúde Coletiva e políticas públicas de prevenção ao uso de álcool entre adolescentes.
Descrição da experiência
O Prev.Action é uma intervenção multicomponente de base comunitária para prevenir o uso de álcool entre adolescentes, com ações na escola (programa #Tamojunto 2.0), família (programa CORA) e ambiente (controle da venda de álcool) que está sendo implementada em municípios de pequeno porte do estado de São Paulo. A intervenção está sendo cocriada com pessoas-chave dos territórios como adolescentes, pais, profissionais de saúde, educação, segurança pública, assistência social, cultura e esporte.
Resultados
A implementação do Prev.Action enfrentou desafios estruturais comuns a estudos em contextos reais, como setores desarticulados, baixa colaboração intersetorial, pouca familiaridade com processos participativos, fragilidade na fiscalização das normas sobre álcool, trocas de gestão local e descontinuidade de programas nacionais como Famílias Fortes e #TamoJunto 2.0. Esses obstáculos marcaram o percurso da intervenção nos territórios.
Aprendizado e análise crítica
Os desafios enfrentados demandaram a formulação de estratégias específicas de implementação. Foram criados comitês locais para articular setores, promovidas oficinas para formação das equipes e estabelecido suporte técnico contínuo. Também foram desenvolvidas ações de advocacy e retomadas parcerias com novas gestões. A intervenção familiar precisou ser reformulada, em processo de cocriação com a comunidade, mantendo base em evidências e sensibilidade às realidades locais.
Conclusões e/ou Recomendações
O consumo de álcool entre adolescentes é um problema persistente de saúde coletiva que exige respostas integradas e contextualizadas. A experiência do Prev.Action mostra que intervenções cocriadas com atores locais, adaptadas aos territórios e sustentadas por pactos intersetoriais, podem avançar na prevenção. Transformar essas ações em políticas públicas requer compromisso institucional e continuidade das estratégias.
OS INSÊNICOS: 15 ANOS DE EXPERIÊNCIA CÊNICA COM USUÁRIOS DA SAÚDE MENTAL NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM SALVADOR (BA)
Pôster Eletrônico
1 Insênicos ou EBMSP
Período de Realização
Junho de 2010 a junho de 2025 (atividade contínua e em curso)
Objeto da experiência
Criação e conslidação de um grupo de teatro formado por atores e atrizes usuários da RAPS de Salvador.
Objetivos
Promover processos de criação artística com usuários da RAPS; fortalecer vínculos, expressão e autonomia; desenvolver práticas culturais como estratégia de cuidado em saúde mental e enfrentamento ao estigma
Descrição da experiência
Criado em 2010, Os Insênicos é um grupo de teatro independente formado por usuários da RAPS de Salvador, sob direção de Renata Berenstein. A experiência envolve oficinas, processos criativos e apresentações, promovendo encontros entre arte, saúde mental e política. Com metodologias colaborativas, o grupo se consolidou como espaço de acolhimento, reinvenção estética e pertencimento para pessoas em sofrimento psíquico.
Resultados
Ao longo de 15 anos, o grupo realizou 6 montagens teatrais, circulou por eventos locais, publicou livro e participou de pesquisas acadêmicas. O trabalho fortaleceu os vínculos entre participantes, ampliou a visibilidade da temática da saúde mental no campo da cultura e contribuiu para a construção de novos papéis sociais, redução do estigma, além de criar redes com equipamentos públicos e outros coletivos artísticos.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reafirma o potencial do teatro como prática estética, terapêutica e política. Enfrenta desafios como ausência de políticas públicas e escassez de financiamento, mas a permanência do grupo evidencia a potência da arte, do afeto e da coletividade na construção de espaços de cuidado e pertencimento, sobretudo em contextos de vulnerabilidade social e subjetiva.
Conclusões e/ou Recomendações
A trajetória dos Insênicos evidencia a importância de políticas culturais articuladas à saúde mental, que incentivem a criação de grupos artísticos em territórios e CAPS. Iniciativas como essa revelam a arte como potente instrumento de cuidado, inclusão e transformação social, demandando apoio contínuo, investimento público e reconhecimento como parte das estratégias de atenção psicossocial.
REVISTA DIGITAL DESENCAPSULANDO E JORNAL RAPS NEWS: CONSTRUINDO PONTES DE COMUNICAÇÃO ENTRE A REDE DE SERVIÇOS E A COMUNIDADE
Pôster Eletrônico
1 Prefeitura Municipal de Jundiaí (SP)
Período de Realização
Desde agosto de 2024.
Objeto da experiência
Produção de materiais de divulgação de trabalhos desenvolvidos por usuários, trabalhadores e gestores da Rede de Atenção Psicossocial de Jundiaí (SP).
Objetivos
Divulgar e valorizar práticas de cuidado em liberdade a fim de criar canais de diálogo entre os diferentes pontos da rede de saúde e da rede intersetorial, entre os diferentes atores que compõem o cotidiano dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Jundiaí (SP), e com a comunidade.
Descrição da experiência
Em 08/2024, foi criada a Comissão de Experiências da RAPS, composta inicialmente por trabalhadores e gestores dos serviços, com objetivo de identificar estratégias para visibilização de práticas desenvolvidas nos serviços. Durante planejamento estratégico realizado em 03/2025, identificou-se a necessidade de incluir os usuários na composição da comissão, visando torná-la um espaço representativo e de cogestão, desde a concepção até a produção dos materiais de divulgação.
Resultados
Após um trabalho de curadoria, o grupo definiu um conjunto de experiências recentes desenvolvidas nas unidades e escritas por trabalhadores e gestores, resultando na publicação da revista eletrônica DESencapsulando, em 12/2024, que ganhou repercussão nacional através das mídias sociais. Em 2025, foi desenvolvido um jornal com foco no protagonismo e nas produções dos usuários, o RAPS News, cuja primeira edição foi publicada em 05/2025 (digital e impressa) e pretende-se ter frequência bimestral.
Aprendizado e análise crítica
Avaliou-se que o processo de curadoria e de divulgação permitiu revisitar processos que, por vezes, eram invisibilizados e não reconhecidos em sua potência pelos próprios autores. Esse processo favoreceu a aproximação dos serviços na construção de um projeto comum, valorizando tanto as singularidades, quanto a potência das construções coletivas. A inclusão dos usuários na equipe editorial foi e continua sendo um desafio no sentido de garantia de sua presença, frequência e espaço de fala.
Conclusões e/ou Recomendações
Disputar espaços de comunicação e construir pontes de diálogo coloca-se como um enorme desafio que deve ser priorizado no campo da Saúde Mental e Saúde Coletiva. Considerando a soberania das mídias na formação e disseminação de ideias, o atual contexto social, que, frequentemente, questiona e descredibiliza ofertas de cuidado em liberdade, faz-se necessário criar caminhos que revelem e valorizem o que se produz no cotidiano das redes.
A GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO COMO DISPOSITIVO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NOS CENÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UNESP
Período de Realização
As ações foram desenvolvidas de junho de 2023 até outubro de 2024 com dois grupos focais no período.
Objeto da experiência
Organização de grupo de Gestão Autônoma da Medicação em dois serviços de Atenção Primária à Saúde, para a promoção da autonomia no cuidado do sujeito.
Objetivos
Objetivou-se refletir sobre o uso de psicofármarcos no processo saúde-doença individual e coletivo, contribuindo para a formação de olhar integrado entre vivências dos usuários e conhecimentos acadêmicos, construindo novas abordagens e propostas terapêuticas aliado ao uso de medicação psicotrópica.
Descrição da experiência
O trabalho apresentado é parte integrante de um projeto de extensão, desenvolvido em conjunto com alunos da graduação e pós-graduação, com grupos de Gestão Autônoma da Medicação (GAM), na Atenção Primária à Saúde (APS). Foram criados dois grupos, em períodos distintos, em uma Unidade de Saúde da Família e um Centro de Saúde Escola de município do interior de SP. Foram realizados encontros com usuários dos serviços, baseados na metodologia GAM, para refletir sobre seus cuidados com psicofármacos.
Resultados
Este projeto gerou resultados em diversas esferas. Para os usuários participantes do grupo, além de novo espaço de cuidado em saúde mental, notou-se desenvolvimento de reflexão ativa sobre seu cuidado, gerando maior autonomia. Para os estudantes, o projeto se mostrou potente ao ampliar o olhar para outras formas de cuidado, para além da medicamentosa, assim como auxiliou o desenvolvimento de habilidades de trabalho coletivo, potencializando atividades de promoção, prevenção e educação em saúde.
Aprendizado e análise crítica
A cultura de realização de grupos ainda não é prática totalmente incorporada pelos profissionais de saúde, bem como de fácil aceitação pelos usuários da APS, o que ainda requer investimentos em capacitação, instrumentalização e educação em saúde, bem como sensibilização de gestores e instituições formadoras de ensino em relação ao tema. Também, notou-se uma dificuldade no cuidado integral à saúde mental, uma vez que muitos usuários mostram afastamento em conhecer seus tratamentos nesta área.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que trabalhos como este são de extrema importância, uma vez que procuram, não apenas incentivar e capacitar profissionais para trabalhar em grupos, dentro da APS, como também, pensando no grupo GAM, em sua potencialidade, promovendo uma nova aproximação aos cuidados em saúde mental, possibilitando outros espaços de cuidado, assim como uma maior autonomia e conhecimento do sujeito sobre o seu tratamento.
CONSTRUÇÃO DE CURSO DE SUPORTE DE PARES NA RAPS-BH: AMPLIANDO O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
Período de Realização
2025
Objeto da experiência
Estruturação de curso teórico-prático de suporte de pares para usuários da rede de saúde mental e redutores de danos em Belo Horizonte (MG).
Objetivos
Relatar a experiência de residentes do Programa de Residência Integrada em Saúde Mental na construção de um curso teórico-prático de suporte de pares na perspectiva do Recovery para usuários da RAPS de Belo Horizonte.
Descrição da experiência
A partir da vivência das autoras na residência em saúde mental em Belo Horizonte, esta experiência resultou na proposta de um curso de formação em suporte de pares. O objetivo é qualificar o cuidado e valorizar os saberes de usuários e redutores de danos da RAPS. A metodologia, que incluiu pesquisa qualitativa e documental, subsidiou o plano do curso, construído em conjunto com gestores, usuários e profissionais da assistência.
Resultados
Em colaboração com gestores, usuários da RAPS e redutores de danos, foi desenvolvido um curso com base teórica alinhada à realidade local e uma matriz temática focada nas necessidades da redução de danos. A iniciativa visa a profissionalização, geração de emprego e renda e o protagonismo desses profissionais, com uma política pública para assegurar sua continuidade. A avaliação será participativa e a implementação seguirá princípios de equidade e justiça social.
Aprendizado e análise crítica
A experiência de residência em saúde mental das autoras revelou o protagonismo do usuário na co-produção de iniciativas de formação, trabalho e renda, e sua importância no cuidado em rede. A percepção da equipe sobre a necessidade de aprimorar o cuidado impulsionou o curso, visando fortalecer o cuidado entre pares. O projeto reconhece desafios como estigma, financiamento e resistência institucional, mas propõe superá-los através da articulação de atores-chave.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência se destaca pela importância do curso de suporte de pares no fortalecimento e ampliação do cuidado em saúde mental. A abordagem do curso, baseada no recovery valoriza as experiências dos usuários. É necessário o comprometimento da SMS de Belo Horizonte com suporte financeiro, logístico e estrutural para a sustentabilidade do projeto. É fundamental discutir a ampliação da política e a valorização dos redutores de danos.
“E VIVER SERÁ SÓ FESTEJAR”
Pôster Eletrônico
1 Universidade da Coruña, Universidade Estadual do Ceará, Escola de Saúde Pública do Ceará.
2 Escola de Saúde Pública do Ceará
3 Universidade Estadual do Ceará, Escola de Saúde Pública do Ceará.
4 Escola de Saúde Pública do Ceará.
Período de Realização
Realizado no Município de Fortaleza-Ceará, no período de fevereiro de 2024 a fevereiro de 2025.
Objeto da experiência
Atividade inclusiva e participativa da RESMULTI envolvendo mulheres cuidadas pela rede de saúde mental, mobilizadas pela arte e economia solidária.
Objetivos
Promover um espaço de compartilhamento de saberes, afetos e renda, entre expositoras(es) durante os módulos teórico-conceituais da Residência em Área Profissional da Saúde (Uniprofissional e Multiprofissional) da Escola de Saúde Pública do Ceará - RESMULTI/ESP-CE.
Descrição da experiência
A Feirinha denominada “E viver será só festejar” mobilizou 16 artesãs/expositoras, usuárias da Rede de Saúde Mental de Fortaleza (CE), que formavam um coletivo, contemplando diversos segmentos: artesanatos, alimentos, bijuterias, perfumaria e vestuário. A programação acontecia durante os módulos teórico-conceituais da RESMULTI/ESP-CE, contando com um público de mais de 400 residentes, de 24 programas, distribuídos em 30 municípios e 20 hospitais de todo o Estado do Ceará.
Resultados
A atividade foi articulada pela tutoria do Programa de Saúde Mental Coletiva, fortalecendo o compromisso com a promoção da vida, da dignidade e do cuidado em liberdade. Na feirinha, ao comercializarem seus produtos, as expositoras/artesãs foram reconhecidas e valorizadas por seu trabalho e sua inserção social através da arte e do empreendedorismo. Observou-se ainda o fortalecimento do vínculo entre residentes e expositoras, produzindo laços de solidariedade e aprendizagem mútua.
Aprendizado e análise crítica
A feirinha se consolidou como espaço político-pedagógico antimanicomial, feminista, antirracista e anticapacitista, reafirmando o papel da saúde mental na promoção da cidadania e da inclusão, alicerçada na potência de vida, arte e vínculos como formas de resistência e cuidado. A feirinha transformou “hobbies” em empreendimentos reais, reforçando a articulação entre saúde, trabalho e autonomia. As expositoras relataram ganhos significativos em autoestima, organização coletiva e apoio emocional.
Conclusões e/ou Recomendações
Esta experiência se mostrou como estratégia potente de promoção da cidadania, do cuidado em liberdade e da inclusão social de usuárias dos serviços de saúde mental, reafirmando a importância de espaços que integrem formação em saúde, participação social e práticas emancipatórias. Recomenda-se a continuidade e ampliação dessa iniciativa fortalecendo a intersetorialidade, a economia solidária e o controle social no campo da saúde mental.
CRIAR E TRANSFORMAR: OFICINAS CRIATIVAS POR MEIO DA ARTE, CULTURA E EDUCAÇÃO POPULAR NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO DISTRITO FEDERAL, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
Período de Realização
O Projeto Libertarte – oficinas criativas nos centros de atenção psicossocial, inicia em outubro/24 com oficinas presenciais até novembro/25 no DF.
Objeto da experiência
Promoção de cuidado em saúde mental para usuários da Rede de Atenção Psicossocial do DF.
Objetivos
O projeto tem como objetivo promover espaços de cuidado em saúde mental, unindo arte, cultura e economia solidária para fortalecer a autonomia, expressão, geração de renda, inclusão social, vínculos afetivos e protagonismo dos usuários, ampliando o cuidado em liberdade e humanizado.
Metodologia
O Libertarte buscará promover oficinas criativas nos 18 CAPS do Distrito Federal, unindo arte, cultura e economia solidária como estratégias de cuidado em saúde mental. A iniciativa busca fortalecer a autonomia, expressão, vínculos e geração de renda dos usuários, valorizando saberes, protagonismo e inclusão. Inspirado na educação popular, o projeto contribui para práticas humanizadas e integradas, alinhadas à luta antimanicomial e à construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Resultados
Os primeiros resultados do Projeto mostram avanços na construção coletiva das ações. Duas oficinas iniciais foram realizadas: a primeira reuniu os seis oficineiros para alinhar métodos e valores do cuidado em liberdade; a segunda contou com gestores e servidores dos 18 CAPS, pactuando logística, acompanhamento e integração com os usuários. As oficinas fortaleceram vínculos, corresponsabilidade e integração à Rede de Atenção Psicossocial do DF.
Análise Crítica
A reforma psiquiátrica brasileira substituiu o modelo manicomial por cuidados comunitários e inclusivos. Nesse contexto, o Projeto Libertarte, realizado pelo Núcleo Angicos da Fiocruz Brasília em parceria com a SES-DF, promove oficinas criativas nos 18 CAPS do DF, inspirando-se na educação popular e na Lei 10.216/2001, o projeto valoriza saberes, promove cidadania e reafirma os princípios do SUS e da luta antimanicomial.
Conclusões e/ou Recomendações
A iniciativa reafirma seu compromisso com a Política Nacional de Saúde Mental e a Educação Popular em Saúde, alinhando-se à Reforma Psiquiátrica, com previsão de atender 360 pessoas em 306 oficinas nos 18 CAPS do DF, promove vínculos, expressão e pertencimento, fortalecendo a RAPS e contribuindo para uma sociedade mais justa e solidária.
A ENFERMAGEM NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UEFS
Período de Realização
Um relato da experiência vivida na Atenção Básica à Saúde Mental entre agosto e dezembro de 2023.
Objeto da experiência
A vivência visa a translação do conhecimento sobre Saúde Mental entre usuários da Atenção Primária à Saúde (APS) em um município do interior da Bahia.
Objetivos
O objetivo do trabalho é descrever uma experiência na USF durante o bloco de aulas práticas da graduação em Enfermagem, com foco na orientação acerca da atenção psicossocial e do apoio a pessoas em sofrimento psíquico, visando o resgate da autoestima e melhoria da qualidade de vida da comunidade.
Descrição da experiência
No componente Saúde Coletiva I do curso de Enfermagem da UEFS, identificou-se a necessidade de discutir a saúde mental dos usuários de uma USF em Feira de Santana (BA). Com base nisso e nos relatos dos profissionais, foi planejada uma ação educativa sobre autocuidado e reconhecimento dos sinais de desgaste psicológico, com uma dinâmica usando balões para representar níveis de estresse em situações do dia a dia. A atividade estimulou reflexão sobre sobrecarga emocional e formas de enfrentamento.
Resultados
Observou-se o desconhecimento dos usuários sobre cuidados com a saúde mental e manejo do estresse, com muitos sem reflexão prévia sobre seu impacto no bem-estar. A atividade gerou interesse, engajamento e troca de experiências, promovendo escuta ativa e vínculo. Ressaltou-se a necessidade de abordagens contínuas e individualizadas na Atenção Básica, além de contribuir para a formação dos estudantes quanto ao cuidado holístico.
Aprendizado e análise crítica
A vivência evidenciou a importância de usar espaços cotidianos para ações educativas em saúde mental, com métodos simples que estimulam a reflexão e o reconhecimento do desgaste psicológico. Apesar disso, o desconhecimento e o estigma ainda limitam esses esforços, sendo essencial investir em abordagens contínuas, integradas à Atenção Básica e articuladas à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para garantir cuidado integral.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência possibilitou compartilhar saberes sobre saúde mental no decorrer da atividade educativa em sala de espera, ademais, a visita técnica à USF permitiu observar o fluxo, a infraestrutura e as condições de trabalho. A vivência ampliou o conhecimento teórico-prático e evidenciou a resiliência da Atenção Básica para oferecer cuidado de qualidade, mesmo diante de desafios.
INSERÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA ENFERMARIA PSIQUIÁTRICA DO HOSPITAL IRMÃ DULCE DE PRAIA GRANDE: CUIDADO HUMANIZADO E INTEGRAL
Pôster Eletrônico
1 Complexo Hospitalar Irmã Dulce
Período de Realização
Janeiro de 2023 a dezembro de 2023, na enfermaria psiquiátrica do Hospital Irmã Dulce – Praia Grande/SP.
Objeto da experiência
Implementação de equipe multidisciplinar de referência para qualificar o cuidado em enfermaria psiquiátrica hospitalar.
Objetivos
Promover cuidado integral, humanizado e interdisciplinar a pacientes com sofrimento psíquico agudo, por meio da inserção de equipe multiprofissional de referência e articulação com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), assegurando continuidade do cuidado.
Descrição da experiência
A enfermaria psiquiátrica do CHID foi reestruturada com a implementação de equipe multiprofissional composta por psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional e equipe de enfermagem. A reorganização foi baseada em diagnóstico situacional e nas diretrizes da Portaria nº 148/2012, com foco em cuidado integral, humanizado e articulação com a RAPS.
Resultados
A equipe qualificou o cuidado, reduziu a fragmentação e fortaleceu o vínculo terapêutico. Foram implementados Projetos Terapêuticos Singulares, maior escuta às famílias e articulação com os CAPS. Houve melhora na adesão ao tratamento, no monitoramento de indicadores e na reintegração social dos pacientes.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reafirma a importância da escuta qualificada, do trabalho interdisciplinar e da clínica ampliada em contextos hospitalares. Revelou também a necessidade de superar o modelo biomédico hegemônico, ainda presente na psiquiatria, promovendo práticas mais humanas, éticas e centradas nos sujeitos em sofrimento.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a replicação do modelo em outros serviços hospitalares, com investimento em formação de equipes multidisciplinares. A atuação integrada fortalece os princípios da luta antimanicomial e contribui para um cuidado mais efetivo, que reconhece a singularidade dos pacientes e assegura a continuidade do tratamento na rede.
INTERIORIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA EM SAÚDE MENTAL COLETIVA: EXPERIÊNCIA NO CAPS DE SANTA QUITÉRIA–CE E SEUS IMPACTOS NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.
Pôster Eletrônico
1 ESP/CE
Período de Realização
As atividades do projeto se iniciaram em março de 2025 até os dias atuais.
Objeto da experiência
Atuação da equipe da Residência em Saúde Mental Coletiva da ESP/CE no CAPS de Santa Quitéria, Ceará, com foco no cuidado psicossocial.
Objetivos
Relatar as ações desenvolvidas pela Residência em Saúde Mental Coletiva da ESP/CE no município de Santa Quitéria, evidenciando os impactos da interiorização na qualificação dos serviços, no fortalecimento da RAPS e na promoção do cuidado psicossocial territorial e interdisciplinar.
Descrição da experiência
Trata-se da primeira turma da Residência em Saúde Mental Coletiva da ESP/CE em Santa Quitéria. A equipe multiprofissional atua no CAPS com grupos terapêuticos como “CAPS e Arte”, “Amor e Paz” (idosos) e o projeto “Movimento e Ritmo”. Composta por assistente social, psicólogo, enfermeira e educador físico, a equipe foca no fortalecimento do cuidado psicossocial territorial, baseado em escuta qualificada, vínculo e promoção da saúde mental.
Resultados
As ações desenvolvidas fortaleceram a Rede de Atenção Psicossocial, ampliando o cuidado territorial e o acesso às práticas psicossociais. Observou-se maior adesão dos usuários, fortalecimento dos vínculos terapêuticos e estímulo à autonomia. A presença da residência contribuiu para a qualificação dos serviços, alinhando as práticas ao paradigma da Reforma Psiquiátrica e à luta antimanicomial, especialmente em contexto interiorizado.
Aprendizado e análise crítica
A residência promove formação crítica e ampliada, coerente com os princípios da atenção psicossocial. Os desafios enfrentados revelam tensões com o modelo hospitalocêntrico ainda presente, exigindo práticas interdisciplinares, inovadoras e centradas no território. A experiência no CAPS demanda sensibilidade, criatividade e corresponsabilidade, aproximando formação e prática e fortalecendo a construção coletiva do cuidado em saúde mental.
Conclusões e/ou Recomendações
A residência em saúde mental coletiva é estratégica para qualificar a RAPS e fortalecer o cuidado psicossocial em territórios interiorizados. Recomenda-se ampliar programas formativos interdisciplinares que integrem diferentes saberes e valorizem o protagonismo dos usuários. A formação deve reconhecer a complexidade dos sujeitos e promover práticas éticas, humanizadas e territorializadas, em sintonia com os princípios da Reforma Psiquiátrica.
ATRAVESSAMENTOS POLÍTICOS NA SAÚDE MENTAL E O MODELO DE INTERNAÇÃO NO CONTEXTO DE ESTÁGIO EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E DROGAS (CAPS AD)
Pôster Eletrônico
1 Universidade Presbiteriana Mackenzie
Período de Realização
Fevereiro de 2024 a junho de 2025, período de estágio obrigatório de dois alunos de Psicologia.
Objeto da experiência
Relatar experiências de dois estágios obrigatórios distintos de estudantes de Psicologia em um mesmo CAPS AD na região central de São Paulo.
Objetivos
Discutir as experiências dos estágios de Psicologia, realizados por dois estudantes, o primeiro em 2024 e o outro em 2025, período que coincidiu com o encerramento das internações prolongadas na unidade, ressaltando as observações dos estagiários no cotidiano e na dinâmica da unidade em questão.
Metodologia
O estudo foi feito na transição de estagiários, em vivências do CAPS enquanto havia o Serviço de Cuidados Prolongados na unidade, até julho de 2024, e após as mudanças institucionais e políticas que definiram o encerramento dessas internações. A presença desses serviços na mesma unidade refletia em um alto número de internações, o que passou a ser direcionado para a equipe de Redução de Danos, apesar de manterem leitos de curta permanência e encaminhamentos externos para internação prolongada.
Resultados
Com o fim das internações, houve uma abertura para maior participação social dos usuários, mas isso não foi aplicado integralmente e fica dependente da orientação da gerência, que frequentemente sofre mudanças e não oferece os materiais, espaços e transporte necessários. Assim, mantém-se a lógica manicomial mesmo após as mudanças na direção da desinstitucionalização, estando esse processo ainda em andamento e sujeito aos embates políticos que caracterizam a região, alvo da gentrificação.
Análise Crítica
O CAPS encontra-se em um território com fortes atravessamentos políticos, econômicos e midiáticos envolvendo o uso de drogas e o cenário da Saúde Pública, sofrendo mudanças com a gestão política. A ampliação da ótica psicossocial, prevista na implementação da Rede de Atenção Psicossocial (CREPOP, 2022), considera a dimensão sociocultural que envolve o tratamento, em contraposição ao saber psiquiátrico, que isola o transtorno do sujeito em sua integralidade (AMARANTE, 2007).
Conclusões e/ou Recomendações
É necessário considerar que, apesar dos direitos garantidos através da Reforma Psiquiátrica, o discurso psiquiátrico ainda possui grande influência na estigmatização e exclusão dos usuários de drogas, em conjunto com aspectos morais, sociais, econômicos que norteiam o cenário público. O estágio permitiu o contato com o início da mudança das diretrizes manicomiais, porém também refletiu como elas atualizam-se nas novas políticas públicas.
PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL INFANTIL: EXPERIÊNCIA DE UMA RESIDENTE EM PSICOLOGIA NA AÇÃO DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA.
Pôster Eletrônico
1 UEPA
Período de Realização
A ação ocorreu em 30 de maio de 2025, na Escola André Avelino Piedade, em Águas Brancas, Ananindeua–PA.
Objeto da experiência
A atividade abordou emoções e saúde mental infantil, usando a ludicidade para facilitar o entendimento e seu impacto no comportamento.
Objetivos
A ação teve como objetivo promover a compreensão das emoções pelas crianças, usando recursos lúdicos. Buscou estimular a expressão emocional saudável, fortalecer o bem-estar e integrar a saúde mental ao ambiente escolar desde a infância, sensibilizando os alunos.
Descrição da experiência
A atividade educativa foi realizada com crianças de 5 a 8 anos e abordou vivências emocionais. Utilizou-se o filme Divertida Mente como recurso lúdico para facilitar a compreensão. Por meio de dinâmicas interativas, as crianças identificaram emoções no filme e as relacionaram às suas vivências, sendo incentivadas a expressar sentimentos e refletir sobre como eles influenciam comportamentos.
Resultados
A abordagem lúdica mostrou-se eficaz na promoção da educação emocional, favorecendo a compreensão dos conceitos afetivos. Observou-se ampliação do vocabulário emocional, com as crianças identificando e nomeando emoções com maior precisão. Houve melhora na expressão afetiva e nas interações sociais. O filme Divertida Mente foi um recurso didático eficiente para abordar conteúdos emocionais de forma acessível, facilitando o engajamento e o aprendizado.
Aprendizado e análise crítica
O filme Divertida Mente mostrou-se eficaz como recurso lúdico para introdução das emoções, porém sua abordagem simplificada limita a compreensão da complexidade emocional, como sentimentos mistos. A intervenção priorizou a identificação emocional, sem aprofundar estratégias práticas de regulação. A integração entre saúde e educação foi positiva, mas requer ações continuadas para promover competências socioemocionais de forma eficaz.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação do PSE mostrou-se eficaz na promoção da saúde mental infantil. O uso de recursos lúdicos, como o filme Divertida Mente, facilitou a compreensão e expressão das emoções. A experiência reforça a importância de ações permanentes na escola que estimulem o desenvolvimento emocional e um ambiente acolhedor. Recomenda-se a continuidade dessas ações para fortalecer a formação emocional das crianças.
FIM DEFINITIVO DO MANICÔMIO: A DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO ÚLTIMO MORADOR DO HOSPITAL SÃO PEDRO, APÓS 141 ANOS DE INTERNAÇÕES
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul
Período de Realização
Período de realização: Janeiro de 2024 a 11 de junho de 2025
Objeto da experiência
Objeto da experiência: Processo de desinstitucionalização do último morador do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre,Rio Grande do Sul(RS)
Objetivos
Objetivos: Relatar o processo singular de desinstitucionalização de um paciente crônico com longa permanência institucional e analisar seus impactos éticos, clínicos e simbólicos para a reforma psiquiátrica brasileira
Descrição da experiência
Descrição da experiência: A experiência envolveu a construção coletiva de um Projeto Terapêutico Singular (PTS) para J, último residente do Hospital São Pedro, com histórico de internação desde os anos 1990. A ação articulou profissionais da saúde, familiares, gestores e técnicos em cuidados substitutivos para viabilizar sua transição a um novo espaço residencial comunitário. O planejamento incluiu visitas progressivas, reconstrução de vínculos e estratégias de readaptação social.
Resultados
Resultados: A experiência culminou, em 11 de junho de 2025, na saída de J do hospital, encerrando 141 anos de internações contínuas. A ação simbolizou a consolidação da política antimanicomial no estado e permitiu avanços na organização de redes de cuidado mais humanizadas e territoriais. O paciente demonstrou melhoria comportamental, maior autonomia nas AVDs e vínculos afetivos com a equipe.
Aprendizado e análise crítica
Aprendizado e análise crítica: O caso revelou a potência do cuidado singularizado e da abordagem interprofissional na superação do asilamento. O tempo institucional prolongado exigiu reconstrução afetiva e reorganização subjetiva do paciente, além de sensibilidade da equipe. A ação também evidenciou os desafios éticos e históricos do legado manicomial, exigindo escuta, paciência institucional e firmeza política na defesa de direitos
Conclusões e/ou Recomendações
Conclusões e/ou recomendações: A experiência recomenda o fortalecimento das redes de atenção psicossocial, com foco em singularidade, cuidado contínuo e estratégias de convivência. Sugere-se que a Reforma Psiquiátrica avance também na reconstrução simbólica dos territórios onde há trauma institucional. O processo reafirma que nenhum tempo de internação é definitivo e que todo sujeito tem direito à liberdade, dignidade e cuidado
ARTE E SAÚDE MENTAL: A MOSTRA CECCO 2023 E A VALORIZAÇÃO DO ACERVO DO CECCO DE NATAL
Pôster Eletrônico
1 MINISTÉRIO DA SAÚDE/ PPG-PSI UFRN
2 Graduação em Psicologia UFRN
3 SMS NATAL-RN
4 PPG-PSI UFRN
Período de Realização
De 6 a 8 de Dezembro de 2023.
Objeto da experiência
Exposição/ocupação realizada pelo Centro de Convivência e Cultura (SMS - Natal) na Galeria Newton Navarro da Fundação Capitania das Artes (FUNCARTE).
Objetivos
Contribuir para a desinstitucionalização da loucura na percepção social; dar visibilidade para produção artística dos usuários e para importância desse serviço na RAPS; apoiar a organização do Acervo do CECCO de Natal e contribuir para a produção de memória antimanicomial do município.
Descrição da experiência
A exposição/ocupação cultural realizada pelo CECCO de Natal foi fruto de um movimento de organização e preservação do Acervo artístico desse serviço, produzido pelos usuários ao longo dos seis anos de existência do mesmo na cidade. A experiência foi tecida no contexto da pesquisa de doutorado da primeira autora deste trabalho, intitulada “Intervenção-pesquisa no Centro de Convivência e Cultura de Natal: por uma clínica do interstício” (PPG Psi – UFRN).
Resultados
A exposição contribuiu para dar visibilidade para o serviço, fortalecendo o lugar dos convivas como artistas na cidade. A articulação entre saúde e cultura foi fortalecida, de modo a abrir caminhos para novas experiências de ocupação dos espaços de arte pelos usuários da saúde mental. A experiência foi o movimento inicial de um processo que como resultado também gerou a inscrição do Projeto de Extensão: “Poéticas Desviantes: Apoio na organização do Acervo do CECCO de Natal” (PPGPsi – UFRN).
Aprendizado e análise crítica
Ao deslocar a posição de pessoas normalmente tidas sem capacidade criativa devido à condição de usuários da saúde mental, a Mostra auxiliou a legitimar a produção artística realizada no CECCO e ampliou o diálogo do serviço com a cidade, contribuindo com a dimensão sociocultural Reforma Psiquiátrica. Afirmamos que não basta a reorganização de serviços, mas que é preciso deslocar o lugar da doença, da incapacidade e da periculosidade atribuído ao usuário das políticas de saúde mental.
Conclusões e/ou Recomendações
Com a valorização e preservação do acervo artístico do CECCO, a memória da atenção psicossocial e a luta antimanicomial da cidade de Natal foram fortalecidas. Recomendamos que se amplie a política dos CECCOs na RAPS a partir da real interface entre saúde e cultura, de modo a deslocar a saúde mental de seus ‘curtos-circuitos’, abrindo caminhos para a loucura ocupar a cidade e fazendo avançar a desinstitucionalização da loucura.
CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE SAÚDE MENTAL PARA ESTUDANTES DO ENSINO PÚBLICO DE CURITIBA/PR MEDIANTE DINÂMICAS INTEGRATIVAS
Pôster Eletrônico
1 Faculdades Pequeno Príncipe
Período de Realização
A presente ação ocorreu entre os dias 11 de abril de 2025 e 26 de maio de 2025.
Objeto da experiência
Conscientização sobre saúde mental a adolescentes da rede pública de ensino de Curitiba/PR por dinâmicas lúdicas para captar a atenção.
Objetivos
Conscientizar estudantes da rede pública de ensino sobre a importância da saúde mental ao desmistificar tabus associados; estimular a promoção do autocuidado e apontamento de onde procurar ajuda através de dinâmica e da distribuição de folder.
Descrição da experiência
Estudantes do 2º período de Medicina da Faculdades Pequeno Príncipe realizaram ação de extensão voltada à saúde mental de adolescentes em colégio estadual em Curitiba/Paraná. A atividade incluiu dinâmicas com emoções simbolizadas por caixas trabalhadas à mão, papéis anônimos, panfletos e roda de conversa, com promoção de empatia, escuta ativa e conscientização sobre autocuidado e transtornos mentais na adolescência.
Resultados
Foram impactados 24 alunos. Houve forte engajamento, especialmente daqueles em vulnerabilidade emocional. Os papéis anônimos revelaram que 62,5% relataram sentimentos negativos, como “sufocamento” e “confusão”, o que evidencia a relevância de ações em saúde mental nas escolas. Também surgiram relatos positivos, como “alegria” e “felicidade”. Panfletos informativos sobre o SUS e adesivos personalizados foram bem recebidos, reforçando o impacto da atividade entre os adolescentes.
Aprendizado e análise crítica
O grupo foi colocado defronte a uma realidade complexa. Era nítido o grau de responsabilidade que permeava o ambiente durante a execução em razão das interações dos alunos, que foram de muita abertura com histórias impactantes. A noção da importância de resultados sobre intenções foi crítica para a condução do trabalho, visto que seria injusto levantar um assunto delicado de maneira despreparada e sem fornecer alternativas. O uso de materiais feitos com as próprias mãos foi gratificante.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência proporcionou contato com a realidade emocional de adolescentes. Sugere-se apresentação inicial estruturada da equipe, com estabelecimento de autoridade. Estudo de cartilhas de fontes reputáveis sobre comunicação com adolescentes foi crucial. O preparo manual dos materiais foi essencial para o engajamento. A ação alcançou seus objetivos declarados.
GRUPO NOSSAS VOZES: ESPAÇO DE PERTENCIMENTO E DESESTIGMATIZAÇÃO PARA PESSOAS QUE OUVEM VOZES
Pôster Eletrônico
1 Estácio
2 SENAC
3 UFPR
Período de Realização
O grupo ”Nossas Vozes” tem permanecido ativo desde maio de 2021 até o presente momento.
Objeto da experiência
Grupo online de mútuo apoio para pessoas que ouvem vozes ou possuem outras experiências extrassensoriais - as chamadas alucinações.
Objetivos
Promover um ambiente online baseado no Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes (MIOV), com foco no suporte por pares, para que indivíduos que ouvem vozes possam compartilhar experiências e criar estratégias de enfrentamento para além do estigma e isolamento reproduzido pela lógica manicomial.
Descrição da experiência
O grupo surge durante a pandemia de COVID19, a partir do vínculo entre uma profissional de saúde mental e uma expert por experiência. Os encontros são voltados para a troca de experiências, nos quais indivíduos com trajetórias em comum se apoiam mutuamente. As regras estabelecidas para a condução do grupo mantêm os princípios de respeito, sigilo e confiabilidade, visando um espaço de escuta acolhedora, respeitosa e horizontal, fortalecendo o suporte entre pares e a autonomia dos participantes.
Resultados
Observa-se o fortalecimento do sentimento de pertencimento entre os participantes, bem como maior autonomia na tomada de decisão. Há uma ampliação da rede de apoio, com respeito pelo outro e pela sua história. Relatos indicam a diminuição do sentimento de isolamento e a mudança na percepção de ouvir vozes e outras experiências extrassensoriais, contribuindo na elaboração de novas estratégias de enfrentamento, potencializadas pela troca de saberes entre pares.
Aprendizado e análise crítica
A ação reafirmou a potência dos grupos de ouvidores de vozes como prática antimanicomial. E ao romper com o saber verticalizado e centrado no diagnóstico, questionou o estigma historicamente voltado às pessoas que ouvem vozes, valorizando os experts por experiência. Nesse espaço, inspirado no Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes, os participantes, apesar de inúmeros desafios, puderam ressignificar suas vivências a partir de uma escuta sem julgamento.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que o Grupo Nossas Vozes está alinhado ao Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes e à luta antimanicomial, uma vez que promove a desconstrução de estigmas, validando a autonomia e a disseminação de informações sobre o tema, além de fomentar a construção de vínculos e estratégias de enfrentamento, perpetuando a noção de que a pessoa que ouve vozes também pode ter uma vida plena, com seus próprios desafios e potencialidades.
PATOLOGIAS SOCIAIS E O AUMENTO DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA SOCIEDADE NEOLIBERAL CONTEMPORÂNEA
Pôster Eletrônico
1 UFRB
Período de Realização
Entre março a maio de 2025
Objeto da experiência
Analisar as causas do aumento dos transtornos de ansiedade a partir de referenciais críticos em Psicologia
Objetivos
Investigar o crescimento dos quadros de ansiedade na contemporaneidade, articulando aspectos sociais, econômicos e culturais. O estudo baseia-se em Safatle (2018), com o conceito de patologias sociais; Haidt (2024), sobre hiperconectividade infantil; e Bucci (2021), sobre o imaginário.
Metodologia
A atividade foi realizada na disciplina “Tópicos Especiais em Psicologia e Clínica II”, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Consistiu em análise crítica sobre o sofrimento psíquico na sociedade neoliberal, com foco no aumento dos diagnósticos de ansiedade. Utilizou-se abordagem qualitativa, baseada em revisão bibliográfica e reflexões teóricas. Foram analisados produtividade, medicalização, controle digital e vigilância subjetiva, articulados à Saúde Coletiva.
Resultados
Verificou-se que a ansiedade, geralmente tratada como resposta individual, expressa atravessamentos coletivos: cobrança por desempenho, comparações sociais, hiperconectividade precoce e medicalização da angústia. Tais fatores transformam a ansiedade em condição crônica e estrutural, associada ao modelo de subjetivação neoliberal. Reforça-se a insuficiência do modelo biomédico para compreender o adoecimento psíquico atual.
Análise Crítica
A experiência ampliou a compreensão sobre os transtornos de ansiedade a partir de uma visão crítica. Evidenciou-se que a saúde mental é atravessada por desigualdades sociais, econômicas e tecnológicas. A ênfase exclusiva no psicofármaco, descolada dos determinantes sociais, é limitada. Refletiu-se ainda sobre os riscos da normalização da medicalização de sofrimentos coletivos, sobretudo entre jovens hiperconectados.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se adoção de abordagens críticas e interdisciplinares no cuidado em saúde mental, superando o modelo biomédico. As práticas devem integrar aspectos sociais, políticos e tecnológicos da subjetividade, com foco na promoção da saúde coletiva. Sugere-se fortalecer políticas públicas intersetoriais diante dos impactos do produtivismo e da vigilância digital
TÍTULO: APOIO MATRICIAL COMO ESTRATÉGIA DE QUALIFICAÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA CLINICASSI SALVADOR
Pôster Eletrônico
1 CASSI
Período de Realização
Setembro de 2023 a junho de 2024
Objeto da experiência
O processo de ressignificação do apoio matricial em Saúde Mental (SM) na CliniCASSI Salvador
Objetivos
Relatar a experiência de ressignificação do apoio matricial em Saúde Mental em uma clínica de Atenção Primária à Saúde (APS) da CASSI e descrever os desafios e resistências das equipes para a mudança de perspectiva do matriciamento em Saúde Mental.
Descrição da experiência
A redefinição do matriciamento em SM em uma clínica organizada pela APS se deu com o aumento da complexidade dos casos na Estratégia Saúde da Família (ESF). Psiquiatra e psicólogas passaram a integrar as reuniões das equipes, favorecendo a integralidade do cuidado, valorização dos saberes da equipe da APS, incentivo ao planejamento terapêutico conjunto e reflexão sobre as possibilidades de intervenção. Para tal, a equipe em questão elegia casos e os discutia com os matriciadores.
Resultados
Com o tempo, observou-se uma mudança na dinâmica: a equipe de Saúde Mental passou a selecionar os casos a serem discutidos, diante da diminuição da demanda ativa por parte da ESF. O formato do matriciamento passou, então, a oscilar entre reuniões clínicas e interconsultas centradas na discussão medicamentosa. Essa mudança levantou reflexões sobre a dificuldade de sustentar práticas interdisciplinares diante da lógica de trabalho focada em resolutividade imediata e número de atendimentos.
Aprendizado e análise crítica
A perspectiva biomédica desafia a priorização ao matriciamento, compartilhamento de saberes e a corresponsabilização no cuidado. Mas apesar disso, a experiência contribuiu para o reconhecimento do matriciamento como uma ferramenta importante na APS e revelou a necessidade de sua valorização institucional. Em momentos em que foi possível manter o diálogo ampliado, os efeitos foram perceptíveis na qualificação do cuidado, maior segurança das equipes da ESF frente aos casos de sofrimento psíquico.
Conclusões e/ou Recomendações
O matriciamento é uma estratégia de cuidado contra hegemônica que requer uma desconstrução da lógica da fragmentação do cuidado. Desta forma, não deve ser compreendido apenas como uma ferramenta técnico-assistencial, mas como uma importante estratégia de educação permanente, visto que, promove espaços horizontais de troca, escuta qualificada, reflexão crítica sobre as práticas, contribui para a ampliação dos saberes e o fortalecimento das equipes.
BARREIRAS DE ACESSO À SAÚDE: O (NÃO) LUGAR DE PESSOAS EM USO ABUSIVO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
2 DSC - FCM - UNICAMP
Período de Realização
Entre 2023 e 2024, no segundo ano da Residência Multiprofissional em Saúde.
Objeto da experiência
Atuação de psicólogo residente em saúde mental na APS, diante das barreiras de acesso enfrentadas por usuários de substâncias psicoativas (SPA).
Objetivos
Objetivo Geral: Investigar a persistência das barreiras de acesso à saúde para pessoas em uso de SPA. O. Específicos: discutir a função do uso no funcionamento subjetivo; analisar o imaginário dos profissionais; diferenciar tipos de barreiras; e desenvolver estratégias para ampliação do acesso.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu em centro de saúde, no modelo da eSF com apoio matricial da eMulti. O psicólogo residente atuou via observação participante e integração nas rotinas clínicas e institucionais. O cuidado a usuários de SPA, marcado por estigma, medicalização e fragmentação, foi respondido com estratégias clínicas e articulação em rede baseadas em vínculo, escuta e na lógica de redução de danos. Fluxos com CAPS AD buscaram continuidade na RAPS e corresponsabilização.
Resultados
Evidencias de entraves institucionais e subjetivos ao cuidado compartilhado. Cuidado singular, com estratégias na lógica da redução de danos, favoráveis ao vínculo, acesso e continuidade. A abstinência deixou de ser central, permitindo que usuários definissem as próprias metas terapêuticas. Construção de fluxos com a RAPS, fortalecendo o cuidado territorial. A observação participante e clínica ampliada se mostraram fundamentais para compreender o funcionamento institucional e qualificar práticas
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou tensões entre os princípios da Reforma Psiquiátrica e da Redução de Danos e as práticas ainda dominadas por concepções biomédicas e moralizantes. O cuidado psicossocial mostrou-se potente, mas ainda depende fortemente do investimento individual dos profissionais. Isso evidencia a fragilidade institucional na garantia do direito à saúde dessa população e a urgência de fortalecer espaços de educação permanente.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente qualificar o cuidado às pessoas em uso, abusivo ou não, de substâncias psicoativas na atenção primária à saúde, superando o estigma, a lógica proibicionista e a fragmentação da rede. Recomenda-se investir e fortalecer espaços de educação permanente, supervisão clínico-institucional e estratégias baseadas na reabilitação psicossocial para sustentar práticas éticas e efetivas no SUS.
A EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO DE PESQUISA DE SAÚDE MENTAL SOBRE O PROCESSO DE PATOLOGIZAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA.
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 Universidad Nacional de Lanús
Período de Realização
O projeto Mad in Brasil foi lançado no ano de 2016 e continua atuante até o momento.
Objeto da experiência
o fenômeno do aumento de diagnósticos psiquiátricos e o uso indiscriminado de psicofármacos.
Objetivos
Criação de uma linha de estudos e pesquisas sobre o processo de patologização na sociedade atual; analisar a participação da indústria farmacêutica nesse fenômeno; Divulgar informações em saúde embasadas, de relevância social e inovadoras; Criar um rede de agentes de despatologização.
Descrição da experiência
Paulo Amarante e Fernando Freitas, pesquisadores da Fiocruz, iniciam o projeto a partir do contato com o jornalista Robert Whitaker, autor de diversos livros denunciando a atuação corrupta da indústria farmacêutica. Usando como referência a crítica de autores como Ivan Illich e Foucault, que denunciam que questões cotidianas estão se transformando em demandas médicas, realiza-se uma crítica ao crescimento dos transtornos mentais e do uso de psicofármacos.
Resultados
Segundo a PNS de 2019, 14,9% da população relata diagnóstico de depressão ou ansiedade. O Brasil é o segundo maior consumidor de antidepressivos do mundo, atrás apenas dos EUA, segundo o IQVIA. Dados da Anvisa mostram que houve um aumento de 374% no consumo de Ritalina no Brasil entre os anos de 2020-2022. Segundo a Fiocruz, 44% das queixas escolares receberam diagnóstico psiquiátrico sem avaliação adequada. Alprazolam é o segundo medicamento mais vendido no Brasil segundo o CFF.
Aprendizado e análise crítica
Todos os dados apresentados acima são alarmantes e apontam para uma emergência em saúde pública. Assim, o projeto do Mad in Brasil visa demonstrar que o fenômeno da patologização da vida vem crescendo, ou seja, que questões da vida estão sendo transformadas em doenças. Procura-se divulgar pesquisas científicas e experiências de autores de relevância internacional, que critiquem tal fenômeno e apresentem alternativas para responder a esta realidade, visando a equidade e a democracia em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto do Mad in Brasil procura responder a um problema de saúde pública contemporâneo que é o fenômeno de patologização da vida. O aumento de diagnósticos psiquiátricos e o uso exacerbado de medicamentos não demonstra melhora na saúde das pessoas, mas sim um aumento da iatrogenia e no controle dos corpos, como apontava Ivan illich e Foucault, se mostrando necessário novas maneiras de cuidado em saúde.
PRIVAÇÃO DE LIBERDADE, INTERSECCIONALIDADES E ADOECIMENTO PSÍQUICO: EXERCITANDO ESTRATÉGIAS EMANCIPATÓRIAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO PRISIONAL.
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
2 Residência Multiprofissional Integrada da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (ESP/RS)
Período de Realização
As ações ocorreram entre maio e dezembro de 2023.
Objeto da experiência
Ações de extensão do Grupo Condutor da Gestão Autônoma da Medicação Centro/RS para apoio e promoção da saúde mental de pessoas privadas de liberdade.
Objetivos
Apoiar a promoção do cuidado em saúde mental de homens privados de liberdade em uma penitenciária do Rio Grande do Sul, através dos pilares da Gestão Autônoma da Medicação e do fomento à articulação dos dispositivos da Rede Atenção Psicossocial para efetivação do cuidado integral em saúde mental.
Descrição da experiência
Foram realizadas 10 oficinas, com a participação de 6 homens privados de liberdade, nas quais foram abordados temas como o uso de drogas prescritas e proscritas, estratégias de redução de danos, projetos de vida, garantia de direitos, participação social e cuidado humanizado em saúde. Os encontros buscaram estimular o protagonismo dos participantes, valorizando seus saberes, vivências e promovendo reflexões críticas sobre o cuidado em saúde mental no sistema prisional.
Resultados
Os encontros foram atravessados por narrativas marcadas por estigmas, preconceitos, exclusões, violências, desigualdade social e ausência de oportunidades que estruturam a trajetória dos participantes e que foram intensificadas pelo encarceramento. Tal contexto agrava o sofrimento psíquico e compromete a possibilidade de projetar futuros, dificultando a construção de alternativas e a elaboração de projetos de vida fora da lógica punitiva e excludente das instituições totais.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que, na confluência entre a Gestão Autônoma da Medicação, a Redução de Danos e outras práticas emancipatórias em saúde, é possível produzir fissuras nos modos instituídos de atenção à saúde, mesmo em contextos de instituições totais. A promoção de espaços de cuidado, discussões críticas e apoio mútuo configuram um ato de resistência às violações de direitos e aos estigmas produzidos pelo cárcere e produzem efeitos significativos nas relações de cuidado ali existentes.
Conclusões e/ou Recomendações
Considera-se necessário o fomento de ações intersetoriais com base nos pressupostos da atenção psicossocial, para que seja possível oferecer estratégias de cuidado em saúde mental no sistema prisional que sejam condizentes com os princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica, em um compromisso ético e que atenda aos pressupostos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional.
UMA EXPERIÊNCIA DE ESTAGIÁRIOS DA PSICOLOGIA EM UMA OFICINA DE AUTOCUIDADO REALIZADA NO CAPS AD
Pôster Eletrônico
1 UNESP
Período de Realização
Segundas-feiras, no período da manhã, a partir de 14/04/2025 até novembro de 2025.
Objeto da experiência
Relato sobre a experiência de estágio em Psicologia pela UNESP, realizado em uma oficina de autocuidado no CAPS AD.
Objetivos
Proporcionar aos usuários um momento de autocuidado, visando promover a autonomia e o aumento da autoestima. Os estagiários auxiliam quando necessário e proporcionam uma escuta, buscando construir uma rede de relações entre sujeitos que cuidam com os que vivenciam as problemáticas (Amarante, 2007).
Descrição da experiência
A oficina dispõe de materiais como cortadores de unha, prestobarbas, cremes, maquiagens, etc. Durante sua realização, os estagiários de psicologia auxiliam na prática dos cuidados e oferecem um espaço de escuta não moralizante e orientada pela perspectiva da redução de danos às experiências do uso de substâncias, reflexões e histórias trazidas. Ocorre um acolhimento-diálogo, no qual, conforme Teixeira (2007), há a busca das necessidades do usuário e das possibilidades de satisfazê-las.
Resultados
Ao longo do período de realização das oficinas, os usuários passaram a construir um vínculo com os estagiários. Através de um acolhimento realizado não só pela Psicologia como também pelos profissionais de outras áreas, sentiam maior abertura e segurança para compartilhar suas histórias de vida e construir novas formas de cuidado. Verificou-se que a oficina se constitui enquanto único espaço em que grande parte dos usuários pensa sobre a autoimagem e eleva a autoestima.
Aprendizado e análise crítica
O contato com a equipe multiprofissional do CAPS AD contribui para a visão de uma pessoa integral e complexa, considerada não apenas em sua dimensão biológica, mas também em todos os aspectos sócio-históricos que a compõem. Evidenciou-se a importância de considerar as interseccionalidades de cada usuário e as contribuições de cada profissional do serviço na promoção da saúde mental, visto que o trabalho da Psicologia isolado é incapaz de atender à totalidade das demandas trazidas.
Conclusões e/ou Recomendações
Tendo a redução de danos como perspectiva direcionadora do cuidado promovido, os usuários sentiram maior abertura para abordar suas relações com o uso de substâncias. O exercício do autocuidado, nesse contexto, contribuiu para que os usuários compartilhassem com os estagiários falas sobre os momentos de uso, bem como suas estratégias já existentes para reduzir danos e a elaboração de possíveis novas estratégias, desenvolvendo a autonomia.
“FRANCAMENTE”: A EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO DE APOIO A USUÁRIOS E FAMILIARES DE UM CAPS NA BAIXADA FLUMINENSE
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UERJ
Período de Realização
Setembro de 2023 a Maio de 2025, em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II, na Baixada Fluminense.
Objeto da experiência
Relatar os desafios vividos por um médico e a construção de um grupo de apoio a usuários e familiares, em um CAPS.
Objetivos
Descrever os principais desafios enfrentados por um médico da assistência, como integrante da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS); relatar os resultados e aprendizados com a construção e manutenção de um grupo, como ferramenta de trabalho e cuidado em saúde mental.
Metodologia
Ser médico da RAPS envolve desafios para a execução de um trabalho de acordo com as diretrizes técnicas e éticas da Reforma Psiquiátrica brasileira, concernentes a um processo de precarização estrutural e investimento desigual, dos territórios. Nessa unidade, fiquei como único médico por um longo período, o que acarretou em sobrecarga de trabalho e atraso nos atendimentos. Diante disso, propus a criação de um grupo que atendesse usuários e familiares mutuamente, então nasceu o FRANCAMENTE.
Resultados
Me deparei com escassez de profissionais, alta demanda, infraestrutura precária, falta de recursos materiais, carência de medicamentos, atrasos no pagamento e relações empregatícias frágeis – um completo sucateamento estrutural e abandono profissional. A criação do grupo, foi fundamental para sustentar o trabalho e proporcionar atendimento de forma coletiva e humanizada aos usuários e familiares, o que seria impossível individualmente.
Análise Crítica
Nesse grupo, falávamos FRANCAMENTE sobre os desafios do cotidiano, de forma respeitosa e acolhedora. A cada semana discutíamos temas como: saúde mental, redução de danos, política, ética, cidadania, arte, cultura, transtornos mentais, uso e abuso de medicamentos e entorpecentes, questões de gênero, raça, vulnerabilidades, sexo e sexualidade, dentre outros. Aprendemos a falar e tecer rede em grupo, ao debater e entender que a responsabilidade pelo sofrimento psíquico nem sempre é individual.
Conclusões e/ou Recomendações
O crescimento do grupo, a adesão e participação frequente dos usuários e familiares, demonstrou a assertividade da proposta. Além disso, permitiu a criação de laço, humanização e amparo, de forma coletiva, com o protagonismo deles. Por isso, acredito ser fundamental, a disponibilização de um espaço de acolhimento onde usuários e familiares, atores chaves da Reforma Psiquiátrica, possam conviver e, antes de tudo, serem cuidados e cuidar-se mutuamente.
CUIDANDO DA ANSIEDADE: UMA EXPERIÊNCIA DE CUIDADO COLETIVO EM SAÚDE MENTAL REALIZADA NO MUNICÍPIO DE NITERÓI (RJ)
Pôster Eletrônico
1 PMF VILMA ESPIN NITEROI /RJ
Período de Realização
Os grupos tiveram início em 28/06/2024 e seguem acontecendo até hoje
com periodicidade mensal.
Objeto da experiência
Grupos de cuidado à saúde mental na Atenção Primária à Saúde voltado
particularmente para casos de ansiedade e depressão leve a moderada.
Objetivos
Acolher as pessoas com demandas em saúde mental com quadro de
ansiedade e depressão leve a moderada; proporcionar às/aos usuárias/os,
através de atividades lúdicas e de respiração, estratégias de como lidar com a
ansiedade no seu dia a dia; fortalecer as redes de apoio territoriais e
comunitárias.
Descrição da experiência
Usuários chegam por demanda espontânea ou programada, geralmente
apresentando sintomas diversos de ansiedade/tristeza. A atividade
duração de 2 horas, em três momentos:
1) Em roda damos oportunidade para que cada um fale sobre as experiências
vividas e como se apresentam seus sintomas físicos de ansiedade;
2) Atividades lúdicas e artísticas para se conectarem com outras emoções e
experiências;
3) Respiração e relaxamento que no dia a dia serão importantes para os
enfrentamentos de crises de ansiedade.
Resultados
Durante a atividade lúdica, os participantes concentram-se, experimentando
ritmos distintos da vida cotidiana. Por vezes, trazem artes realizadas no inter-encontro contando como
isso ajudou a lidar com sua ansiedade,
Outros relatam melhora dos sintomas através da prática de respiração e
melhora na qualidade do sono.
Em alguns casos, a presença no grupo foi capaz de atenuar os sintomas sem a
necessidade de iniciar medicamentos.
Aprendizado e análise crítica
No emocionamos ao ver o engajamento e preocupação despertados em
alguns usuários.Indicativo de que o grupo funciona como espaço de
encontro que potencializa a vida e a formação de vínculos, fortalecendo a
aposta no dispositivo grupal como ferramenta de cuidado. Por outro lado, falas
indicando a impossibilidade dos exercícios de respiração em um territorio violento apontam uma limitação das
ferramentas e a necessidade de pensarmos intervenções
e debates comunitários também como forma de cuidado.
Conclusões e/ou Recomendações
Percebemos que o acolhimento no processo grupal não parte somente de nós
profissionais, mas acontece entre os usuários,ao se identificarem e se
conectarem com a dor do outro. Estreitam laços que ultrapassam o grupo.
No entanto, a experiência também aponta para a necessidade de politização e
desindividualização do sofrimento psíquico no grupo, abrindo diálogos sobre a
dimensão social dos processos que envolvem saúde mental.
O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO NAS EQUIPES DE CONSULTÓRIO NA RUA: A APOSTA DO CUIDADO INTEGRAL TERRITORIAL E EM LIBERDADE
Pôster Eletrônico
1 UFRN
2 SMS Natal
Período de Realização
Setembro de 2023 a janeiro de 2025.
Objeto da experiência
Acompanhamento terapêutico em equipe de Consultório na Rua para ampliar o cuidado a pessoas que fazem uso prejudicial e de álcool e outras drogas.
Objetivos
Ampliação da rede de cuidado em saúde mental para pessoas em situação de rua que fazem uso problemático de drogas, através do acompanhamento terapêutico como articulador de rede e produtor de cuidado integral.
Descrição da experiência
Foram inseridos estagiários de psicologia na função de acompanhantes terapêuticos como parte do Projeto Terapêutico Singular (PTS) de usuários de uma eCR do município de Natal-RN. O Acompanhamento Terapêutico (AT) se construiu em uma dinâmica fora dos setting terapêuticos comuns nos serviços de saúde a partir de andanças pela cidade, em trajetos de sentido no cotidiano dos sujeitos, ao mesmo tempo, oferecendo e contratualizando as idas aos serviços da rede.
Resultados
Os usuários acompanhados ocuparam lugar central na produção de sua própria rede de cuidado. Os efeitos terapêuticos foram conquistados tanto no que concerne à saúde mental quanto ao cuidado integral como a vinculação de usuários aos serviços de saúde, adesão a tratamento de doenças infectocontagiosas, produção de autonomia e corresponsabilidade.
Aprendizado e análise crítica
Em um contexto de limitadas ofertas de cuidado e sucateamento dos serviços de saúde mental, buscou-se a produção de potência de vida para sujeitos que comumente não atendem a um padrão prescritivo comum aos serviços. A rede de saúde pode repensar suas práticas de modo a resistir à individualização dos problemas sociais e à redução dos usuários às figuras da doença, da incapacidade e da periculosidade, alargando os limites instituídos do cuidado em saúde/saúde mental e refazendo seus contornos.
Conclusões e/ou Recomendações
O AT provoca a RAPS à aposta em uma prática criativa em um contexto de limitações substanciais, através da oferta de um cuidado em liberdade à luz da redução de danos como princípio do cuidado integral em território de PSR que fazem uso de álcool e outras drogas. As aprendizagens do cuidar afetam trabalhadores, usuários e estudantes.
EXPERIÊNCIAS DE REDUÇÃO DE DANOS EM UM CNAR NO RIO DE JANEIRO: O CUIDADO ATRAVÉS DA ESCRITA
Pôster Eletrônico
1 IPUB/ UFRJ
2 ENSP/FIOCRUZ
Período de Realização
De março à junho de 2025.
Objeto da experiência
Cuidado em RD realizado na atenção básica por uma equipe Consultório na Rua através da escrita e leitura do diário pessoal de uma usuária no território.
Objetivos
Evidenciar a escrita como ferramenta de cuidado em redução de danos, por favorecer: a reflexão sobre o cotidiano; a organização da vida; o uso mais consciente de substâncias; e o fortalecimento do vínculo e diálogo entre usuária e equipe de saúde.
Descrição da experiência
Relato de uma residente em saúde mental em equipe de CnaR no RJ. Em atendimentos semanais a uma mulher em situação de rua, iniciou-se um cuidado mediado pelo diário que ela escrevia. Sua leitura pela equipe aprofundou escuta e vínculo. Partilhamos com ela Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, que ressoava sua narrativa e abriu espaço para imaginar novos caminhos.
Resultados
A leitura do diário aprofundou o vínculo com a usuária e permitiu à equipe acessar aspectos subjetivos e sociais não enunciados na cena de uso. Isso favoreceu o encaminhamento de demandas de saúde, a realização de exames e consultas, o início da retirada de documentos e, progressivamente, a transição de moradia, num movimento nomeado por ela como “cuidar de mim”.
Aprendizado e análise crítica
A experiência mostrou que a escrita é recurso terapêutico que potencializa o cuidado em redução de danos ao promover escuta qualificada e autonomia subjetiva. A leitura compartilhada fortaleceu vínculos e favoreceu o reconhecimento das singularidades da usuária. Escrita e leitura são ferramentas potentes para promover protagonismo e reduzir danos, ampliando a vida, no contexto da saúde coletiva.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência reforça a importância do Consultório na Rua na atenção básica, onde práticas de redução de danos se constroem pela escuta ampliada e respeito às narrativas singulares. Destaca-se a escrita como recurso para fortalecer vínculos, promover autonomia e qualificar o cuidado. Esta experiência contribui para a operacionalização ética das políticas de Saúde Coletiva voltadas às populações vulnerabilizadas.
IMPLEMENTAÇÃO E MANUTENÇÃO DO GRUPO DE ARTES E SAÚDE MENTAL EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE SALVADOR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Municipal de Saúde
2 Universidade Estadual da Bahia
Período de Realização
O presente trabalho compreende experiência realizada no período de março de 2024 a maio de 2025.
Objeto da experiência
Grupo de Artes e Saúde Mental em uma Unidade de Saúde da Família no município de Salvador.
Objetivos
Relatar as impressões dos profissionais de uma Unidade de Saúde da Família na abordagem comunitária de pacientes de um Grupo de Artes e Saúde Mental. Especificamente, busca-se apresentar as percepções sobre cuidado integral, vínculo dos usuários com a equipe, abordagens artísticas na saúde.
Metodologia
O grupo foi idealizado pela pesquisadora principal, médica residente, pela psicóloga da equipe de apoio e pelo agente comunitário de saúde. Com o tempo, todos os médicos residentes também participaram das atividades semanais do grupo em esquema de rodízio mensal. A ideia do grupo é ser um espaço de convivência semanal, onde as pessoas possam se expressar e se integrar por meio de linguagens artísticas envolvendo a música, expressão corporal/teatro, audiovisual, artes plásticas, jardinagem.
Resultados
A partir da experiência, foi possível identificar os seguintes resultados: 1) Fortalecimento do vínculo dos usuários com a unidade; 2) Qualificação da abordagem comunitária, uma competência da Medicina de Família e Comunidade; 3) Maior integralidade no cuidado, incentivo a práticas de autocuidado para além do consultório; 4) Maior aderência dos usuários com doenças crônicas aos tratamentos propostos; 5) Encaminhamento interno de pacientes com queixas de solidão, tristeza, ansiedade.
Análise Crítica
As atividades do Grupo de Artes e Saúde Mental são uma potente ferramenta de abordagem comunitária. Além do fortalecimento de vínculos com a população, é possível compreender melhor os determinantes sociais da saúde da população adscrita da unidade. O engajamento de profissionais em espaços como esse contribui para a formação de médicos de família e comunidade mais sensíveis, críticos e preparados para lidar com a complexidade do sofrimento psíquico no contexto da atenção primária.
Conclusões e/ou Recomendações
A criação e manutenção do Grupo de Artes e Saúde Mental contribui para o aprimoramento de médicos residentes em Medicina de Família e Comunidade, ampliando sua escuta, sensibilidade e vínculo com o território. Ademais, promove a vinculação de usuários à unidade, compartilhamento de ferramentas de autocuidado, cuidado ampliado que reconhece os determinantes sociais de saúde e valoriza as potências individuais e coletivas.
MAPA FALANTE: LEVANTAMENTO DAS DEMANDAS EM SAÚDE MENTAL ATRAVÉS DA METODOLOGIA PARTICIPATIVA
Pôster Eletrônico
1 Secretaria municipal de Saúde de Caieiras
Período de Realização
Março de 2025 - atual
Objeto da experiência
Cartografar o cotidiano dos trabalhadores da Atenção Básica com ênfase nas percepções relacionadas às demandas de saúde mental no território.
Objetivos
Conhecer os territórios de abrangência de cada UBS e mapear possíveis riscos para a saúde mental, mas também potencialidades sociais que possam contribuir para promoção, prevenção e reabilitação.
Descrição da experiência
Utilizou-se a metodologia participativa entre as equipes do CAPS e das UBSs. Os encontros tiveram cerca de 02 horas e foram divididos em três momentos: 1) identificação em um mapa impresso em papel A3 dos riscos e as potencialidades em cada território de UBSs. 2) levantamento das demandas em saúde mental atendidas na UBS; 3) aplicação de um questionário sobre as estratégias que a unidade utiliza para atender essas demandas. O registro dos dados foi realizado no “Planilha google”.
Resultados
Os encontros serviram para a equipe do CAPS entender as demandas de saúde mental que as UBSs enfrentam, quais estratégias utilizam e as lacunas que encontram nos cuidados. Após a análise inicial das anotações no mapa impresso, percebe-se as diferentes configurações dos riscos e potencialidades de cada território. As informações coletadas servirão para a fase 2 de análise e tratamento para cada UBS a fim de prosseguir para a fase 3 de proposição e produção de intervenções coletivas.
Aprendizado e análise crítica
Enquanto equipe de referência se movimentando até as equipes nucleares nos territórios, identificou-se a potência em construir caminhos coletivos para respostas às demandas em saúde mental, assim como produzir modos comuns de olhar às necessidades em saúde que se apresentam no território. Cartografar e problematizar a expressão dos agravos e sofrimentos no território em forma de vida é um desafio a todos os pontos de atenção à saúde que compõem a (RAPS)
Conclusões e/ou Recomendações
Esta fase produziu informações que o CAPS não tinha acesso, como: as principais demandas de cada UBS, as vulnerabilidades e potencialidades presentes e como a atenção básica lida com elas, além de dialogar sobre a saúde das próprias colaboradoras. A aproximação das equipes nesses encontros proporcionou um importante espaço para criação de vínculos e ampliação da discussão sobre saúde mental.
EXPERIÊNCIAS DE CUIDADO COLETIVAS NA CRACOLÂNDIA DE SÃO PAULO
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Período de Realização
2024-2025
Objeto da experiência
Ações de arte e redução de danos na Região da Cracolândia, São Paulo, SP, pelo olhar de usuários e trabalhadores de dois coletivos.
Objetivos
Caracterizar potências e fragilidades das ações dos coletivos na produção do cuidado; Analisar narrativas de trabalhadores e pessoas usuárias de drogas participantes de dois coletivos.
Descrição da experiência
As pesquisas cartográficas apresentadas irão incluir recortes de duas experiências de construção coletiva: um bloco de carnaval de rua na região, o Blocolândia, e o projeto de audiovisual Cinefluxo. Projetos formados por usuários, redutores de danos, trabalhadores e ativistas de direitos humanos.
Resultados
A presença de coletivos neste território se configura como um dispositivo de cuidado, por meio da criação de vínculos e ampliação de projetos de vida. As duas pesquisas identificaram que a violência presente no território, em especial por meio das ações de segurança pública, afetam mais diretamente as pessoas em situação de rua e que fazem uso intensivo de drogas, as tornando ainda mais vulnerabilizadas.
Aprendizado e análise crítica
as duas pesquisas puderam identificar e analisar a potência da transformação pelas ações de arte e cultura realizadas por coletivos neste território, mesmo com os desafios relacionados à sustentabilidade de projetos autônomos, que atuam em um território em disputa, tensionado pela violência de Estado, tendo como cenário a especulação imobiliária e a guerra às drogas.
Conclusões e/ou Recomendações
Mobilizar ações e construções contra hegemônicas de produção de vida, ouvindo os usuários. Investir nos serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial e na articulação intersetorial e garantia de direitos e do cuidado em liberdade. Aprender com as experiências dos coletivos, para criação de novas políticas públicas para esta população, gerando respostas múltiplas para problemas complexos.
EXPERIÊNCIAS DE MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL NA APS DA RESIDÊNCIA DE MFC EM SALVADOR/BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Escola de Saúde Pública de Salvador
Período de Realização
Março a Junho de 2025.
Objeto da experiência
Matriciamento em Saúde Mental por residentes do Ano Adicional (R3) em Medicina de Família e Comunidade (MFC) da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador.
Objetivos
Relatar a experiência de residentes do Ano Adicional em MFC - Saúde Mental e Cuidado à População em Situação de Rua - de Salvador sobre o matriciamento em saúde mental.
Descrição da experiência
A equipe matriciadora é composta por dois preceptores e pelos residentes de saúde mental. As equipes matriciadas são compostas pelos residentes de MFC e seuspreceptores. O encontro ocorre uma vez por semana, com duração de 3 horas. São 14 equipes matriciadas ao total, distribuídas em 4 unidades de saúde, com encontros realizados uma vez por mês. Os casos a serem discutidos são selecionados pela própria equipe, geralmente casos de maior complexidade, sendo discutidos 2 a 3 casos por encontro.
Resultados
Os casos são discutidos levando-se em consideração não apenas aspectos biomédicos, mas os determinantes sociais em saúde, a relação médico-paciente, transferência e constratransferência e intersecções de gênero, raça e classe. São também trabalhados alguns conceitos da análise psicanalítica e abordagem familiar. Dessa maneira, os residentes e preceptores aprendem a ampliar seu olhar clínico, adquirindo novas competências para o manejo de casos complexos em saúde mental.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reforça a importância do matriciamento abranger aspectos para além do biomédico, evitando sobrediagnósticos e medicalização excessiva. Além disso, o matriciamento proposto realizado por MFCs, reforça a potencialidade da especialidade em ocupar essa dimensão no cuidado e na Rede de Atenção Psicossocial. Espera-se ampliar o espaço para que também ocorram consultas compartilhadas, visitas domiciliares e participação da equipe multidisciplinar.
Conclusões e/ou Recomendações
O matriciamento em saúde mental é uma ferramenta potente para aprimorar o manejo dos casos na APS, ao servir como apoio para as equipes nos casos complexos, reduzindo a medicalização excessiva e promovendo abordagens mais integrais. Torna-se um dispositivo fundamental na Reforma Psiquiátrica, fortalecendo o papel da APS como coordenadora do cuidado. Além disso, permite troca de saberes e crescimento mútuo entre os profissionais envolvidos.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA NA IMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES PARA AMPLIAÇÃO DO ACESSSO AO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL, DESENVOLVIDAS PELO NÚCLEO DE SAÚDE DIGITAL DA UNIFESP
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Período de Realização
2024-2025
Objeto da experiência
Processos de articulação com populações indígena e do campo para implementação tecnologias digitais e sociais desenvolvidas pelo NSD/Unifesp
Objetivos
Apresentar a experiência de articulação com grupos específicos de populações indígena e do campo, com objetivo de ampliação do acesso ao cuidado em saúde mental por meio da implementação tecnologias digitais e sociais, desenvolvidas pelo Núcleo de Saúde Digital /Unifesp
Descrição da experiência
Entre as ações de ampliação do acesso ao cuidado em saúde mental, desenvolvidas pelo NSD/Unifesp, o cuidado comunitário, é realizado por meio da intervenção entre pares, com suporte digital e articulação territorial. A articulação com populações indígena e do campo se constituiu a partir da experiência do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão “DiV3rso” com da Tekoá Tabaçu Reko Ypy, em Peruíbe e com grupos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) no Vale do Ribeira, SP.
Resultados
A articulação comunitária foi possibilitada pelo convívio próximo com lideranças e representantes das comunidades nas atividades de pesquisa e extensão realizadas pelo DiV3rso nos territórios. A parceria com a comunidade da Tekoá Tabaçu Reko Ypy permitiu também uma etapa da aproximação com profissionais das equipes de saúde do DSEI Litoral Sul, para realização de ações em colaboração e com o MST, resultou na aproximação com Rede de Saúde Mental do movimento e processos de articulação territorial.
Aprendizado e análise crítica
O Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão “DiV3rso” desenvolve ações de Redução de Danos e Saúde Mental que permitiram a construção de parcerias sólidas, pautadas em uma perspectiva decolonial do cuidado e de produção de conhecimentos. A partir do convívio próximo e vínculos de confiança estabelecidos nesse contexto foi possível realizar ações articulação nos territórios para implementação das tecnologias de saúde digital que permitiram a participação das comunidades na construção dos processos de cuidado.
Conclusões e/ou Recomendações
A implementação tecnologias digitais tem um papel importante diante da necessidade de ampliação do acesso a serviços de saúde mental de populações que experimentam um vazio assistencial devido a diferenças culturais, longas distâncias e estigma. Na experiência descrita, foi fundamental que a articulação territorial para a implementação dessas tecnologias, tenha sido apoiada por vínculos de confiança e afeto com as comunidades.
CONSULTA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS COM ATENÇÃO À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
Pôster Eletrônico
1 UECE
2 CAPS
Período de Realização
Em outubro de 2023, em que as enfermeiras do serviço reunira-se durante quatro sextas-feiras pela manhã.
Objeto da experiência
Elaboração do instrumento de consulta de enfermagem em saúde mental no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS AD) de Fortaleza.
Objetivos
Relatar o processo de elaboração e implantação de um instrumento sistematizado para consulta de enfermagem no CAPS AD, visando qualificar o cuidado em saúde mental, especialmente para pessoas em situação de rua.
Descrição da experiência
A equipe de enfermagem do CAPS AD reuniu-se em outubro/2023 para a elaboração do instrumento baseado em referências científicas sobre a temática contemplando todas as etapas do processo de enfermagem. O instrumento foi digitalizado em documento e compartilhado em pasta online para acesso de todas as enfermeiras do serviço. A aplicação priorizou usuários com quadros complexos, incluindo população em situação de rua.
Resultados
Esse instrumento foi composto por perguntas norteadoras que contemplaram as etapas do Processo de Enfermagem (PE), ou seja, avaliação de enfermagem, diagnósticos, planejamento, implementação e evolução permitindo guiar a consulta de enfermagem e realizar o registro correto. Dessa forma, o processo de trabalho ficou sistematizado, o que permitiu um acompanhamento mais efetivo aos usuários em situação de rua que passaram a ser assistidos de forma holística durante a consulta de enfermagem.
Aprendizado e análise crítica
A vivência evidenciou a importância da sistematização no cuidado em saúde mental, especialmente para as populações mais vulneráveis. Desafios incluem a continuidade do acompanhamento e a necessidade de maior articulação intersetorial. O instrumento mostrou-se uma ferramenta potente para organização do trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
A consulta de enfermagem sistematizada por meio do instrumento qualificou o processo de trabalho em saúde mental e contribuiu terapeuticamente para a recuperação do cliente promovendo uma melhor percepção sobre seu estado de saúde, autonomia, autoestima, reintegração social e familiar. Recomenda-se a ampliação da estratégia para outros serviços, para integração da rede intersetorial.
INSERÇÃO DO GRUPO DE TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA ZONA RURAL DE CARUARU-PE: FORTALECENDO VÍNCULOS E REDES DE APOIO
Pôster Eletrônico
1 Núcleo de Ciências da Vida, Universidade Federal de Pernambuco (NCV-UFPE)
Período de Realização
Iniciado em maio de 2025, permanece em andamento na Unidade de Saúde da zona rural de Caruaru-PE.
Objeto da experiência
Implementação do grupo de Terapia Comunitária Integrativa (TCI) como estratégia de cuidado coletivo na zona rural.
Objetivos
Fortalecer vínculos comunitários, promover cuidado coletivo e escuta qualificada, reconhecendo o território como rede de apoio. Valorizar os saberes locais, ampliar espaços de acolhimento e possibilitar a construção de soluções coletivas para os desafios cotidianos da vida no campo.
Descrição da experiência
O grupo foi implantado por residente do R3 em Saúde do Campo, Florestas e Águas, em formação na TCI. As rodas ocorrem semanalmente, em sistema itinerante: uma semana na Unidade de Saúde e nas outras em pontos de apoio nas microáreas, garantindo frequência mensal em cada local. Participam profissionais, usuários e estudantes. A metodologia segue os princípios da TCI, fomentando a troca de saberes, fortalecimento dos vínculos e construção coletiva de redes de apoio no território rural.
Resultados
Observa-se grande aceitação da comunidade e intensa demanda de fala, sobretudo sobre questões sociais do território rural, como luto, violência contra a mulher, consumo de álcool e drogas, além de temas como mudanças nas dinâmicas familiares, especialmente em relação à educação dos jovens. A roda tem possibilitado a visibilização de situações antes naturalizadas ou silenciadas nas comunidades, fortalecendo vínculos e ampliando o cuidado coletivo.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidencia que, em territórios onde todos se conhecem, a TCI pode ser facilitadora da participação, mas também gerar receios quanto à exposição pessoal. Desafia a facilitadora, cuja vivência é urbana, a compreender especificidades do território rural. A potência do grupo reside na própria rede comunitária, que se nutre das partilhas, fortalecendo os sujeitos, apesar dos dilemas que surgem no equilíbrio entre acolhimento e privacidade.
Conclusões e/ou Recomendações
A inserção da TCI em unidades rurais é uma potente estratégia de cuidado coletivo, capaz de fortalecer redes de apoio e promover saúde de forma integrada ao território. Recomenda-se que outras unidades adotem a prática, considerando a necessidade de preparo dos facilitadores para lidar com as singularidades e os desafios próprios das dinâmicas rurais.
PONTES PARA A SAÚDE: MAPEAMENTO E FORTALECIMENTO DE REDES NA SAÚDE MENTAL AD EM CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ
Pôster Eletrônico
1 UFF
Período de Realização
Em realização desde do início de 2024 até os dias atuais.
Objeto da experiência
Qualificação dos processos de cuidado em saúde mental AD em Campos/RJ, sob perspectiva da redução de danos e saúde comunitária.
Objetivos
Fortalecer a RAPS através dos equipamentos comunitários; traçar um projeto de cuidado humanizado em saúde no território; garantir os direitos humanos e afirmar a potência de vida do usuário para além/em conjunto com a substância psicoativa.
Descrição da experiência
Apresenta-se módulos educativos aos profissionais de saúde, que se fundamentam na história, teoria e método da redução de danos AD. Posteriormente, os casos psicossociais da comunidade são mapeados e então territorializados. A partir disso, é traçado um Projeto de Saúde para o Território, em conjunto com a UBSF, que rompa com paradigmas manicomiais e proibicionistas, e articule Pontes em rede.
Resultados
A estratégia ético-política da Redução de Danos (RD), articulada à territorialização da demanda SM-AD e disseminada a partir da perspectiva da Educação Permanente em Saúde, se mostrou eficaz no mapeamento psicossocial. Enquanto construção de rede, o projeto tem construído um vínculo na APS e na Atenção Especializada mais integrado e comprometido com as questões AD.
Aprendizado e análise crítica
Tem-se evidenciado a importância transformativa do processo de territorialização, especialmente porque o território, como produtor de lugares e sentidos, revela sua potência quando resiste às racionalidades hegemônicas produzindo alternativas para além dos paradigmas da doença, crime ou pecado.
Conclusões e/ou Recomendações
O processo formativo de cuidado sob a ótica da Redução de Danos envolve a implicação com as múltiplas questões que atravessam o território e o sujeito - Interseccionalidades, potencialidades, vulnerabilidades. Nesse sentido, o fortalecimento de vínculo entre os serviços da rede de saúde se mostra de extrema importância para o cuidado integral e que vise a emancipação e autonomia do usuário, afirmando a saúde para além/em conjunto ao uso de substância(s).
REFLEXÕES SOBRE GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO COM USUÁRIOS EM INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA
Pôster Eletrônico
1 FEPECS/DF
Período de Realização
Este trabalho foi realizado no período de maio de 2023 a julho de 2023.
Objeto da experiência
Utilização da estratégia em grupo da gestão autônoma da medicação com usuários em internação psiquiátrica em uso de psicofármacos.
Objetivos
Orientar a gestão autônoma de psicofármacos a usuários internados em um hospital psiquiátrico; Tecer reflexões sobre suas experiências; Estimular autonomia, responsabilidade e protagonismo na terapia medicamentosa.
Metodologia
A prática foi conduzida por residentes multiprofissionais de um programa de saúde mental, onde foram feitos seis encontros em formato de roda de conversa. Os usuários foram escolhidos através de busca ativa através da leitura de prontuários, e indicações dos profissionais sobre usuários próximos à alta médica. As temáticas exploradas foram acerca do usuário e sua rede de apoio, sua relação prévia com o uso de psicofármacos, e orientações a respeito de direitos concernentes ao seu uso.
Resultados
Os usuários compartilharam suas dificuldades e obstáculos na reabilitação e reinserção psicossocial. Questionaram sobre a duração e escolha dos medicamentos e seus efeitos adversos, bem como dificuldades em estabelecer uma comunicação direta e clara com os médicos psiquiatras. Percebeu-se que sentiram-se mais co-responsáveis pelo seu tratamento, e que as orientações e a coletivização de experiências lhes trouxeram reflexões.
Análise Crítica
A gestão autônoma da medicação, como uma metodologia horizontal, grupal e direcionada, balizada na clínica ampliada, permite que haja maior compreensão das singularidades das histórias dos indivíduos. Em um hospital psiquiátrico, iniciativas como este grupo, permitem maior amortização dos efeitos do confinamento e da predominância do saber biológico. É preciso incidir na defesa de espaços de autonomia e de acompanhamento biopsicossocial que versem sobre o cuidado emancipatório.
Conclusões e/ou Recomendações
Os encontros sobre gestão autônoma da medicação, foram fundamentais para a prática de cuidado em saúde mental sob a perspectiva da clínica ampliada, dando abertura para a expressão e participação dos usuários em seus próprios processos de cuidado. Assim, considera-se que seja fundamental que a estratégia seja utilizada em outros espaços e contextos que fomentem o protagonismo do usuário.
“COMO APRENDI A PARAR DE ME PREOCUPAR E PASSEI A AMAR O GRUPO”: 10 ANOS DE EXPERIÊNCIA EM CAPS
Pôster Eletrônico
1 PM Santos / Fundação Lusíada
Período de Realização
2015 - 2025
Objeto da experiência
Grupo terpêutico caráter comunitário em formato aberto que ocorre em CAPS, sendo a heterogeneidade uma perspectiva definidora deste grupo.
Objetivos
Compartilhar experiência assistencial em modalidade grupal visando contribuir com a discussão das diferentes possibilidades de transformações individuais e coletivas com grupos em CAPS, costurando assim uma reflexão acerca dos impasses e potências dos grupos abertos sob o olhar da Saúde Coletiva.
Metodologia
Dúvidas, medo, desconfiança, conflitos, expressões de solidão e desamparo. Esses foram os "temperos" mais proeminentes entre as falas e afetações registradas ao longo desses anos. Entretanto, a motivação maior para registro dessa experiência emergiu a partir de uma inusitada comparação deste processo grupal ao filme “Dr. Fantástico ou Como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba” de Stanley Kubrick. Integrando aqui o vivo processo político do cuidado à sátira kubrickiana.
Resultados
Os "temperos" destacados revelam a configuração da geografia simbólica instituída na trajetória deste grupo, evidenciando contornos tortuosos, porém de intersecções potentes. Como se essas afetações edificassem novas expressões na própria instituição grupal, uma passagem da preocupação aflituosa e dolorosa para um cuidado coletivo: um cuidar do grupo como cuidar do mundo. Nessa sentido, o cuidado estabelecido no grupo atravessa um abismo e parece encontrar o amor como delineamento terapêutico.
Análise Crítica
A afetação preenchida de amor, naturalmente, apresenta uma identificação do grupo. O caráter comunitário e o sofrimento mental constituem um terreno fértil para a eclosão de uma resistência política, cujo contorno pode realçar as diferentes manifestações de amor. Fortalecido enquanto preocupação política, o qual nestas circunstâncias é, necessariamente, indissociável de uma postura política. Aproximando-se assim do “amor mundi” de Hannah Arendt. Um amor político que edifica o grupo.
Conclusões e/ou Recomendações
Esta experiência aponta para uma perspectiva de cuidado inspirada em Hannah Arendt, que entende a política como um agir em liberdade e o exercício político como uma atividade de criação, o desenvolvimento de novas formas de amor mundi, o afrontamento do instituído e a experimentação de novas formas de sociabilidade. Por fim, acredita-se que práticas com tal influência venham a fortalecer o cuidado em liberdade e o exercício da cidadania.
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DO CONSUMO ALCOÓLICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DE DOCUMENTO TÉCNICO ELABORADO EM ESTÁGIO NO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica - Fiocruz Brasília
2 Ministério da Saúde
Período de Realização
De 23 a 28 de dezembro de 2024 durante o estágio do Programa Multiprofissional em Atenção Básica.
Objeto da experiência
Relato de experiência da elaboração de estratégias de prevenção ao consumo alcoólico em material feito durante estágio no Ministério da Saúde (MS).
Objetivos
O estudo visa descrever e refletir as estratégias propostas em documento sobre o consumo alcoólico como fator de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que visou contribuir na construção de ações de prevenção e promoção da saúde (PS) na gestão da Atenção Primária à Saúde (APS).
Descrição da experiência
O documento técnico foi um produto surgido a partir de demanda de um departamento do MS, local em que ocorreu o estágio. Este foi proposto com o objetivo de contribuir com informações e análises sobre consumo alcoólico e na construção de ações para abordar esse fator de risco. Teve como tópicos abordados: cenário atual do consumo alcoólico e repercussões; recomendações em saúde; e estratégias de prevenção ao consumo e de PS, a partir de referências do MS e da Organização Mundial da Saúde.
Resultados
Este processo de elaboração favoreceu pensar estratégias na perspectiva ampliada de saúde e de PS. No âmbito da APS, propôs-se: produzir materiais técnicos com evidências que apoiem boas práticas; desenvolver campanhas de mídia que considerem os aspectos biopsicossociais e a redução de danos; pautar transversalmente o uso do álcool nas discussões sobre cuidado integral; construir plano de enfrentamento com estratégias de cuidado, de organização do trabalho das equipes e da rede de atenção.
Aprendizado e análise crítica
Esse exercício contribuiu para evidenciar a importância de abordar o álcool como fator de risco para DCNT e de suscitar discussões sobre formas de tratar essa temática na formulação e implementação de práticas em saúde. Ainda, promoveu reflexões sobre como potencializar o modelo de atenção integral a partir dos processos de gestão no SUS, visando a produção de cenários de promoção da qualidade de vida e de proteção da saúde às pessoas, famílias e comunidades.
Conclusões e/ou Recomendações
Salienta-se a relevância das produções técnicas em subsidiar as políticas públicas, com evidências, informações e análises que apoiem sua operacionalização nos territórios. Também, pode-se evidenciar como a formação no SUS é profícua em ampliar o entendimento sobre sua gestão e seu fortalecimento como espaço de reconhecimento das necessidades de saúde e dos determinantes sociais visando a qualificação da atenção e a garantia do direito à saúde.
PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA ARTICULADA ENTRE O PROGRAMA GENTE ADOLESCENTE, A GRADUAÇÃO E O INTEGRA ESPFOR
Pôster Eletrônico
1 ESPFOR-SMS
2 SMS
3 Faculdade UNINTA
Período de Realização
Período de 12 de maio a 07 de junho de 2025
Objeto da experiência
Atividade educativa em saúde mental com crianças e adolescentes na Escola Municipal de Ensino fundamental I e II em Fortaleza
Objetivos
A Escola de Saúde Pública de Fortaleza – ESPFOR através do projeto Integra ESPFPOR em parceria com as Instituições de Ensino Superior – IES buscou promover educação em saúde com foco na saúde emocional de Adolescentes de 11 a 14 anos.
Metodologia
As atividades foram realizadas em parceria com os alunos de estágio básico do 7º semestre do curso de Psicologia da Faculdade Uninta Fortaleza. Buscou-se estimular a expressão emocional, a escuta ativa; abordar temas sensíveis de forma lúdica e acessível, contribuindo para o desenvolvimento emocional e o fortalecimento de vínculos na comunidade escolar. Aconteceram seis encontros com turmas do Ensino fundamental II (6º, 7º e 8º) anos.
Resultados
Foram trabalhadas as temáticas: família e suas repercussões emocionais, bullying, depressão e ansiedade. Os encontros ocorreram em rodas de conversa tendo como disparadores atividades lúdicas, vídeos educativos, simulações realísticas, construção coletiva de imagens e recursos.
Análise Crítica
255 alunos educandos participantes desse momento, demonstraram aprendizagem significativa, integração nas atividades propostas, expressando sentimentos, dúvidas e experiências. Observou-se maior abertura para falar sobre emoções, empatia e respeito entre colegas.
Conclusões e/ou Recomendações
Destaca-se a importância da formação dos futuros psicólogos em contextos reais, promovendo impacto social e aprendizado sensível, buscando redução das iniquidades. Conclui-se que ações educativas em saúde mental na escola, com abordagem adequada à faixa etária, favorecem o desenvolvimento emocional saudável.
A REINSERÇÃO SOCIAL COMO PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL DO USUÁRIO EM TRATAMENTO POR USO ABUSIVO DE SUBSTÂNCIAS
Pôster Eletrônico
1 Graduada em Serviço Social pela Universidade de Santo Amaro
2 Graduada em Psicologia pela Faculdade Anhanguera de Maceió
3 Doutoranda em Psicologia na Universidade Federal de Pernambuco
4 Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas
Período de Realização
Experiência desenvolvida entre agosto e dezembro de 2023.
Objeto da experiência
O Projeto Terapêutico Singular (PTS) e a reinserção social do usuário de uma clínica de reabilitação.
Objetivos
Refletir sobre a experiência de reinserção social de um usuário de uma Clínica de Reabilitação, a partir da construção interdisciplinar de um PTS.
Descrição da experiência
A experiência foi realizada em uma Clínica de Reabilitação, em Maceió (AL), sendo uma das metas do PTS a reinserção social do usuário em sua cidade natal e no trabalho. O processo se deu interdisciplinarmente com a assistente social, a estagiária de psicologia, o setor administrativo da cidade primária e o residente do serviço. Para viabilizar o retorno às atividades de sua vida cotidiana, seria necessária a readaptação funcional, em busca da redução do contato com Substâncias Psicoativas (SPA).
Resultados
A construção conjunta do PTS permitiu, a partir da escuta qualificada, identificar as necessidades do usuário e, então, realizar a articulação com os serviços de saúde do seu município de origem, promovendo a continuidade do cuidado e a reinserção social. A integração entre os serviços viabilizou o encaminhamento de relatórios e pareceres, bem como a sugestão de funções mais adequadas ao quadro clínico do usuário para avaliação da junta médica local.
Aprendizado e análise crítica
A dependência de SPA constitui-se como uma grave questão, exigindo abordagens interdisciplinares e intersetoriais para oferecer cuidados. A reabilitação psicossocial implica[...] o aumento da contratualidade afetiva, social e econômica que viabilize o melhor nível possível de autonomia para a vida em comunidade (Pitta, 2016). Deste modo, a reinserção social e profissional dos usuários é etapa essencial para a consolidação do processo de reabilitação (Brasil, 2003).
Conclusões e/ou Recomendações
O relato demonstra a importância da atuação interdisciplinar e da articulação entre a rede de serviços na construção de estratégias de reinserção social para usuários em reabilitação. Além disso, possibilitou uma compreensão ampliada dos contextos de vulnerabilidade, contribuindo para intervenções condizentes com a realidade do sujeito, reafirmando o compromisso ético-político profissional com o cuidado e a transformação social.
CARTILHA ACERCA DO USO DE SUBSTÂNCIAS EM CONTEXTO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL INFANTOJUVENIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UFSCAR
Período de Realização
Março de 2024 a Junho de 2024.
Objeto da experiência
Produção de cartilha educativa.
Objetivos
Promover educação em saúde acerca do tema do uso de substâncias e da redução de danos;
Orientar manejos profissionais no contexto do uso de substâncias em acolhimentos institucionais infantojuvenis;
Possibilitar intervenções eficazes e humanizadas neste mesmo contexto.
Descrição da experiência
A partir de práticas no Serviço de Saúde Mental Volante, em Londrina/PR, identificou-se queixas dos educadores sociais de Casas Lares do município, sobretudo acerca do desconhecimento sobre drogas e de possíveis manejos para situações de uso em acolhimentos institucionais.
Sendo assim, estruturou-se uma formação para os educadores acerca do tema e a produção de uma cartilha educativa, a qual compila todas as informações trabalhadas durante a formação de modo coerente e apoiador.
Resultados
Então, após realização da formação através de metodologias ativas, instrumentalizou-se o que foi trabalhado em uma cartilha. A primeira parte do material é de viés teórico, contendo os capítulos: (a) Drogas: o que são ?; (b) Breve histórico das drogas; (c) Tipos de drogas; (d) Tipos de uso; (e) Motivações; (f) Legislação; (g) Consequências; (h) Redução de danos. Já a segunda parte é baseada nas contribuições práticas (casos e intervenções) elaboradas pelos educadores ao longo da formação.
Aprendizado e análise crítica
A atividade buscou gerar consciência crítica e promover educação continuada a partir da discussão de experiências com educadores, desde a prática até a construção teórica. Assim, ressalta-se a importância da educação em saúde ativa e pautada na realidade dos participantes, conforme Paulo Freire.
O material foi publicado pela Secretaria Municipal de Saúde de Londrina e distribuído entre os profissionais de Casas Lares do município, com impacto positivo nas práticas e na assistência aos acolhidos.
Conclusões e/ou Recomendações
Portanto, entende-se que a intervenção possibilitou ampliar a discussão sobre o uso de drogas em contexto de acolhimentos institucionais infantojuvenis, além de possibilitar a construção coletiva de um saber teórico-prático, de forma horizontal e humanizada.
Ainda, deve-se salientar a potencialidade deste trabalho enquanto material de inspiração e de compartilhamento de experiências e metodologias entre atores envolvidos no contexto em questão.
"QUERO ENTRAR NA REDE": LETRAMENTO DIGITAL COMO ESTRATÉGIA PARA INCLUSÃO DE USUÁRIOS DA RAPS NO MUNDO VIRTUAL.
Pôster Eletrônico
1 SMS/CAMPINAS
Período de Realização
Maio e outubro de 2024
Objeto da experiência
Aperfeiçoamento e desenvolvimento de habilidades relacionadas ao uso de ferramentas digitais para usuários da RAPS.
Objetivos
Promover a inclusão digital, por meio de um curso voltado para o letramento de usuários e trabalhadores dos CAPS como forma de fortalecer o exercício pleno da cidadania e o acesso ao território e seus recursos, em suas dimensões geográficas e virtuais.
Descrição da experiência
Foram abordados temas como: a evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), noções básicas de utilização de equipamentos e ferramentas digitais, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o uso do portal GOV.BR, a participação em redes sociais e conferências de saúde online, além de temas como saúde digital, teleatendimento e aplicações práticas de Inteligência Artificial (IA) no cotidiano, buscando-se fortalecer o uso ético e seguro da internet.
Resultados
Foram realizados três encontros presenciais entre maio e outubro de 2024 e o último encontro realizado em novembro, na modalidade à distância, totalizando 20 horas de carga horária.
A abordagem dinâmica e participativa gerou engajamento da turma durante os encontros. A equipe também expressou contentamento com os resultados alcançados. Para atingir o objetivo do curso, foi consensuada a importância da presença de trabalhadoras e trabalhadores.
Aprendizado e análise crítica
O compartilhamento de saberes entre usuários e trabalhadores foi um dos pontos de destaque, visto que promoveu-se trocas que fortaleceram a integração e o aprendizado coletivo. Considera-se que ofertar um curso de letramento digital foi uma experiência inovadora, desafiadora e gratificante, ao possibilitar espaços de troca e de formação para discussões e problematizações acerca das tecnologias e inovações digitais no cotidiano dos serviços e da vida dos usuários.
Conclusões e/ou Recomendações
A expectativa é que o curso seja replicado localmente nos CAPS, com o objetivo de ampliar seu alcance e impacto.
Pretende-se com esta iniciativa ampliar a capacitação técnica, mas também a promoção da cidadania digital e a redução das desigualdades tecnológicas entre usuários e trabalhadores da saúde mental.
CONTRIBUINDO PARA UMA PRÁXIS CRÍTICA NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE A PARTIR DA FORMAÇÃO COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Período de Realização
Agosto de 2024
Objeto da experiência
residentes de medicina e família e comunidade do segundo ano do programa de residência médica da prefeitura de São Bernardo do Campo.
Objetivos
fornecer elementos teóricos e ferramentas práticas para uma práxis crítica no cuidado em saúde mental na atenção primária à saúde.
Metodologia
Realizado questionário prévio com os participantes sobre quais temas eram mais relevantes. 5 encontros presenciais com 4 horas cada. A partir de metodologias ativas (juri simulado, problematização, role play e aprendizado em grupo), foi possível questionar os pressupostos teórico-filosóficos do DSM e suas consequências no cuidado, apresentar alternativas baseadas na determinação social do processo saúde-doença e no campo crítico da saúde mental e treinar ferramentas de comunicação clínica.
Resultados
Aferido por meio de feedbacks após cada encontro, os residentes obtiveram novos conhecimentos a partir de uma visão crítica de saúde mental, sentiram-se mais seguros para lidar com os casos de sofrimento psíquico na APS, orientados por uma práxis desmedicalizante. Também relataram diminuição da angústia para lidar com casos de sofrimento e contribuição das oficinas para a melhora da própria saúde mental.
Análise Crítica
Percebeu-se que o ensino-aprendizagem pelo questionamento do senso-comum e da práxis dominante, por meio das metodologias ativas, é mais efetivo do que somente a exposição das críticas e de alternativas no cuidado em saúde mental. Também é eficaz a aplicação imediata dos conhecimentos clínicos em casos clínicos simulados. Percebeu-se que nem sempre o que os educandos consideram mais relevantes são os temas mais prevalentes no cenário da APS, como a psicose, sendo necessário adaptações.
Conclusões e/ou Recomendações
São importantes momentos específicos de formação para residentes além daqueles durante a prática assistencial, pois é possível aprofundar os conhecimentos e produzir questionamentos que transformem a práxis. Embora a formação tenha sido voltada para futuros médicos de família e comunidade, podem ser realizadas iniciativas semelhantes para outros profissionais de saúde em contexto de residência ou não.
O MODELO DE ACOMPANHAMENTO PSICOSSOCIAL DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS AUTISTAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, CAMPUS SÃO CARLOS
Pôster Eletrônico
1 UFSCar
Período de Realização
Setembro de 2023 até o momento.
Objeto da experiência
O modelo de acompanhamento psicossocial de estudantes universitários autistas da Universidade de São Paulo, campus São Carlos.
Objetivos
Apresentar as atividades voltadas ao público autista na Universidade de São Paulo, campus São Carlos.
Descrição da experiência
Os serviços GAPSI e o Apoia USP atendem à comunidade USP São Carlos. Fundamentados no modelo de Atenção Psicossocial, realizam atividades diagnósticas, epidemiológicas, busca ativa de casos, acolhimento e acompanhamento de pessoas em sofrimento psíquico, a partir de Plano Terapêutico Singular, considerando o contexto universitário. Ao longo de sua existência, pessoas com quadros psicopatológicos graves têm sido atendidas, sendo necessário ajustar os serviços a partir destas especificidades.
Resultados
A análise clínica dos estudantes graves trouxe a necessidade de integrar a Terapia Ocupacional na equipe originalmente de Serviço Social e Psicologia. Um evento de psicoeducação sobre autismo e psicose foi realizado, afirmando o tema na agenda institucional. A frente realiza atividades de psicoeducação, acompanhamento do coletivo político e de mútua ajuda de estudantes autistas, acolhimento e acompanhamento psicossocial. Foi criado o grupo Cotidiano e Universidade para estudantes autistas.
Aprendizado e análise crítica
As principais demandas da frente foram: dificuldades com interações sociais e relacionamentos, adaptação às condições ambientais e de aprendizado pouco inclusivas, gerenciamento de tempo e interesses específicos. Os participantes do grupo avaliaram como positiva a atuação do grupo nas demandas universitárias, avaliando que a participação no grupo contribuiu para auxiliar nos aspectos que possuem dificuldades.
Conclusões e/ou Recomendações
O trabalho demonstrou a importância de uma abordagem interdisciplinar. A realização de atividades de psicoeducação e grupos de apoio mostraram-se fundamentais para atender às demandas dessa população. O Grupo Cotidiano e Universidade destacou as principais dificuldades enfrentadas pelos estudantes autistas. Esses esforços refletem um compromisso com a inclusão e apontaram para a necessidade de complexificação dos serviços oferecidos.
MORAR EM LIBERDADE: COMUNICAÇÃO PÚBLICA, MEMÓRIA SOCIAL E DIREITOS HUMANOS NA SAÚDE MENTAL BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
Período de Realização
Pesquisa multifontes 2017-2025.Curadoria virtual Fev.2025- acesso aberto irrestrito e digital
Objeto da experiência
Disponível em: https://www.moraremliberdade-educa.art.br, a instalação promove reflexão crítica sobre a Reforma Psiquiátrica.
Objetivos
Fomentar reflexão crítica sobre a reforma psiquiátrica, destacando liberdade, convívio social e garantia de direitos; Valorizar narrativas de usuários da saúde mental; Promover a difusão cultural e científica; Estimular a coprodução de saberes entre usuários, pesquisadores e trabalhadores da saúde.
Descrição da experiência
A instalação virtual “Morar em Liberdade: Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira” sintetiza sete anos de produção colaborativa entre usuários da saúde mental, gestores, parlamentares e militantes. Com acervo multimídia (2017-2023), integra memória social, arte e comunicação pública sob os princípios da Ciência Aberta e da Ciência Cidadã. O ambiente virtual expande o acesso ao conteúdo, fomentando processos formativos, pesquisas e incidência política em saúde mental.
Resultados
Como dispositivo digital e interativo, a instalação qualificou a comunicação pública em saúde mental, reunindo “histórias de si” e testemunhos institucionais que ressignificam a memória da Reforma Psiquiátrica. Ao democratizar o acesso via web, fortaleceu o reuso em processos educativos e pesquisas, ampliando o alcance da pauta antimanicomial e enfrentando o estigma com base em narrativas situadas e epistemologias do cuidado em liberdade.
Aprendizado e análise crítica
A instalação reafirma a potência epistêmica das narrativas de vida como instrumentos de crítica social e reconstrução histórica da atenção psicossocial. O diálogo entre ciência aberta, arte engajada e ativismo antimanicomial evidencia caminhos para a reinvenção metodológica da pesquisa-intervenção em saúde mental, com centralidade nos sujeitos historicamente silenciados.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a ampliação de tecnologias curatoriais digitais como instrumentos de advocacy e educação permanente. A virtualização da memória coletiva permite tensionar práticas excludentes e contribuir para políticas mais responsivas. A experiência aponta o potencial da arte-documento para consolidar direitos e reforçar agendas intersetoriais em tempos de disputa por sentidos da saúde mental.
SARAU DE PRIMAVERA: PROMOÇÃO DE PROTAGONISMOS EM SAÚDE MENTAL.
Pôster Eletrônico
1 CAPS AD - BETIM
Período de Realização
2014 - Atual.
Objeto da produção
Usuários da rede de atenção psicossocial (RAPS) de Betim e região. Extensivo aos demais dispositivos da RAPS.
Objetivos
Segundo Fabrícia Silva, "a arte é uma excelente ferramenta de apresentação das habilidades dos sujeitos e continuamos a lançar mão dela para despertar o sujeito para outras possibilidades." O sarau visa fomentar o protagonismo dos usuários perante á sociedade bem como desmistificar estigmas em saúde mental.
Descrição da produção
O Sarau conta com a apresentação de produções culturais (teatro, dança, música, fotografia, mostras, exposições, concursos de poesias), atuando como agentes culturais: usuários, trabalhadores e artistas apoiadores do projeto. Trabalhadores e usuários produzem poesias, cantam, interpretam e dançam. Submetem seus produtos à apreciação e análise do público (usuários, artistas, comunidade). Cada participante do Sarau tem a liberdade de se apresentar e se representar como um agente ativo e transformador dos processos de produção.
Resultados
Ampla participação da rede de assistência psicossocial de Betim e municípios vizinhos. Criação de espaços de discussão/disseminação e valorização da produção artística e cultural dos portadores de transtornos mentais. Inserção da data do sarau no calendário de atividades da rede (mês de setembro). Estreitamento de vínculos entre os diversos agentes da assistência social e de saúde do município com enfoque no melhor cuidado para com os portadores de sofrimento mental.
Análise crítica da produção
O sarau possibilita a recomposição de universos de subjetivação e de ressingularização, pois se constituem em linguagens de estrutura flexível e plástica, compartilhando experiências e facilitando a comunicação entre pessoas, sobretudo quando a linguagem comum é insuficiente para exteriorizar vivencias singulares. São instrumentos para a superação dos muros simbólicos, uma via de mão dupla: trazer para os excluídos o que se produz no panorama cultural contemporâneo e incluir aquilo que produzem.
Considerações finais
O Sarau segue disseminando um olhar mais humano para o sofrimento mental, trazendo visibilidade para estas pessoas na sociedade, valorizando-as em toda a sua plenitude. Segue ainda com a premissa principal de não tratá-las como meros coadjuvantes, mas sim, como protagonistas de sua própria vida.
O MORAR E O TRABALHAR NAS EXISTÊNCIAS FEMININAS: NARRATIVAS DE REINVENÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Brasília/UFRGS
2 Fiocruz Brasília
3 Fiocruz Brasília/TV Pinel
Período de Realização
A pesquisa desenvolveu-se em, 2024-25. A captação e finalização do material no 1º semestre de 2025.
Objeto da produção
Iniciativas de apoio mútuo e gestão democrática, como a economia solidária, fortalecem a autonomia e o reconhecimento social dos participantes.
Objetivos
Apresentar as múltiplas faces do cuidado e da reinserção social e os seus impactos na vida dos usuários da rede de saúde mental. Com um recorte de gênero, evidenciar as articulações e o protagonismo de mulheres que vivem em liberdade e tem nos seus trabalhos o comprometimento coletivo.
Descrição da produção
Produzido pelo "Morar em Liberdade", projeto do Núcleo de Saúde Mental Álcool e Outras Drogas (NUSMAD/Fiocruz Brasília), este material audiovisual apresenta narrativas de mulheres residentes em São Paulo e Salvador. Suas experiências com economia solidária e iniciativas de cooperação revelam os desafios urbanos para usuárias da rede, abordando formatos de cooperação, justiça social, democracia e cuidado. Acesse:www.instagram.com/p/DJ_hWgAxttc/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
Resultados
Esta produção visa a difusão para reflexão e debates sobre garantia de direitos ao trabalho, moradia, combater preconceitos e estigmas sociais, promovendo a visibilidade das experiências de mulheres usuárias da rede de saúde mental. Fortalecer a compreensão sobre o impacto positivo dessas iniciativas na autonomia, na reinserção social e no protagonismo político feminino, incentivando a replicação de modelos que valorizem a cooperação e a justiça social como ferramentas de transformação.
Análise crítica da produção
Visando fomentar reflexões acerca da reinserção social e modos de viver em liberdade, esta produção audiovisual apresenta as narrativas do cotidiano de mulheres que encontram no trabalho além de uma forma de sustento, uma ferramenta para articulações e fortalecimento de iniciativas que incluem protagonismo político-social para a garantia de direitos como moradia, alimentação, lazer e saúde nos territórios dos grandes centros.
Considerações finais
Para além da liberdade, é necessário encontrar um lugar no mundo. As narrativas femininas deste trabalho perpassam por esta noção de territorialidade e agenciamento, considerando o fazer coletivo, as formas de sustento, a ampliação de redes e a descoberta de habilidades. Elementos oriundos da Reforma Psiquiátrica, da conquista ao acesso a cuidados de qualidade, a proteção dos direitos das pessoas usuárias da rede de saúde mental.
COMUNIDADE CAPS: O FILME
Pôster Eletrônico
1 SMS Cavalcante
Período de Realização
A captação de imagens e edição ocorre no período previsto entre outubro de 2024 e outubro de 2025.
Objeto da produção
Realização de registro documental audiovisual sobre oferta de cuidado em saúde de um Centro de Atenção Psicossocial 1 localizado em Cavalcante, Goiás.
Objetivos
Destacar e fortalecer a luta antimanicomial no âmbito do SUS; valorizar equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial; fortalecer vínculo entre comunidade CAPS e profissionais da saúde; promover saúde mental de trabalhadores da RAPS; incentivar novos grupos terapêuticos e de promoção de saúde.
Descrição da produção
Uma vez por semana, profissionais e comunidade CAPS se reúnem para cozinhar e almoçar. Durante essa atividade, conhecida como CozinhAção, surgem causos antigos de sabedoria rural: a memória do fogão de lenha, a lembrança do tempero da vó, a novidade em sabores (des)conhecidos. Mistura de jovens, idosos e crianças. Um almoço de famílias em todas as suas diferenças, dificuldades, potências, diversidades, partilha e bem viver. Preparamos, cozinhamos e limpamos. É um ciclo, um ritual de fartura.
Resultados
Pouco a pouco a interação entre participantes vai se afinando. Fazemos da atividade cotidiana uma partilha: comidas, experiências, sofrimentos, vivências e celebrações. CozinhAção é a atividade com maior frequentação do serviço. É uma atividade porta aberta e de livre acesso. Participantes e resultados são móveis. As principais reverberações neste CAPS são a maior vinculação da comunidade entre si e senso de pertença ao equipamento de saúde
Análise crítica da produção
O registro audiovisual documenta as atividades que acontecem no cotidiano do cuidado, suas potências e fragilidades.Tudo é feito em colaboração - imagens, música, alimento. Alguns fatores atravessam a continuidade do cuidado: rotatividade de profissionais, recursos escassos e limitados para manutenção regular da atividade, exaustão dos profissionais de saúde sobrecarregados com múltiplas tarefas e atribuições e vínculos profissionais precarizados.
Considerações finais
Cozinhar é um ato de amor, um gesto de cuidado em um tempo de criação.
COLIBRI/ARTE E SAÚDE MENTAL: O CUIDADO EM LIBERDADE É COLETIVO
Pôster Eletrônico
1 UFJF
2 UniAcademia
Período de Realização
Janeiro a Junho de 2025.
Objeto da produção
Coletivo Juizforano intitulado: Colibri/Arte e Saúde Mental
Objetivos
O Colibri objetiva fortalecer o papel político da arte no cuidado em saúde mental. Contribuindo com a construção de território simbólico comum, o grupo fomenta laços comunitários e pretende ser ferramenta política, enfrentando o estigma social e incitando o protagonismo no cenário da cultura local.
Descrição da produção
O Colibri tem na arte e cultura sua orientação para o trabalho e planejamento de ações. Nascido de um trabalho de extensão acadêmica junto ao CAPS AD III de Juiz de Fora e sem fins lucrativos, o coletivo é composto atualmente por profissionais psicólogas, arte/educadora, pedagoga e pesquisadora em serviço social que atuam de forma voluntária. O público alvo do projeto é a população atendida pela RAPS e usa as redes sociais para divulgação dos trabalhos e mobilização para a temática do projeto.
Resultados
Destaca-se uma participação ativa e engajada de todos os envolvidos no projeto, com grande frequência nos encontros. As oficinas realizadas dois dias na semana contemplavam experiências artísticas, musicais, além do teatro e da meditação. Como produto principal, foi construída e apresentada a peça de teatro Mineiridades, em importantes eventos da cidade, em que se utilizou de poemas e músicas mineiras para contar a narrativa do cotidiano e das relações sociais.
Análise crítica da produção
Para o coletivo, destaca-se a importância da arte enquanto expressão da cultura popular. De acordo com Paulo Amarante, são as relações sociais construídas na vivência da cidade que organizam a emancipação e a autonomia no cuidado em liberdade. Desse modo, o movimento cultural da reforma psiquiátrica é importante à medida que contribui na transformação da leitura de mundo, através do protagonismo e existência ativa e criativa de populações historicamente marginalizadas.
Considerações finais
A partir da compreensão de que é essencial o fortalecimento do papel político da arte para o cuidado em saúde mental em liberdade, e a fim de comunicar que a arte, educação, cultura e cuidado em saúde mental é trabalho coletivo e um direito de todos, é celebrado o projeto Colibri e estendido o convite à partilha e fortalecimento de organizações e movimentos sociais que estejam em defesa da dignidade humana.
PSICOEDUCAÇÃO COM FAMILIARES USUÁRIOS DO SERVIÇO DE CAPS INFANTOJUVENIL
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
2 USP
Período de Realização
Foi elaborado a partir de reflexões sobre os processos de trabalho e aplicado durante 4 meses.
Objeto da produção
Material didático digital e cartilha impressa.
Objetivos
Melhorar os processos de trabalho no cotidiano do serviço de saúde a partir da sensibilização, conscientização e orientação dos familiares e responsáveis das crianças e adolescentes usuários acerca do funcionamento do CAPS IJ e do SUS.
Descrição da produção
Foi elaborado um material didático em formato powerpoint e cartilha com as temáticas: Apresentação dos princípios, diretrizes e organização do SUS; introdução à saúde mental; Objetivos do CAPS; composição da equipe; recursos terapêuticos oferecidos no CAPS; fluxo de atendimento; PTS; orientações gerais sobre funcionamento do CAPS; assembléias e conselho gestor. O material foi apresentado e distribuído durante o “encontro de matrícula”, que passou a compor o fluxograma de acolhimento do CAPS.
Resultados
Melhora na co-responsabilização dos familiares frente o tratamento; Diminuição da distância entre acolhimento e primeiro atendimento; Diminuição de erros nos processos de trabalho cotidiano, principalmente em relação a comunicação; Ampliou conhecimento sobre o CAPS para serviços adjacentes da rede intersetorial; Contribuiu para a descentralização do cuidado exclusivo por psicólogo e psiquiatra, favorecendo a compreensão da atuação de uma equipe multiprofissional e da abordagem psicossocial.
Análise crítica e impactos da produção
Favorecer a psicoeducação e a educação na comunidade em saúde é fundamental para o bom funcionamento do serviços de saúde, além de proporcionar o estímulo da cidadania e participação social, apropriando-se dos serviços enquanto um direito. No contexto de Saúde mental, isso se torna ainda mais importante frente a todo o estigma e preconceito que o cerca.
Considerações finais
É fundamental que a população conheça a rede de serviços do SUS, bem como a sua forma de funcionamento, organização e princípios. Promover ações de psicoeducação contribuem para a conscientização e conhecimento de elementos históricos importantes, como o movimento popular pela Reforma psiquiátrica e seus desdobramentos na atualidade, favorecendo o sentimento de pertencimento, apropriação e de luta por um SUS universal, integral e com equidade.
OFICINAS SOBRE PRÁTICAS E CUIDADOS ESSENCIAIS (PCE) EM SAÚDE MENTAL BASEADA NO MI-MHGAP (OPAS/OMS) PARA OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (ACS)
Pôster Eletrônico
1 Área de Práticas Assistenciais. Hospital Israelita Albert Einstein
2 CAPS IJ II Campo Limpo. Hospital Israelita Albert Einstein
3 CAPS AD III Paraisópolis.Hospital Israelita Albert Einstein
4 Centro de Estudos, Pesquisa e Prática em APS e Redes (CEPPAR). Hospital Israelita Albert Einstein
Período de Realização
Realizada uma turma piloto em abril de 2025
Objeto da produção
Curso de formação para ACS que aborda práticas e cuidados essenciais em saúde mental a partir do manual de intervenções do mhGAP (OPAS/OMS)
Objetivos
Promover habilidades para o cuidado em saúde mental do território com foco no módulo de PCE do MI-MhGAP, refletindo sobre as barreiras geradas pelo estigma, praticando a promoção de direitos e dignidades e aprimorando a identificação de sinais de alerta para o cuidado em saúde mental da população
Descrição da produção
Formação construída pelo grupo de trabalho de multiplicação do mhGAP na instituição, utilizando metodologias ativas em um encontro presencial a partir de exposição dialogada e dramatização de situações. Dirigida a representantes de ACS das unidades básicas de saúde (UBS) do território. Aplicado pré e pós teste com perguntas optativas sobre o conteúdo e formulário de avaliação do encontro. Turma piloto realizada em maio de 2025
Resultados
Ao todo, 29 ACS participaram com aumento na curva de aprendizagem entre pré e pós teste. O espaço foi favorável para compartilhamento do conteúdo, contextualização do território e reflexão da prática, legitimando o saber do ACS. O espaço foi percebido como acolhedor, participativo e de aprendizado mútuo. Usar exemplos práticos, aplicar estratégias didáticas e fomentar relatos de vivências permitiram a melhor compreensão do tema e ampliaram a aplicabilidade das informações na rotina profissional
Análise crítica e impactos da produção
A promoção do cuidado em saúde mental é compartilhada com todos os profissionais, portanto, adaptar a formação PCE para ACS pode favorecer a integralidade e corresponsabilização do cuidado, bem como legitima o saber deste profissional para colaborar na redução da lacuna de saúde mental. Todos os conteúdos abordados mostraram-se pertinentes, alinhados às demandas do processo de trabalho e relevantes para a qualificação do cuidado prestado à população
Considerações finais
Tendo em vista a importância do espaço de diálogo promovido, que valorizou a escuta ativa e fortaleceu a integração entre os ACS, ressalta-se a compreensão de que esta formação representa uma etapa inicial de um processo contínuo de qualificação, sobretudo por se tratar da primeira equipe a vivenciar essa experiência formativa. Pretende-se que novas turmas sejam formadas semestralmente
“É A GENTE QUE CONHECE AS PESSOAS” – ATENÇÃO BÁSICA COMO LOCAL IDEAL PARA PRÁTICAS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Pôster Eletrônico
1 UFPR
Apresentação/Introdução
A Estratégia Saúde da Família e a Atenção Psicossocial apresentam confluência em relação às suas propostas, com foco no vínculo, na longitudinalidade do cuidado e na integralidade, o que torna a atenção primária à saúde um local propício para o desenvolvimento de práticas em saúde mental que superem o paradigma tradicional biomédico.
Objetivos
Essa pesquisa tem como objetivo analisar e discutir o cuidado em saúde mental realizado por profissionais da APS no município de Curitiba, e como esse âmbito de atenção é propício para práticas alinhadas com os princípios da atenção psicossocial.
Metodologia
Pesquisa de caráter qualitativo e exploratório. Foram entrevistados 15 profissionais de 9 unidades de saúde da cidade, os participantes foram escolhidos por indicação – seriam profissionais com boas práticas em saúde mental e próximas do que se espera de uma atenção psicossocial. Esses profissionais indicaram outros de sua UBS, dentro dos mesmos critérios. Foram realizadas entrevistas em profundidade, com perguntas abertas, visando explorar as diversas percepções dos entrevistados em relação ao cuidado em saúde mental. Os dados foram categorizados de acordo com o conteúdo presente em palavras e trechos das entrevistas, e analisados sob o referencial teórico da fenomenologia hermenêutica.
Resultados
Os profissionais entrevistados se mostraram engajados, e com muito tempo de atuação profissional na rede da cidade. Foram levantados elementos como a valorização da escuta, a incorporação do olhar sobre o território, a família e as vulnerabilidades sociais na prática clínica e compreensões do adoecimento que vão além de classificações diagnósticas. Avaliamos que elementos inerentes à APS, como a longitudinalidade e a relação com o território, contribuem para a ocorrência dessas práticas. No entanto, os entrevistados relatam dificuldades crescentes, como tempo restrito para atendimento, pressão por atendimento à demanda, e a persistência de práticas alinhadas com o paradigma biomédico.
Conclusões/Considerações
Os achados apontam a APS como um espaço propício para um cuidado alinhado com a atenção psicossocial. Fortalecer práticas psicossociais na APS assim como políticas que garantam condições de trabalho, formação continuada e valorização profissional são fundamentais para enfrentar os limites impostos por modelos hegemônicos e fomentar estratégias que sustentem uma atenção em saúde mental transformadora.
Realização: